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Silva
VINHA Editora
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2011
21 Dias com Jesus no Monte
Categoria: Vida cristã / Devocional / Jejum
3. São mansos
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
(Mt 5.5)
Mansidão não é indolência ou complacência. Também não é
aquela gentileza natural e polida que aprendemos em casa. Manso
é aquele que é humilde de espírito, quebrantado, que chora diante
de Deus. Após chorar diante do Senhor, a pessoa se torna dócil para
com os outros e mansa de coração.
A natureza do povo do Reino – Mateus 5.1-12 – Parte 1 15
espiritual. Contudo, não basta ter fome, é preciso ter sede também.
Isso nos fala de uma “santa obsessão” espiritual. Fome e sede pro-
fundas nos levam a sentir dor, a não dormir e a nos angustiarmos
por causa do clamor que suscitam.
Na Palavra de Deus, a justiça tem pelo menos três aspectos: a
justiça para com Deus, a justiça moral e a justiça social. Devemos
clamar por todas elas. O homem de Deus, o cidadão do reino de
Deus, tem fome e sede de justiça em todos os níveis. Primeiro ele
clama por justiça para com Deus, para poder se achegar diante dEle
e ser aceito. Essa é a justificação pela fé no sangue de Jesus, que já
nos lavou de todo pecado. A justiça para com Deus é a justificação,
um relacionamento certo com Ele. É levar o homem a se reconhecer
pecador e receber a salvação e a justiça de Cristo.
Mas há também a justiça moral, aquela relacionada com a con-
duta, com o caráter que agrada a Deus. Não a justiça do fariseu, que
era exterior, mas a justiça interior, do coração e das motivações. É
quando buscamos mudança em nossos relacionamentos. Quando
chegamos a tal ponto de desespero é que as coisas são mudadas e
nossa fome e sede são saciadas.
O terceiro aspecto da justiça é a justiça social, que se refere à
luta pela libertação do homem da opressão e da tirania da falta de
oportunidades iguais para todos. É a promoção dos direitos civis, da
justiça nos tribunais, da integridade nos negócios, da ética na política
e no governo, da honra no lar e nos relacionamentos familiares. Esse
é um contexto em que o evangelho afeta profundamente todos os
níveis da sociedade, levando-a a uma genuína mudança. Ao ver o
noticiário, diante de tanta tragédia e desigualdade, nos resta clamar
para que venha o reino de Deus, de paz e justiça. E isto temos que
proclamar com realidade: justiça para com Deus, para conosco e
para com o próximo. Nosso coração deve queimar por isso.
Nossa fome e sede de justiça devem incluir todos esses três ní-
veis de justiça.
A natureza do povo do Reino – Mateus 5.1-12 – Parte 1 17
5. São misericordiosos
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia. (Mt 5.7)
O que tem fome e sede de justiça clama por punição e juízo,
mas o misericordioso clama por perdão. Aqui está o equilíbrio.
Após haver punição e justiça, ele clama por aqueles que estão sendo
julgados, condenados e rejeitados.
18 21 dias com Jesus no Monte
nada, ele é inteiro para o Senhor e tudo o que ele quer é agradar o
Pai. Ele não busca reconhecimento humano, mas a aprovação do
céu. Devemos buscar um coração limpo, mas também um coração
puro. Precisamos ser limpos e puros de coração.
Existem coisas que não são sujas, mas que tornam nosso coração
misturado e impuro. Somos limpos de coração quando rejeitamos a
contaminação e a impureza, e Jesus, certamente, estava enfatizando
o fato de que a verdadeira pureza é no íntimo, no coração, e não
meramente exterior e cerimonial como ensinavam os fariseus.
Os limpos de coração verão a Deus, e ver a Deus aponta para a
revelação de Deus hoje. Se desejamos conhecer a Deus, precisamos
de um coração limpo, pois a recompensa para um coração limpo
é poder ver a Deus, ter revelação em seu espírito. Muitos querem
ver a Deus nas circunstâncias, mas só aqueles que são limpos de
coração podem enxergá-lo por trás de tudo, conseguem perceber
a mão de Deus conduzindo-os. Além disso, sabemos que tudo o
que está oculto será manifesto diante dos olhos de Deus. Assim, os
limpos de coração não temem porque eles não têm nada a esconder.
A verdadeira riqueza está aonde Jesus chega, o verdadeiro des-
canso existe onde Jesus está; só com Ele podemos dormir seguros e
fartos. O bem-aventurado é aquele que tem uma vida com sabor.
De nada adianta ter dinheiro e não ter fome, ter uma bela cama e
não ter sono. Mas com o Senhor, podemos ter plena satisfação em
tudo. Quem é limpo de coração mantém o foco na presença do
Senhor e não se deixa embriagar pelas coisas do mundo.
7. São pacificadores
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão cha-
mados filhos de Deus. (Mt 5.9)
Em primeiro lugar, somos bem-aventurados porque o Senhor
Jesus entrou em nossa vida e nos tornou filhos de Deus. Agora, os
projetos fazem sentido e os sonhos ganham significado.
A natureza do povo do Reino – Mateus 5.1-12 – Parte 2 23
1. O sal da terra
Somente será sal da terra aquele que possuir as nove caracterís-
ticas mencionadas nas bem-aventuranças. Quem não as tem não
pode ser sal, pois não consegue exercer influência alguma nem tem
poder algum em sua vida. Mas uma vez que essas características se
manifestem, então podemos ser o sal da terra.
O sal aponta para nosso caráter e possui características bem espe-
cíficas, as quais Jesus usou para nos ensinar. O Senhor fez analogia
com o sal porque, baseados na experiência, podemos dizer que o
sal tem pelo menos cinco características:
a. Dá sabor
Em primeiro lugar, o sal tem a função de dar sabor à comida.
Conforme o ensino de Jesus, nós, os cristãos, damos sabor a este
mundo. Quando a igreja está manifestando a natureza santa do Rei-
no, ela empresta seu sabor para tornar este mundo mais agradável.
Todavia, se nosso comportamento for igual ao daqueles que
estão lá fora, não fará diferença alguma. Não se trata de tentar dar
sabor contando piadas e nada tem a ver com a falsa alegria. Natu-
ralmente, queremos ter graça, mas, acima de tudo, desejamos ser
canais da graça de Deus. Esse sabor é a presença do Espírito Santo
de Deus dentro de nós. Aonde chegamos, essa vida se manifesta e o
ambiente muda completamente. Quando há vida e o povo de Deus
se aproxima das outras pessoas, elas percebem que nossa presença
muda o ambiente ao seu redor.
O ato de salgar não é feito individualmente. Deus nunca planejou
isso. Seu propósito é coletivo: a igreja como um corpo, manifestando
um grande poder de influência. Jesus disse: “vós sois o sal da terra”,
não “vós sois os sais”. “Vós sois” é plural, mas “o sal” é singular.
Portanto, concluímos que o trabalho não é feito um por um, mas
nós, juntos e em unidade, reunidos na comunhão e vinculados em
amor, possuímos o poder de ser o sal; o poder de fazer diferença
e dar sabor à vida das pessoas. Uma pessoa sozinha não dá sabor,
A influência do povo do Reino – Mateus 5.13-16 31
b. Produz sede
Em segundo lugar, o sal nos leva a ter sede. Basta observar como
uma comida salgada nos dá sede. Lembro-me de um comercial de
refrigerante que mostrava um homem que vinha caminhando no
deserto e se aproximava de um bar com aparência e expressão de
alguém que estava com muita sede. Porém, em vez de pedir água,
ele pedia batatas fritas e as mastigava com a boca seca. O objetivo
do comercial era, de fato, provocar uma sensação de sede em quem
via a cena, mas traduzia muito bem o que significa sentir sede.
Quando manifestarmos a natureza das bem-aventuranças, as
pessoas que estão próximas a nós começarão a sentir anseio e sede
por conhecer o Senhor. Além disso, pessoas sedentas e famintas
parecem nos contagiar. Assim, aqueles que têm fome e sede de
justiça, inevitavelmente, contagiarão outros com sua fome e sede.
Quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, ela atrai as
pessoas para Deus.
A sede é uma experiência básica da vida, e o propósito do sal
deve ser despertar a sede por Deus nas pessoas. Normalmente, as
pessoas nem pensam em Deus, mas um belo dia, algumas decidem
participar de uma reunião conosco. Então, vendo o louvor, ouvin-
do a Palavra e sentindo o ambiente, são despertadas e sentem uma
grande sede de Deus. Só o fato de estarem na reunião as expõe ao
desejo por algo celestial, e assim começam a ter um forte interesse
por Deus. Isso é o sal salgando e provocando a sede pelo Senhor.
Podemos ver o sal atuando quando pessoas se envolvem conosco
e são influenciadas a beberem da preciosa água do Espírito. Só bebe
32 21 dias com Jesus no Monte
c. Preserva da deterioração
Em terceiro lugar, a função do sal é preservar da deterioração e
impedir o apodrecimento. O sal foi colocado no mundo para impe-
dir que ele se deteriore. Estamos aqui para impedir que este mundo
apodreça de vez. Essa é a nossa função. A carne não é culpada por
apodrecer, por isso jamais devemos condenar o mundo lá fora. É
normal esperar que a carne exposta ao sol e às impurezas venha a
apodrecer. As estruturas sociais vão se deteriorando a cada dia. Por
essa razão, nossa função e propósito nunca deve ser condenar e jul-
gar. Enquanto o sal da terra estiver aqui, haverá esperança de vida
para quem está no mundo.
Se a sociedade está corrompida e apodrecida, o primeiro motivo é
a presença de pouco sal. Não podemos culpar a carne por apodrecer.
Deus colocou o sal no mundo, mas se ele está apodrecendo, talvez o
problema esteja no sal, que não está cumprindo seu propósito. Nos
dias de Jesus, o sal era o único meio de preservar a comida. E hoje,
se o mundo está apodrecendo, em grande parte a responsabilidade
é da Igreja, que não está salgando.
Mais uma vez, não podemos pensar no sal individualmente,
mas corporativamente. Perdemos nossa expressão e relevância
quando buscamos uma espiritualidade individualista, que é uma
das atitudes mais destrutivas dentro da igreja. A vida cristã não
pode existir de maneira isolada e solitária. A melhor definição para
solidão é “não ter propósito”, é arrogantemente desprezar a todos,
colocando-se como muito bom para ser colocado junto de alguém.
A influência do povo do Reino – Mateus 5.13-16 33
estamos doentes. Não tem sentido alguém dizer que está bem se
sua igreja vai mal. Se, de alguma forma, um membro está bem e
sua igreja vai mal, então ele é o câncer. Se nossa igreja não está bem,
devemos dizer que não estamos bem porque nossa igreja está mal.
Se a igreja não está manifestando vida e não há graça fluindo, então
precisamos urgentemente buscar a Deus. Alguém com essa atitude
é uma pessoa que cresceu e aprendeu que o estar bem ou mal não
é uma questão individual e isolada. Nenhum membro está bem
ou mal isoladamente. Se um membro não está bem, então todo o
corpo sente.
Vivemos numa sociedade individualista, onde basta olhar os
muros altos ao redor das casas para ver como é possível uma pessoa
viver sem manter contato algum com os vizinhos. Essa mesma men-
talidade se reflete no meio cristão, no qual há pessoas que preferem
pensar na igreja como um lugar onde o que importa é somente
“eu e Deus e nada mais”. Para elas, talvez nem fosse necessário nos
reunirmos, pois poderíamos fazer tudo sozinhos, mas não é assim.
A verdadeira espiritualidade é exercida em grupo, em comunidade,
pois somos a Igreja, o Corpo de Cristo.
Essa é a razão de sermos uma igreja em células. Não escolhemos
essa forma para crescermos numericamente, mas por entendermos
que a verdadeira espiritualidade implica em relacionamentos con-
sistentes, nos quais exista prestação de contas, vínculos e funciona-
lidade, ao lado de pessoas escolhidas e também amadas por Deus.
Para estarmos bem, nosso grupo também precisa estar bem.
Gosto da visão de célula porque ela dá uma percepção clara de
corpo. Célula é uma terminologia da biologia e anatomia e dá o
entendimento claro de um vínculo. No entanto, na célula não po-
demos ser o sal da terra de maneira eficiente. Nela somos apenas o
sal dentro do saleiro. O lugar de ser sal é lá fora. Também ninguém
é sal sozinho, pois um só grão de sal não produz efeito algum. O
sal é corporativo e orgânico. Nós também somos um organismo e,
como igreja, vamos salgar e impedir que a sociedade se degenere
A influência do povo do Reino – Mateus 5.13-16 35
e. É o sinal da aliança
Em Levítico 2.13, o Senhor disse: “Toda oferta dos teus manjares
temperarás com sal; à tua oferta de manjares não deixarás faltar o sal
da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas aplicarás sal”.
No Velho Testamento, todo o povo vinha trazer ofertas a Deus
e uma delas era a de manjares, que envolvia o prazer de conhecer e
ter comunhão com Deus. Essa oferta se relacionava especificamente
com a gratidão e a adoração. O nome manjar aponta para algo ape-
titoso que promove muito prazer. Ela era uma oferta de comunhão
com Deus e não podia ser oferecida sem a presença do sal.
A Palavra de Deus também diz que no perfume e no incenso
usados no Tabernáculo deveria haver sal. No incenso, que simboliza
a oração, ele era um ingrediente que não podia faltar. Isso certamente
nos mostra a necessidade de nos achegarmos a Deus com sede de
Sua presença. A intimidade da aliança é reservada para aqueles que
têm fome e sede do Senhor.
Há uma relação íntima entre a aliança com o Senhor e ser o sal
da terra. Nesse caso, é verdadeiro dizer que teremos tudo de Deus
quando Ele tiver tudo de nós. Quando Deus tem tudo de nós, então
podemos desfrutar da aliança que é ter tudo de Deus.
3. A luz do mundo
Enquanto o sal tem, principalmente, uma ação negativa de
matar os germes e preservar da corrupção, a luz tem uma função
positiva de iluminar e dissipar as trevas. Assim, Jesus chama Seus
discípulos para exercerem uma influência dupla no mundo: como
sal, devemos impedir a propagação do mal; e como luz, promover
a propagação da verdade, da beleza e da bondade.
O mundo jaz nas trevas e o Senhor, sendo a luz do mundo,
nos enviou para também sermos luz. A ilustração que o Senhor
usou foi de uma cidade sobre o monte. Não é uma questão de ser
luz individualmente, mas de cada igreja ser uma cidade sobre um
monte. Só podemos verdadeiramente ser luz se estivermos unidos
e vinculados como Igreja.
Assim como ao falar do sal, a Palavra do Senhor nesse texto não
foi para pessoas individualmente, mas para a Igreja enquanto corpo.
Nenhum de nós pode ser sal ou luz adequadamente sozinho. Ele
disse “vós sois a luz do mundo” e não “vós sois as luzes do mundo”.
Como já foi mencionado, toda espiritualidade individua-
lista é um câncer. O maior perigo para a igreja não são os ví-
rus lançados pelo maligno, mas os cânceres produzidos entre
nós mesmos. O câncer são células do corpo que se importam
A influência do povo do Reino – Mateus 5.13-16 41
A lei do Reino
– Mateus 5.17-20
Aparência
A aparência do Reino é mencionada nas parábolas encontra-
das no capítulo 13 do Evangelho de Mateus. O reino dos céus é
semelhante “ao homem que saiu a semear” e “a uma mulher que
colocou fermento na farinha”. A semelhança aponta para a apa-
rência do Reino e está relacionada a tudo o que se parece com o
cristianismo, tem nome de cristianismo, mas não tem sua reali-
dade, apenas sua aparência.
Realidade
A realidade do Reino está dentro de todo aquele que nasceu de
novo. Por um lado, o reino dos céus tem uma aparência, mas por
outro lado, tem uma realidade que é traduzida pela lei do Reino em
nosso interior, pelo Espírito Santo que nos foi dado para manifestar
as realidades desse Reino. Por isso, hoje, ninguém pode dizer que o
reino dos céus está aqui, ali ou em qualquer outro lugar. Hoje ele
não é visível, mas está dentro de nós, em nosso espírito.
Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino
de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de
Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui!
Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de
vós. (Lc 17.20,21)
A lei do Reino – Mateus 5.17-20 45
Manifestação
A manifestação do reino dos céus acontecerá no dia em que o
Senhor Jesus voltar para estabelecer Seu governo e reinar sobre a
terra por mil anos. Essa manifestação é nossa viva esperança, segundo
o que Ele prometeu. Aguardamos com expectativa a manifestação
visível do reino dos céus na volta do Senhor Jesus e precisamos
pregar e anunciá-la.
O que temos nos capítulo 5 a 7 de Mateus é a constituição do
reino dos céus. Hoje ela está presente na realidade do Reino em
nós, e, no futuro, será plenamente visível na manifestação do Reino.
A constituição do reino de Deus certamente deve tratar da
questão da Lei. O povo de Deus, no Velho Testamento, tinha a Lei
e os profetas. Os Dez Mandamentos são como um resumo da Lei.
O Senhor Jesus não veio para dar uma nova lei, mas para cumprir
e elevar as exigências dela. A Lei é eterna e deve ser uma referência
para todos nós, mas o padrão do povo do Reino é muito superior
ao padrão da lei de Moisés.
Por exemplo, certa vez, um irmão me procurou para falar que
o dízimo era ordenança do Velho Testamento e que jamais deverí-
amos estar presos ao padrão da lei. Minha resposta foi a seguinte:
— Então vamos lá. Jesus disse: “Ouviste o que foi dito: ‘Não
matarás!’ Eu porém vos digo que se alguém se irar sem motivo, já é
réu do inferno. Ouviste o que foi dito: ‘Não adulterarás!’ Eu porém
vos digo que qualquer que olhar para uma mulher com intenção
impura já adulterou com ela”. Agora, complete a frase para mim:
“Ouviste o que foi dito: de toda a vossa renda trarás o dízimo para
o Senhor, eu porém vos digo...”
O silêncio pairou no ar, como a resposta de alguém que esperava
um padrão inferior ao da Lei, mas creio que essa resposta precisa ser
muito superior à Lei. Aquele que diz que o dízimo é da Lei porque
deseja dar mais que 10% procede de Deus, mas quem diz isso por-
que não quer dar coisa alguma procede do maligno.
46 21 dias com Jesus no Monte
a. Os mandamentos
Os mandamentos eram os princípios básicos da Lei, eles tradu-
zem o espírito da Lei e estão resumidos nos Dez Mandamentos.
Todavia, nós sabemos que existem mais de quatrocentos manda-
mentos na lei de Moisés, e Jesus cumpriu todos eles.
Todos pecaram, isto é, violaram alguns ou todos os manda-
mentos da Lei. Todavia, Jesus Cristo, o Justo, veio cumprir todos
os mandamentos da Lei sendo fiel em todas as coisas. Ao cumprir
os mandamentos, Ele os ampliou e os ensinou a Seus discípulos,
estabelecendo nova Lei: “Ouviste o que foi dito, não matarás... eu
porém vos digo, aquele que se irar contra seu irmão está sujeito a
julgamento. Ouviste o que foi dito, não adulterarás, eu porém vos
digo, aquele que olhar para uma mulher com intenção impura, já
adulterou com ela”. Esses são padrões mais elevados da nova Lei,
a lei do Reino, que não revoga a antiga, antes, a cumpre e amplia.
Para cumprirmos o mandamento da lei do Reino, sendo este
um padrão alto de moral e estilo de vida, precisamos depender do
poder do Espírito de Deus. O mesmo Senhor que nos dá manda-
mentos também nos capacita a cumpri-los por meio dEle mesmo.
Somente o próprio Senhor Jesus e todos quantos creem e vivem
nEle podem cumprir e guardar os mandamentos da lei do Reino.
Jamais poderemos guardar este “novo mandamento”, senão pelo
Espírito de Deus.
b. Os juízos
Caso alguém quebrasse algum dos mandamentos da Lei, havia
um juízo: “olho por olho, dente por dente e vida por vida”. Este
juízo variava de uma simples restituição até a própria morte por
apedrejamento. Por exemplo, se um homem matasse seu vizinho,
deveria pagar com a própria morte. O filho que amaldiçoasse o
pai e a mãe deveria ser apedrejado, e seus pais eram os primeiros
a fazer isso. Aqueles que falam em guardar a Lei não sabem o que
48 21 dias com Jesus no Monte
c. As ordenanças
Alguns pecados não eram punidos, mas podiam ser expiados
pelo sangue de animais. Para isso a lei prescrevia o sacerdócio, os
sacrifícios, as festas e o templo. Cada um desses aspectos eram or-
denanças da Lei que apontavam para Jesus e se cumpriram nEle.
Ele era o cordeiro e o próprio sacerdote, além de ser nosso sábado,
a própria arca da aliança e o templo. Ele é o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo.
Hoje, nos dias do Novo Testamento, a Lei não foi revogada ou
considerada errada, mas cumprida. Tendo sido cumprida, o prin-
cípio básico de nosso viver já não é a Lei, e sim a fé.
Por outro lado, Jesus aumentou as exigências da Lei. Tomemos
como exemplo o assassinato. A velha lei dizia para não matar (Ex
20.13), mas nada dizia a respeito de ficar irado. Se alguém matas-
se, a lei seria aplicada, mas não importava o quanto se irasse, a lei
nunca o condenaria.
Contudo, as novas exigências da lei do reino dos céus são muito
superiores. Jesus disse que aquele que se irar com seu irmão está
sujeito a julgamento. Não estamos mais debaixo da lei de Moisés,
e sim da graça que nos fará cumprir a antiga lei e ainda excedê-la.
A lei do Reino – Mateus 5.17-20 49
A lei do Reino a
respeito do homicídio
– Mateus 5.21-26
2. O julgamento
Jesus disse que quem proferir um insulto a seu irmão estará su-
jeito a julgamento do tribunal, e quem lhe chamar de tolo estará
sujeito ao inferno de fogo.
Alguns perguntam se essa mensagem realmente é para nós que
aceitamos Jesus e já somos salvos, pois não sabem ou não concordam
com o fato de que os salvos também serão julgados. O Sermão do
Monte é, sim, para nós que conhecemos o Senhor e queremos fazer
Sua vontade. Pensar que a salvação nos exime de julgamento é um
engano, pois a Palavra de Deus afirma que haverá um julgamento
para aqueles que aceitaram o Senhor Jesus.
Porque importa que todos nós compareçamos perante
o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo
o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.
(2Co 5.10)
Neste texto de 2 Coríntios, está claro que todos seremos julgados;
contudo, nós, os salvos, não para a perdição nem para a condenação,
mas para recebermos a recompensa ou disciplina segundo o bem
ou o mal que tivermos feito.
A ira é progressiva, como Jesus mostra no sermão, e temos que
cortá-la desde o começo: alguém que, sem motivo, se irar contra
seu irmão está sujeito a julgamento, assim como o que proferir um
insulto. E qualquer que chamar “tolo” está sujeito ao inferno de fogo.
Como já vimos, o Senhor diz para não matar, mas nem toda ira
é pecado. O próprio Deus se ira e, no capítulo 21 de Mateus, temos
o relato de uma ocasião em que Jesus ficou irado – quando chegou
ao templo, virou a mesa dos cambistas e disse que não fizessem da
casa de Seu Pai um covil de salteadores (Mt 21.13). Sabemos que
Jesus se irou, e também que Ele não pecou; portanto, há uma ira
que é pecado e outra que não é.
Em sua carta aos Efésios, lemos o seguinte conselho do apóstolo
Paulo: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef
54 21 dias com Jesus no Monte
nova lei, “qualquer que olhar para uma mulher, com intenção impu-
ra, já adulterou com ela”. Obviamente, é muito mais difícil cumprir
esse novo padrão, pois ele não trata somente do comportamento
exterior, mas principalmente da intenção do coração.
1. A respeito do adultério
a. Deus olha a intenção do coração
Quando Jesus diz “qualquer que olhar”, o que Ele condena não
são aqueles pensamentos repentinos e não intencionais que assaltam
nossa mente; antes, trata-se de algo intencional.
Nem todo pensamento que nos vem à mente é pecado, porque
há aqueles que nos assaltam independentemente da nossa vontade.
Certamente isto já ocorreu com todos nós: não queremos pensar em
algo, mas determinado pensamento insiste em vir à nossa mente.
Há um ditado muito verdadeiro que diz o seguinte: “Você não pode
impedir um pássaro de pousar em sua cabeça, mas pode impedi-lo
de fazer um ninho”.
Precisamos entender a diferença entre esses dois momentos. O
pássaro representa os pensamentos que vêm do diabo – neste caso,
pensamentos de lascívia e impureza – e não há como impedir que
eles pousem em nossa cabeça. Mas, assim que pousarem, devemos
enxotá-los, porque permitir que pássaros façam o ninho, isso sim,
já é uma escolha nossa.
Por não compreenderem isso, muitas pessoas desistem de sua
guerra contra o pecado e deixam que o inimigo produza derrota em
sua vida. Em meio à caminhada cristã, elas são surpreendidas por
algum pensamento impuro e dizem: “Ah! Agora já pequei mesmo,
então vou desistir”. Mas espere um pouco! Elas não pecaram ain-
da! Não é porque um pensamento impuro veio à mente que houve
pecado. O pecado é deixar que ele permaneça ali. Por isso, quando
pensamentos assim nos assaltam, o que temos de fazer é tomar o
controle de nossa mente e rejeitar aquela sugestão.
A lei do Reino e o adultério – Mateus 5.27-32 65
marcas em sua vida que ela talvez jamais assumirá para ninguém.
Mas o ato sexual é algo tão íntimo que, quando usado indevidamen-
te, machuca e deixa sequelas. Nenhuma mulher ou homem sai do
ato sexual como entrou, pois vínculos espirituais são estabelecidos.
Deus quer o melhor para nós, e a vontade dEle para nós é a pureza
e a santidade.
dito. O Senhor ainda diz, como lemos no verso 37, “Seja, porém, a
tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno”.
Tomemos o casamento como exemplo. Suponhamos que a es-
posa comece a ter desconfianças, a apresentar um comportamento
meio paranóico, e passe a ter ciúmes do marido. Quando ela lhe
pergunta se ele a ama, o marido responde que sim, mas ela lhe
pede que prove seu amor. No momento em que ela pede a prova,
um demônio entra no casamento. Tudo porque foi além do sim.
O marido já havia dito que a amava, e isso deveria ser suficiente,
mas ela nunca achava que era o bastante, sempre queria algo mais.
Assim, todas as vezes que queremos algo além do sim e do não em
nosso casamento, o diabo tem espaço para entrar.
Certa vez, alguém disse que o ponto de interrogação é uma
serpente se contorcendo. Toda vez que duvidamos da palavra do
outro e exigimos algo mais, o diabo entra em cena. Isso sempre
acontece quando pedimos que alguém prove ou jure. É por isso que
expulsamos demônio o tempo todo e parece que nunca vencemos
o diabo. O casamento continua mal e não entendemos onde está o
problema. Precisamos fechar as brechas por onde a serpente entra.
E fazemos isso praticando o que a Palavra de Deus diz, incluindo
fazer com que nossa palavra seja simples, seja sim, sim e não, não.
Não acrescentando algo mais.
Pessoas que não acreditam em nosso sim e em nosso não, que-
rem nos forçar a falar além do que precisamos. Mas aquelas que
são verdadeiras são simples e diretas. Quanto mais mentirosa, mais
conversadora; quando alguém está mentindo, sempre fala muito.
Há algum tempo vi uma encenação muito interessante mostran-
do como a verdade é, algumas vezes, inacreditável. A ideia é mostrar
como é difícil acreditar na verdade e mais fácil crer em uma mentira.
A situação era a seguinte:
Um casal estava em seu carro e, ao mexer no porta-luvas, a esposa
encontrou uma roupa íntima feminina. Já imaginando mil coisas,
80 21 dias com Jesus no Monte
ela perguntou ao marido como aquilo tinha ido parar lá. O marido
não sabia e, então, devolveu a pergunta para a esposa. Ela, certa de
que ele estava se fazendo de desentendido, insiste em saber o que
era aquilo. Ele continuava negando, dizendo que de fato não sabia
de onde aquela peça havia vindo. Mas, para a esposa desconfiada,
aquele “não sei” era muito pouco. Nesse momento, a cena voltava
ao início, com a mulher abrindo o porta-luvas e encontrando a
roupa íntima. E o marido, agora mentindo dizia:
— Olha, amor, isso aí é o seguinte: dei carona para uma colega
de trabalho e ela estava com uma sacola muito grande. Quando ela
foi entrar no carro, a sacola se rasgou e ela deixou cair essa roupa.
Porém, eu só vi depois que ela saiu, então, peguei a peça e coloquei
no porta-luvas para me lembrar de entregar a ela depois.
E a esposa acreditou, porque foi uma mentira plausível, muito
mais fácil de acreditar do que na verdade. As pessoas querem acre-
ditar em algo, por isso existe a mentira. Se for apenas o sim e o não,
isso não serve, é muito simples, é muito pouco. Devemos nos lem-
brar, porém, que somos o povo do sim e do não. E isso deve bastar.
8º Dia
A lei do Reino a
respeito do perverso
– Mateus 5.38-48
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a
qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também
a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a
túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a
andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede
e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás
o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos
torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer
o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos
e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem os publicanos também
o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos,
que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o
82 21 dias com Jesus no Monte
c. Se alguém te obrigar
Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele
duas. (Mt 5.41)
A questão abordada é quando uma autoridade nos obriga a fazer
um trabalho ou serviço forçado.
Naquela época o Império Romano dominava, e os soldados
romanos tinham o direito estabelecido por lei de obrigar um cida-
dão a carregar seus equipamentos ou até a trabalhar gratuitamente.
Então, o Senhor Jesus ensinou que, se isso acontecesse, eles não
deveriam resistir.
Trazendo para o contexto atual, se alguém quiser nos obrigar
injustamente a fazer algo, não devemos resistir, mas concordar
em fazer imediatamente, pois esse é o padrão do reino de Deus.
O Senhor não sugere que sejamos cúmplices de governos tiranos,
88 21 dias com Jesus no Monte
d. Se alguém te pedir
Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja
que lhe emprestes. (Mt 5.42)
O contexto bíblico desta passagem pressupõe que o pedido é feito
com violência ou sem direito legal. Voltar a outra face ao agressor,
deixar a capa ao que a exige ou andar a segunda milha com quem
nos obriga prova que o povo do Reino tem o poder para sofrer e
ser manso em vez de resistir.
Não existe aqui a insinuação para sermos covardes ou omissos,
mas para termos a determinação de não revidar, retaliar ou retribuir
na mesma moeda.
A ideia desse contexto não é apenas de alguém que pede, mas
literalmente de uma pessoa que está extorquindo dinheiro de nós;
alguém que, de alguma maneira, está nos roubando. Assim, o Senhor
diz que devemos dar o que o outro está pedindo e não lhe virar as
costas. Se alguém está pedindo emprestado e temos o recurso, não
devemos lhe negar o empréstimo, nem cobrar juros.
Este é o padrão: não vencer o mal com o mal, mas com o bem!
Se não temos agido assim, precisamos decidir mudar o padrão de
nossas atitudes.
Se a esposa é áspera, fala alto e muito, o marido deve responder
com brandura, falando baixo e com calma. Quanto mais irritante ela
for, mais ele deve surpreendê-la. Os homens geralmente são ásperos,
todavia, eu tomei a decisão de mudar e confesso que em casa eu
A lei do Reino a respeito do perverso – Mateus 5.38-48 91
venço o mal com o bem. Toda vez que faço algo errado ou percebo
que não tenho feito o melhor, planejo chegar em casa não de mãos
vazias: compro um bom presente para aplacar a ira que meu erro
causou. Em vez de revidar toda reclamação gerada por meus erros,
procuro restituir o mal dando presentes. E posso testemunhar que
isso funciona muito bem.
No casamento, podemos escolher vencer o mal com o bem,
fazendo sempre o oposto do que o cônjuge espera receber em troca
de uma atitude ruim. Por exemplo, se há uma situação na qual o
que se espera é uma explosão de ira, podemos responder com uma
atitude de brandura em dobro. Devemos aproveitar todas as opor-
tunidades de surpreender e corresponder além das expectativas do
que estão presumindo a nosso respeito. Mas muitos casamentos
não têm prosperado porque não há entre os casais a disposição de
praticar a Palavra de Deus.
Os quatro exemplos dados por Jesus tocam no verdadeiro cerne
do problema que é o nosso sentimento de justiça e vingança. Existe
um espírito de justiça que nos impede de perdoar o agressor, mas a
vontade de Deus é que não sejamos apegados a coisa alguma, nem
ao dinheiro, nem aos bens e nem àquilo que consideramos ser o
mais certo.
Os pais da igreja primitiva enxergavam nesse texto de Mateus
5.38-48 nove degraus da paciência e do autocontrole:
Não tomar qualquer iniciativa perversa;
Não se vingar do mal;
Ficar quieto;
Sofrer a injustiça;
Conceder ao malfeitor mais do que ele exige;
Não odiá-lo;
Antes, devemos amá-lo;
Fazer o bem; e, finalmente,
Orar a Deus em benefício de quem nos ofende.
92 21 dias com Jesus no Monte
A espiritualidade do
Reino: as esmolas
– Mateus 6.2-4
Uma pessoa carnal, por outro lado, tem a experiência real, ver-
dadeiramente está orando e ofertando de coração a Deus, mas cai
na tentação de ser vista praticando sua espiritualidade superior.
O hipócrita é dissimulado e falso, mas o carnal é sincero e deseja
honestamente agradar a Deus. Ora de coração, mas quando per-
cebe que alguém está observando, fica cheio de si, e assim perde a
recompensa. Certamente é sincero e está orando mesmo, todavia,
perde o que poderia receber de Deus. Esse é o tipo de pessoa que
deseja honestamente influenciar e ganhar vidas para o reino de Deus,
mas também deseja ser reconhecida por homens pelo trabalho que
faz. Gosta de estar no pedestal e não perde a oportunidade de ficar
em evidência.
Precisamos ser cuidadosos com nossas atitudes, pois Deus abo-
mina a religião humana. É exatamente o que Jesus fala em Ma-
teus 15: “Esse povo me honra com os lábios, mas o coração está longe
mim”. Na espiritualidade do Reino, o que conta não é a aparência,
mas a realidade do coração. Se há honestidade em nosso coração,
Deus ouve nossa oração, mesmo que o exterior seja estranho e a
aparência externa seja imprópria. Ainda que não tenhamos uma
linguagem bonita e apresentável, se o coração for sincero, Deus
ouvirá nossa oração.
Muitos possuem um estilo religioso bem peculiar e sempre gos-
tam de orar com voz impostada. Outros já têm um estilo de oração
mais despojado e espontâneo, que talvez até escandalize alguns.
Porém, na verdade, Deus não está em busca de linguagem exterior
e sim de um coração intenso e cheio de sinceridade, por isso Ele
certamente ouve uma oração como essa e talvez não ouça a oração
cheia de formalidade religiosa.
Infelizmente, somos muito cheios da aparência da religião.
Quantas vezes fechamos os olhos apenas para parecer que estamos
orando? Fechar os olhos não significa nada para Deus! Nem uma
vez encontramos nos evangelhos a informação de que Jesus fechou
os olhos para orar. Ao contrário, diz-se que Ele ergueu os olhos para
98 21 dias com Jesus no Monte
muitas vezes uma pessoa que vai a uma festa e fica todo o tempo
sozinha e isolada em um canto está apenas querendo aparecer. Ela
certamente desperta a preocupação dos anfitriões que ficam à sua
volta, tentando fazer algo para que ela se sinta à vontade, apesar de
ela dizer que está confortável e apenas deseja ficar sozinha. Ora, sua
atitude mostra que a única coisa que deseja é chamar a atenção e
aparecer, pois alguém que deseja ficar só nunca deveria ir a uma festa.
Outras vezes estamos reunidos com vários irmãos e recebemos
a direção de orarmos individualmente. Um dos irmãos, em vez de
seguir a direção e orar, resolve ler a Bíblia. Essa atitude mostra cla-
ramente a motivação de aparecer e chamar a atenção.
c. Dar em secreto
Tudo o que fazemos deve ter a motivação certa e a atitude certa,
apenas uma delas não basta. A motivação certa é dar como quem
dá para Deus, e a atitude certa é dar em secreto para ser visto ape-
nas pelo Pai.
Se desejamos a recompensa de Deus, devemos praticar a Palavra
e ficar em silêncio. Mas se o que queremos é a recompensa humana,
então podemos falar e divulgar o que fizemos. Porém, não podemos
nos esquecer de que existem apenas dois tipos de recompensa, a
humana e a divina, e não se pode ter as duas. Precisamos escolher
qual delas queremos.
Entretanto, dar em secreto não significa que teremos de ofertar
sempre às escondidas, o que em algumas circunstâncias é impossível.
É apenas uma questão de atitude do coração. Deus olha o coração e
conhece a motivação de cada um. Ainda que em algumas situações
seja impossível ofertar em secreto, Deus sabe que a motivação do
nosso coração não é mostrar aos homens o que estamos fazendo,
mas honrá-lo e reconhecê-lo como soberano sobre todas as coisas.
d. A recompensa
Já vimos que existem duas recompensas, a humana e a divina, e
que não podemos ter as duas. Se buscarmos a recompensa humana,
perderemos a recompensa de Deus.
Precisamos buscar sempre o que é de Deus. Muitos não recebem
de Deus nas reuniões, por exemplo, porque vão apenas para aprender
teologia ou doutrina, conhecimento humano, mas não buscam ou
A espiritualidade do Reino: as esmolas – Mateus 6.2-4 103
não desejam ser tocados por Deus através de Sua Palavra. Porém,
ser tocado pelo Senhor é que faz toda a diferença, e esse é o padrão
dEle para as reuniões da igreja. Assim, se reunião após reunião nada
nos toca, algo está errado conosco ou com a reunião que temos fre-
quentado. Um dos dois está inteiramente fora do padrão. Mas, Deus
é bom e, se nosso coração for totalmente do Senhor, Ele nos tocará
onde quer que estivermos, até mesmo nos lugares mais improváveis.
O segredo é decidirmos sempre tocar nas vestes do Senhor. Na
história da mulher hemorrágica, todos encostavam em Jesus, mas
somente ela tocou nEle de maneira especial, e essa atitude fez fluir
algo dEle para ela. Da mesma forma, muitas pessoas erguem as
mãos num culto, mas poucas tocam o céu. Muitos cantam, mas
poucas músicas tocam o trono de Deus. Muitos ouvem pregações,
mas poucas pessoas são genuinamente tocadas por Deus, pois isso
implica em ter um coração voltado para Ele, um coração que clama,
se humilha e O busca profundamente. Se desejamos o toque da mão
de Deus, devemos nos guardar de exercer nossa justiça diante dos
homens de maneira religiosa.
10º Dia
A espiritualidade do
Reino e a oração
– Mateus 6.5-8
absurdo que pareça, neste caso devo perdoar, e até mesmo emprestar
de novo, se perceber que houve mesmo arrependimento.
Geralmente, julgamos as outras pessoas pelas ações, mas nós
mesmos pelas intenções. Queremos que todos entendam que não
foi nossa intenção aquele erro, mas ignoramos as justificativas dos
outros. Em geral, exigimos justiça para os outros, mas queremos
misericórdia para nós mesmos.
Liberando o perdão
O perdão é uma decisão e não um sentimento. Quando resol-
vermos perdoar, os sentimentos virão. Há determinadas atitudes
que ninguém pode tomar por nós, uma delas é nos arrepender, a
outra é perdoar. Nessas duas questões de nossa vida, somos nós que
devemos agir e mais ninguém. Devemos abandonar todo sentimen-
to de justiça própria, reconhecer que somos pecadores, sem exigir
vingança nem planejar retaliação, e simplesmente nos colocarmos
nas mãos do Juiz de toda a terra.
Precisamos pedir a Deus para nos mostrar como Ele vê o agressor
e liberar a bênção de Deus sobre ele, decidindo nunca mais nos lem-
brarmos da ofensa nem mencioná-la para outros. Em uma atitude
de fé, pela vontade de Deus, devemos decidir perdoar e abençoar
o ofensor, mesmo que tenhamos ficado profundamente ofendidos.
8. Livra-nos do mal
Neste ponto precisamos entender que estamos inseridos numa
verdadeira guerra espiritual. Por um lado, sabemos que o diabo é o se-
dutor e tentador, e por isso oramos para não cairmos quando tentados.
Por outro lado, reconhecemos que o inimigo é o destruidor e
ele tentará de todas as formas destruir nosso conforto, nossa alegria,
nossa vida, família e tudo o mais. Precisamos orar constantemente
pedindo a proteção de Deus.
Sempre oro para o Senhor me guardar do motorista imprudente,
do roubo, do assalto e de todo mal que possa suceder a mim e aos
meus. Assim, estou fazendo o que Jesus me orientou a fazer, pois
vivemos em um mundo mau e estamos suscetíveis aos ataques do
inimigo que está no mundo. Não me refiro a uma atitude neurótica
de achar que tudo pode ser uma tragédia, mas precisamos entender
que estamos no mundo. Jesus orou para que fôssemos guardados do
mal e nos ensinou que deveríamos também orar por isto.
A espiritualidade
do Reino: o jejum
– Mateus 6.16-18
ele que está em evidência, que deseja aparecer, que deseja a glória.
É o nosso ego que quer o reino, o poder e a glória.
Uma vez que nosso eu e nosso orgulho desejam essas coisas, o
Senhor nos fala que não é possível servir a Deus sem negar a si mes-
mo, esse é o princípio que percebemos nas entrelinhas. Todo aquele
que deseja ser visto pelos homens precisa negar a si mesmo, ou seja,
primeiro deve guardar-se de exercer sua justiça diante dos homens.
De outra sorte, disse Jesus, não terá galardão junto ao Pai Celeste.
O Senhor promete galardão para três ações: orar, dar esmolas
e jejuar. Dar é a primeira expressão da espiritualidade do reino de
Deus no Novo Testamento. Ninguém pode dizer que é espiritual
sem dar algo para alguém. Nosso Pai é um doador. A Bíblia diz que
Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigêni-
to, isto é, deu tudo o que tinha, o máximo que podia dar. Deste
modo, se quisermos nos tornar semelhantes a nosso Pai Celeste
e viver de acordo com os padrões do Reino, a primeira coisa que
devemos fazer é dar. Todavia, não podemos nos esquecer de dar
sem a intenção de sermos vistos pelas pessoas. Caso contrário, não
ganharemos galardão.
Como já vimos, há dois tipos de galardão, o de Deus e o dos
homens, e ambos se aplicam ao ato de dar esmolas, à oração e, como
veremos a partir de agora, ao hábito de jejuar. Muitos carregam
conceitos errados a respeito do jejum, mas quero esclarecê-los aqui.
Em primeiro lugar, o jejum não é simplesmente ficar sem comer.
Isso é dieta ou greve de fome, mas não é jejum. Ele também não é
algum tipo de penitência praticada por fanáticos, nem algo para ser
feito apenas por monges que vivem trancados em algum mosteiro.
Falando de maneira simples, o jejum é a abstinência de comida para
um propósito espiritual.
No capítulo 6 de Mateus, quando Jesus dava a constituição do
Reino, Ele falou de três coisas que todo discípulo deveria fazer e
ensinou a maneira correta de fazê-las. Ele disse:
“Quando deres...” (v. 2);
A espiritualidade do Reino: o jejum – Mateus 6.16-18 125
Tipos de jejum
Valnice Milhomens nos dá uma classificação de alguns tipos de
jejum apresentados na Palavra de Deus, todos envolvendo absti-
nência de alimento.
O jejum absoluto
É o jejum em que nos abstemos de comer e beber. A Bíblia
não menciona jejum absoluto de mais de três dias, pois esse é o
tempo máximo que o ser humano pode viver sem água. Portanto,
biblicamente, o jejum absoluto não pode ultrapassar três dias. Eu,
particularmente, recomendo apenas um dia, das 6 horas da manhã
às 6 da tarde.
Em todos os casos de jejum absoluto, as pessoas envolvidas
estão enfrentando alguma crise que as lança numa busca de Deus
tão intensa, que o desejo de comer e beber facilmente desaparece.
É uma experiência de necessidade muito intensa.
Paulo é um exemplo disso. No caminho de Damasco encontra-
-se com o próprio Cristo, que se revela a ele e o confronta. Assim,
A espiritualidade do Reino: o jejum – Mateus 6.16-18 131
O jejum normal
O tipo mais comum é o jejum normal. Um exemplo desse tipo
é o jejum de Jesus, sobre o qual lemos que Ele não comeu, mas a
Bíblia não afirma que Ele não tenha bebido. Diz que Ele teve fome,
mas não que tenha tido sede. Daí concluirmos que Ele bebeu, pois
água não é alimento. Podemos viver sem comer por até 40 dias,
pois o corpo usa suas reservas armazenadas, porém não sem beber.
Naturalmente, o período desse tipo de jejum pode ser menor do
que quarenta dias.
Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e
foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante
quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu
naqueles dias, ao fim dos quais teve fome. (Lc 4.1,2)
Quando há um jejum sem água, a Bíblia sempre menciona que
a pessoa não comeu nem bebeu. E como já vimos, a Bíblia não cita
um jejum sem água por mais que três dias. Concluímos, portanto,
que o jejum normal, ou comum, é abstinência de alimento, mas
não de água.
Não existe qualquer referência bíblica que possa sugerir que o je-
jum envolva abstinência do sono. A Bíblia faz distinção entre vigílias
e jejuns (2Co 6.5,11.27). Se a abstinência do sono fosse necessária
132 21 dias com Jesus no Monte
O jejum sobrenatural
Temos referências a jejuns absolutos prolongados, mas que cer-
tamente são de caráter sobrenatural, pois naturalmente as pessoas
não poderiam ter sobrevivido. O primeiro deles é o de Moisés. Por
duas vezes, praticamente sem intervalo, ele esteve por quarenta dias
e quarenta noites na presença de Deus no monte, durante os quais
não comeu nem bebeu.
Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as
tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco,
fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não
comi pão, nem bebi água. Prostrado estive perante o
SENHOR, como dantes, quarenta dias e quarenta
noites; não comi pão e não bebi água, por causa de todo
o vosso pecado que havíeis cometido, fazendo mal aos
olhos do SENHOR, para o provocar à ira. Dt (9.9,18)
Moisés estava na real presença de Deus, envolvido por Sua glória,
e certamente em suspensão de sentidos. Não era um jejum natural,
como aquele que fazemos e como o que Jesus fez.
Outro caso é o de Elias. Sua jornada para o monte Hore-
be parece ter sido feita em um período de jejum absoluto de
quarenta dias. Se assim aconteceu, também deve ter sido uma
experiência sobrenatural.
Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força
daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta
noites até Horebe, o monte de Deus. (1Re 19.8)
Uma caminhada tão longa por um deserto abrasador, em jejum
absoluto, seria suicídio. Mas o alimento e a bebida que o anjo lhe
trouxe habilitaram-no a tal proeza.
A espiritualidade do Reino: o jejum – Mateus 6.16-18 133
O jejum parcial
O jejum parcial fala de uma dieta restrita, da abstinência de
alguns alimentos apenas. O exemplo clássico é o jejum de Daniel.
Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três sema-
nas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho
entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum,
até que passaram as três semanas inteiras. (Dn 10.2,3)
Trata-se de um jejum parcial. Não se diz qual a sua dieta, e
supomos que talvez fosse a mesma do início de sua carreira na Ba-
bilônia: legumes para comer e água para beber. O fato é que não
comeu manjares deliciosos.
Existe um valor muito grande neste tipo de jejum e, no caso de
Daniel, ele culminou com uma tremenda visitação de um anjo de
Deus que lhe trouxe uma revelação indispensável à nossa compre-
ensão das batalhas que se travam nas regiões celestes.
No Novo Testamento, encontramos João Batista com uma dieta
bastante restrita: gafanhotos e mel silvestre. Neste caso, ele levou
uma vida em jejum parcial.
O jejum parcial permite muitas variações, incluindo casos em
que um único tipo de alimento pode ser usado durante todo o
período de jejum.
A duração do jejum
Quanto à duração do jejum, na Bíblia vemos que ele pode durar
desde uma noite até quarenta dias:
134 21 dias com Jesus no Monte
pessoa ficou ferida. Então, tive que pagar algumas despesas, mas
não sabia que o DPVAT, seguro obrigatório que todo proprietário
de veículo paga no país, cobria aquelas despesas. Sofri perdas por
causa da ignorância.
E não é diferente no reino espiritual. Quando deixamos de co-
nhecer a constituição do reino dos céus, perdemos muitas coisas
e sofremos consequências. A Bíblia nos diz que erramos por não
conhecer as Escrituras nem o poder de Deus. Mas, ao estudar a
constituição do Reino declarada no Sermão do Monte, podemos
ter acesso a esse conhecimento – sendo livres da ignorância – e ser
um povo que é chamado para reinar em vida.
Neste trecho do Sermão do Monte, o Senhor trata da questão
dos bens e das riquezas. Deus está muito interessado tanto na área
particular quanto na esfera pública de nossa vida. A particular está
ligada à oração e ao jejum, que devemos fazer para Deus, que vê em
secreto e nos recompensará. É uma vida íntima e particular com o
Senhor, que somente Ele conhece. A área pública envolve o nosso
testemunho, trabalho e a maneira como lidamos com o dinheiro.
Jesus nos advertiu para fugirmos da hipocrisia religiosa, mas igual-
mente deseja que fujamos do materialismo do mundo secular.
Em Apocalipse, lemos que “Eles, pois, o venceram por causa do
sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram...”
(Ap 12.11). A palavra do testemunho não é somente a que é falada,
mas também a palavra vivida e encarnada. Ou seja, nossa vida pre-
cisa falar mais do que nossas palavras. Estudos mostram que 90%
do que aprendemos vem daquilo que vemos, 9% através do tom
de voz e 1% do conteúdo. Portanto, o que somos fala muito mais
do que o que dizemos. Por isso o Senhor está tão preocupado em
falar sobre nosso testemunho em nossa vida pública.
Jesus nos advertiu para fugirmos da hipocrisia religiosa, mas
Ele também quer que fujamos do materialismo do mundo e das
coisas seculares desta vida. A Bíblia nos ensina que ser é muito mais
O povo do Reino e seus bens – Mateus 6.19-24 139
que não faz provisão para sua família é pior que o incrédulo (Pv 6.6-
8; 1Tm 5.8). Prudência não é incredulidade. No livro de Provérbios,
o Senhor nos manda considerar a formiga, que no verão trabalha
e ajunta para que no inverno tenha o que comer. Assim, sabemos
que ter uma provisão não é errado. A vida é uma alternância de
tempos de vacas magras e tempos de vacas gordas. Quem é sábio
se prepara para os dias de luta.
Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus
caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial,
nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega,
ajunta o seu mantimento. (Pv 6.6-8)
O Senhor não quer que desprezemos as coisas boas que Ele nos
dá em Sua criação, mas que desfrutemos delas. Tudo foi feito para
nós. Nesse trecho do sermão, Jesus não nos proíbe de gozarmos
das bênçãos da criação de Deus. Na verdade, o que preocupa o
Senhor é nosso coração. Ele quer que desfrutemos, mas que não
coloquemos o coração nas coisas materiais. Podemos ter bens, mas
eles não podem nos ter.
Creio que o Senhor também quer mostrar o real valor das coi-
sas. De que adianta ter um colchão caríssimo e não ter sono para
dormir nele? Ter dinheiro para comer comidas refinadas todos os
dias, mas não ter apetite? De que adianta ter um carro luxuoso, mas
não ter paz para estacioná-lo em qualquer lugar? Muitas vezes nesse
capítulo, o Senhor menciona a recompensa e, certamente, esses são
os tesouros que devemos acumular no céu.
Se existe algo que poderemos levar conosco para o céu são as
almas que ganhamos e os atos de justiça que praticamos. Fazendo
essas coisas aqui, estaremos acumulando tesouros para nós no céu.
Certa vez, ouvi uma história que ilustra bem essa exortação feita
por Jesus. Muitas pessoas sonham em morar em grandes mansões
no céu, e havia dois homens, ambos crentes, um muito rico e outro
menos abastado. O primeiro estava ajuntando tesouros aqui na ter-
ra, investindo seu dinheiro, construindo e adquirindo propriedades
aqui. O outro não era rico, mas sempre investia o que tinha no
reino de Deus, fosse tempo ou dinheiro, contribuindo com mis-
sões e as obras da igreja. Ao fim de algum tempo, os dois homens
morreram. O que investia no Reino e não era tão rico, chegando
ao céu, encontrou de fato uma grande mansão esperando por ele.
Ficou agradecido e entrou para sua casa celestial. O outro homem,
ao chegar lá, foi levado pelos anjos até sua casa, que não passava de
um barraco muito simples. Assustado, perguntou ao anjo:
— É isso o que você tem para mim? Eu que morava em uma
casa maravilhosa na terra, com muitos quartos, banheiros, suítes e
salas, agora vou morar aqui?
— Olhe, meu querido, – respondeu o anjo – não posso fazer
nada. Construímos a casa aqui com o material que cada pessoa
manda de lá, e isso foi o que você mandou da terra para o céu du-
rante sua vida.
Nossa recompensa no céu está intimamente relacionada com
a questão das riquezas desta vida. Tudo depende de onde temos
142 21 dias com Jesus no Monte
a. Foco
Não podemos focalizar duas coisas ao mesmo tempo, se o fizer-
mos, ficaremos paralisados. Porém, se focalizarmos nossa atenção
em apenas um alvo, poderemos nos mover tranquilamente em
direção a ele.
144 21 dias com Jesus no Monte
b. Desejo
Na Palavra de Deus, o coração está intimamente ligado aos
olhos. Por isso o Senhor trata desta questão imediatamente após
falar do coração.
Visão é o desejo ardente de nosso coração, é aquilo que nos im-
pulsiona. E o Senhor nos mostra que não devemos direcionar nosso
desejo para ter coisas por um motivo bastante simples: se desejarmos
as coisas do reino de Deus, estaremos na luz, mas se o nosso desejo
estiver no dinheiro, então estaremos em trevas e veremos em nós a
raiz de todos os males.
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e
alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos
se atormentaram com muitas dores. (1Tm 6.10)
c. Atitude
Nossa atitude está sempre de acordo com nossa visão. Portanto,
se a visão for o dinheiro, enxergaremos tudo como um meio para
obtê-lo; veremos um cifrão em cima de cada pessoa ou coisa. Se a
atitude for má, toda a nossa vida será trevas. Muitos casamentos
estão em trevas porque o marido vê a mulher como objeto, e muitas
mulheres veem o marido como um zero à esquerda. Infelizmente,
também há pastores que veem suas ovelhas como meio para alcan-
çarem seus alvos pessoais, como cifrões, etc.
O povo do Reino e seus bens – Mateus 6.19-24 145
Assim, podemos concluir que ter olhos bons é olhar para uma
direção só, o reino de Deus, desejá-lo em primeiro lugar e ter uma
atitude de ver todas as pessoas e coisas como Deus as vê. Da mesma
maneira, se os olhos forem maus, estaremos em trevas e seremos
cegos. Por isso devemos ter em mente a visão espiritual, pois onde
não há visão, o povo se corrompe.
Não havendo profecia [ou visão], o povo se corrompe;
mas o que guarda a lei, esse é feliz. (Pv 29.18 – acrés-
cimo do autor)
É preciso que tenhamos a visão e o conhecimento de Deus e
de Sua obra. E isso é fruto de revelação do Espírito Santo ao nosso
espírito recriado, como vemos na seguinte passagem:
...para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da
glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação
no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do
vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu
chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança
nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para
com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu
poder. (Ef 1.17-19)
Essa visão é básica e nos permite avançar no conhecimento de
Deus, mas precisamos também ter uma visão da obra de Deus,
conhecer aquilo que Deus deseja fazer. Alguns conhecem a Deus,
mas nada entendem da Igreja. E sem uma revelação do que é a
Igreja, sua natureza e importância, o que fazemos é apenas um
trabalho humano.
Alguns não são totalmente cegos, mas sua visão é turva. É como
se tivessem um tipo de catarata que os impede de ver com clareza e
à longa distância. Isso aponta para a necessidade de termos clareza
de meios e fins, da nitidez e do alcance da visão. Devemos ter uma
percepção clara e precisa da visão da igreja, pois quando nossa visão
é curta ou nublada, limitamos Deus e Seu poder, restringindo Sua
146 21 dias com Jesus no Monte
ação aos limites do que somos capazes de ver. Deus quer agir nesta
geração, e para isso Ele procura homens que não O limitem com
uma visão estreita.
A respeito dos judeus, Paulo diz que “até hoje, quando é lido
Moisés, o véu está posto sobre o coração deles” (2Co 3.15). Esse véu os
impede de ver, assim como uma mancha nos olhos.
14º Dia
O povo do Reino
e as riquezas
– Mateus 6.24
Neste trecho Jesus explica que, além da escolha entre dois te-
souros e duas visões, há uma escolha ainda mais radical: entre dois
senhores, Deus e Mamom. A palavra traduzida aqui como riquezas,
no original é “mamom”, um termo de origem hebraica que significa
dinheiro, riqueza ou bens materiais. Portanto, o veredicto do Senhor
é claro: não podemos servir a Deus e a Mamom. Contudo, muitos
tentam esta conciliação impossível:
Servem a Deus aos domingos e a Mamom durante a semana;
Servem a Deus com os lábios e a Mamom com o coração;
148 21 dias com Jesus no Monte
a. É fonte de provisão
Em primeiro lugar, um deus é aquele que nos dá segurança, e
as pessoas se sentem seguras com o dinheiro, mas não apenas com
Deus. Isso mostra quem realmente é o deus da vida delas. Se tiverem
dinheiro, sentem-se seguras. Mas se precisarem depender de Deus
pela fé, ficam completamente ansiosas.
b. Exige consagração
Uma segunda característica de um deus é que ele exige consagra-
ção e separação. É notório o quanto se exige integridade e transpa-
rência daqueles que lidam diretamente com o dinheiro. Isso acontece
porque Mamom é um deus que exige separação e dedicação a ele.
Para mostrar que não servia a esse deus, Jesus escolheu Judas −
que era ladrão − para ser Seu tesoureiro. É como se Ele dissesse a
Mamom que estava lhe dando o pior.
c. Exige honra
Um deus sempre exige o melhor, e com Mamom não é diferen-
te. É fácil perceber isso ao olharmos os executivos: eles são sempre
os mais capazes e mais bem treinados dentro da sociedade. Se al-
guém tão preparado se torna um pastor, todos ficam abismados. Se
O povo do Reino e as riquezas – Mateus 6.24 149
d. Exige temor
Um deus exige temor de seus adoradores, e a maneira como
Mamom governa é por meio do medo e da ansiedade. Com receio
de ficar sem dinheiro e passar necessidade, as pessoas vivem ator-
mentadas pelo medo de Mamom. Por que as pessoas perdem o sono
à noite? Sobre o que elas ficam pensativas e, muitas vezes, ansiosas?
Isso acontece porque o dinheiro controla a maioria das pessoas.
f. Exige adoração
E, por fim, a última característica de um deus é que ele exige
adoração. A maioria de nós talvez diga que nunca adorou a Ma-
mom, contudo, fazemos isso não com palavras, mas com atitudes.
Parece duro, mas muitas vezes nossa atitude poderia ser traduzida
em uma oração assim: “Mamom, como te desejo! Se estás comigo,
fico feliz! Mas, quando te vais, meu coração fica ansioso. Tudo faço
para te ter e não há sacrifício grande demais que eu não faça por
ti! Tu és a minha alegria e satisfação, minha segurança e proteção”.
Ministros e mordomos
Todos nós somos ministros e mordomos, mas vivemos tempos
difíceis. É muito comum ligarmos a TV e vermos um pregador
dizendo às pessoas que, se elas se tornarem cristãs e plantarem uma
semente financeira, prosperarão por causa da bênção de Deus. Logo
depois, começa um novo programa e outro pregador diz que, para
alguém se tornar cristão, precisa renunciar a tudo o que tem para
que Deus possa abençoá-lo. Um fala sobre prosperidade, outro
sobre pobreza, e ambos usam as Escrituras como base. Quem está
certo, o que prega a prosperidade ou o que prega a renúncia a tudo?
O povo do Reino e as riquezas – Mateus 6.24 151
a. Teologia da pobreza
Aqueles que têm essa convicção desdenham das posses materiais.
Eles não são materialistas e consideram as posses como um tipo de
maldição. Seu texto favorito na Palavra de Deus é Lucas 18.22,
no qual o Senhor mandou o jovem rico vender tudo o que tinha e
dar aos pobres. Eles dizem que suas necessidades serão supridas se
tiverem uma atitude de despreocupação, assim, não se preocupam
em prosperar porque buscam o reino de Deus em primeiro lugar.
Tais pessoas acreditam que a pobreza é a vontade de Deus para a
igreja hoje, que o Reino é para os pobres e os que se tornam pobres
se apoderam dele.
b. Teologia da prosperidade
O ponto de vista dos teólogos da prosperidade é que a prospe-
ridade é uma recompensa para os justos. Eles consideram as posses
uma bênção de Deus, e sua escritura favorita é Lucas 6.38: “dai, e
dar-se-vos-á...”. Basicamente, seguem o princípio da semeadura e
colheita, ensinando que, se temos uma necessidade, devemos semear
e Deus nos suprirá em abundância. Seu conceito de prosperidade é
que eles são os donos daquilo que possuem. Para eles, a pobreza não
é a vontade de Deus, antes, trata-se de uma maldição. São preocu-
pados com dinheiro e têm uma vida direcionada para consegui-lo.
c. Teologia da mordomia
É um equilíbrio entre as duas visões, pegando o melhor de ambas.
A perspectiva da mordomia é que a prosperidade é um privilégio e é
dada em variadas proporções. Provavelmente, a parábola dos talentos
é a melhor base para aqueles que creem na mordomia, pois para eles
o ponto central não é o que renunciamos nem o que receberemos,
mas o que temos recebido. A oferta é dada na proporção do que
152 21 dias com Jesus no Monte
3. É extremamente ingênua
Comumente, as pessoas que seguem a teologia da pobreza são
missionários. Tais pessoas são ingênuas porque não percebem que se
todos renunciassem a tudo, não haveria ninguém para sustentá-las.
Elas dependem do sustento de outros que não renunciaram a tudo.
O povo do Reino e as riquezas – Mateus 6.24 153
Princípios de mordomia
1. Deus é o dono de tudo (v. 14)
O Senhor somente nos pede que administremos Seus bens. É
exatamente esse o motivo pelo qual falamos de responsabilidade,
pois não temos de fato coisa alguma, mas tudo pertence ao Senhor.
O primeiro princípio que precisamos aprender como discí-
pulos é que temos um Senhor, algo absolutamente vital para ser
entendido quando tratamos da questão financeira. Sem submissão,
nunca prosperaremos.
O povo do Reino e as riquezas – Mateus 6.24 155
O povo do Reino
e a ansiedade
– Mateus 6.25-34
Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida,
quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo
vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a
vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que
as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não
colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai
celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito
mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que
esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua
vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário?
Considerai como crescem os lírios do campo: eles não
trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem
Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer
deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que
hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais
a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos
162 21 dias com Jesus no Monte
uma casa mais espaçosa, a questão é que deixaremos isso nas mãos
de Deus. Cuidaremos dos negócios dEle e Ele cuidará dos nossos.
O conceito de buscar o reino de Deus em primeiro lugar é algo
que tem sido mal interpretado no decorrer da história. Existem três
compreensões erradas que precisamos evitar:
Os crentes não estão isentos de ganhar a própria vida. Não
podemos ficar sentados esperando, dizendo que Deus pro-
verá, sem fazer nada. Temos de trabalhar. Paulo disse que
quem não trabalha também não coma (2 Ts 3.10);
Os crentes não estão isentos de sua responsabilidade para
com outros. Deus espera que ajudemos nosso irmão e
até que sejamos instrumentos dEle para provisão na vida
dos outros;
Os crentes não estão isentos de serem prudentes e precavi-
dos. Usar colete salva-vidas em um barco no meio de uma
tempestade é prudência e não incredulidade. Não é erra-
do fazer previsão para uma aposentadoria na velhice nem
fazer seguro de vida. O errado é andar ansioso e colocar o
coração no dinheiro;
Os crentes não estão isentos de dificuldades. Estar livre
de preocupação não é estar livre de dificuldades. Embora
Deus vista a erva, Ele não impede que ela seja queimada.
Nenhum pardal cai sem a permissão do Pai, mas os pardais
caem e são mortos.
Jesus disse que basta ao dia seu próprio mal, portanto, teremos
problemas. Tudo acontece pela permissão do Pai celeste, mas Ele
cuida de nós em meio ao que não entendemos.
A Bíblia diz que se buscarmos o reino de Deus e a sua justiça,
todas as coisas nos serão acrescentadas. Não podemos ter dúvidas,
pois a Bíblia diz que, ainda que sejamos infiéis, Ele permanece fiel.
Se gastarmos nossa vida com as coisas do Senhor, veremos o quanto
Ele nos suprirá, o quanto Deus cuidará de nós. A Palavra do Senhor
diz que se servirmos e obedecermos a Deus, Suas bênçãos virão
O povo do Reino e a ansiedade – Mateus 6.25-34 169
sobre nós e nos alcançarão. Muitos têm passado a vida a correr atrás
das bênçãos, mas a Bíblia mostra o contrário. Segundo a Palavra,
as bênçãos correrão atrás de nós quando corrermos atrás de Deus.
Se temos nos sentido cansados, é porque temos corrido atrás da
pessoa errada, temos corrido atrás das coisas desta vida. A Bíblia
nos ensina que o nosso trabalho é descansar em Deus, pois aos Seus
amados o Senhor dá enquanto dormem. Não que vivamos dor-
mindo, mas vivemos uma vida no descanso de Deus. Trabalhamos
mas, apesar disso, não colocamos nossa confiança no trabalho nem
no dinheiro, pois confiamos que temos um Pai que cuida de nós.
O que devemos fazer é descansar em Deus, tirar toda ansiedade
que tem afligido nosso coração com as coisas desta vida, buscar o
que é de Deus e deixar que Ele nos tome nos braços como um Pai
de amor. Assim dormiremos em paz, porque Ele cuidará de nós.
16º Dia
A vida no Reino:
Não julgueis
– Mateus 7.1-6,12
A vida no Reino:
peça, busque e bata
– Mateus 7.7-11
1. Ser específico
Primeiramente, devemos formar uma imagem do que queremos
para depois nos expressarmos com palavras objetivas. Ou seja, pri-
meiro definimos o que queremos de Deus e então pedimos a Ele
de forma simples e clara. Muitas pessoas se achegam para orar, mas
nem sabem exatamente o que desejam receber de Deus.
Alguns querem parecer espirituais e dizem nunca pedir coisa
alguma ao Senhor, mas isso não é espiritualidade, é tolice. Alguns
agradecem de forma religiosa, dizendo “obrigado porque têm tan-
to a agradecer e tão pouco a pedir”. Atitudes assim passam a ideia
de que o Senhor não quer que peçamos, ou mesmo de que pedir é
atitude de crianças imaturas. Mas, felizes são as crianças que pedem
muito ao Pai, pois serão atendidas.
Nada do que pedirmos estará além do que Deus pode realizar.
Portanto, se pedirmos alguma coisa em harmonia com Sua Palavra
e Sua vontade, podemos ter certeza de que Ele nos responderá.
Nossa necessidade é um conta-gotas, mas a provisão de Deus é um
oceano. Assim, estimulo todos a pedirem e pedirem muito, a encher
o coração de santos desejos celestiais e pedi-los a Deus. O Senhor é
honrado com nossos pedidos e é glorificado quando responde nossas
orações. Devemos, portanto, ser específicos, mas sempre em linha
com a Palavra de Deus e com o Espírito. Se pedirmos algo fora da
Palavra, não temos como receber.
Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada po-
deis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes,
porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para esbanjardes em vossos prazeres. (Tg 4.2,3)
A vida no Reino: peça, busque e bata – Mateus 7.7-11 183
Por outro lado, sabemos que a promessa é clara: “todo que pede
recebe...” (v. 8).
2. Pedir-buscar-bater
O primeiro e talvez mais importante princípio da oração res-
pondida chama-se necessidade. Quando existe uma necessidade
inadiável ou um desejo profundo, nossa oração será muito mais
intensa e, consequentemente, mais poderosa. É preciso querer e
pedir a Deus. A sequência pedir-buscar-bater fala de um desejo
ardente no coração. Na verdade, Deus somente se deixa achar por
aqueles que o buscam de todo o coração.
Se não precisarmos, não devemos pedir. Será perda de tempo,
pois nada acontecerá. Deus não nos dará algo de que não precisamos.
Se orarmos por algo hoje, e amanhã já tivermos esquecido o que
oramos, é porque não estávamos precisando ou desejando realmente
aquilo. Quando não precisamos, não buscamos nem batemos. Há
pessoas que pedem muitas coisas, mas a cada dia pedem algo dife-
rente. Na verdade, elas nem se lembram da oração que fizeram no
dia anterior, porque o que pediram não era importante.
Mas como é que a necessidade se manifesta? Ela se manifesta em
forma de pressão, essa é a palavra-chave. A pressão é uma situação
vital para nosso crescimento e para nossa oração. Não há como falar
sobre pedir algo a Deus se não houver pressão, pois é ela que gera
uma oração de poder.
Todo motor a combustão funciona basicamente com a pressão.
O combustível explode no motor, que canaliza a pressão resultante
para que o carro ande. Sem essa pressão, o motor não funciona e
o carro não anda. Do mesmo modo, às vezes o que falta em nossa
oração é a pressão que gera poder, e ela não passa de uma lamúria
para Deus. Como já vimos, a oração sem poder se torna um rela-
tório de nossos problemas e isso não funciona.
184 21 dias com Jesus no Monte
Essa é a oração que encontra resposta. Pode ser que demore 15 dias,
6 meses ou 1 ano para que Deus faça algo em nossa vida. O tempo
de fogo varia, mas não podemos desistir. Não podemos abrir a tampa
e buscar caminhos alternativos, pois o Senhor irá conosco até o fim.
Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de
todo o vosso coração. (Jr 29.13)
Antes de orar, temos que ter pressão interior para buscar de
todo o coração. O problema é que brincamos de orar e, por isso,
não crescemos nem avançamos. As pessoas começam a pedir hoje
e amanhã esquecem tudo. Nem se lembram do que pediram, pois
estão brincando com Deus e, dessa forma, não recebem nada dEle.
A maioria de nós corre da pressão. Há um pânico terrível e sem-
pre queremos fugir dela. Porém, quando a pressão vier, devemos
nos alegrar, pois é neste momento que teremos a chance de ver o
poder de Deus agindo. Quando vier a pressão, não precisamos sair
correndo, e sim orar e jejuar cada vez mais intensamente, porque
assim nossa oração terá muito poder. A verdadeira petição é aquela
que é fruto de poder em nossa vida e na de nossos irmãos.
Não há vitória sem lágrimas, não há poder sem pressão. Muitos
querem o poder de receber, de ouvir, de frequentar uma reunião,
mas quando correm das circunstâncias ao redor e perdem a opor-
tunidade de ver a operação do poder genuíno em sua vida, perdem
a chance de ver o milagre de Deus. Para vermos o milagre de Deus
em nossa vida, precisamos aprender a pedir-buscar-bater.
A oração é descabida
Alguns dizem que se o Pai sabe todas as nossas necessidades antes
de pedirmos, então para que orar? Além do mais, os pais humanos
não esperam que seus filhos lhes peçam para então poderem dar a
A vida no Reino: peça, busque e bata – Mateus 7.7-11 189
eles. Então, esta verdade se aplica muito mais a Deus, que é bom
(Mt 5.45).
A resposta a essa questão é que Deus espera que Lhe peçamos,
não porque não saiba nem porque fique relutante. Ele está pronto
a dar, mas quer saber se estamos prontos a receber. Deus espera
que reconheçamos nossa necessidade e então, em humildade, re-
corramos a Ele.
A oração é inútil
Jesus disse que o Pai celeste abençoa os maus e os bons e faz
chover sobre ambos. Ora, se os ímpios possuem coisas de Deus
sem precisar orar, então para que orar? A resposta aqui é que existe
uma diferença entre as dádivas de Deus como Criador e suas dá-
divas como Pai. É verdade que Ele dá certas coisas quer oremos ou
não, creiamos ou não, como o sol, a chuva, o ar, a capacidade de
ter filhos, etc. Mas os dons da redenção são diferentes. As bênçãos
espirituais resultantes da salvação dependem de invocarmos e crer-
mos em Deus (Rm 10.12,13).
A vida no Reino:
os dois caminhos
– Mateus 7.13,14
a. Duas portas
A porta do Reino é estreita como o fundo da agulha por onde
um rico não pode entrar. É tão estreita que não podemos trazer nada
conosco ao passar por ela. Temos de deixar para trás o pecado, a
ambição egoísta e até mesmo a família, os amigos e os bens se for
necessário. A porta estreita é como um pedágio, pois se passa apenas
um de cada vez. Jesus disse que se alguém quiser ser Seu discípulo,
precisa negar a si e tomar a cruz. Depois disso, precisa trilhar esse
caminho estreito.
No passado, as cidades eram cercadas por muros nos quais havia
portões e portas de entrada. Todos os dias, ao pôr do sol, por segu-
rança os portões da cidade eram fechados. Então quando os ricos
chegavam com seus camelos cheios de cargas preciosas, não tinham
como entrar. Contudo, havia uma porta bem pequena que ficava
do lado do portão da cidade. Era tão pequena que nela passava ape-
nas um homem e, mesmo assim, de lado. Portanto, o camelo não
conseguia passar e tinha que ficar do lado de fora. Porém, como as
pessoas traziam muita carga, não queriam de forma alguma deixar
o camelo de fora, com medo de perder toda aquela riqueza. Por
isso não entravam, ficavam de fora, pois davam mais valor à carga
do que à própria vida. Foi isso o que Jesus quis dizer ao falar que
é muito difícil um rico entrar no Reino, pois ele não quer deixar
de fora seus bens. A porta estreita fala disso, da disposição de abrir
mão de bens, pessoas, conforto e de outras coisas que até podem
ser legítimas, para seguir o Senhor.
A vida no Reino: os dois caminhos – Mateus 7.13,14 195
A porta estreita nos fala de vivermos uma vida cristã pelos pa-
drões do Sermão do Monte. Entrar pela porta estreita é não amar o
dinheiro, é ser manso, é ser humilde de espírito, é chorar com fome
e sede de justiça, é ser perseguido e injuriado por causa da verdade.
Essa é a porta estreita, e esse é o caminho apertado.
Algumas vezes, abriremos mão de coisas legítimas, como um bom
prato de comida, para poder jejuar. Deixaremos de dormir para fazer
uma vigília de oração. Temos o direito de comer e dormir todos
os dias, mas às vezes, o Senhor requererá isso de nós. Poucos estão
dispostos a entrar em oração e jejum, a negar a si mesmos. Isso é a
porta estreita, e não são muitos os que entram por ela.
Para entrar por essa porta, temos que deixar de lado o pecado,
a ambição, o egoísmo. Muitas vezes, temos que deixar de lado até
mesmo família, filhos, amigos e bens. Quando trilhamos o cami-
nho estreito, descobrimos que amar a Deus implica em sacrifícios.
São poucos os que acertam com essa porta. Contudo, o Senhor
disse que se alguém quiser ser Seu discípulo, deve negar a si mesmo,
tomar sua cruz e segui-Lo pelo caminho estreito. Jesus falou que se
alguém amar mulher, filho, filha, pai e mãe mais do que a Ele, não
é digno dEle. Essa é a restrição da porta estreita.
b. Dois caminhos
E lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim
de que, caso achasse alguns que eram do Caminho,
assim homens como mulheres, os levasse presos para
Jerusalém. (At 9.2)
Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e
descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão,
Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passan-
do a discorrer diariamente na escola de Tirano. (At 19.9)
A palavra “caminho” usada nesse texto é a mesma usada em Atos
9.2; 19.9 e 19.23, portanto, indica “vida cristã”.
196 21 dias com Jesus no Monte
c. Duas consequências
Como o Sermão do Monte não trata de salvação, cremos que
a palavra “perdição” aqui tem o mesmo sentido da consequência
daquele que edificou a casa sobre a areia nos versos 24 a 27, ou
ainda dos crentes que edificaram com madeira, palha e feno em 1
Coríntios 3.10-15. O resultado em ambos os casos é ruína porque
tomaram o caminho largo.
Na verdade, a palavra “perdição” aqui pode ser também traduzida
como “ruína”. E é exatamente esta a consequência de quem edifica
sobre a areia ou usando madeira, palha e feno: a ruína. Não é uma
questão de perder a salvação, mas de ter uma vida cristã derrotada.
Deus tem nos chamado para uma vida vitoriosa, para passar
pela porta estreita e trilhar o caminho apertado. Sabemos que em
Cristo Jesus somos mais que vencedores, mas, na prática, nem to-
dos os que tiveram uma experiência de novo nascimento têm ex-
perimentado uma vida vitoriosa. Entretanto, nós fomos chamados
para experimentar essa vida de vitória em nossos dias. O Senhor
nos tem chamado para uma vida sobrenatural, mas sabemos que
isso é resultado de uma decisão de cooperar com Deus e praticar,
de fato, os princípios do reino de Deus que aprendemos no Ser-
mão do Monte. Como verdadeiros cidadãos do Reino, entramos
no caminho apertado, passamos pela porta estreita, mas também
provamos dos poderes celestiais em nossa vida.
19º Dia
Advertências sobre
os falsos profetas
– Mateus 7.15-20
a. A advertência
Os cães e os porcos que não podem receber as pérolas são fáceis
de serem identificados, mas os lobos estão disfarçados e normal-
mente só os reconhecemos depois que o estrago já foi feito. Esses
falsos profetas possuem vestes de cordeiro, ou seja, uma aparência
religiosa, mas por dentro são lobos devoradores. Têm aparência
religiosa, mas sem realidade interior.
Advertências sobre os falsos profetas – Mateus 7.15-20 201
b. O teste
Lobos se disfarçam, mas árvores não. Se desejarmos conhecer a
árvore, devemos observar o fruto, que aponta para a conduta em
primeiro lugar. Assim, o Senhor nos ordena a olhar não a aparência
religiosa, mas a conduta.
Normalmente, ficamos muito impressionados com a pregação
e a retórica. Gostamos do pregador saltitante e emotivo que, aos
gritos, declara sua mensagem. Mas esse não é o fruto que precisamos
observar. Devemos ver o casamento dele, a criação de seus filhos, a
forma como ele lida com o dinheiro e seus negócios. A árvore pode
parecer uma figueira, mas somente saberemos no tempo dos frutos.
E isso é algo que ninguém pode esconder por muito tempo. Em
algum momento, o que está oculto será revelado.
Imagino até que alguns pregadores nem tenham a intenção de
enganar ninguém, mas eles mesmos estão enganados e enganam a
si mesmos. Por isso, precisamos também observar nossos próprios
202 21 dias com Jesus no Monte
Aparência
O primeiro sentido do fermento é a aparência. Ele faz com que
a massa cresça e isso nos impressiona. Entretanto, se enfiarmos o
dedo na massa, ela murcha. Todo aquele volume era só aparência.
Por isso, precisamos ser cautelosos para edificar a Igreja e não mo-
vimentos; um corpo e não uma organização; um edifício espiritual
e não um depósito de material de construção. De que adianta dizer
que temos tantas células se elas não tiverem consistência e realidade?
Não queremos agregados, queremos gerar filhos genuínos, transfor-
mados pelo poder de Deus.
Facilidade
O fermento faz com que a massa se torne macia e fácil de ser
absorvida. Um pão sem fermento é duro e consistente, difícil de
ser comido. Vivemos uma época perigosa, em que o evangelho vem
perdendo sua profundidade e tornando-se algo diluído e superfi-
cial, sem a intensidade devida ao Espírito. Preocupam-me aqueles
pregadores que têm diluído tanto a mensagem que nem sei se ainda
pregam mesmo o evangelho. Uma mensagem assim produz cren-
tes inconsistentes, que buscam eternamente um evangelho fácil e
de bênçãos, e se escandalizam quando são chamados para tomar a
cruz. Muitos não geram discípulos porque tiraram a cruz de sua
mensagem para não tornar o pão duro de comer.
206 21 dias com Jesus no Monte
Impureza
Se colocarmos algo sujo dentro de um copo de leite, ele talhará
imediatamente. Toda impureza é levedo, é fermento. Devemos
buscar o crescimento, mas precisamos tomar cuidado com a per-
missividade, com a leviandade, com a impureza; com as coisas que
vêm travestidas com a graça barata e a falsa liberdade de Cristo.
Pecado
O último e mais evidente sentido do fermento, segundo as Escri-
turas, é que ele é um tipo do pecado. O fermento, no final, é cheio
de morte. Ele é feito da própria massa, envelhecida e apodrecida.
Portanto, o mais perigoso nessa busca do crescimento da Igreja é
que esse fermento foi feito da própria Igreja, só que envelhecida
e deteriorada. Quando algo velho e apodrecido entra na Igreja,
leveda tudo.
Nem sempre o fruto numérico é sinal de que o profeta é de Deus.
Precisamos ser muito cautelosos.
20º Dia
Condições para
entrar no Reino
– Mateus 7.21-23
O amam. Somos salvos por crer e não por amar a Deus. Contudo,
uma vez que cremos para a salvação, precisamos amar o Senhor para
ter o encargo de fazer Sua vontade e sermos por Ele conhecidos.
O Senhor conclui dizendo: “Apartai-vos de mim, os que praticais
a iniquidade”. Precisamos ter o cuidado de lembrar que o Senhor
não lhes disse para se apartarem da vida eterna. Como já vimos, o
termo iniquidade, no original, nos fala de pessoas que não seguem
regras, não guardam a lei ou não aceitam regulamentos. Aos olhos
de Deus, fazer o mal não significa apenas fazer coisas más. Alguns
oferecem fogo, mas é fogo estranho e isso é iniquidade. Outros fa-
zem coisas espirituais, mas nunca se importam com os princípios e
regras da Palavra de Deus, que é Sua vontade revelada. Os que fazem
a obra movidos pelo próprio ego não terão parte no reino dos céus.
Esse trecho do Sermão do Monte nos mostra a importância das
obras de um cristão e a grande diferença existente entre fazer obras
para Deus e fazer a vontade de Deus. Nada pode substituir a vontade
de Deus. A Bíblia nos mostra claramente que uma pessoa, após crer
no Senhor, embora nunca vá perder a vida eterna, pode perder seu
lugar na recompensa do Reino. Se não fizermos a vontade de Deus,
mas, em vez disso, agirmos de acordo com nossa própria vontade,
seremos excluídos do Reino. Deus quer que primeiro obedeçamos
à Sua vontade e depois que trabalhemos.
21º Dia
O crente prudente
e o insensato
– Mateus 7.24-27
1. O alicerce
Embora o Senhor Jesus seja a rocha sobre a qual nos firmamos,
nessa ilustração, a rocha é a prática da Palavra de Deus, é fazer a
vontade do Pai. Portanto, o problema colocado aqui não é uma
questão de ouvir, mas de praticar. Assim, fica evidente que o Senhor
somente será rocha sob nossos pés se levarmos a sério Sua Palavra.
Nesse sentido, a areia na qual o crente insensato edificou sua casa
aponta para ao menos três coisas. Em primeiro lugar, para uma
vida cheia de ouvir, mas sem uma prática consistente. São pessoas
que, semana após semana, ouvem a Palavra, mas nunca mudam de
comportamento. Estão sempre esperando que algo sobrenatural
aconteça e as leve a praticar a Palavra.
Sabemos que o poder do Espírito nos capacita a viver a Pala-
vra de Deus, mas nada acontecerá a menos que haja em nós uma
disposição resoluta de praticar o que já aprendemos. Em segundo
lugar, a areia aponta para os conceitos humanos. Nossos conceitos
e opiniões nunca são um alicerce seguro para edificarmos coisa al-
guma. O problema é que muitos acreditam mais em suas ideias do
que naquilo que a Palavra de Deus diz. Contudo, mesmo quando
não compreendemos completamente, precisamos obedecer, crendo
que o mandamento do Senhor é rocha debaixo de nossos pés.
Em terceiro lugar, a areia aponta para os métodos naturais. Para
tudo o que fazemos, existe a maneira de Deus e a maneira carnal
do homem.
O crente prudente e o insensato – Mateus 7.24-27 217
2. O teste
O ensino do Senhor nos mostra que essas edificações foram
testadas, assim como toda obra certamente será testada um dia. Ob-
servamos que os dois construtores são crentes, vão à igreja, ouvem
as pregações e cantam corinhos. Assim, não há como distingui-los
apenas pela aparência. Mas a Palavra de Deus nos mostra que um
teste virá sobre a vida de todo homem, de todo pastor, de todo crente,
de toda igreja e de todo aquele que diz servir a Deus. Apenas uma
tempestade, ou uma inundação, ou mesmo uma ventania revelará
a verdade. Uma tempestade de crises e calamidades revela que tipo
de crente somos, pois o vencedor não se distingue totalmente do
derrotado até que venham as provações.
Tudo o que é abalável, que não tem firmeza e estrutura, deve ser
abalado em nossa vida. A Palavra do Senhor diz que os que confiam
no Senhor são como o monte Sião, que nunca se abala (Sl 125.1).
Muitas pessoas se entristecem quando veem, por exemplo, sua vida
financeira em ruínas, mas isso não é totalmente ruim, pois é assim
que descobrimos que nossas finanças estavam edificadas na areia, e
agora podemos construí-la na rocha da prática da Palavra de Deus.
De tudo o que possuímos, somente é digno de confiança aquilo
que pode suportar o teste das provações. Toda tribulação é um teste,
e dependendo de como respondemos, seremos promovidos a lugares
mais altos dentro do plano de Deus.
As provações vêm para que a Palavra e a vida de Deus possam
ser checadas e confirmadas em nós. Depois de ouvir uma palavra
sobre paciência, por exemplo, Deus permitirá circunstâncias para
que nossa paciência seja testada. Às vezes oramos por algo, mas Deus
nos testará para ver se realmente desejamos o que estamos pedindo,
ou para que as verdadeiras motivações se manifestem.
O crente prudente e o insensato – Mateus 7.24-27 219
a. E caíram as chuvas...
A chuva nos fala da obra de Deus em nós, do que vem de cima,
do céu.
Na Bíblia, a chuva pode significar três coisas: o poder do Espírito
(Os 6.3; Jl 2.23), as bênçãos do céu (Ez 34.26) e o juízo de Deus.
Creio que esse terceiro sentido cabe exatamente no contexto de
Mateus 7.24-27: a chuva aqui aponta para as tribulações que vêm
segundo a vontade de Deus para nos testar. Sabemos que o dilúvio
foi uma inundação enviada por Deus como juízo. Em Sodoma e
Gomorra choveu fogo e enxofre da parte de Deus. No Egito, por
ocasião das dez pragas, choveram pedras do céu. E no caso de Elias,
sabemos que ele fez cessar e depois cair a chuva sobre a terra.
A chuva, portanto, nos fala dos testes que Deus mesmo permite
para checar nossa realidade. Sabemos que a tendência de muitos
é atribuir ao diabo todos os problemas e infortúnios que lhes so-
brevêm, mas sabemos também que o Senhor trata com Seu povo.
Se depois de repreender e orar a respeito de algo parece que nada
mudou, talvez seja o caso de pensar na possibilidade de ser um teste
que procede de Deus.
Todos nós já experimentamos resistência espiritual, e sabemos
que muitas vezes elas procedem do maligno e devemos nos opor a
elas. Contudo, a Palavra do Senhor também diz que Deus resiste ao
soberbo (1Pe 5.5). Quando temos arrogância e soberba em nosso
coração, nós oramos, mas o próprio Deus nos resiste. A vida espi-
ritual é complexa e felizes são aqueles que possuem discernimento
para perceberem a origem de seus problemas.
220 21 dias com Jesus no Monte
b. Transbordaram os rios...
As chuvas caem do céu, mas os rios correm na terra, o que nos
fala da vida à nossa volta. Este teste aponta para as pessoas que nos
cercam e são usadas como instrumentos de Deus para nos tratar.
O cônjuge, o chefe, os filhos, os vizinhos e os parentes consti-
tuem um arranjo divino que em alguns momentos são como uma
inundação que checa nossas estruturas. Nós até pensamos que não
merecíamos conviver com pessoas tão difíceis assim. A verdade,
porém, é que precisamos delas. A convivência com essas pessoas
nos afeta tanto porque tem algo em nós que precisa ser mudado e
ainda não aceitamos ser confrontados neste ponto. É muito pro-
vável que ninguém teria a coragem de nos confrontar, então Deus
providenciou alguém para fazer isso.
c. Sopraram os ventos...
A Palavra nos ensina também que os ventos soprarão. Na carta
aos Efésios, Paulo nos fala dos demônios que atuam nos ares, e os
ventos nessa ilustração nos falam dos ataques dos demônios.
Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mun-
do, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito
que agora atua nos filhos da desobediência. (Ef 2.2)
...porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne,
e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6.12)
Deus, então, permite que venham pressões com o propósito de
testar a estrutura de nossa casa espiritual. Se o que temos edificado
ruiu é porque não estava na rocha, porque aqueles que estão edifi-
cados em cima da obediência não podem ser abalados.
Os que confiam no SENHOR são como o monte Sião,
que não se abala, firme para sempre. (Sl 125.1)
O crente prudente e o insensato – Mateus 7.24-27 221