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Batista Nacional Church Andando no espírito

NOTAS

ANDANDO NO ESPÍRITO

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NOTAS
A EXPERIÊNCIA DO ANDAR NO ESPÍRITO
Esboço do Planejamento do Curso

Meta
Que você compreenda os princípios do andar no espírito
entrando na prática de uma vida cristã vencedora.

Outros Objetivos
 Desfrutar de íntima comunhão com Deus.
 Compreender o andar por fé, andar na cruz e no
sobrenatural.
 Experimentar uma vida plena de frutos no descanso da
presença de Deus.

Sugestões Bibliográficas

1. Seu Destino é a Cruz – Paul Billheimer


2. Aprendendo a Ser Dirigido Pelo Espírito de Deus – Keneth
Hagin
3. O Homem Espiritual – Watchman Nee Vol 1

Recomendações Muito Importantes

Com a Ajuda do Seu Líder de PG, coloque em prática os


princípios espirituais que você tem aprendido. Faça da sua
devocional diária um tempo para praticar cada verdade onde você
recebeu revelação.
1. Busque praticar o andar pela fé e experimente esse novo
nível do caminhar com Deus
2. Gaste tempo meditando na palavra de Deus nos novos
assuntos.
3. Coloque em prática o andar em amor e pela cruz.
4. Busque cultivar uma constante comunhão com o Espírito
Santo colocando sua mente no espírito.
5. Pratique na sua célula o compartilhar com os irmãos as
novas experiências com Deus.

Avaliação

 Descreva o que é andar no espírito.


 Andar no espírito é algo prático. É andar por fé, na cruz e
no sobrenatural. Explique cada um desses princípios.
 O que é o oposto do andar no espírito?
 Quais os resultados em nossa vida cristã?

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ANDAR NO ESPÍRITO

“Se vivemos no espírito, andemos também no espírito" (Gl 5:25) “...


visto que andamos por fé, e não pelo que vemos". (II Coríntios. 5:7).

Quando Adão pecou, ele morreu para Deus e assim, toda a


raça humana entrou pelo mesmo caminho, a morte do espírito.
Dessa forma, a primeira coisa que Deus precisa efetuar no homem
é o novo nascimento ou a regeneração. Uma vez que fomos
regenerados, à vontade de Deus é nos dirigir através do Espírito
Santo que habita em nosso espírito humano. Deus espera que
cooperemos com ele exercitando o nosso espírito para obedecê-lo,
ouvi-lo e termos comunhão com Ele. Precisamos então: ser guiados
por Deus no espírito e exercitar o nosso espírito para ouvir de Deus.
O Espírito Santo habita dentro de nós. O poder de Deus está
em nós. A saúde de Deus está em nós. A natureza de Deus está em
nós. A bondade, a justiça, o amor de Deus, tudo isso é residente
dentro do nosso espírito recriado. Não precisamos buscar estas
coisas, precisamos é de ter revelação de que elas já estão dentro
de nós. Nós temos a mente de Cristo, a unção do santo; tudo aquilo
que é necessário para uma vida santa e plena, já foi colocado
dentro de nós pela pessoa do Espírito Santo. Uma vez que nós
andamos no espírito todas as realidades do Espírito Santo de Deus,
que habita em nosso próprio espírito, se tornarão realidades em
nós.
Todos nós éramos como um enfermo portador de vários tipos
de doenças. Depois que o médico fez o diagnóstico, deu-lhe a
receita para que tomasse vários tipos de remédios, cada um para
uma doença. O farmacêutico, então, colocou todos os
medicamentos dentro de uma única seringa. Esse conjunto de
medicamentos foi a dose que resolveu todas as suas enfermidades.
A mesma coisa Deus fez em nós; ele injetou em nós uma dose que
resolve todas nossas necessidades, essa dose é o Espírito Santo.
Precisamos entender no Espírito que tudo o que necessitamos para
uma vida com Deus já nos foi dado por meio do Espírito Santo que
em nós habita. Se precisarmos poder, Ele é o poder. Se
precisarmos de amor, Ele é o amor que foi derramado em nossos
corações. Se precisarmos de entendimento, todos os tesouros da
sabedoria estão ocultos nEle. Portanto, todas as coisas já estão
completadas em nosso espírito.
O que precisamos aprender hoje é sermos guiados pelo
Espírito e dependermos dele em todas as nossas necessidades. A
vida cristã é constituída de duas substituições; a primeira foi na Cruz
onde O Senhor Jesus morreu em nosso lugar e a segunda é no
nosso dia a dia onde o Espírito Santo quer viver em nosso lugar
sendo a nossa própria vida.
Para melhor entendermos a vida no Espírito vamos dividir o
nosso estudo em três princípios bem simples: A vida no Espírito
implica em três coisas: andar por fé, andar pela cruz e andar no
sobrenatural.

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Primeiro Princípio Do Andar No Espírito:

Andar Em Fé

A maneira de entendermos o padrão da vida no Espírito é


compreendendo como foi o primeiro pecado. O pecado desviou o
homem do padrão de Deus. Conhecer o desvio já nos ajuda a
determinar o caminho de volta ao modelo de Deus.
O primeiro pecado: Incredulidade. Se entendermos como
surgiu o primeiro pecado do homem, poderemos entender como os
outros surgem, pois o princípio do pecado é o mesmo (Gn. 3:1-6).
O primeiro pecado não foi terrível, do ponto de vista da
aparência. Não era obsceno, não era pornográfico, não era
escandaloso, não era feio de se ver. Adão e Eva apenas comeram
da fruta, nada mais do que isso. O primeiro pecado, entretanto, deu
origem a todos os outros, pois o princípio que o governou governa
todos os outros, embora possam surgir de formas diferentes. Como
é isso? No princípio, o homem andava no espírito. A Bíblia diz que
"à tardinha, Deus vinha ter comunhão com o homem, todos os dias".
Isso indiscutivelmente é uma relação espiritual, pois Deus é Espírito.
O homem era um ser guiado pelo espírito, naqueles dias. O espírito
é o ponto central na vida do homem. A alma era como um servo, em
relação ao espírito. Mas, com o pecado, aconteceu algo dentro do
homem: o seu espírito morreu para Deus e a sua alma cresceu,
tornando-se o centro do seu ser. O homem passou a ser carne. O
propósito de Deus, desde então, é nos restaurar a posição que
Adão desfrutava de comunhão com Ele. E não apenas isso, pois
nós hoje temos mais que Adão teve: Deus entrou em nosso espírito
humano recriado, tornando-se a nossa vida. Adão nunca comeu da
"árvore da vida", nós, porém, hoje, podemos comer dela, pois a
árvore da vida é o Senhor Jesus.
Mas qual foi a essência do primeiro pecado? Podemos dizer
que o pecado se manifestou por três princípios. O primeiro princípio
foi a incredulidade. O primeiro pecado foi o da incredulidade. Eva
preferiu acreditar no que o diabo disse a acreditar no que Deus
dissera: "se comeres, vais morrer". O diabo veio e desmentiu Deus,
dizendo: "é certo que não morrereis".
Certa vez, pregando a um homossexual, ele me disse: "é
impossível eu deixar de ser o que sou". E eu lhe respondi: "Isso é o
que o diabo diz, mas Deus diz que se você crer, você se tornará
uma nova pessoa, uma nova criatura. O mundo diz:” você nunca
pode mudar; pra você não há libertação; você nasceu assim, vai
morrer assim; pode até virar crente, mas vai continuar sendo o que
era; pode até nunca falar sobre isso, mas continuará sendo “- isso é
o que o mundo e o diabo dizem. Mas Deus diz que se você crer,
será nova criatura - é uma questão de ser e não simplesmente de
fazer. Você é nova criatura. E eu disse àquele homossexual:” diante
de você têm duas afirmações: a de Deus e a do diabo. Qual você
escolhe?”A base dessa escolha é uma questão de em quem vou
crer?" Devemos sempre colocar para o homem essa mesma
escolha, pois foi nesse ponto que o pecado surgiu: quando Adão e

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Eva preferiram confiar no diabo a confiar em Deus. "Seja Deus
verdadeiro e mentiroso todo homem". Deus não pode mentir; Ele é
completamente fiel àquilo que diz.
Eva duvidou da Palavra de Deus; aqui começou o problema
da carne. E para entrarmos agora na dimensão do espírito,
devemos cumprir a primeira condição: "Andar em espírito implica
em andar em fé". Se não andamos em fé, então não estamos
andando no espírito - "andar no espírito é andar em Fé".
Andar no Espírito e andar em fé se misturam na Bíblia. Em
Hebreus 11:6, lemos que "sem fé é impossível agradar a Deus"; e,
em Romanos. 8:8, lemos que "os que estão na carne não podem
agradar a Deus". Observe estas duas colocações: em Hebreus, os
incrédulos não podem agradar a Deus; e, em Romanos, os carnais
também não podem agradá-lo. Logo, por associação, dizemos que
os carnais são também incrédulos - são a mesma coisa.
Carnalidade é sinônimo de incredulidade. Aqueles que estão na
carne são facilmente percebidos, pois eles são incrédulos,
indiferentes e insensíveis.

Três Formas de Manifestação do Pecado


Para com a pessoa de Deus, o pecado se manifesta de três formas:

O primeiro tipo de pecado é a soberba, a rebeldia.


Esse pecado agride Deus em sua autoridade, atinge o trono
de Deus. Satanás disse: "subirei acima das mais altas nuvens e
serei semelhante ao Altíssimo” Isaias. 14:13. Do ponto de vista de
Deus, esse é o tipo mais grave de pecado, porque ele atinge
diretamente o trono de Sua autoridade.

O segundo tipo de pecado é a desobediência.


O desobediente é aquele que mente, rouba, prostitui; é
aquele que desobedece ao mandamento de Deus. O desobediente
agride Deus em sua santidade, Deus é santo; Ele não suporta a
sujeira, a impureza e a iniqüidade. Esse tipo de pecado é terrível,
mas, do ponto de vista de Deus, a rebeldia é mais grave ainda.

O terceiro tipo de pecado é a incredulidade.


O incrédulo atinge Deus em seu caráter. Ele é aquele que faz
de Deus um mentiroso. Deus diz: "em tudo fostes enriquecidos",
mas o incrédulo diz: "eu sou pobre". Deus diz: "eu carreguei na cruz
a sua enfermidade; o incrédulo diz:” tenho medo de morrer de
câncer “. Deus diz:” eis que vos dou autoridade sobre serpentes e
escorpiões “; o incrédulo diz:” eu não tenho o dom de expulsar
demônios; isso é só para pastores “. Percebe que há muitas
maneiras sutis de dizer que Deus é mentiroso. Nem sempre somos
descarados, na maioria das vezes somos sutis.
Certa vez, um irmão me disse: "Pastor, acho que não
devemos fazer apelos para a cura, dizendo que podem vir à frente,
e que todos os que crerem serão curados; nem todos são curados e
isso pode levá-los à revolta". E eu lhe perguntei: "Todos os que
crêem são salvos?” Ele respondeu: "é claro que sim". Eu disse "a

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mesma cruz que garante a salvação, também garante a cura" Se
faço apelo e nem todos são salvos, isso não impede de o fazer
novamente, não são salvos porque não crêem. E se nem todos são
curados é porque nem todos crêem. Devemos crer em toda a
Palavra e não apenas em algumas partes; pois se Deus mente em
uma pequena frase, Ele compromete toda a Bíblia, se há uma parte
errada, quem me garante que toda ela também não está errada? Ou
é tudo verdade, ou nada é verdadeiro: é um princípio da lógica. Mas
graças a Deus, que é fiel, e nenhuma de suas palavras deixará de
se cumprir. A incredulidade se manifesta de maneira sutil.
Fé é sinônimo de vida no espírito. Se alguém anda no
espírito, invariavelmente ficará cheio do Espírito. Uma pessoa que
anda no espírito pode facilmente ser reconhecida, pois naturalmente
expressará a vida. Quando falo de vida, não estou me referindo à
vida prática - retidão, integridade - tudo isso um cristão deve ter;
estou falando de algo mais tênue, subjetivo. Refiro-me a algo que
não sabemos de onde vem, nem para onde vai. Quando olhamos a
pessoa, sentimos algo diferente nela. O primeiro sinal, que o Senhor
Jesus fez, foi transformar água em vinho. O vinho é símbolo de vida.
Por quê? Isso pode ser facilmente observado na pessoa que ingere
uma certa quantidade de vinho, ou outra bebida alcoólica. A
primeira coisa que se percebe nela é uma mudança em sua pele -
mostra uma aparência de saúde. Em segundo lugar, os olhos
começam a brilhar, como que cheios de alegria; é uma alegria
natural, proveniente da bebida. Em terceiro lugar, surge uma dose
de ânimo, empolgação e força. A pessoa começa a se sentir como
um leão; em seus lábios, o sorriso é fácil, e ela parece estar cheia
de vida. O vinho é para nós um símbolo de vida, pois provoca uma
sensação, ainda que superficial e efêmera, de vida. Quando
bebemos, e nos embriagamos do Senhor, acontece algo parecido,
mas é algo que ninguém pode nos tirar. O sorriso também fica fácil,
não há mais dificuldades de jubilarmos diante de Deus, de saltar, ou
de gritar. Não é uma alegria que vem de fora - piadas ou do ritmo
quente da música - é algo mais sublime, que vem de dentro, que
vem do espírito; é algo permanente. Há um fogo do Senhor que vem
queimando dentro do coração, que torna a vida diferente e linda.
Esse fogo é a presença viva do Senhor em nós. "andar em fé" gera
a vida, pois implica andar sobre a Palavra de Deus.

O Que Significa Andar em Fé

Renunciar ao esforço próprio

Andar em fé implica em abrirmos mão do que vemos, do


nosso esforço próprio e do nosso entendimento próprio. Isto quer
dizer que andar no espírito também implica em renunciarmos a
estas três coisas: andar por vista, por esforço próprio e por
entendimento próprio. Todo carnal anda pelo esforço próprio. A fé
pressupõe dependência de Deus. Se andarmos pela nossa força,
não precisamos exercer fé. A principal característica da vida de fé é
o descanso. Hebreus 4:3 diz que "os que crêem entram no

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descanso". Os que andam no espírito andam em descanso. É como
um barco no meio do mar, não tem que se esforçar, é só deixar-se
levar pelo vento. Nós somos o barco, o vento é o Espírito. Veja que
este descanso não é lazer, não é retiro, não é férias. Podemos ir a
estes lugares, em todas estas formas de descanso, e mesmo assim
não descansarmos. O verdadeiro descanso é poder dizer: "Senhor,
és tu quem fazes, não eu. Não sou eu quem salva, és tu, Senhor.
Não sou eu quem santifica, és tu, Senhor. Não sou eu quem faz, és
tu, Senhor". Se ficarmos angustiados cada vez que temos de
pregar, e se a ansiedade aumenta, a ponto de a vida perder o
sabor, é porque tem faltado o descanso "Resta um descanso para o
povo de Deus". A obra de Deus não se faz no cansaço; não se faz
na fadiga, não se faz com suor: se faz na dependência do Senhor.
Ezequiel 44:17 dá uma orientação clara àqueles que
trabalham no templo: "E será que quando os sacerdotes entrarem
pelas portas do átrio interior, usarão vestes de linho, não se porá lã
sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, dentro do
templo. Tiras de linho lhes estarão sobre as cabeças, e calções de
linho sobre as coxas, não se cingirão a ponto de lhes vir suor". Na
obra de Deus, não pode haver suor. Nós somos sacerdotes levitas,
encarregados de servir na casa do Senhor e, quando servimos ao
Senhor, não pode haver suor. Qual é o significado do suor? Gênesis
3:19 fala que o suor é maldição, por causa do pecado. Suor é
símbolo de maldição, mas graças a Deus que, por meio de Jesus
Cristo, nos libertou de toda a maldição do pecado. É bom demais
servir a Deus. Não temos de suar, não temos de viver no cansaço.
É como diz o cântico: "É meu somente meu todo o trabalho, e o teu
trabalho é descansar em mim". Essa é a Palavra de Deus para nós.
Fico preocupado com pastores e líderes que tem estafa.
Estafa não está nos planos de Deus para nós. Estafa é maldição.
Observe que aqueles que trabalham em serviço braçal não têm
estafa, deitam e dormem o sono do descanso. Mas há pastores e
líderes que não dormem à noite, ficam uma, duas, três, quatro
noites acordados, até que lhes vem uma estafa. Não é um cansaço
físico, mas mental, da alma. Aqueles que se achegam para servir no
santuário não podem suar lá dentro. Não temos mais de suportar a
maldição do pecado, pois Jesus já suou o nosso suor para que Nele
tenhamos descanso. O Senhor suou no Getsêmane o suor que nos
cabia. Não precisamos nos esforçar até suar, Ele já suou por nós;
não temos o que fazer com suor, Ele já fez tudo por nós.
Alguém pode perguntar: "não temos mais nada?" Nada! "Mas
e quem vai pregar o Evangelho? " Não somos nós quem pregamos;
somente a boca é nossa, o resto é trabalho do Senhor. Muitos ficam
se cobrando o tempo todo: "tenho de pregar; preciso pregar". É
como uma paranóia, uma obsessão. Deus me livre de dizer que não
devemos pregar, não falo disso; ouça-me, se andamos no espírito,
passaremos vida. A vida é algo que sai de nós, sem que
percebamos, ou sem nos esforçarmos. Se tivermos vida, os outros
perceberão. É aquele princípio que diz "a boca fala do que o
coração está cheio". Se o nosso coração está cheio da vida de
Deus, como um rio de água viva, naturalmente a boca vai

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manifestar o que está lá dentro. Não há trabalho nenhum nisso, é
uma questão de ser espontâneo, e de ter vida fluindo do espírito.
Quando você se enche do Senhor, no descanso, naturalmente você
vai fazer a obra de Deus. A obra do Senhor tem de ser espontânea
em sua vida. Tem de ser gostosa de se fazer. Tem de ser
empolgante ser líder; a idéia de ser pastor tem de ser agradável à
mente. É bom trabalhar para o Senhor, porque o nosso trabalho é
descansar Nele.
Vemos que o primeiro aspecto do andar em fé é o abrir mão
do esforço próprio, e entrar no descanso de Deus. Se andarmos em
espírito, andamos também em descanso.

Não andar por vista

O segundo aspecto importante para frisarmos é “não andar


por vista”. II Coríntios. diz: "andamos por fé e não pelo que vemos".
Tenho sempre comigo uma regra: enquanto o que vejo bate
com a Palavra de Deus, continuo vendo; quando, porém, não bate
mais, ignoro o que estou vendo, e fico somente com a Palavra de
Deus. Note que é um estilo de vida louco; é loucura para o mundo.
Uma das situações onde isso pode ser mais facilmente observado é
com relação às enfermidades. Muitas vezes insistimos em olhar
para os sintomas da doença, em vez de olharmos para a Palavra de
Deus. Se a Palavra diz que o Senhor já levou as nossas
enfermidades na cruz, devemos rejeitá-las, e passar à verdade da
Palavra, independentemente daquilo que estamos vendo ou
sentindo. Não é mentir para nós mesmos, dizendo que não estamos
doentes, mas é declarar a Palavra, e ignorar os sintomas da
doença. Poucos de nós fazem isso, preferimos andar por vista; isto
é, na carne. Andar por vista é característica do carnal. Se
insistirmos em andar por vista, seremos escravos do natural. As
circunstâncias irão facilmente nos desanimar, e tenderemos a ficar
prostrados. Se eu ficasse olhando a forma superficial de alguns
adorarem a Deus, ficaria desanimado e nem iria mais dirigir louvor.
Se eu ficasse olhando o grande número de crentes infantis, iria
desistir de fazer a obra de Deus. Se eu ficasse olhando as
diferenças pessoais e a postura de alguns líderes, nunca iria crer na
unidade da mente e do coração. De maneira que, devemos ter um
olhar profético: andamos pelo que cremos que será e não pelo que
o diabo quer nos mostrar. Vejo um povo que adora a Deus; um povo
forte que manifesta o reino de Deus; uma liderança ungida, que
ministra em unidade. Creio e sei que na dimensão do Espírito já é
assim, ainda que com os meus olhos naturais não o veja.
O segundo aspecto do andar em fé, então, é não andar
segundo a vista.

Renunciar ao entendimento próprio

Vimos que há aqueles que andam pelo esforço próprio, há os


que andam por vista, mas há também os que andam pelo seu
próprio entendimento. A Palavra de Deus diz que no princípio Deus

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criou Adão e Eva e os colocou no Jardim do Éden. Lá havia duas
árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do
mal. A árvore da vida aponta para a vida de Deus. Jesus é o
Caminho, a Verdade e a Vida; "Nele estava a vida e a vida era a luz
dos homens". João. 14:6 e 1:4. A luz significa que pela vida, eu
posso ter luz, ou seja, posso conhecer a realidade última das
coisas. A vida de Deus, que agora está em nós, se manifesta como
luz em nosso espírito. É uma sensação de clareza, de
entendimento. Deus queria que Adão comesse da árvore da vida e
vivesse por essa vida. Ele não iria conhecer nada - nem o bem, nem
o mal, nem o certo, nem o errado - e a vida iria guiá-lo em todas as
circunstâncias. Entretanto, sabemos que ele pecou, comendo da
árvore do conhecimento; e Adão e Eva passaram a conhecer o bem
e o mal. E, desde então, o homem passou a ser dirigido segundo o
que é certo ou errado. Mas, ouça-me, ser cristão não é uma questão
de entender se algo é certo ou errado, se é moral ou imoral e nem
mesmo se é ou não uma questão ética. Ser cristão é andar pela
árvore da vida, isto é, andar segundo a vida que está em nós, e que
Adão nunca teve. Essa vida é a luz, e nos dirige em toda a vontade
de Deus.
Alguns irmãos, antes de fazerem alguma coisa, perguntam:
"será que isso é certo ou é errado? Será que é pecado ou não?" E
pensam que com isso estão agradando a Deus. Isso é andar pelo
entendimento e não por fé, na direção da vida do espírito. Porém, a
Bíblia diz: "Tudo o que não provém de fé é pecado" Romanos.
14:23. Aqueles que agem assim estão andando segundo a árvore
do conhecimento do bem e do mal. Isso pode até parecer piedoso e
bem intencionado, mas não provém da dependência e fé em Cristo,
é, portanto da carne. Se antes de fazermos alguma coisa
dissermos: “isto não é errado, não é pecado, não escandaliza, não
ofende e nem faz mal a ninguém“, estaremos agindo segundo o
entendimento do certo e do errado e não pela vida.
Certamente você ainda vai descobrir que muitas coisas que
não são erradas, que não escandalizam e nem são sujas são
reprovadas por Deus. Porém, não devemos nos preocupar em
proibir ninguém de coisa alguma. Não devemos ser escravos de
código de conduta, de códigos morais e normas de certo e de
errado. O importante é aprender a andar no espírito. Podemos
seguir piamente um código e ainda assim vivermos na carne. O que
importa não é conhecermos o que se pode e o que não pode fazer,
o que importa é conhecer a vontade de Deus. Há muitos irmãos que
querem tudo prontinho, querem normas e regras sobre regras.
Precisamos é ensiná-los a ouvirem o espírito, e, naturalmente, eles
vão fazer a vontade de Deus. Se andarmos por entendimento, não
dependeremos de fé no Espírito; por isso os que andam pelo
entendimento próprio não podem agradar a Deus; o que eles fazem
não provém da fé, e isso é carne.
Quando o Senhor fala, há fé. Quando Ele fala conosco,
sempre manifestamos uma convicção e certeza resoluta. Mas
quando Ele não fala, há confusão e dúvida. Nunca façamos nada na
base da insegurança e incerteza, pois certamente não provém de

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Deus. As coisas do Espírito são também na base da fé, pois andar
no Espírito implica em andar por fé. E tudo o que não provém de fé
ou dependência de Deus é carne.
Quando estivermos aconselhando uma pessoa, não devemos
dar-lhe as coisas prontas, devemos antes estimulá-la a usar o seu
próprio espírito, para que possa discernir a direção de Deus. Só há
crescimento, quando Deus fala; as palavras humanas podem ser
boas, mas somente quando Deus fala há transformação e há vida.
Só há crescimento quando aprendemos a ouvir a Deus. Muitos
discipuladores estimulam seus discípulos a serem seus
dependentes. Ensinam que os discípulos não devem fazer nada
sem antes compartilhar com eles. Isso não é o propósito de Deus; o
discipulador deve permitir que o discípulo aprenda a ouvir e a
depender de Deus. Se o discipulador sempre fala qual é a vontade
de Deus, o discípulo nunca vai aprender a discerni-la por si mesmo,
e isso é lamentável.
Com relação ao "andar em fé", três coisas são consideradas
como da carne. Carne é andar pela força própria, pela vista e pelo
entendimento próprio. Andar em fé é o oposto: andar no descanso
de Deus, ignorar a vista e renunciar o próprio entendimento.
Antes, porém de avançarmos, devemos entender que a
direção do Espírito nunca está fora da Palavra de Deus. Deus e a
sua Palavra se misturam. Assim como eu sou aquilo que eu falo,
Deus é aquilo que Ele fala. A Palavra é o seu retrato. Crer Nele é
crer em sua Palavra. Se alguém diz crer em Deus e não crê na
Bíblia, está mentindo; pois é impossível crer em Deus e não crer no
que Ele diz.
Se quisermos "andar no Espírito", devemos andar pela fé na
Palavra de Deus; as duas coisas se misturam, na prática.

A Necessidade de Crescer em Fé

Nós podemos crescer na vida espiritual. O crescer espiritual


está muito relacionado com o crescer em fé. Quero compartilhar
dois princípios básicos que nos levam a avançar em novos níveis de
fé: crescemos em fé, conhecendo a Palavra - pelo espírito, por
revelação - e crescemos confessando a Palavra. Uma parte só não
resolve, temos de conhecer a Palavra por revelação e temos de
confessá-la com os nossos lábios.

A Revelação da Palavra

"Para que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da


Glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação, no pleno
conhecimento Dele, iluminados os olhos do vosso coração, para
saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da
glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu
poder para com os que cremos..." Efésios. 1:17-18.
Como você viu no assunto anterior do Curso de Maturidade
no Espírito, acerca da Experiência de Receber Revelação, em
primeiro lugar, a revelação surge quando há um coração ensinável.

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NOTAS
Se me jugo conhecedor de todas as coisas, quem estará apto para
me ensinar?
Devemos também ter um coração que se humilha. Não
devemos ter uma atitude de constrangimento em aprender com
quem quer que seja. Ouça, se você, com soberba, disser: "não vou
aprender com aquele irmão, vou buscar de Deus e aprender
sozinho". Deus não vai falar com você. Deus resiste ao soberbo,
mas dá graça aos humildes. Se eu souber que um líder qualquer em
Goiânia está fluindo numa área qualquer da Palavra, vou lá
aprender com ele e Deus vai falar comigo lá. Mas se eu disser: "eu
sou pastor, igual a ele, Deus vai falar comigo também. Isso é
soberba e nunca vou crescer dessa maneira”.
No Novo Testamento, encontramos duas expressões que são
traduzidas para o português como "palavra". São as expressões
"Logos" e "Rhema".
Logos é a palavra escrita, é a letra, é o que está registrado
nas Escrituras.
Rhema é a palavra viva revelada pelo Espírito e que queima
em nosso coração.

A Confissão da Palavra de Deus

"Porque com o coração se crê e com a boca se confessa a


respeito da salvação". Romanos 10:10.
A nossa fé precisa ser cultivada à maneira de Deus, para
reforçarmos a fé e abrirmos a boca. Não basta orar com o coração.
É preciso também confessar com a boca. Muitas vezes Deus vem
com um entendimento forte na Palavra, a respeito de uma verdade,
mas com o tempo, nos esquecemos daquela verdade. Por que isso
acontece? Porque deixamos de falar nela. Deixamos de confessá-
la, de contar para os outros, de ensinar e mesmo de pregá-la. Se
fecharmos a boca, com o tempo perderemos aquele entendimento
vivo, e tudo se tornará apenas conhecimento mental. Mas existe um
outro lado muito importante, mesmo que ainda não tenhamos
revelação de uma verdade, se abrirmos a boca e começarmos a
confessá-la, logo ela vai começar a gerar fé em nós. Vemos então
que a confissão não apenas preserva a revelação recebida, mas
também nos abre o espírito para novas revelações.
Mas o que é confessar? Há uma maneira bem simples de
memorizarmos o que devemos estar constantemente confessando:
Eu devo confessar:

• O que Deus diz acerca de si mesmo. O que Ele é.

• O que Deus diz acerca do que possui. O que Ele tem.

• O que Deus diz acerca do que pode fazer. O que Ele faz.

• O que Deus diz acerca de mim. O que eu sou.

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NOTAS
• O que Deus diz acerca do que possuo. O que eu tenho.

• O que Deus diz acerca do que posso fazer. O que eu


faço.

A base da nossa fé é aquilo que Deus diz. A palavra é o trilho


do qual nós andamos. Aprenda tudo aquilo que Deus diz que é, e
confesse constantemente, você vai perceber que a sua fé
gradualmente vai se fortificar e crescer.

O Que Deus Diz Que Eu Sou:

Eu sou nova criatura (I Cor. 5:17).

Eu sou templo do Deus vivo. (I Cor. 6:16).

Eu sou como árvore plantada junto a ribeiros de água, que no


devido tempo dá o seu fruto e tudo quanto faço sou bem
sucedido (Sl. 1:3).

Eu sou forte e ativo porque conheço o meu Deus (Dn. 11:32).

Eu sou mais que vencedor por meio daquele que me amou


(Rm. 8:37).

Eu sou zeloso de boas obras (Tt. 2:14).

Eu sou um ganhador de almas e por isso sou sábio (Pv.


11:30).

Eu sou feitura Dele, portanto sou belo (Ef. 2:10).

O Que Deus Diz Que Eu Tenho:

O amor de Deus está derramado em meu coração (Rm. 5:5).

A unção do Santo permanece em mim ( I Jo. 2:27).

Deus me tem dado autoridade sobre todo o poder do inimigo


e nada me causará dano (Lc. 10:19).

Posso todas as coisas naquele que me fortalecesse (Fl.4:13).

Deus me deu espírito de poder, de amor e de moderação (II


Tm. 1:7).

Maior é o que está em mim do que aquele que está no


mundo ( I Jo. 4:4).

Deus sempre me faz triunfar em Cristo Jesus (II Cor. 2:14).

75
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NOTAS
Eu tenho sido abençoado com toda sorte de bênção espiritual
nas regiões celestes, em Cristo Jesus (Ef. 1:3).

Eu tenho o poder do Espírito Santo (Mq. 3:8).

O Que Deus Diz Que Eu Faço:

No nome de Jesus eu expulso demônios, falo novas línguas,


pego em serpentes; se beber alguma coisa mortífera não me
causará dano; imponho as mãos sobre os enfermos e eles são
curados (Mc. 16:17). Eu venço o diabo pelo sangue do Cordeiro e
pela palavra do meu testemunho (Ap.12:1).

SEGUNDO PRINCÍPIO DO ANDAR NO ESPÍRITO:

Andar Pela Cruz

Para gerar incredulidade em Eva, o diabo procurou usar de


estratégias. O diabo é espírito, e os espíritos não podem mudar; da
mesma maneira que ele agiu com Eva, age conosco hoje. Desta
forma, através de suas ações na Bíblia, podemos conhecer suas
estratégias e guerrear contra ele.
A primeira área que o inimigo atacou foi a bondade de Deus.
Ele disse: "Deus não deve ser bom, caso contrário, não teria
proibido comer da árvore". Nunca devemos permitir que em nossa
mente haja a mínima insinuação satânica de que Deus não é bom,
isso não é verdade. Essa é, muitas vezes, a forma que o inimigo
encontra para gerar incredulidade em nós.
Durante muito tempo convivi com muitos medos dentro de
mim, todos eles relacionados com a dúvida sobre a bondade de
Deus. Tinha medo de ser pastor, porque achava que a vida das
ovelhas não estaria em boas mãos; poderia ser, que na hora crucial,
Deus faltasse. Tinha medo até de orar, pois eu pensava que se
orasse muito, Deus resolveria enviar-me para o meio dos índios, e
disso eu tinha medo. Veja que a minha vida foi por muito tempo
bloqueada, em função de eu ter duvidado da bondade de Deus. E
ele é bom, Aleluia!
A segunda área que ele atacou foi o caráter de Deus. Ele
disse que Deus não era reto, pois havia mentido, certamente o
homem não morreria se comesse da árvore. Ora, se Deus era
mentiroso, não valia a pena confiar Nele, daí também surgiu a raiz
da incredulidade. É impressionante vermos como o povo de Deus
tem engolido esses dois ataques do inimigo. Muitos afirmam
categoricamente que Deus é mau, ao afirmarem que foi Deus quem
lhes mandou doenças. Muitos procuram pastores para receberem
oração dizendo: "Pastor, ore por mim por que a mão de Deus me
feriu com esta enfermidade. Ora, se foi a mão de Deus que feriu, eu
não posso orar; se for a vontade de Deus, certamente ele não me
ouvirá. Penso que as pessoas que têm essa posição não deveriam
nem mesmo ir ao médico, pois se foi Deus quem mandou, o homem

76
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
não pode desfazer. E se Deus mandou a doença, ela é uma coisa
boa, pois Deus só nos dá coisas boas. Qual pai teria coragem de
mandar câncer para seu filho? Pois se nós sendo humanos não
agimos assim, muito menos o Senhor. Deus é mentiroso - não
falamos isso descaradamente, como fez o inimigo, mas aceitamos a
sugestão de que, nem tudo o que está escrito acontece hoje em dia.
A Bíblia realmente diz que Deus cura, mas hoje Ele não cura mais.
Se Deus não cura mais, então Ele é mentiroso, pois Deus nunca
muda, sempre é o mesmo e se Ele curou no passado e não o faz
mais, a Sua Palavra é falsa, pois mudou com o tempo. Se existe
alguma coisa que Deus não mais faça em Sua Palavra, ela é
indigna de confiança, pois, como vou ter certeza de que alguma
coisa pode ser feita hoje, ou não?
Se desejarmos andar no espírito, devemos desmentir o diabo
e confessar tudo aquilo que Deus diz que é, tudo aquilo que Ele diz
que faz e tudo aquilo que Deus diz que tem: "Eis que as suas mãos
não estão encolhidas para não poder abençoar e nem surdos os
seus ouvidos, para não poder ouvir". A vontade de Deus para nós é
a saúde, a vida, a prosperidade e a paz.
A terceira área que o diabo atacou foi a santidade de Deus,
dizendo que Deus não queria que ninguém conhecesse o bem e o
mal, que Deus não queria que ninguém fosse como Ele, que Deus
queria ser o único. Aquilo que Satanás desejou na sua soberba e
aquilo que Adão e Eva buscaram na sua desobediência, Deus agora
nos concede gratuitamente, por meio de Jesus Cristo; eles queriam
ser como Deus e nós, agora, nos tornamos Seus filhos, gerados
pela Sua semente. No Salmo 82:6, Deus diz:
"... sois deuses, pois sois todos filhos do Altíssimo". Eu sou
agora da raça de Deus, sou filho. Nisto, Deus prova a Sua
santidade, pois nos concedeu aquilo que foi acusado de não querer
compartilhar: a Sua natureza divina.
Para que a nossa fé seja forte, devemos ter uma revelação
clara do caráter de Deus, Deus é bom e tem o melhor para nós.
Deus é reto e nunca pode mentir ou falhar naquilo que disse: a Sua
palavra é a própria verdade. E Deus é santo e nos fez participantes
da Sua natureza, da Sua riqueza e da Sua glória. Aleluia! Se
permitirmos surgir dúvidas nestes aspectos, então a nossa fé será
abalada e não poderemos viver no espírito, pois, como já
aprendemos, andar no Espírito implica em andar em fé. Andamos
por fé na Palavra. A Palavra é o trilho, andar no Espírito é andar no
trilho da Palavra. Vimos que o pecado foi originalmente a
incredulidade, e que se desejamos andar hoje no espírito, temos de
andar em fé. Mas temos de avançar um pouco mais agora e
entender que houve um outro aspecto: a independência.
Havia no Éden duas árvores: a árvore da vida e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. A árvore da vida apontava para o
próprio Deus. Se o homem optasse pela árvore da vida, teria
escolhido depender de Deus. Ele não saberia o bem e o mal por si
mesmo, teria de depender de Deus para saber. Não viveria por si
mesmo, mas por aquilo que Deus dissesse. Sabemos que isso não
aconteceu com Adão. Depois que o diabo falou, certamente Adão

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NOTAS
ponderou e disse: "se Deus é tudo isso, então é melhor eu mesmo
tomar conta de minha vida, tomar minhas próprias decisões''. Isso
foi a independência.
Como originou-se o primeiro pecado, certamente os outros
pecados se originam; pois todo pecado tem no seu centro o
egocentrismo. Todo pecado, em sua origem, é o ego em ação. A
independência é a forma específica de como o ego se manifesta:
"eu tenho minhas opiniões, meus desejos, meus alvos, minha
identidade". Quando o homem optou por comer da árvore do
conhecimento, o seu Ego, a sua alma, foi aumentado, e passou a
ser o centro da personalidade humana. O propósito de Deus era ( e
é) que o espírito humano fosse o centro, mas o pecado transformou
o homem em algo da alma, o homem se tornou almático. O espírito
morreu, o ego se tornou o centro, por isso o homem passou a ser
egoísta, egocêntrico.
A melhor maneira de definirmos o pecado é entendermos que
é pecado tudo aquilo que tem origem no ego. Tudo aquilo que é
feito independente de Deus é pecado. Nesse sentido qualquer coisa
pode ser pecado, desde que feita independentemente de Deus.
Pode ser pregar, orar, ou qualquer outra coisa piedosa, se é feita
por iniciativa do ego, é carne; e portanto é pecado aos olhos de
Deus, ainda que aos olhos dos homens seja algo normal.
Mas podemos ver também que atrás de todo fruto da carne
tem também o ego em ação. O que é inimizade? É quando o ego
não é reconhecido. O que é raiva? É o ego contrariado. O que é
ciúme? É o medo de o ego ser suplantado. O que é divisão? É o
ego que sempre está certo e nunca abre mão. O que é inveja? É
quando o ego não suporta que o outro tenha algo e ele não.
Poderíamos analisar cada pecado e observar que o princípio
subjacente a todos eles é a ação do ego.
Assim como todo pecado consiste no egocentrismo, toda
virtude consiste no oposto, no altruísmo. Enquanto o egocentrismo é
colocar a si mesmo no centro, altruísmo é colocar-se o outro no
centro. O que é amor? É esquecer-se de si e olhar para o outro. O
que é alegria? É viver contente com o que se tem e o que se é.
Diante disso, vemos então que para vivermos uma vida no espírito,
não basta andar em fé, temos também de andar em amor. Andar
em amor é andar em renúncia do ego. É abandonar o egocentrismo
e a independência de Deus; é negar-se a si mesmo.
Em I João 3:23, lemos: "Ora, o seu mandamento é este, que
creiamos em o nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns
aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou". O andar em
espírito implica andar em fé, andar pela cruz, em amor. Andar em
amor e andar pela cruz é a mesma coisa. Quando eu digo andar em
amor, estou me referindo, em primeiro lugar, ao fato de que amor é,
em última análise, renúncia de si mesmo. Se eu ando em amor, eu
também vou andar em dependência de Deus, pois tudo o que é feito
fora da dependência dEle é carne. Andar em amor também implica
em abrir mão do orgulho.
Mas há ainda outras formas de vida egocêntrica. O
egocentrismo pode se manifestar na autopreservação. Precisamos

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
saber que autopreservação não é, em si mesma, pecado;
entretanto, pode ser uma atitude egoísta. É assustador quando
vemos a atitude de certos crentes se preservando demasiadamente,
não admitindo nenhuma forma de desgaste, de dor ou de
sofrimento. O remédio de Deus para o ego é a cruz, e a cruz implica
de uma forma ou de outra, em alguma espécie de desgaste e perda
da comodidade.
A vida no Espírito é uma conseqüência direta de passarmos
pela cruz. Só há cristianismo se vivermos pela cruz. Jesus não
apenas morreu numa cruz, ele viveu uma vida de cruz. Vida de cruz
consiste em renúncia diária do ego.
Jesus, quando ensinou os seus discípulos a orar em Mateus
6:9-13, Ele terminou a oração dizendo: "porque teu é o reino, o
poder e a glória". Reino, poder e glória são tudo aquilo que o
homem natural anda buscando.
O que é reino? O reino nos fala de bens, riqueza, respeito e
reconhecimento. Todo homem procura essas coisas e até mesmo
fica ofendido quando não alcança esse objetivo. Todos queremos
construir um reinozinho pessoal, pensando com isso encontrar a
realização. Mas o veredicto de Deus sobre isso é: carne. Se
buscarmos um reino para nós mesmos, estamos fora do padrão de
Deus. Veja que não é pecado buscar respeito, reconhecimento, ou
coisas assim, e mesmo o dinheiro, em si, não é pecaminoso, mas
se queremos andar no caminho da cruz, temos de abrir mão.
E o que é poder? É aquele desejo íntimo de mandar, de ter a
primazia. Muitas vezes gostamos de poder dizer: "vá e diga a fulano
que fui eu quem lhe mandou". Isso é realização, é ser conhecido na
praça. O poder também nos fala de dons e capacidades. Eu posso
fazer certas coisas que os outros não podem. Isso me faz sentir-me
feliz e realizado, mas, se desejamos andar no caminho do espírito,
temos de ir para a cruz e abandonar esses desejos da carne.
E, por fim, o Senhor entregou a glória. Aqui está um ponto
realmente crucial do ego: o elogio e a glória. A vida de cruz consiste
em abrir-se mão do reino, do poder e da glória.
O Senhor precisa nos mostrar o quanto o nosso Ego é
deplorável aos seus olhos. Precisamos nos ver na luz do Senhor.
Podemos renunciar o Eu quando nos vemos no espelho de Deus.
Olhando para o tabernáculo, vemos que ali o Senhor nos ensina
sobre essa verdade espiritual. No átrio, havia dois móveis, o altar de
holocausto e a bacia de bronze. Ambos apontam para as bases da
vida cristã. O altar nos fala da obra da cruz e a bacia de bronze
aponta para o lavar regenerador e vivificador do Espírito Santo. Mas
antes de lavar, a bacia tinha uma função muito importante, ela era
como espelho. Em Êxodo 38:8, lemos que a bacia de bronze foi
feita dos espelhos das mulheres de Israel. O que isso nos fala?
Aponta para o fato de que antes de entrarmos no lugar santo, há um
espelho para nós. Esse espelho é a luz do espírito que mostra tudo
o que há em nós, e tudo o que está em nosso ego. Primeiro Deus
nos mostra, depois Ele nos muda, esse é o sentido da bacia de
bronze. Não há como crescer sem antes se conhecer.

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
Por outro lado esse autoconhecimento não vem pela
introspecção e auto-análise. O Senhor não nos autoriza, em sua
Palavra, a ficarmos olhando para nós mesmos. A introspecção é
pecado. Nós nunca podemos nos ver, a não ser por meio de um
espelho. Por mais que eu me olhe, nunca vou me ver
completamente, só posso me ver completamente por meio de um
espelho e esse espelho é a luz do Espírito sobre nós. Ficar se
perguntando não vai resolver coisa alguma. Muitos se perguntam:
“será que eu estou falando na carne? Será que estou pregando na
carne? Andando na carne? Orando na carne?” Isso só vai abrir
espaço para respostas do diabo e certamente vai produzir uma
neurose. Perguntar-se a si mesmo não resolve, pois a introspecção
é esforço humano, portanto é carnalidade. Ninguém muda ninguém,
muito menos a si mesmo; isso é obra exclusiva de Deus. A carne
não pode mudar a carne.
Nós saímos fora do trilho da Palavra de Deus para a nossa
própria tristeza. O padrão de Deus para nós é: "Senhor, tu me
sondas e me conheces, vê se há em mim algum caminho mau e
guia-me pelo caminho eterno" Salmo. 139:23-24. Mas muitos
querem mudar esse padrão para: "Eu me sondo e eu me conheço.
Eu vejo se há em mim algum caminho mau e eu me guio para o
caminho eterno". Percebe a diferença? A introspecção produz tristes
conseqüências, devemos ser cuidadosos com ela.
A primeira maneira que Deus usa para nos levar ao fim de
nós mesmos é a revelação. Mas quando isso falha, por causa da
nossa dureza e insensibilidade ao Espírito, o Senhor se vê forçado a
usar outro recurso: o fracasso, o vexame. Não é da vontade do
Senhor que soframos vexame. Ele vem por causa da nossa dureza
e resistência em aprender por meio da revelação do Espírito. Ele
vem também porque muitas vezes temos um conceito errado a
respeito de nós mesmos; pensamos que somos humildes, quando
na verdade não somos. Pensamos que somos dependentes,
quando na verdade agimos pelo esforço próprio. Suponhamos que
um irmão simples é convidado para pregar na reunião principal da
Igreja, no domingo. Ele certamente vai sentir angústias e até ter
uma diarréia, por medo da responsabilidade. Essa é uma reação
interessante, porém é apenas uma expressão do medo da carne do
vexame. Como o irmão está inseguro, ele vai orar bastante, jejuar e
meditar na Palavra. Chega o domingo e a sua pregação é
impactante. Os líderes ficam admirados e convidam-no para o
próximo domingo também. No segundo domingo, ele já não fica tão
inseguro, mas ainda assim precisa gastar um tempo em oração,
buscando a Deus. Mais uma vez é uma bênção, e a liderança
extasiada o convida para mais um outro domingo. Dessa vez o
nosso irmão já está tão seguro que pensa ser capaz de pregar para
um estádio inteiro. Já não ora e nem medita na Palavra como antes,
ele agora pensa que pode confiar em si mesmo. Ele sobe no púlpito
e prega todo o seu sermão, mas quando olha no relógio não se
passaram mais do que dez minutos; ele começa a suar
copiosamente, sente calafrios; tonturas, uma pontada no estômago,
e o seu desejo é sair correndo dali. O terceiro domingo foi um

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
completo vexame. Veja a maneira como Deus fez, ele levou aquele
irmão a perceber que ele não era tão dependente e humilde, quanto
pensava, mas foi só no terceiro domingo que ele percebeu isso. Não
é fácil perceber em nós erro nenhum, mas quando vem o vexame,
eles se tornam manifestos.
Lembro-me quando certa vez fui convidado pelo Pastor para
substituí-lo, por motivo de viagem, mas o Pastor havia se esquecido
de que convidara um outro amado irmão para pregar. Esse irmão
havia convidado todos os seus familiares, o chefe de sua repartição
e até mesmo um deputado, para ouvi-lo. Em nossa igreja, não
usamos terno e gravata para pregar. Mas este irmão trajou-se
assim, naquele dia, e ainda se assentou atrás do púlpito. Eu, por
minha vez, estava dirigindo o louvor, e nem o notei, pois ele estava
ali atrás sentado; do louvor, passei à mensagem, sem perceber que
ele estava esperando que eu lhe desse a palavra. Este irmão
levantou-se e permaneceu de pé, atrás de mim uma boa parte da
mensagem, em um lugar que não pude percebê-lo. Todos olhavam
para ele, alguns riam, outros se remexiam no banco, de tanta
inquietação. Quando ele percebeu que eu não o vira, desceu do
púlpito completamente envergonhado. Esse foi a maneira de Deus
mostrar ao amado irmão a sua soberba. Esse irmão pensava que
ele era um pregador excepcional, por isso digo que não foi por
acaso que o Pastor se esqueceu que o havia convidado; Deus
estava de olho naquele irmão, para tratar com seu orgulho e
vaidade.

O que é negar a si mesmo?

Antes de avançarmos no entendimento do princípio da Cruz


na vida de Jesus, necessário se faz clarear melhor o entendimento
do negar-se a si mesmo.
O negar-se a si mesmo não é a completa anulação da vontade. Isso
evidentemente é impossível, trata-se antes de uma renúncia
definida quando "minha" vontade quer seguir outra direção diferente
da vontade de Deus. Significa que a vontade de Deus deve ser
priorizada, e não a minha própria. Negar-se a si mesmo não é
tornar-se um alienado. Muitos enfiam as suas cabeças dentro de um
buraco pensando que dessa forma estão se negando. Isso, além de
ser perigoso, se constitui num sintoma de fuga neurótica. E Jesus
nunca quis dizer tal coisa.
Negar-se a si mesmo não é vida de ascetismo. Na Idade
Média muitos monges deixaram suas vidas e paixões. Essa posição
coloca, no entanto, a vida cristã como uma dor constante. A vida
seria um peso. Dura de ser suportada. Jesus veio para que o
homem tivesse vida abundante. Não queremos retirar a dor da vida
normal, do crescimento sadio, mas não podemos fazer da vida uma
apologia à dor. Sofrer gratuitamente, para merecer o favor de Deus,
é uma teologia errada e não está coerente com o tipo de vida que
Jesus viveu e ensinou.
Finalmente, negar-se a si mesmo não é a perda do desejo.
Quando o desejo se torna concupiscência, ele passa a ser pecado.

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
E nós já estamos mortos para o pecado e, portanto livres do seu
domínio. Existem, no entanto desejos legítimos e bíblicos como o
desejo de se casar, ter filhos, pregar o evangelho, salvar vidas, e
coisas assim. Vemos, portanto que a autonegação proposta por
Jesus é, antes e tudo, uma renúncia ao domínio da própria vida, e
isso, sem dúvida, em algumas situações, vai implicar em todos os
aspectos que mencionamos acima. Haverá momentos de aparente
perda da vontade, da aparente alienação, de um também aparente
ascetismo, bem como de uma renúncia de um desejo legítimo. Ex,
Paulo optou por não se casar, mas era uma questão de consciência
particular. Isso acontece em função de que a vida cristã é, em
essência, uma contra-cultura do sistema vigente. Nunca devemos
nos esquecer que a Cruz é loucura para o mundo, mas para nós, é
o poder de Deus manifesto.
Em Lucas 14:25-33 Jesus propõe aos seus seguidores o
padrão para a vida cristã, para o discípulo. Esse padrão nada mais
é do que a aplicação da cruz em cada parte do nosso ser. Nesse
texto Jesus dá três ênfases básicas quando por três vezes ele
expressamente disse: "não podem ser meus discípulos", nos versos
26, 27 e 33. As três coisas que ele mencionou foram os
relacionamentos, o eu e os bens.
A vontade do Senhor é que a cruz possa tocar em cada uma
dessas áreas. Todas as vezes que Jesus falou de tomar a cruz ele
falou também sobre negar a si mesmo. Na verdade os dois
conceitos caminham juntos, negar a si mesmo é tomar a cruz. A
cruz nada mais é do que a vontade de Deus e não há como fazer a
vontade de Deus sem negar a nossa própria vontade.

A Cruz Toca os Nossos Relacionamentos

"Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai e mãe, e


mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs a ainda a sua própria vida, não
pode ser meu discípulo" Lucas 14:26.
O primeiro ponto diz respeito à minha necessidade de ser
aceito sempre pelos outros, de ser honrado, ser respeitado, ser
amado. E pelo lado negativo se relaciona com o medo de ser
rejeitado ou esquecido. Negar a si mesmo implica então numa
renúncia ao amor e à aceitação incondicional dos outros. Não que
eu não mais queira ser amado, mas que não buscarei ser amado a
qualquer preço. Se para for amado eu tiver que rejeitar a Jesus,
colocar em segundo plano a fé ou mesmo abrir mão da verdade;
então eu prefiro não ser amado.
Todos nós temos uma grande preocupação com a nossa
reputação, com a maneira como os outros nos vêm. Quando
tomamos a cruz nós temos de esquecer a opinião do mundo a
nosso respeito. Mesmo que nos chamem de louco, fanático ou
estúpido isto não mais nos ferirá.
Mesmo na vida da Igreja nós precisamos amar mais a Deus
do que buscar ser aceito pelos irmãos. Assim como Deus requereu
de Maria gerar a Jesus sendo virgem, ele pode requerer de nós algo
que pode nos trazer constrangimentos e lutas.

82
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
Pense em como foi difícil para Maria aceitar ser usada por
Deus desta forma. Ela poderia ser até apedrejada como adúltera.
Mas ela ignorou a aceitação do mundo. Hoje Deus pode nos pedir
que façamos coisas na vida da Igreja que serão mal interpretadas e
até rejeitada por muitos.
Precisamos ser livres de todos. Não buscar a aprovação,
nem o elogio, o reconhecimento ou a aceitação mesmo de irmãos.
Oferecemos nosso amor, nossos elogios e nossa aceitação
incondicional, mas não esperamos ser retribuídos. É necessário que
cada um de nós deixe a cruz ser aplicada em nossos
relacionamentos.

A Cruz Toca o Nosso "Eu”

"E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não
pode ser meu discípulo" Lucas 14:27.
Isso é fundamental para qualquer cristão que conhece a
vontade específica de Deus para sua vida. Tomar a Cruz nos fala de
tomar a vontade de Deus em detrimento da minha. Há uma
tendência natural de evitarmos a dor e buscarmos o prazer.
Entretanto, muitas vezes, a vontade de Deus implicará em dor, e eu
devo me apossar dela em detrimento de meu desejo de prazer e de
conforto. A cruz nos fala de abrir mão de direitos, de
reconhecimentos, de oportunidades e assim por diante. Jesus, já
sob a sombra da cruz disse: Não a minha vontade, mas a tua...
Várias vezes na vida e ministério de nosso Senhor, Satanás
ofereceu um caminho fácil para o poder sem a cruz. As tentações
para escapar da cruz foram muitas. Mesmo na hora em que ele
tragava o amargo cálice do calvário a tentação de descer da Cruz
foi agudíssima. Não é necessário dizer que Cristo tinha o poder de
fazê-lo se ele assim o quisesse. Só não podemos dizer o mesmo a
nosso respeito. Quantas vezes temos nós descido da cruz e perdido
o poder e a autoridade.
Mas o que é descer da cruz? Você deve estar se
perguntando. Descer da cruz é qualquer atitude para salvar o "eu".
É qualquer tomada de um caminho fácil no que diz respeito a
princípios espirituais. Quero ser ainda mais exato e explícito. Todos
os esforços para defender, escusar, proteger, vindicar ou salvar o
ego é, com efeito, uma descida da cruz. Autocompaixão é descer da
cruz. Significa que a pessoa pensa ter sido injustiçada e sente pena
de si mesmo porque nada pode fazer a respeito. Eu que sou tão
maravilhosa ser tratada desta forma, pensa consigo mesma.
Ressentimento é descer da cruz. Significa que a pessoa foi
injustiçada e se irrita porque nada pode fazer a respeito, "logo eu
que sou tão isso e tão aquilo". Alguém como eu nunca poderia
sofrer dessa maneira. Você consegue perceber o ego aqui? A
recusa em se assumir a culpa é descer da cruz. Todos são culpados
menos eu, ou pelo menos todos são mais culpados do que eu. A
autovindicação é descer da cruz. Igrejas inteiras têm sido destruídas
porque alguém não abriu mão da vingança. Quando os outros nos

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
entendem mal, os esforços indevidos para explicar nossas ações
são a mesma coisa. A autojustificação é descer da cruz.
Mas a maior de todas as formas de descermos da cruz é
quando oferecemos a cruz para o nosso irmão. Mas porque sempre
eu é que tenho de tomar a Cruz? Já viram como uma ovelha morre?
Não se ouve nem um gemido. Mas já observaram um porco sendo
imolado?
Temos visto esse tipo de coisa mesmo na vida de pastores.
Muitas vezes tenho passado por irmãos pela rua e, por uma terrível
distração, não os vejo nem os cumprimento. Naturalmente esses
irmãos ficam ofendidos e vêm ter comigo. Numa situação dessas,
eu poderia dizer ao irmão: "toma a cruz, pare de pensar que o
mundo gira em torno de você. Em vez de buscar ser amado procure
amar; se não o cumprimento cumprimente você a mim”.Tal resposta
parece ser lógica, mas é uma repugnante descida da cruz.
A minha atitude deve ser pedir perdão ao irmão e sarar as
suas feridas. Eu devo tomar a minha cruz e nunca oferecê-la para o
meu irmão. A cruz é um tipo de princípio que não podemos ensinar
por preceito, apenas por demonstração.

A Cruz Toca os Nossos Bens

"Assim, pois todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo
quanto tem não pode ser meu discípulo".
Eu devo renunciar o desejo de viver para mim mesmo e,
ainda mais, devo abrir mão dos meus próprios bens. Para muitos, o
abrir mão de bens é bem mais difícil que abrir mão até de si mesmo.
Sabemos que Jesus andou por esse caminho (I Pe 2:21) para que
nós andássemos por ele também. Renúncia é morte e sem a morte,
o cristianismo perde o sentido. Não existe cristianismo sem cruz.
Existe religião. O ego deve perder o seu lugar de centralidade,
cedendo lugar à vontade de Deus. Jesus não apenas morreu na
cruz, mas toda a sua vida foi uma vida de Cruz.
A cruz está intimamente relacionada com o nosso estilo de
vida. A prosperidade é deveras parte do evangelho, mas é apenas
uma parte. A ênfase principal está, sem dúvida, em um modo de
vida generoso e sacrifical. A cruz nos torna sensíveis às
necessidades do mundo ao nosso redor.
Muitos crêem no versículo que diz que Cristo se fez pobre
para que pela sua pobreza nos tornássemos ricos (II Cor. 9:); mas
se esquecem da ordem de Jesus para que não acumulemos para
nós tesouros sobre a terra. Parece contraditório, mas o paradoxo
desaparece quando entendemos que Deus nos dá para que demos
de volta a ele. Prosperidade é ter um pouco mais que o necessário.
Deixemos que a cruz trate com a maneira como lidamos com
o nosso dinheiro. O Senhor precisa ter controle completo sobre a
nossa conta corrente. Não podemos permitir sermos arrastados pela
corrente do pensamento materialista que prende a nossa geração.
Somos um povo próspero, mas um povo generoso. Somos um
provo próspero que teve os bens tratados pela cruz.

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
A Cruz na Prática

Tomar a cruz significa simplesmente tomar a vontade de


Deus. A cruz é, na verdade, a Sua vontade. Tudo o que não for a
Sua vontade não será uma cruz. Nesse sentido podemos dizer que
a doença, por exemplo, não pode ser uma cruz já que Cristo Jesus
carregou com elas na Cruz, (I Pe.2:24) e não podemos dizer que
seja da vontade de Deus a enfermidade. Do mesmo modo podemos
afirmar que a pobreza não é cruz já que fomos libertos das
maldições da lei (Gl. 3:13). A cruz experimentada por Cristo foi
decididamente a vontade de Deus e não algum tipo de ataque do
diabo como doença ou miséria.
De acordo com a ordenação divina da Bíblia, existe um
marido para cada esposa. Cada casamento, não importando o meio
pelo qual ocorreu, colocou-se soberanamente sob a mão de Deus.
Uma vez que você se casar com uma determinada mulher, ela será
sua esposa, e não haverá mais nada que você possa fazer a
respeito. De acordo com a ordenação de Deus, não deverá haver
divórcio. Um marido para uma mulher é a Sua vontade.
Se você se divorciar de sua esposa, estará divorciando-se da
vontade de Deus. Mas, se você a aceitar, aceitará a vontade de
Deus, porque ela representa e constitui a própria vontade de Deus.
A Sua vontade é sempre uma cruz. Se receber sua esposa como
cruz, entretanto, você será um criminoso. Mas, se a tomar
voluntariamente pela graça do Senhor, será um carregador de cruz.
Tome voluntariamente a cruz; você não está sendo executado.
Reconheça que sua esposa é a vontade e a ordenação de Deus.
Suponha que a esposa de um irmão lhe cause sofrimentos.
Já que não se permite o divórcio, ele tem duas escolhas com
referência a ela: pode sofrer por sua causa como um criminoso que
se executa na cruz, ou pode tomá-la como a vontade de Deus,
como sua própria parte e porção. Ele poderá dizer: “Deus ma
entregou. Não fui eu que casei com ela; foi de Deus que a recebi”.
Certa vez uma irmã veio se aconselhar comigo. Ao chegar
ela disse de um modo quase histérico: o meu problema é o meu
marido. Ele não me dá atenção; não gasta tempo comigo; não me
dá dinheiro para as compras; não é cavalheiro, etc, etc. Ela estava
realmente insatisfeita com o marido. Depois de alguns minutos
ouvindo-a eu lhe disse: "minha irmã, você crê que o seu marido é a
vontade de Deus para você? Ela me respondeu com um "sim" que
mais parecia um "não". Eu disse mais, "você crê ainda que foi Deus
quem deu ele para você? Ela parecia estar sem ar quando
respondeu novamente que sim. Então eu lhe dei cartada final. Você
crê que Deus pode dar algo ruim para alguém? De maneira
perplexa ela respondeu apenas com um aceno de cabeça. Se Deus
somente dá coisas boas então o seu marido é algo de fato bom para
você, eu diria até que ele é tudo de que você precisa. Se for assim
vamos agradecer a Deus pelo presente? Os seus olhos estavam tão
abertos que ela dava a impressão de estar vendo um fantasma. Na
verdade esta é a atitude da maioria das pessoas quando mostramos

85
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
para elas a Cruz. Elas ficam perplexas e muitas até mesmo se
escandalizam.
Alguém pode perguntar: mas e com respeito ao marido
desamoroso, ninguém vai tratar com ele? Naturalmente não
concordamos com tais esposos, mas por mais louco que possa
parecer é a cruz que vai transformá-lo. Quando a esposa se dispõe
a tomar a cruz o marido vai ser tratado por Deus.
A Cruz é o lugar onde vencemos o diabo. Muitos pensam que
guerra espiritual é uma questão de meramente repreender
demônios. Ficam todo o tempo repreendendo demônios dentro de
casa e até repreendem algum suposto demônio na cara do marido.
Jesus repreendeu demônios durante todo o seu ministério na terra,
mas ele somente venceu o diabo na Cruz. A Cruz é a vitória
definitiva. Não estou dizendo que é errado repreender demônios na
vida das pessoas, pois Jesus fez isso com Pedro; só estou
afirmando que não há vitória sem a Cruz. Gostaria de mostrar
algumas manifestações práticas do princípio da Cruz.

Disposição para Sofrer o Dano

"O só existir entre vós demanda já é completa derrota para


vós outros. Porque não sofreis, antes, a injustiça? Por que não
sofreis, antes, o dano? I Coríntios 6:7.
Esta pergunta de Paulo não parece de uma obviedade
gritante? Espera ai, Paulo! Ele faz algo de errado comigo e eu é que
vou ter de ficar com o prejuízo, sofrer o dano? É exatamente isso.
Isto é cruz. Esta é uma situação onde não vai adiantar muito ficar
repreendendo demônios, para eu ter vitória, eu vou ter de tomar a
Cruz. Esta é a vontade de Deus, que eu negue a mim mesmo e
tome a Cruz. Mas e se eu quiser reivindicar os meus direitos? Bem,
se você tem direitos é correto lutar por eles até no supremo tribunal.
Nada de pecaminoso em se lutar pelos próprios direitos. Não é
moralmente errado, mas onde fica a vitória? O pisar na cabeça do
Diabo? É somente quando alguém toma a Cruz que o diabo é de
fato derrotado.
Existem dois princípios de vida: o princípio da cruz e o
princípio da razão. Se quisermos ter razão já descemos da cruz, se
tomamos a Cruz já não importa quem tem razão.
Certa vez eu cheguei em casa na hora do almoço e encontrei
minha esposa deitada (você sabe, aqueles dias que vêm todos os
meses às mulheres). Ela parecia bem indisposta. Eu perguntei a
ela: o que teremos para o almoço? Mal acabei de perguntara e ela
desabou num verdadeiro pranto. Você não se importa comigo e só
quer cobrar de mim, replicou ela. Eu calmamente me sentei e disse
a ela: "veja, eu sou o homem da casa; e qual é a minha obrigação?
Comprar o mantimento. Eu mesmo respondi. Agora me diga qual é
a sua função? Fazer a comida, disse eu. Quando eu estou
indisposto eu não deixo de ir trabalhar, do mesmo modo você não
pode deixar de cozinhar por causa de uma indisposição.

86
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
Cada um deve desempenhar o seu papel?

Nesta situação quem você pensa que está com a razão? A


esposa está certa em não cozinhar se está se sentindo mal e o
marido tem o direito de comer pois estava trabalhando e fez a sua
parte fazendo as compras da casa. Se agirmos como juiz tentando
achar aquele que tem razão nunca prevaleceremos. É por isso que
as maiorias dos casais vivem derrotados, pois caminham pelo
princípio da razão e não pelo princípio da cruz.
Se por outro lado apenas um dos dois tomar a Cruz
voluntariamente o diabo será derrotado. Se a esposa se levantar e
disser: "mesmo doente eu vou cozinhar, pois eu amo você e sei que
é a minha obrigação. Ao ouvir isto muitas irmãs podem estar
arquitetando um terrível plano de vingança contra mim. Como
alguém pode ser tão cruel? Mas lembre-se, você não é uma
criminosa levada pra cruz, mas uma filha de Deus tomando a cruz
voluntariamente. O marido poderia ainda replicar dizendo: "deixa,
querida, eu vou comprar comida pronta no restaurante. Alguém
precisa sofrer o dano senão não há vitória. E aqui está uma
palavrinha que dói: sofrer. É isso aí, a cruz muitas vezes implica em
sofrimento.

Não Agradar a nós Mesmos

"Ora nós que somos fortes devemos suportar as debilidades


dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos". Romanos 15:1.
Quando Jesus foi pra cruz ele não foi porque queria ter uma
experiência diferente; não buscava um êxtase espiritual e nem
estava buscando elogios. Na verdade Jesus não queria ir pra Cruz,
ele foi para obedecer a vontade do Pai. Todavia o Pai não o
obrigou, ele foi espontaneamente. Nós precisamos agradar o nosso
irmão mesmo que isso implique em desagradar-nos.
Muitos hoje pensam que ser crente é buscar uma nova
experiência, ter um seguro contra calamidades ou ter uma vida de
felicidade. Não, cristianismo tem como centro a Cruz. Por isso a
pergunta chave não se é pecado ou não; se sou obrigado ou não;
mas qual é a vontade de Deus.
Percebe por que muitos casamentos nunca prosperam?
Porque não querem agradar o outro ao preço do desconforto
pessoal. Quando de forma definida nos dispomos a não nos agradar
nós vemos a vida de Deus fluindo, a igreja de fato sendo edificada e
as portas do inferno sendo aniquiladas. Há um caminho de vitória.
Não é um caminho fácil e nem agradável, mas a vitória ao final é
certa.

Considerar o Outro Superior a Si Mesmo

"Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por


humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo"
Filipenses 2:3.

87
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
Considerar os outros como superiores a nós mesmos parece
algo tão fora de moda. Parece contradizer a moderna teologia da
auto-estima. Todavia essa é a forma como a Igreja é edificada, pela
cruz. Mais uma vez temos de dizer que cruz é sofrer o dano, é não
agradar a nós mesmos, é considerar o outro como superior a nós
mesmos.
Para cada situação que nos sobrevir existem dois caminhos,
o caminho largo e o estreito. Em um problema de casamento, por
exemplo, o divórcio e a separação são o caminho largo. Todos nós
sabemos onde vai desembocar o caminho largo. A cruz por outro
lado é o caminho estreito. Numa situação de crise sempre tome o
caminho estreito da cruz, pois somente neste caminho há vitória
completa.

O Exemplo De Jesus

Sabemos que, na cruz, Deus resolveu todo o problema do


homem: o problema da condenação, do pecado, do poder do
pecado e do poder para se viver a sua vontade. É impossível que se
fale de maturidade sem se referir à Cruz de Cristo. Queremos nos
deter, no momento, apenas no aspecto que está relacionado à
renúncia de si mesmo no dia a dia.
Jesus não apenas morreu numa Cruz; ele viveu uma vida de
Cruz. Toda a vida de Jesus foi caracterizada por uma renúncia
completa do próprio Eu. Ele viveu a sua vida pelo princípio da Cruz.
O princípio da Cruz fala de uma completa dependência de Deus.
Não interessa mais se algo é bom ou se é mau; se é correto ou
pecaminoso, o que interessa saber é se se trata da vontade de
Deus. O princípio da Cruz é o processo da maturidade. Percebe-se,
pela vida de Jesus, que o processo de Deus para tratar com o
nosso Ego segue um certo padrão, uma ordem. Se falharmos em
um aspecto, Deus vai repeti-lo até que sejamos aprovados. Na
escola de Deus, ninguém pula cartilha, ou compra nota.
Em João 5:19, 5:30, 8:28, vemos Jesus testificando
claramente a sua posição de completa dependência do Pai. Isso é o
princípio da Cruz em operação.

Aprendeu a submeter-se

A primeira grande tensão na vida do discípulo é a autoridade.


Sem dúvida, essa foi também a primeira lição de Jesus. Seria
ingenuidade pensar que Jesus não precisou aprender coisa alguma.
Em Hb. 5:8, vemos que Jesus aprendeu a obediência. E a primeira
lição foi submissão. Lucas nos diz (Lc. 2:41-51) que Jesus não
apenas obedecia a seus pais, mas se submetia, a José e Maria, de
coração. Ele sabia quem era e de onde tinha vindo, mas ainda se
submetia a seus pais que eram muito limitados no entendimento.
Jesus, aos doze anos, já discutia com doutores, mas, mesmo assim,
não se exaltou sobre seus pais, antes lhes era submisso. Parece-
nos que Maria, ainda que fosse uma santa mulher de Deus, não era
uma pessoa de grande entendimento. Maria e José eram

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
extremamente pobres e sem certos privilégios e oportunidades. Em
muitas situações, a encontramos incomodando Jesus. É muito fácil
nos submetermos a quem sabe mais do que nós, mas como é difícil
ser submisso a quem sabe menos. Isso exige renúncia do nosso
orgulho, do desejo de ser reconhecido e do desejo de se achar
alguma coisa. No processo do discipulado essa é a primeira lição
que se deve aprender. O discipulador deve confrontar o discípulo
para que este aprenda a submissão.

Teve um coração ensinável

Estar aberto para aprender com quem quer que seja é algo
muito dolorido. Sabemos que Jesus saiu para ser batizado por João
diante dos olhos de todos. Isso era muito arriscado, pois poderia ser
que, mais tarde algum fariseu se dirigisse a ele dizendo: acaso não
estivemos juntos nas aulas de batismo de João? E isso certamente
deve ter acontecido, pois Jesus usa algumas ilustrações feitas por
João Batista (Comparar Mt 3:10 com 7:16-20) no sermão da
montanha. Deve ser bastante constrangedor, se colocar ao lado de
pecadores para ser batizado; alguém que nunca tenha pecado,
como foi o caso de Jesus. A segunda lição, pois, de todo aquele que
quer ser discípulo é ter um coração ensinável. É estar aberto para
aprender com quem quer que seja, mesmo que isso muitas vezes
seja extremamente constrangedor. Ninguém se diminua por ouvir e
aprender algo com quem sabe menos.

Não agiu no entendimento e esforço próprio

Não é função nossa criar métodos próprios. Deus tem uma


obra para ser edificada e não pensemos que ele é um construtor
inepto, que não possui ao menos uma planta baixa. Pela narração
de João 5:19, 5:30 e 8:28, podemos ver que Jesus somente fazia o
que Deus mandava. Não havia lugar para o "eu acho ou eu penso",
mas somente, para o que Deus queria realizar. Nós somos
construtores e executamos a planta que Deus projetou. Vem
chegando o momento onde tudo que fugir do projeto de Deus será
desmanchado. Deus não aceita anexo humano à sua obra. Muitos
de nós queremos fazer de nossas vidas o que bem queremos e isso
denota falta de entendimento sobre o princípio da Cruz: "Não mais
eu vivo, mas Cristo vive" - O comando não mais me pertence, mas
tudo está sobre o controle Divino.

Abriu mão do amor próprio

Aquilo que guardamos mais fundo em nós mesmos é o nosso


amor próprio - O medo de sermos prejudicados, feridos, magoados
e coisas assim que nos apavoram muito. Pedro ingenuamente (Mt
16:21-34) incitou Jesus a que tivesse dó de si mesmo, julgando com
isso estar fazendo um ato de amor. Jesus, no entanto, foi severo,
como raramente o vemos na Bíblia, e exatamente em função de ter
sido tocado numa das áreas mais sensíveis do homem, o amor

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
próprio. É propósito de Deus que alcancemos o nível em que
abramos mão até mesmo da própria vida. "Quem amar a sua vida,
perdê-la-á...". O discípulo passa a viver para agradar ao seu
Senhor. O direito que temos é o de amá-lo.

Aborreceu a glória humana

Jesus poderia ter sido coroado Rei de Israel (Jo 12:12-28),


mas ele preferiu a vergonha da Cruz porque esta era a vontade de
Deus. Não pensemos que não foi tentador para Jesus aquela
posição. Certamente o foi. Ele, no entanto, por conhecer a vontade
de Deus, não se deixou levar pela aparente glória humana. A
grande questão da vida diz respeito ao desejo de ser reconhecido,
visto e admirado. Se não abrirmos mão disso, seremos como os
fariseus que faziam obras com o fim de "serem vistos pelos
homens". Daí a reprimenda severa de Jesus contra eles.

Submeteu-se completamente

O plano de Deus é que cheguemos, como Jesus, à completa


obediência (Mt 26:36-46). Deus não obrigou Jesus a ir para a Cruz.
No Getsêmane, Jesus orou até saber a vontade de Deus. Quando
Deus revelou que a sua vontade era a Cruz, Jesus se levantou e
caminhou para lá. O princípio da Cruz não está relacionado com a
questão do pecado propriamente dito, mas sim com aquilo que,
mesmo não sendo pecaminoso, deve ser abandonado ou colocado
em segundo plano. Fazer o que Deus quer: eis a questão.

Sendo senhor serviu aos discípulos

"O filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir”. Nós somos chamados a servir aos santos, sem distinção e
isso implica em levarmos nosso interesse em sermos servidos, à
cruz. Nosso ego deseja que todos estejam à nossa disposição
sempre, a cada momento, e de preferência, que nos tratem com
toda atenção e educação. Mas, o Espírito nos desafia a negarmos
isso e fazer aquilo que esperávamos fosse feito a nós. Devemos
servir com um coração perfeito e isso só acontece se renunciarmos
a toda expectativa de retribuição à servitude. Toda expectativa de
lucro deve ser renunciada. Só assim serviremos com alegria. O
resto, o que vem depois disso, depende do Deus que nos vê em
secreto.

Andar Pela Cruz É Andar Em Amor

Vemos que andar no Espírito implica andar em fé, mas não


apenas isso, implica também andar pela cruz, ou seja, andar em
amor. Só podemos amar ao próximo se esquecemos de nós
mesmos. Esquecer-se de si é renunciar ao ego. Observe a definição
do amor em I Coríntios 13. A prática do amor é simplesmente uma
postura de tomar a cruz.

90
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
Permita-me exemplificar mostrando apenas alguns pontos de I
Coríntios 13:4-7:

O amor é paciente, é benigno;


o amor não arde em ciúmes,
não se ufana, não se ensoberbece;
não se conduz inconvenientemente,
não procura os seus interesses,
não se exaspera, não se ressente do mal;
não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
tudo sofre,
tudo crê,
tudo espera,
tudo suporta.

Observe que a palavra de Deus diz que o amor não se


ressente, ou seja, não se melindra ou fica ofendido. O padrão de
Deus não é o perdão; é não ficar ofendido. O perdão é a nossa
segunda chance.
A questão do ficar ofendido é um grande problema que aflige
a igreja do Senhor. O ficar ofendido é a maior expressão do ego em
ação. Quando ficamos ofendidos é que surge a ira, o ódio, a
discórdia, a divisão, a facção, a gritaria, as brigas e coisas
semelhantes. Alguns podem dizer, será que não temos nem o
direito de ficar ofendido? Mas eu digo, ficar ofendido é ficar com o
orgulho ferido, e orgulho ferido é ego machucado.
Vamos imaginar em que circunstâncias alguém pode ficar
ofendido. Não ser lembrado é algo que ofende, mas o desejo de ser
lembrado é algo do ego. Nós nos achamos tão importantes que não
suportamos não ser lembrados. Sentimo-nos ofendidos quando
somos rejeitados, quando somos criticados; nos ofendemos quando
não somos tratados como pensamos que merecemos. Veja que
tudo isso tem como centro o orgulho do ego. Se o ego for
renunciado, vai acabar com a história de ficar ofendido. Lembro-me
de uma certa vez, na passagem de ano, quando o pastor estava
dando posse a todos os cargos. Ele chamou todos e se esqueceu
de um irmão. Esse amado irmão tinha vindo à reunião com um terno
novo, estava realmente bem vestido. Foi algo terrível. Ele
simplesmente não foi lembrado. Todos nós daríamos razão a este
irmão por ficar ofendido. Se ele, entretanto, não tivesse orgulho
próprio, então acharia normal não ser lembrado, mas se o seu ego
ainda estivesse no centro, ele se tornaria um vulcão preste a entrar
em erupção. O conselho bíblico é que haja em nós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo, que sendo Deus não
julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes se esvaziou de si
mesmo e assumiu a forma de servo; e ainda morreu numa
vergonhosa cruz (Fp. 2:5-11).
Observe ainda que Paulo diz que o amor tudo crê. Que
significa isso? Sempre que o meu irmão pecar contra mim e se
arrepender eu vou crer nele. Diz ainda que o amor tudo espera. Ou
seja, quem ama sempre espera o melhor. Não premedita o mau.

91
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
Mas o mais difícil é dizer que o amor tudo sofre e tudo
suporta. As implicações disso podem ser vistas na cruz. Por amor o
Senhor suportou tudo, até a vergonha da cruz e no final pediu que o
Pai perdoasse porque não sabiam o que faziam. O amor é a
expressão da cruz.

TERCEIRO PRINCÍPIO DO ANDAR NO ESPÍRITO:

Andar No Sobrenatural

Já aprendemos que andar no Espírito implica em duas


coisas. A primeira implicação é que se desejamos andar no Espírito,
precisamos andar em fé. O primeiro pecado foi o pecado da
incredulidade, assim, o caminho da vitória é andar pela fé. Andar em
fé significa andar no trilho da Palavra de Deus. O primeiro pecado
consistiu em não se levar a sério a Palavra de Deus, daí dizermos
que o trilho da vida de fé é a Palavra de Deus.
O segundo princípio que vimos é que andar no Espírito é
andar pela cruz, ou seja, em amor. Andar em amor é andar no
trilho da Cruz. Não há como andarmos no Espírito sem a renúncia
do Eu. Em I João 3:23, lemos que a vontade de Deus é que
creiamos e amemos. As coisas de Deus são realmente simples.
Devemos andar no trilho da Palavra e no trilho da cruz. Tudo o que
fazemos que sai desses dois trilhos é carne.
Mas resta ainda um terceiro aspecto que precisamos
entender. Esse terceiro aspecto é uma conseqüência natural dos
dois primeiros. Andar no Espírito é também andar no sobrenatural.
O sobrenatural não significa o extraordinário. Significa que o meio é
espiritual e não natural. Deus quer nos libertar tanto do pecado
como do natural. O primeiro pecado levou o homem para o nível
terreno do corpo.
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer,
agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento,
tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.
Gn. 3:6
Observe que Eva foi primeiramente tentada a comer porque a
árvore era boa para se comer (Gn 3:6). Tudo começou no corpo. Na
verdade, esse é um critério para sabermos se algo vem de Deus ou
não. As coisas de Deus sempre procedem do espírito, para atingir a
alma. As coisas do Diabo sempre começam no corpo, na carne,
para depois atingir a alma. Tudo começou no corpo, por isso
dizemos que para se andar no Espírito, precisamos andar no nível
do sobrenatural em disciplina do corpo. As coisas do mundo do
Espírito somente podem ser experimentadas pelo espírito humano
recriado. O homem é um ser triuno: espírito, alma e corpo. O
pecado de Eva começou exatamente no corpo. Por ela ter
abandonado o nível do espírito, o pecado teve espaço. Se
desejarmos servir a Deus, devemos fazê-lo pelo Espírito, pela vida
de Deus. E para que o Espírito flua precisamos disciplinar o nosso
corpo.

92
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
O nosso espírito foi regenerado, a nossa alma está sendo
transformada e o nosso corpo deve ser disciplinado.
Não há possibilidade de haver vida cristã sem renovação da
mente, da alma. Mas, igualmente verdadeiro é dizermos que é
impossível haver vida cristã sem disciplina do corpo. É importante
sermos radicais neste ponto: é impossível vida no espírito sem
disciplina do corpo.
Mas antes de falarmos sobre esse ponto é bom fazermos
uma distinção: disciplina não é igual a lei. Nós já fomos libertos da
lei. Em Romanos 6:14, descobrimos que não temos mais de ser
libertos da lei, nós já fomos libertos da lei. "Porque o pecado não
terá domínio sobre vós porque não estais debaixo da lei e sim da
graça". É importante frisarmos esse entendimento para que não
transformemos a disciplina do corpo em legalismo e nem tão pouco
em ascetismo. A disciplina não é para comprarmos bênção de Deus
e muito menos para sermos aceitos diante dele. Somos aceitos por
causa do sangue do Cordeiro; aleluia! A disciplina é para nós
mesmos, não para Deus.
É lamentável que muitos irmãos transformem a oração, a
leitura da Palavra e o jejum em leis. Quando não oram se sentem
distantes de Deus; quando não lêem a Palavra, imaginam que Deus
agora está longe deles, que Deus os rejeitou. Nada pode ser mais
lamentável do que isso. O amor de Deus por nós é o mesmo nos
dias em que oramos, bem como nos dias em que não oramos. A
oração não é uma lei, é uma necessidade, uma disciplina. Não
muda a nossa herança e os nossos privilégios em Cristo, mas nos
ajuda a perceber as coisas do espírito com mais clareza. A
disciplina é para nós mesmos e não para sermos aceitos diante de
Deus. O acesso diante de Deus é exclusivamente pelo sangue de
Jesus.
O que é a lei? Lei é tudo aquilo que eu tenho de fazer para
Deus com o fim de ser aceito por ele. Eu já fui liberto da lei. Não
tenho mais de fazer coisa alguma com o fim de ser aceito, pois por
meio da obra da cruz, tenho livre e perfeito acesso. Fui justificado,
perdoado, purificado, reconciliado, santificado, liberto e salvo. Nada
pode me separar do amor e da presença de Deus, o caminho foi
aberto. O legalismo é uma das piores heresias de nosso tempo. Há
muitos que querem ser salvos mediante algum mérito próprio;
somos realmente contra eles. Há, porém, muitos em nosso meio
que buscam a santificação por esforço próprio. Toda a obra é
realizada por Deus: desde a regeneração até a glorificação, na volta
do Senhor.
Mas o que é a graça? Graça é aquilo que Deus faz por mim.
Lei é o que eu faço, graça é o que Ele faz. Estamos debaixo da
graça, ou seja, estou debaixo daquilo que Deus faz por mim. Isso
significa que eu não vou viver na prática do pecado porque o que
está N'ele é a divina semente, o Espírito Santo. O legalismo é tão
terrível porque ele anula a graça de Cristo. Quando eu digo que sou
eu que tenho de fazer, estou anulando aquilo que Ele já realizou por
mim. Quando eu começo de novo a criar leis, estou escravizando
alguém que é livre em Cristo. Nesse ponto, volto a frisar que

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
disciplina não é lei. Disciplina é levar o corpo e a mente a fazerem a
vontade do Espírito. Eu sou um ser espiritual, a minha vontade real
está no meu espírito. O meu espírito sempre quer ter comunhão
com Deus, o corpo é que procura impedir. Eu devo disciplinar meu
corpo para que o que está no meu espírito possa ser realizado. Com
essa verdade em mente, vamos avançar no nosso estudo.

O ponto central é a vida

Desde Gênesis até Apocalipse, podemos ver que Deus tem


uma ênfase. A ênfase de Deus é a vida. Isso pode ser facilmente
observado em João: "A vida estava N'ele e a vida era a luz dos
homens", "Eu sou o caminho a verdade e a vida...", "Eu sou a água
da vida".
Desde o princípio, em Gênesis, podemos ver a vida no
centro. É a criação da vida, e Deus dando vida ao homem. Mas não
é apenas a vida natural e biológica, é a vida de Deus. No princípio,
Deus colocou duas árvores no jardim: a árvore do conhecimento do
bem e do mal e a árvore da vida. Deus queria que Adão comesse
do fruto da vida. Jesus é o rio da vida que sai do trono de Deus, em
sua margem, havia a árvore da vida. Deus queria ter comunhão com
o homem. A Sua vontade era de pôr dentro do homem a Sua vida
sobrenatural. Nós vimos que o homem caiu, traiu a Deus, mas o
Senhor projetou um plano de salvação, de redenção. Esse plano é
prefigurado no Velho Testamento, quando Deus resgatou a nação
de Israel do Egito, levou o seu povo para o monte Sinai. Lá no
monte, Deus deu o plano do Tabernáculo. Deus queria habitar no
meio do Seu povo. Mas o Tabernáculo era algo provisório. Houve
um dia em que se levantou um homem, Davi, na sua intimidade com
Deus, percebeu algo que estava no coração de Deus. Ele então
recebeu o projeto do templo. O Tabernáculo era provisório, mas o
templo era uma construção sólida e definitiva.
No Novo Testamento, temos a concretização do propósito de
Deus. O Senhor Jesus disse que nos iria enviar o Consolador, o
Espírito Santo de Deus. Hoje nós somos o templo definitivo do Deus
vivo. Nós somos o tabernáculo de Deus na terra. O tabernáculo
possuía três partes: o átrio, o lugar santo e o santo dos santos.
Deus habitava no santo dos santos. O átrio aponta para o nosso
corpo, o lugar santo para a nossa alma e o santo dos santos para o
nosso espírito. Deus habita agora em nosso espírito.
Esse é o ponto central do Evangelho: Cristo dentro de nós.
O Espírito Santo de Deus é vida; contatar o Espírito é contatar a
vida de Deus.
O nosso espírito é como um rádio que tem a função de
sintonizar as ondas do céu. É um rádio que serve para receber e
também para transmitir. Se desejarmos fluir em vida, temos de
aprender a contatar o Senhor em nosso espírito. Mas é fundamental
que separemos bem aquilo que é da alma daquilo que é do espírito.
Hebreus 4:12 nos diz que a Palavra do Senhor é que separa a alma
do espírito. Se falharmos em discernir a alma do espírito, isso
poderá ser prejudicial para a nossa vida cristã. Precisamos aprender

94
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
a perceber aquilo que é do espírito em nós e também nos outros.
Alguém poderá me dizer: "Não julgarás por que com a medida com
que tiverdes medido vos medirão também. Mas eu digo, não é julgar
no natural, mas pelo espírito. Em I Coríntios 2:15, lemos que o
homem espiritual a todas as coisas julga. O homem espiritual julga
pelo espírito, com critérios do espírito. Mas qual seria esse critério?
O critério é vida. Tudo o que é do espírito é vida, mas o que é da
alma é morte. Se um irmão abre a boca e sai vida, eis algo do
espírito, mas se sai morte, temos a alma em ação. O melhor critério
é observar se há vida.
Se em uma reunião alguém faz alguma coisa sem ser movido
por Deus, aquilo mata. Quando alguém prega no espírito, há vida
saindo de sua boca e isso atrai e sacia as pessoas. Não deve os
aceitar fazer coisa alguma sem ministrarmos vida. As coisas do
espírito sempre manifestam vida. A vida é algo contagiante, quando
abrimos a boca pelo espírito, aquilo vai fluir e se espalhar por entre
os irmãos. A vida também é alimento. Quando falamos algo do
espírito, aquilo será a Palavra de Deus. Toda Palavra de Deus é
espírito e vida. Quando falamos algo pelo Espírito, essa palavra é
espírito e vida. Devemos estar ministrando vida aos nossos irmãos
até mesmo em nossas conversas, mesmo conversando a vida deve
fluir. A vida é algo sobrenatural e ser guiado pelo Espírito é ser
guiado por esta vida. Entretanto para que possamos ser guiados
pelo Espírito é necessário que desenvolvamos uma sensibilidade
em nosso próprio espírito. Se não formos sensíveis não poderemos
perceber a direção e a voz de Deus. Quero compartilhar quatro
princípios para desenvolvermos a sensibilidade e aprendermos a
ser dirigidos por Deus.
Lembre-se sempre que andar no Espírito implica em: andar
em fé, em amor e também em andar no sobrenatural.

Checando as direções do espírito

"Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Gl


5:25 - Tradução da King James Version).

"Já que vivemos pelo Espírito, mantenhamos o passo certo


com o Espírito" (Gl 5:25 - Tradução da New International Version).

"Se estamos vivendo agora pelo poder do Espírito Santo,


sigamos a direção do Espírito Santo em todas as áreas de nossas
vidas" (Gl 5:25 - Tradução da Living Bible).

O andar no Espírito é o estilo de vida cristão do Novo


Testamento. A Bíblia ensina que temos que ser habitados em nosso
interior pelo Cristo vivo e, então, fiel e obedientemente seguir a cada
direção do Espírito Santo de Deus. O cristianismo do Novo
Testamento não é formal e cheio de cerimônia, ou um ritual e
pompa religiosa, nem tampouco a observância de regras,
regulamentos e éticas. É muito mais do que vivermos uma vida
correta, de fazermos as coisas certas ou de fazermos aos outros o

95
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
que gostaríamos que eles fizessem a nós. O cristianismo é muito
mais do que uma filosofia ou um sistema de pensamento positivo. O
cristianismo real é sobrenatural. É a vida de Cristo dentro do crente!
Quando Cristo habita no interior dos nossos corações, pela fé,
começamos a experimentar o conselho ou a direção do Espírito
Santo. O nosso papel é de entrega, obediência e fé. Por estes
instrumentos de graça, cooperamos com o poder de Cristo dentro
de nós e ele é capaz de viver a Sua vida dentro de nós, para louvor
e satisfação do Pai.
Agora, como cristãos nascidos de novo, precisamos
reconhecer e discernir a linguagem do nosso espírito. Precisamos
aprender e reconhecer quando o Espírito está entristecido. "E não
entristeçais o Espírito Santo de Deus" Efésios 4:30. Precisamos
reconhecer quando o Espírito está alegre dentro de nós e quer que
nos regozijemos com Ele, ou quando Ele está com um fardo e
deseja orar através de nós. Ele tem muitas funções que Ele deseja
realizar através de nós e podemos aprender a reconhecer cada uma
delas.
Primeiramente, reconhecemos uma atividade no interior do
nosso espírito. Entendemos, então, que o Senhor está querendo
dizer algo a nós. Precisamos parar de perguntar ao Senhor. Espere
silenciosamente Nele até que você compreenda o que Ele está
dizendo. Aja de acordo com a informação recebida. Coopere com o
Senhor. Procure lembrar-se desta experiência e o que ela significou.
Desta maneira você será capaz de reconhecê-la novamente da
próxima vez.

Como Ser Guiado Pelo Espírito

Pelo impulso da intuição

Devemos lembrar que o homem tem três partes: espírito,


alma e corpo. O nosso corpo tem três funções: movimento,
sensação e instinto. A alma também tem três funções: mente,
vontade, e emoções. No nosso espírito tem também três funções:
intuição, consciência e comunhão. A intuição é como um impulso
dentro do coração. Não é uma voz percebida audivelmente, mas é
um impulso. Em Marcos 1:12, lemos que o Espírito impeliu Jesus...
A Palavra “impeliu” é boa pois denota bem a sensação interior. É
perigoso eu ser mal interpretado nesse ponto pois é certo que
existem impulsos do corpo, das emoções e mesmo impulso de
demônios. Entretanto, se somos nascidos de novo aprendemos a
diferenciar todas essas vozes daquela que vem do espírito. Muitas
vezes estou conversando com uma pessoa e repentinamente me
vem um impulso de perguntar alguma coisa e invariavelmente
aquela pergunta é exatamente o que a pessoa estava com medo de
me contar. É uma sensação interior, não é uma voz audível. Isso
pode aparecer muito místico, mas ouça-me, se desejamos andar no
espírito, devemos ser livres do natural e entrarmos no sobrenatural.
Um amado me contou que recentemente estava passando de carro

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
em uma rua, quando sentiu um impulso de parar e dar uma Bíblia
de presente a dois jovens que estavam conversando em uma
esquina. Ele parou, se dirigiu aos jovens e perguntou a eles se
gostariam de ganhar uma Bíblia de presente. Aqueles jovens se
entreolharam perplexos e disseram que naquele instante estavam
exatamente discutindo se a Bíblia era ou não verdadeira. Aqueles
jovens certamente se converteram.
Um outro irmão saiu para comprar calças em uma loja para
homens. Um vendedor veio atendê-lo, e este irmão se sentiu
impelido a perguntar também ao vendedor se ele não gostaria de
ganhar uma Bíblia. O vendedor assentiu e dentro de poucos
instantes, o irmão estava pregando para todos os vendedores e o
gerente resolveu fechar a loja para que todos pudessem receber
oração. Tudo isso aconteceu porque aquele irmão seguiu o impulso
do espírito. Sem nenhum motivo especial para aquilo, ele parou e
seguiu o impulso e os frutos apareceram. O primeiro princípio para
sermos guiados pelo espírito é seguir o impulso do Espírito. Esse
impulso é no nosso espírito e não em nossa emoção ou corpo. É
algo inteiramente espiritual.

Pelo testificar do espírito

"O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos


filhos de Deus" Romanos. 8:16. I Coríntios 6:17 diz que "aquele que
se une ao Senhor é um só espírito com Ele". Isso significa que o
nosso espírito, depois que nascemos de novo, é como que
amalgamado, unido por uma argamassa, vinculado, com o Espírito
Santo.
O testificar do espírito é uma convicção profunda que não
tem origem em nada natural. Muitas vezes a nossa mente rejeita
essa convicção pelo temor e insegurança. Deus fala conosco todo o
dia, nós é que não damos crédito, pensando que são coisas da
nossa mente. Que o Senhor separe a nossa alma do nosso espírito!
Se o Senhor vem com um testificar em nosso espírito, a
melhor coisa a fazer é checar a convicção com outros irmãos mais
amadurecidos. Mas depois disso não tivermos clareza na direção, o
melhor é correr o risco. Provavelmente cometeremos muitos erros,
mas estaremos exercitando o nosso espírito, e chegará o ponto em
que virtualmente não cometeremos equívocos. No processo de
crescimento, é normal que nos equivoquemos, não devemos nos
cobrar perfeição e nem tão pouco pensarmos que depois de algum
erro, Deus nos abandonou e não vai mais nos usar.

Pela paz do espírito

"Seja a paz de Cristo o árbitro nos corações..." Colosenses.


3:15. A paz é o árbitro em nosso coração. O árbitro é o juiz, aquele
que decide. Com o coração podemos entender o nosso espírito.
Nós percebemos o nosso espírito no coração. Existe uma paz que
excede todo entendimento. O testificar muitas vezes vem como um
fogo que queima no coração; a paz, porém, é como manancial de

97
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
águas tranqüilas. É como se o mundo estivesse desabando, mas
dentro do coração as águas estão tranqüilas.

Pela vida de Deus

A quarta maneira é seguirmos a vida interior do coração. Se


estamos para ir a um cinema, por exemplo, não devemos consultar
a mente, mas a vida em nosso coração. Se a vida se agitou no
interior, não devemos entrar. A sensação quando o espírito é
constrangido por Deus, se parece um pouco com náusea. É uma
sensação no meio da barriga, no ventre. Esse constrangimento
sempre aparece quando entramos em uma direção que Deus não
aprova. Se vamos comprar um carro e surge esse constrangimento
no interior, não devemos comprar. Isso vale para todas as coisas
até aquelas mais insignificantes. Tudo o que me diz respeito é
importante para o Senhor. Ele está preocupado com cada detalhe
da minha vida. Nunca devemos permitir que as águas interiores
fiquem tumultuadas. No nosso coração as águas sempre devem
estar tranqüilas.
O andar no Espírito não é uma questão de certo ou errado,
bem ou mal. Existem dois caminhos diante de nós: o caminho da
árvore do conhecimento e o caminho da árvore da vida. Andar pela
árvore do conhecimento é carne. Esses são aqueles que sempre
estão perguntando se isso é certo ou errado. Aqueles que andam
pela árvore da vida não perguntam se é pecado ou não, se é bom
ou mal, certo ou errado, eles perguntam qual é a vontade de Deus.
Não devemos fazer nada que constranja essa vida dentro de
nós, ainda que pelos critérios da mente seja algo bom e até
recomendável. Se a vida rejeitou, não devemos fazer. Existem
muitas coisas que não são pecaminosas em si mesmas, mas que
Deus rejeita e outras vezes podemos pecar contra Deus até mesmo
pregando, louvando ou fazendo missões. O critério para a vida no
Espírito não é o certo ou o errado, mas a vontade de Deus.
Creio que não deveríamos ensinar leis de certo e errado para
os novos convertidos, mas estimulá-los a perceberem a direção de
Deus pela vida no nosso espírito. Se somos rápidos em dizer aos
outros o que é certo e o que é errado, estamos tirando preciosas
oportunidades de eles mesmos entrarem em contato com o Senhor.
Ser cristão não é ser guiado por um código de conduta, nem
por um conjunto de normas e éticas sociais. Ser cristão é ser guiado
pelo Espírito de Deus.

Por meios extraordinários

A forma básica como Deus planeja conduzir os seus filhos e


pelo impulso do espírito. O Espírito Santo que é residente em nosso
espírito fala ao nosso espírito humano a vontade de Deus. Todavia
a Palavra de Deus nos mostra que existem formas extraordinárias
de Deus. Não é a forma habitual, mas igualmente importante.
Gostaria de mencionar pelo menos quatro formas:

98
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
• Sonhos
É indiscutível que Deus fala conosco por meio de sonhos. Foi
assim com José, com Daniel, com José marido de Maria e com
Paulo. Deus é o mesmo e ele continuar a nos orientar e edificar
através dos sonhos. Entretanto alguns princípios devem ficar claros.
O primeiro é que se você não sabe o significado do seu sonho não
saia por ai procurando alguém para interpretá-lo. Se Deus quer falar
com você ele o fará por meios claros e compreensíveis. Se você
não sabe o significado de um sonho, esqueça-o.

• Profecia
Quando falarmos sobre como checar as direções do Espírito
entraremos em maiores detalhes sobre profecia, por hora basta
dizer que não devemos rejeitar profecias. É uma forma claramente
bíblica de Deus falar conosco.
As profecias são confirmações e não direções novas de
Deus. Se Deus nunca falou no seu espírito sobre ser missionário na
Índia, não vá para lá porque um profeta disse. Jamais vá consultar
um profeta. Deus sabe o seu nome, o seu endereço e o seu
telefone. Se um profeta tiver algo realmente de Deus para você
Deus o mandará onde você está. A prática de consultar profetas é
uma herança mundana do hábito de consultar cartomantes. Muitos
profetas têm sido instrumentos de espíritos de adivinhação por
causa da pressão de terem de dar uma palavra para alguém que
veio consultá-las.

• Voz audível de Deus


Não busque experiências espirituais. Não peça para ver ou
ouvir coisa alguma. Essa ânsia por experiências novas e diferentes
pode ser uma brecha para espíritos de engano.

• Ministério dos anjos


Gálatas 1:8 diz que, "ainda que um anjo vindo do céu vos
pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema”.Deus pode enviar um ano para falar com você, mas esse
anjo deve confirmar a Palavra de Deus e o evangelho, caso
contrário trata-se de um demônio disfarçado de anjo de luz.

Como Confirmar As Suas Direções

Pela convicção interior

A direção do Espírito geralmente vem a nós através de um


testemunho interior em nosso espírito. Em raras ocasiões, pode
haver uma voz audível ou, até mesmo, uma aparição angelical, mas
isto é uma exceção e não a regra. Precisamos, portanto, ser
capazes de provarmos a nós mesmos que a impressão ou voz
interior que estamos sentindo é na verdade o Senhor.
Já que Deus fala ao nosso espírito, ou seja, ao nosso homem
interior, é essencial que desenvolvamos as faculdades do nosso
espírito ao nível mais elevado possível. Idealmente, Deus quer que

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
desenvolvamos uma qualidade de maturidade espiritual tal que
possamos reconhecer a Sua voz imediatamente e que sejamos tão
humildemente confiantes que é realmente o Senhor, para que
possamos agir imediatamente baseados na Sua Palavra. Não tenha
suspeitas do Seu Espírito. Aprenda a ter confiança na sua
habilidade de discernir adequadamente.
Provérbios 20:27 diz: "O espírito do homem é a lâmpada do
Senhor”.
Deus fala conosco em nosso espírito. Ele nos ilumina em
nosso espírito. É ao nosso espírito que Deus Se dirige, ao invés de
nossa mente ou nossas emoções. O seu espírito sabe muitas coisas
que a sua mente não sabe, pois Deus já falou ao seu espírito coisas
que a sua mente ainda não pode compreender.
"Ora, o homem natural (a mente) não compreende as coisas
do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode
entendê-las; porque elas se discernem espiritualmente " 1 Coríntios
2:14.
Há vários testes bíblicos pelos quais podemos determinar se
uma certa impressão ou pensamento vem do Senhor ou não. Em
particular, enquanto ainda somos novatos nesta área, é importante
que saibamos como testar as nossas impressões interiores para
que possamos saber com certeza se estas direções são de Deus ou
não.

Pela palavra de Deus escrita

A Bíblia é o nosso guia mais confiável e possivelmente o


mais simples de se usar. A voz interior em nosso espírito é uma
experiência um tanto quanto subjetiva e insegura. Ela pode ser
influenciada por nossas emoções ou desejos pessoais. Precisamos,
portanto, submeter experiências assim a um julgamento objetivo e
seguro. A Bíblia é exatamente a fonte certa para este julgamento.
Ela não é emocionalmente influenciada ou preconcebida. Ela não
tem nenhum envolvimento pessoal. Portanto, ela é bem mais
confiável. Entretanto, precisamos abordá-la com uma abertura e
honestidade de coração, pois também podemos "fazer" com que a
Bíblia diga o que queremos que ela diga. É preciso que haja uma
integridade de coração em nossa abordagem. Muitas vezes, as
pessoas propositadamente procuram por uma passagem bíblica que
apóie o que elas querem crer. Isto é conhecido como "torcer" as
Escrituras e é danoso à fé e a um julgamento correto.
Quando você sentir uma certa direção ou impressão no seu
espírito e você não estiver certo de que é a voz do Senhor, submeta
em oração esta impressão a Deus. Peça-Lhe que Ele a confirme ou
a negue através da Sua Palavra. Inevitavelmente, depois que você
tiver feito isto, um versículo ou passagem bíblica que se relaciona
com o assunto em consideração chamará a sua atenção. É
realmente impressionante a quantas circunstâncias e assuntos
diferentes Deus pode fazer com que a Sua Palavra se aplique. Em
geral, de formas incomuns, Deus dá, liberalmente, Sua direção
através da Sua Palavra.

100
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
O Espírito de Deus nunca discorda da Sua Palavra. O
Espírito Santo nunca lhe diria para fazer algo que é condenado pela
Bíblia. Ele nunca o conduziria contrariamente aos claros princípios
expressos na Bíblia.

Pela paz de Deus

"E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um


corpo, domine em vossos corações" Colosenses 3:15.

A palavra traduzida por "domine" neste versículo é a palavra


"juiz" ou "árbitro" no original. Paulo está então dizendo: "Deixe que a
paz de Deus seja o árbitro em seu coração”.Imagine um jogo de
futebol. Enquanto tudo está indo de acordo com as regras e não há
nenhuma falta ou infração, o apito do árbitro está em silêncio.
Entretanto, quando há uma infração das regras, ouve-se o apito, e é
preciso que o jogo pare imediatamente. Os jogadores, então, olham
para o árbitro para descobrirem o que aconteceu de errado e qual é
a sua decisão na situação. Assim que ele esclarecer as coisas, o
jogo pode prosseguir novamente. É assim também com a paz de
Deus em nossos corações. Quando as coisas estão fluindo
suavemente no propósito de Deus, há uma paz interior profunda em
nossos corações. Esta paz deveria sempre estar lá. Paulo diz que
somos chamados a uma paz assim. Se por acaso perdemos esta
paz, então precisaremos olhar para o Espírito Santo para
descobrirmos o erro. Por que perdi a minha paz? Ele nos mostrará,
rapidamente, onde estamos errados e como corrigir a situação.
Quando fizemos isto, pedindo perdão a Deus e voltando ao caminho
certo outra vez, a nossa paz será restaurada.

Por um Aconselhamento maduro

"E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em


um corpo" Colosenses 3:15.
Não somente devemos possuir uma paz pessoal interior
como uma indicação de que tudo está bem, mas também podemos,
se necessário, submeter as nossas impressões ao discernimento de
outros membros do Corpo. Isto pode ser feito dentre crentes
nascidos de novo, a qual você se uniu numa comunidade cristã.
Coloque o assunto diante do grupo, e se houver uma resposta de
paz unânime, então você pode ficar certo de que Deus está
confirmando a direção que você recebeu.
A Bíblia diz: "... na multidão de conselheiros há segurança"
(Pv 11:4).
"Onde não há conselhos os projetos saem vãos, mas com a
multidão de conselheiros se confirmarão" (Pv 15:22).
Eu gostaria de enfatizar o ponto de que é um
aconselhamento maduro que devemos buscar. Procure um
aconselhamento de pessoas espiritualmente maduras que tenham
uma credibilidade provada com relação à sabedoria. Pedir

101
Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
conselhos a pessoas espiritualmente imaturas somente lhe trará
mais confusão e incerteza. Vá as pessoas cujas vidas provem que
elas acharam a vontade de Deus, pessoas que obviamente estão
tendo êxito na vida cristã porque elas foram capazes de ouvir a voz
de Deus dirigindo-as nas circunstâncias de suas próprias vidas.

Pelas circunstâncias e a providência divina

Quando Deus lhe diz para fazer alguma coisa, você pode
contar que Ele começará a abrir as portas para que você possa
fazê-la. Se Ele estiver guiando você numa determinada área, então
as Suas providências começarão a surgir a você naquela área. Há
um pequeno pensamento que eu aprendi e que me tem sido
extremamente útil quando quero obter direções do Senhor, a saber:
"Comece a andar e você receberá uma direção”.Creio que um apoio
bíblico para este conceito seria em Gênesis no tocante ao servo de
Isaque, o qual havia sido enviado para buscar uma esposa para o
seu mestre. Ele falou: "... quanto a mim, o Senhor me guiou no
caminho à casa dos irmãos de meu Senhor" (Gn 24:27). Em outras
palavras, uma vez que ele havia partido em sua jornada, Deus lhe
deu a direção. Davi diz: "Os passos de um homem bom são
confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho" (Sl
37:23). Se você ficar sentado esperando por uma revelação, talvez
você fique assim para sempre. Se você começar a se mover e
estiver indo na direção errada, o Senhor lhe dirá. O Espírito Santo
está dentro de todos os cristãos e Ele deseja muito guiar-nos nos
caminhos e propósitos de Deus. Portanto, assim que começarmos a
nos mover com um desejo sincero em nossos corações de
andarmos nos caminhos de Deus, o Espírito nos dará direções. Ao
começar a se mover em harmonia com a vontade de Deus, as
circunstâncias e providências surgirão diante de você, dando-lhe
uma certeza e confiança interior.

Por confirmação profética

Às vezes, uma declaração profética pode ser dada a alguém


para confirmar algo que já foi recebido do Espírito. Usei a palavra
"confirmação" deliberadamente porque isto é exatamente o que as
declarações proféticas deveriam fazer. Elas deveriam servir para
confirmar algo que alguém já recebeu de Deus em seu espírito.
Deveríamos sempre ser cautelosos com relação a profecias
aparentes que tendem a iniciar alguma coisa, ao invés de
simplesmente confirmá-la. Se Deus quiser falar-lhe algo, Ele falará
com você primeiramente, dentro do seu próprio espírito. Mais tarde
Ele poderá confirmá-lo através de uma declaração profética, a qual
servirá para confirmar e estabelecer o que Ele já lhe disse.
Nunca faça nada simplesmente porque alguém "profetizou"
que você deveria fazer. Obtenha a sua própria direção pessoal de
Deus primeiramente. Depois, se uma profecia substanciar aquilo
que você já recebeu, então tudo bem.

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Batista Nacional Church Andando no espírito
NOTAS
As declarações proféticas certamente não são infalíveis. O
elemento humano envolvido na declaração das profecias faz com
que elas sejam falíveis. O Espírito, o qual as origina, é perfeito, mas
as pessoas que as declaram são imperfeitas. Muitos cristãos
reverenciam as profecias como se o Próprio Deus estivesse falando
do céu. Entretanto, não é Deus que está falando diretamente. São
os homens, falando em nome de Deus. Se estas pessoas estiverem
realmente no Espírito, então tudo bem. Suas palavras edificarão,
exortarão e consolarão a igreja (1 Co 14:3). Às vezes, infelizmente,
as expressões proféticas podem estar vindo do coração das
próprias pessoas ou, talvez, estejam sendo coloridas e influenciadas
pela inserção de alguns de seus próprios pensamentos.
Por causa disto, toda declaração profética deveria ser julgada
para se saber se ela é realmente uma palavra do Senhor antes que
ela seja recebida, e, certamente, antes que ela seja praticada (1 Co
14:29).
Deveria ser julgada, em primeiro lugar, pela Palavra de Deus.
A Bíblia é infalível e é, portanto, um juiz perfeitamente objetivo. Se
uma declaração profética não estiver em perfeita harmonia com os
princípios expressos na Bíblia, ela será imediatamente duvidosa.
Não importa quão religiosa ou espiritual uma declaração profética
pareça, ela deve concordar inteiramente com a Palavra. Ainda que a
profecia possa estar cheia de frases como "Eu, o Senhor, digo a ti,
meu servo”, isto, com certeza, não é nenhuma garantia de precisão
ou veracidade. A Bíblia é o nosso guia final, totalmente precisa e
infalível. Sempre confie mais na Bíblia do que em qualquer profecia.
As profecias deveriam ser julgadas pelo que Deus já lhe
mostrou em seu próprio espírito. Se elas não testificam e não
confirmam o que você já recebeu do Senhor, então não aceite
nenhuma profecia pessoal. Certamente você não deveria agir
baseado nelas imediatamente. Talvez você possa orar
intensamente com relação a elas, submetendo-as a Deus e
buscando a Sua sabedoria e direção na questão.
Se um grupo de crentes estiver presente quando a profecia
for dada, então um julgamento da comunidade poderá ser dado a
respeito da profecia. Qual é a opinião geral a respeito dela? Os
crentes do grupo concordam que esta é verdadeiramente uma
palavra de Deus? Ou eles estão unidos em seu julgamento de que
esta palavra não vem do Senhor e deveria, portanto, ser tratada
com muito cuidado? Muitas vidas inocentes tem sido arruinadas por
terem agido muito prontamente com relação a "profecias pessoais”.

Bibliografia

Andando no Espírito - Pr. Aluízio A. Silva.

Revista Atos - Publicação de World Map. Edição de 1990.

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