Você está na página 1de 5

Edificando segundo o propósito eterno

Hoje em dia, há uma grande preocupação em relação a trabalhar na Igreja com um propósito
claro em mente. Isso é muito bom, mas, se observarmos os propósitos, veremos que eles não
são o propósito eterno. Normalmente são o evangelismo, as missões, os ministérios, a
comunhão, a assistência social, etc. Tudo isso é bom, mas a vontade de Deus é que
edifiquemos de acordo com o propósito mais elevado, o propósito eterno.
O propósito eterno de Deus é ter um lugar para habitar. Por toda a Bíblia, desde o Velho até o
Novo Testamento, vemos que Deus está edificando Sua habitação eterna. Esse é o tema
principal, recorrente ao longo das Escrituras; as histórias mudam, mas o tema central
permanece presente.

O tema da Bíblia é a Casa de Deus


Desde o início da Bíblia até seu final, a ênfase está no edifício de Deus, em Sua casa. Em
Gênesis 2, lemos a respeito do jardim do Éden, onde encontramos três tipos de materiais
preciosos: o ouro, a pérola (bdélio) e as pedras preciosas. Esses três elementos são
mencionados no começo porque aquele jardim era um anteprojeto da Casa de Deus. Assim, o
que vemos no Éden na forma de materiais, encontramos em Apocalipse 21 e 22, na Nova
Jerusalém, na forma de edificação. Ouro, pérola e pedras preciosas são os mesmos materiais
que compõem a Nova Jerusalém – a consumação do plano de Deus. 
Existem muitas similaridades entre o Éden e a Nova Jerusalém. No jardim, Deus tinha
comunhão com Adão, mas na Nova Jerusalém, temos a habitação de Deus com o homem. No
Éden temos um noivo, uma noiva e o primeiro casamento; na Nova Jerusalém, encontramos o
Senhor Jesus se unindo à Sua Noiva pela eternidade. No Éden e na Nova Jerusalém,
encontramos a Árvore da vida e o rio que flui para a vida. Assim, vemos que a Nova Jerusalém
é a consumação do propósito eterno de Deus iniciado lá no Éden.
O jardim do Éden é como se fosse um símbolo, um projeto, mas a Nova Jerusalém é a
consumação e a realidade. Entre esses dois eventos, temos todo o conteúdo da Bíblia, onde
vemos, a todo o momento, o Senhor repetindo o tema da Sua casa, o lugar da Sua habitação
eterna. 
Depois do Éden, encontramos a arca de Noé, um protótipo da casa de salvação de Deus.
Assim como a Arca naqueles dias, a Igreja, hoje, é a casa que nos livra do juízo que há de vir.
Mais tarde, Deus chama Abraão para fora de sua cidade, Ur dos caldeus. Abraão foi o primeiro
“chamado para fora”, que é o significado da palavra grega ekklesia, traduzida por “igreja”.
Todos aqueles que são filhos de Abraão também são chamados para fora. 
A seguir, Deus ordena que Abraão percorra a terra habitando em tendas. Ao contrário do que
alguns podem pensar, ele não habitava em tendas porque era nômade; ele fazia isso numa
atitude profética. 
Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com
Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem
fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. (Hb 11.9,10)
O livro de Hebreus nos revela que Abraão habitava em tendas porque viu a cidade de Deus, a
Nova Jerusalém, a habitação de Deus, a cidade que tem fundamentos. Tudo isso aponta para
a Igreja, portanto, Abraão, pela fé, viu a Igreja. Enquanto os homens construíam a torre de
Babel, ele habitava em tendas profetizando que a Nova Jerusalém viria. E todos aqueles que
são descendentes de Abraão devem ter a mesma visão. 
Certo dia, Jacó, o neto de Abraão, repousou tendo uma pedra por travesseiro e, então, teve um
sonho maravilhoso, onde via uma escada que ligava a terra ao céu, e anjos de Deus que
subiam e desciam por ela. Quando acordou, Jacó derramou azeite sobre a pedra, dizendo que
aquela era a Casa de Deus, e chamou aquele lugar Betel, que significa Casa de Deus. Jacó
teve a mesma visão de Abraão, e essa foi a primeira vez que a Casa de Deus foi mencionada
na Bíblia. (Gn 28.11-17).
Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o
sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus. (Gn
28.16,17)
Depois disso, os descendentes de Abraão foram escravos no Egito durante 400 anos. Segundo
nos relata o livro de Êxodo, o povo de Israel foi escravizado para construir as cidades-celeiro
de Faraó. Porém, ao invés de construírem-nas com ouro, pérola e pedras preciosas, eles
utilizavam tijolos feitos de barro – o mesmo material usado para construir a torre de Babel.
Portanto, tijolos nos falam de coisas terrenas, obras humanas, mas as pedras apontam para
coisas celestiais. 
Eles, então, clamaram a Deus, e o Senhor lhes enviou Moisés. Por meio de Moisés o Senhor
chamou o povo de Israel para servi-lo no monte Sinai, e o serviço era edificar a Casa de Deus,
o tabernáculo. No dia em que o tabernáculo foi levantado, a nuvem da glória de Deus veio
sobre ele. O propósito eterno de Deus começava a ganhar forma!
Mais tarde, o Senhor levantou Davi como rei, e este tinha um desejo: trazer a arca de Deus
para Jerusalém. Certo dia, Davi pensou que todos tinham uma casa, exceto Deus; decidiu,
então, fazer uma casa para Ele. Davi tinha a obsessão de querer ver estabelecida a casa do
Senhor, e levantou um tabernáculo que ficou conhecido como Tabernáculo de Davi. Quando foi
reconhecido como rei de Israel, ele tomou a arca da aliança e a colocou numa tenda em Sião,
onde pôs sacerdotes que ministravam diante da arca de dia e de noite, profetizando, adorando
e ministrando ao Senhor. Nessa função, doze sacerdotes se revezaram de hora em hora,
durante vinte e quatro horas, pelo período de quarenta anos. Mais uma vez, percebemos que
Davi estava profetizando a respeito da Igreja do Novo Testamento. 
Hoje, já não há mais o véu, todos somos sacerdotes e podemos ministrar diante da Arca. Mas
o fato de serem apenas doze sacerdotes em cada hora aponta para algo como a célula, pois se
fossem em maior número, não seria possível que todos profetizassem. Se houvesse uma
centena deles, inevitavelmente alguns se tornariam espectadores, mas sendo doze, todos
podiam ministrar. Essa é a Igreja do Novo Testamento: a célula.
Davi, porém, não edificou o templo, pois Deus determinou que ele fosse construído por
Salomão. Assim, no dia da dedicação do templo, a nuvem da glória do Senhor desceu sobre o
santuário de tal maneira que ninguém podia estar ali para ministrar. Davi queria trazer a arca
para Jerusalém para ter a glória de Deus, mas, para tê-la, precisamos edificar a Casa. A glória
do Senhor repousa somente sobre a Casa de Deus.
Cerca de 350 anos depois, os babilônios destruíram o templo construído por Salomão e o povo
de Israel foi levado cativo para a Babilônia. Vejamos aqui a edificação da obra maligna:
enquanto Abraão habitava em tendas, o inimigo construía a torre de Babel; enquanto Deus
queria usar Seu povo para edificar o tabernáculo, o diabo o escravizava para construir as
cidades-celeiro de Faraó. Agora, Babel se tornara Babilônia, vindo para destruir o templo do
Senhor. Contudo, setenta anos depois, os israelitas voltaram a restauraram a Casa de Deus, o
templo. Todos os profetas profetizavam exortando o povo a, novamente, edificar a Casa de
Deus. 
O Novo Testamento começa com o Verbo se fazendo carne e vindo habitar entre nós. Deus,
agora, habita no meio do Seu povo. Mas, algo que poucos percebem é que o Senhor foi
crucificado por causa da Casa de Deus. Ele disse aos fariseus: “destruam esse templo e em
três dias o reedificarei” (Mc 15.29). Ele se referia a Seu corpo, mas os religiosos o crucificaram
com esse argumento. Contudo, a crucificação foi apenas o caminho para a ressurreição. Agora,
o Senhor está vivo e liberou o Espírito para habitar em nós. Deus agora não vive em templos
feitos por mãos humanas, mas habita em sua Igreja. Em três dias, o templo de Deus, que é a
Igreja, foi edificado.
Depois, o Senhor levantou o apóstolo Paulo, revelando a ele o plano da edificação. Paulo se
declara o mestre construtor da Casa de Deus, e escreveu um quarto do Novo Testamento para
nos mostrar o caminho da edificação. O tema central do Novo Testamento é a Casa de Deus e
como construí-la.
Toda a história do Velho Testamento aponta para a realidade da Igreja do Novo Testamento,
que é a Casa de Deus, o templo do Deus vivo, que tem a perfeita consumação na Nova
Jerusalém. Por tudo isso, percebemos que o propósito eterno de Deus é ter uma casa para
habitar no meio dos homens e nos homens. 
No final de tudo, em Apocalipse, o que vemos é a edificação de Deus, a Nova Jerusalém, que é
a composição de todos os redimidos. Na Nova Jerusalém, Deus e os homens estão unidos
como um único edifício, a divindade misturada à humanidade. Deus é o conteúdo, o homem é o
vaso; Deus é a vida, o homem é a expressão da vida de Deus.
O Senhor deseja um lugar de habitação, este é o propósito eterno de Deus. É ele que deve
dirigir nossas ações e motivar a Igreja, não o evangelismo, nem missões, obras sociais ou
mudança da sociedade. Essas coisas são boas, mas não são o centro do coração de Deus.
Em Mateus 16, Jesus disse que edificaria Sua Igreja (Mt 16.18), e essa é a obra que o Senhor
está fazendo hoje. Portanto, se desejamos cooperar com o Senhor na obra de edificação da
Igreja, precisamos nos empenhar para edificar a Casa de Deus de acordo com Sua vontade.
Se cada membro de célula entender o 
que está fazendo, trabalhará com encargo e amor. Não estamos meramente fazendo reuniões
nas casas, estamos edificando a Igreja, a Casa de Deus, segundo o Seu propósito eterno.

O alvo do nosso trabalho é a edificação da Casa de Deus


Muitas igrejas colocam a ênfase no evangelismo, o que é bom, mas depois de evangelizar, não
sabem o que fazer com as pessoas. Elas não estão edificando casa para Deus, não possuem o
estilo de vida de uns para os outros. Esse tipo de evangelismo acaba sendo em vão, pois não
resulta na edificação da Casa de Deus nem é motivado pela revelação de que o Senhor deseja
ter Sua casa sobre a terra.
Hoje, o que está na moda é a transformação da sociedade. As igrejas querem fazer uma
grande obra social, mas seu trabalho não resulta na edificação da Casa do Senhor, pois a
motivação dessas pessoas não é o propósito eterno de Deus. Em Mateus 16, vemos o Senhor
dizendo que edificaria Sua Igreja. Esse é Seu trabalho hoje e, se não estivermos envolvidos
nessa edificação, não podemos dizer que estamos fazendo obra de Deus. Se o Senhor está
edificando Sua Igreja, é isso o que devemos estar edificando também.
Alguns, além de ganhar almas, também colocam a ênfase em poder, cura, sinais e dons
espirituais. Mas, qual é o propósito dos dons e do poder? Em 1 Coríntios, lemos que é a
edificação da Casa de Deus.
Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz
revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação.
(1Co 14.26)
O termo grego para “edificar” é oikodomeu, que significa “construir a casa do Senhor”.
Infelizmente, a maioria das igrejas evangélicas é conduzida por propósitos menores e
secundários. A palavra edificar tornou-se sinônimo de algo inspirativo ou instrutivo, contudo, a
idéia original é a de construir algo para a presença de Deus.
O propósito eterno de Deus foi estabelecido desde a eternidade: Deus deseja ter Sua casa.
Não porque não a tivesse, pois o motivo é exatamente o contrário. Deus quis trazer Sua
habitação para a terra e, na verdade, quis fazer do homem Sua habitação. Deus ama Sua Casa
e deseja que ela cresça. O que nós estamos fazendo é trabalhar nessa obra de expansão, por
isso não podemos lançar outro fundamento além do que já foi colocado. Precisamos edificar
sobre o fundamento que foi lançado pelos apóstolos.
A figura da Casa de Deus, como podemos ver em Sua Palavra, é sempre um cubo, pois este
define as três dimensões, Pai, Filho e Espírito Santo. O Santo dos santos era em forma de
cubo, o tabernáculo edificado por Davi era igualmente feito nesse formato, e a Nova Jerusalém
descrita em Apocalipse 22 também é em forma de cubo.

Como construir a Casa de Deus?


Construir a Casa de Deus pode se comparar à construção de uma casa comum. Para
construirmos uma casa, precisamos de três pessoas. A primeira é o proprietário, e sabemos
que o Pai é o proprietário. Em segundo lugar, precisamos de um arquiteto – o Senhor Jesus é o
arquiteto, foi Ele quem projetou a Casa de Deus, por isso ela precisa refletir a pessoa do
Senhor. Em terceiro lugar, precisamos do construtor ou realizador da obra, que é o Espírito
Santo.
Os apóstolos usavam a parábola da casa de pedra para explicar a edificação da Igreja:
Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio
de Jesus Cristo. (1Pe 2.5)
O cristianismo é uma religião singular. As outras religiões possuem três elementos separados –
um templo, um sacerdote e sacrifícios –, mas, no cristianismo, esses três são reunidos em um
só: não temos um templo, pois o templo somos nós, assim como somos o sacerdote e o próprio
sacrifício vivo diante do Senhor. O conceito de Deus é bem simples, e tudo se resume em
sermos as pedras vivas. A morada de Deus é muito simples, por isso a Igreja precisa ser assim
também, e ser sempre movida pelo propósito eterno de Deus.
Pedro nos diz que a Casa de Deus é feita de pedras vivas, mas não somos apenas as pedras
vivas, somos também os construtores: 
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e
outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. (1Co 3.10)
Paulo disse: “cada um veja como constrói”. Isso significa que todos nós somos construtores.
Mas, também somos o material de construção: as pedras vivas. Quando praticamos o ministrar
uns aos outros, edificamos uns aos outros e, assim, construímos casa para Deus.
Uma revelação importante dentro da visão celular é que “cada membro é um ministro”. Ser
ministro é ser servo ou trabalhador, e em Efésios, Paulo nos mostra qual é realmente o
trabalho do ministro: 
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho
do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Ef 4.11,12) 
Nesse texto, vemos três elementos importantes. Em primeiro lugar, temos os cinco ministérios
que são os treinadores. Em segundo lugar, temos os santos que são treinados pelos cinco
ministérios – a palavra “aperfeiçoar”, usada no texto, seria mais bem traduzida como “treinar”.
E, por fim, ficamos sabendo que os santos são treinados para fazer um trabalho: a edificação
da Igreja. O trabalho de edificação ou construção da Casa de Deus é de todos os santos.
Todos são ministros e todos devem ser treinados para isso pelos cinco ministérios.

O trabalho de cada crente


Cada crente é um ministro, mas que serviço ele deve desempenhar para edificar a Igreja? A
Igreja não é o prédio, nem bancos ou as programações, nem mesmo as atividades que tanto
prezamos. A Igreja existe sem nenhuma dessas coisas. Na Igreja Primitiva não havia a maioria
das atividades que existem hoje. Eles não possuíam nem mesmo a Bíblia escrita à disposição
deles, como existe hoje. E mesmo que houvesse, pouco adiantaria, pois 70% da Igreja do
primeiro século eram constituídos de escravos, que não sabiam ler. Mas, esta foi a Igreja que
colocou o Império Romano de joelhos.
Hoje, muitos reclamam de não terem tempo para se envolver na vida da Igreja, mas, imagine
naquela época, Paulo marcando uma programação e eles respondendo que não podiam, pois
tinham que pedir permissão para seus senhores. Relatos históricos afirmam que eles reuniam a
Igreja apenas no domingo, e isto às cinco horas da manhã. Por um lado, escolheram esse
horário porque foi a hora em que Jesus ressuscitou, mas o outro motivo, mais pragmático, é
que, àquela hora, seus senhores ainda estavam dormindo. 
Assim, o mundo inteiro foi ganho por uma religião de pescadores, composta em sua maioria de
seguidores que eram escravos. E como eles ganharam o mundo inteiro sem fazer nada do que
nós fazemos hoje? A mola-mestra do trabalho da Igreja primitiva era o ensino dos apóstolos e
hoje, infelizmente, procuramos outras estratégias.
A Igreja, a Noiva, é o centro do coração de Deus. Ela é composta de filhos, e somente pode ser
edificada por relacionamentos de vida. Qualquer pessoa que não seja completamente pela
Igreja, não está sendo completamente para com Deus também. E qualquer pessoa que seja
negativa para com a Igreja está, na verdade, ofendendo a Deus. Quando alguém quer parecer
inteligente, culto e argumentativo, sempre procura falar mal da Igreja. Quando um teólogo quer
se destacar, ele simplesmente fala algo negativo sobre a Igreja. Ele sabe que, desta forma,
atrairá para si muita atenção. É obvio que há muitas deficiências e debilidades na Igreja,
contudo, a despeito de todas elas, ela não deixou de ser a Igreja. Ninguém que tenha sido
negativo para com a Noiva prevaleceu com o Noivo e recebeu Seu elogio. Devemos, então, ser
muito cuidadosos porque o desejo do coração de Deus, hoje, é preparar a Igreja. Este é o
trabalho de Jesus e a obra de Deus.
O primeiro ponto que precisamos observar é que o Senhor cocedeu apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres para a Igreja com um objetivo: o aperfeiçoamento dos santos,
com vistas ao desempenho do seu serviço. Estamos acostumados a pensar nessas funções
em termos de cargos e, geralmente, associamos esses ministérios a algum tipo de hierarquia
eclesiástica, todavia, esta não é a visão que Paulo descreve. Esses apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres foram dados “com vistas a”, isto é, com o objetivo de,
aperfeiçoar os santos. A palavra “aperfeiçoar”, no original, significa “treinar”. Então, poderíamos
dizer que Ele concedeu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres com vistas ao
treinamento dos santos. 
Sendo assim, para que temos apóstolos na Igreja? Para o treinamento dos santos, isto é, para
treinar os santos a fazerem o serviço apostólico. Para que temos profetas na Igreja? A resposta
mais uma vez é: para treinar os santos; treiná-los para fazerem o que os profetas fazem:
profetizar. Para que temos evangelistas na Igreja? A resposta não pode ser outra: para treinar
os santos a evangelizar, obviamente. E nós pensávamos que o evangelista era aquele que
ganharia a cidade inteira sozinho. Que ilusão! O evangelista, naturalmente, também
evangeliza, mas seu trabalho principal é treinar os santos para evangelizar. Para que temos
pastores na Igreja? A resposta de Paulo é: para treinar os santos a fazerem o trabalho de
apascentamento. E, finalmente, para que temos mestres na Igreja? Obviamente, para ensinar,
mas, primordialmente, para treinar cada membro a fim de que ele possa ensinar e discipular
outros.
Que mudança de paradigma! O nome dos treinadores apenas aponta para a matéria pela qual
ele é responsável por ensinar aos membros. O serviço do ministério de cada crente exige que
ele seja treinado para profetizar, evangelizar, apascentar, ensinar e ser enviado. Esta é a obra
do ministério para a qual todo crente deve ser treinado. Nisto consiste o trabalho de edificação
da Igreja.
Portanto, para fazer a obra de edificação da Casa de Deus, precisamos de, no mínimo, cinco
matérias ministradas por cinco treinadores. Não devemos pensar nos cinco ministérios como
um grupo de “supercrentes”, antes, precisamos vê-los como um grupo de treinadores. Procure
ver esses ministérios como cinco matérias que fazem parte do currículo de treinamento de todo
crente. Todos nós temos que ser treinados em todas essas áreas e exercer, numa certa
medida, esses cinco ministérios. O serviço para o qual precisamos ser treinados nada mais é
que realizar essas cinco atividades, pois edificar a Igreja, na verdade, é fazer todas elas. Só
podemos dizer que estamos edificando a Casa de Deus se fizermos as cinco.
Essas cinco tarefas constituem o desempenho do ministério ou do serviço a que o texto de
Efésios se refere. Os apóstolos, os evangelistas, os mestres e os pastores estão treinando os
santos para o serviço do ministério. Mas, qual é esse serviço? É ganhar almas como o
evangelista ganha, é ensinar como o mestre ensina, pastorear como o pastor pastoreia,
profetizar como o profeta e ser enviado como o apóstolo. Esse é, na verdade, o serviço de
edificação dos santos.
É muito conhecido o slogan da visão celular que foi espalhado por todo o mundo: Ganhar,
Consolidar, Edificar, Treinar e Enviar. Ganhar é o treinamento que o evangelista deve fazer.
Consolidar é o treinamento que o pastor fará com cada santo. 
Treinar é a função do mestre. Edificar é função do profeta, e enviar é o trabalho do apóstolo.
Podemos, então, notar que esse slogan é absolutamente correto do ponto de vista bíblico, e
está completamente de acordo com o propósito eterno de Deus.
Os ministérios estão aqui para treinar os santos, e o objetivo de tal treinamento é a edificação
do Corpo de Cristo. A maneira que Paulo encontrou de mostrar o serviço foi enumerando os
treinadores, pois as matérias do curso e seus treinadores mostram o conteúdo do trabalho a
ser feito. Os cinco ministérios não são somente pessoas, mas representam matérias que
devem ser ensinadas a toda a Igreja para que todo crente faça a obra do ministério. Cada
crente deve ser treinado para realizar o trabalho do apóstolo, do profeta, do evangelista, do
pastor e do mestre. Este é o trabalho que todos devem fazer. Somente quando os crentes
executam essas cinco tarefas, a Igreja pode ser edificada e podemos dizer que estamos de
acordo com o propósito eterno de Deus.

Você também pode gostar