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Projeto FUNDAMENTOS

ENCONTRO 73

Vanjo Farias
Manoel Rocha
João Bium

Tema: A IGREJA NA CASA

Vanjo Farias

Transcrito por: Eric Lins e Gilberto Bajo.

É possível que muitos de vocês já ouviram alguém perguntando: Qual é a sua igreja? Onde

é a sua igreja? Na verdade, esses irmãos querem saber qual o nome da sua denominação, ou o

local específico para se reunir. Sempre terminamos dizendo que nos reunimos nas casas.

1. Por que nos reunimos nas casas?

A Igreja do primeiro século nunca se reuniu em templos construídos para esse fim, ou seja,

locais construídos especificamente para receber a igreja e ali ter o seu culto, suas reuniões.

Atos 2:46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em


casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração,

Atos 5:42 E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de
pregar Jesus, o Cristo.

O “estar no templo” é uma referência ao chamado “Átrio Exterior”, local aberto para

visitação pública de qualquer um que não fosse judeu, por isso esse local era chamado também

de “Pátio dos gentios”. Qualquer pessoa podia entrar lá, no Átrio Exterior, e era lá que a igreja se

reunia.

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Quando está escrito em Atos 2:46 e 5;42 que a Igreja estava diariamente no templo, não

era no interior do templo em uma reunião de adoração. Eles estavam no exterior, do lado de fora,

e ali se reuniam, compartilhavam o evangelho, os apóstolos realizavam milagres, a igreja estava

presente ali em contato com o povo, não só o povo judeu, mas, também, com os gentios que por

ali circulavam

Romanos 16:4-5 os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes
agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; 5 saudai
igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu querido Epêneto, primícias
da Ásia para Cristo.

1 Coríntios 16:19 As igrejas da Ásia vos saúdam. No Senhor, muito vos saúdam Áqüila
e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles.

Não há nenhuma referência no Novo Testamento de templos cristãos; não há referência

na bíblia nem na história da Igreja de que no tempo dos apóstolos a igreja do Senhor tenha se

reunido em templos.

Os templos cristãos não surgiram na era apostólica.

Para reforçar a ideia de que as referências de templo em Atos 2:46 e 5:42 não eram no

interior e sim no átrio exterior é que, os judeus que crucificaram a Jesus acusando-O de blasfêmia,

não permitiriam que os seguidores de Jesus entrassem no interior do Templo, tido como “Recinto

Sagrado”, para falar de dEle.

Atos 21:27-31 27 Quando já estavam por findar os sete dias, os judeus vindos da Ásia,
tendo visto Paulo no templo, alvoroçaram todo o povo e o agarraram, 28 gritando:
Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a serem contra o
povo, contra a lei e contra este lugar; ainda mais, introduziu até gregos no templo e
profanou este recinto sagrado. 29 Pois, antes, tinham visto Trófimo, o efésio, em sua
companhia na cidade e julgavam que Paulo o introduzira no templo. 30 Agitou-se toda
a cidade, havendo concorrência do povo; e, agarrando a Paulo, arrastaram-no para fora
do templo, e imediatamente foram fechadas as portas. 31 Procurando eles matá-lo,
chegou ao conhecimento do comandante da força que toda a Jerusalém estava
amotinada.

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Outra passagem que os irmãos citam para sustentar que a igreja se reunia no templo é a

chamada “Escola de Tirano”, como o nome já indica, era uma escola e não um “templo”, e nem

era tido como lugar sagrado.

Atos 19:8-9 8 Durante três meses, Paulo freqüentou a sinagoga, onde falava
ousadamente, dissertando e persuadindo com respeito ao reino de Deus. 9 Visto que
alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante
da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer
diariamente na escola de Tirano.

É um grande erro chamar qualquer templo cristão de “casa de Deus”, pois Deus não habita

em templos feitos por mãos humanas. As Escrituras afirmam que a Casa de Deus é formada por

todos aqueles que nasceram da água e do Espírito e que receberam o Espírito de Deus.

1 Coríntios 6:19-20 9 Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20
Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.

Efésios 2:19-22 19 Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos
santos, e sois da família de Deus, 20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e
profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; 21 no qual todo o edifício,
bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, 22 no qual também vós
juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.

Hebreus 3:6 6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.

1 Pedro 2:5 5 também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.

Nenhum templo deve ser chamado de o “lugar de adoração”, porque a adoração que

agrada a Deus não pode e não deve ser limitada a um local específico.

João 4:20-24 0 Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em
Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. 21 Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que
a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós

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adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem
dos judeus. 23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão
o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus
adoradores. 24 Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito
e em verdade.

Deus habita em nós, e nós o adoramos em espírito e em verdade, em qualquer lugar e em

qualquer circunstância.

O advento de Constantino, imperador romano que reunificou o Império Romano do

Ocidente e do Oriente, marcou uma mudança radical na vida da Igreja porque ele começou a

miserável e fatal aproximação da Igreja com o Estado, suspendendo as perseguições e

promovendo muitos benefícios aos líderes da Igreja, como doações, isenção de impostos, além

da construção de templos cristãos. Constantino foi um homem que não tinha qualquer

compromisso com Cristo. Foi ele quem introduziu um templo como local de adoração a Deus,

mas não foi assim desde sempre. A igreja sempre esteve nas casas.

Devemos entender que o Senhor Jesus trouxe UM REINO e não uma religião. Neste Reino,

onde Jesus é o rei e Senhor, Ele mesmo nos constituiu sacerdotes. A igreja não é uma organização,

mas um Reino de Sacerdotes.

Apocalipse 1:5-6 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos


mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos
libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai,
a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!

O mesmo Jesus que nos remiu de nossos pecados, nos libertou de nossos pecados, nos

constituiu sacerdotes. Todos os remidos por Jesus são sacerdotes. Se você não é sacerdote é

porque não é remido. Se você foi remido pelo sangue de Jesus, então, você é um sacerdote. A

esses sacerdotes ele confiou um serviço, que é mencionado por Pedro.

1 Pedro 2:9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;

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Se não proclamamos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para luz estaremos

negando ou, pelo menos, negligenciando nosso sacerdócio.

Os filhos de Deus não vão à Igreja. Os filhos de Deus são a Igreja. Sendo assim, o encontro

da Igreja na Casa não deve ser uma reunião onde os fiéis se sentam para entoar louvores, orar e

ouvir um pregador. Louvar, orar, partir o pão, celebrar a ceia do Senhor, dar testemunhos, tudo

isso faz parte do encontro da igreja, mas o importante ter em mente que ali estão reunidos os

sacerdotes que Jesus estabeleceu.

A igreja não é uma mera reunião para simplesmente se ouvir uma pregação e entoar

alguns cânticos.

2 - Qual, então, é o motivo da Igreja na Casa? Qual a obra da Igreja na Casa?

A obra da Igreja na Casa é o desenvolvimento do serviço dos santos. Ou seja: a reunião

da Igreja na Casa existe para garantir que cada sacerdote, cada santo que frequenta aquela casa,

está vivendo e exercendo seu sacerdócio durante seu dia a dia.

A igreja se reúne na casa para garantir que cada um dos sacerdotes que ali se reúne, no

seu dia a dia, no seu convívio doméstico com a família, entre seus vizinhos, em seu trabalho, no

percurso da rua, na Farmácia, no açougue, no mercado, onde quer que esteja aquele sacerdote

está exercendo o seu serviço, está proclamando as virtudes daquele que chamou das trevas para

luz, está anunciando o evangelho, em contato com outros santos, lavando aos pés dos santos,

está consolando, animando. Não há intervalo na vida de um sacerdote entre uma e outra reunião.

A OBRA DA IGREJA NA CASA NÃO É A OBRA QUE SE FAZ NA CASA, MAS A OBRA QUE CADA
UM QUE SE REÚNE NA CASA FAZ EM TODO TEMPO, EM TODO LUGAR.

Quando os sacerdotes exercem esse sacerdócio em todo lugar e todo dia, quando se

reúnem há uma riqueza nos testemunhos.

Se não for assim, não seremos um reino de sacerdotes, mas um amontoado de gente

“cumprindo uma agenda” semanal de reuniões.

Não podemos ir ao encontro da casa como se fosse uma obrigação. Temos que ir com

nosso coração palpitando para testemunhar tudo aquilo que Deus fez em nós e por nós ao longo

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da semana.

Nós cremos que Deus tem Um Propósito e Uma Estratégia para cumprir esse propósito.

O Propósito do Deus Triuno, hoje, envolve:

 Uma família de filhos para o Pai, iguais a Jesus!

 Uma esposa para o Filho!

 Um templo para o Espírito Santo!

3 - E qual é a estratégia de Deus para cumprir o Seu propósito”?

A estratégia de Deus para cumprir o Seu propósito é o desenvolvimento do serviço dos

santos”. A estratégia é que cada santo desempenhe seu serviço em todo lugar e todos os dias.

Não é uma tarefa, mas um estilo de vida. Estamos postos no mundo para isso, e devemos viver

em função disso.

Nos atrevemos a dizer isso, que não é uma estratégia, mas que é a estratégia, baseados

em Efésios 4.11-16.

Efésios 4:11-16 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas ao aperfeiçoamento
dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus,
à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14 para que não
mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por
todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro. 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo, 16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta,
segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a
edificação de si mesmo em amor.

Jesus estabeleceu os ministérios específicos para um fim específico. Esses homens não

foram chamados para se autopromoverem, mas para um propósito bem definido, conforme

versículo 12.

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Devemos destacar a palavra “para” em “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o

desempenho do seu serviço”.

A igreja chegará a essa perfeição quando todos os santos desempenharem o seu serviço.

Todos os santos, não só obreiros, líderes, pastores. Judas afirma que a fé foi confiada aos santos,

não só aos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Estes foram postos na igreja para

correto ordenar os santos, para relaciona-los, capacita-los para que possam desempenhar o seu

serviço.

Quando esses ministérios específicos obscurecem o serviço dos santos estão agredindo a

Cristo; estão roubando dos santos a glória do seu sacerdócio, porque é por meio do exercício

desse sacerdócio que o corpo de Cristo será edificado.

Quando os santos não estão relacionados, não estão vinculados e não desempenham o

seu serviço acabam ficando expostos as artimanhas dos homens, as astúcias com que induzem

ao erro, e se tornam como meninos agitados de um lado para outro por todo vento de doutrina.

É o corpo de Cristo quem edifica o corpo de Cristo. Produz a edificação de si mesmo em

amor, pela justa cooperação de cada parte. Não há espaço na casa de Deus para membros

inoperantes, que não tem serviço a operar.

Concluímos, assim, que se os santos não desempenharem o serviço deles, o Corpo de

Cristo não será edificado.

Que tremenda responsabilidade pesa sobre cada um dos santos redimidos pelo sangue

de Jesus, e que tremendo privilégio participar desse serviço eterno. É a única atividade que

permanecerá para a vida eterna. Toda obra humana desaparecerá, bem como toda conquista

humana, e tudo o que os homens edificaram sobre a terra vão desaparecer.

É nas casas que se pode garantir que o meu e o teu serviço serão desempenhados, e que

iremos cooperar para a edificação do corpo de Cristo.

A IGREJA NA CASA EXISTE PARA GARANTIR QUE ESTAMOS CUMPRINDO ESSA


ESTRATÉGIA COM FIDELIDADE.

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O ambiente onde é possível avaliar e saber se cada santo e cada sacerdote está cumprindo

e desenvolvendo o seu serviço é na casa. É impossível avaliar isso num ambiente grande, numa

multidão reunida onde não se sabe quem é quem, nem o que cada um está fazendo.

O único ambiente onde cada sacerdote pode ser recebido, amado, corrigido, curado de

suas feridas provocadas pelo mundo, consolado, suprido, equipado, orientado e mobilizado para

desempenhar o seu serviço no seu dia a dia, é o ambiente da casa.

É importante recuperar aquilo que produziu tanta potência na igreja do princípio: uma

igreja cheia do Espírito Santo e que, continuamente, estava nas casas de maneira espontânea,

esforçando-se mutuamente e capacitando-se mutuamente para o desempenho do seu serviço.

Quando nos reunimos nas casas devemos nos sentir como “soldados voltando da batalha”.

Estamos em guerra contra o mundo. Nós não somos dessa guerra, mas passamos todos os dias

em contato com este mundo: no nosso trabalho, estudos, relacionamentos com parentes, com

vizinhos. Estamos expostos ao mundo. Isso nos marca, nos machuca.

Então, quando nos reunimos nas casas é como “soldados que voltam de uma guerra para

limpar as armas, contar vitórias, derrotas e enfrentamentos, se apoiarem mutuamente e

retornarem à batalha”. Ali serão curados os feridos, perdoados, amados, servidos, restaurados, e

ali serão mobilizados e capacitados outra vez para voltarem à batalha e fazer vencer e avançar o

reino de Deus sobre a face da terra.

O encontro da casa deve funcionar como “bomba de encher pneu de bicicleta”: primeiro

aspira (colher dos irmãos como foi a semana de cada um é como está a vida de cada um – ouvir

os testemunhos do exercício do sacerdócio), depois insufla (animar, corrigir, consolar, capacitar

para o trabalho).

Quando os santos não exercem seu sacerdócio, o encontro na casa é vazio de participação

dos santos e, então, acontece o que chamamos de “encontro do desespero”, ou do marasmo:

todos quietos e o líder buscando inventar o que fazer para “animar” a reunião.

Chamamos de “reunionite” uma doença que ataca o corpo de Cristo, em que a reunião

termina sendo um fim em si mesmo. É a reunião pela reunião. Acontece a reunião e não tem

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qualquer conexão com a reunião anterior. Quando não se traz para a reunião nada do que

aconteceu durante a semana com os irmãos, e essa reunião não terá nenhuma conexão com a

reunião seguinte, porque os irmãos não saíram dali equipados e mobilizados para

desempenharem o seu serviço ao longo daquela semana e na próxima reunião terem

testemunhos para trazerem. A “reunionite” é uma inflamação no corpo de Cristo, nas juntas e

ligamentos.

Mas, o encontro será glorioso quando a cada dia, em cada lugar que passamos deixamos

o bom perfume de Cristo, deixamos as marcas do reino de Deus, pregando o evangelho, nos

compadecemos das pessoas, socorremos os necessitados, lavamos os pés aos santos, consolamos

e animamos uns aos outros em todos os relacionamentos durante a semana.

Assim deve ser o encontro da Igreja na casa. Assim deve ser a vida da Igreja de Deus.

Que no próximo encontro da Igreja na casa você possa chegar lá pleno, transbordante de

testemunho daquilo que Deus fez em você e por teu intermédio.

Perguntas para considerar atentamente:

1. Por que nos reunimos nas casas?

2. Qual é o verdadeiro templo e a verdadeira casa de Deus? Você consegue demonstrar isso

nas Escrituras?

3. Qual a obra da Igreja na casa?

4. O que chamamos de “reunionite”?

5. O que ocorre com o encontro da Igreja na casa quando os sacerdotes não trazem

testemunhos de sua vida fora da reunião na casa?

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