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Projeto FUNDAMENTOS

ENCONTRO 74

Vanjo Farias
Edmar Ferreira
Manoel Rocha
João Bium
Eliseu Moreira

Tema: A IGREJA NA CASA – PARTE II

Eliseu Moreira

Transcrito por: Eric Lins e Gilberto Bajo.

Nossa ideia é pensarmos um pouco sobre o propósito da reunião da Igreja nas casas.

Vanjo, na reunião passada, foi preciso e cirúrgico ao nos apontar distorções e equívocos

que comprometem o desenvolvimento e o serviço dos santos e nos fazem viver numa estrutura

antiga e inadequada.

Mateus 9: 16-17 Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque
semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo
em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-
se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.

Esta foi uma graça que o Senhor trouxe através de Vanjo na semana passada.

Parece-me que o Espirito Santo insiste em nos falar para que desprendamo-nos das nossas

incrustadas tradições, abrindo canais que nos façam entender a Igreja a partir do seu Propósito

Eterno.

O que Deus pensava antes da criação do mundo?

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Efésios 1:3-5 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado
com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos
escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio
de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,

Parece que muda tudo quando pensamos do ponto de vista da eternidade passada. Se

pensarmos no evangelho a partir da redenção a nossa visão fica estranha. É quase uma religião

que nós vamos entender. Vamos entender uma religião com os protocolos, ideias e doutrinas.

Apenas isso.

Quando pensamos no que o Pai planejou antes da fundação do mundo nós chegamos

numa conclusão de que Ele nos escolheu para sermos filhos, porque Ele quer ser Pai de uma

família grande. Então a ideia não era uma religião nem um cristianismo, mas uma família. Uma

família de filhos onde Jesus é a primazia, ele é o primogênito, nosso irmão, nossa referência de

filho.

Isto nos aponta com clareza seu objetivo do Pai e intenção, deste modo, temos sido

abençoados por ministrações e ensinos riquíssimos sobre este assunto.

Falarmos sobre o propósito de reunirmos como igreja nas casas é de suma importância,

porque vamos pensar num funcionamento neotestamentário, e isto vai abrir a nossa mente para

entender como pensou o Senhor como sua Igreja, sua família viveria.

Antes de pensarmos sobre o propósito da reunião, gostaríamos de dizer o que não é

propósito da reunião. Nossas reuniões e encontros não tem o propósito de adoração nem de

evangelismo, nem de ouvir um sermão, nem de confraternização.

Qual o propósito da reunião?

Por que não é adoração?

A adoração deve estar intrínseca em nós, como reconhecimento da bondade e grandeza

do nosso Pai. É nossa devoção que está ligada a uma atitude de humildade e o reconhecimento

que Ele merece. Não precisamos necessariamente estar numa reunião para adorar. É importante

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a adoração coletiva, mas não é o centro da reunião.

Embora cantar ao Senhor seja uma faceta da adoração, muitos cristãos restringem-se a

pensar que adorar é cantar. Apesar de que cantar louvores ao Senhor ser uma faceta magnífica

da adoração, ela não é o centro da reunião nem em si mesmo insere que é plenamente a

adoração.

Claro que nós vamos estar no encontro com espírito de adoração, mas nunca foi o

principal objetivo.

Nem é evangelismo. O evangelismo na igreja primitiva sempre se deu onde os

inconversos se encontravam (praças, mercados, sinagogas etc.). Paulo deixava isso claro em

muitos momentos em praça pública proclamando o reino de Deus. Embora pudesse haver não

convertidos presentes na reunião, mas não era o objetivo da reunião.

1 Coríntios 14:23 Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem
a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão,
porventura, que estais loucos?

Há possibilidade de um indouto, um incrédulo estar na reunião? Sim. É proibido?

Absolutamente não, mas a reunião não está em torno do inconverso, não está em torno do

pecador. Não é uma reunião para evangelizar, embora possa haver esse serviço se o Senhor assim

dirigir.

Qual é o objetivo da reunião?

Mutualidade e Edificação

Temos também que admitir que embora o ministério da palavra seja algo importante, não

é o centro da reunião, nem exclusivo para alguns poucos.

Se o propósito neotestamentário da reunião não é adoração, nem evangelismo, nem

pregação, nem confraternização, então qual era?

1 Coríntios 14:26 Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro,
doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja

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tudo feito para edificação.

Hebreus 10:24-25 24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras. 25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de
alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.

É claro que esse texto é muito utilizado para se estimular aqueles que estão desanimados

em se reunir, mas, ao meu ver, esse texto diz que há outro objetivo: é nos estimularmos em amor.

Não é simplesmente estimular que você vá à reunião, mas que você vai à reunião sabendo o que

você vai fazer lá.

Romanos 14:19 Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de


uns para com os outros.

1 Tessalonicenses 5:11 Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente,


como também estais fazendo.

A reunião foi estabelecida com objetivo que cada membro participe na edificação do

corpo. Isso é lindo! A ideia é família; que cada membro participe desse serviço de edificar,

construir, fazer Cristo melhor na vida do outro.

Efésios 4:16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda
junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a
edificação de si mesmo em amor.

Efésios 5:19 falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor
com hinos e cânticos espirituais,

Colossenses 3:16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-


vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais, com gratidão, em vosso coração.

Embora não temos um tratado inflexível ou rigoroso, creio que Deus quer resgatar em nós

princípios. Se no Velho Testamento você imagina o Tabernáculo, a Lei, as orientações eram

detalhadas e ninguém era para fazer o que queria, se o Senhor fez isso na velha aliança ele deixaria

a mercê de cada um de nós de guiar a sua Igreja como quisesse? Deixaria que fizesse tudo o que

viesse à cabeça como, natural, estamos vendo hoje? Não. A Igreja tem um dono, um cabeça e Ele

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nos orienta os princípios que devem ser estabelecidos para um encontro do seu povo e da sua

família.

Atos 2:46-47 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em


casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a
Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o
Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.

Destaco aqui como era a vida desta Igreja: havia alegria, simplicidade, perseverança,

espontaneidade são notas claras e a edificação sua meta principal.

Fico imaginando a alegria de estar juntos. Imagino como eles comiam o pão, faziam sua

ceia, como se reunião com simplicidade, espontaneidade. Havia a formação de Cristo, a edificação

na vida dos irmãos.

 A reunião estava fundamentada no princípio que estimula o funcionamento de cada

membro, contrariando o sacerdócio passivo. Temos falado sobre o sacerdócio de

todos os santos, e gostaria de destacar que esse sacerdócio não pode ser passivo,

como ouvintes profissionais, indo para o encontro apenas para ouvir, achando que

nosso papel é ouvir e ouvir.

 As características importantes de uma reunião neotestamentária sempre foram: a

liberdade e mutualidade.

Eles iam para edificar. Sabiam que eram sacerdotes. Havia uma restauração, uma ideia

clara do seu papel no encontro.

Todos os irmãos devem sentir que tem o privilégio e a responsabilidade de contribuir com

o crescimento do irmão. A sincera liberdade e informalidade fazem parte do ambiente propicio

para que o Espirito Santo flua em cada membro, através dos dons outorgados. Portanto, a

importância da consciência do sacerdócio de todos os santos. Por isso é importante sairmos de

um sacerdócio passivo.

Talvez as estruturas de funcionamento, as liturgias que estamos acostumados a ver nos

criaram uma ideia de que vamos sentar num banco e ouvir sermões, nos confraternizarmos, mas

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sem ter que nada dar.

 O encontro deve ser dinâmico e que produza crescimento espiritual.

“Se não funcionamos, não crescemos”.

Manoel ao falar sobre a reforma, nos deixou claro que embora se restaurou a doutrina do

sacerdócio de todos os santos, não se restaurou adequadamente a prática.

 A reunião neotestamentária foi desenhada por Deus para cumprimento do Seu Proposito

Eterno, que está centrado em formar Jesus. Deus imagina que a família dele vai se reunir

em cada casa. Ele imagina que os bebês, os filhinhos vão beber leite, se alimentar, e vão,

também, contribuir com seu testemunho, sua alegria, e todos vão sair edificados, porque

o centro da reunião é a edificação.

Gálatas 4: 19 Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo
seja formado em vós;

Qual é objetivo? Cristo formado em nós.

O ministério mutuo ou ministério de todos os santos aplicado no desenvolvimento do

encontro, pode ser um antídoto divino para evitar o estabelecimento de uma creche para meninos

grandes, que não tem ânimo de dar sua contribuição e exercer o seu sacerdócio. Sendo assim um

meio de crescimento espiritual e funcional.

Hebreus 5: 12-14 Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que
se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos
haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer
que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é
menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume,
têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.

Eu imagino que o escritor aos hebreus está dizendo que eles desenvolveram um

sacerdócio passivo. Não cresceram. Perderam de crescer, da mutualidade, de trocar edificação no

corpo.

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Esse encontro com essa mutualidade, com essa participação, esse sacerdócio ativo, através

do Espírito, dos dons, da graça repartida quando alguém, de repente, tem um cântico, um salmo

que Deus te deu e escreveu e você vai lá e compartilha.

 Não se exclui planejamento nem ordem.

As reuniões participativas devem ter clareza, equilíbrio e avaliação. Sem, contudo,

restringir o Espirito Santo na distribuição de dons e sua presidência. É claro que ele vai usar irmãos

maduros, que estão cheios de alegria e sensibilidade espiritual.

1 Coríntios 14:28-32 Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando
consigo mesmo e com Deus. 29 Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e
os outros julguem. 30 Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se
o primeiro. 31 Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem
e serem consolados. 32 Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas;

Paulo fala de ordem. O espírito dos profetas está sujeito aos profetas. Não é o Espírito de

Deus, mas o espírito do profeta. Ele pode se controlar. Um fala, depois outro. Tem avaliação e

julgamento pra ver se esta é palavra do Senhor. Então, se esta é a Palavra do Senhor, que

recebamos a Palavra do Senhor. Olha que encontro participativo, que graça, que mutualidade,

que espontaneidade, alegria, liberdade, que gozo está num encontro desse.

 Um marco importante das reuniões neotestamentária: A ceia, o partir do pão

Atos 20:7 No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão,
Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até
à meia-noite.

Importante deixar bem claro para nós que essa celebração da morte, da ressurreição, da

acessibilidade, porque Jesus é pão acessível a todos, essa da unidade, porque não podemos cear

estando com problemas, dificuldades, ódio ou raiva, divisão com nosso irmão, está claro no Novo

Testamento que o objetivo da reunião da Igreja primitiva era a mutua edificação e um elemento

central para este objetivo era a ceia, o partir do pão.

Devemos dar um pouco mais de valor ao partir o pão quando estivermos juntos. Lembro

dos dois discípulos no caminho de Emaús que perceberam Jesus quando ele partiu o pão. Jesus

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foi convidado a cear com eles.

Quero concluir esta palavra simples, singela desse modelo de reunião, de razão porque

nos reunimos, a razão exata do motivo da reunião, o propósito da reunião da Igreja na casa.

1 Crônicas 15:15 Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas
que nela estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR.

Essa é uma referência de Êxodo 25:14, quando estavam orientados de que a arca deveria

ser levada nos ombros. Eram quatro homens, duas varas. Era uma função muito nobre levar a arca

do Senhor, mas era nos ombros.

2 Samuel 6:3 3 Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de
Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro
novo.

2 Samuel 6:7-12 7 Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por
esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus. 8 Desgostou-se Davi, porque o
SENHOR irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje. 9
Temeu Davi ao SENHOR, naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do SENHOR? 10
Não quis Davi retirar para junto de si a arca do SENHOR, para a Cidade de Davi; mas a
fez levar à casa de Obede-Edom, o geteu. 11 Ficou a arca do SENHOR em casa de
Obede-Edom, o geteu, três meses; e o SENHOR o abençoou e a toda a sua casa. 12
Então, avisaram a Davi, dizendo: O SENHOR abençoou a casa de Obede-Edom e tudo
quanto tem, por amor da arca de Deus; foi, pois, Davi e, com alegria, fez subir a arca de
Deus da casa de Obede-Edom, à Cidade de Davi.

Fizeram uma inovação naquele momento de colocar a arca do Senhor num carro de bois.

O carro tombou, Uzá pois a mão na arca e morreu. Ali estava claro que o Senhor não gostou da

inovação.

Deus não gostou da inovação para levar a arca. O que você pensa que Deus sente quando

metem a mão na Igreja dele e querem fazer do jeito que a mente humana produz? Acha mesmo

que Deus deixaria para que cada um dissesse como deve se comportar, ou como deve ser uma

reunião?

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A Bíblia nos dá princípios claros de funcionamento. Princípios claros de que o Espírito

Santo distribui dons para edificação do corpo, e que cada membro do corpo tem o que fazer, não

só na reunião, mas também na reunião.

Diante das desordens que houve na igreja de Corinto, inclusive quanto as reuniões e a

ceia, o apóstolo Paulo não sugere mudanças de princípios. Muito pelo contrário, anima e fortalece

a liberdade, informalidade e mutualidade. Ele corrige desvios, mas restaura princípios.

Nossos encontros cheios de participação, de alegria e simplicidade, de mutualidade, onde

o Espírito Santo tem a liberdade de produzir, agir, acrescentar, e isto no organismo que é o corpo

de Cristo.

Perguntas para considerar atentamente:

1. Qual o propósito da reunião da igreja na casa?

2. O meu sacerdócio tem sido ativo ou passivo?

3. Como não ser um sacerdote passivo?

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