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GREGO ERA A LINGUA ORIGINAL DO NT?

Literatura:
Greijdanus, S., Het gebruik van het Grieks door den HEERE en zijne Apostelen in Palestina
(1932);
Greijdanus, Het grieksch als authentieke tekst voor de exegese van het NT (1940);
Popma, K.J., Evangelie contra Evangelie: het griekse karakter van het NT (1941);
Kilpatrick, G.D., Hebraismes in NT Grieks (1962)............
Moeller, Henry R., An overlooked Structural Pattern in NT Greek (1962) .........
Boman, Th., Das hebräischen Denken im Vergleich mit dem griechischen (1968, 5ª edição);
Hengel, M., Judentum und Hellenismus (1969);
NN, Greek among the Jews of Palestine in NT times (1974) NTS 20, 87ev;
Turner, Nigel, Jewish and Christian Influence on NT Vocabulary (1974) ........
Meijer, J.A., Oecumenische Taal (1976);
Silva, M., Semantic borrowing in the NT (1976) ............
Meijer, J.A., Oecumenische Taal. Beschouwingen over het NT Grieks in de laatste twee eeuwen
(1976);
Mussies, Gerard, Grieks als Taal van het NT (1981) Bijbels Handboek dl.1, 201-216;
Hoftijzer, J. Hebreeuws en Aramees als Bijbeltalen (1981) Bijbels Handboek dl 1 (173-200)

Hoftijzer, J. Hebreeuws en Aramees als Bijbeltalen (1981) Bijbels Handboek dl 1 (173-200)

Só uma pequena parte do AT foi escrito em Aramaico. São os seguintes versículos: Gên. 31,47 (duas
palavras, que Jacó usou para definir o memorial que ele criou Gal-´ed); Jr. 10,11, Esdras 4, 8 até 6,18,
Esdras 7, 12-26 e Daniel 2,4 até 7,28. A maior parte desses textos foram escritos depois do século VI aC.
Isso tem a ver com o fato que na época dos Persas o Aramaico teve uma grande influencia no Oriente
Médio.

O Aramaico, que desde 700aC se desenvolveu como linguagem diplomática e comercial no Oriente
Médio com seu auge no período dos Persas, foi considerado (até hoje) como uma só língua e foi
chamado “Aramaico Nacional”. Ele recebeu esse nome, porque os linguistas queriam destaca-lo dos
outros dialetos de Aramaico, que existiam antes ou depois desse período. Aramaico em si não é o termo
de uma só linguagem, mas de um grupo de linguagens. De acordo com Franz Rosenthal (um especialista
em Aramaico) o Aramaico da Bíblia é quase idêntico com o Aramaico Nacional, que se usava nos
documentos oficiais dos Persas. Observando isso, devemos tomar cuidado de não falar sobre um
“Aramaico Bíblico”, porque isso pode ser enganoso: isso sugere uma linguagem santa com um conteúdo
próprio. Isso não é correto. O Aramaico foi uma linguagem normal, que se falava na rua e no palácio.

O Aramaico Nacional não é uma unidade linguística. De acordo com Jonas C. Greenfield existia uma
Aramaico oficial, que tinha muita influencia na época dos Persas, mas a maioria dos escritores foram
influenciados pelo dialeto especifico da sua região. Por causa disso, não se encontra um Aramaico
“puro”. Hoftijzer concorda com isso e menciona o “Hermopolis Papiri”, que foram encontrados em Egito
e publicados em 1971. A origem desses papiri é do período dos Persas (a segunda parte do Século V aC.),
apesar disso o Aramaico do documento manifesta tantos elementos específicos, que devemos concluir
que o aramaico do escriba era particular. Além disso existem os papiri de Elefantinho (século V aC.), que
tem também a sua origem em Egito, mas esses documentos tem um tipo de Aramaico que combina
melhor com o Aramaico Nacional, porém, em alguns momentos demonstram um dialeto particular. Por
causa disso, não pode se dizer que existia um Aramaico oficial, que tinha uma validade geral num certo
período da história e que substituiu -em escrito – todos os outros dialetos de Aramaico.

A influencia do Aramaico Nacional diminuiu devagar. Esse processo começou (provavelmente) durante o
século IV aC., com a decadência do império dos Persas e o início do império Grego. Porém, ainda se
encontram restos do Aramaico Nacional nos séculos seguintes.

Observando, o que foi dito acima a respeito da influencia dos dialetos no Aramaico Nacional, deve se
perguntar se o Aramaico da Bíblia está completamente de acordo com o Aramaico Nacional? O material
do AT demonstra uma certa divergência. Por exemplo: Jr. 10,11 tem uma ortografia antiga (de uma
certa consoante) que nós não encontramos nos outros textos, enquanto não existis um motivo para não
usar tal ortografia. Além disso, se encontra em Jr. 10,11 a ortografia antiga de um pronome pessoal, que
se encontra também em Esdras, mas não em Daniel. Jr. 10,11 tem também o plural de um Imperfeito,
que não é usado no resto do material, menos Daniel 5,10. Também existem muitas divergências entre
Esdras e Daniel. O motivo dessas divergências pode ser o próprio dialeto do escriba

No livro de Esdras se encontram muitos documentos oficiais em Aramaico. 1) Uma carta do


governadores de Israel ao Rei Persa (Esdras 4, 11-16); 2) Uma carta do Rei aos governadores de Israel (4,
17-22); 3) Uma carta dos governadores ao Rei Persa (Esdras 5, 7-17); 4) Um decreto de um rei Persa
(Esdras 6,2-5); 5) Uma parte de uma carta aos governadores escrita pelo Rei Persa (Esdras 6, 6-12); 6)
um decreto do rei Persa (Esdras 7, 12-26); A linguagem e a ortografia desses documentos demonstram
muitas divergências com o Aramaico oficial, que se encontra no chamado “Arsjam-Correspondencia”, e
as divergências com a correspondência de Elefantinhos são ainda maiores (Século V aC.). Isso leva a
pergunta se os documentos que se encontram em Esdras são originais ou uma adaptação do escriba que
escreveu o livro de Esdras. Pode ser que ele deixou fora certas partes, que não eram importantes e que
ele também adaptou a linguagem e a ortografia àquela do seu próprio região. Isso pode indicar também
que o texto de Esdras foi escrito num período mais novo (Século IV aC.) num região mais distante, no
qual a influência do Aramaico oficial era menos forte.

Então Hoftijzer sabe que o Aramaico era a linguagem oficial no Oriente Médio desde o século VII. Ele
sabe também que o Aramaico que se encontra na Bíblia demonstra divergências com o Aramaico oficial
e acha que isso foi causado pelo próprio dialeto do escriba. Hoftijzer explica também que o Aramaico
substituiu o Hebraico, porém isso não levou a extinção do Hebraico.

O que chama a atenção é a facilidade de mudar de Hebraico para o Aramaico. Por exemplo: o início de
Daniel 2 é escrito em Hebraico, porém em vs 4 se diz que os Caldeus falaram ao rei em Aramaico. Então,
o discurso direto que segue está efetivamente em Aramaico, mas quando esse discurso termina (em vs
7) a história continua em Aramaico. Uma transição semelhante se encontra também em Esdras. Em
Esdras 4,7 se diz (em Hebraico) que uns funcionários escreveram uma carta ao rei Artaxerxes. A carta
estava escrita em caracteres aramaicos e na língua siríaca. O versículo seguinte (vs. 8) foi escrito em
Aramaico. Um excepção é Esdras 7, 12-16: aí encontramos um documento em aramaico, mas o contexto
é hebraico. Não houve uma transição. Só podemos entender essas transições de uma língua para outra
língua se aqueles que escreveram esses textos se expressavam facilmente tanto no aramaico como
também no Hebraico. Tais transições se encontram também na literatura judaico mais novo, como o
Midrasjim.

Apesar de tudo o que foi dito acima, Hoftijzer não chega a conclusão que que o NT foi escrito numa
língua semítica. O NT não foi escrito em Aramaico, mas na Koiné. Porém, ele admite que na época de
Jesus o aramaico tinha um papel importante como língua do povo. Por causa disso encontramos
palavras de Jesus em aramaico, como por exemplo: “Efatá” (Mc 7,34), “Talitá cumi” (Mc 5,41), a
palavrão “raká” (Mt 5,22) e “Abba” (Mc 14,36; veja também Rm 8,15 e Gal. 4,6). Isso demonstra que
Jesus falava aramaico. Além disso, encontramos algumas vezes uma palavra hebraico na fala de Jesus,
como por exemplo a palavra “korban” (Mc 7, 11. A palavra poderia ser aramaica, mas preferimos pensar
no Hebraico. Em Mt 27,6 se encontra no texto grego uma transcrição do equivalente aramaico). A
palavra de Jesus na cruz “Eli, Eli, lamá sabactâni” (Mt 27,46 e Mc 15,34) é uma citação de Salmo 22,2,
porém a última palavra está em aramaico. Emborra o exemplo de Mc 7,11 (veja acima) abra a
possibilidade que Jesus também falava Hebraico, em geral devemos concluir que Jesus falava aramaico.

Existem mais exemplos nos evangelhos da fala aramaica. Por exemplo a palavra “rabone” (Mc
10,51. Maria Magdalena usou o mesmo título em João 12,13). Quando Jesus fala ao Pedro e o chama
“Simão Bar Jonas” (Mt 16,17: bar é o aramaico para filho). Também o nome “Barabbas” e “Marta”. O
título “rabi” (Mt 23,7.8; 26,25) é provavelmente hebraico. A saudação que usa a palavra “hosana” (Mt
21,9; Mc 11,9 e João 12,13) é uma citação do Salmo 118,25. Neste caso o “hosana” é falado em
aramaico. Fora dos evangelhos se encontra a palavra “Maranata” (1 Cor. 16,22). As palavras “amem”
(Mt 5,18,26 e 6,2) e “aleluia” (Apoc. 19, 1.3.4.6) não dizem muito sobre o uso de hebraico, porque são
expressões que foram emprestadas do AT. O que chama a atenção são as citações hebraicas no livro
Apocalipse: “Abadom” (Apoc. 9,11) e “Armagedom” (Apoc. 16,16).

Além dessas palavras aramaicos que entraram diretamente no texto grego do NT, existe uma
influência maior do aramaico pela fala de dia em dia dos evangelistas. Eles pensavam em
aramaico e com certeza isso tinha um impacto na sintaxe do grego. (NB: as variantes que mudaram a
ordem das palavras. Atrás do texto grego existia uma sintaxe aramaico?).

Hoftijzer está feliz com o fato que hoje em dia os cientistas do NT concordam que o aluno deve
ter um bom conhecimento do mundo judeu-rabínico. Esse conhecimento é indispensável por todos que
querem entender e traduzir o texto do NT. Também devem ter um bom conhecimento da língua
aramaica (também dos diversos dialetos que se falava em Palestina!), para que possa reconhecer a
influência do aramaico no texto grego. Negligencia disso traz dano para a exegese.
A questão que atraiu muita atenção foi a questão “Jesus falava aramaico?” Essa questão é
errada e não existe mais. Hoje em dia a questão é esta: “Que tipo de aramaico falava Jesus?”.

Observando o que Hoftijzer disse sobre o texto do NT, que é Koiné; observando também os exemplos de
palavras aramaicas, que ele citou, devemos nos perguntar PORQUE OS AUTORES INCLUIRAM ESSAS
PALAVRAS ARAMAICAS? Será que eles fizeram isso para dar um “cheiro” local ao narrativo? Ou será que
essas palavras foram ditas com tanta emoção, que uma pessoa perde o controle sobre o uso da
linguagem oficial e começa a falar na sua língua materna? Essa é uma questão exegética. OU será que
isso significa que o texto é uma tradição do Aramaico para o Grego? Devemos observar o contexto
dessas expressões para ver se haja variantes a respeito da ordem das palavras que podem indicar que o
texto é uma tradução do aramaico. Então Vamos observar os exemplos de perto.

Em primeiro lugar vamos observar os textos em Mateus (considerando que Mateus era Levi o publicano,
que com certeza falava Aramaico diariamente; considerando também o fato que existem o Evangelho
dos Hebreus, que foi escrito em Aramaico e que parece muito com o Evangelho de Mateus; será que o
Evangelho de Mateus é uma tradução do Evangelho dos Hebreus?)

1) Mt 5, 18 e 26 “Amem”. Não é significante, porque é uma expressão que vem do AT.


2) Mt. 5,22 “raka”. Se “raka” é um palavrão aramaico, “mooros” também? Não, “mooros” é uma
palavra verdadeiramente grega! Grosheide diz: todos os leitores da versão grega de Mateus
(SIC!) entendiam “mooros” como palavra grega; não poderia ser considerado como uma
transcrição da palavra hebraica “morah” (- obstinado). Além disso, “mooros” se encontra
também na literatura judaica, que pode indicar que a palavra já existia na época de Jesus como
palavrão ao lado de “raka”. (AdG: o que indica que o povo falava duas lingas) AdG: outra
observação: essas expressões foram ditas num estado de raiva, quer dizer com emoções!
3) Mt 6,2 “Amem”. Veja comentário 5,18.
4) Mt 16,17 “Simao Bar Jonas”;
5) Mt 21,9 “hosana”
6) Mt 23, 7 e 8 “rabbi”; parece que a palavra “rabbi” é carregada aqui. Jesus quase usa como
palavrão. Não deve usar.
7) Mt 26,25 “rabbi”
8) Mt 27,6 “eis ton korbanan” (só o Vaticano tem “korban” como variante!); “korbana” é
aramaico, “korban” é Hebraico. Então, nota bem que o Vaticana corrige o aramaico e substituiu
o aramaico pela palavra hebraica “korban”.
9) Mt.27,46 “Eli, Eli, lama sabactâni”. Grosheide observou a divergência entre o Sinaitico (lema
sabachtani) e o Vaticano (lema sabaktani) (Majoritaria (Lima Sabachtani) (AdG a citação não é
do LXX, mas da própria bíblia Hebraica! Grosheide diz que a citação é em Aramaico. Isso pode
explicar a diferença com o Hebraico (“lema” em vez de” lama”), Jesus estava sofrendo e citou
com muita emoção (!) Salmo 22,2. Mateus de proposito colocou a citação em aramaico, para
que o publico (grego?) poderia entender a zombaria dos judeus, que falaram sobre o profeta
“Eli”. Isso é interessante, porque parece que o publico em redor da cruz não sabia que ele
estava citando salmo 22. Se eles soubessem, não iam fazer esse tipo de zombaria OU eles
fizeram isso de proposito zombando com as palavras de Jesus. De qualquer maneira, a palavra
“sabachtanei” é aramaico. Então, jesus falava aramaico. Mateus coloca logo uma tradução das
palavras pensando nos leitores que conheciam somente grego (!) Se não foi Mateus que
colocou essa explicação, o tradutor (sic) pode ter feito isso quando traduzisse o Evangelho
aramaico para o grego. Mas não temos certeza sobre isso) assim Grosheide).
O trecho acima citado serve para tirar algumas conclusões:
a) Jesus conhecia muito bem o hebraico do AT;
b) No seu sofrimento ele grita em aramaico, a sua língua materna;
c) Se Jesus falasse aramaico nas suas emoções e isso chamasse a atenção dos discípulos, ele
provavelmente falava uma outra língua em geral, seja hebraico, seja grego.
d) Jesus só falava Aramaico Ou ele era bilingue ou até trilíngue (Aramaico, Hebraico e Grego).
e) Parece que o povo em redor da cruz não entendeu o que ele estava dizendo;
f) Mateus deve explicar isso, e ele conta com um publico que entendia a língua grega!
g) Esse publico deve ser os Judeus (da Diaspora?), porque o Evangelho de Mateus tem como
objetivo explicar como as profecias do AT se cumpriram em Cristo Jesus.
h) Provavelmente Mateus falava bem o grego, porque ele era comerciante e funcionário
público; ambos usavam o grego como língua oficial.
i) O povo entendia bem o Koiné, veja João 19, 19-20. Pilatos colocou um texto na cruz
dizendo: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. O texto estava escrito em Hebraico, Latim
e Grego. E muitos Judeus leram este título!

Em segundo lugar vamos observar o Evangelho de Marcos. O Evangelho de Marcos se baseou na


testemunha de Pedro, que era um homem simples, que provavelmente falava o Aramaico. Marcos era
um judeu, que morava em Jerusalém. Ele também conhecia o Aramaico. Muitas pessoas acham que o
Evangelho de Marcos foi o primeiro Evangelho que foi escrito. Mateus e Lucas usaram o Evangelho de
Marcos como fonte. Então, talvez o Evangelho de Marcos fosse a fonte aramaica do Evangelho de
Mateus e Lucas?

1) Mc 5,41 “Talitá cumi”. Por que Jesus chamou a criança em aramaico? Será que ele estava
emocionado por causa da morte dela? Se for assim, ele também deveria ter usado o aramaico
quando ele chamou Lazaro do tumulo, dizendo “Lazara, vem para fora”, mas João não registrou
isso. Então acredito que Jesus usou o aramaico na casa de Jairo, porque foi a língua materna da
menina. Marcos traduziu isso para seu publico da Diáspora, que não entendia aramaico,
dizendo: “quer dizer: Menina, eu te mando, levante-te!”.
2) Mc 7,11 “Korban” Veja Mt 27,6
3) Mc. 7,34 “Efatá”. Jesus falou ao surdo. Pode ser que o homem só conhecia aramaico. Isso
chamou a atenção de Pedro. Marcos registrou isso e explica essas palavras para seu publico,
que não entendia o aramaico. Marcos, diz: o que quer dizer: Abre-te!”.
4) Mc 10,51 “rabboni”. Genebra traduz como “Mestre”, mas na rodapé se diz que o cego usou o
aramaico “rabboni” Um titulo comum para designar um mestre. Provavelmente falado com
referencia reconhecendo a submissão à autoridade de Jesus.
5) Mc 15,34 “eli, eli, lama sabachtani”. Veja Mt 27,48.

Dr. G. Mussies, Grieks als Taal van het NT (1981)

Dr. G. Mussies é uma autoridade nessa área. Ele não é um teólogo, mas um filólogo. Ele escreveu uma
tese, com o seguinte título: “The Morphology of Koiné Greek, as used in the Apocalipse of St. John”
(1971). O subtítulo diz: “A Study in Bilingualism”! J.A. Meijer, que ensinava grego em nosso seminário
diz a respeito de Mussies: “Ele fez um trabalho inovador. Em vez de olhar para trás continuamente para
comparar os resultados com as normas clássicas, que é um caraterístico dos gramaticas convencionais,
ele faz uma descrição linguística com um método pura sincrônico baseado nos princípios modernos da
linguística, que desde 1930 são usados e receberam reconhecimento geral. Porém na área do Novo
Testamento ainda não foram aplicados até agora, mas Mussies fez isso agora”.

Meijer continue e diz: “A morfologia de Mussies significa um estimulo enorme na boa direção,
especialmente quando consideramos a restrição do subtítulo da tese dele não muito coercitivo.
Não podemos considerar a obra dele como uma substituição do livro de Moulton-Howard. Isso não foi o
objetivo dele, e o nível da obra dele é elevado demais para isso. Se alguém tomara a iniciativa de
escrever uma nova gramatica para o Novo Testamento, ele deve contar com o fato que o conhecimento
linguístico é muito raro no meio dos teólogos; o uso de termos modernos da linguística será
provavelmente aceitável daqui a muitos anos numa obra de referencia que será usado pelos
seminaristas”.

Mussies escreveu também um artigo sobre Greek in Palestine and the Diáspora no livro de S. Safrai & M.
Stern (ed), The Jewish People in the First Century. Historical Geography, Political History, Social, Cultural
and Religious Life and Institutions (1976); Os resultados desse estudo de Mussies se encontram também
neste artigo “Grieks als Taal van het NT” (= Grego como língua do NT), que se encontra no Manual da
Biblia, Parte 1: O mundo da Bíblia (1981); O texto seguinte oferece um resumo das pesquisas dele.

Mussies começa seu artigo com a referência a João 7,35 onde os oponentes de Jesus se perguntaram:
Para onde irá este que não o possamos achar? Irá, porventura, para a Dispersão entre os gregos, com o
fim de os ensinar?”. Por que os oponentes se perguntaram isso? Será que Jesus falava grego?
Com certeza houve muitos Judeus da Diáspora visitando o templo em Jerusalém. O número desses
judeus que falavam Koiné deve ser grande, considerando que existia a necessidade de traduzir a bíblia
do AT em grego. A existência do LXX é uma prova que muitos judeus falavam (somente) grego. Além
disso, todos os 27 livros do NT chegaram a nós na língua grega! Por que? Seria mais logico, que o
evangelho foi escrito na linga local, que era o aramaico. Como era a situação em Palestina na época de
Jesus a respeito da fala? Como chegou o grego em Palestina? E por que se escreveu o Novo testamento
em grego? Para responder essas perguntas o autor observa o contexto maior, i.c. a Helenizarão de
Palestina, desde a conquistas de Alexandre o Grande (334-324 aC.).

A linguagem oficial do Império de Alexandre foi o grego ático (com influencias do iônico). Depois da
morte de Alexandre o império se dividiu e Palestina fazia parte da província de Egito. A língua grega que
se falava aqui foi um dialeto, que se chamava “Koiné dialektos”. Koiné foi o dialeto grego que se falava
nas províncias fora de Ática.

A política da helenização encontrou uma forte resistência dos Selêucidas, que levou à rebelião dos
Macabeus (167 aC.). O resultado foi um estado judaico autônomo. Durante esse período o Hebraico foi
reestabelecido como língua oficial ao lado da Koiné. Porém, essa mudança só se realizou numa área
limitada, sendo Jerusalém e circunvizinhança. A orla inteira de Israel ficou helenizado e existiam
também vários núcleos de helenismo: Marisa em Iduméia, a cidade de Samaria, Escitópolis (Bet-San),
Gadara e as outras cidades que faziam parte do Dekapolis; A influencia do reino dos Macabeus
aumentou soim, mas isso não diminuiu o uso da língua grega na área administrativa das cidades. O
contrario aconteceu, houve uma influencia no governo dos Macabeus, que se acostumavam a usar o
grego nas inscrições oficiais (moedas, inscrições etc). Então, o grego funcionava como língua do
governo. A pergunta deve ser feita se o grego foi também a língua do povo?

Com certeza, o grego era a língua comum nas cidades, que podem ser consideradas como colônias (o
Dekapolis etc). Mas não somente nesses lugares se falava grego. Também em Jerusalém se falava grego,
tanto no governo, como também no meio dos círculos dos sacerdotes. No primeiro século a C. o rei
Ptolomeu II mandou 72 escribas traduzir a lei judaica em grego. Parece que existia um centro para
estudar grego em Jerusalém. Isso pode explicar o fenômeno que Tiago escreveu a sua carta aos doze
trinos na Diáspora usando um grego excelente. Paulo também perfeiçoou seu grego aí. Por causa disso
o comandante lhe perguntou (Atos 21,37): sabes o grego? E Paulo respondeu: Eu sou judeu, natural de
Tarso, cidade não insignificante da Cilícia. Depois disso, ele começou a falar em língua hebraica (21,40).
E quando ouviram que lhes falava em língua hebraica, guardaram ainda maior silêncio... (22,2).

(AdG: podemos nos perguntar: por que? Há duas opções: a) o os judeus não esperavam que Paulo sabia
falar hebraico, OU o povo mesmo não sabia hebraico (!) Nota bem que foram os JUDEUS VINDOS DE
ASIA (21,27) que alvoroçaram todo o povo e o agarraram. Será que aqueles conheciam bem o hebraico?
A surpresa do comandante ouvindo Paulo falar grego, não significa que o povo em Jerusalém não falava
grego, o surpreso dele foi causado pelo fato que ele descobriu que Paulo não era o egípcio que conduziu
4 mil sicários no deserto. Parece que aquele egípcio não falava grego, e Paulo falava sim).

Mussies aponta também para o grande numero de inscrições que se encontraram na área de Palestina.
Isso pode significar que existiam muitos Judeus da Diáspora, mas o número era tão levado que isso
indica que também os judeus de Palestina falavam grego. Provavelmente, o povo falava grego, mas
existia também um grupo crescente de judeus, que se chamavam “Helenistas” (Atos 6,1 e 9,29). Parte
dessas helenistas eram os Libertos, os cireneus, os alexandrinos e os da Cilícia e Ásia (Atos 6,9). Outra
prova é também a existência de fragmentos da LXX na biblioteca de Qumran e até na fortaleza de
Massada. A existência da LXX já demonstra uma necessidade de ter a Biblia do AT na língua grega para
todos os judeus na Diáspora.

(AdG: isso leva a pergunta: qual foi a influência do LXX, que funcionava desde o segundo século a C.? Há
pessoas que dizem que o Grego dos judeus na época de Jesus é um grego que parece muito com o grego
do LXX. O LXX funcionava onde e como? Só em Egito, ou em toda terra mediterrâneo? O LXX foi lido em
todas as sinagogas?).

Herodes I estimulava a cultura grega e criou oportunidades para aprender grego. Ele criou os centros
helenísticos Cesárea e Sebaste. Nas cidades helenistas fora da Judeia moravam muitos judeus, que
falavam grego. Os Romanos mataram muitos desses judeus antes da grande rebelião em 66d C. Flavio
Josephus mencionou um grande número de vítimas: 20.000 mortos em Cesareia, 13.000 em Escitópolis,
2.500 em Askalon e mais mortos em Gadara e Hippos.

Outra coisa que chama a atenção é a ausência de tradutores, quando no NT os judeus se comunicaram
com os Romanos (ou vice-versa). Por exemplo: Jesus e o Centurião (Mt 8,5), Jesus e Pilatos, Pedro e o
Centurião Cornélio (Atos 10), nem o general Tito e os habitantes de Jerusalém. Jesus falava grego com
os habitantes de Gadara e os outros da Dekapolis (Mt 8, 28,34; Mc 5,17), Jesus e a mulher siro-fenícia
(Mc 7, 26). Em Mt 4,25 está escrito que numerosas multidões seguiam Jesus. Muitas pessoas do
Dekapolis. Será que alguém traduzia as palavras de Jesus para eles. Baseado em Atos 21, 27 e 40 e 22,2
podemos concluir que muitas pessoas nas ruas de Jerusalém entendiam o grego. Muitas pessoas se
perguntaram se Jesus conhecia e falava grego, Essa pergunta deve ser respondida afirmativamente.

Com certeza existiam muitos judeus que só falavam grego, mas não devemos exagerar esse número;
com certeza existiam também muitas pessoas que só falavam aramaico. Porém, não seria correto dizer
que o povo da Palestina do primeiro século falava somente aramaico. Existiam três línguas, que não
foram separados em áreas definidas como, por exemplo, em Suíça. Foi uma mistura que se encontrava
espalhada pela região. Não sabemos se existia uma região onde se falava exclusivamente hebraico. O
grego foi para a maior parte do povo uma segunda língua, de igual maneira como ela foi para os
Romanos. Tanto os judeus, como também os cristãos das cidades helenistas e dos repatriados da
Diáspora falavam somente grego; o conhecimento do grego e do aramaico (e talvez hebraico) se
encontrava mais nas cidades do que na áreas rurais e em geral mais no meio dos homens do que no
meio das mulheres; e especialmente no meio dos comerciantes, sacerdotes e funcionários do governo
(excepções existiam. Mussies oferece certos exemplos).

Outra pergunta: por que se escreveu o NT em grego?

A resposta tem a ver com a Diáspora. Os judeus que se mudaram para o litoral de Cirene, Egito, Síria e
Ásia Menor só podiam se comunicar com os moradores dessas cidades pela língua comum, que era
desde Alexandre o Grande o dialektos Koiné. Os apóstolos sabiam falar grego. Pedro, que falava
aramaico, se comunicava com o Centurião Cornélio sem ajuda de terceiros então em grego (Atos 10, 25-
28). Os judeus que por muito moravam no exterior falavam mais e mais grego e o conhecimento e uso
do hebraico e aramaico se tornou um conhecimento passivo. Eles sabiam ler, mas não era mais a língua
que se falava (NB Paulo falando em Hebraico e o silencio dos Judeus de Ásia!). Todas as cartas às
comunidades no exterior foram escritos em grego. A carta aos Hebreus foi provavelmente escrito em
Itália e foi direcionado para um grupo que se chamava “Os Hebreus”. Esse grupo poderia ter sido
qualquer comunidade judaica na Diáspora, mas normalmente se mencionava o endereço dessas
comunidades: aos Romanos, aos Coríntios, a congregação em Filadélfia etc. Considerando que se fala
sobre uma visita no futuro bem próximo, devemos pensar num grupo de Hebreus fora de Italia, que não
precisava uma indicação mais exata. Neste caso um grupo de Hebreus que ficavam na pátria em
Palestina, as comunidades em Judeia (Gal. 1,22). Em Jerusalém existia um grupo de Hebreus, que se
chamava assim por causa da linguagem, em contraste com os “helenistas” (Atso 6,1). Isso explica o uso
de vários exemplos sobre o culto e o trabalho dos sacerdotes. Provavelmente, os Hebreus eram
bilingue. Falavam tanto hebraico/aramaico como também grego.

Os Evangelhos foram escrito em grego para atingir os judeus na Diáspora e a maioria das pessoas no
Império Romano, como por exemplo Teófilo. Veja Luc. 1,3)

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