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Edificação da Casa de
Deus
Primeiro Dia
O propósito eterno compartilhado
Nós somos uma igreja em células, mas não por causa de algum modismo, por um capricho pessoal, nem
mesmo por ser uma estratégia mais eficiente para levar a igreja a crescer. Somos uma igreja em células
por um motivo mais profundo: acreditamos que as células são o meio de a Igreja expressar o Senhor na
terra.
A visão de células é bíblica e procede do Senhor. Se a praticarmos da forma apropriada, creio que
poderemos ver os resultados. O fato, porém, é que mesmo trabalhando com células, muitas igrejas não
avançam. Normalmente, crescem até certo ponto nos primeiros anos, mas depois param ou começam a
declinar. Isso acontece basicamente porque, depois de algum tempo, as células se tornam apenas uma
atividade religiosa, mais um dos muitos tipos de grupos pequenos. Se uma célula não estiver sendo
edificada de acordo com a vontade de Deus, ela brevemente passará. Porém, se a edificarmos segundo a
vontade do Senhor, nós permaneceremos para sempre e nossas células nunca serão abaladas, mas
crescerão e se multiplicarão.
Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus
permanece eternamente. (1Jo 2.17)
A Palavra do Senhor diz que aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre, e a obra que é
feita segundo a vontade dEle também permanece. Portanto, tudo o que precisamos fazer é edificar a
célula de acordo com a vontade do Senhor, ou seja, fazer a obra de acordo com o propósito eterno de
Deus.
Por isso, quero convidá-lo a desvendar o coração do Senhor para, então, fazermos Sua obra de acordo
com Sua eterna vontade.
a) Crescer e multiplicar
Deus quer ter muitos filhos semelhantes a Ele, por isso criou Adão à sua imagem e semelhança e ordenou que se
multiplicasse e desse origem a outros iguais ao Criador. Ele poderia ter criado milhões de homens de uma só vez,
porém, desde o início, Deus já mostrou que um dos aspectos de Sua obra é trabalhar gradualmente, através de
sementes.
Após a queda, contudo, o homem passou a gerar filhos semelhantes a si mesmo, pois a partir de então, tornou-se
pecador e passou a trazer em si a imagem do pecado, que é o diabo. Deus, então, rejeitou a velha criação e enviou
Jesus. Sabemos, portanto, que o Senhor Jesus veio para cumprir aquilo que Adão falhou em cumprir.
Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.
Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o
segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como
é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer
também a imagem do celestial. (1Co 15.45-49)
Adão, a velha criação, era alma vivente, mas Jesus, e com Ele a nova criação, é espírito vivificante, ou seja, as ordens
para Adão seriam cumpridas na esfera natural, e hoje, em Cristo, as mesmas ordens são cumpridas na esfera espiritual.
Todos nós também recebemos a ordem de crescer e multiplicar, não na esfera natural, mas na espiritual.
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século. (Mt 28.19,20)
E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. (Mc 16.15)
Um ministério que não se empenha no crescimento não entendeu o propósito de Deus para ele. O reino do diabo está
estabelecido neste mundo e nós somos instrumentos de Deus para desfazer as suas obras e prevalecer sobre ele. Mas
isso só vai acontecer se pregarmos o evangelho, gerarmos vidas, crescermos e multiplicarmos, pois, à medida que o
reino de Deus cresce, mais espaço toma do reino do inimigo. O espaço é limitado – para que um cresça, o outro tem
que diminuir. Assim, quando pregamos o evangelho, estamos tomando espaço do diabo e desfazendo suas obras.
b) Sujeitar
Há uma diferença entre o problema do homem e o problema de Deus e, portanto, a solução para eles também é
diferente. O problema de Deus foi a queda de Satanás, que está usurpando a autoridade sobre a terra. Para resolvê-lo,
é preciso que Seu reino venha e, para tanto, precisamos destruir as obras do diabo. Já o problema do homem é que ele
caiu e precisa receber a salvação, que vem através da pregação da Palavra.
Deus nos criou para resolver a primeira questão, ou seja, estabelecer Seu reino na terra. Isso significa que nossa tarefa
não é apenas pregar o evangelho, mas também desfazer as obras do diabo. A Igreja está aqui para sujeitar o inimigo,
tanto no nível individual quanto no coletivo. Sujeitamos as obras do diabo quando expulsamos demônios e curamos
enfermos. Por isso, quando Jesus realizava alguma dessas coisas, dizia que era chegado o reino e Deus. Assim, é
necessário que nós, como Igreja, confrontemos as obras do diabo onde quer que as encontrarmos. Além disso,
individualmente, cada um de nós deve aprender a subjugar o diabo. Portanto, todos precisamos lidar com ele,
sujeitando-o em todas as esferas de nossa vida. E, para isso, Deus nos deu os instrumentos necessários: o nome de
Jesus, a espada do Espírito, o próprio Espírito Santo em nós e mais uma série de armas espirituais poderosas em Deus.
O alvo de Deus é que Seu reino venha sobre a terra, e Ele atingirá esse objetivo através do homem:
Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá
sido desligado nos céus. (Mt 16.19)
E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. (Rm 16.20).
Lembre-se de que o problema do homem é que ele caiu e precisa receber a salvação. O problema de Deus é que
Satanás está usurpando a autoridade sobre a terra. Portanto, todos nós precisamos lidar com o inimigo, sujeitando-o em
todas as esferas de nossa vida. Sujeitar o inimigo é vencê-lo em todas as circunstâncias, não deixando que ele leve
vantagem em nenhum momento. Quando negamos o ego, ou quando louvamos e adoramos a Deus, estamos
sujeitando o diabo, pois ele foi um adorador que caiu, mas nós escolhemos adorar a Deus voluntariamente. O ego é a
expressão do orgulho satânico e, quando o negamos, sujeitamos Satanás.
c) Dominar
A esfera do domínio do homem é simbolizada pelo mar, a terra e o ar. Jesus mostrou-nos que até mesmo os animais
mencionados em Gênesis 1.28 simbolizam demônios no restante das escrituras.
O mar simboliza a morte e é um lugar de habitação de demônios, aqui representados pelos peixes. Em Apocalipse
lemos que o mar deixará de existir:
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. (Ap 21.1)
A terra é o campo de atividades de Satanás. Os animais que rastejam são notoriamente símbolos de demônios, como a
serpente que simboliza o próprio Satanás, assim como os répteis e os escorpiões.
Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente,
vos causará dano. (Lucas 10.19)
O ar é o lugar da habitação dos anjos caídos (Ef 2.2). As aves do céu simbolizam demônios, tanto em Efésios como na
parábola do semeador, onde as aves que roubavam a semente do coração dos homens eram também demônios.
E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram... A todos os que ouvem a palavra do
reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à
beira do caminho. (Mt 13.4, 19)
Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência. (Ef 2.2)
3. Imagem e domínio
O ponto central dos versículos 26 a 28 do primeiro capítulo de Gênesis é “imagem e domínio”. O propósito de Deus,
desde Adão, era dar ao homem Sua imagem e domínio. O homem recebeu a imagem de Deus para exercer o domínio
na terra em Seu lugar. A imagem é a base da autoridade e do domínio – é porque se parece com Deus que o homem
pode exercer autoridade. O homem recebeu a imagem de Deus para exercer o domínio na terra no lugar de Deus.
Como representante de Deus, Adão precisava expressar Deus em sua imagem. Portanto, a base da autoridade ou
domínio é a imagem. É porque nos parecemos com Deus que temos Sua autoridade. Tudo é determinado por aquilo
com que nos parecemos – se com escorpião, serpente, cordeiro ou filho de Deus.
Imagem nos fala de sacerdócio, e autoridade e domínio nos falam de realeza. O Novo Testamento nos mostra que Deus
nos fez reis e sacerdotes (Ap 5.10), assim, vemos que a imagem e o domínio estão ligados a dois princípios no Novo
Testamento: sacerdócio e realeza, respectivamente. A imagem precede o domínio, e o sacerdócio introduz a realeza.
Por isso João Batista veio antes, a fim de introduzir o Rei Jesus (Mt 3.1-3).
A principal função do sacerdote era levar as pessoas a Deus. A realeza, por outro lado, tem a função de representar
Deus diante dos homens. O primeiro ministério foi o sacerdócio, mas ele introduz a realeza, assim como Samuel, o
sacerdote, constituiu Davi como o rei. O mesmo ocorre na Igreja hoje. Se formos genuínos sacerdotes, seremos
introduzidos na realeza. Primeiro somos sacerdotes levando as pessoas até Deus, então nos tornamos reis
manifestando a autoridade do Reino sobre a terra. Todo verdadeiro evangelista precisa ser como um rei. Jesus nos deu
Sua autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e, quando agimos assim, somos reis. Para ter domínio é preciso ter
imagem, assim como para ter realeza é preciso, antes, ter sacerdócio.
Em Gênesis, imagem e domínio aparecem em forma de uma semente que se desenvolve ao longo de toda a Bíblia até
que, em Apocalipse 5.10, vemos o resultado da germinação e do crescimento dessa semente: “e para o nosso Deus os
constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra”. Este é o cumprimento do propósito de Deus para o homem. No
final, nós reinaremos sobre a terra como reis e sacerdotes.
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1Pe 2.9)
Deus quer que sejamos bons mestres da Palavra, mas, acima de tudo, Ele quer que expressemos Sua imagem pelo
sacerdócio que, para nós hoje, fala do tempo que investimos na presença dEle.
Depois que o homem caiu, ele perdeu a imagem de Deus. Hoje, o homem nasce com a figura do pecado, pois
perdemos a glória de Deus (Rm 3.23). Assim, a obra do Espírito, hoje, é nos transformar para podermos expressar
Deus, mudando nossa imagem espiritual através da renovação da nossa mente por meio da Palavra, como disse Paulo,
a fim de que possamos exercer domínio, realeza. Somente quando nossa mente é renovada para pensar de acordo com
a Palavra é que somos transformados novamente na imagem do Senhor.
E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12.2)
Além disso, precisamos contemplar o Senhor. Quanto mais tempo gastamos na presença de Deus, mais a imagem dEle
vai sendo impressa em nós, mais ficamos cheios da glória dEle.
E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (2Co 3.18)
Por toda a Palavra de Deus, vemos que somente aqueles que expressaram a imagem puderam exercer autoridade e
domínio. Abraão é a primeira pessoa da qual se diz que venceu o inimigo, e ele o fez porque edificou um altar. Altar nos
fala de oração e consagração – quanto mais oramos e adoramos, mais ficamos parecidos com Deus. E quanto mais
mostramos Sua imagem, mais autoridade temos.
José também manifestou domínio e autoridade porque ele andou em santidade e cumpriu o propósito de Deus. Todos
nós sabemos que a santidade é a imagem de Deus.
A respeito de Moisés, se diz que sua face brilhava por causa da glória de Deus (Ex 34.29,30). Assim, ele teve
autoridade para governar a casa de Israel e para vencer o inimigo (Ex 14.30,31). Paulo diz que precisamos contemplar o
Senhor e sermos transformados de glória em glória na imagem dEle (2Co 3.9). Quando isso acontece, temos autoridade
e domínio.
Foi Davi quem derrotou o inimigo e não Saul, porque era Davi quem tinha a imagem de Deus sobre si. Um adorador
sempre acaba por manifestar a imagem de Deus.
Daniel foi um homem que andou em santidade diante de Deus, alguém que expressava Deus (Dn 1.8), por isso foi
colocado numa posição de domínio e autoridade.
Por fim, o próprio Senhor andou aqui na terra como homem comum, mas manifestou autoridade sobre todas as coisas,
porque Ele continuamente expressava Deus, até ao ponto de ser transfigurado diante dos discípulos, expressando a
imagem que trazia da glória de Deus.
A bênção de Deus
E Deus os abençoou... (Gn 1.28a)
Esse versículo mostra a primeira vez em que a palavra bênção é mencionada na Bíblia. E em que circunstância esta
bênção foi liberada? Quando Deus alcançou Seu propósito, ou seja, quando teve o homem com Sua imagem para
exercer Seu domínio. Depois de ter concluído Seu trabalho, então, Ele abençoou o homem. Assim, vemos que a bênção
não é algo aleatório, mas alcança aqueles que estão debaixo do propósito do Senhor para sua vida.
A bênção está no propósito – ter o homem com Sua imagem para exercer Seu domínio. Hoje, esses dois aspectos se
manifestam pelo sacerdócio e pela realeza. A imagem de Deus e Seu domínio se manifestam pelo sacerdócio e pela
realeza. Quando entramos no sacerdócio, temos fé para exercer a realeza e, então, a bênção de Deus vem sobre nós.
O descanso de Deus
E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. (Gn 2.3)
Deus descansou, não porque estivesse cansado, mas porque estava satisfeito. Sendo assim, podemos dizer que o
significado do descanso de Deus é satisfação e prazer. A satisfação de Deus está ligada com Seu propósito
consumado. Deus havia planejado ter o homem com sua imagem para exercer o domínio. Então, após criá-lo no sexto
dia, Deus disse que tudo era muito bom (Gn 1.31) e, no dia seguinte, descansou.
O descanso é um princípio na Palavra de Deus, e a maneira apropriada de servirmos a Ele é no descanso. Isso vale
para nós hoje também. Quando não encontramos satisfação no Senhor e não estamos dentro do seu propósito, não
encontramos descanso. Antes, nossa vida torna-se um tremendo fardo para nós.
Em Gênesis 1.31 vemos Deus dizendo que tudo era muito bom, e Ele só disse isso no sexto dia porque foi ali que o
homem foi criado. Se desejamos entrar no descanso, temos de cumprir estas duas condições: satisfação e propósito.
Naturalmente, sabemos que o homem caiu e, com isso, quebrou o descanso de Deus. Jesus disse, como vemos em
João 5.17: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Depois que o homem caiu, Deus voltou a trabalhar para
trazê-lo de volta à posição em que poderá cumprir Seu propósito eterno.
Quarto Dia
Os três começos de Deus
A Palavra de Deus, especificamente o evangelho, possui um ponto central. Envolvemo-nos em demasia com coisas
secundárias e até periféricas, enquanto o ponto central do evangelho é a Igreja, é Cristo dentro de nós.
Desde a eternidade passada, estava no coração de Deus Seu desejo de ter filhos. Deus intentava cumprir esse
propósito por meio de Adão, mas Adão pecou, e o propósito de Deus foi momentaneamente adiado. Mas hoje, em
Cristo, Seu propósito é restabelecido.
Dentro da visão celular, classificamos as igrejas como sendo igrejas de programas ou igrejas em células. As igrejas de
programas são todas cujo propósito é o fazer algo, o realizar atividades, ou seja, realizar programas.
As igrejas em células, por outro lado, têm outro objetivo. Seu alvo básico não é o fazer, o realizar programas, mas gerar
filhos e discípulos. Esse é o ponto central da visão de células, a base que sustenta toda a visão.
Todavia, com o passar do tempo, mesmo as igrejas em células podem tornar-se voltadas apenas para as atividades. As
próprias células podem se tornar apenas um programa, mais uma atividade da igreja.
Desta forma, a simples distinção entre igrejas em células e igrejas de programas não é suficiente para alcançar o centro
do propósito de Deus. Há um princípio básico que sustenta a igreja de programas, assim como há um princípio
fundamental na base da igreja em células. A mentalidade básica da igreja de programas é o fazer algo para Deus. Não
há preocupação com o propósito, desejam apenas fazer algo para Deus.
Por outro lado, em uma igreja celular, toda a atenção é voltada para a edificação, multiplicação e para o cuidado uns
com os outros. Há, portanto, dois princípios, duas visões sobre a obra de Deus: a visão de fazer algo para Deus, em
contraposição à visão de gerar alguém para Deus – fazer versus gerar.
Naturalmente, não estamos dizendo que seja errado fazer coisas para Deus. Não é questão de certo ou errado, de
conflito entre o pecaminoso e o santo. Para nós, é uma questão de paradigma, de modelo. Supomos que tanto os que
fazem coisas quanto os que geram filhos desejam agradar ao Senhor. A grande questão é qual dos dois paradigmas
atinge o objetivo de agradar ao coração do Pai.
Os que fazem coisas e promovem atividades realizam coisas louváveis, obras de misericórdia, serviços, artes e outras
realizações. Quem faz coisas para Deus deseja algo bom e até louvável. Trata-se de uma maneira de se enxergar o
relacionamento com Deus, baseado sempre em fazer coisas para o Senhor. Eles acreditam que só agradam a Deus
quando estão fazendo coisas para Ele.
Em oposição a esse modelo, há quem entenda que, no coração de Deus, está o gerar. Não que não façam mais coisas,
mas as coisas que fazem não são um fim nelas mesmas, mas apenas um meio de gerar mais para Deus. Esses dois
paradigmas são opostos entre si e se confrontam na Palavra de Deus. Esse contraste pode ser percebido nos três
começos promovidos por Deus em Gênesis.
A Nova Jerusalém
Em Apocalipse 21.9-27, temos a descrição da Nova Jerusalém. Ela é a composição de todos os remidos, é um edifício
vivo. Na Bíblia, vemos duas obras básicas de Deus: a criação e a edificação. Na obra da criação, Deus ordena:
“Haja...!”, e aquilo cuja existência foi ordenada, passa a existir. Mas na obra de edificação, Ele reúne os elementos que
foram criados e deles faz outra obra. Na criação, Ele apenas ordena, mas, na edificação, é empregado um processo
laborioso.
Se observarmos os materiais no capítulo dois de Gênesis, veremos que eles se repetem nos capítulos 21 e 22 de
Apocalipse. Isso ilustra a relação entre a criação e a edificação. O rio que sai do Éden (Gn 2.10) é o mesmo que sai do
trono de Deus e do Cordeiro (Ap 22.1); a Árvore da Vida, plantada no meio do Jardim do Éden (Gn 2.9), é a mesma que
está no meio da praça da Nova Jerusalém (Ap 22.2); os minerais, em forma bruta em Gênesis 2.11,12, são encontrados
em forma acabada na muralha da Jerusalém celestial (Ap 21.18-21). A obra da criação não era o propósito final de
Deus; Seu alvo era edificar a Nova Jerusalém mostrada em Apocalipse 21.
Sabemos que o rio simboliza o Espírito Santo, e a Árvore da Vida, com seus frutos, é uma imagem do Senhor Jesus. As
pedras devem, assim, simbolizar os santos. Isso pode ser ilustrado na Palavra de Deus em muitas ocasiões. O primeiro
exemplo é o sonho de Jacó mostrado em Gênesis 28.17. É a primeira revelação da Casa de Deus, a escada que liga a
terra ao céu. Em Gênesis 28 lemos que Jacó, fugindo de Esaú, chegou a certo lugar e ali passou a noite. Tomou uma
das pedras do lugar e fez dela seu travesseiro (v.11), dormiu e teve este sonho: uma escada que ligava a terra ao céu,
com os anjos subindo e descendo por ela. Tendo despertado do sono, disse que aquele lugar era a Casa de Deus, a
porta dos céus. Depois, tomou a pedra que lhe servira de travesseiro e derramou azeite sobre ela. Aquela pedra era um
símbolo de outra que viria – Jesus Cristo, a pedra angular – e todos nós, hoje, somos pedras cobertas com azeite, e
constituímos a Casa de Deus, o lugar onde está a escada que liga a terra ao céu.
O segundo exemplo está em Mateus 16. Nesta passagem a Igreja é revelada pela primeira vez e o Senhor mostra como
deve ser edificada. A Igreja é edificada pela transformação de Simão em Pedro. Sem transformação, não há edificação,
porque naturalmente somos pó, somos barro. Mas a Casa de Deus somente pode ser edificada com pedras.
Jesus perguntou a seus discípulos quem eles pensavam que Ele era. Pedro pulou na frente e respondeu: Tu és o Cristo,
o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que
to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja. (Mt 16.16-18)
Essa pedra era o próprio Cristo, mas também era a revelação que transformou Simão em pedra. Depois da sua
confissão, o Senhor mudou o nome de Simão para Pedro. Ter o nome mudado significa ter a vida transformada, e
Simão fora transformado numa nova pessoa, um novo homem que agora era como uma rocha, uma pedra apta para
participar do edifício do Pai. E não apenas Pedro foi transformado para ser útil na edificação da Igreja, mas todos nós
devemos ter a mesma experiência para sermos parte dela. O próprio Pedro diz que todos fomos feitos pedras espirituais
por meio do novo nascimento:
Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de
oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. (1Pe 2.5)
A Nova Jerusalém é esse edifício vivo feito de pedras que vivem, construído para a habitação eterna de Deus. O Senhor
edifica transformando cada um em pedra. Jesus é a pedra angular, e o trabalho do Espírito Santo é nos fazer
semelhantes a essa Pedra. Qualquer um que é edificado em cima dela é também transformado em sua semelhança.
Qualquer um que vem ter com Jesus é feito pedra semelhante a Ele. Por isso, Pedro afirma que somos pedras que
vivem, edificadas como casa espiritual para Deus. Mas nos enganamos ao pensar que Deus usa qualquer pedra para
construir Sua Igreja. Ele não usa pedras vulgares; Seu edifício é feito com pedras preciosas.
É isso o que Paulo nos mostra em 1 Coríntios 3.10-13, onde temos os materiais da construção do edifício. Paulo diz que
o alicerce já está lançado, o qual é Cristo, mas cada um, agora, deve ter cuidado em como edifica sobre o fundamento.
Alguns querem edificar com madeira, palha e feno, mas os únicos materiais aceitáveis no edifício de Deus são ouro,
prata e pedras preciosas – os materiais dos quais a Nova Jerusalém é feita. Isso nos mostra que edificar no padrão de
Deus custa caro – ser um vencedor tem um preço. Edificar com madeira, palha e feno é barato, mas o ouro, a prata e as
pedras preciosas custam muito.
A Nova Jerusalém é chamada de noiva e esposa. A noiva se cumprirá no milênio, mas a esposa será por toda a
eternidade. Antes de participarmos da edificação maravilhosa da Nova Jerusalém, precisamos da revelação. A Nova
Jerusalém é o cumprimento final do propósito eterno de Deus de ter o homem à Sua imagem para expressá-lO e
representá-lO. A glória de Deus é a Sua imagem, e criar o homem à Sua imagem significa que Deus o criou com a Sua
glória e para a Sua glória. O nosso destino é a glória. Paulo nos diz que somos transformados de glória em glória na
imagem de Cristo (2Co 3.18). E no capítulo seguinte da mesma carta aos Coríntios, vemos que a glória de Deus é a
face de Cristo (2Co 4.6). Então, glória é se parecer com o Senhor, e foi para essa glória que fomos designados (1Co
2.7; 1Pe 5.10; 1Ts 2.12). É nela que, hoje, estamos sendo transformados (2Co 3.18), e no futuro, seremos introduzidos
(Hb 2.10). No fim, seremos glorificados e seremos tal como Cristo é (Rm 8.17, 30; 1Jo 3.2).
Sabemos que a aparência de Deus é descrita como sendo semelhante à pedra de Jaspe (Ap 4.3), e assim também é a
aparência da Nova Jerusalém (Ap 21.11). A cidade é o cumprimento do propósito eterno de Deus de fazer o homem à
Sua imagem e semelhança, com Sua glória para representá-lO. Imagem e semelhança é aparência. Tanto Deus quanto
a Noiva possuem a mesma aparência: a pedra de jaspe (compare Ap 4.3 e 21.11). A cidade tem a glória de Deus
porque é o cumprimento do propósito original de Deus, que agora tem um povo à Sua imagem, que se parece com Ele
mesmo. Sei que alguns pensam que glória é apenas um fulgor, um brilho, o que não está errado, mas é pequeno.
Glória, na verdade, é tudo aquilo que Deus é, ou seja, Sua exata imagem e expressão.
A descrição da cidade
A Nova Jerusalém é um cubo perfeito, e seu comprimento, largura e altura medem cerca de 2.200 quilômetros cada um
(v. 16). A altura da muralha em torno da cidade é de 72 metros.
A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu
comprimento, largura e altura são iguais. Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de
homem, isto é, de anjo. (Ap 21.16,17)
A cidade provavelmente existirá conforme essa descrição, no entanto, tudo o que se refere a ela é simbólico e,
certamente, aponta para a Igreja, a Noiva de Cristo.
Por que essas dimensões são perfeitas como um cubo? A Bíblia mostra, no Velho Testamento, que o Santo dos santos
também era um cubo. O Santo dos santos era o lugar onde Deus manifestava Sua glória, portanto, a Nova Jerusalém é,
na verdade, o Santo dos santos expandido, é o Tabernáculo de Deus aumentado numa medida gloriosa para o
testemunho em todo o universo de que Deus agora habita com o homem.
A Nova Jerusalém inclui os santos de todas as dispensações, e em suas portas, traz o nome das doze tribos de Israel. A
porta nos fala de entrada, e quem nos abriu a porta para o reino de Deus foram os judeus, os profetas e os apóstolos.
Os que primeiro pregaram o evangelho aos gentios eram todos judeus, porque os oráculos de Deus foram revelados
primeiro aos judeus. Nas portas temos as doze tribos, mas nos fundamentos da muralha temos os nomes dos apóstolos,
mostrando que a obra da Igreja é o alicerce, a proteção e a separação da cidade.
O apóstolo Paulo nos diz:
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e profetas. (Ef 2.19,20)
Hoje, nós estamos construindo sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, mas, naqueles dias, a muralha estará
apenas sobre os apóstolos, porque toda profecia terá se cumprido – a profecia vai passar. A muralha existe para
proteger e separar, mas naqueles dias não será necessário mais proteção, todavia, ainda assim haverá separação. O
que nos distingue ou nos separa é exatamente isto: o fundamento, a mensagem apostólica que nós temos da parte do
Senhor.
No verso quinze, lemos que a cidade foi medida com uma vara de ouro, material que simboliza a natureza e a glória de
Deus. Na Bíblia, tudo o que está relacionado com a natureza de Deus é ouro. A vara com a qual se mede a cidade é
uma vara de ouro, porque a cidade deve estar de acordo com a natureza e a glória de Deus.
A cidade é edificada basicamente com três elementos: ouro, pérola e pedras preciosas. O primeiro é o ouro: “A cidade é
de ouro puro, semelhante a vidro límpido” (v. 18). É um ouro muito especial, transparente, e simboliza a natureza e a
glória de Deus. A cidade é a expressão do Senhor. Hoje, essa glória está desfigurada por causa do pecado na vida da
Igreja, entretanto, naquele dia, ela estará completamente restaurada, e o Senhor habitará nela por toda a eternidade.
O segundo elemento são as pérolas, com as quais são feitas as portas da cidade. São doze portas, sendo cada uma
delas uma pérola. Na cidade, tudo é mineral – não se vê ali nenhum elemento vegetal ou animal. Todavia, a pérola é
uma mistura de mineral com animal. Ela nada mais é do que um glóbulo branco, brilhante e nacarado que se forma na
concha da ostra. Quando um grão de areia penetra em seu interior, no fundo do mar, a ostra o envolve com uma
secreção e ele se transforma na pérola. Isso certamente é um símbolo da transformação do crente. Sabemos que o mar
simboliza a morte, e o Senhor Jesus é como essa ostra que veio habitar no mar da morte. Nós somos os grãos de areia
que foram enxertados nEle, fomos envolvidos em Sua vida e, com o passar do tempo, fomos transformados em pérolas
para Sua edificação.
Antes de Jesus nos transformar, não tínhamos valor algum e éramos apenas pó. Mas, em Cristo, o Senhor nos atribuiu
valor. O Espírito Santo tomou esse pó e o injetou em Cristo, a vida de Deus começou a nos envolver e a fluir em nosso
interior, dia após dia, até que fomos transformados numa pérola Sua. Cada porta é uma pérola que expressa a obra
exclusiva de Deus. É Ele quem faz de cada um de nós uma pérola. É dEle, exclusivamente, a iniciativa para nos salvar,
santificar e transformar por meio de Sua própria vida. Mas Jesus não é apenas a grande ostra, Ele é também o
comerciante rico que, depois de encontrar esta pérola de grande valor, vendeu tudo o que possuía e a adquiriu (Mt
13.45,46). As portas da cidade são grandes pérolas para indicar que entramos nela pela transformação e santificação.
Ali não entra o pó, apenas aquele que foi transformado em pérola.
O terceiro elemento são as pedras preciosas. A muralha e o alicerce, os fundamentos da cidade, são feitos e adornados
de toda espécie de pedras preciosas, o que aponta para a obra do Espírito Santo que nos transforma. Na Bíblia, a pedra
preciosa aponta para a ação do Espírito Santo de Deus, portanto, cada um dos materiais básicos da Nova Jerusalém se
refere a uma pessoa da trindade: o ouro é o Pai, a pérola é a obra do Filho e as pedras preciosas são a obra do Espírito
Santo.
Para compreendermos melhor, é bom sabermos como as pedras preciosas são formadas. Tomemos como exemplo o
diamante. Ele é composto de carbono, a mesma composição química do carvão mineral. Contudo, apesar de terem a
mesma composição, são diferentes um do outro na aparência, consistência, resistência e valor. Enquanto um é brilhante
e translúcido, o outro é negro e opaco. Na verdade, todo diamante é um carvão submetido por muito tempo a uma
grande pressão e temperaturas altíssimas para, então, se tornar diamante. Do mesmo modo, o Espírito Santo opera em
nós esta transformação usando os mesmos elementos: a pressão, o fogo e o tempo. Eles são insubstituíveis. A obra de
transformação operada por Deus não é instantânea, precisa de tempo – um dia após outro. Ele envia o fogo para
consumir as impurezas e tudo o que está fora de Sua vontade. Além disso, é necessário que venham as pressões para
trazer à luz tudo o que precisa ser mudado em nós. Éramos apenas carvão, mas, depois de passarmos pelas pressões
e pelo fogo do Espírito por algum tempo, fomos transformados em diamante. Nossa constituição continua a mesma –
carbono – mas nos tornamos diferentes, cheios de brilho e glória. Na eternidade ainda seremos homens, porém
glorificados. Deste modo, quando o Espírito Santo de Deus estiver tratando você, não fique triste, antes, alegre-se,
porque através desse processo você será transformado em diamante útil para a edificação da Nova Jerusalém.
Finalmente, vemos que a aparência da cidade é de jaspe (Ap 4.3; 21.18). Na visão que João teve do trono, ele diz que
Aquele que está sentado no trono tem a aparência da pedra de jaspe (Ap 4.3). Observe agora que a cidade tem a
mesma aparência: “O fulgor da cidade era semelhante a uma pedra preciosíssima como pedra de jaspe cristalina” (Ap
21.11). A Nova Jerusalém é a expressão do próprio Deus.
A Nova Jerusalém é a Noiva. Deus mesmo está se preparando para se casar e esta será a suprema união do universo.
A Bíblia é a história de um romance universal entre Deus e o homem – foi para isto que Deus criou o homem, para se
unir a Ele. Naturalmente, o casamento é só uma ilustração, mas é o que mais se aproxima do que experimentaremos
naquele dia. Eis a razão de o casamento ser algo tão sagrado: Deus quer se unir ao homem eternamente e ser um com
ele, assim como o homem e a mulher, ao se unirem, tornam-se uma só carne. Quando nos unirmos a Deus naquele dia,
seremos um só com Ele.
No início do relato da criação, vemos que Deus criou milhões de formas de vida, mas nenhuma dessas criaturas era
como Ele. Porém, em Gênesis 1.26, vemos que Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança. Assim, o homem foi
criado segundo a espécie de Deus. De todos os animais se diz que foram criados segundo a sua espécie, mas a
respeito do homem, se diz que foi feito à imagem de Deus, do tipo de Deus.
Depois de criar cada coisa, a cada dia, Deus deu Seu veredicto de que tudo era bom. Mas, após a criação de Adão e de
sua esposa, no sexto dia, Deus olhou para eles e disse que era “muito bom” (Gn 1.31), demonstrando, assim, Seu
prazer, porque Adão e Eva eram Sua satisfação e Seu deleite, pois somente eles eram de Sua espécie. Porém, a obra
de Deus com Adão ainda não estava completa, pois o homem tinha apenas a imagem e semelhança de Deus, mas não
Sua vida e Sua natureza. O homem tinha a imagem de Deus, mas não tinha o próprio Deus dentro de si. Para isso,
ainda precisava comer do fruto da Árvore da Vida e receber o próprio Deus como sua vida. Sabemos, contudo, que o
homem caiu e, dep*-ois da queda, o Senhor prometeu a Adão que Ele viria como a semente da mulher (Gn 3.15). Está
claro que a intenção de Deus era criar o homem, mas hoje nós percebemos que Seu verdadeiro intuito era tornar-se um
homem.
Aproximadamente dois mil anos depois de fazer a promessa registrada em Gênesis 3.15, Deus apareceu a Abraão e lhe
prometeu uma semente que seria uma bênção para todas as nações (Gn 22.18). Essa semente era o próprio Deus que
se tornaria homem em Cristo para abençoar toda a terra. Após outros mil anos, o Senhor encontrou Davi, um homem
segundo o Seu coração, e lhe disse que ele teria uma semente que seria o Filho de Deus (2Sm 7.12-13). Esse Filho é,
na verdade, o próprio Deus.
Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que
procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o
trono do seu reino. (2Sm 7.12,13)
Finalmente, mil anos depois de Davi, Deus veio para ser um homem, concebido do Espírito Santo e nascido de uma
virgem (Mt 1.20-23). Ele era Emanuel, Deus que havia se tornado homem, um homem-Deus. Ele se tornou o que nós
éramos para que nós nos tornássemos o que Ele é. Um dia, o Senhor Jesus, o homem-Deus, disse que Ele era um grão
de trigo que caiu nesta terra para morrer e, assim, gerar muitos grãos (Jo 12.24). Esses muitos grãos são, na realidade,
a reprodução de Deus.
Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer,
produz muito fruto. (Jo 12.24)
O primeiro grão, o Senhor Jesus, era o protótipo, e nós, hoje, somos os muitos grãos que foram gerados por Ele. Por
meio de Sua morte e ressurreição, Sua Vida foi liberada a nós e, hoje, somos feitos filhos de Deus semelhantes a Jesus.
Temos o mesmo tipo de vida que Ele, pois Ele é o primeiro filho, o primogênito, mas nós somos os muitos irmãos que
foram gerados. Esta é a grande verdade revelada por Jesus em João 12.24: o Unigênito de Deus agora é o primogênito,
pois compartilhou sua natureza divina com muitos outros filhos que foram gerados. Muitos podem questionar, dizendo
que não somos como Jesus e que basta dar uma olhada ao redor para constatarmos nossa imperfeição, mas a verdade
é que ainda estamos em processo de transformação, porém já temos Sua vida e Sua natureza dentro de nós. Na
verdade, ainda não se manifestou o que haveremos de ser (1Jo 3.2). Muitos ainda não vivem de acordo com a nova
natureza durante todo o tempo, e há aqueles que até mesmo dão lugar à carne e ao diabo, mas isso não invalida a
grande verdade de que somos da mesma natureza que Ele. Sem dúvida precisamos ser transformados – e essa é
exatamente a obra que Deus está fazendo hoje em nós, a obra de transformação.
Saber o que somos e perceber quem somos certamente tem o poder de nos transformar. Grande parte de nossos
problemas acontece porque acreditamos que somos terrenos e carnais. Nós tendemos a nos comportar de acordo com
o que acreditamos, por isso o diabo procura o tempo todo lançar setas de condenação e acusação em nossa mente
para que acreditemos que não somos realmente aquilo que a Palavra de Deus afirma que somos. Porém, quando temos
revelação de que somos filhos de Deus e, portanto, do mesmo tipo de Cristo, e carregamos a natureza de Deus dentro
de nós, mudamos radicalmente nossa conduta. A atmosfera e tudo o que está relacionado a nós também é mudado. Se
todos os cristãos de hoje percebessem que são do tipo de Deus, tendo Sua vida e Sua natureza divina, a Igreja e o
mundo inteiro seriam diferentes. Nosso desafio é permanecer na posição onde fomos colocados, rejeitando toda
afirmação maligna contrária à verdade do eterno propósito de Deus.
Deus se fez homem para que pudéssemos ser como Ele é. O Senhor Jesus se tornou filho do homem para que nós nos
tornássemos filhos de Deus. Esta é a essência da Igreja, somos essa nova raça caminhando sobre a terra. Precisamos
repetir esta verdade constantemente até que ela se torne viva em nosso espírito: o Deus eterno teve um “sonho” na
eternidade, segundo o propósito eterno do Seu coração (1Tm 1.4; Ef 1.10; 3.9). Então, Ele criou o universo e formou o
homem como a expressão do desejo do Seu coração, isto é, que esse homem fosse da mesma espécie de Deus (Gn
1.26), e que pudesse se reproduzir e encher toda a terra (v. 28).
O Senhor Jesus é o grão de trigo que se tornou homem, morreu e, por meio de Sua morte e ressurreição, fez uma
reprodução em massa de Si mesmo. Ele, como o único grão, tornou-se os muitos grãos (Jo 12.24) que são moídos em
fina farinha e misturados para se tornarem um só pão (1Co 10.17). Esse pão é a Igreja, o Seu Corpo.
Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão.
(1Co 10.17)
O Senhor Jesus, como o Filho unigênito de Deus, era o único grão, e Ele nos fez os muitos grãos, Seus muitos irmãos
(Rm 8.29), para sermos unidos com Ele em um único pão, um só Corpo. Entre nós não há diferença de nacionalidade,
raça ou nível social (Cl 3.11). Somos uma nova espécie, trazemos a vida e a natureza de Deus.
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. (Rm 8.29)
Em Cristo, Deus e o homem tornaram-se uma unidade. Pedro diz que nós fomos feitos “participantes da natureza divina”
(2Pe 1.4). É por causa disto que a Palavra tornou-se homem, e o Filho de Deus tornou-se o Filho do homem: para que o
homem, ao receber a Palavra e a vida de Deus no novo nascimento, possa tornar-se um filho de Deus.
Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-
participantes da natureza divina... (2Pe 1.4)
O Filho de Deus é o protótipo e nós somos a produção em série. Cristo é o molde, a forma. Deus nos colocou nele para
sermos moldados em sua imagem e forma. O processo de ser colocado na forma envolve sofrimento porque as arestas
devem ser aparadas e o que está faltando, acrescentado. Assim vemos que o propósito eterno de Deus revelado em
Gênesis se cumpre no Novo Testamento: temos o Espírito dentro de nós e estamos sendo trabalhados para sermos a
imagem e semelhança do Filho de Deus. Somos vaso e expressão para representarmos Deus e reinarmos com Cristo.
Sétimo Dia
Compreendendo a edificação
Muitos cristãos são bastante corretos quanto à conduta e parecem ser muito espirituais, mas, lamentavelmente, são
apenas pedras isoladas. Podem até ser pedras preciosas, mas se estiverem isoladas, não serão de muita utilidade para
o propósito eterno de Deus. As pedras do edifício de Deus não se destinam para o louvor dos homens, porém,
infelizmente, alguns líderes imaginam que a Casa de Deus seja algum tipo de coleção de pedras. Eles gostam de
apreciar e mostrar as muitas pedras amontoadas aos domingos, contudo, um amontoado de pedras não é um edifício e
não pode ser habitação para a glória de Deus.
O Senhor deseja uma casa e não uma infinidade de pedras preciosas isoladas, destinadas a compor uma exposição.
Nossa grande necessidade, hoje, é sermos edificados juntos na vida da célula. Se ganhamos muitas pessoas, mas não
as edificamos como parte do edifício de Deus, nosso trabalho pode ser em vão. Quando aprendemos a ser edificados,
temos vitória, santificação, poder, plenitude de Deus e riqueza espiritual; tudo depende de sermos encaixados e
edificados no edifício de Deus. Não é suficiente coletarmos pedras e trazê-las para a célula, é preciso edificar essas
pedras, colocando-as no edifício da Casa de Deus.
Hoje em dia, a realidade na maioria das igrejas é que as pessoas buscam poder espiritual isoladamente, buscam uma
vida de santidade ignorando os demais membros do corpo. O fato é que quanto mais buscam, mais pobres se tornam.
Todos nós precisamos abandonar nosso individualismo e nos abrir para sermos edificados junto com outros irmãos na
vida da célula. Todos os nossos problemas são consequência de uma única coisa: somos muito individualistas e
independentes, estamos desvinculados uns dos outros. É por esse motivo que somos assediados por fracassos e
fraquezas. Você tem algum pecado que o assedia, o qual não consegue vencer? Quando se dispuser a ser vinculado e
edificado com outros irmãos, você descobrirá como seu pecado pode ser superado.
No começo de minha vida cristã, eu não conhecia esse princípio, mas como era membro de uma pequena igreja cujos
membros eram muito vinculados, pude perceber o poder de estar edificado espiritualmente com os irmãos. Com o
passar dos anos, aprendi que eu precisava apenas habitar no Corpo, pois quando estamos ligados aos irmãos de forma
prática, a vida do Corpo tem o poder de nos limpar e até de nos dar força. Enquanto um membro estiver ligado ao corpo,
tudo estará bem com ele. Por mais que tenha dificuldades, o corpo o suprirá e guardará. Suponhamos que sua mão
esteja separada de seu corpo, mas continua se esforçando para funcionar e ser saudável. O alvo dela é ser útil, mas
tudo o que conseguirá será passar uma imagem de algo aterrorizante e feio. Somos membros do Corpo de Cristo e
precisamos estar encaixados nele de forma prática. Só temos utilidade dentro do Corpo; só encontramos realização
quando somos uma pedra viva do templo.
Como cristão, você é capaz de apontar outros membros específicos do Corpo de Cristo com quem se relaciona de
maneira prática? Esse assunto não é uma questão de doutrina ou de espiritualidade etérea, mas de realidade prática. O
único caminho para ser um crente vitorioso é estar vinculado.
É lamentável que não se ouça quase nada no meio evangélico a respeito do edifício de Deus, da Sua morada eterna, do
verdadeiro relacionamento do Corpo de Cristo nesta terra. A intenção do Senhor é que cada célula seja uma expressão
da Igreja. Cada célula precisa ser como um corpo com muitos membros bem encaixados e edificados em comunhão e
unidade.
Precisamos, então, compreender de forma bem prática como podemos construir o Corpo de Cristo, a Casa de Deus. Os
apóstolos usavam a parábola da casa de pedra para explicar essa verdade. O pastor Eddy Leo, numa de suas
ministrações em Goiânia, nos deu uma clara compreensão dessa ilustração. Para construir um prédio, precisamos de
cinco elementos fundamentais, e não podemos prescindir de qualquer um deles. Esses cinco elementos estão todos
relacionados aos cinco ministérios citados em Efésios 4.11, e precisam ser observados na vida normal da célula, pois
tais ministérios foram constituídos para treinamento dos santos a fim de que estes desempenhem o serviço de
edificação da Casa de Deus.
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e
mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo. (Ef 4.11,12)
O serviço dos santos é a edificação do Corpo de Cristo. Esse é o nosso trabalho. Qualquer propósito diferente deste
está fora do propósito eterno de Deus. Todos os santos devem ser treinados para fazer a obra de construção, e nenhum
de nós pode ficar de fora do trabalho de edificação da Casa de Deus.
1. A planta da edificação
O primeiro elemento necessário para se construir uma casa é o projeto, a planta. Como sabemos onde colocar cada
pedra? Como conseguimos dar a mesma forma às pedras? Qual é o padrão? Para isso, precisamos da planta da
construção, e todos os trabalhadores envolvidos na obra de edificação precisam saber como ler esse projeto que já foi
dado pelos apóstolos. Este aspecto é função do ministério apostólico.
É por isso que precisamos do ministério apostólico para fazer a obra de edificação da Casa de Deus. Cada membro da
célula precisa saber ler a planta e conhecer o propósito eterno, não apenas o líder da célula, mas todos os membros.
Este é o problema de muitas igrejas em célula: os membros não sabem o que é a Casa de Deus; tratam a célula apenas
como um grupo pequeno e trabalham de acordo com seu próprio entendimento. Por causa disso, rapidamente a célula
se torna uma obra humana e acaba morrendo. Para tratar esse problema, precisamos do ministério apostólico. E o que
estou compartilhando aqui a respeito do propósito eterno de Deus é, na verdade, a planta do edifício.
5. O controle de qualidade
O ministério profético é o último elemento necessário para a construção da Casa de Deus. Ele é o responsável pelo
controle de qualidade. Quando construímos, precisamos cuidar para que a construção esteja de acordo com o projeto.
Esse é um trabalho de supervisão e, se percebermos que estamos construindo de maneira errada, precisamos exortar
uns ao outros. Se alguém, por exemplo, estiver edificando fora da planta, precisamos trazê-lo de volta. Por outro lado,
se estivermos fazendo tudo corretamente, o ministério profético confirmará o trabalho feito e nos motivará a fazer o que
ainda falta.
Toda construção é um lugar muito bagunçado – muito barulho, muitas ferramentas espalhadas – e isso pode ser muito
cansativo. Na verdade, podemos nos machucar enquanto construímos e, por isso, ficamos desencorajados e
desanimados. Nesse momento, o ministério profético vem para confortar, pois ele tem três funções: exortar, edificar e
confortar.
Uma das razões pelas quais muitos ficam cansados e desanimados na edificação da célula é porque se esquecem que
cada célula é como uma construção. E posso dizer que poucas coisas são tão motivadoras como uma construção, mas
também tão cansativas e estressantes. O trabalho quase nunca acontece no tempo previsto nem na qualidade
esperada. Precisamos fazer constantes correções, e isso nos desanima. Por isto precisamos do ministério profético,
para vir e nos lembrar que estamos construindo uma casa para Deus. Ele nos encoraja e motiva a continuar, pois todo
trabalhador na construção precisa de encorajamento, principalmente os líderes.
Além disso, a construção não pode ser feita de forma desleixada; precisamos supervisioná-la o tempo todo. Lembre-se
de que cada crente é, ao mesmo tempo, construtor e pedra viva. Se deixarmos os crentes edificadores sem supervisão
e treinamento, eles não conseguirão terminar o projeto. Isso também nos faz ver como é séria e perigosa a edificação
da Igreja. Uma construção feita de forma errada pode ruir e machucar muita gente. Na verdade, toda construção é um
lugar perigoso. Há riscos por todo o lado e, se não soubermos como edificar, poderemos nos machucar e ferir muita
gente. Conheço muitas pedras que foram estragadas por construtores ineptos, e precisamos investir muito tempo para
torná-las próprias para a edificação novamente.
Outro aspecto importante é que, sem supervisão, os trabalhadores ficam preguiçosos. Construção é um lugar onde os
trabalhadores gostam de parar para conversar. Se os mandamos buscar mais pedras, eles fogem do trabalho. Por outro
ladopode ser que os trabalhadores estejam muito motivados, mas não tenham muita habilidade e acabem quebrando as
pedras, inutilizando-as para a edificação. Tudo isso acontece por falta de supervisão e treinamento.
Para que o projeto seja realizado, precisamos de supervisores. É deles a responsabilidade de treinar, equipar e também
de checar se a obra está sendo feita corretamente. O trabalho de supervisão é um tipo do ministério profético.
Paulo diz que a obra de edificação é feita por todos os crentes, mas os crentes são treinados pelos cinco ministérios:
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Esses ministérios podem ser vistos como pessoas ou como
disciplinas que devem ser ministradas a todos os crentes para que a obra do ministério aconteça. De uma forma ou de
outra, sempre teremos irmãos que atuarão nos ministérios, mesmo que não possuam título algum. O importante não são
os títulos, mas a realidade da edificação.
Como podemos cooperar na edificação da Igreja?
1. O construtor
Na primeira carta aos Coríntios, Paulo diz que é o prudente construtor (1Co 3.10). Ele tinha a visão da planta, do projeto,
dos materiais, enfim, de toda a construção. Porém, ele adverte que cada um seja cuidadoso em como edifica, o que nos
mostra claramente que cada um de nós é também um construtor.
Todos estamos envolvidos nessa obra de construção do Corpo de Cristo, da habitação eterna de Deus, que é a Igreja.
Paulo diz que ele recebeu graça de Deus para lançar o fundamento. E é uma verdadeira graça recebermos a
oportunidade de cooperar com Deus na edificação de Sua casa. Muitos encaram como um trabalho penoso e difícil, mas
os verdadeiros edificadores veem a obra como uma grande graça de Deus confiada a nós.
A palavra usada no verso 10 é “prudente”, que significa “especialista”, alguém que realmente conhece o ofício. Isso
indica que precisamos investir tempo buscando de Deus o conhecimento correto da planta e de como devemos edificar.
2. O alicerce
No verso 11 do mesmo capítulo, Paulo diz que ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto. Uma das
grandes verdades de nossa fé é que a salvação não é pelas obras, mas pela fé em Cristo somente. Em outras palavras,
o princípio de toda a verdadeira edificação é receber Cristo como Senhor e Salvador.
Sem o fundamento, não pode haver verdadeira edificação. Mas, embora não sejamos salvos pelas obras, somos
“criados em Cristo Jesus para as boas obras” (Ef 2.9,10), contempladas nesse texto como sendo a construção sobre o
fundamento (1Co 3.14).
Por outro lado, vemos que nós mesmos somos transformados em pedras no edifício de Deus. Não apenas nossas obras
são material, mas também nós mesmos (1Pe 2.4-5). Depois de crer no Senhor, todos nós precisamos ser edificados
como Igreja. E o evangelho de Mateus contém a primeira menção da Igreja no Novo Testamento:
Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram,
mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16.15-18)
A resposta de Pedro nessa passagem mostra aquilo que procede do coração de Deus. Quando Pedro disse que Jesus
era o Filho de Deus, o Senhor nos mostrou que tal revelação é a base, ou a rocha, para a edificação da Igreja. Depois
da confissão de Pedro, o Senhor disse que Ele edificaria Sua Igreja sobre a rocha. Porém, esta rocha não é o próprio
Pedro, como ensina a Igreja Católica Romana, mas podemos dizer que ela tem três aspectos: ela é o próprio Cristo, a
revelação e a confissão de Cristo, como veremos a seguir.
Em primeiro lugar, a rocha é Cristo, como o próprio Senhor Jesus disse a Pedro (Mt 16.18), e como afirma Paulo em sua
primeira carta aos Coríntios (1Co 3.10-11).
Em segundo lugar, a rocha é a revelação de Cristo. Ela não é apenas Cristo, mas a revelação de que Ele é o Filho do
Deus vivo. Quando temos tal revelação, somos também transformados em pedras vivas e, assim, nos tornamos
materiais apropriados para a edificação da Igreja.
Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de
oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. (1Pe 2.5)
Na vida cristã, o ponto mais importante é o conhecimento espiritual, a revelação. A maior preocupação de Paulo em
todas as suas epístolas era a revelação (Ef 1.15-19; 3.14-19), pois o que realmente tem valor é conhecermos a Cristo
por revelação em nosso espírito. Se possuirmos revelação de Cristo, espontaneamente, todas as áreas de nossa vida
serão afetadas e transformadas.
Revelação não é descobrir algo que ninguém conhecia na Palavra de Deus. Antes, é saber algo pelo espírito, é ver do
ponto de vista de Deus, é ver como Deus vê (Lc 24.13-16, 30-31; Jo 20.11-16; 1Co 2.11-12; 2Co 3.6; 4.6; 5.16). Uma
coisa é o conhecimento natural e carnal, outra é o conhecimento espiritual ou revelação. Paulo diz que, antes, ele
conhecia Jesus na carne, mas depois, passou a conhecê-lo pelo Espírito.
Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a
carne, já agora não o conhecemos deste modo. (2Co 5.16)
A edificação da Igreja depende de conhecermos Cristo por revelação. Onde há luz e unção, naturalmente as pessoas
serão transformadas em pedras vivas como foi Pedro.
Em terceiro lugar, a rocha é a confissão de Cristo. Não basta termos a revelação, precisamos também da confissão. A
Igreja é edificada pela Palavra revelada que é falada. Todos nós precisamos entender que a Igreja é edificada quando
temos o falar correto e apropriado. Todas as coisas importantes na vida espiritual dependem de falarmos, de
confessarmos. Paulo afirma, em Romanos 10.9,10, que nós somos salvos quando cremos com o coração e
confessamos com a boca. Em Efésios 5.19,20, ele afirma que somos cheios do Espírito quando falamos com salmos e
hinos espirituais. Nossa fé é liberada quando falamos, é o que ele diz em 2 Coríntios 4.13. Nós cremos, por isso
falamos, e é nesse momento que a fé se materializa. No Salmo 91, todas as promessas de Deus se cumprem por uma
simples razão: “Pois disseste...” (Sl 91.9).
A maneira como edificamos a Igreja é falando, fluindo no Espírito. Toda célula, para ser edificada, precisa ter um falar
espiritual onde todos os membros podem fluir. Quando isso acontece, estamos edificando na rocha.
3. Os materiais da construção
No evangelho de Mateus, vemos a revelação do alicerce do edifício, mas vemos também a revelação dos materiais da
construção. Depois de ter a revelação de que Cristo era o filho de Deus, Simão foi transformado em Pedro. Em outras
palavras, ele agora era uma pedra, um material apropriado para participar da edificação.
Paulo coloca dois grupos de materiais: ouro, prata e pedras preciosas de um lado; madeira, palha e feno do outro.
Podemos perceber algumas diferenças importantes entre esses materiais. Em primeiro lugar, temos uma grande
diferença de valor. Certamente, a principal diferença entre os materiais é o preço, e edificar a obra de Deus da forma
como Ele determina custa caro, exige um preço espiritual, mas resulta em riqueza espiritual também. A segunda
diferença é o peso de cada material. Existe um peso espiritual na obra que fazemos, bem como em nossa vida, e
madeira, palha e feno nos mostram claramente a leveza espiritual. A terceira diferença é a consistência ou a densidade
dos materiais. O que é feito em Deus possui uma densidade que nos dá segurança. Por fim a quarta diferença é que
ouro, prata e pedras preciosas são minerais, enquanto madeira, palha e feno são orgânicos. Os primeiros não podem
ser fabricados ou produzidos pelo homem, pois são gerados espontaneamente pela natureza, enquanto os últimos
podem ser produzidos e cultivados pelas mãos humanas.
O fundamento, o alicerce, é sempre o mesmo; Deus mesmo o estabeleceu e é Cristo Jesus – não há edifício a não ser
que Cristo seja o fundamento. Entretanto, o edifício varia de acordo com os diferentes materiais e formas de edificar. É
interessante que o texto não diz nada a respeito do seu tamanho, da velocidade com que foi edificado ou da inteligência
da estratégia usada na construção. Em vez disso, ele só trata dos materiais usados. Muitos usarão madeira, palha e
feno, enquanto outros usarão ouro, prata e pedras preciosas. Deus não pergunta qual é o tamanho do edifício que
estamos construindo, mas Ele está interessado em saber que tipo de material temos usado.
Paulo mostra que ouro, prata e pedras preciosas representam o bom material, porque resistirão ao fogo, enquanto
madeira, feno e palha serão facilmente queimados. É o fogo que checa a realidade espiritual de nossa construção da
Igreja. Assim, todo membro de célula precisa entender que sua célula é uma edificação espiritual, pois é uma expressão
da Igreja. E o veredito do apóstolo é que o fogo provará qual seja a obra de cada um (1Co 3.13). O fogo representa os
olhos do Senhor, que são como chama de fogo, perante o Tribunal de Cristo, onde todos os crentes comparecerão e
suas obras serão manifestas (Rm 14.10; 2Co 5.10).
a) O ouro
O ouro nos fala da natureza de Deus, de tudo o que Deus faz e de tudo o que vem dEle, e aponta para a glória de Deus.
O que quer que Deus estiver fazendo, estará permeado com Sua glória.
b) A prata
A prata fala da redenção. O Senhor Jesus foi traído por 30 moedas de prata, metal usado como moeda de troca
naqueles dias que se tornou um símbolo espiritual da redenção, pois, na cruz, o Senhor nos comprou de volta para Ele,
nos redimiu. Todas as nossas obras estão baseadas na obra da cruz.
c) As pedras preciosas
As pedras preciosas apontam para a obra do Espírito Santo, isto é, a nossa transformação. Sabemos que os diamantes
são formados do carvão no decorrer de muito tempo, em altas temperaturas e pressões gigantescas. Nós também
somos transformados pelo Espírito Santo nas mesmas condições. O que leva em si a eterna glória de Deus, a cruz do
Filho e a transformação do Espírito Santo é chamado de ouro, prata e pedras preciosas.
A Igreja é edificada pela transformação de Simão em Pedro, como lemos em Mateus 16.15-18. Sem transformação não
há edificação. Depois de sua confissão, o Senhor mudou o nome de Pedro e, na Palavra de Deus, ter o nome mudado
significa ter a vida transformada. Simão fora transformado numa nova pessoa, um novo homem que agora era como
uma rocha ou pedra. E não apenas Pedro foi transformado para ser útil na edificação da Igreja, mas todos nós devemos
ter a mesma experiência para sermos parte da edificação de Deus, do Seu edifício.
4. O julgamento e a recompensa
Paulo diz que haverá “o dia” em que nossas obras serão testadas diante de Deus (1Co 3.13-15). Existem muitas obras
feitas hoje em dia, mas a única que será considerada é aquela que foi feita visando à edificação da Casa de Deus na
terra. Deus está empenhado no cumprimento de Seu propósito eterno, que é ter Sua habitação no meio dos homens, e
aqueles que trabalham para Deus devem trabalhar na obra na qual o próprio Deus está envolvido. Jesus disse que está
edificando Sua Igreja hoje, portanto, se estivermos edificando outras coisas, essas obras não serão consideradas por
Deus. A verdade é que todo crente comparecerá diante do tribunal de Cristo e, naquele dia, a obra de cada um será
testada pelo fogo.
...manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja
a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse
receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que
através do fogo. (1Co 3.13-15)
Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou
o mal que tiver feito por meio do corpo. (2Co 5.10)
Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de
Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. (Rm 14.10,12)
Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor.
Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas
das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de
Deus. (1Co 4.4,5)
Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as
suas obras. (Mt 16.27)
E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. (Ap
22.12)
Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu
povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. (Hb 10.30,31)
O ensino bíblico é que, se a obra permanecer, haverá galardão. O teste será o fogo de Deus. A Palavra de Deus diz que
nosso Deus é fogo consumidor, diz também que Ele faz Seus ministros como labaredas de fogo. Fogo não danifica fogo,
portanto, se fomos feitos da mesma natureza de Deus, então somos fogo como Ele. Todo homem haverá de
comparecer diante da presença de Deus, e, para aqueles que não possuem a natureza do fogo, esse dia será o inferno.
Assim como Deus e nós mesmos somos fogo, nossas obras precisam ser de tal natureza que o fogo não as consuma.
Se for madeira, palha e feno, certamente serão consumidos.
Precisamos ter muita clareza de que a salvação não depende do que edificamos sobre o fundamento, mas de estarmos
ou não sobre ele. O fundamento é Cristo e, se estamos nele, já estamos salvos, mas isso não é garantia de que
receberemos o galardão. Este será concedido com base naquilo que tivermos construído sobre o fundamento. Todos
nós fomos colocados como construtores, por isso, todos compareceremos com nossas obras perante o Senhor naquele
dia.
1.Visão
O primeiro ingrediente essencial para que a obra de Deus seja feita é a visão. Não quero me deter falando sobre o
conceito de visão, mas apenas mostrar que a visão nada mais é que a planta ou o projeto que fazemos antes de
começar a construção.
Antes de construir, o arquiteto desenha a planta e faz um projeto completo. Antes da criação do universo, Deus tinha um
propósito eterno, uma clara e definida visão do que queria construir para a eternidade (Ef 1.4-14).
Nós estamos envolvidos na obra de edificação da Igreja. Para sermos construtores sábios, precisamos conhecer a
planta com clareza e edificar de acordo com o padrão de Deus. Na obra de Deus, não há lugar para a criatividade
humana. Tudo precisa ser feito de acordo com a revelação divina. Podemos ver isso claramente em muitas ocasiões na
Palavra de Deus.
O primeiro homem que edificou algo para Deus foi Noé. Foi dito a Noé que viria um julgamento sobre toda a terra. O
Senhor disse a ele que edificasse uma arca para que ele fosse salvo junto com sua família e um remanescente de toda
criatura (Hb 11.7). A arca, porém, deveria ser construída ou edificada do modo como Deus lhe mostrou.
Noé não originou a ideia ou o desenho da arca. Deus mesmo foi o arquiteto. Noé era o edificador de acordo com o
padrão dado a ele. Todos os detalhes foram dados a Noé. A arca deveria ser de tábuas de cipreste, tendo salas,
calafetada por dentro e por fora. Deveria ser de trezentos côvados de comprimento; cinquenta de largura e trinta de
altura, tendo uma janela no topo e uma porta de lado. Deveria também ter três andares. Para a arca, deveriam ser
trazidos sete casais de cada animal puro e um casal de cada animal impuro (Gn 7.2,3). A Palavra de Deus nos mostra
que Noé fez tudo de acordo com a ordem do Senhor.
Depois, encontramos o mesmo princípio na edificação do tabernáculo (Êx 25–40). Os detalhes do tabernáculo edificado
por Moisés não tiveram origem na mente de Moisés. Todos os detalhes, as medidas, os materiais foram originados em
Deus mesmo, o verdadeiro construtor. Moisés e aqueles que o auxiliaram, simplesmente edificaram de acordo com o
modelo que lhe foi mostrado no monte (Hb 8.8; Êx 25.8,9; 26.30; Nm 8.4).
Moisés obedeceu ao Senhor e tudo foi feito de acordo com o padrão que lhe foi mostrado no monte (Êx 39.42,43;
40.33,34). Em Êxodo 39 e 40, é dito dezessete vezes que tudo foi feito como o Senhor mandou a Moisés. Moisés foi fiel
em todos os intrincados detalhes do padrão de Deus para a Sua Casa (Hb 3.1-5).
O Senhor é um construtor sábio. Por isso, antes que qualquer trabalho de edificação seja iniciado, Ele faz primeiro uma
planta, um desenho daquilo que pretende edificar, e todos os trabalhadores da obra edificam de acordo com essa planta
preestabelecida.
Nenhum bom edificador reúne o material de construção e vai construindo sem um projeto, nem usando qualquer
material sem critério algum. Os materiais devem ser colocados de acordo com a planta. Quando tentamos edificar sem
conhecer a planta, o resultado é um amontoado de pedras, e não um edifício; é um monte de tijolos, e não uma casa.
Todo material deve ser reunido em seu lugar apropriado e edificado de acordo com a planta do arquiteto.
É uma situação triste que hoje o povo de Deus se reúna como um monte de materiais, pedras espirituais, que não estão
edificadas juntas como casa para o Senhor, uma habitação para a Sua glória. O povo tem se multiplicado, mas não tem
sido edificado (At 9.31). Eles são reunidos, mas não encaixados no edifício de Deus (1Co 3.9-17).
Ao vir ao mundo, antes de iniciar Seu ministério, Jesus tinha uma visão clara do que queria edificar. A palavra que
sintetiza a visão de Deus e do Senhor Jesus é a palavra “igreja”. O Senhor Jesus declarou: “[...] edificarei minha igreja”
(Mt 16.18). Ele é o prudente construtor, que edificará de acordo com o padrão de Deus, de acordo com Sua planta.
Quase todos, equivocadamente, chamam de Igreja o prédio onde as pessoas se reúnem para adorar ao Senhor. Esses
lugares não são nem igrejas, nem templos, são apenas locais de reunião da igreja.
A Igreja é a comunidade de homens e mulheres que confessaram a Cristo como Senhor, experimentaram o novo
nascimento e juntos estão sendo edificados para serem casa de Deus no espírito. A Igreja é algo sobrenatural. Não
devemos pensar que a Igreja seja apenas ter dois ou três reunidos. Ela é a união do homem com Deus, a divindade
unida com a humanidade pela eternidade.
Para que possamos edificar apropriadamente, precisamos ter em mente as três dimensões colocadas pelo Senhor em
Sua oração, em João 17.
Em primeiro lugar, o Senhor ora para que a Igreja seja santificada. Esse é o aspecto da qualidade da edificação.
Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. (Jo 17.15-17)
No meio evangélico, existe uma discussão sobre o aspecto qualitativo e o aspecto quantitativo da Igreja. Normalmente,
os líderes tomam apenas esses dois aspectos e discutem sobre qual dos dois é mais apropriado para trabalhar, como
se devêssemos escolher um dos dois. O Senhor mostra claramente que, antes de tudo, é preciso haver santidade, e a
santidade é o lado qualitativo da edificação.
Porém, depois de orar por santidade, o Senhor ora pela unidade da Igreja. Isso foge completamente do nosso conceito
natural.
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo
creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;
eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e
os amaste, como também amaste a mim. (Jo 17.21-23)
O Senhor nos mostra que o tipo de santidade que edifica a igreja é aquela que resulta em unidade. O Senhor disse:
“Santifica-os na verdade [...] a fim de que todos sejam um” (Jo 17.17,21). Se formos santificados na verdade, o resultado
é que seremos um. Sem a unidade, não é possível edificar a igreja local. Precisamos ter uma só mente e um só coração
para ter alguma edificação. Mas o que poucos percebem é que, quando somos santificados na verdade,
espontaneamente manifestamos unidade.
A santidade religiosa que a maioria das pessoas conhece diz respeito apenas a cumprir certas regras, como não
adulterar, não beber, não usar drogas ou fumar, não roubar e ser um bom cidadão. Esses preceitos podem ser seguidos
por qualquer pessoa e não resulta em unidade da Igreja. A verdadeira santidade é aquela que mortifica o ego e libera o
Espírito de Deus.
Uma vez que temos unidade, o resultado será o crescimento numérico, a quantidade. Observe que o Senhor disse que,
se formos um, o mundo crerá. A equação da edificação é baseada na oração do Senhor: “Santifica-os na verdade [...] a
fim de que todos sejam um [...] para que o mundo creia”.
Veja as três dimensões presentes:
• Qualidade: “[...] Santifica-os” (vv. 15-17).
• Unidade: “[...] para que todos sejam um” (vv. 21-23).
• Quantidade: “[...] para que o mundo creia” (vv. 21,23).
Qualidade produz unidade, que produz quantidade. Essa é a equação da edificação.
Tudo, porém, começa com a santidade. A Igreja que o Senhor deseja edificar é um povo que vive uma vida santa. De
acordo com as Escrituras, o Senhor Jesus Cristo vai levantar uma Igreja gloriosa e santa, sem mancha, nem ruga ou
coisa semelhante (Ef 5.26,27). Essa Igreja é edificada com ouro, prata e pedras preciosas (1Co 3.11-15), até que todos
cheguemos à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13).
Em termos práticos, isso significa uma Igreja integrada por famílias que vivem em paz e harmonia, com maridos ternos,
sábios e amáveis; esposas submissas de caráter afável e amoroso; e filhos respeitosos e obedientes.
A vontade de Deus é que, no meio do povo de Deus, os rapazes e moças cheguem virgens ao casamento; os anciões
sejam honrados e respeitados pelos mais jovens; crianças sejam felizes, criadas no amor e temor do Senhor.
Deus deseja ter um povo diferente, formado por discípulos que aprendem a ser humildes, pacientes, mansos, justos,
generosos, sinceros, bondosos, honrados e íntegros.
Discípulos cujo estilo de vida é amar, perdoar, servir, confessar suas faltas, obedecer, sujeitar-se às autoridades, pagar
seus impostos, ser sempre verdadeiro, confiar em Deus, amar seu próximo, ajudar, compartilhar com os necessitados,
chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram, ser um com os irmãos, devolver bem por mal, sofrer as
injustiças, dar graças sempre por tudo, vencer a tentação, viver no gozo do Senhor, orar sem cessar, dar testemunho de
Jesus Cristo, ganhar outros para Cristo, fazer discípulos, ofertar seu dinheiro e seus bens a serviço dos irmãos, e, sobre
todas as coisas, amar a Deus com toda a sua alma.
À medida que progredimos em qualidade, progrediremos em unidade, e o resultado é o crescimento em quantidade,
porque a unidade é fruto da qualidade, assim como a divisão é evidência de imaturidade e carnalidade (1Co 3.1-4). Os
filhos de Deus, como irmãos que são, devem formar uma só família aqui na terra, a família de Deus.
Essas dimensões podem ser vistas em outras partes do Novo Testamento (Ef 1.4-13; Ef 4.7,16). E também podemos
percebê-las no próprio caráter de Deus. A visão da Igreja é resultado da visão e revelação que temos de Deus.
Por que santidade? Porque Deus é santo.
Por que unidade? Porque Deus é um.
Porque quantidade? Porque Deus é amor e deseja salvar a todos.
Essa visão precisa encher o nosso coração. Não podemos ter apenas um conceito da visão, precisamos receber a
revelação. Quando a visão de Deus encher o seu coração, sua vida será tocada em todas as áreas.
A visão produzirá em você transformação, porque você passará a vivê-la. A visão despertará fé em seu coração,
capacitando-o a viver por ela. A visão despertará a paixão pela edificação e produzirá o compromisso que o levará a
viver para ela. No fim, nós nos disporemos a fazer qualquer sacrifício porque a visão da Casa de Deus nos encherá de
tal forma que seremos até mesmo capazes de morrer por ela.
2. Oração
A oração é o segundo ingrediente indispensável para a edificação da Casa de Deus. Jesus tinha visão ao iniciar Seu
ministério, mas a primeira coisa que fez depois de ser batizado e ungido pelo Espírito Santo no rio Jordão foi ir ao
deserto para orar por quarenta dias. Ele foi orar e jejuar.
Podemos ver facilmente nos evangelhos como a oração era uma parte integrante do ministério do Senhor. Cada manhã,
Ele iniciava o dia orando (Mc 1.35), e, às vezes, passava a noite orando (Lc 6.12).
Por que Ele orava se era o Filho de Deus? Se o próprio Senhor reconhecia que precisava orar, então nenhum de nós
pode abrir mão da oração.
A oração é completamente imprescindível, porque não podemos edificar a Casa de Deus por nós mesmos. Somos
absolutamente incapazes de realizar a visão (qualidade, unidade e quantidade). Somente Deus é poderoso e capaz de
edificar a Igreja (Ef 3.20). Sabemos também que Deus o fará tão somente se Lhe pedirmos em oração (Mt 18.18,19).
Temos o costume de jejuar duas vezes por ano. Algumas vezes, fazemos por vinte e um dias; outras, por quarenta dias.
Esses períodos de oração e jejum são o segredo de avançarmos na edificação da igreja. Muitas igrejas fazem
campanhas de oração semelhantes, mas sua oração é apenas em função das necessidades dos crentes. Isso é bom,
mas precisamos avançar para um nível de oração que envolva a realização do propósito do coração de Deus.
O Novo Testamento nos mostra os motivos pelos quais devemos orar. Evidentemente, devemos orar a respeito de todas
as coisas e nem preciso dizer que cada um deve sempre orar por suas necessidades pessoais. Mas a intercessão
principal deve ser pela realização do propósito eterno de Deus. Todavia, existem alguns exemplos bíblicos de motivos
de oração que não devemos esquecer:
• Santidade, unidade e quantidade (Jo 17).
• A extensão do Reino, necessidades materiais, confissão e proteção do mal (Mt 6.9-13).
• Envio de obreiros (Mt 9.38).
• Pelas autoridades e por todos os homens (1Tm 2.1-4).
• Por espírito de sabedoria e de revelação (Ef 1.16-19).
• Para que sejamos cheios de toda a plenitude de Deus (Ef 3.14-21).
• Por intrepidez e graça na evangelização (Ef 6.18-20).
• Para que haja cooperação entre a Igreja e o Senhor (At 4.29-31).
Em termos gerais, como igreja, temos enfatizado mais a adoração do que a intercessão. Deus quer levar-nos para a
intercessão sem com isso enfraquecer a adoração.
3. Relacionamentos
A terceira coisa que Jesus fez ao iniciar Seu ministério foi construir relacionamentos firmes com doze discípulos. Para
isso, assumiu a responsabilidade de estar com eles para formar e ensinar com Seu exemplo e Sua palavra, e eles
fizeram o compromisso de sujeitar-se ao Senhor e ser Seus discípulos.
A obra de Deus se faz com base em relacionamentos firmes de amor, comunhão e compromisso. Sem compromisso,
nossos relacionamentos se tornam apenas algo natural incapaz de produzir edificação.
Nossos relacionamentos na igreja acontecem em três níveis:
• Com pessoas mais experientes em sujeição e compromisso.
• Com iguais em sujeição mútua (2Tm 2.2).
• Com mais novos no evangelho em responsabilidade (Ef 5.21; 1Pe 5.5).
Todos os membros do corpo devem ter relacionamentos firmes com irmãos mais velhos, com iguais e com mais novos.
Todos nós precisamos de um Paulo, de um Barnabé e de um Timóteo em nossas vidas. Em outras palavras,
precisamos de um discipulador, de um companheiro de jugo e de um discípulo.
Todo o corpo bem ajustado e unido entre si por todas as juntas efetua o seu próprio aumento (Ef 4.16; Cl 2.19).
Nossos relacionamentos, porém, não devem ser frios e superficiais. Nossas relações, tanto com irmãos mais
experientes como com iguais e ainda com os mais novos, devem ter como base a atitude do Senhor Jesus descrita em
Filipenses 2.2-8:
Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo
o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros
superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos
outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de
Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se
obediente até à morte e morte de cruz.
Lendo o texto, a primeira atitude que percebemos é a atitude de unidade. Paulo diz: “[...] sejais unidos de alma” (v. 2).
Na edificação da Igreja, somente relacionamentos que promovem a unidade realmente edificam.
A segunda atitude é a atitude de humildade. Paulo disse: “[...] considere o outro maior” (vv. 3,8).
A terceira atitude é de submissão. O Senhor Jesus, sendo Deus, não usurpou ser igual a Deus (v. 7). Ele assumiu uma
atitude de servo, não de Senhor. O verso 7 diz que Ele se esvaziou e assumiu a forma de servo.
E, por fim, precisamos demonstrar uma atitude de amor sacrificial, e não de egoísmo. O alvo final do Senhor foi morrer
na cruz por obediência.
Somente com base no Espírito de Cristo em nós, é possível construir relacionamentos para chegar à verdadeira unidade
e edificação do corpo.
4. Estratégia
Em Efésios 4.7-16, é apresentada a estratégia de Deus para a edificação da visão de Deus:
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e
mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à
medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e
levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas,
seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado
e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para
a edificação de si mesmo em amor.
Nesse texto, a figura dominante é a Igreja como corpo. Cristo é a cabeça, e cada filho de Deus é um membro ou uma
parte desse corpo.
O objetivo da cabeça é a edificação do corpo. Esse objetivo inclui as três dimensões – qualidade, unidade e quantidade.
Veja que, no verso 8, Paulo diz que os cinco ministérios foram dados com vistas ao aperfeiçoamento dos membros.
Essa é a dimensão da qualidade.
Depois, no verso 13, ele diz que essa obra é até que cheguemos à unidade da fé. Veja que, depois do aperfeiçoamento
(qualidade), vem a unidade da fé. Como resultado, Paulo diz, no verso 16, que o corpo efetua o seu próprio aumento.
Essa é a dimensão da quantidade, o crescimento numérico. Veja que os três aspectos caminham juntos: qualidade, que
gera unidade, que gera quantidade.
O plano da cabeça é usar todos os membros para edificação do corpo. Nessa obra de edificação, uma é a parte da
cabeça, outra, a dos ministérios, e outra a função dos membros.
A cabeça tem a função de governar o corpo, dar a ele vida (Ef 1.23; 3.19; 4.10), dar crescimento (Ef 4.15,16), dar dons a
cada membro para sua função (Ef 4.7,8) e constituir uns como apóstolos, outros como profetas e outros como
evangelistas, pastores e mestres. Tudo isso é função da cabeça, e não nossa.
O objetivo dos cinco ministérios é o mesmo que o de Cristo: a edificação do corpo. O plano deles é o mesmo que o de
Cristo: usar todos os membros do corpo. E a função deles está indicada no verso 12: “[...] o aperfeiçoamento dos santos
para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.
A palavra aperfeiçoar pode ser traduzida como “treinar, capacitar ou equipar”. No grego, a palavra usada é katartismos,
que significa: treinar, ordenar, aparelhar, guarnecer, equipar, prover de, preparar, formar um todo, governar, dirigir,
restaurar, reparar, colocar em seu lugar. Katartismos é um substantivo, por isso antigas versões da Bíblia a traduzem da
seguinte maneira: “para a perfeição dos santos”.
A função dos cinco ministérios é aperfeiçoar (Katartismos), treinar os santos para a obra do ministério visando à
edificação do corpo.
Esse aperfeiçoamento dos santos implica ordenar, relacionar, colocar cada um no seu lugar e organizar os santos para
que entrem em ação e desempenhem seu ministério na edificação do corpo de Cristo.
Na estratégia de Deus, toda a Igreja é um seminário, cada irmão é um seminarista, e os cinco ministérios são as
matérias que cada seminarista deve dominar. O alvo é que cada um cumpra seu ministério na edificação do corpo.
Cada membro do corpo precisa funcionar. Cada um é importante e tem uma função porque cada membro recebeu de
Cristo um dom (v. 7), e por isso é ministro do Senhor (v. 13).
Cada membro tem o ministério de trabalhar na edificação do corpo, e, nesse trabalho de edificar, cada um precisa ser
edificado no corpo e vinculado por meio de relacionamentos firmes para desempenhar seu ministério.
5. Ação e multiplicação
O ingrediente decisivo para realizar a obra é a ação seguida de multiplicação. Se não há uma ação, não há obra, e, se
não há multiplicação, não há expansão do corpo. A visão, a oração, os relacionamentos e a estratégia existem para
chegarmos à multiplicação, à expansão do corpo.
O fundamento e o modelo para a ação é o Senhor Jesus. Em Atos, lemos que Jesus começou a fazer e a ensinar (At
1.1). O Senhor Jesus não somente é o nosso modelo quanto à vida, mas é também na forma de trabalhar para Deus. A
ação do Corpo de Cristo, a Igreja, deve corresponder à ação de Jesus quando esteve com Seu Corpo aqui na terra. Ele
orava, jejuava, pregava, expulsava demônios, fazia milagres, ajudava os pobres, alimentava os famintos, abençoava e
amava as crianças, era amigo dos pecadores, perdoava os pecados, consolava os que sofriam, repreendia os
hipócritas, percorria cidades e povoados, evangelizava as multidões, evangelizava os indivíduos, entrava nos lares.
Mas, em toda essa ação intensiva, o aspecto central de Seu ministério era discipular doze homens. A esses chamou e a
eles se dedicou, formou, capacitou, equipou, treinou (katartismos) e enviou para que fizessem o que Ele mesmo fez.
Seu método era pelo exemplo de Sua ação e pela instrução. Ele ensina por ensino e por demonstração. Sarando, ele
ensinava a sarar; pregando, ele ensinava a pregar etc. E, além disso, ensinava-os e instruía à parte. Os discípulos eram
formados vendo a Jesus e ouvindo os Seus ensinamentos.
O Corpo de Cristo na atualidade, mediante todos os seus membros, deve realizar o mesmo ministério que Cristo
realizou. Para isso, o Senhor reparte Sua graça e dons a todos os membros do corpo. O que se espera de cada membro
é que funcione. Assim como foi para Cristo, o centro do ministério dos santos deve ser o fazer discípulos, pois isso é
fundamental para a edificação do Corpo de Cristo.
Toda a ação e todo trabalho precisa visar ao crescimento, à expansão do Corpo e à multiplicação. A base da edificação
e da multiplicação são as células.
O objetivo de toda célula deve ser a edificação do Corpo, mas toda a edificação precisa culminar na multiplicação.
Quando multiplicamos, estamos trabalhando para expandir o Corpo. A multiplicação deve ser o resultado natural da
qualidade e da unidade da célula. Quando temos qualidade e unidade, o resultado é quantidade.
Décimo Dia
A edificação é um encargo
Nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores, onde cada membro é um ministro e cada casa uma extensão da
igreja, conquistando, assim, a nossa geração para Cristo, através de células que se multiplicam uma vez ao ano.
Essa é a nossa visão, a nossa declaração de propósito. A primeira parte dela diz que nosso encargo é edificar uma
igreja de vencedores.
a) Soberba
Quando o pé diz que, por não ser mão, ele não fará parte do corpo, está apenas demonstrando sua soberba. Cada
membro é necessário, mas alguns se consideram muito importantes para exercerem funções menores ou se ligarem a
membros menores. Para eles, só serve se forem “as mãos”, ou outras partes que consideram mais nobres. Eles veem
as funções como cargos e só querem fazer aquilo que se destaca, por isso, sendo “pés”, aspiram ser “mãos”.
Quando a Igreja é só uma sacola cheia de membros, as pessoas podem agir com descaso em relação a alguns de seus
membros em função de seus dons e habilidades espirituais. Pessoas arrogantes se julgam mais ou menos importantes
por causa das funções que exercem no Corpo.
b) Timidez
Esse é o caso daqueles que pensam que o que fazem é demasiadamente pequeno ou simples e, por isso, pensam que
não são importantes para o Corpo, pois qualquer um poderia desempenhar sua função. Alguns podem dizer que eles
são apenas “uma unha” (se ao menos fossem uma mão!) e, por isso, não fazem falta. Porém, cada membro tem uma
função distinta e essencial ao Corpo. Infelizmente, são muitos os que enterram seu dom por causa de suas limitações
naturais e, por isso, deixam de participar da vida da Igreja. Eles pensam que é muito embaraçoso ser “um pé”, pois, se
tropeçarem, todos irão culpá-los.
c) Inveja
Paulo diz que cada membro é colocado no Corpo pela vontade de Deus (1Co 12.18), mas sempre há aqueles que se
sentem ressentidos pela inveja e preferem não ser nada a serem “um pé”. Esses estão sempre pensando que os outros
querem impedi-los de ter ministério.
Cada membro precisa compreender que foi estabelecido no Corpo pela vontade de Deus. Quando pensamos que fomos
estabelecidos por homens, esperamos deles o reconhecimento e a força, mas quando entendemos que foi o Senhor
quem nos designou, sabemos que prestaremos contas diante dEle.
d) Ignorância
Mesmo quando ignora a própria importância, o membro ainda assim é parte importante do corpo. Alguns pensam que
não possuem dom e outros simplesmente ignoram o próprio dom. Há o conceito equivocado de que um dom precisa,
necessariamente, ser algo extraordinário e, como possuem apenas habilidades comuns, algumas pessoas pensam que
não possuem dons espirituais realmente úteis. Na igreja de Corinto, alguns nem mesmo se sentiam parte da Igreja
porque pensavam: “já que não sou mão, então não sou do corpo”.
2. O Corpo
Em Efésios 1.22,23, lemos que a Igreja é o Corpo de Cristo, a plenitude dAquele que a tudo enche em todas as coisas.
A Igreja é a plenitude de Cristo, e a palavra “plenitude” significa “expressão”. Assim, a plenitude ou a expressão de
Cristo é a Igreja. Assim como nosso corpo é a nossa expressão, o Corpo de Cristo, a Igreja, é Sua expressão e
plenitude. Só podemos conhecer alguém pessoalmente conhecendo seu corpo. Do mesmo modo, a maneira de alguém
conhecer a Cristo é conhecendo Seu corpo. Mas, se não houver uma expressão de Cristo, torna-se difícil para as
pessoas O conhecerem apropriadamente.
A célula é uma expressão de Cristo, pois é Igreja. Nela, as pessoas podem conhecer a Cristo quando veem Sua
expressão no Corpo vivo. Mas, se a célula for muito imatura, ela terá dificuldade de ser uma expressão apropriada de
Cristo, pois, para que seja uma expressão, o corpo deve amadurecer. Uma criança pode ser perfeita, mas seu corpo
não pode expressá-la em plenitude, pois para isso ela deve crescer. Em Efésios 4.12, Paulo mostra que o corpo precisa
crescer e aperfeiçoar-se até que todo ele chegue à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo. O corpo precisa crescer e os membros devem funcionar
apropriadamente. Essas são as duas condições básicas para que ele seja uma expressão da cabeça. Maturidade e
funcionamento, estes são os dois objetivos que toda célula deve perseguir para ser expressão da Igreja.
O Corpo de Cristo está relacionado à vida, é algo orgânico e vivo. E cada um de nós é parte desse corpo onde circula a
vida de Deus. A ilustração do corpo nos dá uma série de analogias que nos ajudam a compreender o que é a Igreja.
3. O Reino
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos... (Ef 2.19)
A Igreja é o reino de Deus. O termo concidadãos indica um reino, pois ser concidadão refere-se a participar de certos
direitos civis, e estes estão sempre relacionados com uma nação ou reino. A Igreja é o reino de Deus, e nós somos os
cidadãos desse reino, com direitos e responsabilidades.
A respeito desse Reino, a Palavra de Deus diz que somos embaixadores. Estamos aqui para representar nosso Rei.
Como representantes temos privilégios, mas temos também a grande responsabilidade de expressá-lo
apropriadamente.
A principal característica de um reino é que se trata de um governo. Assim sendo, a Igreja é o lugar onde o Senhor
governa. Quando o crente compreende a autoridade do Rei, ele está, de forma prática, introduzido no Reino. No
universo há duas grandes experiências: a primeira é crer para ser salvo e a segunda é ver a autoridade do Rei para a
obediência.
A palavra “reino” pode ser usada no sentido de cidadania ou do espaço onde reina um governante, mas também pode
ser usada no sentido de natureza – assim temos o reino animal, o reino mineral e o reino vegetal, cada um com sua
natureza própria. Isso mostra que pertencemos a um reino de natureza diferente. Somos do reino espiritual, e nossa
natureza é diferente da natureza daqueles que vivem no reino desse mundo.
4. A família de Deus
Em quarto lugar, a Igreja é a família de Deus, como podemos ver em Efésios 2.19. A família não é uma questão de
direitos civis, mas, sim, de vida e comunhão. Em sua casa você não fala muito sobre direitos, pois lá você tem a vida do
pai e a comunhão com ele. Essa é a expressão da Igreja que mais nos agrada e da qual mais falamos. Não é por acaso
que chamamos todos de “irmãos” dentro da Igreja. Fazemos isso porque somos mesmo filhos de um mesmo Pai,
trazemos em nós a mesma natureza de vida, o mesmo DNA espiritual.
Quando falamos de família, estamos afirmando que temos uma mesma natureza e um mesmo tipo de vida. Somos
nascidos na família porque fomos feitos filhos de Deus – temos Sua natureza, trazemos Seu nome e somos
participantes de Sua herança.
A família também é o lugar de convergência. Podemos estar nos melhores hotéis, mas somente conseguimos
descansar quando estamos em nosso lar. A família nos fala de desfrute e descanso, e devemos ver nossa célula dessa
maneira. Ela não pode ser apenas uma reunião religiosa numa casa; a célula precisa ser o encontro caloroso da família.
5. A habitação de Deus
Chegamos agora à definição de que mais temos falado desde o começo. A Igreja é também o lugar em que Deus
habita. No capítulo dois da carta aos Efésios, lemos que todo o edifício cresce para santuário no Senhor. Os santos na
Igreja local são edificados juntamente para habitação de Deus no espírito. Universalmente a Igreja é o templo do
Senhor, enquanto localmente é a habitação de Deus no espírito.
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo
o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo
edificados para habitação de Deus no Espírito. (Ef 2.20-22)
Esse trecho nos mostra que o edifício é a Igreja que está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. O
fundamento dos apóstolos é a revelação que eles tiveram. Ela foi dada a Pedro e está registrada em Mateus 16, assim
como a Paulo, que nos disse que Cristo é o fundamento e alicerce.
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele.
Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo. (1Co 3.10,11)
Mas Cristo também é a pedra angular, aquela que ficava nos cantos para suportar o peso da construção.
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular. (Ef 2.20)
Além disso, o Senhor é também a pedra de arremate, a pedra que é colocada no topo quando a construção termina,
como vemos no livro do profeta Zacarias:
...Porque ele colocará a pedra de remate, em meio a aclamações: Haja graça e graça para ela! (Zc 4.7)
Assim, Cristo é tudo em todos. Ele é o começo e o fim, o alfa e o ômega.
Na primeira carta aos Coríntios, Paulo afirma que lançou o fundamento, que é Cristo, e agora cada um veja como
edifica. Pedro diz que somos feitos pedras que vivem (1Pe 2.5), e somos, juntos, edificados casa espiritual para a
habitação de Deus. A Igreja como edifício não cresce apenas porque mais pedras vivas são acrescentadas, mas
também porque as pedras estão crescendo (Ef 2.21).
O propósito de Deus é edificar Sua habitação no universo. O céu não é a habitação permanente de Deus, apenas Sua
residência temporária. A Bíblia revela claramente que o Senhor está vindo para habitar em sua habitação eterna, que é
a Nova Jerusalém. Deus tem um propósito eterno para levar a cabo. O que Deus quer realizar é a edificação de Sua
eterna habitação, que é a união do Deus triuno com a Igreja. O propósito de Deus é edificar uma habitação eterna para
Si mesmo e para Seus escolhidos.
6. A Noiva de Cristo
Em Efésios 5.31,32, vemos a Igreja como noiva, a esposa de Cristo – e uma noiva visa à satisfação e felicidade do
noivo. Na época em que Adão estava sozinho, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Esse
versículo indica que, quando estava só, Adão não tinha felicidade nem satisfação, por isso ele necessitava de uma
esposa. O dia do casamento de um homem é um dia de satisfação e felicidade. Visto que Cristo ama a Igreja, ela é Seu
prazer e satisfação.
A Igreja é como a auxiliadora idônea. Isto significa que somos do mesmo tipo, da mesma natureza, podemos nos casar
com a divindade. Para Adão não se achava uma auxiliadora idônea. Deus então criou Eva e a trouxe para ele. No
universo, não há outra senão a Igreja para se unir a Cristo. Como Eva foi tirada de Adão, nós fomos formados em Cristo
e de Cristo. Assim como o marido e a esposa se tornam uma só carne, nós seremos um só com Cristo pela eternidade.
Deus deseja ser recebido para dentro dos homens, assim formando Sua Noiva com quem deseja casar-se. O
casamento é a figura de uma comunhão maravilhosamente estreita, sem limites, cuja base é o amor. Assim, o que nos
une a Deus e Ele a nós é o amor. Toda a história contada na Bíblia é o relato de um maravilhoso romance entre um
Deus que empenha tudo para nos ter nesse nível de comunhão tão estreita baseada no amor. Que amor maravilhoso!
Esse casal, entretanto, deve ter a mesma natureza, pois é impossível misturar ou ligar intimamente elementos cuja
natureza seja incompatível. Eva deveria ser tirada daquilo que Adão era em si mesmo, de outra sorte, não poderia haver
comunhão, nem casamento. O mesmo ocorre com a Igreja: éramos todos filhos do homem, e o noivo era Filho de Deus.
A encarnação foi a divindade entrando na humanidade. Ele era o protótipo de uma nova raça, era o segundo Adão, o
Unigênito, Aquele que era o único gerado. Portanto, para haver casamento, deveríamos ser da mesma natureza que
Ele, deveríamos ter da sua vida, isto é, daquilo que Ele é em si mesmo. Na ressurreição isto aconteceu, Cristo veio ser
nossa vida. Hoje, somos filhos do homem com o Filho de Deus dentro de nós. Pode haver casamento agora. Aleluia!
Somos semelhantes, temos a mesma natureza.
Quando falamos da união de Cristo com Sua Noiva, a Igreja, precisamos também considerar outro aspecto fundamental:
a Noiva veio do Noivo, assim como Eva veio de Adão.
Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne.
Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. (Ef 5.31,32)
Nesse versículo, Paulo está citando Gênesis 2.23 que diz: “E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e
carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada”. Aqui está a definição da mulher: é uma
pessoa que do varão foi tomada.
No capítulo dois de Gênesis, vemos o processo de formação da mulher e sua união com o homem. Nesse processo, o
primeiro passo foi Deus ver que não era bom que o homem estivesse só. Adão, aqui, é apenas um tipo, uma imagem de
Cristo. Lembre-se que Adão era apenas uma foto, uma ilustração do verdadeiro Adão, que é Cristo.
Em segundo lugar, precisamos considerar a palavra auxiliadora. Não havia nada idôneo para o homem. Idôneo significa
à altura, do mesmo tipo, da mesma natureza, algo que se pode usar para complementar. Deus mandou que Adão
colocasse nome nos animais para que ele percebesse que não havia nenhum deles que pudesse ser seu complemento.
Era como se Adão dissesse: eles não se parecem comigo, como posso tê-los como companheiros?
Deus então começa o processo de trazer Eva à existência. E o segundo passo é fazer o homem dormir. Na Bíblia,
dormir simboliza morrer. O Senhor Jesus teve de morrer para trazer à existência Sua Noiva. Por três dias Ele esteve
dormindo o sono da morte. Jesus foi o grão de trigo que caiu na terra para morrer e crescer, e gerar muitos grãos (Jo
12.24) para fazer o pão que é o seu Corpo, a Igreja (1Co 10.17).
Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. (Jo 19.34)
O sangue é para redenção (Hb 9.22; 1Pe 1.18,19), mas o que significa a água? Em 1 Coríntios 10.4, vemos que a água
saiu da rocha fendida no deserto para dar vida.
Eva foi formada de uma costela de Adão, o que significa que a Igreja saiu de Cristo. Somente aquilo que é proveniente
de Cristo pode ser Igreja. Tudo o que não é Cristo não é Igreja. Tudo o que é natural, do ego, do homem, não tem parte
na Igreja e não pode ser usado na sua edificação. A questão da fonte, da origem das coisas, é a primeira lição na vida
cristã. Assim como Eva era outra forma de Adão, a Igreja é apenas outra forma de Cristo, mas é exatamente Cristo.
Se o sono de Adão simboliza a morte de Cristo, então seu despertar representa a ressurreição. Quando Adão viu Eva,
ele disse: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne...” (Gn 2.23). Talvez tenha pensado: “tenho visto
bois, leões, peixes e aves, mas nenhum deles poderia fazer par comigo”. É por isto que podermos ser um com Cristo,
porque somos carne de sua carne e osso dos seus ossos. Somos da sua natureza. Podemos ser seu par.
Adão e Eva tornaram-se uma só carne, mas hoje Cristo e a Igreja são um só espírito (1Co 6.17). Se compreendermos o
significado desta união, teremos nossa vida cristã completamente transformada. O objetivo de Deus é ser um com o
homem. Ele alcançou isso pela cruz e pela ressurreição. Esse tornar-se um só espírito é um grande mistério na Palavra.
Primeiro porque fala de uma união tal entre Deus e os homens que parece nos levar a sermos divinos sem sermos
Deus. Por outro lado, mostra que a Igreja não é uma questão de vários cristãos estarem juntos com diversos outros
cristãos. Não é uma questão de muitos homens, mas de uma vida. A Igreja só é Igreja porque possui muitos homens
que têm a mesma vida, que é Cristo. Cada um de nós tem uma porção de Cristo e, quando estas porções de Cristo são
colocadas juntas, então temos a Igreja.
7. O exército
Finalmente, o texto de Efésios 6 revela que a Igreja é um exército. E, como tal, ela lida com o maligno e o derrota.
Nesse texto, o guerreiro e sua armadura são mencionados justamente depois que é falado da Igreja como Noiva. Isso
acontece por duas razões: primeiro porque o melhor guerreiro é aquele que ama. Segundo, porque a Igreja, como
Noiva, se submete ao Noivo e, num exército, a submissão é a principal atitude. Na verdade, não há exército sem
submissão. Para a guerra, Deus precisa de noivas e não de guerreiros contratados ou mercenários. A paixão é nossa
motivação nessa guerra, não a recompensa humana.
Se reunirmos esses sete aspectos, teremos uma definição da Igreja como Corpo para expressar a imagem de Cristo,
como Reino exercendo domínio por Ele, como família desfrutando de vida e comunhão, como habitação de Deus para
que sua glória repouse sobre nós, como Noiva para a satisfação de Cristo, e como exército para lutar a batalha e
derrotar o inimigo, a fim de que Deus realize Seu propósito eterno. Esta é a Igreja.
Todo artista possui muitas obras, mas há uma que é a obra-prima. Assim, Deus criou todas as coisas, mas dentre todas
elas, a Igreja é Sua obra-prima. Ficamos ainda mais admirados com o que Deus fez quando nos lembramos de quem
éramos. O Oleiro pegou do pior barro, contaminado e impuro, e agora está nos transformando numa obra-prima. Tudo
isso é para que, “pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades
nos lugares celestiais” (Ef 3.10). Toda obra-prima é para ser vista e admirada. E chegará o dia em que toda a criação
verá a manifestação dos filhos de Deus. Hoje, a obra ainda não está pronta, mas Ele trabalha em nós para que esteja
naquele grande dia.
Décimo Terceiro Dia
Cinco coisas relacionadas com a
Casa de Deus
Nosso Deus é um Deus de propósito. Ele faz tudo de acordo com a Sua vontade, que foi estabelecida desde a
eternidade. Todos os atos de Deus estão em linha com esse propósito eterno. Essa é a forma como Ele sempre age.
Deus não age como os homens. Algumas vezes, nós fazemos as coisas pela oportunidade que aparece quando nem
tínhamos pensado nelas antecipadamente. Outras vezes, somos pressionados pelas circunstâncias e, então, agimos ou
reagimos sem ter nenhum plano anteriormente concebido. Também aprendemos com nossos erros e muitas vezes
mudamos de ideia no decorrer de nossas ações. Mas, com Deus, isso nunca acontece. Antes de fazer qualquer coisa,
Ele já tem um pensamento e um plano do que vai fazer. Ele jamais é pego de surpresa pelas circunstâncias e nunca
muda o Seu propósito. Por isso, dizemos que o propósito de Deus é eterno. Uma vez que Ele o estabeleceu, certamente
Ele o realizará.
O plano de Deus que esteve oculto durante os séculos e gerações foi revelado nesse tempo do Novo Testamento. No
passado, os homens simplesmente não conheciam o propósito de Deus, mas hoje sabemos que Seu propósito eterno é
se unir ao homem fazendo dele Sua habitação e sendo morada eterna para ele. Esse propósito eterno está expresso na
Igreja, a Casa de Deus.
Individualmente, somos pedras vivas, mas juntos precisamos ser edificados casa para Deus. É possível sermos uma
grande quantidade de pedras vivas simplesmente amontoadas em grandes ajuntamentos. Isso, porém, não satisfaz
completamente o coração de Deus. Ele deseja ter Sua casa, mas, para isso, precisamos cooperar com o Senhor e ser
edificados e vinculados juntos. Toda a ação de Deus e toda Sua obra são feitas a partir da Sua casa.
Se somos apenas um ajuntamento de pedras, perdemos muito do que o Senhor tem para nós. Gostaria de ilustrar isso
usando o símbolo do Tabernáculo de Moisés no Velho Testamento. O tabernáculo é um símbolo da Igreja como Casa
de Deus. Existem cinco coisas importantes que estão relacionadas ao tabernáculo desde sua construção, em Êxodo, até
sua captura, no começo de 1 Samuel. Essas mesmas coisas estão relacionadas hoje com a Igreja, a Casa de Deus.
O tabernáculo aponta para a Casa de Deus no Velho Testamento e é, portanto, símbolo da Igreja no Novo Testamento.
Assim, essas mesmas coisas estão relacionadas conosco quando somos edificados apropriadamente casa para Deus.
1. A glória de Deus
A glória de Deus somente pode ser manifestada na Sua Casa e através da Sua Casa. Êxodo 40.34-38 diz que, quando
o tabernáculo foi completamente edificado, a glória de Deus veio e o encheu.
Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar
na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo. (Êx
40.34,35)
O desejo do coração de Deus é Sua Casa, Sua habitação entre nós e em nós. Sempre que há expressão da Sua
imagem, imediatamente Sua glória desce sobre nós. Temos experimentado uma medida da presença de Deus, mas não
temos experimentado ainda a Sua glória. Isso acontece porque somos basicamente um amontoado de pedras, e não
uma edificação para o Senhor. Não há ainda encargo o suficiente em nosso coração pela Casa de Deus e pelo Seu
propósito eterno. Ainda não se pode dizer a nosso respeito o que foi dito sobre o Senhor Jesus: “[...] o zelo da sua casa
me consumirá” (Jo 2.17).
Quando temos zelo por algo, preocupamo-nos que aquilo seja cuidado nos mínimos detalhes. O zelo é também
expressão de amor e encargo do coração. Precisamos deixar que o nosso coração seja tomado pelo propósito eterno de
Deus. Que o Senhor nos abra os olhos para vermos a Casa, a Igreja. Se nossos olhos forem abertos, creio que
estaremos dispostos a trabalhar pela sua edificação.
O Senhor deseja manifestar Sua glória na terra, e isso somente acontece por meio da Igreja. Não é algo que
experimentamos sozinhos, precisamos dos irmãos, daí a importância da célula. Cada célula precisa ser uma casa para
Deus para que venha a Sua glória.
A manifestação da Sua glória na terra depende completamente do edifício. Isso é assim porque a Casa de Deus
expressa a Sua imagem, e, quando manifestamos a imagem, então há glória, pois a imagem de Deus é a Sua glória.
Em 2 Coríntios 3.18, diz que a imagem de Deus e Sua glória são a mesma coisa.
Já dissemos em muitas ocasiões que a imagem de Deus é ser plural, mas sendo um. Ele é três, mas é um. Todas as
vezes que somos muitos, mas somos um em mente e coração, ali temos imagem de Deus, e, quando há imagem, o
resultado é domínio e glória. A intenção de Deus ao criar o homem à Sua imagem foi para que este pudesse representá-
Lo exercendo domínio com Sua autoridade.
O tabernáculo, e mais tarde o templo, foram edificados para manifestar a glória de Deus. Quando Salomão foi dedicar o
templo ao Senhor, também a glória de Deus encheu o lugar e ninguém podia estar ali para ministrar por causa da
nuvem da glória.
E quando em uníssono, a um tempo, tocaram as trombetas e cantaram para se fazerem ouvir, para louvarem o
SENHOR e render-lhe graças; e quando levantaram eles a voz com trombetas, címbalos e outros instrumentos musicais
para louvarem o SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre, então, sucedeu que a casa,
a saber, a Casa do SENHOR, se encheu de uma nuvem; de maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para
ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR encheu a Casa de Deus. (2Cr 5.13-14)
Comumente, as pessoas leem esse texto e associam a glória de Deus simplesmente a vozes cantando, louvor, ações
de graças, címbalos, trombetas e todos os outros instrumentos musicais. Assim, elas concluem que a glória de Deus
está simplesmente associada à música e ao louvor. Por causa disso, presumem que não há mais glória na Igreja porque
não temos um louvor suficientemente bom. Mas isso é um equívoco. Não quero dizer que o louvor e a música não sejam
importantes, mas a glória não veio por causa disso. A glória veio por causa da Casa de Deus. Se desejamos ter a glória
de Deus, precisamos edificar-Lhe uma casa.
O templo de Ezequiel é o terceiro exemplo da glória associada à Casa de Deus (Ez 40–48). Depois que o Senhor
mostrou a Ezequiel a visão do templo e tudo tinha sido medido de acordo com o padrão divino, a Glória encheu o templo
do Senhor (Ez 43.1-6).
A glória do SENHOR entrou no templo pela porta que olha para o oriente. O Espírito me levantou e me levou ao átrio
interior; e eis que a glória do SENHOR enchia o templo. (Ez 43.4,5)
Veja que o padrão foi selado pelo retorno da glória que havia sido perdida. Todas as vezes que temos a casa edificada,
a glória de Deus vem sobre ela.
Podemos ver no Novo Testamento o exemplo do Senhor Jesus Cristo. O Senhor Jesus é o Tabernáculo e o Templo de
Deus (Jo 1.14-18; 2.20-21). Ele era perfeito em tudo, em todos os Seus pensamentos, palavras e ações. Ele
correspondeu exatamente ao padrão de Deus para o homem. O selo de Deus estava sobre Ele e a glória habitava n’Ele
plenamente (Jo 3.33-34; Cl 1.19; 2.9). No Monte da Transfiguração, a glória do Senhor brilhou através do véu de Sua
carne (Mt 17.1-9; Jo 17).
No final, em Apocalipse, vemos a cidade de Deus, a Nova Jerusalém (Ap 21–22). Ela é a consumação do propósito
eterno de Deus. Ela é edificada de acordo com o padrão de Deus, e Apocalipse 21.11 diz que a Nova Jerusalém tem a
glória de Deus. A glória é o selo da edificação do Senhor e do Seu prazer.
E me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima,
como pedra de jaspe cristalina. (Ap 21.10,11)
Podemos afirmar que, quando a Igreja é edificada de acordo com o padrão de Deus, o resultado é que a glória irá se
manifestar. Ela será o selo de Deus sobre a obra terminada, a qual está de acordo com o Seu padrão mostrado no
monte (Ef 3.17-21; Cl 1.27; Sl 102.13-16).
Todo aquele que está envolvido na edificação da Casa de Deus, a Igreja do Novo Testamento, precisa estudar “o
padrão” esboçado na Palavra de Deus e edificar de acordo com ele. Paulo exorta a todos que tenham cuidado em como
edificam (1Co 3.9,10). Deus somente pode colocar o selo de Sua glória sobre aquilo que está de acordo com Seu
padrão. Se desejamos a glória, precisamos edificar-Lhe a casa.
4. A batalha espiritual
No livro de Números, o Senhor ordena que todo o povo de Israel se acampe ao redor do tabernáculo. Cada tribo tinha o
lugar específico onde se acampar ao redor do tabernáculo.
Disse o SENHOR a Moisés e a Arão: Os filhos de Israel se acamparão junto ao seu estandarte, segundo as insígnias da
casa de seus pais; ao redor, de frente para a tenda da congregação, se acamparão. (Nm 2.1,2)
Todo exército se acampa voltado para o seu inimigo, mas o exército de Deus é completamente diferente. O exército de
Israel se acampava de costas para o inimigo. Sua frente estava voltada para o tabernáculo, mostrando que o seu centro
é Cristo e Sua Casa.
Todos nós devemos estar voltados para Cristo, pois o que Deus olha não é o quanto somos capazes de realizar por Ele,
mas para onde está voltado o nosso coração. Mas também precisamos estar voltados para o tabernáculo, a Casa de
Deus. Precisamos ter encargo pela edificação da Igreja.
Ter o coração voltado para Deus é a maneira de darmos frutos. Ter o coração voltado para Cristo como centro é a
maneira de estarmos ligados à videira, de recebermos a vida que vem do tronco e sermos alimentados pela seiva.
Quando estamos ligados à videira de todo o coração, naturalmente nós frutificamos, sem fazer qualquer esforço.
Apesar de sermos um exército e termos um inimigo, ainda assim não vivemos em função da guerra, nem em função do
inimigo. Nós vivemos em função do centro do acampamento, que é Cristo e a Casa de Deus.
No exército de Deus, existia uma arma: a Arca da Aliança. Os israelitas travavam suas batalhas com a Arca. No centro
do exército, estava o tabernáculo. Todas as suas movimentações dependiam do tabernáculo (Nm 9.17-23). Isso significa
que toda batalha espiritual acompanha a edificação da Igreja.
Na verdade, a verdadeira guerra espiritual está completamente relacionada com a edificação da Casa de Deus. O
inimigo sabe que, uma vez que a casa é levantada, a glória de Deus se manifesta e Sua palavra é liberada. O inimigo
não se importa com grandes ajuntamentos e muitas programações, mas ele se enfurece quando percebe que a Casa
está sendo edificada.
Um irmão querido que anda conosco me testemunhou algo realmente extraordinário. Cerca de dez anos atrás, ele
trabalhava pastoreando a igreja com campanhas e programas. Para atrair as pessoas para suas campanhas e
programações, ele tinha programas na televisão e no rádio de sua cidade. Certo dia, a televisão foi comprada por uma
grande denominação e a primeira coisa que fizeram foi tirar seu programa do ar. Repentinamente, ele se viu sem meios
de atrair as pessoas e, para sua surpresa, sua igreja (que ele supunha ter 1.500 pessoas) tinha caído para 80 irmãos.
Aquilo o deixou muito desapontado, mas o bom foi que ele entendeu que, na verdade, não existia uma igreja ali. Ele
estava apenas fazendo programas, mas não estava edificando a Casa de Deus. Então, ele decidiu dar uma guinada em
seu ministério. Naqueles dias, começou a ler nosso material e resolveu trabalhar com a igreja por meio das células.
Ele separou os irmãos em grupos e começou a treiná-los. Logo em seguida, ele resolveu fazer um jejum de quarenta
dias com aquele pequeno grupo, pedindo que o Senhor lhes ensinasse a ser igreja. No meio do jejum, num dia em que
oravam no prédio da igreja, apareceu um homem visivelmente possesso de demônios. Esse homem se aproximou dele
e lhe convidou para conversar. O que veio a seguir deixou o pastor realmente perplexo. Falando por meio daquele
homem, o Diabo lhe fez a seguinte proposta: “O que você quer para parar o que está fazendo? Você quer o programa
de televisão de volta? Eu lhe dou, mas pare imediatamente o que está fazendo”.
O pastor, meio sem entender, respondeu ao homem: “Agora nós somos apenas um grupo pequeno. Por que essa
proposta?”. Então, o inimigo disse algo por meio do homem que mudou o seu ministério: “Antes você não me
incomodava, mas agora está incomodando”.
Isso traduz o ponto que quero enfatizar. Mesmo sendo uma igreja de mais de 1.500 pessoas, aquilo não atingia o
inferno, mas, com um pequeno grupo de 80 pessoas, as portas do inferno estavam sendo atingidas. O fato é que agora
estavam edificando algo para Deus, não eram apenas um ajuntamento, mas estavam edificando uma casa espiritual.
Sempre que isso acontece, nós enfrentamos a verdadeira batalha espiritual.
5. A posse da herança
Os filhos de Israel não precisaram de nenhuma batalha para desfrutar de Cristo como o Cordeiro pascal (1 Co 5.7). Mas,
para que pudessem desfrutar do Senhor como o maná no deserto, tiveram de derrotar Faraó (Êx 14) e também os
amalequitas (Êx 17). O deserto, porém, não era o propósito final de Deus, mas Seu alvo é que entrassem na posse da
herança em Canaã. Para que entrassem em Canaã, muitas batalhas precisavam ser vencidas.
Você consegue perceber que isso aponta para nós? Para ter nossos pecados perdoados pelo sangue do Cordeiro, não
enfrentamos batalha espiritual; mas, para tomar posse da herança, teremos de enfrentar muitos inimigos espirituais.
Efésios nos fala da batalha espiritual e mostra que a Igreja é um exército. A guerra espiritual não é algo que travamos
sozinhos, mas diz respeito ao exército. Ninguém vai para a guerra sozinho.
O livro de Josué nos mostra que para entrarmos na posse da herança, sempre haverá um combate espiritual. E, nesse
combate, a Arca da Aliança era a arma do exército de Deus. Os sacerdotes carregavam a arca nos ombros para a
batalha.
A primeira fortaleza derrubada foi Jericó. Como Jericó foi derrubada?
Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca. (Js 6.4)
Os verdadeiros soldados eram os sacerdotes. Suas armas eram a arca e os chifres de carneiro. O carneiro representa a
redenção do Senhor, e as trombetas simbolizam a palavra do Senhor liberada. A trombeta era feita de chifre porque o
chifre simboliza poder, e a palavra é a espada que carrega o poder de Deus. Os sacerdotes faziam soar as trombetas da
redenção de Cristo no meio da guerra.
O alvo final da conquista da terra era ter um lugar para a Casa de Deus. Nossa herança espiritual está completamente
relacionada com a Casa de Deus.
Veja que esses cinco aspectos estão completamente relacionados com a Casa de Deus. Lembre-se, porém, de que a
Casa de Deus não é o prédio onde nos reunimos, e também não é um ajuntamento de crentes. Para ser Casa de Deus,
para ser Igreja, precisamos estar edificados mutuamente. Sem isso, podemos experimentar a salvação, mas teremos
muito pouco da glória de Deus.
Décimo Quarto Dia
Um coração para a Casa de Deus
Cada um dos cinco versículos do Salmo 23 revela um estágio sucessivo da experiência espiritual. Meu encargo é
mostrar que aqueles que estão nos estágios iniciais da vida cr istã não possuem muito encargo pela Casa de Deus. Na
verdade, o grande sinal de crescimento e maturidade é quando chegamos ao ponto de amar a edificação da Casa de
Deus.
O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das
águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o
teu cajado me consolam.
Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para
todo o sempre. (Sl 23)
Talvez você ainda esteja nos estágios iniciais da vida cristã, mas gostaria de convidá-lo a avançar para as águas mais
profundas, para os montes mais altos, onde poderá ver a glória do propósito eterno de Deus realizado na Igreja.
1. Casa de santidade
A primeira coisa que vemos é o Senhor purificando o templo. Portanto, a casa do Senhor precisa ser uma casa de
santidade.
Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos
cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de
oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores. (Mt 21.12,13)
Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua casa convém a santidade, SENHOR, para todo o sempre. (Sl 93.5)
O primeiro passo da edificação da Casa de Deus será sempre a purificação do templo. Quando permitimos que o
pecado entre em nossa vida, nós nos tornamos estranhos na presença de Deus.
Esta é a lei da casa. Sobre o cume do monte, todo o seu contorno em redor será santíssimo; eis que esta é a lei da
casa. (Ez 43.12 – RC)
A purificação do templo simboliza dois elementos que caminham juntos por toda a nossa vida: o perdão dos pecados e a
libertação da opressão. Muito embora tenhamos sido perdoados e libertos no passado, podemos cair no pecado ou
sermos oprimidos pelo inimigo ainda hoje.
Todos nós temos de enfrentar o problema da carne (o pecado) e do diabo (opressão). Há uma analogia em relação a
esses problemas que pode ser vista na vida de Davi. Ele era o ungido de Deus, separado por Deus para o trono,
entretanto, havia duas pessoas que se colocavam entre Davi e o trono: Saul e Golias.
Golias representa um inimigo externo, o diabo. Saul, por sua vez, simboliza nossa carne. Porém, Golias precisa ser
derrubado para tirar a força de Saul. Observe que, depois da morte de Golias, o reino de Saul começou a decair e
enfraquecer.
Portanto, não adianta lutarmos contra Saul se Golias ainda está ameaçando. Assim, o primeiro passo para a vitória
completa é derrubarmos Golias.
A Igreja, com cada pessoa que a compõe, é o templo que precisa ser purificado. Nossa mente, vontade e emoções
precisam ser puras na presença de Deus, pois a unção de Deus fielmente flui através de um coração limpo. Assim, os
Dons do Espírito operam de forma eficiente através de uma célula onde cada um foi lavado e perdoado pelo sangue do
Cordeiro.
Seria ótimo se pudéssemos limpar nossa casa uma única vez e nunca mais tivéssemos que purificá-la novamente, mas
o trabalho de purificação e limpeza faz parte de nosso zelo constante pela Casa de Deus. Estamos sendo construídos
em conjunto para sermos uma morada de Deus no Espírito. Estamos sendo moldados, construídos, e transformados
para sermos um templo do Deus vivo, e toda obra de construção requer limpeza. O caminho do poder e da unção de
Deus começa com uma atitude de limpeza contínua do templo, e a santidade está relacionada com o nosso zelo pela
casa do Senhor. A célula onde cada membro é zeloso da edificação certamente crescerá e florescerá.
Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá. (Jo 2.17)
2. Casa de oração
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de
salteadores. (Mt 21.13)
Logo depois de ter purificado o templo, Jesus disse que a Casa de Deus é uma casa de oração. A presença dos
cambistas e comerciantes produz um ambiente espiritual profano de morte, e a Casa de Deus precisa ter um ambiente
apropriado de oração.
Somente num ambiente da vida e oração o Senhor por habitar e se manifestar. Mas, devemos sempre nos lembrar que
a Casa de Deus não é o prédio, mas a reunião de uma célula com três ou mais pessoas.
Qual é o ambiente de sua célula? O que os irmãos conversam? É sobre negócios, dinheiro e formas de ganhar mais
dinheiro? Se tratarmos a célula apenas como uma reunião social, esse provavelmente será o ambiente, e o Senhor não
habita nesse tipo de ambiente cheio de cambistas e negociantes. Se entendermos que a célula é a Igreja se reunindo,
então procuraremos ter ali um ambiente de oração. Todos nós precisamos orar no quarto, em secreto, mas precisamos
também orar na Casa de Deus.
Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá
sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito
de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes -á concedida por meu Pai, que está nos céus. (Mt 18.18,19)
A oração na Casa de Deus não é individual, mas é uma oração de concordância para ligar a vontade de Deus na terra e
desligar as obras do inferno. O Senhor disse que se a Igreja ligar, o céu fará o mesmo (Mt 18.18), mas precisamos
prestar atenção ao princípio da concordância ou unanimidade. Não é simplesmente concordarmos em pedir alguma
coisa, mas termos harmonia no Espírito. Somos um na presença de Deus.
Alguns não concordam com a oração da fé para curar o enfermo, mas acham que precisam concordar externamente
com uma oração neste sentido, mesmo que não concordem interiormente, porque talvez Deus possa curar mesmo. Tal
oração não é de harmonia, mas uma trégua para se orar por alguém. A verdadeira concordância espiritual é no espírito
e acontece quando andamos num mesmo Espírito e numa mesma fé.
Precisamos ter clareza de que não existe harmonia na carne. Ter um mesmo objetivo não garante ausência de
discórdia, e identidade de propósito não garante harmonia. Somente teremos harmonia se negarmos nossa vontade e
nos submetermos ao Espírito.
Além disso, para que sejamos casa de oração, precisamos nos reunir como Igreja.
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. (Mt 18.20)
A casa do Senhor é uma casa de oração porque Deus opera juntamente com Sua Igreja. É o Senhor quem dirige tudo,
mas precisamos ter Sua presença no meio da Igreja. Uma vez que Ele se faz presente, dirigindo, revelando, falando,
então precisamos ligar em oração na terra para que seja ligado no céu.
Não basta concordarmos a respeito de algo, precisamos também nos reunir para orar e concordar a respeito da vontade
de Deus. A Casa de Deus precisa orar em concordância.
Se uma igreja for normal, então ela saberá, depois de cada reunião, se o Senhor esteve presente ou não. Há certas
coisas que somente a Igreja pode fazer e não o indivíduo sozinho, e uma delas é ligar e desligar sobre a terra por meio
da oração.
3. Casa de poder
Vieram a ele, no templo, cegos e coxos, e ele os curou. (Mt 14.14)
A Casa de Deus se torna uma casa de poder quando é conhecida como uma casa de oração e santidade. É importante
observar que, depois de limpar o templo e fazer dele uma casa de oração, o Senhor curou cegos e coxos. Assim, vemos
que o poder de Deus é liberado num ambiente de santidade e de oração de concordância.
O verdadeiro cristianismo bíblico está clamando para ser parte da Igreja contemporânea. A mediocridade tem invadido a
vida dos cristãos e é triste ver que aceitamos ser medíocres como se isso fosse algo normal. Temos nos contentado
com uma quantidade menor do poder de Deus, quando o Senhor nos tem prometido uma verdadeira inundação de
glória. Mas a glória vem somente sobre a Casa de Deus. Quando temos uma expressão da Casa de Deus, o poder nos
é liberado. Cada célula pode ser uma casa de poder, basta que seja uma casa edificada com pedras vivas que são
vinculadas pelo amor. O amor é o vínculo (Ef 4.3, Cl 3.14).
Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. (Cl 3.14)
Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. (Ef 4.3)
Muitas de nossas células não prosperam porque não entendem que são Casa de Deus, pois onde há dois ou três
reunidos, ali temos uma expressão da Igreja. Quando isso acontece, há poder liberado sobre o grupo. Nossas células
podem ser uma casa de poder.
4. Casa de louvor
Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: ‘Hosana ao
Filho de Davi!’, indignaram-se e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca
lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor? (Mt 21.15,16)
O poder de Deus é liberado num templo santo e cheio de oração, onde as pessoas erguem mãos limpas para adorar o
Senhor. A casa do Senhor é chamada casa de louvor porque Deus habita no meio dos louvores do Seu povo. Sua casa
é onde está Seu trono e, neste lugar, há poder e glória.
Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel. (Sl 22.3)
O louvor traz a presença de Deus, garante a vitória sobre nossos inimigos e libera poder de Deus. Quando a Casa de
Deus é purificada, é transformada em casa de oração, quando há restauração, o Senhor vem para nos dar do Seu
poder. Podemos perceber isso pelo uso que Jesus fez do Salmo 8.2. No salmo, lemos que da boca de pequeninos o
Senhor suscitou força, mas, ao citá-lo, Jesus trocou a palavra “força” pela palavra “louvor”, para indicar que nossa força
está no louvor a Deus.
5. A Casa de Deus pode ficar desabitada
No capítulo 21 do evangelho de Mateus, Jesus diz que os judeus, naqueles dias, transformaram a Casa de Deus num
covil de salteadores. Isso significa que, depois, os salteadores voltaram para o Templo e, por isso, Deus o abandonou.
O Senhor disse:
Eis que a vossa casa vos ficará deserta. (Mt 23.38)
Antes, era a Casa de Deus, mas agora o Senhor a chama de “vossa casa”, pois já não era mais de Deus. Um dos fatos
tristes na história da Igreja é que, muitas vezes, uma santa edificação foi abandonada por Deus e se tornou um
monumento vazio.
Isso pode acontecer sempre que o homem se apropria da casa que é de Deus. Quando a obra que fazemos é
meramente humana, o edifício será nossa casa e não de Deus. Infelizmente, muitas igrejas têm dono e não são do
Senhor. Quando a casa do Senhor se torna nossa, então ela está destinada a ficar vazia.
Em 1 Coríntios 3.12,13 Paulo diz que precisamos ser cuidadosos ao edificar casa para Deus, porque tudo o que for feito
com os materiais errados será demolido.
Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta
se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de
cada um o próprio fogo o provará. (1Co 3.12,13)
Normalmente, a história do mover de Deus segue a seguinte sequência:
1. Avivamento – é o tempo em que um novo território é conquistado. Uma visão incendiária contagia a Igreja e o poder
de Deus está presente
2. Movimento – Igrejas são construídas, congregações estabelecidas e a obra se espalha para muitos lugares. Os
milagres acontecem com frequência porque o fogo da visão ainda permanece.
3. Monumento – O poder de Deus é substituído por programas; milagres e maravilhas são substituídos por títulos
acadêmicos. O desejo egoísta por posição e glória substitui a oração fiel.
4. Morte – As igrejas começam a decrescer e, em breve, restam apenas alguns poucos membros.
Não podemos cair no engano de simplesmente mantermos as coisas funcionando. Queremos ver uma expressão viva
da Igreja do Senhor em nossa geração. Para isso, precisamos edificar casa para Deus, um lugar para onde Sua Glória
venha e jamais se vá.
Precisamos ter cuidado para não perder a glória da presença de Deus. Em Ezequiel podemos ver claramente o
processo degenerativo do lugar de onde a glória de Deus se foi.
Há grupos na história que experimentaram a perda abrupta da glória de Deus, mas o mais frequente é um processo de
declínio espiritual. Tomemos o texto de Ezequiel, capítulos oito a dez, como exemplo do abandono do templo.
Estágio 1
Em Ezequiel 8.4, vemos que a Glória estava em seu lugar no templo. Havia uma casa para Deus e Sua glória estava ali.
Eis que a glória do Deus de Israel estava ali, como a glória que eu vira no vale. (Ez 8.4)
Contudo, já nessa fase, vemos que a idolatria começou a entrar (Ez 8.3). O Senhor sempre nos dá tempo para nos
arrependermos, por isso a glória ainda continuou por um tempo, mesmo quando a idolatria já havia entrado.
Estágio 2
Por causa da complacência do povo para com o pecado, a Glória se deslocou para a soleira da porta do templo – o
Senhor já estava à porta para sair.
A glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, indo até à entrada da casa; e o SENHOR
clamou ao homem vestido de linho, que tinha o estojo de escrevedor à cintura. (Ez 9.3)No primeiro estágio havia uma
imagem, mas agora havia 70 anciãos oferecendo incenso a ídolos (Ez 8.10-12). Por causa das escolhas do povo, a
glória continuou se afastando do templo.
Estágio 3
Nesse estágio, a glória havia se deslocado da soleira da porta para o átrio do templo.
Os querubins estavam ao lado direito da casa, quando entrou o homem; e a nuvem encheu o átrio interior. (Ez 10.3)
Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os querubins. (Ez 10.18)
Num primeiro momento, veio a idolatria, mas não se menciona o nome dos ídolos. Porém, agora se diz que adoravam
Tamuz (Ez 8.14).
Estágio 4
Agora, a glória de Deus se afasta ainda mais do templo.
Os querubins levantaram as suas asas e se elevaram da terra à minha vista, quando saíram acompanhados pelas
rodas; pararam à entrada da porta oriental da Casa do SENHOR, e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.
(Ez 10.19)
Ezequiel viu 25 homens adorando o sol, voltados para o oriente (Ez 8.16). O interessante é que a glória parou no lado
oriental, bem em frente a esses homens, como que mostrando a eles quem é o verdadeiro Sol da Justiça.
Estágio 5
Finalmente, a glória saiu completamente do templo e foi para o lado leste da cidade.
A glória do SENHOR subiu do meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade. (Ez 11.23)
Nesse estágio não apenas praticavam a idolatria, mas também ensinavam a povo a ser idólatra. Quando o pecado se
torna um estilo de vida, a glória de Deus se vai.
Então, o Espírito me levantou e me levou à porta oriental da Casa do SENHOR, a qual olha para o oriente. À entrada da
porta, estavam vinte e cinco homens; no meio deles, vi a Jazanias, filho de Azur, e a Pelatias, filho de Benaías, príncipes
do povo. E disse-me: Filho do homem, são estes os homens que maquinam vilezas e aconselham perversamente nesta
cidade. (Ez 11.1,2)
Décimo Sexto Dia
Cinco estágios da Igreja na história
Nosso Deus é aquele que tem a história em Sua mão. Nada acontece fora do conhecimento de Deus e Ele mesmo não
pode ser surpreendido por coisa alguma. No decorrer da história, temos visto todas as fases pelas quais a Igreja
passou. Podemos ver isso representado de maneira profética na história do tabernáculo. A história do tabernáculo é
uma prefiguração profética da história da Igreja. Ela nos dá um quadro completo da situação da Igreja desde o começo
no livro de Atos até os dias de hoje.
3. A Casa de Deus
Betel significa uma revelação do propósito de Deus de ter uma casa na terra que seja também Sua expressão. Este
propósito se cumpriu por meio da Igreja.
O propósito de Deus é edificar Sua habitação no universo. O céu não é a habitação permanente de Deus, mas é Sua
residência temporária. A Bíblia revela claramente que o Senhor está vindo para habitar em Sua habitação eterna, que é
a Nova Jerusalém.
A Bíblia nos revela que Deus tem um propósito eterno. O que Deus quer realizar em Seu propósito é a edificação da
Sua eterna habitação. O que é a eterna habitação de Deus? É a união de Si mesmo com a humanidade.
Nem o céu nem a terra são a habitação eterna de Deus. Nada, a não ser a união de Deus com o homem, está
qualificado para ser Sua habitação. Isso está plenamente revelado no Novo Testamento.
Em João 14.23, o Senhor Jesus diz: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele
e faremos nele morada”. O Filho e o Pai virão ao que ama o Senhor Jesus e farão morada nele.
Então, em João 15.4, o Senhor prossegue: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós”. Aqui o Senhor diz que
Ele é a nossa habitação, e que nós precisamos ser a Sua habitação. Ele afirma isso claramente quando diz:
“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós”. Sede a minha habitação para que eu seja a vossa habitação. Aqui
temos a união de Deus com o homem.
O propósito de Deus é edificar Sua Casa para Si mesmo e para os Seus escolhidos. Essa habitação, na verdade, é a
união de Deus com os Seus filhos.
O pensamento de ter Deus como nossa habitação está claro no Antigo Testamento:
O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos; ele expulsou o inimigo de diante de ti e
disse: Destrói-o. (Dt 33.27)
Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. (Sl 90.1)
Mas é no Novo Testamento que encontramos a revelação de que há um edifício para a habitação de Deus e Seus
escolhidos. Na verdade, essa habitação é Deus como nossa habitação e nós como habitação de Deus. Essa
maravilhosa habitação é a Casa de Deus.
O Novo Testamento diz que a Igreja é a Casa de Deus (1 Pe 2.5). Com isso, não dizemos que a Igreja seja apenas a
habitação de Deus. A palavra grega oikos traduzida como “casa” em nossas Bíblias também poderia ser traduzida como
“lar”. Oikos quer dizer tanto casa como os familiares que compõem o lar. Assim a Igreja é o lar do Senhor, Sua família, o
lugar do Seu prazer e descanso (Ef 2.19).
O lugar da habitação de Deus hoje na terra é a Igreja. Deus é o nosso Pai e nós somos a Sua família. Para a nossa vida
familiar, temos uma casa, e, dentro da casa, temos a família. Para nós, a casa é uma coisa e a família outra coisa; a
casa é o prédio e a família são as pessoas que vivem ali. Mas, segundo a Bíblia, a Casa de Deus e a Família são a
mesma coisa. Nós somos a casa e somos o lar, somos as pedras e somos os familiares. A casa é a família e a família é
a casa.
Como Casa de Deus, nós somos aqueles que foram regenerados, chamados para fora e fomos feitos habitação de
Deus no espírito. Esses chamados que foram regenerados pela vida de Deus e que são habitados pelo Espírito são
tanto o lugar da habitação quanto a família de Deus.
4. A porta de céu
Uma afirmação grandiosa foi feita por Jacó a respeito da Casa de Deus. Ele disse no verso 17: “Quão temível é este
lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.” Jacó chamou a Casa de Deus de “porta do céu”.
Todos nós sabemos que a função da porta é abrir uma passagem, um meio de acesso. Quando pensamos na Igreja
como a porta do céu, precisamos ter em mente que existe um lugar na terra que é um verdadeiro portal para o céu.
Esse lugar é a Igreja. Quando nos reunimos na presença do Senhor, uma escada é posta na terra, e o resultado é que
uma porta é aberta nos céus. Por causa disso, os anjos vêm ministrar sobre nós, que herdaremos a salvação.
É precioso o que lemos em Mateus 16, quando o Senhor prometeu dar para Sua Igreja as chaves do reino dos céus (Mt
16.9). Nós não somos apenas a porta do céu, mas até mesmo temos as chaves da porta. A Igreja não é uma porta
fechada, mas uma porta aberta para todos os que desejam entrar no reino.
O reino e a Igreja se misturam nessa era. Na verdade, podemos dizer que hoje o reino é a Igreja. O reino é onde Deus
governa. Aqui é a esfera na qual Deus pode exercer Sua autoridade para o cumprimento do Seu propósito (Cl 1.13; Mt
6.13b). O Senhor Jesus orou em Mateus 6.10: “Venha o teu reino, faça-se a tua vontade”. Se a vontade de Deus não é
realizada, então não temos o reino. Hoje, é na Igreja que a vontade de Deus é realizada.
O reino foi a primeira coisa pregada no Novo Testamento (Mt 3.1,2; 4.17; Lc 9.1,2; 10.1,9,11; 9.60). João Batista, o
primeiro pregador do tempo do Novo Testamento, disse às pessoas: “Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos
céus”.
Mas o reino não é só o conteúdo da pregação, é até mesmo o próprio evangelho. No Novo Testamento, o reino é o
evangelho (Lc 4.43; At 8.12; Mt 24.14; Lc 18.29; Mc 10.29). Aceitar a mensagem do evangelho coloca as pessoas
dentro do reino. O Senhor Jesus e Filipe pregaram sobre o reino como sendo o evangelho (Lc 4.34; At 8.12).
Em Marcos 10.29, o Senhor refere-se a deixar tudo e segui-Lo por causa do evangelho. Todavia, em Lucas 18.29, o
Senhor fala de deixar tudo e segui-Lo por causa do reino de Deus. Isso significa que deixar tudo por causa do evangelho
é o mesmo que deixar tudo pelo reino de Deus. Aos olhos de Deus, o evangelho e o reino são sinônimos. Hoje, é a
Igreja que prega o evangelho, por isso ela é chamada de porta do céu, pois é ela que tem as chaves para que as
pessoas entrem no reino.
Pedro diz que todas as coisas que se relacionam com a vida divina nos foram concedidas para suprir-nos uma entrada
no reino (2Pe 1.3,11).
Em João 3.3,5, o Senhor Jesus disse que precisamos ser nascidos de novo para ver o reino e para entrar nele. Veja que
aqueles que nascem de novo são os filhos de Deus, as pedras vivas. Assim, o reino é a Igreja, e, para ser parte da
Igreja, é preciso nascer de novo.
Romanos 14.17 diz: “Pois o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça e paz e alegria no Espírito Santo”.
Romanos 14 é um capítulo sobre a vida da Igreja, e somente aqueles que nasceram de novo possuem justiça, paz e
alegria no Espírito.
Depois que o Senhor ressuscitou, Ele ficou quarenta dias instruindo os discípulos e “falando das coisas concernentes ao
reino de Deus” (At 1.3).
Em Atos, o reino foi ensinado pelo Senhor depois de Sua ressurreição. nos diz que Ele esteve com os discípulos por
quarenta dias.
Os últimos dois versículos de Atos nos dizem que “por dois anos permaneceu Paulo na sua própria casa, que alugara,
onde recebia a todos que o procuravam, pregando o reino de Deus”. Sabemos que Paulo ensinava a respeito do
evangelho para a edificação da Igreja.
Alguns mestres da Bíblia ensinam que o reino foi suspenso devido à rejeição dos judeus. Eles creem que esta não é a
era do reino, mas a era da Igreja, e que o reino virá mais tarde. Esse ensinamento é incorreto porque a Igreja, na
realidade, é o reino. Mesmo nesta era, a era da Igreja, a era da graça, o reino está aqui. A Igreja é a porta do reino dos
céus. Paulo diz que os crentes foram transferidos para o reino (Cl 1.13; Hb 12.28).
Aqueles que trabalhavam com Paulo eram vistos como cooperadores do apóstolo pelo reino de Deus (Cl 4.11). Paulo e
seus cooperadores estavam trabalhando pelo reino enquanto edificavam as igrejas. Isso quer dizer que trabalhar pela
Igreja é trabalhar pelo reino. Assim, a Igreja é o reino. As pessoas da igreja também herdarão o reino (1Co 6.9,10;
15.50; Gl 5.21; Ef 5.5; Tg 2.5; 1 Ts 2.12; 2Pe 1.11).
Nós sabemos que o reino de Deus virá em sua plena manifestação depois da grande tribulação (Ap 12.10). Quando
soar a última trombeta, o reino do mundo se tornará o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo no milênio (Ap 11.15).
Décimo Oitavo Dia
Sobre essa pedra
Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E
eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou
ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe
afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está
nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que
desligares na terra terá sido desligado nos céus. (Mt 16.13-19)
No capítulo 16 de Mateus, deparamo-nos com o estabelecimento da Igreja pelo Senhor Jesus. Aqui vemos suas bases e
suas chaves. É interessante que, imediatamente antes de nos dar a revelação da Igreja, o Senhor mandou que Seus
discípulos se acautelassem do fermento dos fariseus. Isso é assim porque a Igreja do Senhor é o pão asmo e todo
fermento é um obstáculo para a edificação de Deus.
a. A rocha é Cristo
Jesus disse: “Sobre esta rocha eu edificarei [...]”. A rocha, portanto, é o próprio Cristo. Em outras partes da Palavra,
ficamos sabendo que Ele é a rocha. Há pelo menos dez descrições de Cristo como a pedra nas Escrituras.
Cristo é chamado de a pedra de fundação. Isso significa que toda obra de edificação é feita em cima da revelação do
Senhor e de Sua obra de redenção.
Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo. (1Co 3.10,11)
Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa,
angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge. (Is 28.16)
Ele é também a pedra angular. As palavras gregas traduzidas como pedra angular significam “cabeça do ângulo”. Cristo
não é apenas a pedra principal do alicerce, mas também a pedra angular. Isso significa que é Ele quem define o prumo
da edificação. Todas as pedras serão avaliadas se estão seguindo o ângulo correto, o prumo reto, que é Cristo.
Também é essa pedra que une as paredes de um edifício. Isso significa que nossa união é Cristo e em Cristo.
Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal
pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos? (Mt 21.42)
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular. (Ef 2.20)
A Palavra de Deus também nos mostra que o Senhor é a pedra de remate. Ele não é apenas a pedra de fundação, o
alicerce, mas é também a última pedra a ser coloca na edificação. Isso acontecerá quando Ele voltar. Nesse tempo, a
edificação será completada. Cristo é o alicerce, a origem, mas é também a consumação, a conclusão do edifício de
Deus.
Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina; porque ele colocará a pedra de remate, em
meio a aclamações: Haja graça e graça para ela! (Zc 4.7)
O Senhor é a pedra provada. Não há n’Ele pecado ou imperfeição alguma. Quando Cristo esteve na carne, Ele foi
provado em todas as coisas; mas, no fim, foi declarado sem culpa.
Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa,
angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge. (Is 28.16)
Ele é ainda chamado de “pedra preciosa”. Todo o edifício de Deus é construído com pedras preciosas, mas o Senhor é
aquela pedra de valor único.
Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa,
angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge. (Is 28.16)
O Senhor é a pedra viva, e todo aquele que O recebe também se torna uma pedra viva da mesma natureza que Ele.
Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa. (1Pe 2.4)
Ele é a pedra com sete olhos. Os sete olhos são os sete Espíritos de Deus (Ap 5.6). O Senhor é aquele que possui o
Espírito de Deus em Sua plenitude.
Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que eu lavrarei a sua
escultura, diz o SENHOR dos Exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra, num só dia. (Zc 3.9)
Para nós que somos salvos, Cristo é a pedra de edificação; mas, para os incrédulos, Ele é a pedra de tropeço.
Como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será
confundido. (Rm 9.33)
Para os incrédulos, Ele não é apenas a pedra de tropeço, mas a pedra que esmiúça. Daniel 2.34 diz que, em Sua vinda,
o Senhor esmiuçará as nações e elas serão reduzidas a pó.
Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó. (Mt 21.44)
No final, a pedra se tornará a rocha, a grande montanha que encherá toda a terra. Toda a terra se encherá do
conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar (Hc 2.14).
Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras
no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande
montanha, que encheu toda a terra. (Dn 2.35)
3. O meio da edificação
a. Por Cristo
O Senhor disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja [...]” É o próprio Senhor quem está edificando a Igreja. Essa
edificação começou no dia de Pentecostes. A profecia do Senhor ainda não foi cumprida mesmo depois de dois mil
anos. O cristianismo tornou-se uma religião humana e caída, mas o Espírito de Deus tem movido sobre a terra e o Filho
de Deus está trabalhando para edificar a Sua Casa.
A expressão “minha igreja” indica que a Igreja é do Senhor Jesus. Ela não pertence a homem algum e nem a nenhuma
organização humana. No cristianismo caído, há aqueles que se julgam donos de igrejas e até mesmo abrem igrejas
como se fossem negócios pessoais e fonte de lucro. A seu tempo, serão todos julgados pelo Senhor e somente aquilo
que for obra de Deus permanecerá.
Precisamos também realçar que o Senhor disse que edificaria Sua igreja. Isso mostra o tipo de obra que Ele está
fazendo. Se desejamos participar da obra de Deus e ser cooperadores, precisamos fazer o que Ele está fazendo. Não
podemos fazer outras coisas e pensar que estamos cooperando com Ele. Somente fazemos a obra de Deus se estamos
fazendo o que Ele está fazendo. Cada um dos filhos de Deus precisa ter revelação da Igreja e de como trabalhar para a
sua edificação.
b. Sobre a rocha
A Igreja é edificada sobre a rocha, que é Cristo. Mas não apenas sobre Cristo, mas sobre a revelação de Cristo. A Igreja
genuína é aquela que é edificada sobre a revelação concernente a Cristo.
A Igreja não pode ser edificada sobre a revelação do batismo ou sobre o governo dos presbíteros, nem mesmo sobre a
revelação de uma experiência pentecostal ou de uma revelação especial de uma prática de discipulado. Qualquer grupo
que é edificado sobre práticas, doutrinas, conceitos e opiniões, no fim, não subsistirá.
Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E
eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou
ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe
afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está
nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que
desligares na terra terá sido desligado nos céus. (Mt 16.13-19)
Quando Jesus disse pela primeira vez que edificaria a Sua Igreja, a palavra usada por Ele foi eclésia (em grego
ekklesia). Mas o que vem a ser a eclésia?
No tempo de Jesus, a eclésia era um grupo de cidadãos romanos, chamados de entre o povo comum para uma missão
especial entre os povos conquistados, com o objetivo de implantar uma cultura e estabelecer o reino que eles
representavam no território para onde eram enviados.
A força do exército romano deu a Roma o controle de todo o mundo conhecido até então. De Alexandria a Britânia, de
Lisboa a Jerusalém, não houve terra onde os legionários e generais não tenham pisado para o orgulho e glória do
império.
Porém, a verdadeira força de Roma não vinha apenas da conquista pelas armas, mas de sua estratégia para conquistar
o coração do povo a ponto de fazê-lo desejar possuir o título de cidadão romano.
Conquistar um território pela força era uma tarefa fácil para o poderoso exército romano. Mas conquistar o coração das
pessoas era uma tarefa que exigia um trabalho muito mais estratégico.
Assim, a estratégia de Roma era utilizar a eclésia para esse segundo nível de conquista. Portanto, quando Jesus, falou
sobre o estabelecimento da Igreja, Ele não estava falando sobre o estabelecimento de um prédio, muito menos de uma
reunião religiosa. Ele estava falando de um grupo de pessoas que funcionariam na terra como agentes do Seu reino
para conquistar o coração de outras pessoas a ponto de fazê-las desejar também ser cidadãos do reino do Senhor.
Então, vejamos como a eclésia funcionava para esse tipo de conquista.
Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser
o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros:
Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo
Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-
aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai,
que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus;
o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado
nos céus. (Mt 16.13-19)
Mas, como a Eclésia era constituída? Quem eram as pessoas que faziam parte desse grupo
estratégico e quem são as pessoas que Jesus tinha em mente quando afirmou que também
estava estabelecendo a Sua Eclésia? Em primeiro lugar a Eclésia é formada por:
2. Pessoas transformadas
Em segundo lugar, a Eclésia é formada por pessoas transformadas. Vejamos o que nos diz os
versos de 15 a 18:
Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. (Mt 16.15,18)
Era como se Jesus dissesse a Pedro: “Você era Simão, mas esta revelação liberou sobre você o
poder de ser chamado Pedro”, que no grego é Pétros (parte da rocha). Sabemos que a rocha é
Cristo.
Olhando a vida de Simão Pedro e sua transformação, percebemos que, durante esse processo,
em muitos momentos, ele agiu como Simão, e em outros tantos, como Pedro.
Simão representa a identidade natural. Pedro representa a identidade espiritual. Simão negou
Jesus (Mt 26.70), cortou a orelha do soldado Malco (Mt 26.51; Jo 18.10), deixou sua boca ser
usada pelo Diabo (Mt 16.22,23). Mas Pedro teve a revelação de quem era o Senhor (Mt 16.16),
andou sobre as águas (Mt 14.29) e foi a porta da edificação da Igreja.
Veja como Jesus é enfático. Primeiro, Ele diz: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas”. Mas, em
seguida, Ele diz: “Também eu te digo que tu és Pedro”. Simão significa cana agitada pelo vento.
Pedro significa pedra que é parte da rocha.
A Eclésia era formada por pessoas chamadas do povo comum. Não era um grupo de pessoas
especiais. Era gente que estava no meio comum e era chamada para fora.
Mas, uma vez que ela é levantada, agora cada membro assume uma nova postura. A atitude
muda, a linguagem muda, a mentalidade muda. Essas pessoas agora deixam de ser um povo
comum e passam a ser um grupo especial em uma missão especial.
Na Bíblia, um dos exemplos mais fortes dessa transformação foi a experiência de Jacó com
Deus. Sabemos que Jacó tinha um caráter enganador. Ele nasceu brigando, cresceu e viveu
enganado e mentindo; mas, como Deus tinha um chamado para ele, Jacó precisou passar por
um processo de transformação.
O processo de transformação que Deus opera na vida de um homem envolve dois aspectos:
disciplina e quebrantamento. A disciplina trata com suas fraquezas, enquanto o
quebrantamento trata com seus pontos fortes.
Os pontos fracos da carne são aquelas coisas feias ou pecados escandalosos. Os pontos fortes são
aqueles que têm aparência positiva, mas são reprovadas aos olhos de Deus. Existem pessoas,
por exemplo, que se orgulham da sua integridade, da sua espiritualidade, do seu nível de
revelação. Elas se acham melhores que as demais. Essas coisas ninguém vê, nem você, mas Deus
vê. E a forma de Deus tratar com esse lado forte da carne é através do quebrantamento.
Embora todos os filhos de Deus sejam disciplinados, nem todos são quebrantados. Alguns,
quando estão sendo disciplinados, tornam-se mais duros do que antes. Na disciplina, você luta
com você mesmo para vencer suas fraquezas; mas, no quebrantamento, você luta com Deus.
Durante vinte anos, Jacó foi disciplinado por Deus na casa de Labão. Este foi usado por Deus
para tratar com Jacó, ou seja, Labão foi para Jacó como um espelho de tudo o que ele mesmo
era. Isso foi duro para Jacó. Nesse período, Labão fez com ele tudo o que ele fez com os outros
durante a vida toda. Mas, depois de enfrentar Labão por vinte anos, Jacó ainda teve de enfrentar
Deus sozinho para ser quebrantado (Gn 35.24).
Não tenha dúvida, você também foi chamado para fazer parte da Eclésia do Senhor. E, assim
como Jacó e Simão, você terá de passar pela experiência da transformação. Deus sempre usará a
disciplina para tocar os pontos fracos de sua carne, e o quebrantamento para transformar os
pontos fortes atrás dos quais muitas coisas estão escondidas. Até aquilo que você pensa fazer
bem, Deus terá de quebrantá-lo para que você aprenda a depender d’Ele.
3. Pessoas aliançadas
Em terceiro lugar, a Eclésia é formada por pessoas aliançadas. Ela era formada por pessoas que
tinham uma aliança em torno de um propósito: o compromisso de levar a cabo as conquistas do
reino. Quando aqueles homens chamados do meio dos cidadãos comuns saiam para formar uma
colônia nos países conquistados, eles iam movidos por um propósito.
No reino de Deus, tudo o que Deus faz Ele o faz baseado numa aliança. Aliança é um
compromisso, uma disposição de andar junto em toda e qualquer circunstância. Infelizmente,
hoje a palavra compromisso não é muito valorizada. As pessoas querem tudo “sem
compromisso”.
É comum ouvir algo como: “Faça um orçamento sem compromisso”, “Vamos nos relacionar,
mas sem compromisso”. E muitos chegam até a convidar outros para conhecer a Jesus sem
compromisso, o que é totalmente contrário à natureza de Cristo.
O problema é que muitas pessoas passam a fazer parte da Igreja, mas com esta mentalidade
mundana: “Eu vou à igreja de vez em quando, vou à célula, mas não quero compromisso”. Com
Deus não é assim. Quem não aprende a andar em aliança não conquista as promessas.
Quando você entende o que Jesus tinha em mente quando falou sobre o estabelecimento
daEclésia, você muda sua atitude.
O Senhor não o chamou para assistir a um culto semanalmente! Ele não o chamou para mudar
de religião. Quando o Senhor o chamou, Ele tinha em mente que você fosse parte dessa elite
chamada Eclésia, povo separado para a implantação do Seu reino na terra.
Hoje, Deus tem um povo aqui na terra que é representado por Sua Igreja. A Igreja é a
materialização de Cristo na terra. Em 1 Coríntios 12, o apóstolo Paulo chama a Igreja de corpo
de Cristo. Assim, não é possível ter um compromisso com Jesus Cristo, mas não querer ter um
compromisso com o Seu Corpo, que é a Igreja. Estar aliançado com a Igreja de Jesus só vai lhe
trazer bênção e segurança.
Há duas imagens na Bíblia que nos ajudam a entender melhor a importância de estar ligado à
Igreja de Jesus.
a. O exército
Uma delas é a ideia do exército. Deus é chamado mais de 200 vezes de Senhor dos Exércitos, e
há muitos textos bíblicos que nos comparam a soldados (2Tm 2.3,4 ; Ef 6.11). Imagine um
soldado que decide lutar sozinho, longe dos companheiros. Claro que esse soldado estará muito
mais próximo do fracasso e da morte do que aquele que está com o exército. O conceito de
exército é: vários soldados lutando juntos a mesma causa.
b. O rebanho
A outra imagem é a do rebanho. Em João 10, Jesus se autointitula “o bom pastor”, e nós, “suas
ovelhas”. Uma ovelha que não anda com o rebanho também está fadada a ser atacada por um
predador, cair em uma armadilha e morrer facilmente. Junto com o rebanho e com o pastoreio,
ela estará alimentada e segura.
Se você quer conquistar as promessas de Deus para sua vida, é preciso estar aliançado com Ele e
com o Seu povo. Rejeite o modelo “sem compromisso”. Deus quer ser o Seu Deus, como foi o
Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ele quer ter uma aliança com você. Quanto mais alto for o nível
de aliança, mais alto será o nível de bênção e de unção. Você se torna participante de toda unção
envolvida naquela aliança.
Eu não quero passar a ideia de que a Eclésia é um grupo especial de pessoas e que é muito difícil
fazer parte desse grupo. Absolutamente não. A pessoa que encabeçou a Eclésia de Jesus foi
Simão Pedro. Ele representa cada um de nós que teve revelação, mas muitas vezes ainda carece
de transformação.
A Eclésia era formada por cidadãos comuns. Mas, quando eles eram chamados, havia a
necessidade de uma nova postura. Você já foi chamado por Deus e Ele vai trabalhar em sua vida
e em seu caráter até que você possa ter a identidade do homem ou da mulher que Ele deseja.
Todavia, precisamos ter uma aliança em torno do propósito que o Senhor estabeleu para a
conquista da nossa geração.
Vigésimo Primeiro Dia
Três revelações na vida cristã
Por Ricardo Guimarães
Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo
ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros:
Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe
afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram,
mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as
chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares
na terra terá sido desligado nos céus. Então, advertiu os discípulos de que a ninguém
dissessem ser ele o Cristo. (Mt 16.13-19)
Certa vez, Jesus perguntou aos discípulos: “Quem dizem as pessoas ser o Filho do Homem?”.
Parafraseando o diálogo, teríamos a seguinte resposta: “Eu estive olhando o jornal e o povo
disse que você é um grande profeta. Outros dizem que você é o profeta Elias que voltou. A
Rede Bandeirantes diz que você é o profeta dos últimos dias”. O mundo tem muitas ideias
sobre Jesus. Mas Jesus perguntou: “E vocês, o que acham de mim?”.
Foi de Pedro a resposta: “Você é o Filho de Deus”. E Jesus revelou a Pedro três estágios de
revelação, que vamos chamar de três dimensões da vida cristã que uma pessoa pode ter.
Todos os pontos de vista que as pessoas tinham acerca de Jesus eram uma visão religiosa.