Você está na página 1de 7

AO JUÍZO DA XXXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE

XXXXX – SC

XXXXXXXXXXX, brasileira, solteira, portador (a) do RG nº


XXXXXX, inscrito no CPF sob nº XXXXXXXXXXXX,
residente e domiciliada na Rua XXXXXXXXX, nº XXX, Bairro
XXX, na cidade de XXXX – SC, CEP XXXXXXX, vem, por seu
advogado infra-assinado, com escritório na Rua XXXXXX, nº
XX, Bairro XXXX, no município de XXXXX – SC, propor a
presente
AÇÃO DE INTERDIÇÃO COM PEDIDO DE CURATELA
PROVISÓRIA EM TUTELA DE URGÊNCIA
De XXXXXX, brasileira, casada, aposentada, RG nº
XXXXXXX, CPF nº XXXXXXX, residente e domiciliada na
Rua XXXXX, nº XXX, Bairro XXX, na cidade de XXXXXX –
SC, CEP XXXXXX, pelos fatos e fundamentos que passam a
serem expostos:
I. DA JUSTIÇA GRATUITA
A Requerente não possui, atualmente, condições de suportar as
custas processuais, honorários advocatícios e demais despesas
inerentes ao processo sem prejudicar o seu sustento e o de sua
família, motivo pelo qual se requer seja concedido o benefício
da gratuidade da justiça, com fulcro no art. 98 e seguintes,
do CPC/15.

II. DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO


A Interditanda é pessoa idosa, prestes a completar XXXXXX
anos de idade, o que justifica o trâmite do processo de forma
prioritária, de modo a garantir a plena satisfação da tutela
jurisdicional, nos termos da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso)
e do art. 1.048, I, do CPC/15.

III. DOS FATOS
A Requerente é filha da Interditanda, conforme se depreende
dos documentos anexos.

Há anos, a Interditanda demonstrava sinais de que fora


acometida pela grave e incurável doença do “Mal de
Alzheimer” (CID G.30), conquanto ainda não tinha sido
efetivamente diagnosticada, e durante algum tempo, conseguiu
praticar determinados atos do cotidiano, ainda que de forma
relativa e imprecisa: alimentava-se, conversava com as
pessoas, mantinha sua higiene pessoal e se recordava dos
familiares e amigos.

De todo o modo, já se fazia necessário o acompanhamento de


sua filha XXXXXX, que se colocava à disposição para corrigir
eventuais atitudes incondizentes e auxiliar a Interditanda
quando fosse preciso.

Hodiernamente, em decorrência da própria natureza da


doença, que naturalmente progride e se agrava, a Interditanda
já não consegue praticar qualquer ato de sua vida de forma
independente, contando, para tanto, com o auxílio completo de
sua filha XXXXX – que com ela reside – e de uma cuidadora de
idosos.

O discernimento da Interditanda se esvaiu de maneira


absoluta, havendo estado progressivo e severo de perda de
memória, ânimos alterados, desorientação, confusão mental e
repetição de palavras e frases sem coerência. A bem da
verdade, a Interditanda não consegue reconhecer sequer seus
filhos e marido, necessitando completamente de sua filha, ora
Requerente, para alimentar-se, higienizar-se e medicar-se, sem
qualquer possibilidade de gerenciar seu patrimônio, sacar seu
benefício do INSS ou envolver-se em relações negociais.

Destarte, tendo em vista a ausência completa de discernimento


da Sra. XXXXX o que culmina em sua incapacidade civil
absoluta, e estando reconhecidos tais fatos pelos demais
irmãos por meio da assinatura em cartório dos termos de
anuência (documentos anexos), fatos estes atestados inclusive
pelo documento médico anexo, pelo Dr. XXXX, CRM-SC
XXXXX, o qual afirma que a Sra. XXXXX “não apresenta
condições de gerenciar suas atividades sociais e econômicas
devido ao quadro demencial (Mal de Alzheimer) – CID: G.30”,
a presente ação é mais do que pertinente, fazendo-se de
extrema importância a concessão da medida liminar,
expedindo-se o termo de curatela provisório, para a
representação da Interditanda em todo e qualquer ato da vida
civil.
IV. DO DIREITO
Enuncia o art. 1º, do CC/02, que “toda pessoa é capaz de
direito e deveres na ordem civil”. No entanto, a possibilidade
de contrair deveres e de gozar, por si só, dos direitos, possui
limitações em alguns casos, sempre que constatada a
incapacidade relativa ou absoluta da pessoa, consoante os arts.
3º e 4º, do mesmo diploma cível.

No caso em comento, os fatos em voga se subsomem,


especificamente, à literalidade do artigo 4º, III, in fine, do
CC/02, donde se conclui que são incapazes aqueles que, por
causa permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Para resolver a questão atinente à representação da pessoa em
situações de incapacidade, o mesmo códex legal é inequívoco
ao prever, em seu art. 1.767, I, que “estão sujeitos a curetela
[...] aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade”.

De mais a mais, a presente ação tem arrimo no art. 747 e


seguintes do CPC/15, podendo-se, a partir de tais dispositivos,
compreender todas as nuances que envolvem o processo de
interdição, sendo inequívoca a sua importância para a
salvaguarda dos direitos da personalidade e da vida do
Interditando e de seus familiares.

Conforme já exposto, ademais, resta demonstrado nos autos,


tanto pelos documentos médicos, quanto por declarações
reduzidas a termo dos demais filhos da Interditanda, que, dada
a sua condição de enfermidade e ausência completa de
discernimento, não possui mínima condição de gerir e
administrar sua pessoa e seus bens, exsurgindo, doravante, a
imprescindibilidade da presente ação de interdição, inclusive
com pedido liminar de curatela provisória.

V. DA TUTELA DE URGÊNCIA: CURATELA


PROVISÓRIA
A concessão da tutela de urgência em ações de interdição,
mediante a nomeação de curador provisório, está prevista nos
artigos 300 e seguintes, c/c no art. 749, parágrafo único, todos
do CPC/15.

No caso em pauta, estão presentes os dois requisitos para a sua


concessão, quais sejam: fumus boni iuris e periculum in mora.
O primeiro resta comprovado pelo atestado médico afirmando
que a Interditanda se encontra completamente sem condições
de gerenciar sua vida social, patrimonial e financeira, em
decorrência de Mal de Alzheimer (CID G30), bem como pelas
declarações reduzidas a termo, que reproduzem a vontade dos
irmãos da Requerente, filhos da Interditanda, corroborando
com o atestado médico, no sentido da total ausência de
discernimento da ora Interditanda.

No mesmo sentido, o cumprimento do segundo requisito é


ainda mais latente, tendo em vista que a ausência da nomeação
de curadora provisória pode fazer com que, dadas as condições
da Interditanda, sejam enfrentados obstáculos para o
requerimento de medicamentos pelo SUS, administração de
benefício do INSS, gestão patrimonial, e até mesmo em relação
às consultas médicas, já que o ato de se submeter a exames,
consultas e afins deve partir de pessoa capaz de compreender o
procedimento, o que se mostra impossível no caso da
Interditanda.

Destarte, Excelência, a concessão da tutela de urgência,


nomeando-se a Requerente como curadora, é ato de extrema
necessidade, sendo a única maneira de assegurar os direitos da
Interditanda e de sua família, motivo pelo qual se requer desde
já.
VI. DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:

a) A concessão dos benefícios decorrentes do deferimento


da Gratuidade da Justiça, pois a Requerente não pode
postular judicialmente, arcando com as custas processuais,
honorários e demais despesas, sem prejudicar seu sustento e o
de sua família, e inclusive, a situação da Interditanda;
b) Seja conferida prioridade à tramitação, inerente aos
processos que envolvam interesses de pessoas idosas,
mormente o presente, em que a Interditanda possui quase XX
anos de idade, mediante a anotação no presente processo da
concessão de tal benefício;
c) Seja concedida a tutela de
urgência, liminarmente, com fundamento no art. 300 e
seguintes c/c no art. 749, parágrafo único, todos do CPC/15,
nomeando a Requerente como curadora provisória da
Interditanda, a fim de que possa representá-la em todos os atos
da vida civil, tais como a gestão patrimonial, financeira, social
e negocial, como também em atos relacionados à integridade
física e a tratamentos médicos, certos de que, assim não o
fazendo, haveria extrema probabilidade de dano à pessoa da
Interditanda;

d) A intimação do representante do Ministério


Público para intervir no feito e acompanhá-lo em todos os
seus termos, na condição de custus iuris, conforme art. 752, §
1º, do CPC/15;

e) A citação da pessoa Interditanda, para a realização de


seu interrogatório, nos termos do art. 751, do CPC/15;

f) A nomeação de curador especial, tendo em vista a


ausência completa de discernimento por parte da Interditanda,
que certamente não se encontra em condições de contratar
advogado particular, conforme art. 752, § 2º, do CPC/15;

g) Seja a presente ação julgada totalmente procedente,


tornando definitiva a tutela de urgência provisoriamente
concedida, de modo a determinar a Interdição da ora
Requerida e estipular que a Requerente fique responsável por
todo e qualquer ato da vida civil da Interditanda, tais como
gestão patrimonial, social e médica, dada a constatação de
absoluta ausência de discernimento para a prática de atos em
sociedade, conforme previsão do art. 755, do CPC/15;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, especialmente por meio de documentos,
depoimento pessoal da Requerida e dos demais irmãos da
Requerente, bem como testemunhas, se assim houver
necessidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para fins


procedimentais, visto que a presente ação não expressa valor
econômico imediato.
Nestes termos, pede deferimento.

Rio dos Cedros, XX de junho de 2019.

XXXXXX
Advogado
OAB/SC nº XXXXX
___________________________________________
___________

É advogado e quer ter acesso ao kit


com + de 20.000 modelos de
petições? CLIQUE AQUI!
___________________________________________
__
Gostou do modelo ou tem sugestões
para aperfeiçoá-lo? COMENTE
ABAIXO!

Você também pode gostar