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O Tribunal Penal Internacional

Apresentação

Estudar o Tribunal Penal Internacional (TPI) é analisar como funcionam importantes ramos do
direito de cunho universal ou internacional, principalmente no que diz respeito ao direito
humanitário, que, apesar de seu desenvolvimento, ainda está em crescimento e cujo terreno é de
extrema fertilidade.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o funcionamento do Tribunal Penal


Internacional e a adesão do Brasil a esse tribunal, além disso, vai explorar os julgados do TPI, o que
contribuirá para um aprendizado mais dinâmico e de suma relevância às relações internacionais,
extremamente valiosas ao estudo do direito, estimulando o raciocínio crítico e a reflexão como
cidadão e como profissional.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever o funcionamento do Tribunal Penal Internacional.


• Explicar a adesão do Brasil à jurisdição do Tribunal Penal Internacional.
• Explorar julgados oriundos do Tribunal Penal Internacional.
Desafio
Sabe-se que a proteção da pessoa humana se divide em três vertentes: o Direito Internacional dos
Refugiados; os Direitos Humanos, que buscam apurar a responsabilidade da violação cometida pelo
Estado; e o Direito Internacional Humanitário, que apura a responsabilidade criminal do “indivíduo”,
sendo esse, um conjunto de normas que procura limitar os efeitos de “conflitos armados”.

Nesse sentido, a proteção mundial do direito humanitário foi criada para proteger as vítimas de
violações ou ameaças de violações dos direitos cometidos por indivíduos diante das atrocidades
cometidas. Diversos mecanismos foram criados visando buscar a proteção, ou reparações, em face
de diferentes violências. Assim, para melhor entender o estudo, vamos fazer um desafio?

Suponhamos que Vicente, preocupado com as violação graves cometidas contra seres humanos em
Ruanda, procure você, como advogado, para saber se existe, dentro do sistema global, algum
tratado internacional de caráter permanente e independente voltado, especificamente, para o
julgamento e a punição de indivíduos agressores, e não diretamente para a proteção das vítimas.
Como você o responderia?
Infográfico
O Tribunal Penal Internacional (TPI) é permanente e independente, com sede em Haia, Países
Baixos, conforme o Estatuto de Roma. Seu objetivo é promover o Direito Internacional, julgando os
indivíduos e não os Estados (tarefa do Tribunal Internacional de Justiça). Sua competência é
somente para os crimes mais graves cometidos por indivíduos contra seres humanos, quando os
procedimentos utilizados pelo sistema judiciário de um país não são suficientes ou não têm
interesse em punir esse tipo de crime; O TPI tem, portanto, competência subsidiaria aos Estados.

Veja, no Infográfico a seguir, os principais aspectos do TPI.


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Conteúdo do livro

O Tribunal Penal Internacional (TPI) se intensificou como um ideal de tribunal da Organização das
Nações Unidas (ONU) ao final da Segunda Guerra Mundial, tendo como objetivo julgar os crimes
mais graves cometidos contra os interesses internacionais, independentemente do Estado que os
violasse.

Aprofunde seus conhecimentos lendo o capítulo O Tribunal Penal Internacional, do livro Direitos
Humanos, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
DIREITOS
HUMANOS

Fernanda Franklin Seixas


O Tribunal Penal
Internacional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever o funcionamento do Tribunal Penal Internacional.


 Explicar a adesão do Brasil à jurisdição do Tribunal Penal Internacional.
 Explorar julgados oriundos do Tribunal Penal Internacional.

Introdução
Estudar o Tribunal Penal Internacional (TPI) é analisar como funcionam
importantes ramos do Direito de cunho internacional, principalmente no
que diz respeito aos direitos humanos, um campo do Direito que ainda
está em desenvolvimento e que apresenta grande fertilidade.
Neste capítulo, você vai estudar sobre o funcionamento do TPI e vai
verificar a adesão do Brasil a esse Tribunal. Você também vai explorar
alguns julgados do TPI. Esse estudo contribuirá para a formação de um
aprendizado dinâmico de suma relevância às relações internacionais,
extremamente valiosas ao estudo do Direito, estimulando o raciocínio
crítico e a reflexão como cidadão e como profissional.

O funcionamento do Tribunal Penal


Internacional
O TPI se intensificou como um ideal de tribunal da Organização das Nações
Unidas (ONU) ao final da Segunda Guerra Mundial, tendo como objetivo
julgar os crimes mais graves cometidos contra os interesses internacionais,
independentemente do Estado que os violasse.
Após a Segunda Guerra Mundial, foram criados alguns tribunais interna-
cionais, como o de Tóquio, de Nuremberg, da Iugoslávia e de Ruanda, com o
propósito de julgar os crimes de guerra, não possuindo caráter permanente,
2 O Tribunal Penal Internacional

mas propósitos bem delimitados; ou seja, possuíam limites geográficos e


temporais específicos. Diz-se “limites geográficos” porque esses tribunais
possuíam uma jurisdição específica no território onde ocorriam os crimes,
e “limites temporais” porque, após o julgamento, transitado em julgado o
processo, o Tribunal deixava de existir.
Após essas iniciativas, as negociações lideradas pela ONU culminaram
na aprovação, em julho de 1998, do Estatuto de Roma, que definiu a criação
do TPI, com sede em Haia, na Holanda. Porém, o TPI só entrou em vigor
em julho de 2002, na 60ª ratificação ao Estatuto. Atualmente, o Estatuto de
Roma conta com 122 Estados-partes (34 africanos, 27 latino-americanos e
caribenhos, 25 do grupo de países ocidentais, 18 da Europa do Leste e 18 da
Ásia e do Pacífico). Conforme o Itamaraty:

O Brasil depositou seu instrumento de ratificação ao Estatuto de Roma em 20


de julho de 2002. O tratado foi incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro
por meio do Decreto nº. 4.388, de 25 de setembro de 2002. Aspectos impor-
tantes de sua internalização ainda estão em trâmite no Congresso Nacional
(BRASIL, 2018, documento on-line).

O TPI tem natureza jurídica de organização internacional e capacidade jurídica necessá-


ria e suficiente para o desempenho das suas funções e persecução dos seus objetivos.
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que examina litígios entre Estados,
o TPI julga apenas os indivíduos.

Destaca-se que esse Tribunal tem como objetivo evitar que os indiví-
duos responsáveis por genocídios, crimes contra a humanidade, crimes
de guerra e crimes de agressão fiquem sem punição, devendo entrar em
cena quando os procedimentos utilizados pelo sistema judiciário de um
país não sejam suficientes ou não tenham interesse em punir os graves
crimes cometidos contra seres humanos, tendo, portanto, competência
subsidiária aos Estados.
O TPI foi instituído pelo Estatuto de Roma, como vimos, e tem origem
convencional, ou seja, a aplicação de sua jurisdição depende da adesão dos
Estados soberanos. Dessa forma, estão sujeitos à sua jurisdição os Estados
signatários e seus nacionais, da mesma forma que os estrangeiros que se
O Tribunal Penal Internacional 3

encontrem em seu território ou em navios e aviões que estejam sob a ban-


deira desse território-parte. Também se incluem entre os jurisdicionados
da Corte os Estados que se submeterem à algum acordo especial, ainda que
não tenham aderido ao tratado. Assim, com adesão ao Estatuto de Roma, o
Estado signatário fica sujeito à jurisdição do Tribunal, bem como submetido
ao julgamento e à punição previstos.
O TPI é uma Corte permanente e independente e é dividido em quatro
órgãos principais:

 presidência, responsável pela administração do órgão;


 divisões judiciais (formadas por 18 juízes), responsáveis por conduzir
os julgamentos em seus diferentes estágios, nos moldes do art. 36 do
Estatuto de Roma;
 gabinete do promotor, que recebe e analisa as informações referentes
a possíveis acusados antes de encaminhá-los ao Tribunal;
 setor de registros, responsável por aspectos não judiciais da adminis-
tração do TPI.

Destaca-se, ainda, que os membros do TPI gozam de privilégios e imuni-


dades no território de cada Estado signatário, necessários para o cumprimento
de suas funções, conforme estabelece o art. 48 do Estatuto.
Os princípios fundamentais do Tribunal estão insculpidos nos arts. 20,
22, 23 e 24 de forma expressa, sendo eles:

Princípio do ne bis in idem — é um princípio básico do Direito Penal Inter-


nacional, segundo o qual é vedada a dupla incriminação de uma pessoa; ou
seja, um indivíduo não pode ser processado, julgado e condenado pela mesma
conduta por mais de uma vez.

Princípio do nullum crimen sine lege — assegura que não haverá crime na
conduta humana se não houver previsão legal do crime.

Princípio da irretroatividade ratione personae — assevera que nenhuma


pessoa poderá ser considerada responsável por crime se a conduta foi anterior
à entrada em vigor do Estatuto, assim como será aplicada a lei que for mais
benéfica ao agente em caso de legislação normativa do Estatuto.

Princípio da responsabilidade criminal individual — assegura que a respon-


sabilização pelo crime descrito no Estatuto será individualmente considerada.
4 O Tribunal Penal Internacional

No âmbito jurídico processual, o Estatuto prevê, nos arts. 13 a 15, que,


em caso de crimes de competência do TPI, a acusação deve ser iniciada por
um Estado-parte, ou pelo Conselho de Segurança, ou, ainda, pelo promotor,
se tiver iniciado uma investigação preliminar, nos termos determinantes
do art. 15.

No TPI está garantida a separação entre órgão de acusação e órgão julgador, possuindo
diversas fases, conforme leciona Gouveia (2005, p. 641). Veja o esquema da figura a
seguir:

De acordo com o Estatuto de Roma, havendo a notícia da prática de um


delito de competência do TPI, assegurando-se o cumprimento dos princípios
supramencionados, será aberto o inquérito, que engloba um conjunto de
atividades destinadas à investigação preliminar da existência do crime, das
suas circunstâncias e da respectiva autoria. Segundo Gouveia (2005), ao final
dessas investigações podem ocorrer duas situações: o arquivamento, quando
não houver indícios suficientes para acusar o indivíduo, ou a acusação, que se
O Tribunal Penal Internacional 5

dá quando da descoberta de elementos suficientes para uma convicção acerca


da probabilidade da prática de certo crime. Destaca-se que, durante o inquérito,
ou no próprio processo de instrução, segundo o art. 58 do Estatuto de Roma,
permite-se a detenção ou a prisão preventiva do acusado, para assegurar o
procedimento ou o próprio processo.
Após a primeira fase (inquérito), tem início a instrução, podendo o ar-
guido requerer o julgamento em liberdade. Nessa fase, a acusação deve ser
apreciada e confirmada pelo juízo de instrução, sendo reconhecido ao acusado
o direito de uma audiência de contestação, de acordo com os princípios
do contraditório e da igualdade de tratamento das partes, conforme leciona
Machado (2006, p. 428).
Na fase do julgamento, devem ser obedecidos diversos princípios pro-
cessuais, como imparcialidade, boa administração da Justiça, publicidade e
presunção de inocência, segundo o qual o ônus da prova cabe ao procurador,
ainda segundo Machado (2006, p. 427). O acusado é, então, submetido a um
juízo final, perante um grupo de juízes, conforme leciona Gouveia (2005, p.
642). A decisão final é dada pela maioria dos votos e deve ocorrer de forma
escrita e fundamentada. Com o fim de atender ao direito de indenização
das vítimas, a Corte pode determinar o seu quantum na sentença e ordenar
reparações específicas às vítimas, conforme previsto no art. 75, § 2º do Es-
tatuto de Roma.
À decisão do TPI cabe recurso para juízo de segunda instância, que é no
próprio Tribunal. O procurador pode recorrer com base em vício processual,
erro de fato ou de direito, ao passo que o condenado, para além desses motivos,
pode recorrer por qualquer outro motivo suscetível de afetar a equidade ou a
regularidade do processo ou da sentença. Outro fundamento do recurso pode
ser referente à desproporção entre a pena e o crime, tanto por excesso ou por
defeito, podendo ser interposto por ambas as partes.
É importante ressaltar que, havendo pendência do recurso, e para efeitos
da eventual colocação do indivíduo em liberdade, o Tribunal deve ponderar
os direitos do condenado com os dados fáticos e os interesses substantivos
e processuais em presença, quais sejam: risco de fuga, gravidade do crime
e probabilidade de procedência do recurso, respectivamente. É admissível o
recurso de outras decisões processualmente relevantes, cabendo ao Tribunal
decidir sobre seu efeito suspensivo ou meramente devolutivo, conforme explica
Machado (2006).
6 O Tribunal Penal Internacional

Quanto às penas a serem aplicadas pelo Tribunal, o Estatuto prevê, no


art. 77, o representado na Figura 1.

Figura 1. Penas previstas pelo Estatuto de Roma no art. 77.

O Brasil e sua adesão à jurisdição do Tribunal


Penal Internacional
A submissão dos Estados ao TPI não é automática, haja vista a necessidade de
adesão dos Estados e a ratificação do Estatuto de Roma, conforme seu art. 125.

Art. 125 [...]


1. O presente Estatuto estará aberto à assinatura de todos os Estados na sede
da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, em
Roma, a 17 de Julho de 1998, continuando aberto à assinatura no Ministério
dos Negócios Estrangeiros de Itália, em Roma, até 17 de Outubro de 1998.
Após esta data, o Estatuto continuará aberto na sede da Organização das
Nações Unidas, em Nova Iorque, até 31 de dezembro de 2000.
2. O presente Estatuto ficará sujeito a ratificação, aceitação ou aprovação dos
Estados signatários. Os instrumentos de ratificação, aceitação ou aprovação se-
rão depositados junto do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
3. O presente Estatuto ficará aberto à adesão de qualquer Estado. Os instru-
mentos de adesão serão depositados junto do Secretário-Geral da Organização
das Nações Unidas.
O Tribunal Penal Internacional 7

Não obstante, a Constituição Federal brasileira, no Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias (ADCT), art. 7º, estimula a formação de um
tribunal internacional dos direitos humanos. Nesse sentido, o Brasil apoiou
a criação do TPI, entendendo que “[...] uma corte penal eficiente, imparcial
e independente representaria um grande avanço na luta contra a impunidade
pelos mais graves crimes internacionais” (BRASIL, 2018, documento on-
-line). Assim, em setembro de 2002, o Brasil promulgou o Estatuto de Roma
por meio do Decreto nº. 4.388/02, editando, em 30 de dezembro de 2004, a
Emenda Constitucional nº. 45, que incluiu o § 4º ao artigo 5º da Constituição
Federal de 1988 e reconheceu a submissão do Brasil à jurisdição interna-
cional do Tribunal: “§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão” (BRASIL, 1988,
documento on-line).

Julgados oriundos do Tribunal Penal


Internacional
O TPI tem buscado como paradigma o compromisso com os direitos hu-
manos, buscando em seus julgados a concretização, sob o melhor viés, da
dogmática desses direitos. Apesar das dificuldades, como a falta de eficácia
plena, essa Corte já trouxe certa estabilidade e garantia a toda a humanidade,
aperfeiçoando-se a cada dia e demonstrando o seu comprometimento com os
direitos a que se propõe proteger, conforme é possível verificar nos julgados
selecionados e mostrados abaixo (UOL Notícias, 2014, documento on-line):

Augustin Bizimungu — Ruanda


O ex-comandante do Estado-Maior do Exército ruandês, Augustin Bizimun-
gu, foi acusado de genocídio pelo Tribunal Penal Internacional para Ruanda
(TPIR). Segundo ONU, 800 mil pessoas foram assassinadas em Ruanda, em
1994, em sua maioria da etnia tutsi.
Resultado: Condenado a 30 anos de prisão em maio de 2011.

Muammar Gaddafi — Líbia


O promotor do TPI, Luis Moreno Ocampo, pediu em 16 de maio de 2011 a
prisão por crimes contra a humanidade do ditador líbio Muammar Gaddafi,
além de seu filho mais velho, Seif al Islam, e do chefe dos serviços de inteli-
gência de seu regime, Abdallah Al Senusi. Entre as acusações estão o ataque a
civis em vias públicas, disparos contra manifestantes com armas de fogo, uso
de armamento pesado em funerais e uso de franco-atiradores nos protestos.
Resultado: Os juízes do tribunal vão decidir se aceitam o pedido do promotor,
rejeitam ou solicitam informações adicionais.
8 O Tribunal Penal Internacional

William Samoei Ruto, Henry Kiprono Kosgey e Joshua Arap Sang — Quênia
William Samoei Ruto, ex-ministro da Educação, Ciência e Tecnologia do
Quênia, e Henry Kiprono Kosgey, membro do partido ODM, no Quênia, estão
com julgamento marcado para o dia 7 de setembro de 2011, acusados de crimes
contra a humanidade, entre eles, assassinatos e perseguições à população civil.
Joshua Arap Sang, que trabalhava na rádio Kass FM, no Quênia, também será
levado ao tribunal em 1º de setembro de 2011, acusado dos mesmos crimes e
de usar seu programa para incitar a violência entre diferentes grupos.

Abu Garda — Sudão


BaharIdriss Abu Garda, líder da Frente Unida para a Resistência (URF), um
grupo rebelde de Darfur, foi acusado de crimes de guerra e de comandar um
ataque no qual teriam morrido 12 soldados. Foi um dos primeiros acusados
pelo Tribunal Penal a se entregar voluntariamente.
Resultado: No julgamento, em 2010, a Corte decidiu que não havia provas
suficientes para condenar Abu Garda.

Omar Hassan Ahmad al Bashir — Sudão


A primeira ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra
um chefe de Estado foi contra o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad
al Bashir, em 2008, acusado de genocídio pelos crimes cometidos na região
de Darfur.
Resultado: Como o país não aderiu ao Tratado de Roma, de 1998, que criou
o TPI, — condição para que o condenado possa ser preso sem depender do
Estado para entregar ou não o acusado — Bashir ainda se mantém no poder
em seu país.

Thomas LubangaDyilo — República Democrática do Congo


Thomas Lubanga Dyilo foi o primeiro réu a ser julgado pelo tribunal, em 2006.
Dyilo é acusado de recrutar crianças com menos de 15 para lutar nos conflitos
étnicos na região de Ituri entre 2002 e 2003, na República Democrática do
Congo. Dyilo é ex-líder de um movimento rebelde da República Democrática
do Congo, a União de Patriotas Congoleses (UPC). O processo foi remetido
ao TPI pelo governo da RDC, em abril de 2004 e, em 2009, Dyilo chegou
a ser liberado, pois conclui-se que ele não teria um julgamento justo, mas a
acusação entrou com novo recurso.
Resultado: O julgamento continua em andamento, e ele sob custódia do TPI.
O Tribunal Penal Internacional 9

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 5 de


outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 6 ago. 2018.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Tribunal Penal Internacional. 2018. Dispo-
nível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-seguranca-
-internacionais/152-tribunal-penal-internacional>. Acesso em: 6 ago. 2018.
GOUVEIA, J. B. Manual de Direito Internacional Público. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
MACHADO, J. E. M. Direito Internacional: do Paradigma Clássico ao pós-11 de setembro.
3. ed. Coimbra: Coimbra, 2006.
UOL Notícias. Veja os casos julgados pelo Tribunal Penal Internacional. UOL Notícias,
2014. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/internacional/listas/veja-os-casos-e-
-prisoes-do-tribunal-penal-internacional.jhtm>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Leituras recomendadas
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
DOUZINAS, C. O fim dos direitos humanos. São Leopoldo: Unisinos, 2009.
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
FERNANDES, D. A. Tribunal Penal Internacional: a concretização de um sonho. São
Paulo: Renovar, 2006.
FERRAJOLI, L. Los fundamentos de los derechos fundamentales. 4. ed. Madrid: Trotta, 2009.
FORSYTHE, D. P. Human rights in international relations. 2nd ed. Cambridge: Cambridge
University Press, 2006
Dica do professor
Neste vídeo, você verá uma dica sobre a recente inclusão, na competência do TPI, para julgar os
crimes ambientais.

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Exercícios

1) Com relação ao Tribunal Penal Internacional e a sua criação, assinale a alternativa correta:

A) Foi criado a partir de um ideal da ONU, ao final da Primeira Guerra Mundial, para julgar os
crimes mais graves cometidos pelos Estados contra os interesses internacionais.

B) Foi criado após a Segunda Guerra Mundial, juntamente com os tribunais internacionais de
Tóquio, Nuremberg, Iugoslávia e Ruanda, tendo como propósito punir os crimes de guerra
praticados pelos Estados.

C) Foi criado e entrou em vigor após a Segunda Guerra Mundial, em julho de 1998, pelo
Estatuto de Roma, que definiu a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em
Haia, Holanda.

D) Foi criado após a Segunda Guerra Mundial, em julho de 1998, pelo Estatuto de Roma, que
definiu a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, Holanda. Porém, o
TPI só entrou em vigor em julho de 2002, quando da 60a ratificação ao Estatuto.

E) Foi criado e entrou em vigor em razão da Guerra Fria, pelo Estatuto de Roma, que definiu a
criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, Holanda.

2) Acerca do Tribunal Penal Internacional (TPI), marque a alternativa correta:

A) O Tribunal Penal Internacional tem personalidade jurídica de direito privado e capacidade


jurídica que necessita de complementação dos Estados para o desempenho de suas funções e
persecução dos seus objetivos.

B) O Tribunal Penal Internacional tem personalidade jurídica de direito internacional e


capacidade jurídica necessária e suficiente para o desempenho de suas funções e persecução
dos seus objetivos; diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que examina litígios
entre Estados, o TPI julga apenas os indivíduos.

C) O Tribunal Penal Internacional tem personalidade jurídica de direito público interno,


capacidade jurídica necessária para o desempenho de suas funções e persecução dos seus
objetivos, e, assim como a Corte Internacional de Justiça, examina os crimes praticados pelos
Estados.
D) O Tribunal Penal Internacional tem personalidade jurídica de direito privado e capacidade
jurídica necessária, mas não suficiente, haja vista a necessidade da intervenção das Cortes
Nacionais para o desempenho de suas funções e persecução dos seus objetivos.

E) O Tribunal Penal Internacional tem personalidade jurídica de direito público interno,


capacidade jurídica necessária, mas não suficiente, haja vista a necessidade da intervenção
das Cortes dos Estados partes para o desempenho de suas funções, e, assim como a Corte
Internacional de Justiça, examina os crimes praticados pelos Estados.

3) De acordo com o Tribunal Penal Internacional, marque a alternativa correta:

A) O TPI tem competência para processar e julgar os indivíduos responsáveis pelos crimes de
genocídios, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e, futuramente, crimes de agressão,
quando os procedimentos utilizados pelo sistema judiciário de um país não forem suficientes
ou não tiverem interesse em punir os crimes graves cometidos contra seres humanos; o TPI
tem, portanto, competência subsidiaria aos Estados.

B) O TPI tem competência para processar e julgar os Estados responsáveis pelos crimes de
genocídios, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e, futuramente, crimes de agressão.

C) O TPI tem competência para processar e julgar os indivíduos responsáveis pelos crimes de
genocídios, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e de infanticídio.

D) O TPI tem competência para processar e julgar os Estados responsáveis pelos crimes de
genocídios, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e de infanticídio, quando os
procedimentos utilizados pelo sistema judiciário de um país não forem suficientes ou não
tiverem interesse em punir os crimes graves cometidos contra seres humanos; o TPI tem,
portanto, competência autônoma aos Estados.

E) O TPI tem competência apenas para processar os indivíduos responsáveis pelos crimes de
genocídios, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e, futuramente, crimes de agressão.

4) De acordo com o Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional (TPI):

A) foi instituído pelo Estatuto de Roma e tem origem obrigacional, ou seja, a aplicação de sua
jurisdição independe da adesão dos Estados soberanos; o tribunal irá proteger a pessoa
humana em qualquer lugar que ela esteja.

B) foi instituído pelo Estatuto de Roma e tem origem convencional, ou seja, a aplicação de sua
jurisdição independe da adesão dos Estados, haja vista a soberania relativa dos Estados.
C) foi instituído pelo Estatuto de Roma e tem origem convencional, ou seja, a aplicação de sua
jurisdição depende da adesão dos Estados soberanos. Dessa forma, estão sujeitos a sua
jurisdição os Estados signatários e seus nacionais, da mesma forma que os estrangeiros que se
encontrem em seu território ou em navios e aviões que estejam sob a bandeira desse
território. Também se incluem entre os jurisdicionados da Corte os Estados que se
submeterem a algum acordo especial, ainda que não tenham aderido ao Tratado.

D) foi instituído pela Convenção Internacional para a proteção dos Direitos Humanos e tem
origem obrigacional, ou seja, a aplicação de sua jurisdição independe da adesão dos Estados
soberanos. Dessa forma, estão sujeitos a sua jurisdição todos os Estados soberanos e seus
nacionais.

E) foi instituído pela Convenção Internacional para a proteção dos Direitos Humanos e tem
origem convencional, ou seja, a aplicação de sua jurisdição depende da adesão dos Estados
soberanos. Dessa forma, estão sujeitos a sua jurisdição os Estados signatários e seus
nacionais, da mesma forma que os estrangeiros que se encontrem em seu território ou em
navios e aviões que estejam sob a bandeira desse território.

5) Em relação ao Tribunal Penal Internacional (TPI), marque a alternativa correta:

A) O TPI é uma corte permanente e independente, dividida em quatro órgãos principais:


Presidência (responsável pela administração do órgão), Divisões Judiciais (formadas por 18
juristas responsáveis por conduzir os julgamentos em seus diferentes estágios nos moldes do
art. 36 do Estatuto de Roma), Gabinete do Promotor (que recebe e analisa as informações
referentes a possíveis acusados antes de encaminhá-los ao tribunal) e Setor de Registros
(responsável por aspectos não-judiciais da administração do TPI).

B) O TPI é uma corte temporária, mas independente, dividida em quatro órgãos principais:
Presidência (responsável pela administração do órgão), Divisões Judiciais (formadas por 18
juristas responsáveis por conduzir os julgamentos em seus diferentes estágios nos moldes do
art. 36 do Estatuto de Roma), Gabinete do Promotor (que recebe e analisa as informações
referentes a possíveis acusados antes de encaminhá-los ao tribunal) e Setor de Registros
(responsável por aspectos não-judiciais da administração do TPI).

C) O TPI é uma corte temporária, vinculada a ONU e dividida em quatro órgãos principais:
Presidência (responsável pela administração do órgão), Divisões Judiciais (formadas por 18
juristas responsáveis por conduzir os julgamentos em seus diferentes estágios nos moldes do
art. 36 do Estatuto de Roma), Gabinete do Promotor (que recebe e analisa as informações
referentes a possíveis acusados antes de encaminhá-los ao tribunal) e Setor de Registros
(responsável por aspectos não-judiciais da administração do TPI).
D) O TPI é uma corte temporária, mas independente, dividida em quatro órgãos principais:
Presidência (responsável pela administração do órgão), Divisões Judiciais (formadas por 18
juristas responsáveis por conduzir os julgamentos em seus diferentes estágios nos moldes do
art. 36 do Estatuto de Roma), Gabinete do Promotor (que recebe e analisa as informações
referentes a possíveis acusados antes de encaminhá-los ao tribunal) e Setor de Registros
(responsável por aspectos não-judiciais da administração do TPI).

E) O TPI é uma corte permanente, vinculada a ONU e dividida em quatro órgãos principais:
Presidência (responsável pela administração do órgão), Divisões Judiciais (formadas por 18
juristas responsáveis por conduzir os julgamentos em seus diferentes estágios nos moldes do
art. 36 do Estatuto de Roma), Gabinete do Promotor (que recebe e analisa as informações
referentes a possíveis acusados antes de encaminhá-los ao tribunal) e Setor de Registros
(responsável por aspectos não-judiciais da administração do TPI).
Na prática
Veja uma situação prática em que o TPI precisou enfrentar um caso ocorrido no Congo, no qual
foram acusados dois comandantes por crimes de guerra e um homicídio. O caso envolvia
assassinatos, ataques à população civil, saques e destruição de propriedade alheia.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Tribunal Penal Internacional - Aula 1


Nesta primeira aula, a Promotora de Justiça Militar, Najla Nassif Palma, explica as principais
questões relacionadas ao Tribunal Penal Internacional, órgão criado em 2002 para julgar crimes de
genocídio, de guerra, contra a humanidade e de agressão.

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Tribunal Penal Internacional - Aula 2


Nesta segunda aula, a Promotora de Justiça Militar, Najla Nassif Palma, fala sobre os desafios do
Tribunal Penal Internacional.

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Tribunal Penal Internacional - Aula 3


Nesta terceira aula, a Promotora de Justiça Militar, Najla Nassif Palma, aborda a importância da
Corte Penal Internacional para o Brasil, que é membro desde 2002.

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Direito sem Fronteiras
Neste link, você verá uma entrevista com a juíza Sylvia Steiner, a única representante do Brasil no
Tribunal Penal Internacional.

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Estudo do Tribunal Penal Internacional e comentários ao


Estatuto de Roma
Nesse artigo, você verá um texto bem explicativo sobre o TPI e comentários sobre o Estatuto de
Roma.

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Tribunal Penal Internacional: conceitos, realidades e


implicações para o Brasil
Nos anos 1990, após o fim da confrontação Leste-Oeste, abriram-se novas perspectivas para as
Nações Unidas e o seu Conselho de Segurança (CSNU), que se destravou e passou a atuar com
mais intensidade do que durante a Guerra Fria. Veja mais no link a seguir.

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Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional


Veja, nesse link, o Decreto No 4.388, de 25 de setembro de 2002.
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