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O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

E O DIREITO BRASILEIRO
TRIBUNAL PENAL
INTERNACIONAL(TPI)
Sede do Tribunal Penal Internacional em Haia (Holanda)
INTRODUÇÃO
 O objetivo central deste trabalho é
divulgar a importância do Tribunal
Penal Internacional;

 - Qual é a sua competência;

 - De que forma se relaciona com os


tribunais locais;

 - Como interage com o Direito


Brasileiro;

 - De que modo poderá contribuir


para a proteção dos direitos
humanos e para o combate à
impunidade dos mais graves crimes
internacionais.
INTRODUÇÃO
 Os estudos acerca da criação
do Tribunal Penal Internacional
surge como proposta de
sistema adicional garantidor
dos Direitos Humanos,voltado
para repelir a impunidade dos
autores de crimes de maior
gravidade que chocam
profundamente a consciência
humana.

 Vale ainda dizer, que estes


atos revelam atrocidades
inimagináveis,que constituem
ameaça à paz, a segurança e
ao bem-estar da humanidade.
Precedentes Históricos

-Em 1474, surge o primeiro TPI, em Breisach, a fim de Julgar Peter


Hagenbach;

- Em 1860,Gustav Monnier( um dos fundadores da Cruz Vermelha),propõe a


Elaboração de um Estatuto para um Tribunal Penal Internacional.

-Pós- Primeira Guerra mundial (1914- 1918),várias tentativas sem êxito;


Obs.Tratado de Sévres, de versalhes e à convenção contra o terrorismo.

-- Em 1919,constituída a Comissão para a c5riação de um Tribunal Superior,


Obs., Este para julgar todos os indivíduos inimigos que tivessem violado as
“leis e os costumes de guerra e as leis da humanidade;
Precedentes Históricos
- Em 1927 , o Tratado de Sévres fora substituído pelo Tratado de Lausanne
(concessão de anistia geral aos oficiais turcos);

- Em 1937, adoção pela liga das Nações para criação de uma Convenção
Contra o Terrorismo.
Obs. Ratificação apenas da Índia,tribunal não foi instituído.

- Em 1945(durante a segunda guerra mundial),constitui-se dois tribunais


penais internacionais,através dos aliados:EUA;UK:URSS;França.
* Nuremberg ( Alemanha);
* Tóquio ( Japão).

Por que isso ocorreu?

Devido a magnitude das atrocidades acometidas durante a guerra,


marcadas por uma lógica de “descartabilidade dos seres Humanos”.
Passado x Presente
Nuremberg( Pós-Guerra) Nuremberg( Hoje/Atual).
Passado x Presente
Tóquio ( Pós-Guerra) Tóquio(Hoje/Atual)
RESPONSABILIDADE E JURISDIÇÃO

 Voltado a responsabilização criminal de indivíduos


tinha jurisdição para processar crimes contra a
paz,crimes de guerra e crimes contra a
humanidade.

 Art.6,crime de genocídio- entende-se por


genocídio, qualquer um dos atos que a seguir se
enumeram, praticados com intenção de destruir,no
todo ou em parte, um grupo nacional, ético, racial,
ou religioso.
E OS PRECEDENTES HISTÓRICOS
CONTINUAM..........
- Em 1946, Carta do tribunal Internacional Militar para o extremo Oriente
segue regras semelhantes a de Nuremberg;
Obs. sofrem as mesmas críticas.

- Em 1948, iniciam-se esforços para a criação de um Tribunal


Internacional permanente;

- Em 1951, Comitê da Comissão de Direito Internacional apresenta


primeira versão do Estatuto do Tribunal Internacional;

- Em 1953, essa versão fora revisada e aprovada;


Obs. os trabalhos ficam suspensão por 35 anos,só retornam em 1989,
ano da queda do muro de Berlin,por iniciativa de Trinidad e Tobago.
E OS PRECEDENTES HISTÓRICOS
CONTINUAM..........
- Em 1998, finalmente foi adotado o Estatuto de Roma, por 120
votos favoráveis, incluindo nesses votos os Estados Unidos.

- Em 11 de Abril de 2002, 66 países já haviam ratificado o


tratado,ultrapassando as 60 ratificações necessárias para a
sua entrada em vigor.

- Em 01 de julho de 2002, o Estatuto entrou em vigor.

Ps. O Brasil assinou o Estatuto em 17 de julho de 1998, tendo o


ratificado em 20 de junho de 2002.
FORMAÇÃO DO TRIBUNAL
PENAL INTERNACIONAL
• Quanto à estrutura: Presidência – integrada por 3 juízes responsáveis pela administração do Tribunal;
Câmaras – divididas em Câmara de Questões Preliminares,Câmara de Primeira Instância e Câmara de Apelações;
Promotoria – órgão autônomo do Tribunal competente para receber as denúncias sobre crimes, examiná-las, investigá-las e
propor ação penal junto ao Tribunal;
Secretaria- encarregada de aspectos não judiciais da administração do Tribunal.

• Quanto à jurisdição: material (o Tribunal Penal Internacional terá jurisdição sobre os crimes de genocídio, contra a humanidade, de guerra e de
agressão); pessoal (a jurisdição do Tribunal Penal Internacional não alcança pessoas menores de 18 anos); temporal (a jurisdição do Tribunal
abarca apenas os crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto de Roma); territorial (o Tribunal terá jurisdição sobre crimes praticados
no território de qualquer dos Estados-partes)

• nando o elemento coercitivo (REALE, 2002).


Relação entre Tribunal Penal
Internacional e os Estados-partes
-PRINCIPIO DA COMPLEMENTARIEDADE: o Tribunal não exercerá sua
jurisdição quando o Estado onde ocorreu a conduta criminosa ou o Estado de
cujo acusado é nacional estiver investigando, processando ou já houver julgado
a pessoa em questão:

Exceções: a) o Estado que investiga,processa ou já houver julgado for incapaz


ou não possuir a intenção de fazê-lo;
b) quando o caso não houver sido julgado de acordo com as regras
do artigo 20 do Estatuto;
c) quando o caso não for grave o suficiente
- PRINCIPIO DA COOPERAÇÃO: o Estatuto impõe aos Estados-partes a
obrigação genérica de cooperar totalmente com o Tribunal na investigação e no
processamento de crimes que estejam sob a jurisdição desse.
A Relação entre o Tribunal Penal Internacional
e o Conselho de Segurança das Nações
Unidas
 Essa relação tem implicações diretas sobre os
Estados-partes no Estatuto, pois altera tanto o grau
de igualdade entre esses Estados, quanto o grau de
imparcialidade da justiça no âmbito internacional;
 A participação do Conselho junto ao Tribunal, traz a
esse algumas vantagens, como por exemplo a
possibilidade que o Tribunal tenha, em seus primeiros
momentos de existência um alcance universal;
 Embora o Conselho não possua o poder de alterar
decisões substantivas dos tribunais “ad hoc”, possui o
poder de extingui-los.
O Estatuto de Roma e a
Constituição Brasileira de 1988
O Estatuto de Roma e a Constituição Brasileira de 1988 são
compatíveis pelos seguintes motivos:

 O Estado adota regras de direito material em parte já


reconhecidas em outros tratados internacionais ratificados pelo
Brasil;
 O mecanismo internacional de proteção aos direitos humanos
estabelecido no Estatuto é bem próximo ao previsto na Corte
Interamericana de Direitos Humanos;
 No artigo 7º, a própria Constituição Federal explicita que o
Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional
de direitos humanos.
O Estatuto de Roma e a
Constituição Brasileira de 1988
As questões aparentemente conflitantes entre o
Estatuto de Roma e a Constituição Brasileira, dentre
outras, são:

 Prisão perpétua;
 Imunidade;
 Entrega de Nacionais;
 O princípio da Reserva Legal.
Prisão Perpétua
 O Estatuto de Roma prevê, em seus artigos 77(1)(b) e 110(3), a
possibilidade de imposição de pena de prisão perpétua, quando
justificada pela extrema gravidade do crime e pelas circunstâncias
individuais do condenado, permitindo que a pena seja revista após 25
anos;
Art. 77 Penas aplicáveis
1 - Sem prejuízo do disposto no artigo 110.º, o Tribunal pode impor à
pessoa condenada por um dos crimes previstos no artigo 5.º do
presente Estatuto uma das seguintes penas:
b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau da ilicitude do facto e as
condições pessoais do condenado o justificarem.
Art. 110 Reexame pelo Tribunal da questão de redução de pena
3 - Quando a pessoa já tiver cumprido dois terços da pena, ou 25 anos de
prisão em caso de pena de prisão perpétua, o Tribunal reexaminará a
pena para determinar se haverá lugar à sua redução. Tal reexame só
será efetuado transcorrido o período acima referido
Prisão Perpétua
 Conflito entre Estatuto de Roma e o art. 5º, XLVII, b, da CFB, que
veda expressamente a aplicação dessa sanção penal.
 O Artigo 80 enuncia explicitamente a não interferência no regime de
aplicação de penas nacionais e nos direitos internos

Artigo 80.º
Não interferência no regime de aplicação de penas nacionais e nos
direitos internos
Nada no presente capítulo prejudicará a aplicação, pelos Estados, das
penas previstas nos respectivos direitos internos, ou a aplicação da
legislação de Estados que não preveja as penas referidas neste
capítulo.
Prisão Perpétua

Entrega x Extradição

• Entrega: decorre das relações entre o


Estado e um Tribunal Internacional

• Extradição: ocorre nas relações entre


dois Estados - Lei n. 6815/80
Prisão Perpétua
• A Execução pelo Brasil de sentença condenatória do TPI que
imponha a prisão perpétua, duas linhas de argumentação:
A primeira se fundamenta no artigo 103,I,alínea,a.

Artigo 103.º
Função dos Estados na execução das penas privativas de
liberdade
1 - a) As penas privativas de liberdade serão cumpridas num Estado
indicado pelo Tribunal, a partir de uma lista de Estados que lhe
tenham manifestado a sua disponibilidade para receber pessoas
condenadas.
Prisão Perpétua
A Segunda se fundamenta Artigo 103.º (3)(a)
3 - Sempre que exercer o seu poder de indicação em conformidade com o n.º
1, o Tribunal tomará em consideração:
a) O princípio segundo o qual os Estados Partes devem partilhar da
responsabilidade na execução das penas privativas de liberdade, em
conformidade com os princípios de distribuição equitativa estabelecidos no
Regulamento Processual;

Artigo 21.º, Estatuto de Roma


Direito aplicável
3 - A aplicação e interpretação do direito, nos termos do presente artigo,
deverá ser compatível com os direitos humanos internacionalmente
reconhecidos, sem discriminação alguma baseada em motivos tais como o
sexo, tal como definido no n.º 3 do artigo 7.º, a idade, a raça, a cor, a
religião ou o credo, a opinião política ou outra, a origem nacional, étnica ou
social, a situação econômica, o nascimento ou outra condição.
Prisão Perpétua

Art. 5o - Direito à integridade pessoal, Convenção Americana de Direitos


Humanos
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a
reforma e a readaptação social dos condenados.

Art. 10 – Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos


3. O regime penitenciário consistirá em um tratamento cujo objetivo
principal seja a reforma e reabilitação moral dos prisioneiros. Os
delinqüentes juvenis deverão ser separados dos adultos e receber
tratamento condizente com sua idade e condição jurídica.
Imunidade
 Stephen Krasner, aponta a existência de
quatro espécie de Soberania:

 Soberania Doméstica;
 Soberania Interdependente;
 Soberania de Westphalia;
 Soberania Legal Internacional.
Artigo 27 (Estatuto)
 1. O presente estatuto será aplicável de forma igual a todas as
pessoas sem distinção alguma baseada na qualidade oficial. Em
particular a qualidade oficial de Chefe de Estado ou de Governo,
de membro de Governo ou do parlamento, de representante eleito
ou de funcionário público, em caso algum eximirá a pessoa em
causa de responsabilidade criminal nos termos do presente
Estatuto, nem constituirá de per si motivo de redução da pena.

 2. As imunidades ou normas de procedimento especiais


decorrentes da qualidade oficial de uma pessoa, nos termos do
direito interno ou do direito internacional, não deverão obstar a
que o Tribunal exerça a sua jurisdição sobre essa pessoa.
Artigo 86 (CF/88)
 Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara
dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
de responsabilidade.

 § 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:

 I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo


Supremo Tribunal Federal;

 II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo


Senado Federal.

 § 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver


concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.

 § 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o


Presidente da República não estará sujeito a prisão.

 § 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser


responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Crimes Comuns - São aqueles que podem ser
praticados por qualquer pessoas. São os crimes
de Homicídio, roubo, estupro etc.
Crime de Responsabilidade - São infrações
político-administrativas sendo próprios dos :
Presidente da República; Ministros de Estado;
Ministros do Supremo Tribunal Federal;
Procurador Geral da República; Governadores e
Secretários de estado.
Segundo Louis Henkin, vigoram
hodiernamente dois valores norteadores
do sistema internacional:

1. Os valores do Estado
2. Os valores Humanos
 Em 1945 em Londres institui o Tribunal de
Nuremberg, possibilitando o julgamento
de agentes públicos.

 12 de fevereiro de 2002 instituiu o Tribunal


“ad hoc” para antiga Iugoslávia

 14 de fevereiro de 2002 instituiu a Corte


internacional de justiça, pela ilegalidade
do mandado de prisão expedido pela
Bélgica contra os ministros de Relações
Exteriores do Congo.
Entrega de Nacionais
 O Estatuto de Roma estabelece, em seu artigo
89, que o Tribunal poderá transmitir um pedido
de entrega a qualquer Estado onde uma
determinada pessoa possa ser encontrada,
requisitando que esse colabore com o Tribunal
Penal.

 O artigo 5º, inciso LI, da constituição veda a


extradição de brasileiros natos ou naturalizados.
Reserva Legal

 Princípios de nullum crimen sine le e nulla


poena sine lege

 Elementos dos Crimes (Elements of Crimes)


Conclusão
Conclui-se , que o Tribunal Penal
Internacional(TPI), chega em boa hora para
tentar coibir e punir as atrocidades que o
homem vem causando ao longo da história em
detrimento de seus irmãos e celebra,
sobretudo,uma esperança- a esperança de que
a força do direito possa prevalecer em
detrimento do direito da força.

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