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Faculdade de Direito

Universidade de São Paulo

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO (DEF-0526)

Professor Luís Eduardo Schoueri

Aula 02 – 09/08/2019

Faculdade de Direito da USP Planejamento Tributário (DEF-0526) 1


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RETOMANDO O CASO 0 03-05


BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 06-07
ANÁLISE DO CASO 0: EFEITOS TRIBUTÁRIOS DA PROPOSTA 08-19
SUGERIDA PELO AMIGO DO SR. PAULO SILVA
CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE ESTRUTURA TRIBUTÁRIA PARA 20-31
O SR. PAULO SILVA
PROPOSTA FINAL DE ESTRUTURA TRIBUTÁRIA PARA O SR. PAULO 32-33
SILVA
COMENTÁRIOS À SUGESTÃO DE CONSTITUIÇÃO DE FII 34-37

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Retomando o Caso 0

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Retomando o Caso 0

 Narrativa dos fatos: o Sr. Paulo Silva, 93 anos, é proprietário de diversos imóveis no
Município de São Paulo. Alguns estão destinados à venda; outros, à locação

Valor de
Data de
Rendimento Declaração Valor de
Imóvel Destinação Aquisição do
Anual (custo de Mercado
Imóvel
aquisição)

Conjunto Comercial nos Jardins Locação R$150.000,00 R$700.000,00 R$1.600.000,00 23/06/2002


Casa em Moema Venda R$ 0,00 R$150.000,00 R$3.400.000,00 01/02/1968
Conjunto Comercial na Marginal
Venda R$ 0,00 R$800.000,00 R$5.500.000,00 31/07/2005
Pinheiros
Apartamento em Pinheiros Venda R$ 0,00 R$750.000,00 R$900.000,00 14/09/2016

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Retomando o Caso 0

 Narrativa dos fatos: o Sr. Paulo Silva foi aconselhado por um amigo a implementar um
planejamento sucessório, visando à transferência dos imóveis aos seus filhos por meio das
seguintes operações: 

1) a criação de uma pessoa jurídica “PS Administração de Imóveis Ltda.”, sob a


forma de sociedade limitada, cujo objeto social abrangesse a atividade imobiliária e
cujos sócios fossem o Sr. Paulo Silva e seus filhos;

2) a conferência dos bens imóveis do Sr. Paulo Silva ao capital da “PS Administração
de Imóveis Ltda.” pelo valor que eles constavam na Declaração de Imposto de
Renda (DIRPF);

3) a transferência das quotas da “PS Administração de Imóveis Ltda.”, detidas pelo


Sr. Paulo Silva, aos seus herdeiros mediante doação

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Breve contextualização do tema

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Análise do Caso 0: efeitos tributários da


proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
Silva

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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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ETAPA 1: conferência dos imóveis para o capital da PS: o artigo 23 da Lei nº 9.249/95
faculta a avaliação a mercado ou pelo valor constante da DIRPF

 Evento qualificado como espécie do gênero alienação: portanto, pode haver


apuração de ganho de capital tributável

 Hipótese 1: avaliação a mercado, e valor de mercado superior ao custo constante


da DIRPF  ganho de capital tributável progressivamente (15% a 22,5%), aplicando-
se, no caso de imóvel, as regras de redução do ganho de capital tributável ou de
isenção

 Hipótese 2: avaliação a mercado, e valor de mercado inferior ao custo constante da


DIRPF  não há, naturalmente, ganho de capital; perda não compensável com
demais ganhos e rendimentos tributáveis

 Hipótese 3: avaliação a mercado, e valor de mercado igual ao custo constante da


DIRPF, ou adoção do custo de aquisição  evento não dispara tributação

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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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ETAPA 1: conferência dos imóveis para o capital da PS: incidência de ITBI no caso de
transferências onerosas de bens imóveis ou direitos a eles relativos

 Imunidade prevista no artigo 156, § 2º, I, da Constituição: o ITBI “não incide sobre
a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica”

 Exceção à regra de imunidade: o ITBI é devido se a pessoa jurídica que receber os


bens imóveis tiver como atividade preponderante “a compra e venda desses bens ou
direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil”

 Como a PS desenvolveria atividades imobiliárias (locação e venda de imóveis), há


incidência de ITBI na conferência dos imóveis para o seu capital

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ETAPA 1: conferência dos imóveis para o capital da PS: incidência de ITBI no caso de
transferências onerosas de bens imóveis ou direitos a eles relativos

 Caracterização de atividade preponderantemente imobiliária (artigo 37 do CTN):

 Caso, nos dois anos anteriores e nos dois anos subsequentes à integralização,
mais de 50% da receita operacional da PJ decorrer de transações imobiliárias

 E como avaliar no caso de sociedade recém-constituída ou tiver sido constituída há


menos de dois anos?

 Levam-se em consideração os três primeiros anos seguintes à integralização


(artigo 37 do CTN)

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ETAPA 1: conferência dos imóveis para o capital da PS: incidência de ITBI no caso de
transferências onerosas de bens imóveis ou direitos a eles relativos
Art. 4º Não se aplica o disposto nos incisos III [aumento de capital] a V [operações societárias] do artigo 3º
deste regulamento [não incidência do ITBI] quando o adquirente tiver como atividade preponderante a
compra e venda desses bens ou direitos, a sua locação ou arrendamento mercantil.

§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante quando mais de 50% (cinquenta por cento) da
receita operacional do adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição,
decorrer de transações mencionadas no “caput” deste artigo.

§ 2º Se o adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-
á a preponderância referida no § 1º deste artigo levando em consideração os 3 (três) primeiros anos seguintes
à data da aquisição.

§ 3º Fica prejudicada a análise da atividade preponderante, incidindo o Imposto, quando a pessoa jurídica
adquirente dos bens ou direitos tiver existência em período inferior ao previsto nos §§ 1º e 2º deste artigo.
Decreto do Município de São Paulo nº 55.196, de 11 de junho de 2014 (Regulamento do ITBI)

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ETAPA 1: conferência dos imóveis para o capital da PS: incidência de ITBI no caso de
transferências onerosas de bens imóveis ou direitos a eles relativo

 Base de cálculo do ITBI (município de SP): valor venal do imóvel (o valor pelo qual o
bem ou direito seria negociado em condições normais de mercado para compra e venda à
vista)

 Questões polêmicas:

 Base de cálculo do IPTU x base de cálculo do ITBI

 Valor venal de referência publicado pela SMF x valor da transação

 Alíquota: regra geral, 3%

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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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ETAPA 2: Doação das quotas da PS pelo Sr. Paulo Silva aos filhos: incidência do
ITCMD

 Base de cálculo do ITCMD (Estado de SP): valor venal do bem ou direito transmitido /
considera-se valor venal o valor de mercado do bem ou direito na data da abertura da
sucessão ou da realização do ato ou contrato de doação

 Alíquota: 4%

 IRPF: ”isenção” do IR sobre doações e heranças recebidas por pessoas físicas (artigo 6º,
inciso XVI, da Lei nº 7.713/88)

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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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ETAPA 2: Doação das quotas da PS pelo Sr. Paulo Silva aos filhos: incidência do ITCMD

 Doação de participação societária x imóveis (Estado de SP):

 Participação societária: nos casos em que a ação, quota, participação ou qualquer título
representativo do capital social não for objeto de negociação ou não tiver sido negociado
nos últimos 180 (cento e oitenta) dias, admitir-se-á o respectivo valor patrimonial

 Imóvel urbano: valor venal (não inferior ao que serviu de base ao IPTU)

 Estado de Minas Gerais (Lei nº 14.941/03):

 “Art. 5º (...) § 2º Na hipótese em que o capital da sociedade tiver sido integralizado em


prazo inferior a cinco anos, mediante incorporação de bens móveis e imóveis ou de
direitos a eles relativos, a base de cálculo do imposto não será inferior ao valor venal
atualizado dos referidos bens ou direitos”

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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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 ETAPA 3: tratamento tributário das atividades imobiliárias da PS

PS

Jardins Moema Pinheiros Marginal

Locação Venda
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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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 Tratamento tributário das atividades de locação da PS:

Lucro Real:
 IRPJ: alíquota de 15% + adicional de 10% sobre a parcela
do lucro real superior a R$ 20 mil ao mês
 CSLL: alíquota de 9%
 PIS/COFINS (regime não cumulativo): alíquota de 9,25%
sobre as receitas totais / 4,65% sobre as receitas
financeiras

Lucro Presumido:
IRPJ (15% + adicional de 10% sobre a parcela do lucro
presumido que exceder a R$ 60 mil no trimestre): margem de
presunção de 32%  carga tributária aproximada de 8% sobre
a receita)
CSLL (9%): margem de presunção de 32% (carga tributária de
2,88% sobre a receita)
PIS/COFINS (regime cumulativo): 3,65%
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Análise do Caso 0: efeitos tributários da proposta sugerida pelo amigo do Sr. Paulo
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 Quadro comparativo acerca da tributação das atividades de locação

IRPJ/CSLL(*)
Regime de Tributação Receita Anual PIS/COFINS (***) Total
ou IRPF
Lucro Real
(assumindo que não há R$ 150.000,00 R$ 36.000,00 R$ 13.875,00 R$ 49.875,00
despesas)

Lucro Presumido R$ 150.000,00 R$ 11.520,00 R$ 5.475,00 R$ 16.995,00

Tributação na Pessoa R$ 30.817,68 (tabela


R$ 150.000,00 R$ 0,00 R$ 30.817,68
Física (**) progressiva)

(*) Considerou-se a aplicação de alíquota de 15% de IRPJ, considerando que não foi atingido o limite para aplicação do adicional
de 10%
(**) Referência à tributação da pessoa física indicada para fins comparativos e não contempla efeitos das deduções admitidas
legalmente
(***) Não foram considerados os efeitos da apropriação de créditos sobre quotas de depreciação

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 Quadro comparativo acerca da tributação das atividades de venda de imóveis
Casa em Moema Ganho de Capital IRPJ/CSL PIS e COFINS TOTAL
PJ Imob. - Lucro Real R$ 3.250.000,00 R$ 1.081.000,00 R$ 300.625,00 R$ 1.381.625,00

R$ 3.400.000,00
PJ Imobiliária - Lucro Presumido R$ 80.720,00 R$ 124.100,00 R$ 204.820,00
(Receita de Venda)

Conjunto Comercial na Marginal


Ganho de Capital IRPF ou IRPJ/CSL PIS e COFINS TOTAL
Pinheiros
PJ Imob. - Lucro Real R$ 4.700.000,00 R$ 1.574.000,00 R$ 434.750,00 R$ 2.008.750,00
R$ 145.400,00
R$ 5.500.000,00 (Percentual de 8%
PJ Imobiliária - Lucro Presumido R$ 200.750,00 R$ 346.150,00
(Receita de Venda) para IR e 12% para
CSL)

Apartamento em Pinheiros Ganho de Capital IRPJ/CSL PIS e COFINS TOTAL


PJ Imob. - Lucro Real R$ 150.000,00 R$ 36.000,00 R$ 13.875,00 R$ 49.875,00
R$ 3.720,00
R$ 900.000,00 (Percentual de 8%
PJ Imobiliária - Lucro Presumido R$ 32.850,00 R$ 53.370,00
(Receita de Venda) para IR e 12% para
CSL)
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Construção da proposta de estrutura


tributária para o Sr. Paulo Silva

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Análise do Caso 0: construção da proposta de estrutura tributária para o Sr. Paulo


Silva

 Conferências dos bens imóveis pelo valor de DIRPF: desconsideração de eventuais


vantagens da alienação de imóveis na pessoa física (racional dos benefícios explorados
nos slides seguintes) [OBS: o mito da transferência – sempre – a custo de DIRPF]:

 Casa em Moema: considerando que a aquisição do imóvel ocorreu antes de 1988,


é aplicável a tabela de redução do ganho de capital do artigo 18 da Lei 7.713/88

 Conjunto Comercial na Marginal Pinheiros: aplicação dos fatores de redução


previstos no artigo 40 da Lei nº 11.196/05

 Apartamento em Pinheiros: os fatores de redução também serão aplicados, mas


com impacto menos relevante por conta da aquisição do imóvel em 2016

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Análise do Caso 0: construção da proposta de estrutura tributária para o Sr. Paulo


Silva
 Tributação do ganho de capital da pessoa física:

 Redução do ganho de capital no tempo: fator redutor do lucro imobiliário vinculado


ao tempo de permanência do imóvel no patrimônio do indivíduo

Imóvel
adquirido em 100% de redução do ganho de capital
1969 ou antes

Imóvel
adquirido em 5% de redução do ganho de capital
1988

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 Tributação do ganho de capital da pessoa física:

 Tabela de redução do ganho de capital no tempo (artigo 18 da Lei 7.713/88):

Ano de aquisição Percentual Ano de aquisição Percentual


ou incorporação de redução ou incorporação de redução
1969 100% 1979 50%
1970 95% 1980 45%
1971 90% 1981 40%
1972 85% 1982 35%
1973 80% 1983 30%
1974 75% 1984 25%
1975 70% 1985 20%
1976 65% 1986 15%
1977 60% 1987 10%
1978 55% 1988 5%

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 Tributação do ganho de capital da pessoa física:

 Fatores de redução do ganho de capital: também vinculado ao tempo de


permanência do imóvel no patrimônio do indivíduo

Imóvel adquirido
entre 01/01/1996 FR1 desconto mensal – 0,6%m1
e 01/11/2005

Imóvel adquirido
após 01/12/2005
FR2 desconto mensal – 0,35%m2

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 Tributação do ganho de capital da pessoa física:

 A partir de 2017, aplicação da seguinte tabela progressiva (Lei nº 13.259/16)

Valos dos ganhos Alíquota aplicável


Até 5.000.000,00 15%
Acima de R$ 5.000.000,00 até R$ 10.000.000,00 17,5%
Acima de R$ 10.000.000,00 até R$ 30.000.000,00 20%
Acima de R$ 30.000.000,00 22,5%

 Observação: tributação definitiva (ou seja, não existem ajustes na DIRPF)

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 Simulação do ganho de capital tributável no caso de alienação dos imóveis pelo Sr. Paulo
da Silva (via conferência a mercado ou venda a terceiros):

Valor de
Data de Ganho de Capital
Declaração Valor de Ganho de
Imóvel Aquisição do Tributável IRPF
(custo de Mercado Capital
Imóvel (após reduções)
aquisição)
Casa em Moema 01/02/1968 R$ 150.000,00 R$ 3.400.000,00 R$ 3.250.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Conjunto Comercial
na Marginal 31/07/2005 R$ 800.000,00 R$ 5.500.000,00 R$ 4.700.000,00 R$ 2.672.694,40 R$ 400.904,16
Pinheiros
Apartamento em
14/09/2016 R$ 750.000,00 R$ 900.000,00 R$ 150.000,00 R$ 137.934,92 R$ 20.690,23
Pinheiros

 Observação: em relação a todos os imóveis, a carga tributária suportada pelo Sr. Paulo da
Silva seria inferior àquela existente no caso de alienação por pessoa jurídica

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 Ponto comum às alternativas propostas: tratamento quanto ao imóvel nos Jardins

 Sr. Paulo da Silva constitui a PS e confere o imóvel destinado à locação


(incidência de ITBI)

 A PS opta pelo lucro presumido e passa a exercer a atividade de locação de


imóveis (tributação inferior àquela que seria, em princípio, suportada pela
pessoa física)

 Doação das cotas da PS aos filhos do Sr. Paulo da Silva (incidência de ITCMD)

 Com relação aos imóveis destinados à venda: adaptação da estrutura sugerida pelo
amigo do Sr. Paulo, para que a alienação seja efetuada pelo próprio Sr. Paulo

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Silva
 Aplicação do produto da venda dos imóveis em VGBL

 Discussão sobre a natureza previdenciária ou securitária do VGBL no caso de


sucessão: em ambas as qualificações, tendência de confirmação da não
incidência do ITCMD na sucessão

 Natureza previdenciária: isenção prevista no artigo 6º, inciso I, da Lei nº


10.705/00

Artigo 6º - Fica isenta do imposto:


I - a transmissão "causa mortis":
e) de quantia devida pelo empregador ao empregado, por Institutos de Seguro
Social e Previdência, oficiais ou privados, verbas e prestações de caráter alimentar
decorrentes de decisão judicial em processo próprio e o montante de contas
individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de
Participações PIS-PASEP, não recebido em vida pelo respectivo titular;

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 Aplicação do produto da venda dos imóveis em VGBL

 Discussão sobre a natureza previdenciária ou securitária do VGBL no caso de


sucessão: em ambas as qualificações, tendência de confirmação da não
incidência do ITCMD na sucessão

 Natureza securitária: não contempla a herança para todos os efeitos de


direito, conforme o artigo 794 do Código Civil

Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o


capital estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera
herança para todos os efeitos de direito

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Silva
 Aplicação do produto da venda dos imóveis em VGBL

 TJ/SP: Classe/Assunto: Apelação / Remessa Necessária / ITCD - Imposto de


Transmissão Causa Mortis Relator(a): Rebouças de Carvalho Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Público Data do julgamento: 30/07/2018 Data
de publicação: 30/07/2018 Data de registro: 30/07/2018 Ementa: AÇÃO
ANULATÓRIA – ITCMD – Base de cálculo prevista no art. 38, do CTN, e na Lei
Estadual nº 10.705/00, que corresponde ao bem ou direito efetivamente transmitido –
Valor recebido de investimento em previdência privada - Isenção tributária
admitida nos termos do art. 6º, I, 'e', da Lei Estadual nº 10.705/00 – Precedentes
da C. 6ª Câmara Extraordinária e C. 9ª Câmara de Direito Público, como também
deste E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – Procedência da ação mantida –
Recurso da Fazenda do Estado ré não provido

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Análise do Caso 0: construção da proposta de estrutura tributária para o Sr. Paulo


Silva
 Aplicação do produto da venda dos imóveis em VGBL

 TJ/SP: Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Inventário e Partilha Relator(a):


Moreira Viegas Comarca: São Paulo Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 01/08/2018 Data de publicação: 01/08/2018 Data de registro:
01/08/2018 Ementa: (...) Previdência privada que, nas modalidades VGBL e
PGBL, não integra a herança, conforme preconiza o artigo 794 do Código Civil
– Valores que devem ser destinados à sua única beneficiária, no caso, a viúva-
meeira e inventariante, não podendo ser partilhados – Precedentes – Reconhecida
a omissão da MMa. Juíza a quo no que tange ao pedido de dedução dos valores que
teriam sido sacados pela inventariante das contas do de cujus após o falecimento
deste último – Questão que, em primeiro lugar, deve ser apreciada pela magistrada de
piso para, futuramente e se o caso, ser objeto de competente recurso, sob pena de
supressão de instâncias - Decisão mantida – Recurso conhecido em parte e, na parte
conhecida, não provido, com observação.

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Silva
 Aplicação do produto da venda dos imóveis em VGBL

 Outros Estados têm editados leis pretendendo incluir PGBL/VBGL no âmbito de incidência
do ITCMD: RJ e MG, por exemplo

“INVENTÁRIO – POSSIBILIDADE DE ISENÇÃO DO ITD – PLANO VGBL –


NATUREZA DO BENEFÍCIO -INTELIGÊNCIA DO ART. 794, DO CÓDIGO CIVIL –
Considerando a natureza securitária do referido plano, deverá ser aplicada a regra prevista
no art.794 do C. Civil. O Juízo singular deu correta solução a controvérsia, uma vez que
não sendo a verba em comento considerada herança, deve ser afastada a incidência do
imposto de transmissão causa mortis. Isenção que pode ser declara pelo Juízo do
inventário. Recurso desprovido” (0062338-20.2014.8.19.0000 – AGRAVO DE
INSTRUMENTO – DES. EDSON VASCONCELOS -Julgamento: 11/02/2015 – DECIMA
SETIMA CÂMARA CIVEL

 E se o Sr. Paulo Silva, em estado terminal, fizesse um VBGL de R$ 150 milhões poucos
dias antes de falecer, nomeando os filhos como beneficiários? Incidiria o ITCMD?

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Proposta final de estrutura tributária para o


Sr. Paulo Silva

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Análise do Caso 0: proposta de estrutura tributária para o Sr. Paulo Silva

 ETAPA 1: constituição da PS (imobiliária) e integralização do capital social mediante a conferência


do imóvel destinado à locação (Conjunto comercial nos jardins)

 Integralização pelo custo do imóvel declarado na DIRPF do Sr. Paulo Silva


 Incidência de ITBI na transferência do imóvel
 Locação tributada pelo lucro presumido

 ETAPA 2: doação das quotas pelo Sr. Paulo Silva aos filhos

 Incidência do ITCMD sobre o valor patrimonial das quotas

 ETAPA 3: alienação dos imóveis diretamente pelo Sr. Paulo Silva

 Redução do ganho de capital e isenção do imposto de renda nas alienações

 ETAPA 4: aplicação do produto da venda dos imóveis pelo Sr. Paulo Silva em VGBL

 Não incidência de ITCMD na sucessão

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Comentários à sugestão de constituição de FII

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Análise do Caso 0: comentários à sugestão de constituição de fundo de investimento


imobiliário (FII) cogitada na aula 1

 Regra geral, as carteiras de fundos de investimentos são isentas de tributação


corporativa  receita de locação imobiliária não seria tributada até a distribuição para os
cotistas

 No caso de FII, legislação obriga à distribuição semestral de lucros apurados segundo o


regime de caixa, com retenção na fonte de 20%  alternativa que, no caso concreto, dado
o valor da locação, não seria vantajosa em relação à tributação na PF ou PJ

 Discussões sobre o valor de entrada em fundos de investimentos: Lei nº 13.043/14 


exigência de integralização a mercado? Na prática, administradores (responsáveis
tributários) não aceitam contribuição a custo histórico, de modo que dispararia tributação
logo na contribuição de imóveis ao FII

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Análise do Caso 0: comentários à sugestão de constituição de fundo de investimento


imobiliário (FII) cogitada na aula 1

 FII tributado como PJ:

Artigo 5º da Lei nº 9.779/99:


Art. 2o Sujeita-se à tributação aplicável às pessoas jurídicas, o fundo de
investimento imobiliário de que trata a Lei no 8.668, de 1993, que aplicar recursos
em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador, construtor ou
sócio, quotista que possua, isoladamente ou em conjunto com pessoa a ele
ligada, mais de vinte e cinco por cento das quotas do fundo.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, considera-se pessoa ligada ao
quotista: I - pessoa física: a) os seus parentes até o segundo grau; b) a empresa sob
seu controle ou de qualquer de seus parentes até o segundo grau; II - pessoa jurídica,
a pessoa que seja sua controladora, controlada ou coligada, conforme definido nos
§§ 1o e 2o do art. 243 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

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Análise do Caso 0: comentários à sugestão de constituição de fundo de investimento


imobiliário (FII) cogitada na aula 1

 Isenção de rendimentos distribuídos por FII (artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº
11.033/04):

 Aplicável somente nos casos em que o FII possua, no mínimo, 50 quotistas

 Não será concedido ao quotista pessoa física titular de quotas que representem
10% ou mais da totalidade das quotas emitidas pelo Fundo de Investimento
Imobiliário ou cujas quotas lhe derem direito ao recebimento de rendimento
superior a 10% do total de rendimentos auferidos pelo fundo.      

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Obrigado!

Monitores
Gustavo Lian Haddad / glhaddad@usp.br
Diego Aubin Miguita / dmiguita@vbso.com.br

Apresentação atualizada pelos monitores em agosto de 2019


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