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058-76
Sumário
Apresentação ............................................................................................................................. 1
ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ................................................................ 2
DECRETO 62.137/22............................................................................................................. 2
1. ASPECTO QUANTITATIVO DE INCIDÊNCIA .................................................................. 2
2. LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO .............................................................................. 38
3. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ........................................................................................ 43
Apresentação
Aos que ainda não me conhecem farei uma breve apresentação, para
que possamos nos conhecer um pouco melhor.
Meu nome é Bruno Langoni e, desde 2013, exerço o cargo de Auditor Fiscal Tributário no
Município de Campinas, atividade essa que me traz uma grande satisfação. Fui nomeado, também,
em outros Fiscos mas, por questões diversas, optei por permanecer no Fisco Campineiro, onde
atualmente atuo no setor de fiscalização do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, o nosso
queridinho “ISS”. Ainda o veremos muito por aqui!
Antes de dar início aos nossos trabalhos gostaria de destacar objetivos desse material,
estabelecendo a que ele se destina e, também, o que não será nele abordado. Vejamos:
Dito isto, passemos, concretamente, ao estudo da matéria mais importante de sua prova, a
Legislação Tributária Municipal, que além do peso importantíssimo para a aprovação acompanhará
toda sua trajetória profissional.
Mãos à obra!
DECRETO 62.137/22
É isso aí, meus caros Acadêmicos da Tributação! Prontos para mais uma jornada rumo à
aprovação no concurso do ISS-São Paulo?
Eu espero que sim, pois, nós, da Academia da Tributação, temos como missão de vida auxiliá-
los nessa caminhada. E estamos 100% engajados com a sua causa.
Na aula de hoje daremos continuidade no estudo do ISS, nos termos do Decreto 62.137/22,
analisando o critério quantitativo de incidência desse importantíssimo imposto municipal. Vamos lá?
O aspecto quantitativo nos auxilia a responder a seguinte pergunta: “quanto deverá ser
recolhido a título de ISS?”.
Sempre que falamos em aspecto (ou critério) quantitativo, dois são os elementos que os
representam: a base de cálculo e a alíquota.
Art. 219. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço, como tal considerada a
receita bruta a ele correspondente, SEM nenhuma dedução, EXCETUADOS os descontos
ou abatimentos concedidos independentemente de qualquer condição.
Nesse passo, como não poderia ser diferente, o preço cobrado pela prestação do serviço é que
dará azo à incidência do ISS. Assim, como regra, a obtenção do valor devido é bastante simples:
Como regra, todos os valores cobrados em razão do serviço prestado farão parte da base de
cálculo do ISS, sendo inadmitidas quaisquer deduções. No entanto, como o próprio dispositivo
salienta, os descontos ou abatimentos concedidos independentemente de qualquer condição, não
vão compor a base de cálculo do ISS. Logo, memorize:
Nesse sentido, sempre que o desconto se relacionar a evento futuro e incerto (impossível de se
determinar no momento da prestação do serviço), estaremos diante de desconto condicional, situação
em que não se admite a dedução da base de cálculo do ISS.
2) José Alexandre matriculou seu filho na Escola Liceu de Moura, no Município de São Paulo,
dele sendo cobrados os seguintes valores:
2. Anuidade: R$ 50.000,00
Nesse caso, o desconto não poderá ser deduzido da base de cálculo do ISS, já que dependente
de evento futuro e incerto, sendo considerado desconto condicional.
Art. 219, § 1º Na falta desse preço, ou não sendo ele desde logo conhecido, será
adotado o corrente na praça.
O caput do art. 219 comporta algumas interpretações. Há quem entenda que, por conta de o
fato gerador do ISS ser a prestação de serviços previstos na lista, eventuais serviços prestados a título
gratuito seriam alcançados pelo imposto. É um tema polêmico, que carregas inúmeras opiniões
contrátias em sede doutrinária.
No entanto, em nosso entendimento, o dispositivo acima deve ser interpretado como uma
possibilidade de se utilizar, nas situações em que a autoridade fiscal não conhecer o preço efetivo do
serviço, daquele que seja corrente na praça, como uma espécie de arbitramento fiscal.
Ademais, caso venha a constatar, posteriormente, que o preço pelo serviço prestado era outro,
não tendo se operado a decadência, poderá ser realizado lançamento complementar, em linha com o
§ 2º do art. 219.
Vejamos um exemplo:
Nesse caso, em razão de não conhecer o preço efetivo pelos serviços prestados, procedeu ao
arbitramento da base de cálculo, valendo-se do preço corrente do mesmo serviço na praça.
Art. 219, § 3º O valor de determinados tipos de serviços poderá ser fixado pela
Secretaria Municipal da Fazenda a partir de critérios, índices ou estudos que reflitam o
corrente na praça.
A Pauta Fiscal atribui valores mínimos de mão-de-obra aplicada por metro quadrado de área
construída, contendo tabelas por tipo de construção, uso e destinação. Embora haja grande discussão
doutrinária e jurisprudencial sobre sua utilização, cabe ressaltar, a respeito da matéria, o seguinte
entendimento jurisprudencial do STJ (que embora verse sobre ICMS, pode ser utilizado no âmbito do
ISS – já que os precedentes tratavam sobre a utilização de pautas de uma forma geral).
Comentários:
Pauta fiscal é um instrumento amplamente utilizado nas Fazendas Públicas, que tem como
objetivo a fixação de valores mínimos de determinadas bens e serviços submetidos à incidência
tributária.
Nesse sentido, imaginando-se determinada operação cujo preço de venda é inferior ao mínimo,
é adotado o valor previsto na Pauta Fiscal como base de cálculo da operação.
Entendeu o STJ que a utilização de Pautas Fiscais é ilegal, cristalizando seu posicionamento
na súmula em comento.
No entanto, e aí reside a problemática do presente entendimento jurisprudencial, os
precedentes que deram origem à Súmula 431 não vedam, de forma absoluta, a utilização de Pautas
Fiscais.
Isto é, buscou o STJ proibir a utilização indiscriminada de Pautas Fiscais, desconsiderando
todo e qualquer outro elemento que permita a identificação da base de cálculo efetiva de determinada
operação.
Mas há inúmeras outras situações em que a utilização de pautas é um dos poucos elementos
de que poderá se valer o Fisco para se realizar o lançamento tributário, como são os casos em que o
contribuinte apresenta elementos que indicam que há subfaturamento, praticando preços muito
abaixo do mercado.
Nessas situações, nos termos do art. 148, poderá a autoridade fiscal, por meio de processo
regular, arbitrar a base de cálculo do imposto, com base em valores fixados em pauta fiscal.
Agora, passaremos a analisar alguns critérios que poderão ensejar a adoção da técnica do
arbitramento da base de cálculo, que, normalmente, será realizado quando o prestador incorrer em
alguma infração à legislação tributária.
No ponto, frise-se que, embora a doutrina majoritária entenda que o arbitramento é uma
técnica, em algumas questões o CEBRASPE já o considerou como uma quarta modalidade de
lançamento, figurando ao lado do lançamento por homologação, de ofício e por declaração.
Destaque-se, no entanto, que arbitramento e estimativa não se confudem, sendo essa útilma,
normalmente, utilizada nas situações em que a própria Administração Tributária entender mais
conveniente a adoção do regime.
Vejamos, então, as situações em que será a autoridade fiscal será legitimada a proceder com o
arbitramento do preço dos serviços:
Art. 224. O preço dos serviços poderá ser arbitrado na forma que o regulamento
dispuser, sem prejuízo das penalidades cabíveis, nos seguintes casos:
2. quando houver fundada suspeita de que os documentos fiscais NÃO refletem o preço real dos
serviços, ou quando o declarado for notoriamente inferior ao corrente na praça
Vejamos alguns exemplos das situações que autorizam que se proceda ao arbitramento da
base de cálculo do ISS:
A Kaui, no entanto, não atendeu à intimação, alegando que os documentos requeridos foram
extraviados no exercício anterior.
Assim, estará Mário autorizado a proceder com o arbitramento da base de cálculo do ISS
incidente sobre os serviços prestados pela Kaui.
5) A Pérola eventos realiza diversos eventos no Município de São Paulo, embora não esteja
incritas no Cadastro de Contribuintes Mobiliário (CCM)
Pelo fato de não estar inscrita, jamais emitiu uma nota fiscal sequer para acobertar os serviços
prestados, elemento esse que legitima a adoção do arbitramento da base de cálculo do ISS
devido em razão dos serviços prestados.
Logo, face à patente incompatibilidade entre a base de cálculo oferecida à tributação e sua
realidade operacional, estará Jorge autorizado a promover o arbitramento da base de cálculo do
ISS.
O ISS é um imposto que integra sua própria base de cálculo, sendo considerado, portanto, um
“imposto por dentro”.
A rigor, embora na prática os prestadores não procedam dessa forma, a apuração da base de
cálculo do ISS segue a seguinte lógica (para fins didáticos, consideraremos uma margem de lucro de
30%):
Perfeito?
Nesse caso, procedeu a um cálculo primário para chegar, por meio das despesas, à receita
arbitrada da empresa:
Agora veremos um dispositivo que vai além do que prevê a LC 116/03 sobre a matéria, embora
sua aplicação decorre de uma compreensão lógica acerca do aspecto espacial de incidência do ISS:
Art. 224, § 6º Quando os serviços descritos nos subitens 3.03, 7.02, 7.04, 7.05, 7.15,
7.16 e 7.17 da lista do “caput” do artigo 202 forem prestados no território de mais de um
Município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia,
Vejamos os subitens que são contemplados pela sistemática de cálculo acima exposta:
7.04 Demolição
7.16 Limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas, represas,
açudes e congêneres
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Dessa forma, considerando que o preço do serviço foi de R$ 1.000.000,00, o valor do ISS devido
ao Município de São Paulo será de:
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Supondo que o montante arrecadado pela rodovia em determinado mês tenha sido de
R$1.000.000,00, de que forma deverá ser calculado o ISS devido a cada município?
Bem, conforme vimos no dispositivo acima, para sabermos se é devido ISS ao município basta
verificarmos se há extensão da rodovia em seu território. Ou seja, o ISS será proporcional ao trecho
de rodovia explorada que “corta” o Município de São Paulo.
Dessa forma, a base de cálculo de ISS devido ao Município de São Paulo será calculada da
seguinte forma:
Para apurar o ISS, basta multiplicar a base de cálculo pela alíquota (que, em São Paulo, é de 5%).
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No caso acima, perceba que os postos de cobrança estão todos localizados no Município de
Guarulhos. No entanto, o dispositivo legal deixa expresso que o ISS deverá ser calculado sobre a
receita bruta arrecadada em TODOS os postos de cobrança de pedágio da rodovia explorada,
proporcionalmente à extensão de rodovia explorada em seu território.
Dessa forma, é irrelevante para fins de incidência do ISS a localização dos postos de cobrança
de pedágio.
A novidade são os serviços de construção civil, que embora não previstos de forma expressa
na LC 116/03, no que diz respeito ao fato de ser devido de forma proporcional à extensão da obra em
cada município, essa interpretação decorre do próprio aspecto espacial de incidência do ISS.
Imaginemos o seguinte exemplo:
Assim, será devido o ISS aos dois municípios, na proporção da área ou extensão da obra
existentes em cada um deles.
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Agora veremos aspectos muito importantes, que dizem respeito à composição da base de
cálculo do ISS no âmbito de alguns serviços de construção civil (7.02, 7.04, 7.05 e 7.15):
Art. 224, § 7º Quando forem prestados os serviços descritos nos subitens 7.02, 7.04,
7.05 e 7.15 da lista do “caput” do artigo 173, o imposto será calculado sobre o preço do
serviço deduzido das parcelas correspondentes:
Assim, somente os subitens acima poderão ver deduzidos os materiais da base de cálculo do
ISS. Podemos simplificar os serviços acima nas seguintes atividades: construção, demolição, reforma
e escoramento, contenção de encostas.
Vejamos quais são as parcelas que poderão ser deduzidas da base de cálculo dos serviços
descritos pelos subitens 7.02, 7.04, 7.05 e 7.15:
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Um dos requisitos fundamentais para que se autorize a dedução dos materiais é sua
incorporação definitiva à obra.
Nesse sentido, os materiais que NÃO se incorporarem à obra NÃO poderão ser deduzidos da
base de cálculo do ISS, a exemplo de EPI´s, materiais utilizados para a construção do galpão que
armazenará os materiais da obra, materiais utilizados para a construção do canteiro de obras, dentre
outros que possam ser posteriormente removidos sem qualquer dano ou prejuízo a sua identidade
física.
Ademais, no que tange aos materiais, poderão ser deduzidos da base de cálculo do ISS aqueles
que tenham sido adquiridos e, também, os produzidos FORA do local da obra e fornecidos pelo
prestador.
Outra importante informação diz respeito aos materiais fornecidos pelo prestador e produzidos
no local da obra. Tais materiais NÃO poderão ser deduzidos da base de cálculo, submetendo-se
integralmente à incidência do ISS.
Vejamos um exemplo:
10) A Construtora ABC realizou a construção de uma loja comercial no centro do Município de
São Paulo, sendo o serviço prestado descrito pelo subitem 7.02 da lista de serviços.
Tendo, ela própria, adquirido R$ 50.000,00 em materiais, que foram fornecidos e incorporados
definitivamente à obra, poderá deduzi-los da base de cálculo do ISS desde que atendidos os
demais requisitos legais com relação aos dados constantes no documento fiscal.
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Note, também, que a legislação tributária de São Paulo admite a dedução das subempreitadas
tributadas pelo ISS, em linha com o que entende o STF sobre a matéria (embora a LC 116/03 não
preveja, de forma expressa, tal possibilidade):
11) A Construtora Patrimar realizou serviços de constução civil no Município de São Paulo,
sendo o preço cobrado pela edificação executada no valor de R$ 1.000.000,00 (valor esse
correspondente ao total das notas fiscais por ela emitidas).
Nessa situação, poderá a Patrimar deduzir de sua base de cálculo os R$ 200.000,00 relativos às
subempreitadas já tributadas pelo ISS.
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Por fim, ressalte-se que, no âmbito das subempreitadas, não poderão ser deduzidas àquelas
que tenham sido realizadas por profissionais autônomos, já que esses são isentos do pagamento do
ISS em São Paulo (e as subempreitadas somente podem ser deduzidas se tributadas pelo ISS).
Sigamos!
Art. 224, § 9º. Relativamente à prestação dos serviços a que se referem os subitens
4.22 e 4.23 da lista do “caput” do artigo 173, o imposto será calculado sobre a diferença
entre os valores cobrados e os repasses em decorrência desses planos, a hospitais,
clínicas, laboratórios de análises, de patologia, de eletricidade médica, ambulatórios,
prontos-socorros, casas de saúde e de recuperação, bancos de sangue, de pele, de olhos,
de sêmen e congêneres, bem como a profissionais autônomos que prestem serviços
descritos nos demais subitens do item 4 da lista do “caput” do artigo 173, na conformidade
do que dispuser o regulamento.
Antes de mais nada, vejamos a quais subitens o dispositivo acima, que aborda a tributação dos
planos de saúde, se refere:
Percebam, portanto, que tais serviços são prestados por empresas de planos de saúde, como
é caso da Unimed, SulAmerica, dentre tantos outros.
Assim, sempre que o beneficiário paga, mensalmente, ao plano de saúde, esse aufere receita
em virtude da prestação de serviços descritos pelos subitens 4.22 e 4.23. Contudo, o plano também
terá de repassar alguns valores aos profissionais credenciados, à medida que os beneficiários do plano
utilizarem dos serviços prestados por esses.
Tais valores repassados aos membros da rede credenciada (hospitais, clínicas, médicos,
odontólogos, laboratórios e demais serviços previstos no item 4 da lista de serviços) poderão ser
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deduzidos da base de cálculo do ISS devido pelos planos de saúde, em razão da prestação dos
serviços descritos pelos subitens 4.22 e 4.23.
Apenas a título de informação, no Município de São Paulo, o ISS devido pelos prestadores de
serviços de plano de saúde é apurado por meio da Declaração de Plano de Saúde (DPS), que já
apresenta a base de cálculo deduzida dos repasses e tem o condão de constituir o crédito tributário,
em linha com o que possibilita a Súmula 436 do STJ.
12) A Plurimed, plano de saúde que presta serviços descritos pelo subitem 4.22 da lista de
serviços, auferiu receita de R$ 100.000,00 no exercício de maio de 2023.
O repasse aos médicos e clínicas de sua rede credenciada, no mesmo exercício, foi de
R$ 40.000,00.
Nesse caso, poderá a Plurimed promover a dedução dos R$ 40.000,00 da base de cálculo do ISS
devido em razão de seus serviços prestados, recolhendo o ISS sobre R$ 60.000,00.
Vejamos agora alguns detalhes a respeito dos serviços prestados por cartórios.
Art. 220. Quando forem prestados os serviços descritos no subitem 21.01 da lista do
“caput” do artigo 202, o imposto será calculado sobre o preço do serviço deduzido das
parcelas correspondentes:
Um primeiro ponto que devemos destacar é que a atividade cartorária encontra previsão
expressa no subitem 21.001 da lista de serviços, motivo pelo qual, atualmente, não há qualquer
discussão acerca da incidência do ISS sobre tais atividades.
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Apesar de a natureza jurídica do serviço realizado pelos Cartórios ser pública, a prestação dos
atos notariais e de registros públicos é exercida por particulares (pessoas naturais) que, uma vez
aprovados em concurso público de provas e títulos, recebem a delegação para administrar e conduzir
tais serviços.
Frise-se, também, conforme já decidido pelo STF, que embora os titulares das serventias sejam
particulares, não se aplica a eles o regime fixo de tributação, já que inexiste pessoalidade na prestação
dos serviços.
Agora, vejamos as parcelas que poderão ser deduzidas da base de cálculo do ISS devido pelos
cartórios:
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Assim, como todas as demais espécies tributárias, deverão ser instituídos por lei, que, no caso
dos emolumentos, regulará quais valores deverão ser destinados a fundos ou órgãos públicos para o
aperfeiçoamento da administração da Justiça. Nesse sentido a previsão do dispositivo do Decreto
Municipal 62.137/22, que, permitindo a dedução de algumas parcelas da base de cálculo do ISS, faz
com que o imposto incida, exclusivamente, sobre a receita que permanecerá com o cartorário.
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Por mais que exista uma ideia comum de que todos os cartórios são milionários, essa não é
uma verdade absoluta. Uma parte signiticativa dos cartórios é deficitária, sendo a eles destinados
alguns valores a título de complementação da receita mínima e, também, como forma de
compensação da prática de atos gratuitos.
Contudo, os cartórios que recebem tais valores, terão de submetê-los à incidência do ISS.
Compreendido?
Sobre a matéria, ainda, consigna o art. 222 que o ISS isomente incide sobre os atos que tenham
sido efetivamente remunerados pelos usuários dos serviços, NÃO incidindo sobre atos praticados
gratuitamente por força de lei, em favor da cidadania.
1. Embora possuam natureza pública, os serviços cartorários são tributados pelo ISS.
2. Não se reconhece o regime fixo aos serviços prestados pelos cartórios.
3. O ISS incidirá sobre a parcela dos emolumentos que visam remunerar os titulares
das serventias.
4. Poderm ser deduzidos da base de cálculo: receita do Estado, contribuição das
Carteiras de Previdência, compensação atos gratuitos e complementação da receita mínima
(sob a ótica de quem contribui – e não quem recebe), Fundo de Especial de Despesa do TJ e
Contribuição Santas Casas de Misericórdia.
Sigamos!
Art. 221. Quando forem prestados os serviços descritos no subitem 17.12 da lista do
“caput” do artigo 202, o imposto será calculado sobre o preço do serviço, como tal
considerada a receita bruta correspondente, incluindo a comissão do leiloeiro ou qualquer
outro valor cobrado para a sua remuneração.
O serviço descrito pelo presente dispositivo diz respeito aos leiloeiros, assim previsto na lista
de serviços:
Subitem 17.12
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Há duas pessoas, no entanto, que embora se inscrevam como pessoas físicas no CCM, não se
beneficiarão da isenção destinada aos profissionais liberais e autônomos, quais sejam: cartorários
(serviços descritos pelo subitem 21.01) e leiloeiros (subitem 17.12).
Logo, tais pessoas, embora inscritas como pessoas físicas, deverão recolher o ISS com base
em seu movimento econômico mensal, ou seja, com base no preço do serviço (com as ressalvadas
da composição da base de cálculo apontadas anteriormente, notadamente no que diz respeito aos
cartorários)
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Art. 291. A isenção de que trata o artigo anterior NÃO exime os profissionais liberais
e os autônomos da inscrição e atualização de seus dados no Cadastro de Contribuintes
Mobiliários – CCM e do cumprimento das demais obrigações acessórias.
13) José, advogado autônomo, passou a exercer suas atividades no Município de São Paulo,
sem, no entanto, promover sua inscrição no CCM.
Nessa situação, embora exerça suas atividades em caráter pessoal, ficará submetido à
incidência do ISS, que deverá ser apurado com base no preço dos serviços prestados por José.
14) Márcia, arquiteta, realiza suas atividades em caráter pessoal, tendo realizado sua inscrição
no Município de São Paulo em 2021, sendo, assim, isenta do pagamento do ISS.
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Perceba, assim, que a estimativa poderá ser fixada sempre que, a depender do volume ou
modalidade do serviço realizado, entender a Administração Tributária tratar-se de regime mais
conveniente.
Poderiamos citar como exemplo os serviços de guarda e estacionamento de veículos, que pela
própria natureza do serviço prestado, podem recomendar a estimativa da base de cálculo do ISS.
Assim, como regra, a estimativa é fixada com base em elementos que serão declarados pelo
próprio contribuinte, hipótese em que, após o período fixado, proceder-se-á à comparação do valor
estimado e aquele efetivamente verificado em razão dos serviços prestados.
Art. 225, § 1º Findos os períodos aludidos no inciso II deste artigo, o imposto devido
sobre a diferença, acaso verificada entre a receita efetiva dos serviços e a estimada, deverá
ser recolhido pelo contribuinte, podendo o Fisco proceder ao seu lançamento de ofício, tudo
na forma e prazo regulamentares.
Vejamos um exemplo:
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Ato próprio fixou as receitas para o exercício em R$ 120.000,00, sendo o ISS devidamente
recolhido.
Ao término do exercício, a Alpha constatou que as receitas decorrentes dos serviços prestados
no exercício de 2022 somavam R$ 200.000,00.
Assim, deverá recolher o ISS relativo à diferença no prazo regulamentar, sob pena de lançamento
de ofício com aplicação das penalidades cabíveis.
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O contribuinte não possui direito adquirido ao regime de estimativa, que poderá ser suspenso,
a qualquer tempo, por conveniência da Administração Tributária.
Nesse ponto, caso o contribuinte apresente impugnação (ou recurso) ao ato que promoveu seu
enquadramento no regime, ele deverá continuar recolhendo as parcelas estimadas mensalmente, já
que não haverá a suspensão da exigibilidade do ISS.
Discordando do ato que a enquadrou no regime, realizou a impugnação no mesmo mês em que
deveria pagar a 1ª parcela da estimativa.
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Nessa situação, ainda que ao final do julgamento administrativo seja declarado procedente seu
argumento, deverá continuar recolhendo os valores estimados, em razão de a impugnação não
suspender a exigibilidade do imposto.
Por fim, frise-se que os contribuintes sujeitos ao regime de estimativa poderão, a critério da
autoridade competente, ficar desobrigados da emissão e escrituração da documentação fiscal.
Passemos agora ao estudo de matéria de suma importância, que trata do regime fixo de ISS
aplicável às sociedades uniprofissionais.
No regime fixo de tributação, que decorre do antigo DL 406/68, o ISS é apurado de forma
completamente desvinculada do movimento econômico mensal, sendo o imposto devido em valores
fixos.
Nesse passo, como regra, a tradicional apuração do ISS, realizada por meio da mera aplicação
de uma alíquota sobre a base de cálculo (o preço do serviço), aqui não se aplica dessa forma.
Vejamos um exemplo:
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Art. 231, § 1º As sociedades de que trata o “caput” deste artigo são aquelas cujos
profissionais (sócios, empregados ou não) são habilitados ao exercício da mesma
atividade e prestam serviços de forma pessoal, em nome da sociedade, assumindo
responsabilidade pessoal, nos termos da legislação específica.
“Mas afinal, o que vem a ser pessoalidade na prestação dos serviços, professor?”
Perceba que, nesses casos, inexiste “elemento de empresa”, tendo em conta que não há uma
organização formal dos fatores de produção para o exercício de sua atividade fim.
Outro destaque que será detalhado adiante: o cálculo do ISS não se realiza em função dos
sócios, mas de todos os profissionais HABILITADOS ao exercício da atividade (o que inclui, até
mesmo, pessoas que, embora não sejam empregados, prestem serviço em nome da sociedade).
Sociedades uniprofissionais:
Agora, voltemos ao caput do art. 231, que relaciona as atividades que poderão ser enquadradas
como sociedades uniprofissionais (SUP). Perceba que trata-se de um rol taxativo, de modo que,
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qualquer sociedade que exerça atividades não relacionadas abaixo, não poderão fazer jus ao regime
“fixo” de tributação:
Serviços que, nas situações em que realizadas por SUPs, poderão fazer jus ao “ISS-Fixo”:
(art. 231, caput, do Decreto)
4.11: Obstetrícia
4.12: Odontologia
4.13: Ortóptica
4.16: Psicologia
17.13: Advocacia
17.15: Auditoria
Economistas
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18) A sociedade uniprofissional Clinic, compostas por 12 médicos, em razão do grande volume
de atividades realizadas e da expansão de sua atuação, decidiu alocar um dos sócios para
apenas administrar a sociedade, deixando de exercer a atividade para a qual foi constituída
a sociedade.
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Assim, tendo em vista que o regime somente se legitima às sociedades em que todos os
profissionais habilitados exerçam atividade pessoal, será a Clinic desenquadrada da sistemática
especial de apuração do ISS, em razão participação de sócio que apenas administra os negócios
da sociedade.
Ademais, a Amarantes Associados também contrata outras pessoas jurídicas para, em certas
situações, prestar serviços em nome da sociedade, denotando clara terceirização de sua
atividade-fim.
No entanto, em razão da vedação imposta pelo Estatuto da OAB, que proíbe o registro de
sociedades que apresentem forma ou características de sociedade empresária.
Lendo o exemplo acima, certamente, você deve ter se questionado: “Não entendi, professor.
Há nítido afastamento da pessoalidade na prestação e, ainda assim, a sociedade será mantida no
regime especial apenas por conta de legislação específica vedar o elemento de empresa?”
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Pois é isso mesmo que o nosso Poder Judiciário entende sobre a matéria. Ou seja, para eles, o
simples fato de o Estatuto da OAB prever a proibição de existência de elemento de empresa,
demonstra que, em nenhuma circunstância, na prática, isso se materializará. Absurdos à parte,
vejamos o que prevê o Estatudo da OAB:
Estatuto da OAB:
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades
de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem
denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou
titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente
proibida de advogar.
Sigamos!
Art. 212, § 7º Para fins do disposto no inciso VII do § 2º deste artigo, são
consideradas sociedades empresárias aquelas que tenham por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito à inscrição no Registro Público das Empresas
Mercantis, nos termos dos artigos 966 e 982 do Código Civil.
Destaque-se que poderão se constituir como sociedades de profissionais aquelas que sejam
consideradas sociedades simples. Não podemos confundir, no entanto, a responsabilidade limitada
em termos patrimoniais com aquela decorrente do exercício da atividade, de caráter técnico.
Nesse sentido, pode uma sociedade limitada ser considerada sociedade de profissionais,
desde que atendidos os demais requisitos que estudamos. De outro giro, não poderá se beneficiar do
regime fixo, aplicável às sociedades de profissionais, aquela cuja tipo societário se aplique
exclusivamente às sociedades empresárias, como é o caso das sociedades anônimas.
Perceba que, sendo uma sociedade simples, inexiste elemento de empresa, sendo relevante
para a aplicação do regime a pessoalidade na prestação do serviço.
O cálculo do ISS devido pelas sociedades de profissionais deverá ser realizado mensalmente,
da forma como vamos demonstrar abaixo, devendo, também os prestadores de serviços submetidos
a esse regime, obrigatoriamente, emitir a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica ou outro documento
exigido pela Administração Tributária.
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Deverão as SUPs:
3. Para o número de profissionais que superar 10, até 20 R$ 10.000,00 por profissional
profissionais habilitados habilitado
4. Para o número de profissionais que superar 20, até 30 R$ 20.000,00 por profissional
profissionais habilitados habilitado
5. Para o número de profissionais que superar 30, até 50 R$ 30.000,00 por profissional
profissionais habilitados habilitado
6. Para o número de profissionais que superar 50, até R$ 40.000,00 por profissional
100 profissionais habilitados habilitado
Perceba, assim, que diferentemente de outros municípios, que adotam valor fixo por
profissional, em São Paulo há a adoção de faixas de receita bruta presumida. Assim, por meio da
multiplicação do número de profissionais pela receita presumida, adotada a progressividade por faixas,
obteremos a base de cálculo presumida, apurando-se, então, o ISS por meio da aplicação da aliquota
relativa ao serviço executado.
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Assim, atendidos os demais requisitos legais, o ISS será calculado da seguinte forma:
Compreendido?
Destaque-se, por fim, que pessoas jurídicas que deixarem de apresentar qualquer declaração
obrigatória relacionada ao regime estudado ter-se-ão por não optantes pelo regime especial de
recolhimento, sendo desenquadradas desse regime, na forma, condições e prazos estabelecidos em
regulamento.
Embora não prevista no Decreto 62.137/22, para fazerem jus ao regime beneficiado deverão
as sociedades de profissionais entregar, anualmente, a Declaração das Sociedades Uniprofissionais
(D-SUP), que consistirá as informações prestadas com os requisitos legais para o reconhecimento do
regime.
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Alíquotas aplicáveis:
Item 4: Saúde
11.03: Escolta
16.01: Transporte
b) Corretagem de seguros
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r) Franquia ("franchising").
5. Serviços de informática
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7. Demais Serviços 5%
2. LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO
Regra geral, o ISS é lançado por homologação, situação em que o próprio prestador apura o
imposto devido e recolhe, de forma antecipada, o valor que reputa devido.
Art. 241. O sujeito passivo deverá recolher, por guia, nos prazos regulamentares, o
imposto correspondente aos serviços prestados em cada mês.
Como vimos, sendo o ISS um imposto lançado por homologação, caberá ao contribuinte
consolidar as prestações realizadas em cada competência e recolhê-lo de forma antecipada.
Nesse passo, atualmente, o recolhimento é feito por guia emitida no próprio sistema da NFS-e.
Essa guia obedecerá a modelo aprovado pela Prefeitura.
O parágrafo primeiro do dispositivo em análise apresenta um texto antigo, que estabelece que
a repartição arrecadadora declarará, na guia, a importância recolhida, fará a necessária autenticação
e devolverá uma das vias ao sujeito passivo, para que a conserve em seu estabelecimento, pelo prazo
regulamentar. Na prática, atualmente isso não mais se verifica.
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O dispositivo trata do “regime fixo” de tributação, que, no Município de São Paulo, vimos que é
calculado com base em faixas de receita presumidas.
Perceba que o dispositivo, meramente, autoriza o lançamento de ofício dos serviços prestados
pelos profissionais que recolhem o ISS de forma desvinculada do preço, já que, atualmente, os
autônomos são isentos e a apuração e recolhimento do imposto devido pelas SUP é são feitos pelo
próprio sujeito passivo (mas poderão ter o imposto lançado de ofício quando algum requisito legal for
descumprido).
Finalizada a obra, deverá, ainda, o contribuinte requerer a expedição do “Habite-se” (ou Auto
de Vistoria), que nada mais é do que uma chancela do município de que todos os requisitos
urbanísticos foram cumpridos.
Nesse momento, no entanto, há outra importante análise realizada, que é a comparação do ISS
recolhido em razão dos serviços de construção civil realizados e aquele que seria devido, sob a
sistemática de cálculo apresentada pela Pauta Fiscal.
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Vejamos um exemplo:
21) A Construtora MRN concluiu a execução de uma obra no Município de São Paulo,
requerendo da Municipalidade a expedição do Habite-se.
Nesse momento, foi exigido que ela apresentasse a Declaração Tributária de Conclusão de Obra
(DTCO), nela constando elementos relativos à obra e, também, o ISS recolhido no curso da
atividade de construção civil.
Verificou a autoridade fiscal, então, que foi recolhido de ISS R$ 200.00,00 em razão do serviço
prestado, sendo que, de acordo com a Pauta Fiscal de valores mínimos, o imposto alcançaria o
montante de R$ 400.00,00.
Nessa hipótese, será exigido da construtora o recolhimento da diferença de ISS, sob pena de não
expedição do Habite-se.
Perfeito?
Perceba que, conforme exposto no exemplo anterior, sempre que o sujeito passivo concluir a
prestação de serviços de construção, demolição ou reforma (descritos pelo subitem 7.02, 7.04 e 7.05),
deverá ser entregue a Declaração Tributária de Conclusão de Obra (DTCO), que possuirá uma gama
de elementos que possibilitarão, em linhas gerais, que a autoridade fiscal realize os seguintes atos:
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Nesse passo, frise-se que a emissão do certificado de quitação do ISS dar-se-á somente com
a apresentação da declaração dos dados do imóvel (e, embora o dispositivo não tenha deixado assim
expresso, com o eventual pagamento de diferença eventualmente apurada).
Vejamos, então, como se opera a sistemática no âmbitos dos serviços descritos pelos subitens
7.02, 7.04 e 7.05:
Frise-se, também, que a entrega da DTCO dispensa o sujeito passivo do IPTU da obrigação
acessória relativa à atualização do Cadastro Imobiliário. Isso pois a própria DTCO já conterá inúmeros
dados que alimentarão o cadastro em comento.
Todos os dados declarados poderão ser revistos de ofício pela Administração Tributária, para
fins de lançamentos tributários. Vejamos um exemplo:
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22) Ao requerer o Habite-se de sua obra, José entregou a DTCO, nela indicando que a
conclusão da obra já havia se dado em 2010, o que impediria eventual lançamento de
diferença apurada pela autoridade fiscal (por conta da decadência).
Assim, poderá a autoridade fiscal rever de ofício as informações prestadas, constituindo o crédito
de ISS relativo à eventual diferença.
Há algumas áreas especiais que não constam no Alvará de Execução, que deverão ser
informadas na DTCO:
Tais áreas, embora não sejam levadas em consideração para fins urbanísticos, são tributadas
pelo ISS e pelo IPTU, servindo, inclusive, para alimentar o Cadastro Imobiliário sobre as áreas
edificadas.
Por fim, destaca o § 6º do mesmo dispositivo que, além dos dados destacados acima, deverão
também ser declarados na DTCO, quando houver:
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3. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Uma das principais obrigações acessórias, da qual dependem todas as demais, é a inscrição
no Cadastro de Contribuintes Mobiliários (CCM), prevista no dispositivo abaixo:
Art. 233. O Cadastro de Contribuintes Mobiliários – CCM será formado pelos dados
da inscrição e respectivas alterações promovidas pelo sujeito passivo, além dos elementos
obtidos pela fiscalização.
A inscrição no CCM, vale ressaltar, deverá ser promovida por qualquer estabelecimento situado
no Município de São Paulo, até mesmo por aqueles que não sejam contribuintes do ISS. Isso pois,
além de poderem ser contribuintes de outros tributos municipais (taxas, por exemplo), poderão, em
determinadas situação, ser obrigados à retenção e recolhimento do ISS como responsável tributário.
Ademais, como vimos anteriormente, os autônomos também deverão estar inscritos para ter
reconhecido seu direito à isenção.
Inscrição no CCM:
O contribuinte será identificado, para efeitos fiscais pelo respectivo número no CCM, o qual
deverá constar de quaisquer documentos pertinentes. Esse número funciona como uma “chave-
primária”, que identifica o contribuinte em todos os documentos fiscais por ele emitidos.
A inscrição deverá ser promovida pelo contribuinte, em formulário próprio, com os dados
necessários à sua identificação e localização e à caracterização dos serviços prestados ou das
atividades exercidas.
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23) Manoel é eletricista autônomo, não possuindo estabelecimento fixo para o exercício de
suas atividades, já que, sempre que acionado, dirige-se ao endereço de seu cliente.
Nessa situação, para fazer jus à isenção, deverá promover a sua inscrição no CCM, em que
indicará que indicará o seu domicílio para fins cadastrais.
Parágrafo único. O disposto neste artigo deverá ser observado inclusive quando se
tratar de venda ou transferência de estabelecimento e de encerramento de atividade.
Perceba que, além de promover a inscrição no CCM, é dever do contribuinte (ou não
contribuinte) promover a atualização de todos os dados originariamente informados. Nesse passo, até
mesmo um autônomo isento, deverá promover o encerramento de sua inscrição caso deixe de exercer
suas atividades econômicas.
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Art. 262. O Executivo poderá exigir que a impressão de documentos fiscais seja
condicionada à prévia autorização da repartição competente, e que as empresas
tipográficas mantenham escrituração dos documentos que haja confeccionado e
fornecido.
Certos dispositivos iniciais versam sobre situações que, atualmente, não possuem mais
aplicabilidade prática, como se adotava no passado a autorização para impressão de documentos
fiscais (AIDF).
Perceba, assim, que competirá ao regulamento do ISS (não exigido em nosso programa) o
detalhamento e autorização dessas situações especiais.
Art. 246. Fica instituída a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica, que deverá ser emitida
por ocasião da prestação de serviço.
Aqui, um ponto importante: a emissão da nota deve ser feita no momento da prestação do
serviço.
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Vejamos um exemplo:
Assim, embora os valores tenham sido recebidos apenas em julho de 2023, deverá a NFS-e ser
emitida em maio de 2023, momento em que foi prestado o serviço.
Observação: atualmente, a previsão do item 1 não é mais aplicada, sendo que, com exceção
dos profissionais autônomos (e eventuais pessoas dispensadas por expressa previsão), todos os
prestadores deverão emitir NFS-e, independentemte da faixa de receita.
Frise-se, também, que o prestador de serviços deverá exibir, em local público e visível, material
informativo a respeito da obrigatoriedade de emissão de NFS-e, na forma prevista pela Secretaria
Municipal da Fazenda.
Agora, veremos aspectos muito importantes relacionados aos efeitos da emissão da NFS-e:
Art. 259. O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS NÃO pago ou pago
a menor, relativo às Notas Fiscais de Serviços Eletrônicas – NFS-e emitidas, será enviado
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para inscrição em dívida ativa do Município com os acréscimos legais devidos, na forma do
regulamento.
§ 1º O disposto no “caput” deste artigo aplica-se também ao ISS não pago ou pago
a menor pelo responsável tributário.
Para o STJ, o dispositivo do CTN não atribui ao Fisco a exclusividade de constituir o crédito
tributário, nem está elegendo o lançamento como única forma para a sua constituição. A
exclusividade, a que se refere o dispositivo, diz respeito, exclusivamente, ao lançamento, mas não à
constituição do crédito.
Ou seja, a jurisprudência do STJ é pautada no fato de que somente o Fisco pode promover o
procedimento administrativo de lançar, o que não se confunde com eventual atribuição ao Fisco da
exclusividade de constituir o crédito ou de identificar no lançamento o único modo para constituí-lo.
Acerca da declaração, prevista na Súmula 436 e reproduzida no Decreto paulistano, note que
nela há verdadeira confissão de débito de determinados valores, devendo constar todos os elementos
necessários à constituição do crédito.
Assim, uma vez emitido o documento fiscal, sendo o pagamento do ISS de responsabilidade
do próprio prestador, restará confessado o débito e constituído o crédito tributário, hipótese em que,
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caso o imposto não seja pago (ou seja pago a menor) no prazo previsto em regulamento, poderá haver
imediata inscrição em Dívida Ativa.
Ademais, a mesma sistemática se aplica ao ao ISS não pago ou pago a menor pelo responsável
tributário, no entanto, nesse caso, para que haja a constituição do crédito o tomador ou intermediário
deverá ser notificado da obrigatoriedade de realizar o aceite. Funciona mais ou menos assim:
Frise-se que nenhuma das prestações realizadas pela Alpha implicaram atribuição de
responsabilidade ao tomador, devendo, assim, a própria Alpha realizar o pagamento do ISS no
prazo previsto em regulamento.
Assim, estando constituídos os créditos, caso a Alpha não realize o pagamento no prazo, ou o
faça em valor inferior ao devido, poderão ser os valores inscritos em Dívida Ativa.
26) Em junho de 2023 a Gama Ltda, estabelecida em São Paulo, contratou alguns serviços,
figurando como responsável pela retenção e recolhimento do ISS à luz do Decreto
62.137/22.
Nessas situações, quando da emissão da NFS-e pelos prestadores, o sistema emissor informará
a Gama da obrigatoriedade de dar o aceite sobre a atribuição de responsabilidade pelo
recolhimento do ISS, hipótese em que, realizado o procedimento (de forma expressa ou tácita),
restará constituído o crédito.
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Nesse caso, a existência do aceite também serve para evitar situações como essa,
possibilitando que o tomador verifique todos os documentos fiscais que foram contra ele emitidos.
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Uma vez constituído o crédito, a Administração Tributária realizará a inscrição em Dívida Ativa,
independentemente da realização de qualquer ação adicional. No entanto, caso assim entenda
conveniente, poderá efetuar cobrança amigável do valor apurado, previamente à inscrição em dívida
ativa do Município.
Em uma primeira leitura, pode parecer estranho se falar em emissão de Nota Fiscal Eletrônica
pelo tomador ou intermediário dos serviços, no entanto, a sistemática aqui é bastante similar às
escriturações de documentos fiscais.
Ou seja, sempre que são contratados serviços de terceiros, é de praxe que os municípios
instituam a obrigação de que tais documentos fiscais sejam registrados no sistema emissor de notas,
possibilitando-se que a municipalidade tome ciência de todos os serviços tomados e, eventualmente,
verifique a correção da retenção do ISS.
Em São Paulo, ao invés de obrigador o tomador a realizar a escrituração, foi criada a figura da
Nota Fiscal Eletrônica do Tomador/Intermediário de Serviços (NFTS), que, na prática, tem o mesmo
efeito: registrar os serviços tomados no sistema emissor de notas.
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Isto pois, nas situações em que o prestador e o tomador estão estabelecido no Município de
São Paulo, não faz sentido se atribuit a responsabilidade de emissão ao tomador, já que o registro na
“carga” do tomador é feita de forma automática quando da emissão da NFS-e pelo prestador.
Assim, a rigor, a emissão da NFTS somente deverá ser realizada quando o prestador estiver
fora do município ou a NFS-e não tiver sido emitida, possibilitando-se, assim, que o Fisco de São Paulo
saiba da existência da contratação desses serviços.
Inobstante, para fins de prova, devemos adotar a literalidade do dispositivo, que impõe a
obrigatoriedade de emissão da NFTS sempre que pessoas jurídicas e pelos condomínios edilícios
estabelecidos em São Paulo contratem serviços de terceiros, ainda que não haja obrigatoriedade de
retenção.
Proceder, da mesma forma, no que diz respeito aos tomadores não estabelecdos
em São Paulo, quando contratem serviços em que o ISS seja devido ao município.
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