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Ricardo Lucas Bueno Ferreira - ricardolucas201@gmail.com - CPF: 446.726.

058-76
Sumário

Apresentação ............................................................................................................................. 1
ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ................................................................ 2
DECRETO 62.137/22............................................................................................................. 2
1. ASPECTO QUANTITATIVO DE INCIDÊNCIA .................................................................. 2
2. LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO .............................................................................. 38
3. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ........................................................................................ 43

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Legislação Tributária ISS-SP
ISS – Aula 02

Apresentação

É um grande prazer ter você aqui comigo nesse especialíssimo curso


voltado ao concurso do ISS-São Paulo, sem dúvidas, um dos melhores Fiscos
para se trabalhar do país.

Aos que ainda não me conhecem farei uma breve apresentação, para
que possamos nos conhecer um pouco melhor.

Meu nome é Bruno Langoni e, desde 2013, exerço o cargo de Auditor Fiscal Tributário no
Município de Campinas, atividade essa que me traz uma grande satisfação. Fui nomeado, também,
em outros Fiscos mas, por questões diversas, optei por permanecer no Fisco Campineiro, onde
atualmente atuo no setor de fiscalização do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, o nosso
queridinho “ISS”. Ainda o veremos muito por aqui!

Antes de dar início aos nossos trabalhos gostaria de destacar objetivos desse material,
estabelecendo a que ele se destina e, também, o que não será nele abordado. Vejamos:

O que esse material contempla: O que esse material NÃO contempla:

Comentários de todos os dispositivos Teoria completa sobre a matéria.


exigidos no edital.
Jurisprudência aplicável
Esquemas visuais para facilitar a (pontualmente faremos comentários,
compreensão da matéria. quando necessário).

Destaque dos principais pontos da Questões comentadas de provas


disciplina. anteriores

Acesso ao professor para tirar dúvidas Questões comentadas inéditas de todos


pontuais sobre a legislação. os dispositivos legais.

Dito isto, passemos, concretamente, ao estudo da matéria mais importante de sua prova, a
Legislação Tributária Municipal, que além do peso importantíssimo para a aprovação acompanhará
toda sua trajetória profissional.

Mãos à obra!

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ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

DECRETO 62.137/22

É isso aí, meus caros Acadêmicos da Tributação! Prontos para mais uma jornada rumo à
aprovação no concurso do ISS-São Paulo?

Eu espero que sim, pois, nós, da Academia da Tributação, temos como missão de vida auxiliá-
los nessa caminhada. E estamos 100% engajados com a sua causa.

Na aula de hoje daremos continuidade no estudo do ISS, nos termos do Decreto 62.137/22,
analisando o critério quantitativo de incidência desse importantíssimo imposto municipal. Vamos lá?

1. ASPECTO QUANTITATIVO DE INCIDÊNCIA

O aspecto quantitativo nos auxilia a responder a seguinte pergunta: “quanto deverá ser
recolhido a título de ISS?”.

Sempre que falamos em aspecto (ou critério) quantitativo, dois são os elementos que os
representam: a base de cálculo e a alíquota.

Nesse sentido, vejamos o que estabelece o art. 219 do Decreto 62.137/22:

Art. 219. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço, como tal considerada a
receita bruta a ele correspondente, SEM nenhuma dedução, EXCETUADOS os descontos
ou abatimentos concedidos independentemente de qualquer condição.

A base de cálculo, também chamada de base imponível, é a expressão monetária do fato


gerador, que apresenta uma riqueza que será objeto de tributação (no nosso caso, pelo ISS).

Nesse passo, como não poderia ser diferente, o preço cobrado pela prestação do serviço é que
dará azo à incidência do ISS. Assim, como regra, a obtenção do valor devido é bastante simples:

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1) A sociedade empresária Gama prestou serviços de consultoria financeira, descrtitos pelo


subitem 17.19 da lista de serviços, cobrando R$ 100.000,00 a título de preço pelo serviço
prestado.

Nesse caso, considerando-se alíquota de 5%, o ISS devido será:

ISS = R$ 100.000,00 x 5% = R$ 5.000,00

Como regra, todos os valores cobrados em razão do serviço prestado farão parte da base de
cálculo do ISS, sendo inadmitidas quaisquer deduções. No entanto, como o próprio dispositivo
salienta, os descontos ou abatimentos concedidos independentemente de qualquer condição, não
vão compor a base de cálculo do ISS. Logo, memorize:

Não compõe a base de cálculo do ISS:

Descontos e abatimentos concedidos sem qualquer condição


(incondicionais)

Vejamos alguns importantes dispositivos sobre a matéria:

No que tange aos descontos ou abatimentos condicionais ou incondicionais, é necessário


apresentarmos o conceito jurídico de condição, qual seja:

Cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou


Condição gratuito, a evento futuro e incerto

Nesse sentido, sempre que o desconto se relacionar a evento futuro e incerto (impossível de se
determinar no momento da prestação do serviço), estaremos diante de desconto condicional, situação
em que não se admite a dedução da base de cálculo do ISS.

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2) José Alexandre matriculou seu filho na Escola Liceu de Moura, no Município de São Paulo,
dele sendo cobrados os seguintes valores:

1. Taxa de matrícula: R$ 1.500,00

2. Anuidade: R$ 50.000,00

3. Desconto de 20% se atingida, mensalmente, a média 8,00 em todas as disiciplinas.

Nesse caso, o desconto não poderá ser deduzido da base de cálculo do ISS, já que dependente
de evento futuro e incerto, sendo considerado desconto condicional.

Art. 219, § 1º Na falta desse preço, ou não sendo ele desde logo conhecido, será
adotado o corrente na praça.

§ 2º Na hipótese de cálculo efetuado na forma do § 1º, qualquer diferença de preço


que venha a ser efetivamente apurada acarretará a exigibilidade do imposto sobre o
respectivo montante.

O caput do art. 219 comporta algumas interpretações. Há quem entenda que, por conta de o
fato gerador do ISS ser a prestação de serviços previstos na lista, eventuais serviços prestados a título
gratuito seriam alcançados pelo imposto. É um tema polêmico, que carregas inúmeras opiniões
contrátias em sede doutrinária.

No entanto, em nosso entendimento, o dispositivo acima deve ser interpretado como uma
possibilidade de se utilizar, nas situações em que a autoridade fiscal não conhecer o preço efetivo do
serviço, daquele que seja corrente na praça, como uma espécie de arbitramento fiscal.

Ademais, caso venha a constatar, posteriormente, que o preço pelo serviço prestado era outro,
não tendo se operado a decadência, poderá ser realizado lançamento complementar, em linha com o
§ 2º do art. 219.

Vejamos um exemplo:

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3) Ademir, autoridade fiscal do Município de São Paulo, em regular procedimento de


fiscalização da sociedade empresária Gama verificou que essa não registrava os serviços
prestados.

Nesse caso, em razão de não conhecer o preço efetivo pelos serviços prestados, procedeu ao
arbitramento da base de cálculo, valendo-se do preço corrente do mesmo serviço na praça.

Posteriormente, analisando alguns contratos da Gama, verificou que o preço efetivamente


realizado foi superior ao por ele utilizado no arbitramento. Assim, poderá exigir o valor relativo à
diferença, desde que não tenha se operado a decadência.

Art. 219, § 3º O valor de determinados tipos de serviços poderá ser fixado pela
Secretaria Municipal da Fazenda a partir de critérios, índices ou estudos que reflitam o
corrente na praça.

Um exemplo típico de aplicação prática desse dispositivo, conforme estudaremos adiante, é a


Pauta Fiscal, utilizada para apurar o preço de serviços relacionados à construção civil.

A Pauta Fiscal atribui valores mínimos de mão-de-obra aplicada por metro quadrado de área
construída, contendo tabelas por tipo de construção, uso e destinação. Embora haja grande discussão
doutrinária e jurisprudencial sobre sua utilização, cabe ressaltar, a respeito da matéria, o seguinte
entendimento jurisprudencial do STJ (que embora verse sobre ICMS, pode ser utilizado no âmbito do
ISS – já que os precedentes tratavam sobre a utilização de pautas de uma forma geral).

Súmula 431: É ilegal a cobrança de ICMS com base no


valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.

Comentários:

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Pauta fiscal é um instrumento amplamente utilizado nas Fazendas Públicas, que tem como
objetivo a fixação de valores mínimos de determinadas bens e serviços submetidos à incidência
tributária.
Nesse sentido, imaginando-se determinada operação cujo preço de venda é inferior ao mínimo,
é adotado o valor previsto na Pauta Fiscal como base de cálculo da operação.
Entendeu o STJ que a utilização de Pautas Fiscais é ilegal, cristalizando seu posicionamento
na súmula em comento.
No entanto, e aí reside a problemática do presente entendimento jurisprudencial, os
precedentes que deram origem à Súmula 431 não vedam, de forma absoluta, a utilização de Pautas
Fiscais.
Isto é, buscou o STJ proibir a utilização indiscriminada de Pautas Fiscais, desconsiderando
todo e qualquer outro elemento que permita a identificação da base de cálculo efetiva de determinada
operação.
Mas há inúmeras outras situações em que a utilização de pautas é um dos poucos elementos
de que poderá se valer o Fisco para se realizar o lançamento tributário, como são os casos em que o
contribuinte apresenta elementos que indicam que há subfaturamento, praticando preços muito
abaixo do mercado.
Nessas situações, nos termos do art. 148, poderá a autoridade fiscal, por meio de processo
regular, arbitrar a base de cálculo do imposto, com base em valores fixados em pauta fiscal.

Veremos adiante como a sistemática é operacionalizada.

Agora, passaremos a analisar alguns critérios que poderão ensejar a adoção da técnica do
arbitramento da base de cálculo, que, normalmente, será realizado quando o prestador incorrer em
alguma infração à legislação tributária.

No ponto, frise-se que, embora a doutrina majoritária entenda que o arbitramento é uma
técnica, em algumas questões o CEBRASPE já o considerou como uma quarta modalidade de
lançamento, figurando ao lado do lançamento por homologação, de ofício e por declaração.

Destaque-se, no entanto, que arbitramento e estimativa não se confudem, sendo essa útilma,
normalmente, utilizada nas situações em que a própria Administração Tributária entender mais
conveniente a adoção do regime.

Vejamos, então, as situações em que será a autoridade fiscal será legitimada a proceder com o
arbitramento do preço dos serviços:

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Art. 224. O preço dos serviços poderá ser arbitrado na forma que o regulamento
dispuser, sem prejuízo das penalidades cabíveis, nos seguintes casos:

Será autorizado o arbitramento da base de cálculo do ISS:

1. quando o sujeito passivo não exibir à fiscalização os elementos necessários à comprovação do


respectivo montante

2. quando houver fundada suspeita de que os documentos fiscais NÃO refletem o preço real dos
serviços, ou quando o declarado for notoriamente inferior ao corrente na praça

3. quando o sujeito passivo NÃO estiver inscrito na repartição fiscal competente

4. quando o sujeito passivo utilizar equipamento autenticador e transmissor de documentos fiscais


eletrônicos que NÃO atenda aos requisitos da legislação tributária

Vejamos alguns exemplos das situações que autorizam que se proceda ao arbitramento da
base de cálculo do ISS:

4) No âmbito de procedimento fiscalizatório, Mário, Auditor Fiscal do Município de São Paulo,


requereu da Kaui, prestadora de serviços estabelecida no município, a apresetação de
livros e documentos contábeis e fiscais para que procedesse à auditoria dos valores
recolhidos de ISS.

A Kaui, no entanto, não atendeu à intimação, alegando que os documentos requeridos foram
extraviados no exercício anterior.

Assim, estará Mário autorizado a proceder com o arbitramento da base de cálculo do ISS
incidente sobre os serviços prestados pela Kaui.

5) A Pérola eventos realiza diversos eventos no Município de São Paulo, embora não esteja
incritas no Cadastro de Contribuintes Mobiliário (CCM)

Pelo fato de não estar inscrita, jamais emitiu uma nota fiscal sequer para acobertar os serviços
prestados, elemento esse que legitima a adoção do arbitramento da base de cálculo do ISS
devido em razão dos serviços prestados.

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6) Jorge, no âmbito de procedimento fiscalizatório do estabelecimento Gil Park, localizado


na região central de São Paulo, verificou que os demonstrativos contábeis apresentados
pelo fiscalizado indicavam receita bruta anual, decorrente da prestação de serviços, da
ordem de R$ 30.000,00.

No entanto, em regular procedimento de fiscalização, constatou que a rotatividade média no


estacionamento era de 30 veículos por hora, sendo o ticket médio de R$ 30,00.

Logo, face à patente incompatibilidade entre a base de cálculo oferecida à tributação e sua
realidade operacional, estará Jorge autorizado a promover o arbitramento da base de cálculo do
ISS.

O ISS é um imposto que integra sua própria base de cálculo, sendo considerado, portanto, um
“imposto por dentro”.

Nesse sentido, vejamos o que estabelece o Decreto paulistano:

Art. 224, § 4º O montante do imposto é considerado parte integrante e indissociável


do preço referido neste artigo, constituindo o respectivo destaque nos documentos fiscais
mera indicação de controle.

A rigor, embora na prática os prestadores não procedam dessa forma, a apuração da base de
cálculo do ISS segue a seguinte lógica (para fins didáticos, consideraremos uma margem de lucro de
30%):

Perfeito?

Art. 224, § 5º Inexistindo preço corrente na praça será ele fixado:

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pela autoridade fiscal, mediante estimativa dos elementos conhecidos ou


01 apurados

pela aplicação do preço indireto, estimado em função do proveito, utilização


02 ou colocação do objeto da prestação do serviço

Com relação ao item 2, vejamos uma possibilidade prática de sua aplicação:

7) No âmbito de procedimento de fiscalização, Márcio, Auditor Fiscal do Município de São


Paulo, intimou a sociedade empresária Gama para apresentar-lhes alguns documentos
contábeis e fiscais, consubstanciando o início da fiscalização.

A sociedade empresária, no entanto, deixou de apresentar no prazo concedido qualquer


documento, legitimando Márcio a proceder ao arbitramento da base de cálculo.

Márcio, então, obteve as seguintes informações:

1) Folha de salários e retiradas de sócios: R$ 30.000,00/mês

2) Tributos incidentes sobre a prestação: R$ 10.000,00/mês

5) Margem de lucro: 30%

Nesse caso, procedeu a um cálculo primário para chegar, por meio das despesas, à receita
arbitrada da empresa:

Receita Arbitrada 2023 = (R$ 360.000,00 + R$ 120.000,00) + 30%

Receita Arbitrada 2023 = R$ 624.000,00

Agora veremos um dispositivo que vai além do que prevê a LC 116/03 sobre a matéria, embora
sua aplicação decorre de uma compreensão lógica acerca do aspecto espacial de incidência do ISS:

Art. 224, § 6º Quando os serviços descritos nos subitens 3.03, 7.02, 7.04, 7.05, 7.15,
7.16 e 7.17 da lista do “caput” do artigo 202 forem prestados no território de mais de um
Município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia,

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rodovia, dutos e condutos de qualquer natureza, cabos de qualquer natureza, ao número


de postes, ou à área ou extensão da obra, existentes no Município de São Paulo.

§ 8º Na prestação dos serviços a que se refere o subitem 22.01 da lista do “caput”


do artigo 202, o imposto devido ao Município de São Paulo será calculado sobre a receita
bruta arrecadada em TODOS os postos de cobrança de pedágio da rodovia explorada,
dividida na proporção direta da extensão da rodovia explorada dentro do território do
Município de São Paulo.

Vejamos os subitens que são contemplados pela sistemática de cálculo acima exposta:

3.03 Locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso,


compartilhado ou não, de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de
qualquer natureza

7.02 Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de


construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive
sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação,
terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de
produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias
produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços,
que fica sujeito ao ICMS)

7.04 Demolição

7.05 Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e


congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador
dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS)

7.15 Escoramento, contenção de encostas e serviços congêneres

7.16 Limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas, represas,
açudes e congêneres

7.17 Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia,


arquitetura e urbanismo

22.01 Serviços de exploração de rodovia mediante cobrança de preço ou pedágio dos


usuários, envolvendo execução de serviços de conservação, manutenção,
melhoramentos para adequação de capacidade e segurança de trânsito,

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operação, monitoração, assistência aos usuários e outros serviços definidos em


contratos, atos de concessão ou de permissão ou em normas oficiais

Com relação ao subitem 3.03 que, vejamos o seguinte exemplo:

8) A empresa Josefina LTDA, proprietária de 6.000 km de dutos, fez a locação de 3.000 km


de dutos à empresa AGX, que atravessam 10 Municípios do Estado de São Paulo. No
Município de São Paulo a extensão dos dutos locados é de 1.500 km.

Dessa forma, considerando que o preço do serviço foi de R$ 1.000.000,00, o valor do ISS devido
ao Município de São Paulo será de:

ISS = R$ (1.000.000,00 x 1.500/3.000) x 5% = R$ 25.000,00

Com relação ao subitem 22.01, vejamos outro exemplo:

1. Postos de cobrança localizados no município:

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Supondo que o montante arrecadado pela rodovia em determinado mês tenha sido de
R$1.000.000,00, de que forma deverá ser calculado o ISS devido a cada município?

Bem, conforme vimos no dispositivo acima, para sabermos se é devido ISS ao município basta
verificarmos se há extensão da rodovia em seu território. Ou seja, o ISS será proporcional ao trecho
de rodovia explorada que “corta” o Município de São Paulo.

Dessa forma, a base de cálculo de ISS devido ao Município de São Paulo será calculada da
seguinte forma:

𝑻𝒓𝒆𝒄𝒉𝒐 𝒆𝒎 𝑺ã𝒐 𝑷𝒂𝒖𝒍𝒐


𝑩𝒂𝒔𝒆 𝒅𝒆 𝒄á𝒍𝒄𝒖𝒍𝒐 = 𝑴𝒐𝒏𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 𝑨𝒓𝒓𝒆𝒄𝒂𝒅𝒂𝒅𝒐 ×
𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒂 𝑹𝒐𝒅𝒐𝒗𝒊𝒂

Base de Cálculo = R$ 1.000.000,00 x 100/150 = R$ 666.666,67

Para apurar o ISS, basta multiplicar a base de cálculo pela alíquota (que, em São Paulo, é de 5%).

E se os postos de cobrança estivessem, por exemplo, localizados apenas no município


vizinho?

2. Postos de cobrança não localizados no Município:

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No caso acima, perceba que os postos de cobrança estão todos localizados no Município de
Guarulhos. No entanto, o dispositivo legal deixa expresso que o ISS deverá ser calculado sobre a
receita bruta arrecadada em TODOS os postos de cobrança de pedágio da rodovia explorada,
proporcionalmente à extensão de rodovia explorada em seu território.

Dessa forma, é irrelevante para fins de incidência do ISS a localização dos postos de cobrança
de pedágio.

A novidade são os serviços de construção civil, que embora não previstos de forma expressa
na LC 116/03, no que diz respeito ao fato de ser devido de forma proporcional à extensão da obra em
cada município, essa interpretação decorre do próprio aspecto espacial de incidência do ISS.
Imaginemos o seguinte exemplo:

9) A construtora Odebrecha, prestadora de serviços de construção civil (descritos pelo


subitem 7.02), iniciou uma obra de grande vulto, cuja extensão englobava os Municípios
de São Paulo e Guarulhos.

Assim, será devido o ISS aos dois municípios, na proporção da área ou extensão da obra
existentes em cada um deles.

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Agora veremos aspectos muito importantes, que dizem respeito à composição da base de
cálculo do ISS no âmbito de alguns serviços de construção civil (7.02, 7.04, 7.05 e 7.15):

Art. 224, § 7º Quando forem prestados os serviços descritos nos subitens 7.02, 7.04,
7.05 e 7.15 da lista do “caput” do artigo 173, o imposto será calculado sobre o preço do
serviço deduzido das parcelas correspondentes:

Antes de analisarmos, em detalhes, as parcelas dedutíveis, uma observação importante:

Distinções entre o Decreto e a LC 116/03

 A LC 116/03 admite a dedução dos materiais fornecidos pelo


prestador de serviços descritos, exclusivamente, pelos subitens 7.02 e 7.05
da lista de serviços (obras de construção civil e reforma). Já o Decreto
62.137/22 admite a dedução no âmbito dos serviços descritos pelos
subitens 7.02, 7.04, 7.05 e 7.15.

Assim, somente os subitens acima poderão ver deduzidos os materiais da base de cálculo do
ISS. Podemos simplificar os serviços acima nas seguintes atividades: construção, demolição, reforma
e escoramento, contenção de encostas.

Vejamos quais são as parcelas que poderão ser deduzidas da base de cálculo dos serviços
descritos pelos subitens 7.02, 7.04, 7.05 e 7.15:

O dispositivo acima apresenta uma série de conceitos que precisamos compreender


integralmente. Vamos por partes!

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Um dos requisitos fundamentais para que se autorize a dedução dos materiais é sua
incorporação definitiva à obra.

Nesse sentido, os materiais que NÃO se incorporarem à obra NÃO poderão ser deduzidos da
base de cálculo do ISS, a exemplo de EPI´s, materiais utilizados para a construção do galpão que
armazenará os materiais da obra, materiais utilizados para a construção do canteiro de obras, dentre
outros que possam ser posteriormente removidos sem qualquer dano ou prejuízo a sua identidade
física.

Ademais, no que tange aos materiais, poderão ser deduzidos da base de cálculo do ISS aqueles
que tenham sido adquiridos e, também, os produzidos FORA do local da obra e fornecidos pelo
prestador.

Disso, inicialmente, decorre uma importante constatação:

1. Apenas os materiais fornecidos pelo prestador poderão ser deduzidos da


base de cálculo do ISS (adquiridos ou produzidos FORA do local da obra).
2. Tais materiais somente poderão ser deduzidos se incorporados à obra
(motivo pelo qual EPIs, tapumes e outras estruturadas não incorporáveis não se
deduzem da base de cálculo).

Outra importante informação diz respeito aos materiais fornecidos pelo prestador e produzidos
no local da obra. Tais materiais NÃO poderão ser deduzidos da base de cálculo, submetendo-se
integralmente à incidência do ISS.

Vejamos um exemplo:

10) A Construtora ABC realizou a construção de uma loja comercial no centro do Município de
São Paulo, sendo o serviço prestado descrito pelo subitem 7.02 da lista de serviços.

Tendo, ela própria, adquirido R$ 50.000,00 em materiais, que foram fornecidos e incorporados
definitivamente à obra, poderá deduzi-los da base de cálculo do ISS desde que atendidos os
demais requisitos legais com relação aos dados constantes no documento fiscal.

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Nesse ponto, uma informação importante. Recentemente, em emblemátia decisão, o STJ,


após uma reviravolta jurisprudencial, reafirmou seu entendimento, prescrevendo que somente
poderão ser deduzidos da base de cálculo do ISS incidente sobre os serviços de construção civil os os
materiais fornecidos pelo prestados, desde que por eles produzidos fora do local da obra (submetidos,
nesse caso, à incidência do ICMS).

Apenas a título de curiosidade, vejamos alguns “highlights” da paradigmática decisão:

5. Entretanto, mais recentemente, em 03/07/2020


(publicação da ata de julgamento em 13/07/2020), nos
mesmos autos do RE 603.497/MG, o STF deu parcial
provimento a agravo interno para, reafirmando a tese de
recepção do art. 9º, § 2o, do DL n. 406/1968 pela
Constituição de 1988, assentar que a aplicação dessa
tese naquele caso concreto não ensejou reforma do
acórdão do STJ, ficando evidenciada, no referido
julgamento, a intenção do Pretório Excelso de preservar a
orientação jurisprudencial que o Superior Tribunal de
Justiça sedimentou no âmbito infraconstitucional acerca
da impossibilidade de dedução dos materiais empregados
da base de cálculo do ISS incidente sobre serviço de
construção civil. 7. Hipótese em que a parte autora nem
sequer alegou, muito menos comprovou, que
comercializou de forma apartada os materiais
empregados nos serviços de concretagem e submeteu o
valor deles à tributação pelo ICMS, de modo que não faz
jus à pretendida dedução da base de cálculo de ISS.

STJ. REsp 1.916.376/RS (Publicação: 04/04/2023)

Observação: por se tratar de entendimento recente, a legislação do Município de São Paulo


ainda não o incorporou. No entanto, recentemente, a matéria foi exigida no concurso para Procurador
do Município de São Paulo, realizado pela banca CEBRASPE.

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Note, também, que a legislação tributária de São Paulo admite a dedução das subempreitadas
tributadas pelo ISS, em linha com o que entende o STF sobre a matéria (embora a LC 116/03 não
preveja, de forma expressa, tal possibilidade):

RE 599.582: A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


é firme no sentido de que o art. 9º do Decreto-Lei 406/1968
foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Pelo
que é possível a dedução da base de cálculo do ISS dos
valores dos materiais utilizados em construção civil e das
subempreitadas.

Com relação às subempreitadas já tributadas pelo ISS, vejamos um exemplo:

11) A Construtora Patrimar realizou serviços de constução civil no Município de São Paulo,
sendo o preço cobrado pela edificação executada no valor de R$ 1.000.000,00 (valor esse
correspondente ao total das notas fiscais por ela emitidas).

Para a execução integral da edificação teve de subempreitar parcela da obra, contratando


empresas de hidráulica e elétrica pelo valor de R$ 200.000,00, que recolheram o ISS incidente
sobre os serviços prestados ao Município de São Paulo.

Nessa situação, poderá a Patrimar deduzir de sua base de cálculo os R$ 200.000,00 relativos às
subempreitadas já tributadas pelo ISS.

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Por fim, ressalte-se que, no âmbito das subempreitadas, não poderão ser deduzidas àquelas
que tenham sido realizadas por profissionais autônomos, já que esses são isentos do pagamento do
ISS em São Paulo (e as subempreitadas somente podem ser deduzidas se tributadas pelo ISS).

Sigamos!

Art. 224, § 9º. Relativamente à prestação dos serviços a que se referem os subitens
4.22 e 4.23 da lista do “caput” do artigo 173, o imposto será calculado sobre a diferença
entre os valores cobrados e os repasses em decorrência desses planos, a hospitais,
clínicas, laboratórios de análises, de patologia, de eletricidade médica, ambulatórios,
prontos-socorros, casas de saúde e de recuperação, bancos de sangue, de pele, de olhos,
de sêmen e congêneres, bem como a profissionais autônomos que prestem serviços
descritos nos demais subitens do item 4 da lista do “caput” do artigo 173, na conformidade
do que dispuser o regulamento.

Antes de mais nada, vejamos a quais subitens o dispositivo acima, que aborda a tributação dos
planos de saúde, se refere:

Subitens 4.22 e 4.23

4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de assistência


médica, hospitalar, odontológica e congêneres.

4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros


contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano mediante
indicação do beneficiário.

Percebam, portanto, que tais serviços são prestados por empresas de planos de saúde, como
é caso da Unimed, SulAmerica, dentre tantos outros.

Essencialmente, quando contratamos um plano de saúde, temos de pagar um valor mensal


para garantir acesso à rede credenciada: médicos, hospitais, clínicas, etc.

Assim, sempre que o beneficiário paga, mensalmente, ao plano de saúde, esse aufere receita
em virtude da prestação de serviços descritos pelos subitens 4.22 e 4.23. Contudo, o plano também
terá de repassar alguns valores aos profissionais credenciados, à medida que os beneficiários do plano
utilizarem dos serviços prestados por esses.

Tais valores repassados aos membros da rede credenciada (hospitais, clínicas, médicos,
odontólogos, laboratórios e demais serviços previstos no item 4 da lista de serviços) poderão ser

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deduzidos da base de cálculo do ISS devido pelos planos de saúde, em razão da prestação dos
serviços descritos pelos subitens 4.22 e 4.23.

Apenas a título de informação, no Município de São Paulo, o ISS devido pelos prestadores de
serviços de plano de saúde é apurado por meio da Declaração de Plano de Saúde (DPS), que já
apresenta a base de cálculo deduzida dos repasses e tem o condão de constituir o crédito tributário,
em linha com o que possibilita a Súmula 436 do STJ.

12) A Plurimed, plano de saúde que presta serviços descritos pelo subitem 4.22 da lista de
serviços, auferiu receita de R$ 100.000,00 no exercício de maio de 2023.

O repasse aos médicos e clínicas de sua rede credenciada, no mesmo exercício, foi de
R$ 40.000,00.

Nesse caso, poderá a Plurimed promover a dedução dos R$ 40.000,00 da base de cálculo do ISS
devido em razão de seus serviços prestados, recolhendo o ISS sobre R$ 60.000,00.

Vejamos agora alguns detalhes a respeito dos serviços prestados por cartórios.

Art. 220. Quando forem prestados os serviços descritos no subitem 21.01 da lista do
“caput” do artigo 202, o imposto será calculado sobre o preço do serviço deduzido das
parcelas correspondentes:

Um primeiro ponto que devemos destacar é que a atividade cartorária encontra previsão
expressa no subitem 21.001 da lista de serviços, motivo pelo qual, atualmente, não há qualquer
discussão acerca da incidência do ISS sobre tais atividades.

No ponto, é importante nos lembrarmos da seguinte decisão do STF:

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ADI 3089: A imunidade recíproca é uma garantia ou


prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e
não de particulares que executem, com inequívoco intuito
lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou
delegação, devidamente remunerados. Ainda que os
serviços notariais e de registro sejam prestados, na forma
do artigo 236 da Constituição, por delegação do poder
público, essa condição não é suficiente para resguardá-los
da possibilidade de sofrer tributação.

Apesar de a natureza jurídica do serviço realizado pelos Cartórios ser pública, a prestação dos
atos notariais e de registros públicos é exercida por particulares (pessoas naturais) que, uma vez
aprovados em concurso público de provas e títulos, recebem a delegação para administrar e conduzir
tais serviços.

Frise-se, também, conforme já decidido pelo STF, que embora os titulares das serventias sejam
particulares, não se aplica a eles o regime fixo de tributação, já que inexiste pessoalidade na prestação
dos serviços.

Agora, vejamos as parcelas que poderão ser deduzidas da base de cálculo do ISS devido pelos
cartórios:

1. à receita do Estado, em decorrência do processamento


da arrecadação e respectiva fiscalização

Parcelas que podem ser


2. à contribuição à Carteira de Previdência das Serventias
deduzidas da BC do ISS
não Oficializadas da Justiça do Estado
devido pelos Cartórios:
(art. 220 do Decreto)
3. ao valor da compensação dos atos gratuitos do
Registro Civil das Pessoas Naturais e à

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complementação da receita mínima das serventias


deficitárias

4. ao valor destinado ao Fundo Especial de Despesa do


Tribunal de Justiça, em decorrência da fiscalização dos
serviços

5. ao valor da Contribuição de Solidariedade para as


Santas Casas de Misericórdia do Estado de São Paulo

Os emolumentos cartorários, como decidido pelo STF em algumas oportunidades, possuem


natureza jurídica de taxas, devendo obediência a todos os princípios constitucionais aplicáveis à
espécie:

ADI 6555: Sobre a natureza jurídica dos emolumentos, o


STF firmou entendimento de que se trata de tributo da
espécie taxa remuneratória de serviços públicos, admitindo
que o produto de sua arrecadação seja direcionado a fundos
ou órgãos públicos para o aperfeiçoamento da
administração da Justiça.

Assim, como todas as demais espécies tributárias, deverão ser instituídos por lei, que, no caso
dos emolumentos, regulará quais valores deverão ser destinados a fundos ou órgãos públicos para o
aperfeiçoamento da administração da Justiça. Nesse sentido a previsão do dispositivo do Decreto
Municipal 62.137/22, que, permitindo a dedução de algumas parcelas da base de cálculo do ISS, faz
com que o imposto incida, exclusivamente, sobre a receita que permanecerá com o cartorário.

Sobre as parcelas dedutíves, vale um destaque importante.

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Por mais que exista uma ideia comum de que todos os cartórios são milionários, essa não é
uma verdade absoluta. Uma parte signiticativa dos cartórios é deficitária, sendo a eles destinados
alguns valores a título de complementação da receita mínima e, também, como forma de
compensação da prática de atos gratuitos.

Contudo, os cartórios que recebem tais valores, terão de submetê-los à incidência do ISS.
Compreendido?

Sobre a matéria, ainda, consigna o art. 222 que o ISS isomente incide sobre os atos que tenham
sido efetivamente remunerados pelos usuários dos serviços, NÃO incidindo sobre atos praticados
gratuitamente por força de lei, em favor da cidadania.

Sintetizemos o que dissemos sobre os cartórios:

1. Embora possuam natureza pública, os serviços cartorários são tributados pelo ISS.
2. Não se reconhece o regime fixo aos serviços prestados pelos cartórios.
3. O ISS incidirá sobre a parcela dos emolumentos que visam remunerar os titulares
das serventias.
4. Poderm ser deduzidos da base de cálculo: receita do Estado, contribuição das
Carteiras de Previdência, compensação atos gratuitos e complementação da receita mínima
(sob a ótica de quem contribui – e não quem recebe), Fundo de Especial de Despesa do TJ e
Contribuição Santas Casas de Misericórdia.

Sigamos!

Art. 221. Quando forem prestados os serviços descritos no subitem 17.12 da lista do
“caput” do artigo 202, o imposto será calculado sobre o preço do serviço, como tal
considerada a receita bruta correspondente, incluindo a comissão do leiloeiro ou qualquer
outro valor cobrado para a sua remuneração.

O serviço descrito pelo presente dispositivo diz respeito aos leiloeiros, assim previsto na lista
de serviços:

Subitem 17.12

17.12 – Leilão e congêneres.

Antes de comentarmos o dispositivo, um destaque importante:

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Vejamos então, informações importantes sobre o conceito de estabelecimento prestador:

Pessoa física inscrita no CCM:

 Nem toda pessoa física inscrita no Cadastro de Contribuintes Mobiliários


(CCM) será considerado profissional autônomo para efeitos fiscais.

A observação acima ganha importância ao analisarmos o seguinte dispositivo:

Art. 290. Ficam isentos do pagamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer


Natureza – ISS, a partir de 1º de janeiro de 2009, os profissionais liberais e autônomos, que
tenham inscrição como pessoa física no Cadastro de Contribuintes Mobiliários – CCM,
quando prestarem os serviços descritos na lista do “caput” do artigo 202, NÃO se aplicando
o benefício às cooperativas e sociedades uniprofissionais.

Esquematizemos, portanto, os requisitos para que se legitime o reconhecimento da isenção:

Há duas pessoas, no entanto, que embora se inscrevam como pessoas físicas no CCM, não se
beneficiarão da isenção destinada aos profissionais liberais e autônomos, quais sejam: cartorários
(serviços descritos pelo subitem 21.01) e leiloeiros (subitem 17.12).

Logo, tais pessoas, embora inscritas como pessoas físicas, deverão recolher o ISS com base
em seu movimento econômico mensal, ou seja, com base no preço do serviço (com as ressalvadas
da composição da base de cálculo apontadas anteriormente, notadamente no que diz respeito aos
cartorários)

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Com relação à isenção em tela, destaque-se:

Art. 291. A isenção de que trata o artigo anterior NÃO exime os profissionais liberais
e os autônomos da inscrição e atualização de seus dados no Cadastro de Contribuintes
Mobiliários – CCM e do cumprimento das demais obrigações acessórias.

Parágrafo único. A isenção prevista no artigo anterior fica condicionada ao


cumprimento das obrigações acessórias na forma, condições e prazos estabelecidos em
regulamento.

Vejamos dois exemplo:

13) José, advogado autônomo, passou a exercer suas atividades no Município de São Paulo,
sem, no entanto, promover sua inscrição no CCM.

Nessa situação, embora exerça suas atividades em caráter pessoal, ficará submetido à
incidência do ISS, que deverá ser apurado com base no preço dos serviços prestados por José.

14) Márcia, arquiteta, realiza suas atividades em caráter pessoal, tendo realizado sua inscrição
no Município de São Paulo em 2021, sendo, assim, isenta do pagamento do ISS.

Em maio de 2023 deixou de cumprir com a obrigação de promover a atualização do cadastro, em


razão de evento que demandaria a informação à Fazenda Municipal.

Assim, em razão da falta de atualização cadastral, terá o benefício da isenção revogado,


passando, então, a recolher o ISS com base no preço dos serviços prestados.

A estimativa, diferentemente do arbitramento, diz respeito à fixação de receitas que decorrerão


de serviços que ainda serão prestados, ou seja, cujos fatos geradores ainda não ocorreram. Sobre a
matéria, vejamos:

Art. 225. Quando o volume ou a modalidade da prestação de serviços aconselhar,


a critério da Prefeitura, tratamento fiscal mais adequado, o imposto poderá ser calculado
por estimativa, observadas as seguintes condições:

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Perceba, assim, que a estimativa poderá ser fixada sempre que, a depender do volume ou
modalidade do serviço realizado, entender a Administração Tributária tratar-se de regime mais
conveniente.

Poderiamos citar como exemplo os serviços de guarda e estacionamento de veículos, que pela
própria natureza do serviço prestado, podem recomendar a estimativa da base de cálculo do ISS.

Abaixo, vejamos as condições para que seja fixado o regime de estimativa:

com base em dados declarados pelo contribuinte ou


em outros elementos informativos, parcelando-se
mensalmente o respectivo montante, para recolhimento
no prazo e forma previstos em regulamento
Fixação da
estimativa: findo o exercício civil ou o período para o qual se fez a
estimativa ou, ainda, suspensa, por qualquer motivo, a
aplicação do regime, serão apurados o preço efetivo
dos serviços e o montante do tributo efetivamente
devido pelo contribuinte

Assim, como regra, a estimativa é fixada com base em elementos que serão declarados pelo
próprio contribuinte, hipótese em que, após o período fixado, proceder-se-á à comparação do valor
estimado e aquele efetivamente verificado em razão dos serviços prestados.

Nessa linha o seguinte dispositivo:

Art. 225, § 1º Findos os períodos aludidos no inciso II deste artigo, o imposto devido
sobre a diferença, acaso verificada entre a receita efetiva dos serviços e a estimada, deverá
ser recolhido pelo contribuinte, podendo o Fisco proceder ao seu lançamento de ofício, tudo
na forma e prazo regulamentares.

Vejamos um exemplo:

15) A sociedade empresária Alpha, prestadora de serviços de guincho intramunicipal, foi


incluída no regime de estimativa no exercício de 2022.

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Ato próprio fixou as receitas para o exercício em R$ 120.000,00, sendo o ISS devidamente
recolhido.

Ao término do exercício, a Alpha constatou que as receitas decorrentes dos serviços prestados
no exercício de 2022 somavam R$ 200.000,00.

Assim, deverá recolher o ISS relativo à diferença no prazo regulamentar, sob pena de lançamento
de ofício com aplicação das penalidades cabíveis.

Nas situações em que eventual diferença for favorável ao contribuinte, a Administração


Tributária poderá efetuar sua restituição, conforme dispuser o regulamento. Assim, memorize:

Diferenças apuradas no regime de estimativa:

 A favor do Fisco: recolhimento pelo contribuinte ou lançamento de ofício, na


forma e prazo regulamentar.

 A favor do contribuinte: poderá ser restituído, conforme previsto em regulamento.

Art. 226. O enquadramento do contribuinte no regime de estimativa poderá, a


critério da autoridade competente, ser feito individualmente, por atividade ou grupo de
atividades.

Nessa linha, memorize:

Poderá ser feito o 1. individualmente


enquadramento no regime de
estimativa:
2. por atividade
(art. 226 do Decreto)

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3. por grupos de atividades

Nesse sentido, poderá a Administração Tributária eleger um único prestador de serviço e


enquadrá-lo no regime de estimativa. De outro giro, poderá fazê-lo por atividades (pessoas jurídicas
que realizem atividades de guincho intramunicipal) ou por grupos de atividades econômicas
(prestadores de serviço da área da saúde).

Art. 227. A Administração poderá, a qualquer tempo e a seu critério, suspender a


aplicação do regime de estimativa, de modo geral, individualmente, ou quanto a qualquer
atividade ou grupo de atividades.

Art. 228. A Administração notificará os contribuintes do enquadramento no regime


de estimativa e do montante do imposto respectivo, na forma regulamentar.

O contribuinte não possui direito adquirido ao regime de estimativa, que poderá ser suspenso,
a qualquer tempo, por conveniência da Administração Tributária.

Art. 229. As impugnações e os recursos relativos ao regime de estimativa NÃO terão


efeito suspensivo.

Nesse ponto, caso o contribuinte apresente impugnação (ou recurso) ao ato que promoveu seu
enquadramento no regime, ele deverá continuar recolhendo as parcelas estimadas mensalmente, já
que não haverá a suspensão da exigibilidade do ISS.

Imagine-se o seguinte exemplo:

16) A sociedade empresária Cactus, prestadora de serviços de transporte coletivo, foi


enquadrada no regime de estimativa, sendo fixada receita mensal estimada de
R$ 5.000,00.

Discordando do ato que a enquadrou no regime, realizou a impugnação no mesmo mês em que
deveria pagar a 1ª parcela da estimativa.

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Nessa situação, ainda que ao final do julgamento administrativo seja declarado procedente seu
argumento, deverá continuar recolhendo os valores estimados, em razão de a impugnação não
suspender a exigibilidade do imposto.

Por fim, frise-se que os contribuintes sujeitos ao regime de estimativa poderão, a critério da
autoridade competente, ficar desobrigados da emissão e escrituração da documentação fiscal.

Passemos agora ao estudo de matéria de suma importância, que trata do regime fixo de ISS
aplicável às sociedades uniprofissionais.

Art. 231. Adotar-se-á regime especial de recolhimento do Imposto quando os


serviços descritos nos subitens 4.01, 4.02, 4.06, 4.08, 4.11, 4.12, 4.13, 4.14, 4.16, 5.01, 7.01
(exceto paisagismo), 17.13, 17.15, 17.18 da lista do “caput” do artigo 202, bem como
aqueles próprios de economistas, forem prestados por sociedade constituída na forma do
§ 1º deste artigo, observadas as faixas de receita bruta mensal previstas no § 12 deste
artigo.

No regime fixo de tributação, que decorre do antigo DL 406/68, o ISS é apurado de forma
completamente desvinculada do movimento econômico mensal, sendo o imposto devido em valores
fixos.

Nesse passo, como regra, a tradicional apuração do ISS, realizada por meio da mera aplicação
de uma alíquota sobre a base de cálculo (o preço do serviço), aqui não se aplica dessa forma.

Vejamos um exemplo:

17) Joana, Márcia e Ana, enfermeiras, constituíram a sociedade uniprofissional Health,


passando a recolher o ISS em razão do número de profissionais habilitados à prestação
do serviço.

No mês subsequente ao enquadramento auferiu R$ 500.000,00 em razão da prestação dos


serviços de enfermagem, devendo, no entanto, apurar o ISS em razão no número de profissionais
habilitados que, naquela competência, realizaram os serviços em nome da Health, assumindo
responsabilidade pessoal.

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Art. 231, § 1º As sociedades de que trata o “caput” deste artigo são aquelas cujos
profissionais (sócios, empregados ou não) são habilitados ao exercício da mesma
atividade e prestam serviços de forma pessoal, em nome da sociedade, assumindo
responsabilidade pessoal, nos termos da legislação específica.

Perceba, de início, que a aplicação do regime em comento decorre de um requisito


fundamental, que é a pessoalidade na prestação dos serviços.

“Mas afinal, o que vem a ser pessoalidade na prestação dos serviços, professor?”

A pessoalidade se materializa na prestação de serviço que se dá em nome próprio, como o


médico que possui um consultório para atender seus pacientes.

Perceba que, nesses casos, inexiste “elemento de empresa”, tendo em conta que não há uma
organização formal dos fatores de produção para o exercício de sua atividade fim.

Ademais, conforme ficará mais claro quando analisarmos as vedações ao enquadramento no


regime das sociedades uniprofissionais, todos os profissionais deverão assumir responsabilidade
pessoal no exercício das atividades, impossibilitando-se, por exemplo, que um deles seja um mero
administrador da sociedade.

Outro destaque que será detalhado adiante: o cálculo do ISS não se realiza em função dos
sócios, mas de todos os profissionais HABILITADOS ao exercício da atividade (o que inclui, até
mesmo, pessoas que, embora não sejam empregados, prestem serviço em nome da sociedade).

Sociedades uniprofissionais:

 Exercício da atividade em caráter pessoal,

 Todos os profissionais habilitados ao exercício da MESMA


atividade.

 Todos os profissionais assumem responsabilidade pessoal.

 Cálculo do ISS é feito em razão do número de profissionais


habilitados, não apenas dos sócios.

Agora, voltemos ao caput do art. 231, que relaciona as atividades que poderão ser enquadradas
como sociedades uniprofissionais (SUP). Perceba que trata-se de um rol taxativo, de modo que,

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qualquer sociedade que exerça atividades não relacionadas abaixo, não poderão fazer jus ao regime
“fixo” de tributação:

Serviços que, nas situações em que realizadas por SUPs, poderão fazer jus ao “ISS-Fixo”:
(art. 231, caput, do Decreto)

4.01: Medicina e biomedicina

4.02: Análises clínicas, patologia, eletricidade médica, radioterapia, quimioterapia,


ultrassonografia, ressonância magnética, radiologia, tomografia e congêneres

4.06: Enfermagem, inclusive serviços auxiliares

4.08: Terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia

4.11: Obstetrícia

4.12: Odontologia

4.13: Ortóptica

4.14: Próteses sob encomenda

4.16: Psicologia

5.01: Medicina veterinária e zootecnia

7.01: Engenharia, agronomia, agrimensura, arquitetura, geologia, urbanismo, paisagismo e


congêneres (exceto paisagista)

17.13: Advocacia

17.15: Auditoria

17.18: Contabilidade, inclusive serviços técnicos e auxiliares

Economistas

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Além do exercício das atividades acima, somente se legitimará o benefício do recolhimento do


“ISS-Fixo” às sociedades de profissionais que não incorram em nenhuma das vedações abaixo
relacionadas:

I – tenham como sócio pessoa jurídica

II – sejam sócias de outra sociedade

III – desenvolvam atividade diversa daquela a que estejam


habilitados profissionalmente os sócios

Excluem-se da IV – tenham sócio que delas participe tão-somente para aportar


capital ou administrar
sistemática de
apuração desvinculada
V – explorem mais de uma atividade de prestação de serviços
do preço as sociedades
que: VI – terceirizem ou repassem a terceiros os serviços relacionados
(art. 231, § 2º)
à atividade da sociedade

VII – se caracterizem como empresárias ou cuja atividade


constitua elemento de empresa

VIII – sejam filiais, sucursais, agências, escritório de


representação ou contato, ou qualquer outro estabelecimento
descentralizado ou relacionado a sociedade sediada no exterior

Observação: percebam que, em grande medida, as situações acima também se relacionam


com a ausência de pessoalidade na prestação do serviço. Vejamos um exemplo:

18) A sociedade uniprofissional Clinic, compostas por 12 médicos, em razão do grande volume
de atividades realizadas e da expansão de sua atuação, decidiu alocar um dos sócios para
apenas administrar a sociedade, deixando de exercer a atividade para a qual foi constituída
a sociedade.

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Assim, tendo em vista que o regime somente se legitima às sociedades em que todos os
profissionais habilitados exerçam atividade pessoal, será a Clinic desenquadrada da sistemática
especial de apuração do ISS, em razão participação de sócio que apenas administra os negócios
da sociedade.

Um dispositivo importante e, de certa forma, um grande absurdo, é o seguinte:

Art. 212, § 9º Os incisos VI e VII do § 2º e os §§ 7º e 8º deste artigo NÃO se aplicam


às sociedades uniprofissionais em relação às quais seja vedado pela legislação específica
a forma ou características mercantis e a realização de quaisquer atos de comércio.

Vamos entender melhor o ponto.

Em linhas gerais, o dispositivo acima é direcionado aos escritórios de advocacia, que, na


prática, embora seja evidente o elemento de empresa, é praticamente impossível desenquadrá-los do
regime especial de apuração do ISS (principalmente pelo fato de que aqueles que irão julgar tais
demandas, normalmente, pretendem advogar futuramente – é uma decisão classista).

Imaginemos o seguinte exemplo:

19) A sociedade uniprofissional Amarantes Associados, composta por 200 profissionais


habilitados ao exercício da advocacia, ocupa um prédio inteiro no Município de São Paulo,
possuindo inúmeros departamentos que evidenciam claro elemento de empresa.

Ademais, a Amarantes Associados também contrata outras pessoas jurídicas para, em certas
situações, prestar serviços em nome da sociedade, denotando clara terceirização de sua
atividade-fim.

No entanto, em razão da vedação imposta pelo Estatuto da OAB, que proíbe o registro de
sociedades que apresentem forma ou características de sociedade empresária.

Lendo o exemplo acima, certamente, você deve ter se questionado: “Não entendi, professor.
Há nítido afastamento da pessoalidade na prestação e, ainda assim, a sociedade será mantida no
regime especial apenas por conta de legislação específica vedar o elemento de empresa?”

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Pois é isso mesmo que o nosso Poder Judiciário entende sobre a matéria. Ou seja, para eles, o
simples fato de o Estatuto da OAB prever a proibição de existência de elemento de empresa,
demonstra que, em nenhuma circunstância, na prática, isso se materializará. Absurdos à parte,
vejamos o que prevê o Estatudo da OAB:

Estatuto da OAB:

Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades
de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem
denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou
titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente
proibida de advogar.

Sigamos!

Art. 212, § 7º Para fins do disposto no inciso VII do § 2º deste artigo, são
consideradas sociedades empresárias aquelas que tenham por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito à inscrição no Registro Público das Empresas
Mercantis, nos termos dos artigos 966 e 982 do Código Civil.

§ 8º Equiparam-se às sociedades empresárias, para fins do disposto no inciso VII


do § 2º deste artigo, aquelas que, embora constituídas como sociedade simples, assumam
caráter empresarial, em função de sua estrutura ou da forma da prestação dos serviços.

Destaque-se que poderão se constituir como sociedades de profissionais aquelas que sejam
consideradas sociedades simples. Não podemos confundir, no entanto, a responsabilidade limitada
em termos patrimoniais com aquela decorrente do exercício da atividade, de caráter técnico.

Nesse sentido, pode uma sociedade limitada ser considerada sociedade de profissionais,
desde que atendidos os demais requisitos que estudamos. De outro giro, não poderá se beneficiar do
regime fixo, aplicável às sociedades de profissionais, aquela cuja tipo societário se aplique
exclusivamente às sociedades empresárias, como é o caso das sociedades anônimas.

Perceba que, sendo uma sociedade simples, inexiste elemento de empresa, sendo relevante
para a aplicação do regime a pessoalidade na prestação do serviço.

O cálculo do ISS devido pelas sociedades de profissionais deverá ser realizado mensalmente,
da forma como vamos demonstrar abaixo, devendo, também os prestadores de serviços submetidos
a esse regime, obrigatoriamente, emitir a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica ou outro documento
exigido pela Administração Tributária.

Nesse passo, consolidemos essa informação:

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Deverão as SUPs:

 Calcular o ISS devido mensalmente, aplicando a alíquota específica da atividade


sobre as importâncias apuradas.

 Emitir a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica

Isto posto, vejamos a forma de cálculo do ISS no Município de São Paulo:

As faixas de receita bruta mensal são:

R$ 1.995,26 por profissional


1. Até 5 profissionais habilitados habilitado

2. Para o número de profissionais que superar 5, até 10 R$ 5.000,00 por profissional


profissionais habilitados habilitado

3. Para o número de profissionais que superar 10, até 20 R$ 10.000,00 por profissional
profissionais habilitados habilitado

4. Para o número de profissionais que superar 20, até 30 R$ 20.000,00 por profissional
profissionais habilitados habilitado

5. Para o número de profissionais que superar 30, até 50 R$ 30.000,00 por profissional
profissionais habilitados habilitado

6. Para o número de profissionais que superar 50, até R$ 40.000,00 por profissional
100 profissionais habilitados habilitado

R$ 60.000,00 por profissional


7. Para o número de profissionais que superar 100 habilitado

Observação: a apuração do ISS devido decorrerá do somatório progressivo dos produtos


entre as faixas de receita bruta obtidas e a alíquota incidente sobre o serviço prestado.

Perceba, assim, que diferentemente de outros municípios, que adotam valor fixo por
profissional, em São Paulo há a adoção de faixas de receita bruta presumida. Assim, por meio da
multiplicação do número de profissionais pela receita presumida, adotada a progressividade por faixas,
obteremos a base de cálculo presumida, apurando-se, então, o ISS por meio da aplicação da aliquota
relativa ao serviço executado.

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Vejamos como isso funciona na prática:

20) A sociedade uniprofissional Gesta é composta por 20 profissionais habilitados, sendo 10


deles sócios e os demais empregados, sendo que todos prestam serviço, em caráter
pessoal, em nome da sociedade.

Assim, atendidos os demais requisitos legais, o ISS será calculado da seguinte forma:

1) 1ª Faixa: 5 profissionais x R$ 1.925,26 = R$ 9.626,30

2) 2ª Faixa: 5 profissionais x R$ 5.000,00 = R$ 25.000,00

3) 3ª Faixa: 10 profissionais x R$ 10.000,00 = R$ 100.000,00

Base de cálculo do ISS = 1 + 2 + 3 = R$ 134.626,30

ISS devido no mês = R$ 134.626,30 x 2% = R$ 2.692,53

Observação: o enquadramento da sociedade em uma das faixas não prescinde da


necessidade, para fazer jus ao regime especial de, da observância de todos os requisitos a ele
inerentes, inclusive a pessoalidade na prestação dos serviços, a responsabilidade ilimitada do
profissional sócio ou associado, e a ausência de caráter ou estrutura empresariais da sociedade.

Compreendido?

Destaque-se, por fim, que pessoas jurídicas que deixarem de apresentar qualquer declaração
obrigatória relacionada ao regime estudado ter-se-ão por não optantes pelo regime especial de
recolhimento, sendo desenquadradas desse regime, na forma, condições e prazos estabelecidos em
regulamento.

Embora não prevista no Decreto 62.137/22, para fazerem jus ao regime beneficiado deverão
as sociedades de profissionais entregar, anualmente, a Declaração das Sociedades Uniprofissionais
(D-SUP), que consistirá as informações prestadas com os requisitos legais para o reconhecimento do
regime.

Vale ressaltar que o contribuinte poderá recorrer do desenquadramento, na forma, condições e


prazos estabelecidos em regulamento.

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Por último, vejamos o segundo (e último) elemento do aspecto quantitativo de incidência: as


alíquotas.

Alíquotas aplicáveis:

Item 4: Saúde

Item 5: Medicina veterinária

2.01: Pesquisa e desenvolvimento

6.04: Ginástica, dança, artes marciais, ginástica, natação

8.01: Ensino regular

11.02: Vigilância, segurança

11.03: Escolta

12.01: Espetáculos teatrais


1. Gerais:
12.03: Espetáculos circenses

12.05: Parques de diversões, centros de lazer

13.04: Composição gráfica

15.09: Arrendamento mercantil ("leasing")


2%
15.14: Fornecimento, emissão, reemissão, renovação e
manutenção de cartão magnético

16.01: Transporte

17.05: Fornecimento de mão-de-obra

a) Limpeza, manutenção e conservação de imóveis


(inclusive fossas)

b) Corretagem de seguros

c) Balé, danças, óperas, concertos e recitais

2. Específicas: d) Venda de ingressos do Grande Prêmio Brasil de


Fórmula 1

e) Transporte de escolares e transporte por táxi (inclusive


frota)

f) Atividades desenvolvidas por sapateiros remendões que


trabalhem individualmente e por conta própria

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g) Atividades desenvolvidas pelas seguintes pessoas


físicas não estabelecidas: desentupidor de esgotos e
fossas e faxineiro, jardineiro, guarda-noturno e vigilante,
afiador de utensílios domésticos, afinador de instrumentos
musicais e engraxate, alfaiate e costureiro, datilógrafo,
músico e artista circense

h) Administração de fundos quaisquer, de cartão de


crédito ou débito e congêneres e de carteira de clientes

i) Atividades desenvolvidas pela Bolsa de Valores,


Mercadorias e Futuros – BM&FBOVESPA S.A

j) Serviços de registros públicos, cartorários e notariais

k) Fornecimento e administração de vales-refeição, vales-


alimentação, vales-transporte e similares, via emissão
impressa ou carregados em cartões eletrônicos ou
magnéticos, ou outros oriundos de tecnologia adequada,
bem como a administração de benefícios relativos a planos
de assistência à saúde

l) Pagamentos, por meio eletrônico, realizados por


facilitadores de pagamento

m) Organização, promoção e execução de programas de


turismo, passeios, viagens, excursões, hospedagens e
congêneres

n) Intermediação, via plataforma digital, de aluguéis,


transporte de passageiros ou entregas, bem como de
compra e venda de mercadorias e demais bens móveis
tangíveis (marketplace), e administração de imóveis
realizada via plataforma digital

o) Agenciamento, corretagem ou intermediação de


contratos de franquia (franchising)

p) Programação visual, comunicação visual e congêneres

q) Fonografia, fotografia e cinematografia e Reprografia

r) Franquia ("franchising").

3. Exploração de stands e centros de convenções para a promoção de feiras,


exposições, congressos e congêneres
2,5%
4. Planejamento, organização e administração de feiras, exposições,
congressos

5. Serviços de informática

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6. Inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e 2,9%


publicidade

7. Demais Serviços 5%

2. LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO

Regra geral, o ISS é lançado por homologação, situação em que o próprio prestador apura o
imposto devido e recolhe, de forma antecipada, o valor que reputa devido.

Ademais, como ocorre em todo e qualquer tributo, sempre haverá a possibilidade de


lançamento de ofício, notadamente nas situações em que ficar constatada a prática de alguma
irregularidade à luz da legislação tributária.

Diante do exposto, vejamos o que estabelece o Decreto 62.137/22 sobre a matéria:

Art. 241. O sujeito passivo deverá recolher, por guia, nos prazos regulamentares, o
imposto correspondente aos serviços prestados em cada mês.

Como vimos, sendo o ISS um imposto lançado por homologação, caberá ao contribuinte
consolidar as prestações realizadas em cada competência e recolhê-lo de forma antecipada.

Nesse passo, atualmente, o recolhimento é feito por guia emitida no próprio sistema da NFS-e.
Essa guia obedecerá a modelo aprovado pela Prefeitura.

O parágrafo primeiro do dispositivo em análise apresenta um texto antigo, que estabelece que
a repartição arrecadadora declarará, na guia, a importância recolhida, fará a necessária autenticação
e devolverá uma das vias ao sujeito passivo, para que a conserve em seu estabelecimento, pelo prazo
regulamentar. Na prática, atualmente isso não mais se verifica.

Ademais, os recolhimentos serão escriturados pelo sujeito passivo, na forma e condições


regulamentares (conforme veremos adiante, quando estudarmos as obrigações acessórias).

Art. 242. O lançamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, quando


calculado mediante fatores que independam do preço do serviço, poderá ser procedido de
ofício.

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O dispositivo trata do “regime fixo” de tributação, que, no Município de São Paulo, vimos que é
calculado com base em faixas de receita presumidas.

Perceba que o dispositivo, meramente, autoriza o lançamento de ofício dos serviços prestados
pelos profissionais que recolhem o ISS de forma desvinculada do preço, já que, atualmente, os
autônomos são isentos e a apuração e recolhimento do imposto devido pelas SUP é são feitos pelo
próprio sujeito passivo (mas poderão ter o imposto lançado de ofício quando algum requisito legal for
descumprido).

Art. 244. A prova de quitação deste imposto é indispensável:

Vamos compreender melhor o ponto.

A realização de obras de construção civil (bem como os serviços de demolição e reforma)


seguem uma sistemática bastante rigorosa imposta pelo município: aprovação do projeto, expedição
de alvarás, acompanhamento e fiscalização. Isso tudo para a execução das atividades de construção
civil.

Finalizada a obra, deverá, ainda, o contribuinte requerer a expedição do “Habite-se” (ou Auto
de Vistoria), que nada mais é do que uma chancela do município de que todos os requisitos
urbanísticos foram cumpridos.

Nesse momento, no entanto, há outra importante análise realizada, que é a comparação do ISS
recolhido em razão dos serviços de construção civil realizados e aquele que seria devido, sob a
sistemática de cálculo apresentada pela Pauta Fiscal.

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Vejamos um exemplo:

21) A Construtora MRN concluiu a execução de uma obra no Município de São Paulo,
requerendo da Municipalidade a expedição do Habite-se.

Nesse momento, foi exigido que ela apresentasse a Declaração Tributária de Conclusão de Obra
(DTCO), nela constando elementos relativos à obra e, também, o ISS recolhido no curso da
atividade de construção civil.

Verificou a autoridade fiscal, então, que foi recolhido de ISS R$ 200.00,00 em razão do serviço
prestado, sendo que, de acordo com a Pauta Fiscal de valores mínimos, o imposto alcançaria o
montante de R$ 400.00,00.

Nessa hipótese, será exigido da construtora o recolhimento da diferença de ISS, sob pena de não
expedição do Habite-se.

Perfeito?

Art. 245. No momento em que for concluída a prestação de serviço de execução de


obra de construção civil, demolição, reparação, conservação ou reforma de determinado
edifício, deverão ser declarados os dados do imóvel necessários para fins tributários, na
forma e condições estabelecidas pela Secretaria Municipal da Fazenda.

Perceba que, conforme exposto no exemplo anterior, sempre que o sujeito passivo concluir a
prestação de serviços de construção, demolição ou reforma (descritos pelo subitem 7.02, 7.04 e 7.05),
deverá ser entregue a Declaração Tributária de Conclusão de Obra (DTCO), que possuirá uma gama
de elementos que possibilitarão, em linhas gerais, que a autoridade fiscal realize os seguintes atos:

Atos praticados após a entrega da DTCO:

 Comparação do ISS recolhido e aquele devido de acordo com a Pau Fiscal (e


eventual lançamento da diferença).

 Atualização do Cadastro Imobiliário Fiscal.

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Abaixo, vejamos quem deverá prestar a declaração em comento:

1. pelo responsável pela obra, OU


A declaração deve ser
realizada:
2. pelo sujeito passivo do IPTU referente ao imóvel objeto
(art. 245, § 1º)
do serviço

Nesse passo, frise-se que a emissão do certificado de quitação do ISS dar-se-á somente com
a apresentação da declaração dos dados do imóvel (e, embora o dispositivo não tenha deixado assim
expresso, com o eventual pagamento de diferença eventualmente apurada).

Vejamos, então, como se opera a sistemática no âmbitos dos serviços descritos pelos subitens
7.02, 7.04 e 7.05:

Caso haja suficiência do


Entrega da DTCO Comparação do ISS recolhimento, será
quando do recolhido com o devido expedido certificado de
requerimento de em razão da apuração quitação do ISS,
expedição do Habite-se pela Pauta Fiscal permitindo a expedição
do Habite-se

Frise-se, também, que a entrega da DTCO dispensa o sujeito passivo do IPTU da obrigação
acessória relativa à atualização do Cadastro Imobiliário. Isso pois a própria DTCO já conterá inúmeros
dados que alimentarão o cadastro em comento.

Todos os dados declarados poderão ser revistos de ofício pela Administração Tributária, para
fins de lançamentos tributários. Vejamos um exemplo:

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22) Ao requerer o Habite-se de sua obra, José entregou a DTCO, nela indicando que a
conclusão da obra já havia se dado em 2010, o que impediria eventual lançamento de
diferença apurada pela autoridade fiscal (por conta da decadência).

Analisando os sistemas de georreferenciamento, no entanto, a autoridade fiscal constatou que a


data de conclusão da obra havia sido indicada forma inverídica, já que a obra somente foi
concluída no exercício de 2022.

Assim, poderá a autoridade fiscal rever de ofício as informações prestadas, constituindo o crédito
de ISS relativo à eventual diferença.

Há algumas áreas especiais que não constam no Alvará de Execução, que deverão ser
informadas na DTCO:

Art. 245, § 5º A declaração deverá conter os dados do imóvel constantes do alvará


de aprovação ou execução ou memorandos de regularização ou licença para residências
unifamiliares emitidos pela Prefeitura Municipal de São Paulo, além das informações
referentes à área de piscina descoberta e áreas pavimentadas descobertas relativas a
terraços, sacadas, quadras esportivas, helipontos e heliportos.

Tais áreas, embora não sejam levadas em consideração para fins urbanísticos, são tributadas
pelo ISS e pelo IPTU, servindo, inclusive, para alimentar o Cadastro Imobiliário sobre as áreas
edificadas.

Por fim, destaca o § 6º do mesmo dispositivo que, além dos dados destacados acima, deverão
também ser declarados na DTCO, quando houver:

Também deverão ser declarados na DTCO, se houver:

 os documentos fiscais relativos aos serviços tomados, quando enquadrados nos


subitens 7.02, 7.04, 7.05 e 7.15.

 os valores de mão-de-obra própria aplicados diretamente na execução dos


serviços.

Há situações em que a incorpora exerce, de forma conjunta, a atividade de construtora,


possuindo mão-de-obra própria para realizar os serviços de construção civil. Nessa situação, não há
que se falar em “prestação de serviços”, já que inexiste a figura do tomador (já que a atividade de
construção é realizado pelos próprios empregados da construtora).

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3. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

As obrigações acessórias, ou deveres instrumentais, são instituídas no interesse da


arrecadação ou fiscalização.

Uma das principais obrigações acessórias, da qual dependem todas as demais, é a inscrição
no Cadastro de Contribuintes Mobiliários (CCM), prevista no dispositivo abaixo:

Art. 233. O Cadastro de Contribuintes Mobiliários – CCM será formado pelos dados
da inscrição e respectivas alterações promovidas pelo sujeito passivo, além dos elementos
obtidos pela fiscalização.

A inscrição no CCM, vale ressaltar, deverá ser promovida por qualquer estabelecimento situado
no Município de São Paulo, até mesmo por aqueles que não sejam contribuintes do ISS. Isso pois,
além de poderem ser contribuintes de outros tributos municipais (taxas, por exemplo), poderão, em
determinadas situação, ser obrigados à retenção e recolhimento do ISS como responsável tributário.

Ademais, como vimos anteriormente, os autônomos também deverão estar inscritos para ter
reconhecido seu direito à isenção.

Inscrição no CCM:

 Deverá ser feita por todos os estabelecimentos localizados no


Município de São Paulo, ainda que não sejam contribuintes,

 Os contribuintes do ISS deverão promover tantas inscrições


quantos forem os seus estabelecimentos ou locais de atividades.

 Os autônomos, para ter a isenção reconhecida, deverão se


inscrever no CCM.

O contribuinte será identificado, para efeitos fiscais pelo respectivo número no CCM, o qual
deverá constar de quaisquer documentos pertinentes. Esse número funciona como uma “chave-
primária”, que identifica o contribuinte em todos os documentos fiscais por ele emitidos.

A inscrição deverá ser promovida pelo contribuinte, em formulário próprio, com os dados
necessários à sua identificação e localização e à caracterização dos serviços prestados ou das
atividades exercidas.

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Há situações, no entanto, em que o contribuinte não possui estabelecimento fixo, hipótese em


que a inscrição será única pelo local do domicílio do prestador de serviço. Vejamos um exemplo:

23) Manoel é eletricista autônomo, não possuindo estabelecimento fixo para o exercício de
suas atividades, já que, sempre que acionado, dirige-se ao endereço de seu cliente.

Nessa situação, para fazer jus à isenção, deverá promover a sua inscrição no CCM, em que
indicará que indicará o seu domicílio para fins cadastrais.

Destaque-se que o contribuinte deve indicar, no formulário de inscrição, as diversas atividades


exercidas num mesmo local. É dizer, sempre que o contribuinte exercer mais de uma atividade, todas
elas deverão constar no CCM.

Art. 236. Os dados apresentados na inscrição deverão ser alterados pelo


contribuinte, na forma e nos prazos regulamentares, sempre que ocorram fatos ou
circunstâncias que impliquem em sua modificação.

Parágrafo único. O disposto neste artigo deverá ser observado inclusive quando se
tratar de venda ou transferência de estabelecimento e de encerramento de atividade.

Perceba que, além de promover a inscrição no CCM, é dever do contribuinte (ou não
contribuinte) promover a atualização de todos os dados originariamente informados. Nesse passo, até
mesmo um autônomo isento, deverá promover o encerramento de sua inscrição caso deixe de exercer
suas atividades econômicas.

Vejamos abaixo o prazo para que se realize a inscrição e comunicação de alteração:

Art. 238. O prazo para os contribuintes promoverem sua inscrição inicial no


Cadastro de Contribuintes Mobiliários, bem assim comunicarem qualquer alteração de
dados ou procederem o cancelamento da inscrição, será de 30 (trinta) dias, contados do
evento, como tal definido em regulamento.

Vale ressaltar, ainda, que a Administração poderá:

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 Promover de ofício, inscrição, alterações cadastrais ou cancelamento da inscrição, na


forma regulamentar, sem prejuízo da aplicação das penalidades cabíveis.

 Promover, periodicamente, a atualização dos dados cadastrais, mediante convocação,


por edital, dos contribuintes.

Vejamos agora alguns dispositivos sobre documentos fiscais:

Art. 262. O Executivo poderá exigir que a impressão de documentos fiscais seja
condicionada à prévia autorização da repartição competente, e que as empresas
tipográficas mantenham escrituração dos documentos que haja confeccionado e
fornecido.

Certos dispositivos iniciais versam sobre situações que, atualmente, não possuem mais
aplicabilidade prática, como se adotava no passado a autorização para impressão de documentos
fiscais (AIDF).

Atualmente, os prestadores de serviços deverão se credenciar no sistema da Nota Fiscal de


Serviços Eletrônicas (NFS-e), possibilitando-se, a partir de então, que lá seja emitido o documento
fiscal que vai acobertar os serviços prestados.

Em algumas situações, notademente quando o contribuinte possuir alguma espécie de regime


especial, poderá ser dispensada a emissão de notas:

Art. 263. O regulamento poderá dispensar a emissão de nota fiscal para


estabelecimentos que utilizem sistema de controle do seu movimento diário baseado em
máquinas registradoras que expeçam cupons numerados seguidamente para cada
operação e disponham de totalizadores.

Parágrafo único. A autoridade fiscal poderá estabelecer a exigência de autenticação


das fitas e da lacração dos totalizadores e somadores.

Perceba, assim, que competirá ao regulamento do ISS (não exigido em nosso programa) o
detalhamento e autorização dessas situações especiais.

Art. 246. Fica instituída a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica, que deverá ser emitida
por ocasião da prestação de serviço.

Aqui, um ponto importante: a emissão da nota deve ser feita no momento da prestação do
serviço.

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Vejamos um exemplo:

24) A sociedade empresária Delta, prestadora de serviços de consultoria (tributáveis pelo


ISS), prestou serviços em maio de 2023, vindo a receber o preço apenas em julho de 2023.

Assim, embora os valores tenham sido recebidos apenas em julho de 2023, deverá a NFS-e ser
emitida em maio de 2023, momento em que foi prestado o serviço.

Estabelece o parágrafo único do art. 246 que cabe ao regulamento:

1. disciplinar a emissão da Nota Fiscal de Serviços


Eletrônica, definindo, em especial, os contribuintes
sujeitos à sua utilização, por atividade e por faixa de
receita bruta,
Cabe ao regulamento:
(art. 246, parágrafo único) 2. definir os serviços passíveis de geração de créditos
tributários para os tomadores de serviços

3. definir os percentuais de crédito a que o tomador de


serviços terá direito

Observação: atualmente, a previsão do item 1 não é mais aplicada, sendo que, com exceção
dos profissionais autônomos (e eventuais pessoas dispensadas por expressa previsão), todos os
prestadores deverão emitir NFS-e, independentemte da faixa de receita.

Com relação à geração e apropriação de créditos, estudaremos a matéria na nossa aula


seguinte (aguardem!).

Frise-se, também, que o prestador de serviços deverá exibir, em local público e visível, material
informativo a respeito da obrigatoriedade de emissão de NFS-e, na forma prevista pela Secretaria
Municipal da Fazenda.

Agora, veremos aspectos muito importantes relacionados aos efeitos da emissão da NFS-e:

Art. 259. O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS NÃO pago ou pago
a menor, relativo às Notas Fiscais de Serviços Eletrônicas – NFS-e emitidas, será enviado

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para inscrição em dívida ativa do Município com os acréscimos legais devidos, na forma do
regulamento.

§ 1º O disposto no “caput” deste artigo aplica-se também ao ISS não pago ou pago
a menor pelo responsável tributário.

Antes de apresentarmos os comentários sobre o dispositivo, vejamos a Súmula 436 do STJ:

Súmula 436 - STJ: A entrega de declaração pelo


contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte
do fisco.

No entendimento do STJ, a constituição do crédito tributário não se confunde com o


procedimento administrativo de lançamento.

Isto é, enquanto o art. 142 do CTN trata do procedimento administrativo de lançamento, a


Súmula 436 do STJ trata de uma das formas de constituição do crédito.

Para o STJ, o dispositivo do CTN não atribui ao Fisco a exclusividade de constituir o crédito
tributário, nem está elegendo o lançamento como única forma para a sua constituição. A
exclusividade, a que se refere o dispositivo, diz respeito, exclusivamente, ao lançamento, mas não à
constituição do crédito.

Ou seja, a jurisprudência do STJ é pautada no fato de que somente o Fisco pode promover o
procedimento administrativo de lançar, o que não se confunde com eventual atribuição ao Fisco da
exclusividade de constituir o crédito ou de identificar no lançamento o único modo para constituí-lo.

Acerca da declaração, prevista na Súmula 436 e reproduzida no Decreto paulistano, note que
nela há verdadeira confissão de débito de determinados valores, devendo constar todos os elementos
necessários à constituição do crédito.

Assim, uma vez emitido o documento fiscal, sendo o pagamento do ISS de responsabilidade
do próprio prestador, restará confessado o débito e constituído o crédito tributário, hipótese em que,

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caso o imposto não seja pago (ou seja pago a menor) no prazo previsto em regulamento, poderá haver
imediata inscrição em Dívida Ativa.

Ademais, a mesma sistemática se aplica ao ao ISS não pago ou pago a menor pelo responsável
tributário, no entanto, nesse caso, para que haja a constituição do crédito o tomador ou intermediário
deverá ser notificado da obrigatoriedade de realizar o aceite. Funciona mais ou menos assim:

25) A sociedade empresária Alpha, prestadora de serviços de desenhos técnicos (descrotps


pelo subitem 32.01), prestou serviços em maio de 2023 e emitiu todos os documentos
fiscais para lastrear as prestações.

Frise-se que nenhuma das prestações realizadas pela Alpha implicaram atribuição de
responsabilidade ao tomador, devendo, assim, a própria Alpha realizar o pagamento do ISS no
prazo previsto em regulamento.

Assim, estando constituídos os créditos, caso a Alpha não realize o pagamento no prazo, ou o
faça em valor inferior ao devido, poderão ser os valores inscritos em Dívida Ativa.

26) Em junho de 2023 a Gama Ltda, estabelecida em São Paulo, contratou alguns serviços,
figurando como responsável pela retenção e recolhimento do ISS à luz do Decreto
62.137/22.

Nessas situações, quando da emissão da NFS-e pelos prestadores, o sistema emissor informará
a Gama da obrigatoriedade de dar o aceite sobre a atribuição de responsabilidade pelo
recolhimento do ISS, hipótese em que, realizado o procedimento (de forma expressa ou tácita),
restará constituído o crédito.

A ideia do aceite é possibilitar que a sociedade empresária, eleita responsável em determinadas


situações, tome ciência de que deverá recolher o ISS nos prazos previstos em regulamento, sendo
dela exigido o imposto caso assim não o faça. Ademais, imaginemos que o prestador emitiu
documento fiscal indicando o CNPJ errado, o que acabou acarretando a atribuição de
responsabilidade a tomador que não contratou determinado serviço.

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Nesse caso, a existência do aceite também serve para evitar situações como essa,
possibilitando que o tomador verifique todos os documentos fiscais que foram contra ele emitidos.

Sobre a matéria, vejamos como o Decreto 62.137/22 disciplina:

Art. 259, § 2º Quando da emissão da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica – NFS-e, o


tomador ou intermediário responsável tributário será notificado pela Administração
Tributária da obrigatoriedade do aceite, na forma do § 3º deste artigo.

§ 3º O tomador ou intermediário do serviço quando responsável tributário deverá


manifestar o aceite expresso da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica – NFS-e e, na falta
deste, a Administração Tributária considerará o aceite tácito na forma, condições e prazos
estabelecidos em regulamento.

Sobre o tema, vejamos o seguinte esquema:

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Legislação Tributária ISS-SP
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Uma vez constituído o crédito, a Administração Tributária realizará a inscrição em Dívida Ativa,
independentemente da realização de qualquer ação adicional. No entanto, caso assim entenda
conveniente, poderá efetuar cobrança amigável do valor apurado, previamente à inscrição em dívida
ativa do Município.

Embora atualmente o Município de São Paulo utilize o Domicílio Tributário do Cidadão


Paulistano (DEC) para realizar suas comunicações com os sujeitos passivos, prevê o § 5º do art. 259
que a Administração Tributária poderá utilizar comunicação eletrônica para, no âmbito do Programa
da Nota Fiscal Paulistana, dentre outras finalidades:

01 cientificar o contribuinte de quaisquer tipos de atos administrativos

02 encaminhar notificações e intimações

03 expedir avisos em geral

Vejamos agora alguns importantes aspectos relacionados à Nota Fiscal Eletrônica do


Tomador/Intermediário de Serviços (NFTS):

Art. 265. Fica instituída a Nota Fiscal Eletrônica do Tomador/Intermediário de


Serviços, que deverá ser emitida pelas pessoas jurídicas e pelos condomínios edilícios
residenciais ou comerciais por ocasião da contratação de serviços, ainda que NÃO haja
obrigatoriedade de retenção na fonte do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza –
ISS.

Em uma primeira leitura, pode parecer estranho se falar em emissão de Nota Fiscal Eletrônica
pelo tomador ou intermediário dos serviços, no entanto, a sistemática aqui é bastante similar às
escriturações de documentos fiscais.

Ou seja, sempre que são contratados serviços de terceiros, é de praxe que os municípios
instituam a obrigação de que tais documentos fiscais sejam registrados no sistema emissor de notas,
possibilitando-se que a municipalidade tome ciência de todos os serviços tomados e, eventualmente,
verifique a correção da retenção do ISS.

Em São Paulo, ao invés de obrigador o tomador a realizar a escrituração, foi criada a figura da
Nota Fiscal Eletrônica do Tomador/Intermediário de Serviços (NFTS), que, na prática, tem o mesmo
efeito: registrar os serviços tomados no sistema emissor de notas.

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No entanto, há um ponto que não é detalhado no decreto consolidador, estando previsto


apenas no Regulamento do ISS (que não será exigido na prova), que diz respeito às situações
específicas em que a NFTS deverá ser emitida pelo tomador.

Isto pois, nas situações em que o prestador e o tomador estão estabelecido no Município de
São Paulo, não faz sentido se atribuit a responsabilidade de emissão ao tomador, já que o registro na
“carga” do tomador é feita de forma automática quando da emissão da NFS-e pelo prestador.

Assim, a rigor, a emissão da NFTS somente deverá ser realizada quando o prestador estiver
fora do município ou a NFS-e não tiver sido emitida, possibilitando-se, assim, que o Fisco de São Paulo
saiba da existência da contratação desses serviços.

Inobstante, para fins de prova, devemos adotar a literalidade do dispositivo, que impõe a
obrigatoriedade de emissão da NFTS sempre que pessoas jurídicas e pelos condomínios edilícios
estabelecidos em São Paulo contratem serviços de terceiros, ainda que não haja obrigatoriedade de
retenção.

Por fim, vejamos os seguintes dispositivos:

Art. 264. Pode a Fiscalização Tributária examinar quaisquer impressos,


documentos, papéis, livros, declarações de dados, programas e arquivos magnéticos ou
eletrônicos, armazenados por qualquer meio, relativos aos serviços contratados pelos
tomadores ou intermediários de serviços estabelecidos no Município de São Paulo, ainda
que NÃO haja obrigatoriedade de retenção na fonte do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza – ISS.

O dispositivo apresenta o instituto da “circularização”, que legitima o pedido de informações


dos tomadores de serviços, mesmo que esses não tenham a obrigatoriedade de promover a retenção
e recolhimento do ISS.

Ademais, frise-se que também se sujeitam ao disposto acima os tomadores ou intermediários


de serviços que, embora NÃO estabelecidos em São Paulo, desde que contratem com os
contribuintes do ISS devido no Município de São Paulo.

Poderá a fiscalização tributária:

 Examinar quaisquer documentos de tomadores estabelecidos em São Paulo,


mesmo que inexista obrigatoriedade de retenção.

 Proceder, da mesma forma, no que diz respeito aos tomadores não estabelecdos
em São Paulo, quando contratem serviços em que o ISS seja devido ao município.

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