Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
058-76
Sumário
Apresentação ............................................................................................................................. 1
ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ................................................................ 2
DECRETO 62.137/22............................................................................................................. 2
1. Aspecto Material de incidência ........................................................................................... 3
Fato Gerador e Incidência .................................................................................................. 3
2. Aspecto temporal de incidência ........................................................................................ 21
3. Aspecto espacial de incidência ......................................................................................... 23
4. Aspecto subjetivo de Incidência ........................................................................................ 30
Apresentação
Aos que ainda não me conhecem farei uma breve apresentação, para
que possamos nos conhecer um pouco melhor.
Meu nome é Bruno Langoni e, desde 2013, exerço o cargo de Auditor Fiscal Tributário no
Município de Campinas, atividade essa que me traz uma grande satisfação. Fui nomeado, também,
em outros Fiscos mas, por questões diversas, optei por permanecer no Fisco Campineiro, onde
atualmente atuo no setor de fiscalização do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, o nosso
queridinho “ISS”. Ainda o veremos muito por aqui!
Antes de dar início aos nossos trabalhos gostaria de destacar objetivos desse material,
estabelecendo a que ele se destina e, também, o que não será nele abordado. Vejamos:
Dito isto, passemos, concretamente, ao estudo da matéria mais importante de sua prova, a
Legislação Tributária Municipal, que além do peso importantíssimo para a aprovação acompanhará
toda sua trajetória profissional.
Mãos à obra!
DECRETO 62.137/22
Antes de adentrarmos nas regrar específicas do Decreto 62.137/22, tracemos o esquema que
nortearátodas as aulas relativas aos impostos municipais: a regra matriz de incidência tributária.
Em linhas gerais, e para as finalidades que realmente interessam ao curso, a regra matriz de
incidência tributária é uma estrutura conceitual de organização das normas tributárias, que elenca
critérios subjacentes ao fenômeno da incidência tributária.
De forma simples, a regra matriz tem em sua estrutura o antecedente normativo e o consequente
normativo.
Feitas essas considerações, os critérios que compõem a regra matriz de incidência tributária
visam responder às seguintes perguntas:
Nesse sentido, passemos à análise dos dispositivos do Decreto nº 62.137/22 à luz da regra
matriz de incidência tributária do ISS.
SEÇÃO I
Art. 202. O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS tem como fato
gerador a prestação de serviços constantes da seguinte lista, ainda que não constitua a
atividadepreponderante do prestador:
A LC 116/2003 estabelece a lista de serviços tributáveis pelo ISS, sendo tal lista, como regra,
reproduzida pelos Municípios em suas leis instituidoras do imposto.
Dessa forma, para verificarmos os serviços tributáveis pelo ISS no âmbito do Município de São
Paulo devemos consultar a lista de serviços, que compõe rol taxativo dos serviços que darão ensejo à
incidência tributária
14.09 - Alfaiataria e costura, quando o material for fornecido pelo usuário final, exceto
aviamento.
14.10 - Tinturaria e lavanderia.
14.11 - Tapeçaria e reforma de estofamentos em geral.
14.12 - Funilaria e lanternagem.
14.13 - Carpintaria e serralheria.
14.14 - Guincho intramunicipal, guindaste e içamento.
15 - Serviços relacionados ao setor bancário ou financeiro, inclusive aqueles prestados por
instituições financeiras autorizadas a funcionar pela União ou por quem de direito.
15.01 - Administração de fundos quaisquer, de consórcio, de cartão de crédito ou débito e
congêneres, de carteira de clientes, de cheques pré-datados e congêneres.
15.02 - Abertura de contas em geral, inclusive conta-corrente, conta de investimentos e
aplicação e caderneta de poupança, no País e no exterior, bem como a manutenção das
referidas contas ativas e inativas.
15.03 - Locação e manutenção de cofres particulares, de terminais eletrônicos, de terminais
de atendimento e de bens e equipamentos em geral.
15.04 - Fornecimento ou emissão de atestados em geral, inclusive atestado de idoneidade,
atestado de capacidade financeira e congêneres.
15.05 - Cadastro, elaboração de ficha cadastral, renovação cadastral e congêneres, inclusão
ou exclusão no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos - CCF ou em quaisquer
outros bancos cadastrais.
15.06 - Emissão, reemissão e fornecimento de avisos, comprovantes e documentos em
geral; abono de firmas; coleta e entrega de documentos, bens e valores; comunicação com
outra agência ou com a administração central; licenciamento eletrônico de veículos;
transferência de veículos; agenciamento fiduciário ou depositário; devolução de bens em
custódia.
15.07 - Acesso, movimentação, atendimento e consulta a contas em geral, por qualquer meio
ou processo, inclusive por telefone, facsímile, internet e telex, acesso a terminais de
atendimento, inclusive vinte e quatro horas; acesso a outro banco e a rede compartilhada;
fornecimento de saldo, extrato e demais informações relativas a contas em geral, por
qualquer meio ou processo.
15.08 - Emissão, reemissão, alteração, cessão, substituição, cancelamento e registro de
contrato de crédito; estudo, análise e avaliação de operações de crédito; missão, concessão,
alteração ou contratação de aval, fiança, anuência e congêneres; serviços relativos a abertura
de crédito, para quaisquer fins.
15.09 - Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer bens, inclusive cessão de direitos e
obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e
demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing).
15.10 - Serviços relacionados a cobranças, recebimentos ou pagamentos em geral, de títulos
quaisquer, de contas ou carnês, de câmbio, de tributos e por conta de terceiros, inclusive os
efetuados por meio eletrônico, automático ou por máquinas de atendimento; fornecimento de
10
11
12
13
14
Note que o imposto incidirá ainda que o serviço prestado, que se amoldar às espécies taxativas
da lista de serviços vista acima, NÃO se constitua na atividade preponderante do prestador.
15
Já no caso da exportação de serviços, a rigor, diremos que não incide o ISS. No entanto,
conforme veremos adiante em detalhes, a não incidência está condicionada ao local da
perfictibilização do resultado do serviço prestado, que deverá se dar no exterior. Isso ficará mais claro
adiante!
Com relação às operações mistas, em que há a prestação do serviço de forma conjunta com o
fornecimeno de mercadorias, é preciso tecer algumas considerações.
Como regra, estando o serviço previsto expressamente na lista de serviço, sobre a prestação
incidirá apenas o ISS. A exceção ficará por conta dos subitens em que houver ressalva expressa com
relação à incidência do ICMS, como é o caso dos subitens abaixo:
16
Operações Mistas
(Prestação de serviços + fornecimento de mercadorias)
No que concerne aos serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos
explorados economicamente, há que se destacar um aspecto importante.
Os serviços públicos poderão ser prestados diretamente pelo Poder Público ou pelos
concessionários e permissionários, naqueles casos em que o serviço não se constituir em serviço
público essencial (como é o caso do serviço de segurança pública, dentre outros). Ademais, há a
possibilidade de o serviço público a título precário, através de mera autorização.
17
Assim, podemos deixar expresso que, nos casos em que o serviço é de titularidade do Poder
Público, mas seu exercício realizado por entidade privada, haverá a incidência do ISS.
Desta forma, frise-se que o simples fato de se tratar de serviço de natureza pública não lhe
confere a proteção constitucional quanto à não incidência de impostos, devendo ser verificado quem
são os prestadores dos serviços em comento.
18
Para fins de incidência do ISS, pouco importa a denominação utilizada, ficando o serviço
integralmente submetido à incidência do ISS.
2) Robson possui uma empresa de jardinagem, tendo recolhido o ISS religiosamente nos
últimos 5 anos.
Nos últimos meses, no entanto, em decorrência da queda na procura de seus serviços, passou
a experimentar sucessivos prejuízos, deixando, então, de recolher o ISS relativo aos serviços
prestados.
Tendo em vista a incidência do ISS independer do resultado financeiro obtido, o imposto é sim
devido, ficando Robson submetido ao lançamento de ofício do tributo acrescido das
penalidades previstas.
Sigamos!
19
20
4) José presta serviços de construção civil, descritos pelo subitem 7.02 da lista de serviços.
Embora seu estabelecimento esteja localizado no Município de São Paulo, no exercício de
2022 realizou, exclusivamente, empreendimentos na Argentina.
Dessa forma, tendo em vista o resultado da prestação se verificar no exterior, não incidirá o ISS
sobre os serviços prestados no exercício de 2022.
Dessa forma, por se caracterizar como mandatário da sociedade, não guardando sua atividade
qualquer relação com prestação de serviços, sua atividade não estará abrangida pelo campo de
incidência do ISS.
6) Marcelo opera na Bolsa de Valores com frequência e percebeu que, sobre os valores
transaciontiados, não há incidência de ISS.
O aspecto temporal nos permite verificar, de forma exata, o momento em que se considera
ocorrido o fato gerador relativo ao ISS.
São, portanto, as regras previstas no exato instante em que ocorre o fato gerador que serão
consideradas para efeitos do lançamento do imposto.
Nesse ponto, uma observação importante: a legislação do Município de São Paulo apresenta,
exclusivamente, que o fato gerador ocorre no momento da prestação do serviço (como vimos quando
analisamos o art. 202 do Decreto 62.137/02), NÃO apresentando distinções quanto ao momento de
ocorrência do fato gerador entre os chamados serviços de prestação continuada e aqueles de natureza
instantânea.
21
Portanto, para fins de prova, apenas saiba que o serviço considera-se prestado e o ISS devido
no momento da prestação do serviço.
É dizer, com relação ao momento de ocorrência do fato gerador, afirmaremos que esse se
materializará no ato da prestação do serviço. Já o momento do pagamento, como regra, se dá em
momento posterior à prestação (no mês subsequente à prestação – embora tais disposições, relativas
ao prazo para pagamento, estejam previstas em Regulamento específico, não exigido em nossa
prova).
No entanto, o Decreto 62.137/02 nos apresentou algumas situações em que o ISS poderá ser
exigido, inclusive, de forma antecipada, se não, vejamos:
Nas situações excepcionais acima NÃO ocorre o fato gerador do ISS, sendo,
meramente, definido o momento do pagamento, em linha com a previsão do § 7º do
art. 150 da CF/88.
22
na prática, atualmente tal sistemática somente se aplica aos serviços de diversões públicas, previstos
no item 12 da lista.
Frise-se que, atualmente, tal sistemática não mais se verifica, sendo aplicável exclusivamente
aos serviços de diversões públicas (que estudaremos futuramente).
Conforme veremos adiante, como regra, o ISS é devido no local do estabelecimento prestador
do serviço. Essa regra, de agora em diante, chamaremos de “regra geral de tributação do ISS”.
Dessa forma, sendo o ISS, como regra, devido no local do estabelecimento prestador, é
importantíssimo que os municípios adotem critérios objetivos para a caracterização dos
estabelecimentos localizados em seus territórios, o que atrairá a competência relativa ao ISS para
eles.
Assim, no caso dos serviços que seguem a regra geral de tributação, basta olhar para o local
em que se encontra o estabelecimento prestador para definirmos o sujeito ativo do ISS.
No entanto, há inúmeras exceções que excepcionam a regra geral de incidência, sendo o ISS
devido em local distinto daquele em que estiver o estabelecimento prestador.
23
Nesse sentido, vejamos abaixo o art. 204 do Decreto 62.137/22, que logo no caput enuncia a
regra geral de incidência, qual seja:
Dessa forma, o ISS relativo aos serviços próprios prestados pela Amoreiras deverá ser recolhido
ao Município de São Paulo, já que os serviços de assistência técnica observam a regra geral de
tributação do ISS.
Analisada a regra geral de tributação, vejamos as situações previstas nos incisos do art. 204
que excepcionam a regra geral:
Constituem exceção à regra geral de tributação a prestação dos seguintes serviços, cujo
ISS será devido no local:
2. da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços
descritos no subitem 3.04
3. da execução da obra, no caso dos serviços descritos nos subitens 7.02 e 7.17
24
5. das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços
descritos no subitem 7.05
13. onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços descritos no subitem 11.1
14. dos bens, dos semoventes ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados,
no caso dos serviços descritos no subitem 11.02
15. do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos
serviços descritos no subitem 11.04
16. da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos
serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13
Atenção: o subitem 12.13 da lista de serviços não é exceção à regra geral de tributação, sendo o ISS
devido ao Município em que estiver localizado o estabelecimento prestador do serviço.
17. do município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos no item
16
25
20. do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos
serviços descritos no item 20
21. do domicílio do tomador dos serviços dos subitens 4.22, 4.23 e 5.09
22. do domicílio do tomador do serviço no caso dos serviços prestados pelas administradoras de
cartão de crédito ou débito e demais serviços descritos no subitem 15.01
Destaque-se que, como regra, o ISS é devido no local do estabelecimento prestador do serviço.
A essa regra, conforme dito anteriormente, dá-se o nome de “regra geral de tributação do ISS”.
26
Estabelecimento Prestador:
Ainda que os serviços sejam prestados de forma temporária, poderá ser o local
considerado estabelecimento prestador.
Vale ressaltar, também, que o nome que se dá o estabelecimento é irrelevante para fins de
caracterização do estabelecimento prestador. Suponhamos que, em uma determina fiscalização,
você identifique diversos elementos que caracterizam determinado estabelecimento como prestador:
profissionais habilitados, maquinário, equipamentos de informática, dentre outros.
Nesse caso, ainda que o contribuinte “jure de pé junto” que se trata, meramente, de escritório
de contato, você simplesmente desconsidera a denominação por ele dada e trata de classificar o
estabelecimento como prestador, atraindo a competência para o município caso o serviço prestado
siga a regra geral de tributação.
Combinado?
Vejamos agora, nos termos do § 1º do art. 205, os critérios que poderão ser adotados para se
caracterizar um estabelecimento prestador no Município de São Paulo:
27
Ainda no que diz respeito à caracterização de estabelecimento prestador, vejamos outros dois
dispositivos:
Art. 205, § 2º A circunstância de o serviço, por sua natureza, ser executado habitual
ou eventualmente fora do estabelecimento NÃO o descaracteriza como estabelecimento
prestador para os efeitos deste artigo.
28
Frise-se que, por conta da natureza de sua atividade, presta serviços em diversos municípios da
Grande São Paulo: Guarulhos, Osasco, Mauá, dentre outros.
Nesse caso, o fato de o serviço prestado pela Caça Barta ser executado habitual ou
eventualmente fora do estabelecimento não o descaracteriza como estabelecimento prestador,
sendo, nessas hipóteses, sempre devido o ISS ao Município de São Paulo, já que o subitem
7.13 observa a regra geral de tributação.
10) Em maio de 2023 foi realizado o Congresso Literário no Município de São Paulo, evento
itinerante que é realizado nas capitais do país.
Assim, para fins de recolhimento do ISS (e, também, cumprimento de obrigações acessórias),
será o local em que realizado o Congresso (atividade enquadrada no subitem 12.08 da lista de
serviços) considerado estabelecimento prestador do serviço.
29
Vale destacar, no entanto, que tal circunstância não descaracteriza a personalidade jurídica
única da pessoa jurídica titular dos estabelecimentos, que responderá pelos débitos de todos eles.
O aspecto subjetivo, conforme vimos na introdução da aula, nos auxilia a responder a pergunta:
“quem deverá recolher o ISS?”.
Nesse sentido, comecemos a analisar os dispositivos do Decreto de São Paulo que preveem
os critérios indicativos das pessoas que poderão compor o polo passivo da relação jurídico-tributária.
Esse dispositivo enuncia que será contribuinte do ISS o prestador do serviço, ou seja, aquele
que pratica o fato gerador do imposto.
Os próximos dispositivos que passaremos a estudar elencam algumas pessoas que serão
responsáveis pela retenção e recolhimento do ISS. Muita atenção no estudo das próximas situações,
que costumam despencar em provas.
Antes, no entanto, uma observação: o Município de São Paulo não aplica a sistemática de
substituição tributária prevista na LC 116/03. É dizer, as regras que passaremos a estudar são distintas
daquelas previstas no § 2º do art. 6º da lei complementar de normas gerais supracitada.
Frise-se, também, que embora o dispositivo que trata das hipóteses de responsabilidade não
confira essa nomenclatura, em verdade, estudaremos situações em que será atribuída
responsabilidade ao tomador por substituição tributária. Nessas situações, conforme estudamos no
Direito Tributário, no momento em que ocorre a prestação do serviço (fato gerador do ISS), de forma
automática, há a atribuição de responsabilidade ao tomador do serviço.
Outra observação fundamental, que fará toda a diferença em sua compreensão do aspecto
subjetivo de incidência: somente há que se falar em aplicação das regras de responsabilidade caso o
ISS seja devido ao Município de São Paulo.
30
Assim, a aplicação as regras que passaremos a enunciar, previstas no art. 212 do Decreto
62.137/22, depende da conjugação dos seguintes elementos:
E
ISS ser devido a São Paulo (atendimento do aspecto espacial)
11) A sociedade empresária Jota, estabelecida no Município de São Paulo, contratou por
R$ 10.000,00 serviços de vigilância, descritos pelo subitem 11.02, da Segura Ltda,
estabelecida em Campinas/SP.
Frise-se que os bens objeto do serviço estavam estabelecidos no Município de São Paulo, o que
faz com que o ISS seja devido a esse município.
Nesse caso, no ato da prestação, surge para o tomador, estabelecido em São Paulo, a
obrigatoriedade de reter o ISS, no valor de R$ 200,00 (alíquota de 2%), devendo, assim, pagar
ao prestador o valor líquido de R$ 9.800,00.
Vale ressaltar, ainda, que nas situações em que o tomador deixar de cumprir com a obrigação
legal de reter o ISS, o imposto será cobrado, exclusivamente, do tomador do serviço, sendo eximida a
responsabilidade do prestador.
31
Conforme veremos adiante, há uma hipótese em que o prestador poderá ser responsabilizado,
que não é a regra no âmbito da substituição tributária prevista por São Paulo.
Sendo o ISS devido ao Município de São Paulo, todos os elementos estruturantes da relação
jurídico-tributário deverão ser observados à luz do que determina a legislação paulistana. É o que
explicita o art. 212, § 3º do Decreto 62.137/22.
Art. 212, § 3º O imposto a ser retido na fonte, para recolhimento no prazo legal ou
regulamentar, deverá ser calculado mediante a aplicação da alíquota determinada no artigo
232 sobre a base de cálculo prevista na legislação vigente.
Vimos no exemplo 11, por exemplo, uma hipótese em que o prestador de serviço de vigilância
(subitem 11.02) estava estabelecido em Campinas/SP, sendo, no entanto, o ISS devido ao Município
de São Paulo, em razão de lá estarem os bens vigiados.
32
Nessa situação, devemos olhar para a legislação paulistana e verificar todos os elementos nela
previstos relativos à relação jurídica instaurada: alíquota aplicável, eventuais deduções, regras de
responsabilidade, prazo para recolhimento, dentre outros elementos.
13) Determinado órgão público do Município de São Paulo contratou serviços de decoração e
jardinagem, descritos pelo subitem 7.11 da lista de serviços, de prestador estabelecido no
município.
Há alguns serviços, cujos detalhes estudaremos na próxima aula, que admitem a dedução da
base de cálculo do ISS, quais sejam:
33
7.04 – Demolição
Art. 212, § 5º Para fins de retenção do imposto incidente sobre os serviços descritos
nos subitens 7.02, 7.04, 7.05, 7.15 e 7.19 da lista do “caput” do artigo 202, o prestador de
serviços deverá informar ao tomador o valor das deduções da base de cálculo do imposto,
na conformidade da legislação, para fins de apuração da receita tributável, consoante
dispuser o regulamento.
Ou seja, sempre que a legislação paulistana autorizar a dedução da base de cálculo do ISS e
houver a aplicação de qualquer regra de responsabilidade, para que o tomador realize a retenção sobre
o valor líquido, descontadas as deduções legais, deverá o prestador informar no documento fiscal as
parcelas dedutíveis. Vejamos:
34
Nessa situação, deverá o ISS ser retido pela Delta considerando a base de cálculo de R$
50.000,00.
Observação: caso as informações NÃO sejam fornecidas pelo prestador de serviços, o ISS
incidirá sobre o preço do serviço. Ou seja, se o prestador não informar no documento fiscal as
deduções aplicáveis, deverá o tomador realizar a retenção sobre o valor “cheio” (no caso do nosso
exemplo, R$ 100.000,00).
Assim, a base sobre a qual deveria ter sido retido e recolhido o ISS seria R$ 80.000,00, e não os
R$ 50.000,00 utilizados pela Delta.
Logo, poderá o Fisco exigir o ISS relativo à diferença do próprio prestador, tendo em vista a
emissão do documento fiscal em desacordo com a legislação municipal, isto é, apresentando
como dedução parcelas não dedutíveis.
35
Art. 212, § 8º Os responsáveis de que trata este artigo NÃO poderão utilizar qualquer
tipo de incentivo fiscal previsto na legislação municipal para recolhimento do Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza – ISS relativo aos serviços tomados ou intermediados.
Eventuais incentivos fiscais, regra geral, são concedidos no âmbito dos serviços próprios, e não
dos serviços tomados. Logo, se determinado tomador de serviço, eleito responsável legal pela
retenção e recolhimento do ISS, for beneficiário de incentivo fiscal, tal circunstância não afasta seu
dever de cumprir com a obrigação legal.
Art. 212. São responsáveis pelo pagamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza – ISS, desde que estabelecidos no Município de São Paulo, devendo reter na
fonte o seu valor:
Fiquem muito atentos às hipóteses que passaremos a relacionar a partir de agora, pois cada
uma delas apresenta peculiaridades extretamente importantes para fins de prova.
Nessa situação, em razão de não ser possível cobrar o imposto do prestador, localizado fora do
país, atribui a legislação a obrigatoriedade de recolher o ISS ao tomador ou intermediário, sempre que
estiver estabelecido ou domiciliado em São Paulo.
36
Vamos lá:
Vamos lá:
37
Percebam que todos os serviços relacionados na tabela acima se constituem como exceções
à regra geral de tributação, de maneira que, efetivamente, só é possível se falar em aplicação da
responsabilidade caso o serviço seja prestado em São Paulo (já que, do contrário – serviço prestado
FORA – o ISS sequer seria devido ao município).
Sendo a execução do serviço realizada em São Paulo, deverá a Klaus promover a retenção e
recolhimento do ISS ao Município de São Paulo.
Embora a contratante esteja estabelecida em São Paulo, o serviço foi prestado em Mauá/SP, em
38
Nesse caso, não há que se falar em aplicação da regra de responsabilidade, já que o ISS é devido
ao Município de Mauá/SP.
Tendo em vista o serviço ter sido prestado no Condomínio Selva de Pedra, será o ISS devido ao
Município de São Paulo, devendo o tomador promover a retenção e recolhimento do imposto.
Perfeito?
39
19) A Capa Ltda, estabelecida em São Paulo, contratou a Construcão Ltda, também
estabelecida no Município, para realizar a ampliação de sua sede administrativo, sendo o
seviço contratado descrito pelo subitem 7.02 da lista de serviços.
Sendo a obra executada em São Paulo, o ISS será devido a esse município, cabendo o
recolhimento ao prestador do serviço.
Observação: perceba que na situação acima não se aplica a regra de responsabilidade, já que
é condição à retenção o fato de estar o prestador estabelecido FORA do Município de São Paulo.
20) O Condomínio Plácido, localizado na região central de São Paulo, contratou serviço de
decoração e jardinagem (descrito pelo subitem 7.11) da Grama Ltda, estabelecida em
Campinas/SP.
Observação: estando o prestador estabelecido FORA do município e o ISS sendo devido a São
Paulo, nasce a responsabilidade do tomador.
Frise-se que há algumas hipóteses que se constituem como exceção à regra geral de tributação
e que não ensejam a aplicação das regras de responsabilidade tributátia.
Vejamos:
40
Há, ainda, mais uma hipótese de responsabilidade prevista no inciso II do art. 212, que, na
prática, não é aplicável (mas pode ser cobrada em prova):
Efetivamente, não há a aplicação prática dos dispositivos acima tendo em vista que o
cronograma jamais foi editado.
41
Ademais, perceba que todos os serviços acima descritos observam a regra geral de tributação,
de modo que somente seria aplicável a responsabilidade caso o serviço tivesse sido prestado por
prestador estabelecido no Município de São Paulo.
Veja que as situações que serão elencadas abaixo somente geram responsabilidade caso o
tomador seja uma das pessoas listadas acima (órgãos da administração pública direta da União, dos
Estados e do Município de São Paulo, bem como suas autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista):
42
Devemos ter extrema atenção aos itens “c” e “d” do dispositivo acima, cuja interpretação deverá
ser realizada de forma conjunta com o seguinte dispositivo:
Nesse sentido, realizando uma interpretação harmônica dos dispositivos, devemos afirmar o
seguinte:
Com relação aos outros dois serviço, devemos também ficar atentos a alguns detalhes.
No que diz respeito aos serviços de limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos,
lagoas, represas, açudes e congêneres, descritos pelo subitem 7.16, perceba que somente haverá
atribuição de responsabilidade caso o serviço seja prestado dentro do território do Município de São
Paulo para um órgão público da União, dos Estados e do Município de São Paulo, bem como suas
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista.
Sendo o serviço prestado a uma pessoa jurídica ou condomínio edilício, não há que se falar em
aplicação das regras de responsabilidade. Perfeito?
43
Nesse caso, não será aplicada a regra de responsabilidade, que somente se materializa caso o
prestador esteja estabelecido em São Paulo.
Observação: perceba que o serviço descrito pelo subitem 26.01 observa a regra geral de
tributação, somente se aplicando a regra de responsabilidade caso o prestador esteja
estabelecido em São Paulo (o que faz com que o ISS seja devido ao Município).
44
45
Observação: as regras previstas na tabela acima não afastam a aplicação das demais
hipóteses previstas no inciso II do art. 212 do Decreto 62.137/22.
Vejamos alguns exemplos das situações acima descritas, combinadas com aquelas já vistas
anteriormente:
22) O Banco Morgan Freeman, estabelecido em São Paulo, contratou empresa de remessa e
coleta de correspondências (descrito pelo subitem 26.01) de empresa estabelecida em
Niterói.
Nesse caso, não será aplicada a regra de responsabilidade, que somente se materializa caso o
prestador esteja estabelecido em São Paulo.
46
Observação: perceba que o serviço descrito pelo subitem 26.01 observa a regra geral de
tributação, somente se aplicando a regra de responsabilidade caso o prestador esteja
estabelecido em São Paulo (o que faz com que o ISS seja devido ao Município).
23) José sofreu um acidente e acionou a sua seguradora, a Porto Inseguro, estabelecida em
São Paulo.
Sendo autorizada o conserto de seu veículo pela Porto Inseguro, realizado em oficina mecânica
estabelecida em Osasco/SP, não será aplicada a regra de responsabilidade do tomador, tendo
em vista não ser o ISS devido ao Município de São Paulo.
Observação: aplicamos, nesse ponto, a mesma lógica do exemplo acima, de modo que a
responsabilidade somente se materializa caso o prestador esteja no Município de São Paulo,
sendo o imposto devido, portanto, ao município.
24) A Roxo Linhas Aéreas, estabelecida no Município de São Paulo, contratou serviços
aeroportuários (descritos pelo subitem 20.02), realizados no Aeroporto de Congonhas em
São Paulo.
Nesse caso, sendo o serviço prestado dentro do Município de São Paulo, caberá à Roxo realizar
a retenção e recolhimento do ISS ao município.
Observação: perceba que os serviços aeroportuários, descritos pelo subitem 20.02, somente
ensejarão responsabilidade caso o tomador seja uma empresa de aviação.
25) Em março de 2023 o Plano de Saúde Plurimed, estabelecido em São Paulo, realizou o
repasse ao Hospital Santa Cruz, também estabelecido em São Paulo, de R$ 100.000,00,
relativos aos serviços prestados pelo hospital aos usuários do plano.
Assim, no ato do repasse, deverá realizar a retenção do ISS incidente sobre os serviços prestados
pelo hospital participante de sua rede credenciada.
47
serviços.
Nesse caso, estando a agência franqueada em São Paulo, deverá a ECT, no ato do pagamento,
promover a retenção do valor relativo ao ISS devido pela agência franqueada.
27) O Hotel Só Amor, estabelecido em São Paulo, contratou serviços de lavanderia (descritos
pelo subitem 14.10) da sociedade Lavou Tá Novo, estabelecida em Guarulhos/SP.
Art. 213. O prestador de serviços que emitir nota fiscal ou outro documento fiscal
equivalente autorizado por outro município ou pelo Distrito Federal, para tomador
estabelecido no Município de São Paulo, PODERÁ proceder à sua inscrição em cadastro
da Secretaria Municipal da Fazenda, conforme dispuser o regulamento.
Assim, estabelecia o CEPOM que sempre que um prestador de fora do Município de São Paulo
prestava serviço a um tomador estabelecido no município (notadamente nos casos em que a
prestação envolvia serviço que observava a regra geral de incidência), deveria o prestador fazer a sua
inscrição no CEPOM, sob pena de ter o ISS retido na fonte.
No entanto, tal sistemática foi declarada inconstitucional pelo STF no bojo do RE 1167509/SP,
cuja tese restou assim fixada:
48
Nesse sentido, perceba que, atualmente, o cadastro no CEPOM é facultativo, não ensejando a
obrigatoriedade de retenção pelo tomador caso inexistente a inscrição ou essa seja indeferida.
Art. 213, Parágrafo único. A Secretaria Municipal da Fazenda poderá permitir que os
tomadores de serviços procedam à inscrição dos prestadores de serviços referidos no
“caput”.
Art. 214. A inscrição no cadastro de que trata o artigo anterior NÃO será objeto de
qualquer ônus, especialmente taxas e preços públicos.
Esse dispositivo pode cair em prova, embora, na prática, o efeito do indeferimento ou inscrição
do CEPOM seja nulo, já que não gera para o tomador a obrigatoriedade de se promover a retenção do
ISS, em linha com o entendimento fixado pelo STF em sede de repercussão geral.
Agora, vejamos algumas situações importantíssimas, em que, ainda que existente alguma
regra de responsabilidade do tomador, essa será afastada em razão da característica do prestador do
serviço. Vejamos:
Art. 215. Sem prejuízo do disposto no artigo 210 os responsáveis tributários ficam
desobrigados da retenção e do pagamento do imposto, em relação aos serviços tomados
ou intermediados, quando o prestador de serviços:
49
Nesse sentido, eventual prestador, estabelecido no Município de São Paulo, que alegue ser
isento de ISS, deverá apresentar comprovante, reconhecido pelo Fisco, de seu benefício, sob pena de
ser o tomador obrigado a reter o imposto.
Ademais, vejamos uma regra que vai em linha do que dissemos anteriormente:
Vimos que, como regra, as hipóteses em que aplicáveis as regras de responsabilidade eximem
o prestador da obrigatoriedade de recolher o ISS (ainda que o tomador não cumpra com seu dever
legal).
Dissemos, também, que há uma situação em que tal regra é afastada: nas situações em que o
prestador emitir documento fiscal em desacordo com a legislação (como no caso apresentado, em
que apontada dedução irregular).
50
28) O Condomínio Mauá, localizado na região central de São Paulo, contratou empresa
também estabelecida no município, prestadora de serviços de remoção, incineração,
tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo (descritos pelo subitem 7.09).
O serviço já vinha sendo prestado habitual e mensalmente ao condomínio, desde janeiro de 2021,
momento em que o prestador apresentou comprovante de isenção, reconhecido pelo Município
de São Paulo, hipótese que afastou a obrigatoriedade de retenção pelo tomador.
Nesse caso, da data do cancelamento do benefício (janeiro de 2022) até o momento em que o
tomador foi comunicado (maio de 2023), poderá ser o prestador obrigado ao recolhimento do
ISS.
Compreendido?
Art. 208. Por ocasião da prestação de cada serviço deverá ser emitida Nota Fiscal
de Serviços Eletrônica, Cupom Fiscal Eletrônico, Cupom de Estacionamento ou outro
documento exigido pela Administração, cuja utilização esteja prevista em regulamento ou
autorizada por regime especial.
Ainda veremos outro documento que poderá ser emitido para posterior conversão em NFS-e:
o RPS.
Ademais, vejamos outro documento que também funciona como documento fiscal no
Município de São Paulo:
51
Assim, o organizador do evento deverá ingressar com pedido de autorização prévia para
comercializar os ingressos, sob pena destes não possuírem valor de documento fiscal, conforme
apresenta o parágrafo primeiro do mesmo dispositivo:
Nessa situação, destaque-se, poderá o prestador, inclusive, ser autuado pelo não cumprimento
de obrigação acessória, relativamente à prestação de serviços desacobertados do competente
documento fiscal.
Cabe ressaltar que o afastamento da responsabilidade, conforme expõe o art. 215, também
deverá atender os seguintes requisitos:
Art. 210. O tomador do serviço deverá exigir Nota Fiscal de Serviços Eletrônica,
Cupom Fiscal Eletrônico ou outro documento exigido pela Administração, cuja utilização
esteja prevista em regulamento ou autorizada por regime especial.
52
29) O Supermercado Pague Mais, estabelecido em São Paulo, contratou serviços de Paulo,
advogado autônomo estabelecido em São Paulo.
Embora inscrito no CCM, Paulo deixou de apresentar o RPA para acobertar sua prestação.
Nessa situação, deverá o Supermercado Pague Mais efetuar a retenção e recolhimento do ISS,
aplicando-se sobre o preço do serviço prestado a alíquota relativa à prestação de serviços
advocatícios.
Passemos a analisar, por fim, hipóteses de responsabilidade solidária, ou seja, em que o Fisco
poderá exigir o imposto tanto do prestador quanto do tomador dos serviços, sem benefício de ordem:
53
30) José, proprietário de um imóvel urbano em São Paulo, contratou a constutora Só Negação
para realizar a ampliação de sua casa, sendo o serviço prestado descrito pelo subitem
7.02.
Embora concluída a prestação do serviço, ao verificar a conclusão da obra, o Fisco percebeu que
não havia sido emitido nenhum documento fiscal para acobertar a prestação dos serviços da Só
Negação.
Nessa situação, ficará José, proprietário do imóvel, responsável pelo ISS devido, que será
apurado por intermédio de Pauta Fiscal.
31) Marcos é proprietário de uma cada de eventos no Município de São Paulo, sendo lá
realizado, em maio de 2023, o show da banda Calcinha Preta, organizado pela própria
banda.
Em regular processo de fiscalização, a autoridade fiscal do Município de São Paulo verificou que
não houve a autorização e, tampouco, o recolhimento do ISS relativo ao serviço realizado
54
Assim, poderá o Fisco exigir o ISS devido em razão da prestação dos serviços de diversões
públicas da casa de eventos, de propriedade de Marcos.
Nesse caso, em linha com o que prevê o art. 166 do CTN, deverá se comprovar que houve a
transferência do encargo econômico financeiro. Pefeito?
55