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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO

Ricardina Alson Zefanias Mucale: 41210415

Maxixe, Junho, 2022


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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Gestão de Recursos
Humanos Direito da UnISCED

Tutor:

Ricardina Alson Zefanias Mucale: 41210415

Maxixe, Junho, 2022


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Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 4

1.1.Objectivos ............................................................................................................................. 4

1.1.1.Geral .................................................................................................................................. 4

1.1.2.Específicos ......................................................................................................................... 4

1.2.Metodologia .......................................................................................................................... 4

2.Sistema Fiscal Moçambicano .................................................................................................. 5

2.1.Impostos sobre Rendimentos (IRPS; IRPC; ISPC) .............................................................. 5

2.2.Impostos sobre a Despesa (IVA) .......................................................................................... 6

2.3.Outros Impostos Especiais ou Específicos (direitos aduaneiros; selo; sucessões e doações;


SISA; imposto sobre jogos). ....................................................................................................... 7

2.4.Impostos Locais (Imposto pessoal autárquico; imposto predial; imposto sobre veículos). . 8

3.Conclusão ................................................................................................................................ 9

4.Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 10


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1.Introdução

O presente trabalho de Fiscalidade tem como tema: Sistema Fiscal Moçambicano. O sistema
fiscal moçambicano possui hoje uma estrutura equiparável aos mais modernos sistemas
fiscais, apresentando uma estrutura tripartida, através da qual se tributa, separadamente, o
rendimento, o consumo e o património. Em qualquer caso, a actual configuração do sistema
fiscal moçambicano é relativamente recente, derivando da reforma de 2002, altura em que foi
totalmente reformulado o sistema então vigente e que apresentava, ainda, uma relevante
matriz da pré-independência.

1.1.Objectivos

1.1.1.Geral

 Contextualizar sobre o sistema fiscal moçambicano.

1.1.2.Específicos

 Explicar os Impostos sobre Rendimentos (IRPS; IRPC; ISPC);


 Descrever os Impostos sobre Rendimentos (IRPS; IRPC; ISPC) e Impostos sobre a
Despesa (IVA);
 Mencionar outros Impostos Especiais ou Específicos (direitos aduaneiros; selo;
sucessões e doações; SISA; imposto sobre jogos).

1.2.Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho recorreu-se a leitura e compilação de obras científicas


que encontram-se devidamente citadas e listadas na bibliografia.
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2.Sistema Fiscal Moçambicano

O novo sistema fiscal Moçambicano inclui já soluções adaptadas às novas realidades


económicas, quer através da diferenciação das regras aplicáveis em função dos tipos de
contribuintes, quer através das preocupações de integração internacional já reveladas.

De acordo Malalane (2009), o Sistema Tributário Moçambicano integra os impostos nacionais


e autárquicos, tratados em dispositivos legais diferentes.

Os impostos nacionais actuam a dois níveis:

 Directo - (tributação dos rendimentos e riqueza), através do Imposto sobre o


Rendimento das Pessoas Colectivas- IRPC e do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Singulares- IRPS;
 Indirecto - (tributação das despesas), através do Imposto sobre o Valor Acrescentado
IVA; Imposto sobre Consumos Específicos- ICE e os Direitos Aduaneiros.

Para além destes, que são os principais impostos, o sistema tributário moçambicano se
completa com outros impostos, tais como: imposto do selo, imposto sobre as sucessões e
doações, Sisa, imposto especial sobre o jogo, imposto de reconstrução nacional, imposto
sobre veículos e outros e taxas especificas estabelecidas em legislação própria.

2.1.Impostos sobre Rendimentos (IRPS; IRPC; ISPC)

O IRPS é um imposto que incide sobre o rendimento global anual das pessoas singulares,
mesmo quando provenientes de actos ilícitos. Estão sujeitas a este imposto, segundo
disposição o artigo 18 do CIRPS, as pessoas singulares que residem em território
Moçambicano, relativamente aos rendimentos aqui obtidos e também os obtidos fora desse
território, e as que nele não residindo aqui obtenham tais rendimentos.
As empresas têm obrigações em sede do IRPS, nomeadamente no que se refere ao pagamento
ou colocação à disposição de rendimentos a pessoas singulares, particularmente no que
respeita à retenção na fonte, nos termos dos artigos 57 e 65 do CIRPS. Esta obrigação abrange
os rendimentos pagos aos trabalhadores da empresa, quer sejam residentes ou não em
Moçambique.

O IRPC é um imposto que incide sobre o rendimento das pessoas colectivas, mesmo quando
provenientes de actos ilícitos, conforme dispõe o artigo 1 do CIRPC, aprovado pela Lei n.°
34/2007 de 31 de Dezembro. Nos termos do artigo 2 do CIRPC, são sujeitos a este imposto:
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 As sociedades civis sob forma comercial, cooperativas, empresas públicas e as demais


pessoas colectivas com sede ou direcção efectiva no território moçambicano;
 As entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou direcçao efectiva, no
território moçambicano, cujo rendimento não seja tributável em IRPS e IRPC;
 E ainda entidades com ou sem personalidade jurídica, que não tenham sede nem
direcção efectiva em território moçambicano, nas condições estabelecidas nos artigos
4 e 5 do CLRPC.

O ISPC, Foi aprovado pela Lei nº 5/2009, de 12 de Janeiro, o Imposto Simplificado para
Pequenos Contribuintes com o objectivo de reduzir custos de cumprimento das obrigações
tributária, encargos de fiscalização e controlo através das simplificação dos procedimentos,
bem como incentivar os contribuintes registar-se e pagar imposto.

Refira-se que a tributação dos sujeitos passivos no ISPC é de carácter optativo. Para os
sujeitos passivos que optem pela tributação em ISPC, sobre as transmissões de bens e
prestações de serviços que realizem não há lugar ao IVA e, sobre os rendimentos obtidos, não
incide IRPS ou IRPC. Ficam isentos os sujeitos passivos de ISPC que aufiram outros
rendimentos, para além de rendimentos classificados como da segunda categoria em sede de
IRPC (rendimentos empresarias e profissionais), são tributados em ISPC apenas relativamente
aos rendimentos desta categoria, devendo os restantes rendimento serem declarados para
efeitos de tributação em IRPS.

2.2.Impostos sobre a Despesa (IVA)


De acordo com Ferreira et al, (2013), o imposto sobre o Valor Acrescentado incide sobre o
valor das transmissões de bens e prestações de serviços realizadas no território nacional, a
título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal, bem como sobre as importações de
bens.

O IVA é devido pelas pessoas singulares ou colectivas que, com carácter de habitualidade,
pratiquem actividades de produção, comércio ou prestação de serviços, embora seja
economicamente suportado pelo consumidor final.

A taxa normal de IVA é de 17%. No entanto, os serviços bancários, bem como alguns
serviços de saúde e educação estão isentos de IVA, sendo certo que sobre as exportações de
bens e serviços incide uma taxa 0% (isenção com direito à dedução).
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“O IVA deve ser pago mensalmente até ao último dia do mês seguinte ao mês a que respeitem
as operações” Guimarães (s/d).

2.3.Outros Impostos Especiais ou Específicos (direitos aduaneiros; selo; sucessões e


doações; SISA; imposto sobre jogos).

Os direitos aduaneiros incidem sobre o valor (determinado nos termos da regulamentação


aduaneira aplicável) das mercadorias objecto de importação ou exportação através das
fronteiras do território nacional, para este efeito definido como “território aduaneiro”.

Na importação de mercadorias que beneficiem de isenção de direitos, bem como no


desembaraço aduaneiro de produtos a que corresponda a taxa “zero” na tabela de direitos de
importação, é devida uma taxa emolumentar de montante fixo (TSA – Taxa de Serviços
Aduaneiros). As exportações estão genericamente livres de direitos (taxa “zero”), sem
prejuízo da “taxa de sobrevalorização” incidente num número limitado de produtos
(exemplos: a castanha de caju e madeira)

A Sisa incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de propriedade ou de figuras


parcelares desse direito, ou assimiladas, sobre bens imóveis. Consideram-se bens imóveis, os
prédios urbanos situados em território nacional.

A Sisa é devida pelas pessoas, singulares ou colectivas, a quem se transmitem os direitos


sobre prédios urbanos. A taxa da Sisa é de 2% e incide sobre o montante declarado da
transmissão ou do valor patrimonial do prédio urbano, consoante o valor mais elevado, a não
ser que este se afaste do preço normal de mercado. Nos casos em que o adquirente ou os
sócios adquirentes tenham a residência em território sujeito a um regime fiscal claramente
mais favorável, tal como definido pelo Código de IRPC, a taxa é sempre de 10% não se
aplicando qualquer isenção ou redução (Ferreira et al, 2013).

O Imposto do Selo tem incidência múltipla, incidindo sobre diferentes realidades, tais como,
documentos, contratos, livros, papéis, acções e obrigações, alvará de empreitada, cartões de
crédito, cheques, garantias de obrigações, jogo, licenças, notariado e actos notariais, marcas e
patentes, operações aduaneiras e financeiras, seguros, títulos de crédito e transferências de
fundos, entre outras.

São aplicáveis várias taxas de imposto, com o máximo de 10% (uma taxa de 50% é também
aplicável no caso de actos e documentos relacionados com actividades de jogo). Em certos
casos, o Imposto do Selo é liquidado com base em montantes fixos pré-determinados.
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O Imposto sobre Sucessões e Doações incide sobre as transmissões a título gratuito do


direito de propriedade sobre bens móveis e imóveis, qualquer que seja a denominação e forma
do título. É devido pelas pessoas singulares que adquiram a título gratuito a propriedade de
bens móveis ou imóveis, mesmo que tenha sido constituído direito de usufruto, uso ou
habitação a favor de outrem.

As taxas de imposto são de 2% para descendentes, cônjuges e ascendentes, de 5% para irmãos


e colaterais até ao terceiro grau e de 10% entre quaisquer outras pessoas.

O imposto especial sobre o Jogo incide sobre as receitas brutas geradas pela exploração do
Jogos regulados pela Lei no 8/94, de 14 de Setembro, após o pagamento dos ganhos aos
jogadores, sendo a taxa fixada no contrato de concessão, que varia entre 20% a 35%

2.4.Impostos Locais (Imposto pessoal autárquico; imposto predial; imposto sobre


veículos).
O Imposto Predial Autárquico incide sobre o valor patrimonial dos prédios urbanos situados
no território da respectiva autarquia, ou na sua falta, o valor declarado pelos proprietários
desses mesmos prédios. As taxas do Imposto Predial Autárquico são as seguintes: (i) 0,4%
quando se trate de prédios destinados à habitação; e (ii) 0,7% quando se trate de prédios
destinados a actividade de natureza comercial, industrial ou para o exercício de actividades
profissionais independentes, bem como os destinados a outros fins.

O Imposto sobre Veículos incide sobre o uso e fruição dos veículos a seguir mencionados,
matriculados ou registados no País, ou desde que, independentemente de registo ou matrícula,
sejam decorridos 180 dias a contar da respectiva entrada no mesmo território nacional e se
encontrem a circular ou a ser usados em condições normais de utilização:

 Automóveis ligeiros e automóveis pesados de antiguidade menor ou igual a 25 anos;


 Motociclos de passageiros com ou sem carro de antiguidade menor ou igual 15 anos;
 Aeronaves com motor de uso particular;
 Barcos de recreio com motor de uso particular.

Consideram-se potencialmente em uso os veículos automóveis que circulem pelos seus


próprios meios ou estacionem nas vias ou recintos públicos e os barcos de recreio e
aeronaves, desde que possuam certificados de navegabilidade válidos (ACIS, 2011).
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3.Conclusão

Findo trabalho conclui-se que a fiscalidade exerce um papel crucial no controle e


desenvolvimento da economia assim como do desenvolvimento do país. A partir dos valores
arrecadados nos impostos, se torna possível o financiamento de acções em áreas como saúde,
educação, cultura, segurança e outras. Quanto mais distorções um imposto gera, maior é o
número de trocas que deixa de ser realizada, reduzindo assim a eficiência e a produtividade da
economia, e maior será o impacto negativo desse imposto para o crescimento económico de
longo prazo. Dessa forma, compreender a importância de se pagar impostos contribui também
para a criação de uma consciência cidadã.
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4.Referências Bibliográficas
ACIS.(2011). Introdução ao Sistema Tributário Moçambicano. [em cooperação com USAID,
SPEED e DELOITTE] Versão: V.2 Dezembro.

Ferreira R. F., Gonçalves M. R., Almeida M. M., Guerra J. C. (2013). Um olhar sobre… O
Sistema Fiscal Moçambicano. Portugal: RFF.

Guimarães Vasco Branco. (s/d). “Manual de Direito Fiscal Moçambicano”.

Malalane Filomena. (2009). Informação sobre obrigações fiscais em vigor no país.


Autoridade Tributaria de Moçambique. Maputo.

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