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Universidade Metodista Unida de Moçambique

Curso: Licenciatura em Ciências da Educação


Ficha 1 da Cadeira de Paradigmas Educacionais
Discente: Morais Elias Francisco Litsure Docente: dra. Dicxita Vijendra

1. A Dialéctica entre a Sociedade e a Organização Educativa


Paradigma é sinónimo de padrão, exemplo, modelo, norma, protótipo e regra. Por
sua vez, a educação, refere-se a um processo passado de geração a geração no
tocante, as faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de
melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo. Paradigmas
Educacionais: constituem-se como modelos que dão lugar a uma aprendizagem
crítica e que visam à reprodução do conhecimento. Não obstante a escola
etimologicamente é definida como lazer ou empo livre, porem actualmente,
define-se como uma instituição que fornece o processo de ensino para alunos, com
o objetivo de formar e desenvolver cada indivíduo em seus aspectos cultural, social
e cognitivo. Organização educativa /escolar: pode ser definida como a forma que
o trabalho do professor e demais trabalhadores da escola é organizada buscando
atingir os objetivos da escola ou do sistema. O termo Sociedade,
etimologicamente significa "associação".
1.1 A Escola e a Sociedade
No tocante as relações entre a Escola e os diferentes tipos de Sociedade as
respostas às questões levantadas sobre o laço existente baseiam se num esquema
de análise, sustentado por uma noção de paradigma e pela estratégia de análise
sistémica que valoriza as relações dialécticas entre a sociedade e as suas
organizações educativas.
1.2 A análise Sistémica
Existem 3 tipos de abordagem sistémicas que integramos na nossa análise das
relações entre a educação e a sociedade: A abordagem centrada na autonomia dos
sistemas, nas actividades dos sistemas e na globalidade dos sistemas.
1.3. A organização educativa: Um sistema
Uma perspectiva sistêmica: a organização educativa é determinada pelas
orientações (na realidade quotidiana e traduzi-las em práticas) da sociedade em
que se insere, assim como as suas normas, leis e regras.
Características sistémicas da organização educativa:

Uma faculdade solícita Estrutura

Professores orientados por peritos em tecnologia educativa Actores

Que elaboram uma actividade educativa (curso de matemática) e o Processo


leccionam

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A fim de permitir que os estudantes se tornem engenheiros Finalidade

O curso que foi avaliado como inadequado pela ordem dos engenheiros e Meio
pelas entidades empregadoras

Os professores analisam-no, discutem - no e decidem modificá-lo Mudança

Resenha das características sistémicas da organização educativa:


 Uma organização finalizada: num sistema finalizado como a organização
educativa, os fins e as funções, mesmo reais, são em geral fixados por uma
vontade exterior.
 Uma organização que compreende actores e processos: rege se por um
conjunto de leis e regras, tal como refere Giddens (1984), as organizações
são feitas de actores que agem em interacção uns com os outros e que
proporcionam feedbacks contínuos sobre o que é necessário dizer e fazer. Os
autores são o cerne das organizações educativas, eles organizam na através
das suas ideias, dos seus projetos, dos seus desejos, das suas acções e
relações, à organização.
 Uma organização estruturada: a organização educativa é muito complexa e
comporta vários elementos ou níveis que imbricam uns nos outros, por
exemplo direcções gerais, comissões escolares, escolas, classes, conselhos
consultivos, recursos humanos e recursos físicos.
 Uma organização temporal: é uma organização dinâmica e instável, ela se
modifica e evolui no tempo e no espaço. Existem 3 tipo de mudança na
organização educativa: Mudança operacional (Permanência), Mudança
estratégica (Adaptação) e Mudança Paradigmática (Transformação Radical).
1.4 A Dialéctica entre a Escola e a Sociedade
A organização educativa, os actores e os modelos de tratamento de informação,
chamamos de estratégias pedagógicas. A organização educativa apresenta se como
um subsistema aberto, atravessado por forças provenientes de um sistema muito
maior que constitui o seu meio.
Temos 3 níveis de análise do funcionamento de uma sociedade:

● Campo Paradigmático: englobam uma concepção do conhecimento e das


relações entre a pessoa, a sociedade e a natureza como forma de executar
uma simplificação global da actividade humana.
● Campo Político: é o espaço onde se opera a transformação das operações
definidas pelo campo paradigmático em normas e regras. É este nível que
define o legal e o ilegal, o legítimo e o ilegítimo, o normativo e o desvio, o
tipo de mudança aceitável e não aceitável, e são estas decisões, leis e
regras que governam o funcionamento das organizações concretas.

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● Campo Organizacional: constitui a área das organizações concretas, isto é,
Onde as normas, leis e regras são transformadas em práticas.
Através destes 3 campos, a sociedade vê se desafiando continuamente em 3
formas:
● A reprodução: a sociedade é um sistema cujos dirigentes mantêm o
equilíbrio e a continuidade através de diversos mecanismos de controlo
social, integrados e repressivos.
● A adaptação: a sociedade é capaz de modificar as suas organizações sem
modificar os fins que persegue, ao recorrer a mecanismos de aprendizagem e
de reforço de determinadas formas de comportamento ou de organização.
● A criação ou produção: a sociedade possui uma capacidade de constituir ela
própria o seu meio, podendo formar um novo sistema de orientação dos
comportamentos ao modificar os componentes do campo paradigmático.
1.4.1 O Paradigma Sociocultural
De acordo com Kuhn o conceito de paradigma reduz-se a 3 sentidos fundamentais:
● Paradigma metafísico ou metaparadigma: conjunto de crenças e de mitos,
nova forma de ver as coisas.
● Paradigma Sociológico: um resultado científico reconhecido universalmente.
● Paradigma artificial ou instrumental: obra, trabalho clássico e analogia.
Kuhn também apresenta dois sentidos para o conceito de Paradigma:
● O sentido sociológico: remete ao conjunto de crenças, de valores
reconhecidos e de técnicas que são comuns aos membros de um determinado
grupo.
● O sentido de exemplo: onde um paradigma é um exemplo comum que
indica como se deve fazer uma actividade.
Componentes necessários e suficientes para definir o Paradigma sociocultural:
● A concepção de conhecimentos: construção dum sistema de
representações;
● A concepção das relações entre a pessoa, a sociedade e a natureza;
● Os valores e os interesses: exprimem as preferências das pessoas e dos
grupos que a perfilam;
● A forma de executar;
● O sentido global: sintetiza os outros componentes do Paradigma, a forma de
conhecer, de viver com os outros, de refletir, de valorizar, de executar e de
agir.
Sendo assim o Paradigma Sociocultural pode ser definido como:
"Um conjunto de crenças, de concepções ou generalizações e valores que
englobam uma concepção de conhecimentos, uma concepção das relações
entre a pessoa, sociedade e a natureza, um conjunto de valores e
interesses, uma forma de executar, um significado global da atividade
humana, que definem e delimitam para um determinado grupo social, a

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dimensão possível do seu campo de acção é da sua prática social e cultural,
assegurando assim, a sua coerência e relativa unanimidade" (Bertrand &
Valois;1990).
1.4.2 O carácter exemplar e normativo do Paradigma Sociocultural
O paradigma sociocultural delimita o que pode ser apreendido e o que vale pena
ser compreendido. Através do poder inerente aos exemplos que formula, ele
determina as atividades que podem ser realizadas. Como exemplo paradigmático,
pode-se considerar uma forma de divisão do trabalho, de um lado o trabalho braçal
e do outro o trabalho intelectual.
1.5 A regulação da Organização Educativa
A organização educativa pode assumir, segundo paradigma educacional escolhido,
as seguintes funções:
 Função de reprodução: quando há mudanças operacionais nas suas
modalidades de funcionamento e se contenta com as orientações de normas
impostas pelo campo político, contribui para manter uma ordem
estabelecida pela classe dominante, e a permanência das orientações das
normas e regras de funcionamento dominantes.
 Função da adaptação: acontece quando há mudanças no interior das
estruturas, sem questionar as orientações que emanam do paradigma
sociocultural dominante para que haja adaptação da sociedade.
 Função de transformação da sociedade: quando há mudança nas práticas
pedagógicas, associadas às normas do campo político, para a transformação
radical da sociedade.

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