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 Eduardo  da  Rocha  


Lei  Kandir  Esquematizada  e  Comentada  

LEI COMPLEMENTAR N.º 87/96 (LEI KANDIR)


ESQUEMATIZADA E COMENTADA

SUMÁRIO PÁGINA
Introdução – Apresentação do Professor e do Material 02
Hipóteses de Incidência (art. 1º e art. 2º) 03
Não Incidência (art. 3º) 06
Contribuintes (art. 4º) 10
Responsabilidade Tributária (art. 5º a 7º) 10
Base de Cálculo na Substituição Tributária (art. 8º) 11
Substituição Tributária Interestadual (art. 9º) 13
Restituição na Substituição Tributária (art. 10) 14
Local da Operação (art. 11) 15
Momento do Fato Gerador (art. 12) 19
Base de Cálculo (art. 13 a 18) 20
Creditamento do Imposto (art. 19 a 23) 30
Apuração do Imposto (art. 24 a 26) 35
Disposições Finais (art. 27 a 36) 37
Encerramento 40

   

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INTRODUÇÃO – APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR


E DO MATERIAL

Olá, amigos! É uma grande satisfação estar aqui com vocês!


Sou o Eduardo Da Rocha, mais conhecido como “Da Rocha”, professor de
Legislação Tributária do Estratégia Concursos. Sou também Auditor-Fiscal do Tesouro
Estadual de Pernambuco, concurso no qual obtive a 2ª colocação.
É com grande satisfação que publicamos a LEI KANDIR ESQUEMATIZADA E
COMENTADA, disponibilizando este material gratuitamente a todos vocês!
Entendemos que o conhecimento do texto da Lei Kandir é um requisito básico na
preparação para concursos públicos que cobram a disciplina de Legislação Tributária
Estadual e, em alguns casos, Direito Tributário.
Tal importância se dá porque a Lei Kandir disciplina as normas gerais do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), aplicável a todos os Estados e ao Distrito
Federal, cumprindo o disposto no art. 146, III, “a” e no art. 155, XII, da Constituição
Federal.
Costuma-se dizer que a LC 87/96 é a “espinha dorsal” da regra matriz de
incidência tributária (RMIT) do ICMS pois traz os 5 critérios formadores do fato gerador
do tributo: material (o que tributar), espacial (onde tributar), temporal (quando
tributar), pessoal (quem tributa e quem é tributado), quantitativo (quanto tributar).
Por isso repito: é essencial formar uma base sólida de conhecimento tendo como
fonte a lei que estudaremos a partir de agora.

   

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1.   A Lei Kandir Esquematizada e Comentada não deve ser utilizada como único
material de estudo. Vocês não irão aprender Legislação Tributária Estadual apenas
com este material. O objetivo é fornecer um material que os ajudará a memorizar os
dispositivos da Lei Complementar 87/96, melhorando significativamente o nível de
conhecimento para a prova! Se vocês querem aprender Legislação Tributária
Estadual, inscrevam-se em um de nossos cursos disponíveis no site
www.estrategiaconcursos.com.br.
2.   A Lei Kandir Esquematizada não tem por objetivo analisar entendimentos
doutrinários e jurisprudenciais. Nosso foco é ler a Lei Kandir e fazer breves
apontamentos para facilitar a compreensão do seu texto.
3.   Recomendamos a leitura diária da Lei Kandir. Sugerimos ler 2 a 3 páginas por
dia. Você pode fazer isso com outras normas que também sejam relevantes para o
seu concurso, como, por exemplo, a CF/88. Ao longo do tempo, você terá lido diversas
vezes tais normas. J
4.   Além deste material, recomendamos também a leitura do CTN Esquematizado,
de autoria do Prof. Fábio Dutra, uma vez que o Código Tributário Nacional dispõe
sobre as normas gerais de Direito Tributário, sendo fundamental que o aluno conheça
tais conceitos antes de adentrar na Legislação Tributária. O CTN Esquematizado é um
material gratuito e também se encontra disponibilizado no site
www.estrategiaconcursos.com.br.

LEI KANDIR
LEI COMPLEMENTAR Nº 87, DE 13 DE SETEMBRO DE 1996.

Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;

Comentário: O dispositivo é apenas uma reprodução do art. 155, II da CF, que traz a
competência dos Estados e do DF para instituição do ICMS. Antes de ler qualquer outro
dispositivo desta lei, deve-se ter como premissa as noções de ICMS previstas na
Constituição Federal, vez que apresentam o alicerce do imposto.

   

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Art. 2° O imposto incide sobre:


I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de
alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;

Comentário: Este artigo apresenta o aspecto material necessário para incidência do


imposto, vejamos uma a uma.
I- A circulação de mercadorias se apresenta como principal fato gerador do ICMS, sendo
aplicável mesmo que a circulação seja apenas jurídica, ou seja, quando a mercadoria
permanece onde se encontra mas troca de dono.
Não tenho a intenção de discutir a jurisprudência do tema nesta obra, mas saiba que
ela existe e que você deve tomar cuidado pois a lei Kandir considera que incide ICMS
ainda que a circulação de mercadoria seja somente física entre estabelecimentos do
mesmo contribuinte.
Vale destacar que o fornecimento de bebidas e alimentação em qualquer
estabelecimento comercial está no campo de incidência do ICMS, encerrando qualquer
discussão passada sobre a possibilidade de incidência do ISS.

II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer


via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;
III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a
geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a
ampliação de comunicação de qualquer natureza;

Comentário: O ICMS incide sobre o transporte interestadual (entre Estados) e


intermunicipal (entre municípios do mesmo Estado) mas não no transporte
intramunicipal (dentro do mesmo município). Já no caso dos serviços de comunicação
fica restrito apenas às prestações onerosas, não sendo tributados os serviços de TV
aberta, por exemplo.

IV– fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na


competência tributária dos Municípios;
V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre
serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável
expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.

Comentário: Quando um serviço previsto na LC 116/03 (ISS) for prestado juntamente


com mercadorias e não houver qualquer autorização por aquela lei de cobrança do ICMS
tudo (mercadorias + serviço) será tributado pelo ISS. Caso haja autorização da LC
116/03 para a cobrança do ICMS teremos ISS sobre o serviço e ICMS para as
mercadorias. Se a LC nada falar tanto mercadoria quanto serviço serão tributados pelo
ICMS.

   

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Serviço  previsto   Serviço  previsto  


na  LC  116/03,   Serviço  não
na  LC  116/03,  
sem ressalva   com ressalva   previsto  na  
que  permita   para  cobrança   LC  116/03
cobrança  do   do  ICMS
ICMS
ISS sobre  o   ICMS sobre  
ISS sobre  o  
serviço  e   o  valor  
valor  total  
ICMS sobre   total  
(mercadori
a   (mercadori
a  +  serviço)
mercadoria a  +  serviço)

§ 1º O imposto incide também:


I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física
ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a
sua finalidade;
II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no
exterior;

Comentário: Adentrando as hipóteses do §1º, ressalto que após a vigência da EC


33/2001, as pessoas físicas que importarem mercadorias ou prestações de serviços do
exterior também passaram a ser consideradas como contribuintes do ICMS,
independentemente da finalidade desta importação! O mesmo vale para a importação
de serviços tributados pelo ICMS.

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive


lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica,
quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de
operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o
adquirente.

Comentário: Talvez o inciso III do §1º seja um dos dispositivos mais cobrados em
provas. para facilitar podemos esquematiza-lo da seguinte forma:

   

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Para  Consumo Incide    ICMS


Na  Entrada  do  
Estado  
Para  
adquirente
Combustível   Industrialização  
Não Incide  ICMS
derivado  de   ou  
Petróleo e   Comercialização
Energia  Elétrica
Na  saída  do  
Não Incide  ICMS
Estado  remetente

§ 2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação


que o constitua.

Comentário: A ocorrência de qualquer das situações descritas como fato gerador já a


caracteriza como tal. Significa dizer que se houver, por exemplo, uma circulação de
mercadoria isso já basta para o fato gerador ocorrer independentemente do que for,
independentemente de sua natureza jurídica.

Art. 3º O imposto não incide sobre:


I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;

Comentário: Por força constitucional (art. 150, VI, d) não haverá incidência de ICMS
sobre as mercadorias acima listadas, tratadas como culturais. Importante ressaltar que
não importa o conteúdo do livro, do jornal ou do periódico: tanto uma revista com
conteúdo adulto quanto um livro de poesias gozam da não incidência
constitucionalmente qualificada.

II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos


primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;

Comentário: A partir da Emenda Constitucional 42/03 o art. 155, X, a, da CF/88 tornou


toda exportação imune ao ICMS com o intuito de tornar nossos produtos mais
competitivos no exterior.

   

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III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive


lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à
industrialização ou à comercialização;

Comentário: Como vimos no art. 1º, § 1º, III, o ICMS é imune na saída interestadual
sobre energia elétrica, petróleo e seus derivados porém temos a incidência na entrada
quando essas mercadorias forem para uso/consumo. Caso as mercadorias tenham por
objetivo a comercialização ou industrialização não teremos ICMS nem na saída
interestadual (imunidade) e tampouco na entrada do Estado adquirente. Nesse último
caso o ICMS somente será cobrado quando de uma futura comercialização ou saída de
mercadoria industrializada.

IV - operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial;

Comentário: O ouro é tido como mercadoria e sofre a incidência do ICMS normalmente


porém a lei federal 7.766/89 define algumas situações em que o outro é tido como ativo
financeiro ou instrumento cambial, hipóteses em que não teremos a incidência do ICMS
mas sim do IOF.

V - operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser


utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza
definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de
competência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei
complementar;

Comentário: A incidência de ICMS sobre mercadorias quando fornecidas com serviços


segue a regra esquematizada já explicada. Assim, estando o serviço descrito na LC
116/03 sem qualquer ressalva de cobrança do ICMS tanto mercadoria quanto serviço
serão tributados pelo imposto municipal, havendo então a não incidência do ICMS.

VI - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade


de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;

Comentário: É muito comum que um empresário venda a outro uma universalidade de


bens pertencentes à pessoa jurídica da qual era titular ou sócio, ficando o adquirente
responsável, a partir de então, pela condução do negócio, mas sem qualquer vinculação
com a pessoa jurídica anterior. A essa operação damos o nome de trespasse, que não
sofre a incidência do ICMS.

VII - operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação


efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;

Comentário: Alienação Fiduciária é a transmissão da propriedade de um bem ao credor


para garantia do cumprimento de uma obrigação do devedor, que permanece na posse
   

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direta do bem, na qualidade de depositário. Essa garantia veio resolver o problema das
financeiras que, ao financiar a aquisição de bens, utilizavam institutos obsoletos para
garantir o pagamento da obrigação.
A operação de alienação fiduciária é entendida como uma operação não sujeita ao ICMS.
Se você adquire um veículo nessa modalidade haverá a incidência do ICMS na saída da
concessionária mas nas operações futuras entre você e o banco não teremos a incidência
de ICMS. Por operações futuras entenda a entrega do carro pelo banco a você, a
devolução do carro para o banco caso você não pague as parcelas e a consolidação da
propriedade na sua pessoa no final do pagamento da última parcela.

VIII - operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem


arrendado ao arrendatário;

Comentário: O leasing é uma operação tributada pelo ISS e não pelo ICMS. Embora a
maioria dos Estados conceda isenção para a venda ao arrendatário do bem que está
arrendado, a lei Kandir trata essa venda como hipótese de incidência.

IX - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis


salvados de sinistro para companhias seguradoras.

Comentário: A transferência de bens móveis salvados de sinistro para as seguradoras


também não é fato gerador do ICMS.

Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída de


mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada
a:
I - empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da
mesma empresa;
II - armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.

Comentário: Vimos que as exportações se tornaram imunes com o advento da EC


42/03. Entretanto não é necessária a remessa direta da mercadoria para outros países:
é comum que a mercadoria seja enviada para exportadoras, para entrepostos ou para
outro estabelecimento da mesma empresa. Essas operações também são imunes pois
são consideradas exportações.

   

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Livros,  Jornais,  periódicos  e  


papel  destinado  à  impressão

Exportações

Op.  Interestaduais  entre  contribuinte  de  


combustíveis  derivados  de  Petróleo  para  
comercialização ou  industrialização
Não Incidência  do  ICMS

Ouro,  quando  Ativo  Financeiro  


ou  Intrumento  Cambial

Mercadoria  +  Serviço  na  LC  


116  sem  ressalva

Trespasse

Alienação  Fiduciária

Leasing,  exceto  venda  do  bem

Bens  Móveis  salvados  de  


Sinistro

   

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Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com


habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de
circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior.
Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem
habitualidade ou intuito comercial:
I – importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade;
II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha
iniciado no exterior;
III – adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados;
IV – adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e
energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização
ou à industrialização.

Comentário: Em regra o contribuinte deve se revestir de duas características:


habitualidade ou intuito comercial. Entretanto, a lei Kandir traz exceções em que mesmo
que essas duas características estejam ausentes, aqueles que praticarem tais atos serão
considerados contribuintes, independente de qualquer outra exigência ou situação. São
eles: o importador de bens ou serviços, o arrematante de bens apreendidos ou
abandonados e o consumidor final de combustíveis derivados de petróleo e energia
elétrica em operação interestadual. São os chamados contribuintes eventuais.

Art. 5º Lei poderá atribuir a terceiros a responsabilidade pelo pagamento do imposto


e acréscimos devidos pelo contribuinte ou responsável, quando os atos ou omissões
daqueles concorrerem para o não recolhimento do tributo.

Comentário: Em consonância com o artigo 128 do CTN, permite-se, mediante lei, que
o legislador atribua a responsabilidade tributária a terceiros, desde que estes tenham
relação com o fato gerador do imposto. O exemplo clássico é o caso do transportador,
que embora não seja o contribuinte em relação à circulação de mercadoria (é
contribuinte do ICMS sobre o frete), em diversas legislações estaduais se torna
responsável pelo pagamento do ICMS de mercadorias flagradas desacompanhadas de
documentação fiscal.

Art. 6o Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário a


qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que assumirá a
condição de substituto tributário.
§1º A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre
uma ou mais operações ou prestações, sejam antecedentes, concomitantes ou
subsequentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre alíquotas interna e
interestadual nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor
final localizado em outro Estado, que seja contribuinte do imposto.
§2º A atribuição de responsabilidade dar-se-á em relação a mercadorias, bens ou
serviços previstos em lei de cada Estado.

   

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Comentário: A substituição tributária é um instituto cada vez mais utilizado pelos


Estados, afastando a responsabilidade do contribuinte e transferindo-a para o
substituto. A substituição tributária pode se dar, em seu aspecto temporal, em 3
momentos:

1)   Antes da ocorrência do fato gerador à onde se presume tal ocorrência


(Substituição Tributária para frente ou progressiva);

2)   No momento da ocorrência do fato gerador à (Substituição Tributária


Concomitante);

3)   Após a ocorrência do fato gerador à (Substituição Tributária para trás ou


Diferimento).

Respeitando o mandamento constitucional do § 7º do art. 150, perceba que a LK


impediu que atos infralegais atribuíssem a condição de substituto e portanto somente a
lei pode atribuir essa responsabilidade. Essa responsabilidade pode ser atribuída a um
contribuinte da cadeia do imposto mas também pode ser o depositário a qualquer título.

Art. 7º Para efeito de exigência do imposto por substituição tributária, inclui-se,


também, como fato gerador do imposto, a entrada de mercadoria ou bem no
estabelecimento do adquirente ou em outro por ele indicado.

Comentário: Mais adiante veremos que o artigo 12 da Lei Kandir traz a saída de
mercadoria do estabelecimento do contribuinte como regra para o momento da
ocorrência do fato gerador. Pois bem, o art. 7º afirma que, na substituição tributária, o
fato gerador, para efeitos de cobrança, também poderá ser considerado no momento
da entrada do estabelecimento adquirente.

Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:


I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes, o valor
da operação ou prestação praticado pelo contribuinte substituído;
§ 1º Na hipótese de responsabilidade tributária em relação às operações ou
prestações antecedentes, o imposto devido pelas referidas operações ou prestações
será pago pelo responsável, quando:
I – da entrada ou recebimento da mercadoria, do bem ou do serviço;
II - da saída subsequente por ele promovida, ainda que isenta ou não tributada;
III - ocorrer qualquer saída ou evento que impossibilite a ocorrência do fato
determinante do pagamento do imposto.

Comentário: Na substituição tributária de uma operação que já ocorreu ou está


ocorrendo já é possível saber o valor da operação ou da prestação e por isso a base de
cálculo é o próprio valor conhecido. O recolhimento pode se dar em 3 momentos:

   

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Na  entrada  ou  recebimento  de  mercadoria  ou  


serviço

Diferimento  será  pago  


pelo  responsável Na  saída  subsequente  por  ele  promovida

Na  saída  ou  evento  que  impossibilite  a  


ocorrência  do  fato  gerador

II - em relação às operações ou prestações subsequentes, obtida pelo somatório das


parcelas seguintes:
a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou
pelo substituído intermediário;
b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou
transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;
c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou prestações
subsequentes.
§ 2º Tratando-se de mercadoria ou serviço cujo preço final a consumidor, único ou
máximo, seja fixado por órgão público competente, a base de cálculo do imposto,
para fins de substituição tributária, é o referido preço por ele estabelecido.
§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou importador,
poderá a lei estabelecer como base de cálculo este preço.
§ 4º A margem a que se refere a alínea c do inciso II do caput será estabelecida com
base em preços usualmente praticados no mercado considerado, obtidos por
levantamento, ainda que por amostragem ou através de informações e outros
elementos fornecidos por entidades representativas dos respectivos setores,
adotando-se a média ponderada dos preços coletados, devendo os critérios para sua
fixação ser previstos em lei.
§ 5º O imposto a ser pago por substituição tributária, na hipótese do inciso II do
caput, corresponderá à diferença entre o valor resultante da aplicação da alíquota
prevista para as operações ou prestações internas do Estado de destino sobre a
respectiva base de cálculo e o valor do imposto devido pela operação ou prestação
própria do substituto.
§ 6º Em substituição ao disposto no inciso II do caput, a base de cálculo em relação
às operações ou prestações subsequentes poderá ser o preço a consumidor final
usualmente praticado no mercado considerado, relativamente ao serviço, à
mercadoria ou sua similar, em condições de livre concorrência, adotando-se para sua
apuração as regras estabelecidas no § 4º deste artigo.

   

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Comentário: Nos casos de retenção antecipada das operações subsequentes (ST para
frente) existem diversas formas para chegar a Base de Cálculo, sendo a regra geral
obtida pela fórmula:

BCST = (1+ MVA)x(BCICMS Próprio + encargos do adquirente)

Uma vez obtida a Base de Cálculo, deve-se prosseguir com o cálculo do ICMSST através
de outra fórmula:

ICMSST = (alíquota x BCST) - ICMSPróprio

Quanto as demais opções para Base de Cálculo das operações subsequentes, podemos
esquematizar os conceitos da seguinte forma:

MVA REGRA  GERAL

USO  OBRIGATÓRIO  
PREÇO  FIXADO PELO  ESTADO,  
BCST CASO  EXISTA

(operações  subsequentes)
USO  FACULTATIVO  
PREÇO  SUGERIDO
PELO  ESTADO

USO  FACULTATIVO  
PAUTA  FISCAL
PELO  ESTADO

Apesar de o STJ ter afirmado ser ilegal a cobrança do ICMS com base no valor de pauta
os Estados utilizam normalmente (Súmula 431/STJ).

Art. 9º A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais


dependerá de acordo específico celebrado pelos Estados interessados.

   

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Comentário: Em regra o regime de ST só se aplica em operações internas. Entretanto


poderá ser implementado em operações interestaduais caso haja convênio ou protocolo
entre as unidades da Federação.

§ 1º A responsabilidade a que se refere o art. 6º poderá ser atribuída:


I - ao contribuinte que realizar operação interestadual com petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, em relação às
operações subsequentes;
II - às empresas geradoras ou distribuidoras de energia elétrica, nas operações
internas e interestaduais, na condição de contribuinte ou de substituto tributário, pelo
pagamento do imposto, desde a produção ou importação até a última operação, sendo
seu cálculo efetuado sobre o preço praticado na operação final, assegurado seu
recolhimento ao Estado onde deva ocorrer essa operação.
§ 2º Nas operações interestaduais com as mercadorias de que tratam os incisos I e
II do parágrafo anterior, que tenham como destinatário consumidor final, o imposto
incidente na operação será devido ao Estado onde estiver localizado o adquirente e
será pago pelo remetente.

Comentário: Nos parágrafos do artigo 9º o legislador apenas citou alguns contribuintes


que possuem legitimidade para assumir a condição de substituto tributário. Este rol não
é taxativo mas apenas exemplificativo pois a legislação tributária estadual poderá
atribuir esta condição a outros contribuintes.

Art. 10. É assegurado ao contribuinte substituído o direito à restituição do valor do


imposto pago por força da substituição tributária, correspondente ao fato gerador
presumido que não se realizar.
§ 1º Formulado o pedido de restituição e não havendo deliberação no prazo de
noventa dias, o contribuinte substituído poderá se creditar, em sua escrita fiscal, do
valor objeto do pedido, devidamente atualizado segundo os mesmos critérios
aplicáveis ao tributo.
§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, sobrevindo decisão contrária irrecorrível, o
contribuinte substituído, no prazo de quinze dias da respectiva notificação, procederá
ao estorno dos créditos lançados, também devidamente atualizados, com o
pagamento dos acréscimos legais cabíveis.

Comentário: A lei Kandir autorizou a restituição ao substituído (não ao substituto) do


valor do ICMS pago antecipadamente pelo substituto nos casos em que o fato gerador
presumido não se realizar. O substituído deve protocolar um pedido de restituição no
Fisco e aguardar 90 dias. Caso o Fisco não responda nada dentro desse prazo o
contribuinte substituído poderá se creditar do valor pleiteado na sua escrita fiscal.
Esse crédito não será eterno, absoluto. Se mesmo após os 90 dias a Fazenda se
pronunciar pela negativa do direito ao crédito então o contribuinte deverá, no prazo de
15 dias após ser notificado, proceder ao estorno dos créditos lançados.
Trata-se de um artigo polêmico com grandes discussões na jurisprudência do STF, uma
vez que a intenção deste material se limita a tornar a leitura da lei mais simples e
pontual, não aprofundarei neste tema mas ressalto que é fundamental conhecê-lo.

   

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Art. 11. O local da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto


e definição do estabelecimento responsável, é:
I - tratando-se de mercadoria ou bem:
a) o do estabelecimento onde se encontre, no momento da ocorrência do fato
gerador;
b) onde se encontre, quando em situação irregular pela falta de documentação fiscal
ou quando acompanhado de documentação inidônea, como dispuser a legislação
tributária;

Comentário: Via de regra, o local da operação está vinculado ao estabelecimento do


contribuinte que praticar o fato gerador. Entretanto, nos casos em que a mercadoria
estiver em situação irregular considera-se o local da ocorrência do FG onde a mercadoria
for encontrada pois se não há documentação fiscal, não há como o Fisco determinar
com exatidão o local de entrada ou saída destas mercadorias.

c) o do estabelecimento que transfira a propriedade, ou o título que a represente, de


mercadoria por ele adquirida no País e que por ele não tenha transitado;
§ 1º. O disposto na alínea c do inciso I não se aplica às mercadorias recebidas em
regime de depósito de contribuinte de Estado que não o do depositário.

Comentário: Existem situações que por questões logísticas a mercadoria não transita
pelo estabelecimento do contribuinte. Imagine que um contribuinte A adquira
mercadoria de outro contribuinte C e manda entregar diretamente em C. O fato de a
mercadoria não ter transitado por A não descaracteriza o fato gerador da saída fictícia
de A para C (afinal C comprou de A, que comprou de B e mandou entregar diretamente
a C) e o local será o do estabelecimento de A. Da mesma forma podemos ter uma
situação em que há troca de titularidade entre contribuintes do mesmo Estado mas a
mercadoria não circulou de fato, ou seja, ocorreu apenas a circulação jurídica. Se A
possuir mercadoria em um armazém geral no mesmo Estado e vendê-las para B e B
revolver deixar essas mercadorias no depósito o local será o estabelecimento que
transferiu a propriedade (A) e não o do armazém geral.
Situação diversa ocorre na hipótese do §1º pois se a empresa depositante da mercadoria
e o armazém geral (depositário) se encontram estabelecidos em Estados distintos a
regra da alínea c não será aplicada, sendo considerado como o local da operação o do
estabelecimento onde estiver depositada a mercadoria.

d) importado do exterior, o do estabelecimento onde ocorrer a entrada física;


e) importado do exterior, o do domicílio do adquirente, quando não estabelecido;
f) aquele onde seja realizada a licitação, no caso de arrematação de mercadoria ou
bem importados do exterior e apreendidos ou abandonados;

Comentário: No caso da importação de bens e mercadorias do exterior, o local da


operação é o domicílio/estabelecimento do adquirente, seja pessoa física ou jurídica. Na
alínea d, o importador possui um estabelecimento e ele será considerado como local da
operação. Já na alínea ‘e’ o importador não possui um estabelecimento e por isso o local
é o seu domicílio.
   

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Quando ocorre de um bem importado do exterior estar em situação irregular, ele será
apreendido e irá a leilão. Neste caso, o local da operação será o local em que se realizar
a licitação mesmo a mercadoria tendo sido apreendida ou abandonada em outro
local/Estado.

g) o do Estado onde estiver localizado o adquirente, inclusive consumidor final, nas


operações interestaduais com energia elétrica e petróleo, lubrificantes e combustíveis
dele derivados, quando não destinados à industrialização ou à comercialização;

Comentário: Nos casos de operações interestaduais com energia elétrica e petróleo,


lubrificantes e combustíveis dele derivados, quando estes não forem destinados à
industrialização ou à comercialização, temos que o local da operação beneficia sempre
o Estado destinatário, sendo definido como o local onde efetivamente ocorre o consumo
do produto.

h) o do Estado de onde o ouro tenha sido extraído, quando não considerado como
ativo financeiro ou instrumento cambial;
§ 2º. Para os efeitos da alínea h do inciso I, o ouro, quando definido como ativo
financeiro ou instrumento cambial, deve ter sua origem identificada.

Comentário: O ouro quando definido como ativo financeiro será imune ao ICMS e
quando for tratado como mercadoria estará sujeito à incidência do imposto, que será
devido ao Estado de onde o ouro foi extraído.

i) o de desembarque do produto, na hipótese de captura de peixes, crustáceos e


moluscos;

Comentário: O local onde as embarcações de pesca atracam para desembarcar os


peixes é considerado o local do fato gerador para a circulação das mercadorias,
independentemente de onde foi pescado o animal ou onde tenha domicilio o pescador.

II - tratando-se de prestação de serviço de transporte:


a) onde tenha início a prestação;
b) onde se encontre o transportador, quando em situação irregular pela falta de
documentação fiscal ou quando acompanhada de documentação inidônea, como
dispuser a legislação tributária;

Comentário: No caso dos serviços de transporte, também conhecido como frete, a


regra é que o local do fato gerador é onde se deu o início da prestação do serviço.
Assim como no caso de circulação de mercadoria, se o transporte estiver desacobertado
de documentação fiscal, o local da operação será onde se encontre o transportador.

c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese do inciso XIII do art. 12


e para os efeitos do § 3º do art. 13;

   

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Comentário: Na alínea c o legislador se referiu ao diferencial de alíquota para o frete,


que, no tocante a este valor, terá como local da operação o estabelecimento destinatário
do serviço.

III - tratando-se de prestação onerosa de serviço de comunicação:


a) o da prestação do serviço de radiodifusão sonora e de som e imagem, assim
entendido o da geração, emissão, transmissão e retransmissão, repetição, ampliação
e recepção;
b) o do estabelecimento da concessionária ou da permissionária que forneça ficha,
cartão, ou assemelhados com que o serviço é pago;
c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese e para os efeitos do inciso
XIII do art. 12;
c-1) o do estabelecimento ou domicílio do tomador do serviço, quando prestado por
meio de satélite;
d) onde seja cobrado o serviço, nos demais casos;
§ 6º Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, tratando-se de serviços não
medidos, que envolvam localidades situadas em diferentes unidades da Federação e
cujo preço seja cobrado por períodos definidos, o imposto devido será recolhido em
partes iguais para as unidades da Federação onde estiverem localizados o prestador
e o tomador.

Comentário: Quanto ao serviço de comunicação, fique atento as exceções. Para


facilitar, esquematizei da seguinte forma:

   

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LOCAL  DA  PRESTAÇÃO  


REGRA  GERAL
DO  SERVIÇO

ESTABELECIMENTO  DA  
COMUNICAÇÃO

FICHA,  CARTÃO  OU   CONCESSIONÁRIA  OU  


LOCAL  DA  

ONEROSA

ASSEMELHADOS PERMISSIONÁRIA  QUE  


FORNEÇA

ESTABELECIMENTO/  
SATÉLITE DOMICÍLIO  DO  
TOMADOR

IMPORTAÇÃO ESTABELECIMENTO/  
EXCEÇÕES DOMICÍLIO  DO  
COMUNICAÇÃO DESTINATÁRIO  

DIFAL ESTABELECIMENTO      
COMUNICAÇÃO DESTINATÁRIO

DIVIDIDO  EM  PARTES  


NÃO  MEDIDOS
IGUAIS ENTRE  UF  DO  
DIFERENTES  UF
PRESTADOR  E  DO  
PERÍODOS  DEFINIDOS
TOMADOR

§ 3º Para efeito desta Lei Complementar, estabelecimento é o local, privado ou


público, edificado ou não, próprio ou de terceiro, onde pessoas físicas ou jurídicas
exerçam suas atividades em caráter temporário ou permanente, bem como onde se
encontrem armazenadas mercadorias, observado, ainda, o seguinte:
I - na impossibilidade de determinação do estabelecimento, considera-se como tal o
local em que tenha sido efetuada a operação ou prestação, encontrada a mercadoria
ou constatada a prestação;
II - é autônomo cada estabelecimento do mesmo titular;
III - considera-se também estabelecimento autônomo o veículo usado no comércio
ambulante e na captura de pescado;
IV - respondem pelo crédito tributário todos os estabelecimentos do mesmo titular.
§ 4º. Vetado.

Comentário: São disposições legais com alta incidência em prova, fique atento!
É autônomo cada um dos estabelecimentos do mesmo titular para efeito de apuração
dos créditos, débitos e demais obrigações tributárias. Entretanto, se uma determinada
filial tiver apurado débito e não pagar as outras filiais e a matriz do mesmo titular
respondem por essa dívida de maneira solidária.

   

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§ 5º. Quando a mercadoria for remetida para armazém geral ou para depósito fechado
do próprio contribuinte, no mesmo Estado, a posterior saída considerar-se-á ocorrida
no estabelecimento do depositante, salvo se para retornar ao estabelecimento
remetente.

Comentário: Dispositivo muito importante! Quando contribuinte envia mercadoria para


seu depósito fechado ou armazém geral no próprio Estado a posterior saída desta
mercadoria será considerada como saída do próprio contribuinte e não do depósito
fechado/armazém geral, exceto no caso desta mercadoria estar retornando à origem.

Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:


I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro
estabelecimento do mesmo titular;
II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer
estabelecimento;
III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em
depósito fechado, no Estado do transmitente;
IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente,
quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;
V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal,
de qualquer natureza;
VI - do ato final do transporte iniciado no exterior;
VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio,
inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a
repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;
VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:
a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios;
b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa
de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei
complementar aplicável;
IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior;
X - do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior;
XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior
e apreendidos ou abandonados;
XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e
gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando
não destinados à comercialização ou à industrialização;
XIII - da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em
outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subsequente.
§ 1º Na hipótese do inciso VII, quando o serviço for prestado mediante pagamento
em ficha, cartão ou assemelhados, considera-se ocorrido o fato gerador do imposto
quando do fornecimento desses instrumentos ao usuário.

   

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§ 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo


depositário, de mercadoria ou bem importados do exterior deverá ser autorizada pelo
órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a exibição
do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho aduaneiro,
salvo disposição em contrário.
§ 3º Na hipótese de entrega de mercadoria ou bem importados do exterior antes do
desembaraço aduaneiro, considera-se ocorrido o fato gerador neste momento,
devendo a autoridade responsável, salvo disposição em contrário, exigir a
comprovação do pagamento do imposto.

Comentário: Artigo de suma importância, que é cobrado de forma literal nos exames.
Gostaria que você prestasse atenção aos casos relacionados a cartões telefônicos.
Repare que o fato gerador não ocorre quando você utiliza o cartão telefônico no orelhão
mas sim no momento do fornecimento do meio ao usuário final.
Perceba que os entrepostos aduaneiros só poderão liberar as mercadorias importadas
após a prova de pagamento (Documento de Arrecadação) mas caso haja decisão judicial
determinando a entrega do produto importado ao importador antes mesmo do
desembaraço o momento do FG fica antecipado para o ato da entrega deste.

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:


I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da
operação;
II - na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação, compreendendo
mercadoria e serviço;
VIII - na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a
entrada;

Comentário: Talvez esse seja o artigo mais confuso de toda a Lei Kandir, uma vez que
cada tipo de base de cálculo faz referência a um ou vários incisos do artigo 12.
Vejamos a tabela abaixo para tornar o assunto mais compreensível:

   

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HIPÓTESE BASE DE CÁLCULO


INCISO I
Saída de mercadoria de
estabelecimento de contribuinte,
ainda que para outro
estabelecimento
do mesmo titular
Transmissão a terceiro de
mercadoria depositada em armazém VALOR DA OPERAÇÃO
geral ou em depósito fechado, no
Estado do transmitente;
Transmissão de propriedade de
mercadoria, ou de título que a
represente, quando a mercadoria não
tiver transitado pelo estabelecimento
transmitente;
INCISO II
Fornecimento de alimentação, VALOR DA OPERAÇÃO,
bebidas e outras mercadorias por COMPREENDENDO
qualquer estabelecimento; MERCADORIA E SERVIÇO
INCISO VIII
Entrada no território do Estado de
lubrificantes e combustíveis líquidos e
gasosos derivados de petróleo e
VALOR DA OPERAÇÃO
energia elétrica oriundos de outro
Estado, quando não destinados à DE QUE DECORRER A ENTRADA
comercialização ou à industrialização;

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:


III - na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, o preço do serviço;
IV - no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12;
a) o valor da operação, na hipótese da alínea a;
b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da alínea b;

Comentário: O fornecimento de mercadorias com prestação de serviços possui uma


situação peculiar, vejamos:

1) Se incidir ICMS sobre serviço e mercadoria, o valor total da operação (valor do


serviço + valor da mercadoria).
2) Se incidir ICMS sobre a mercadoria e ISS sobre o serviço, somente o preço da
mercadoria.
3) Se incidir ISS sobre a mercadoria e sobre o serviço, zero.

   

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HIPÓTESE BASE DE CÁLCULO


INCISO III
Prestação de serviço de transporte VALOR DA OPERAÇÃO,
interestadual e intermunicipal e de COMPREENDENDO
comunicação; MERCADORIA E SERVIÇO
INCISO IV
Fornecimento de mercadoria com
prestação de serviços não
compreendidos na competência VALOR DA OPERAÇÃO
tributária dos Municípios;
Fornecimento de mercadoria com
prestação de serviços compreendidos
na competência tributária dos
Municípios e com indicação expressa PREÇO CORRENTE DA
de incidência do imposto de MERCADORIA FORNECIDA OU
competência estadual; EMPREGADA

ICMS àMERCADORIAS
ISS à SERVIÇO

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:


V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas:
a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação,
observado o disposto no art. 14;
b) imposto de importação;
c) imposto sobre produtos industrializados;
d) imposto sobre operações de câmbio;
e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras;
VI - na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço, acrescido, se
for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização;

Comentário: A regra para a base de cálculo na importação é acrescer quase todos os


custos incorridos.

   

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HIPÓTESE BASE DE CÁLCULO


INCISO V
VALOR DA MERCADORIA
+ I. IMPORTAÇÃO
+ IPI
Desembaraço aduaneiro de + IOF
mercadorias ou bens importados do +QUAISQUER OUTROS
exterior. IMPOSTOS, TAXAS E
CONTRIBUIÇÕES
+DESPESAS ADUANEIRAS.

INCISO VI
VALOR DA PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO
Recebimento, pelo destinatário, de
+
serviço prestado no exterior.
TODOS OS ENCARGOS
RELACIONADOS COM A SUA
UTILIZAÇÃO, SE FOR O CASO

Além destas disposições sobre a base de cálculo, você verá logo mais que o montante
do ICMS também é incluído na base de cálculo. Como a mercadoria veio de fora não há
ICMS embutido no valor apresentado pelo remetente, isso faz com que a importação
possua uma forma de cálculo diversa, mas como esse cálculo funciona?
Basta utilizar a fórmula abaixo:

BCIMP =

Por subtotal entende-se todas as parcelas da BC exceto o próprio ICMS, enquanto a


alíquota a ser utilizada é sempre a interna do local da operação para efeitos de cobrança
do imposto.

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:


VII - no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor dos
impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas
cobradas ou debitadas ao adquirente;

Comentário: Existem casos que mercadorias importadas vão a leilão, seja por
apreensão, seja por abandono. Quem arrematar a mercadoria nesses leilões deve pagar
o ICMS e em sua BC deve figurar tanto o IPI quanto o II, assim como demais despesas
que vierem a ser cobradas do arrematante por ocasião do leilão.

   

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HIPÓTESE BASE DE CÁLCULO


INCISO VII
VALOR DA MERCADORIA
Aquisição em licitação pública de + I. IMPORTAÇÃO
mercadorias ou bens importados do + IPI
exterior e apreendidos ou + VALOR DA OPERAÇÃO
abandonados DE TODAS AS DESPESAS
COBRADAS OU DEBITADAS AO
ADQUIRENTE

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:


IX - na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de
origem.
Comentário: Tratemos agora do diferencial alíquota (DIFAL) para serviços. Sempre
que um serviço for iniciado em outro Estado e não for vinculado a uma outra operação
a ser realizada subsequentemente, caberá o DIFAL e a BC será o valor da operação.
Apesar de a redação do inciso XIII do art. 12 considerar que ocorrerá o DIFAL apenas
quando da utilização de serviço iniciado em outro Estado por contribuinte, a EC 87/2015
trouxe mudanças e incluiu o DIFAL também para o não contribuinte!

HIPÓTESE BASE DE CÁLCULO


INCISO IX
Utilização, por contribuinte, de
serviço cuja prestação se tenha VALOR DA PRESTAÇÃO NO
iniciado em outro Estado e não esteja ESTADO DE ORIGEM
vinculada a operação ou prestação
subsequente;

§ 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput


deste artigo:
I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação
para fins de controle;
II - o valor correspondente a:
a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como
descontos concedidos sob condição;

   

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b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e
ordem e seja cobrado em separado.

Comentário: Chegou a hora de explicar melhor o tema que mencionei ao falar da base
de cálculo da importação. Por força do inciso I deste parágrafo temos que o ICMS é
considerado como um imposto “por dentro”, o que significa que o valor do tributo já se
encontra embutido no valor das mercadorias.
É por isso que se determinada empresa vende uma mercadoria por R$ 1.000,00 com
ICMS de 12% o valor do ICMS é de R$ 120,00, sendo que este já está embutido no
valor total da operação. Ou seja, R$ 880,00 é o valor do celular e R$ 120,00 equivale
ao montante devido a título de ICMS.
Como já explicado, o disposto no inciso I também se aplica a importação, contudo deve
ser utilizada a fórmula mencionada nos comentários do inciso V a fim de obtermos a
base de cálculo que será multiplicada pela alíquota cabível.
Além do montante do próprio imposto, também integra a base de cálculo as
importâncias de seguros, juros, fretes e descontos concedidos sob condição, sendo
necessária uma atenção especial para estes dois últimos.
O frete possui uma situação peculiar porque o dispositivo afirma que ele só integrará a
base de cálculo nos casos em que o transporte tenha sido efetuado pelo próprio
remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado separado. Deste modo, nos casos
em que o transporte tenha sido efetuado pelo próprio destinatário ou por pessoa
contratada por sua conta e ordem, não possuindo qualquer relação com o remetente,
estaremos diante de hipótese em que não será possível integrar a base de cálculo
própria do remetente.
Quanto aos descontos é importante que você saiba diferenciar o desconto condicional
(sob condição) do desconto incondicional (sem condição de implemento).
Desconto condicional é aquele dado com uma obrigação futura, uma condição futura
como por exemplo conceder 10% de desconto se o boleto for pago até determinado dia.
Desconto incondicional é aquele dado pela simples vontade do vendedor sem condição
imposta ao comprador.

Desconto   • Não integra  a  


Incondicional BC  do  ICMS

Desconto   • Integra a  BC  


Condicional do  ICMS

   

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§ 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre Produtos


Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a
produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de
ambos os impostos.

Comentário: Trata-se do mesmo dispositivo previsto no artigo 155, §2º, inciso XI, da
Constituição Federal. Podemos esquematizá-lo da seguinte forma:

Industrialização  
ou  
Comercialização

+
IPI  não  integra   Entre  
BC  do  ICMS contribuintes

+
FG  dos  2  
impostos

§ 3º No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da aplicação do


percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o
valor ali previsto.

Comentário: Quando estivermos falando do DIFAL o imposto será calculado pela


diferença entre a alíquota interna e a interestadual. Se por exemplo a alíquota de destino
for de 18% e a interestadual for de 12% teremos 6% a título de DIFAL (18% - 12%).

§ 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado,


pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é:
I - o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria;
II - o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matéria-
prima, material secundário, mão-de-obra e acondicionamento;
III - tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente no
mercado atacadista do estabelecimento remetente.

   

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Comentário: A lei Kandir estabeleceu o valor das operações interestaduais de


transferência de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular. Veja o
esquema:

Entrada  mais  
Comerciante
recente

Operação  
interestadual  entre   Industrial Custo  de  produção
mesmo  titular  

Preço  corrente  do  


Produtor atacado  (remetente)

§ 5º Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de


contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da
prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou
do prestador.

Comentário: Existem certos contratos que possuem previsão de reajuste do preço


mesmo após a saída da mercadoria. Nesses casos, em se tratando de operações
interestaduais, deve-se emitir uma nova nota fiscal para complementar o imposto e
recolher a diferença no estabelecimento do remetente.

Art. 14. O preço de importação expresso em moeda estrangeira será convertido em


moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no cálculo do imposto de
importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior se houver variação da
taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço.
Parágrafo único. O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do
imposto de importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o preço declarado.

Comentário: Na importação o produto chega valorado em moeda estrangeira (dólar,


normalmente) e por isso devemos convertê-lo para a moeda nacional.
Para essa conversão deve-se utilizar a mesma taxa utilizada no cálculo do Imposto de
Importação, sem qualquer alteração posterior por variação do câmbio até a data do
pagamento.

   

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Art. 15. Na falta do valor a que se referem os incisos I e VIII do art. 13, a base de
cálculo do imposto é:
I - o preço corrente da mercadoria, ou de seu similar, no mercado atacadista do local
da operação ou, na sua falta, no mercado atacadista regional, caso o remetente seja
produtor, extrator ou gerador, inclusive de energia;
II - o preço FOB estabelecimento industrial à vista, caso o remetente seja industrial;
III - o preço FOB estabelecimento comercial à vista, na venda a outros comerciantes
ou industriais, caso o remetente seja comerciante.
§ 1º Para aplicação dos incisos II e III do caput, adotar-se-á sucessivamente:
I - o preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais
recente;
II - caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço corrente da
mercadoria ou de seu similar no mercado atacadista do local da operação ou, na falta
deste, no mercado atacadista regional.
§ 2º Na hipótese do inciso III do caput, se o estabelecimento remetente não efetue
vendas a outros comerciantes ou industriais ou, em qualquer caso, se não houver
mercadoria similar, a base de cálculo será equivalente a setenta e cinco por cento do
preço de venda corrente no varejo.
Art. 16. Nas prestações sem preço determinado, a base de cálculo do imposto é o
valor corrente do serviço, no local da prestação.

Comentário: Existem situações em que o preço da mercadoria ou do serviço é


desconhecido, seja por não estar destacado na nota ou seja por qualquer outro motivos.
Faz-se necessário, portanto, estipular um preço para que seja realizada a cobrança do
ICMS.

   

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Art. 17. Quando o valor do frete, cobrado por estabelecimento pertencente ao mesmo
titular da mercadoria ou por outro estabelecimento de empresa que com aquele
mantenha relação de interdependência, exceder os níveis normais de preços em
vigor, no mercado local, para serviço semelhante, constantes de tabelas elaboradas
pelos órgãos competentes, o valor excedente será havido como parte do preço da
mercadoria.
Parágrafo único. Considerar-se-ão interdependentes duas empresas quando:
I - uma delas, por si, seus sócios ou acionistas, e respectivos cônjuges ou filhos
menores, for titular de mais de cinquenta por cento do capital da outra;
II - uma mesma pessoa fizer parte de ambas, na qualidade de diretor, ou sócio com
funções de gerência, ainda que exercidas sob outra denominação;
III - uma delas locar ou transferir a outra, a qualquer título, veículo destinado ao
transporte de mercadorias.

Comentário: Na tentativa de burlar o Fisco, algumas empresas transferem o preço das


mercadorias para o preço do frete para com isso pagar menos imposto uma vez que
normalmente a alíquota do frete é inferior às alíquotas de mercadorias. Entretanto,
quando essas empresas são consideradas interdependentes e o valor do frete exceder
níveis normais este (o frete) será incorporado ao valor da mercadoria.

   

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É importante gravar as regras que permitem considerar as empresas como


interdependentes, no parágrafo único. Repare que não estão inclusas, por exemplo,
contratos de franquia, exclusividade e/ou representação.

Art. 18. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o
valor ou o preço de mercadorias, bens, serviços ou direitos, a autoridade lançadora,
mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam
omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os
documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado,
ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou
judicial.

Comentário: O arbitramento é uma técnica muito comum utilizada pelos Estados. Toda
vez que o auditor verificar que um determinado documento fiscal é inidôneo ou ocorra
omissão, por exemplo, deverá arbitrar o valor para as mercadorias de acordo com as
técnicas previstas na legislação de cada Estado.

Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas
anteriores pelo mesmo ou por outro Estado.
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito
passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de
que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o
recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de
comunicação.
§ 1º Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços
resultantes de operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se refiram
a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento.
§ 2º Salvo prova em contrário, presumem-se alheios à atividade do estabelecimento
os veículos de transporte pessoal.

Comentário: A não cumulatividade é o atributo mais importante do ICMS, estando


enxerto no próprio texto constitucional. Quando há entrada de mercadoria em
estabelecimento o adquirente tem direito ao crédito do ICMS destacado na nota fiscal.
Quando a mercadoria sai do estabelecimento a empresa tem um débito de ICMS. Esse
débito e esse crédito são compensados (débitos – créditos), gerando-se um valor a ser
recolhido aos cofres públicos (caso débitos superem os créditos) ou um valor de saldo
a ser passado para o mês seguinte (caso créditos superem os débitos). Assim, se a
empresa apurou um débito de ICMS de R$ 100 e um crédito de R$ 20, deverá recolher
aos cofres públicos efetivamente R$ 80. Por outro lado, se apurou R$ 20 de débito e R$
100 de crédito ficará com um crédito de R$ 80 para a apuração subsequente.
O direito ao crédito referente às operações anteriores de aquisição dos produtos está
vinculado a algumas obrigações acessórias, como, por exemplo, a regular escrituração
destes créditos pelo contribuinte.

   

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Além do princípio da não cumulatividade, temos que os parágrafos 1º e 2º contém


hipóteses de vedação ao creditamento do tributo.
Se a mercadoria veio amparada por isenção ou não tributação o destaque do ICMS nem
chegou a ocorrer, não podendo, portanto, dar direito à crédito (não houve ICMS na
entrada). Da mesma forma, ativos que não possuem relação com a atividade fim do
estabelecimento também não geram direito a crédito.

§ 3º É vedado o crédito relativo a mercadoria entrada no estabelecimento ou a


prestação de serviços a ele feita:
I - para integração ou consumo em processo de industrialização ou produção rural,
quando a saída do produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto,
exceto se tratar-se de saída para o exterior;
II - para comercialização ou prestação de serviço, quando a saída ou a prestação
subsequente não forem tributadas ou estiverem isentas do imposto, exceto as
destinadas ao exterior.
§ 4º Deliberação dos Estados, na forma do art. 28, poderá dispor que não se aplique,
no todo ou em parte, a vedação prevista no parágrafo anterior.

Comentário: Excetuados os casos em que há deliberações dos Estados através de


Convênio CONFAZ ou forem destinadas mercadorias para o exterior, é vedado aos
estabelecimentos que se aproveitem de créditos de mercadorias adquiridas que forem
consumidas em processo de industrialização ou produção rural cuja saída não gere
débito do imposto.
Se a operação subsequente não for tributada (isenção, imunidade ou não-incidência),
isto é, se não houver cobrança de imposto na operação seguinte, não se deve realizar
o creditamento e, se por algum motivo ele tenha sido feito, deverá ser estornado já que
não existe razão para compensar, exceto nas exportações e nos casos expressos em
que a legislação estadual permitir. Este tema foi trazido pela própria CF/88 em seu
artigo 155, § 2º, inciso II.

§ 5º Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente aos créditos


decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês, devendo a
primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
II – em cada período de apuração do imposto, não será admitido o creditamento de
que trata o inciso I, em relação à proporção das operações de saídas ou prestações
isentas ou não tributadas sobre o total das operações de saídas ou prestações
efetuadas no mesmo período;
III – para aplicação do disposto nos incisos I e II deste parágrafo, o montante do
crédito a ser apropriado será obtido multiplicando-se o valor total do respectivo
crédito pelo fator igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da relação entre o valor das
operações de saídas e prestações tributadas e o total das operações de saídas e
prestações do período, equiparando-se às tributadas, para fins deste inciso, as saídas
e prestações com destino ao exterior ou as saídas de papel destinado à impressão de
livros, jornais e periódicos;

   

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IV – o quociente de um quarenta e oito avos será proporcionalmente aumentado ou


diminuído, pro rata die, caso o período de apuração seja superior ou inferior a um
mês;
V – na hipótese de alienação dos bens do ativo permanente, antes de decorrido o
prazo de quatro anos contado da data de sua aquisição, não será admitido, a partir
da data da alienação, o creditamento de que trata este parágrafo em relação à fração
que corresponderia ao restante do quadriênio;
VI – serão objeto de outro lançamento, além do lançamento em conjunto com os
demais créditos, para efeito da compensação prevista neste artigo e no art. 19, em
livro próprio ou de outra forma que a legislação determinar, para aplicação do
disposto nos incisos I a V deste parágrafo;
VII – ao final do quadragésimo oitavo mês contado da data da entrada do bem no
estabelecimento, o saldo remanescente do crédito será cancelado.

Comentário: Com o intuito de incentivar o setor produtivo, a lei Kandir trouxe a


possibilidade de creditamento de operações com a aquisição de material para o ativo
permanente, porém impôs algumas regras. Quase todos os dispositivos acima são
resumidos em apenas uma fórmula:

A cada período de apuração o contribuinte deve realizar os cálculos da fórmula e achar


o valor a se creditar naquele período. Se determinado contribuinte adquiriu uma
máquina com ICMS de R$ 48.000 e teve no mês de abril R$ 500.000 em operações
tributadas, R$ 200.000 em operações isentas e R$ 300.000 de mercadoria exportada
totalizando R$ 1.000.000 temos os seguintes cálculos:
Crédito AP (abril) = 48.000 x 1/48 x (500.000 + 300.000/1.000.000) = 800.
Repare que, apesar de a exportação e as operações com papéis destinados à impressão
de livros, jornais e periódicos serem imunes (não tributadas), são consideradas ao lado
das operações tributadas para efeitos do crédito do ativo permanente.
Se a empresa que vinha se creditando de um ativo imobilizado o vender antes de
completar o prazo total de creditamento? Ora, é simples: ela deve parar de se creditar!
Agora suponha que ainda existam créditos após os 48 meses. O que se deve fazer?
Cancelá-los.

§ 6º Operações tributadas, posteriores a saídas de que trata o § 3º, dão ao


estabelecimento que as praticar direito a creditar-se do imposto cobrado nas
operações anteriores às isentas ou não tributadas sempre que a saída isenta ou não
tributada seja relativa a:
I - produtos agropecuários;
II - quando autorizado em lei estadual, outras mercadorias.

   

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Comentário: O §6º dispõe sobre hipóteses diferenciadas de creditamento e possibilita


uma situação peculiar relacionada às isenções ou saídas não tributadas.
Como se sabe, a regra geral impossibilidade a utilização de créditos quando a operação
for não tributada ou isenta. Todavia o §6º permite o resgate de créditos anteriores a
essa operação isenta ou não tributada. Vejamos o esquema abaixo para facilitar a
compreensão:

Art. 21. O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se tiver
creditado sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no estabelecimento:
I - for objeto de saída ou prestação de serviço não tributada ou isenta, sendo esta
circunstância imprevisível na data da entrada da mercadoria ou da utilização do
serviço;
II - for integrada ou consumida em processo de industrialização, quando a saída do
produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto;
III - vier a ser utilizada em fim alheio à atividade do estabelecimento;
IV - vier a perecer, deteriorar-se ou extraviar-se.
§ 2º Não se estornam créditos referentes a mercadorias e serviços que venham a ser
objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior ou de operações com o
papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos.

Comentário: Existem casos em que não podemos prever que a mercadoria sairá sem
tributação, como por exemplo nos casos de uma isenção superveniente.
Reforçando o dispositivo constitucional do art. 155, 2º, II, b, deve-se anular o crédito
da entrada. O mesmo deve ocorrer caso ela seja utilizada em um processo de
industrialização ou mesmo na utilização em um fim diverso da atividade do
estabelecimento.
Existem casos ainda em que a mercadoria sequer realiza uma saída posterior. São os
casos em que a mercadoria se deteriora, estraga ou perece, hipóteses em que o crédito
de entrada também deverá ser estornado.
Além dos casos de estorno, a lei Kandir também trouxe benefícios para o contribuinte
   

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ao dispor sobre exceções para a manutenção do crédito. Quando se tratar de


exportações ou de operações com papéis destinados à impressão de livros, jornais e
periódico o crédito é mantido, não importa o que ocorra.

Saída  não  tributada/Isenta


Imprevisível  na  entrada

Interação/Consumo  na  industrialização


+
Saída  não  tributada  do  produto  resultante
ESTORNO
Fim  alheio  à  atividade

Perecer/Deteriorar/Extraviar

Art. 23. O direito de crédito, para efeito de compensação com débito do imposto,
reconhecido ao estabelecimento que tenha recebido as mercadorias ou para o qual
tenham sido prestados os serviços, está condicionado à idoneidade da documentação
e, se for o caso, à escrituração nos prazos e condições estabelecidos na legislação.
Parágrafo único. O direito de utilizar o crédito extingue-se depois de decorridos cinco
anos contados da data de emissão do documento.

Comentário: O contribuinte só tem direito de se creditar de um crédito destacado em


uma nota fiscal até cinco anos contados da data de sua emissão. Repare que não são 5
anos da entrada da mercadoria ou da saída da mercadoria: são cinco anos da data de
emissão da Nota Fiscal.

   

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Art. 24. A legislação tributária estadual disporá sobre o período de apuração do


imposto. As obrigações consideram-se vencidas na data em que termina o período de
apuração e são liquidadas por compensação ou mediante pagamento em dinheiro
como disposto neste artigo:
I - as obrigações consideram-se liquidadas por compensação até o montante dos
créditos escriturados no mesmo período mais o saldo credor de período ou períodos
anteriores, se for o caso;
II - se o montante dos débitos do período superar o dos créditos, a diferença será
liquidada dentro do prazo fixado pelo Estado;
III - se o montante dos créditos superar os dos débitos, a diferença será transportada
para o período seguinte.

Comentário: Dispositivo simples e de suma importância para o entendimento da


sistemática de não cumulatividade. Como já falamos, existem 3 resultados possíveis
para a apuração do imposto no período determinado pela legislação (normalmente
mensal):

1) Crédito superior ao débito à acumula-se crédito para o mês seguinte.


2) Débito superior ao crédito à recolhe a diferença aos cofres públicos.
3) Créditos iguais aos débito à não há transferência de crédito para mês seguinte
e também não há imposto a recolher.

Art. 25. Para efeito de aplicação do disposto no art. 24, os débitos e créditos devem
ser apurados em cada estabelecimento, compensando-se os saldos credores e
devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito passivo localizados no Estado.
§ 1º Saldos credores acumulados a partir da data de publicação desta Lei
Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações de que
tratam o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas
saídas representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento:
I - imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado;
II - havendo saldo remanescente, transferidos pelo sujeito passivo a outros
contribuintes do mesmo Estado, mediante a emissão pela autoridade competente de
documento que reconheça o crédito.

Comentário: Em virtude da autonomia dos estabelecimentos conferida pela lei, temos


que a apuração do débito x crédito também deverá ser realizada de maneira
individualizada.
Ocorre que, embora a apuração seja individualizada a lei Kandir autoriza que o
pagamento seja realizado por compensação entre saldos credores e devedores dos
estabelecimentos do mesmo titular. Todavia preste muita atenção à exigência do
legislador: no caso de uma filial A ter apurado crédito e uma filial B ter apurado débito,
eles só podem se compensar se estiverem localizados dentro do mesmo Estado.
Você lembra que os créditos decorrentes de exportação não precisam ser estornados?
É um ótimo incentivo mas de que adiantaria uma empresa exportadora ficar acumulando
crédito indefinidamente e não conseguir utilizá-los? Foi pensando neste ponto que o
inciso I previu que os saldos credores acumulados de exportadores podem ser

   

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transferidos a qualquer estabelecimento da empresa no Estado. Caso após essas


transferências ainda reste saldo pode o exportador transferir créditos para outros
contribuintes mediante o reconhecimento do crédito pelo Fisco.

§ 2º Lei estadual poderá, nos demais casos de saldos credores acumulados a partir
da vigência desta Lei Complementar, permitir que:
I - sejam imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado;
II - sejam transferidos, nas condições que definir, a outros contribuintes do mesmo
Estado.

Comentário: Além da transferência dos saldos credores acumulados por operações de


exportação podem leis estaduais também permitir a transferência de outros saldos
credores acumulados.

Art. 26. Em substituição ao regime de apuração mencionado nos arts. 24 e 25, a lei
estadual poderá estabelecer:
I - que o cotejo entre créditos e débitos se faça por mercadoria ou serviço dentro de
determinado período;
II - que o cotejo entre créditos e débitos se faça por mercadoria ou serviço em cada
operação;
III - que, em função do porte ou da atividade do estabelecimento, o imposto seja
pago em parcelas periódicas e calculado por estimativa, para um determinado
período, assegurado ao sujeito passivo o direito de impugná-la e instaurar processo
contraditório.
§ 1º Na hipótese do inciso III, ao fim do período, será feito o ajuste com base na
escrituração regular do contribuinte, que pagará a diferença apurada, se positiva;
caso contrário, a diferença será compensada com o pagamento referente ao período
ou períodos imediatamente seguintes.
§ 2º A inclusão de estabelecimento no regime de que trata o inciso III não dispensa
o sujeito passivo do cumprimento de obrigações acessórias.

Comentário: Existem situações especiais em que o Fisco pode determinar que a


apuração do ICMS (débito x crédito) seja realizada de maneira distinta da normal.
A regra é que as empresas somem todos os créditos e todos os débitos de todas as
mercadoria e serviços de um determinado período para achar o resultado. Entretanto,
prevê a lei Kandir que esse cotejo possa ser realizado segregado por mercadoria ou
serviço a cada operação ou por um determinado período de tempo (diário por exemplo).

   

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Art. 27. (VETADO)


Art. 28.(VETADO)
Art. 29. (VETADO)
Art. 30.(VETADO)
Art. 31. Nos exercícios financeiros de 2003 a 2006, a União entregará mensalmente
recursos aos Estados e seus Municípios, obedecidos os montantes, os critérios, os
prazos e as demais condições fixadas no Anexo desta Lei Complementar.
§ 1º Do montante de recursos que couber a cada Estado, a União entregará,
diretamente:
I - setenta e cinco por cento ao próprio Estado; e
II - vinte e cinco por cento aos respectivos Municípios, de acordo com os critérios
previstos no parágrafo único do art. 158 da Constituição Federal.
§ 2º Para atender ao disposto no caput, os recursos do Tesouro Nacional serão
provenientes:
I - da emissão de títulos de sua responsabilidade, ficando autorizada, desde já, a
inclusão nas leis orçamentárias anuais de estimativa de receita decorrente dessas
emissões, bem como de dotação até os montantes anuais previstos no Anexo, não se
aplicando neste caso, desde que atendidas as condições e os limites globais fixados
pelo Senado Federal, quaisquer restrições ao acréscimo que acarretará no
endividamento da União;
II - de outras fontes de recursos.
§ 3º A entrega dos recursos a cada unidade federada, na forma e condições
detalhadas no Anexo, especialmente no seu item 3, será satisfeita, primeiro, para
efeito de pagamento ou compensação da dívida da respectiva unidade, inclusive de
sua administração indireta, vencida e não paga junto à União, bem como para o
ressarcimento à União de despesas decorrentes de eventuais garantias honradas de
operações de crédito externas. O saldo remanescente, se houver, será creditado em
moeda corrente.
§ 4º A entrega dos recursos a cada unidade federada, na forma e condições
detalhadas no Anexo, subordina-se à existência de disponibilidades orçamentárias
consignadas a essa finalidade na respectiva Lei Orçamentária Anual da União,
inclusive eventuais créditos adicionais.
§ 5º Para efeito da apuração de que trata o art. 4º da Lei Complementar nº 65, de
15 de abril de 1991, será considerado o valor das respectivas exportações de produtos
industrializados, inclusive de semi-elaborados, não submetidas à incidência do
imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, em 31 de
julho de 1996.

Comentário: A Lei Kandir é uma norma que teve diversos dispositivos de caráter
transitório, sendo inaplicáveis no atual ordenamento jurídico. Os dispositivos acima não
possuem mais aplicação.

   

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Art. 32. A partir da data de publicação desta Lei Complementar:


I - o imposto não incidirá sobre operações que destinem ao exterior mercadorias,
inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, bem como
sobre prestações de serviços para o exterior;
II - darão direito de crédito, que não será objeto de estorno, as mercadorias entradas
no estabelecimento para integração ou consumo em processo de produção de
mercadorias industrializadas, inclusive semi-elaboradas, destinadas ao exterior;
III - entra em vigor o disposto no Anexo integrante desta Lei Complementar.

Comentário: Como vimos a partir da EC 42/03 toda exportação se tornou imune. No


que tange ao inciso III, o Anexo trata de uma disposição transitória de 2003 a 2006,
sem aplicabilidade hoje.

Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:


I – somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao uso ou consumo
do estabelecimento nele entradas a partir de 1º de janeiro de 2020;

Comentário: Dentre os artigos da parte final, o artigo 33 merece destaque especial por
tratar de disposições específicas sobre o creditamento.
A mercadoria de uso e consumo mencionada pela lei são os bens que não integram o
produto final e não são utilizados em atividades que façam parte no processo produtivo
ou de comercialização como por exemplo materiais de escritório e materiais de limpeza.
Essas mercadorias que tenham por destinação o uso e consumo só gerarão direito ao
crédito a partir de 2020, regra que vem sendo constantemente postergada. Inicialmente
a lei Kandir previa a utilização de crédito para materiais de uso e consumo em 1998
mas depois postergou para 2000, 2003, 2007 e 2011 para então, em 2010, postergar
para 2020.

II – somente dará direito a crédito a entrada de energia elétrica no estabelecimento:


a) quando for objeto de operação de saída de energia elétrica;
b) quando consumida no processo de industrialização
c) quando seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o exterior,
na proporção destas sobre as saídas ou prestações totais;
d) a partir de 1º de janeiro de 2020 nas demais hipóteses;

Comentário: As operações com energia elétrica possuem um tratamento especial


quanto ao crédito. Assim como as mercadorias para uso ou consumo, a lei Kandir sofreu
diversas alterações quanto a possibilidade de utilização de créditos em operações com
energia elétrica.

1) A partir de 2020 à elas terão o mesmo tratamento para qualquer tipo de operação:
darão direito ao crédito assim como as mercadorias para uso e consumo.

2) Antes de 2020 à Só darão direito a crédito em 3 situações específicas.

   

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Vejamos o tema de forma esquematizada:

Saída  de  energia  elétrica

Consumo  no  processo  de  


industrialização
Creditamento  
de  Energia  
Elétrica
Saída  em  exportação  
(proporcional)

A  partir  de  2020,  qualquer  


operação

III - somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao ativo permanente


do estabelecimento, nele entradas a partir da data da entrada desta Lei
Complementar em vigor.

Comentário: Mais um dispositivo que ficou sem efeito uma vez que hoje temos o
creditamento de mercadorias destinadas ao AP.

IV – somente dará direito a crédito o recebimento de serviços de comunicação


utilizados pelo estabelecimento:
a) ao qual tenham sido prestados na execução de serviços da mesma natureza.
b) quando sua utilização resultar em operação de saída ou prestação para o exterior,
na proporção desta sobre as saídas ou prestações totais; e
c) a partir de 1º de janeiro de 2020 nas demais hipóteses.

Comentário: O tratamento dado aos serviços de comunicação é bem parecido com o


do crédito para a energia elétrica. Hoje, só é possível o crédito se for realizado na
utilização de uma nova prestação de serviço (revenda) ou quando o serviço for utilizado
para realizar exportações, sendo o cálculo realizado de maneira proporcional da mesma
forma que a energia elétrica. Vale ressaltar que a partir de 2020 o crédito da
comunicação também será devido independentemente de qualquer outro fator.
   

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Saída  de  comunicação

Creditamento   Saída  em  exportação  


de   (proporcional)
Comunicação

A  partir  de  2020,  qualquer  


prestação

Art. 34. (VETADO)


Art. 35. As referências feitas aos Estados nesta Lei Complementar entendem-se
feitas também ao Distrito Federal.
Art. 36. Esta Lei Complementar entra em vigor no primeiro dia do segundo mês
seguinte ao da sua publicação, observado o disposto nos arts. 32 e 33 e no Anexo
integrante desta Lei Complementar.

Comentário: Por fim, a Lei Kandir segue o previsto na repartição de competências da


Constituição Federal e ressalta a aplicação da lei Kandir inclusive ao Distrito Federal.

ENCERRAMENTO
Chegamos ao final da nossa Lei Kandir Esquematizada e Comentada! Não deixem de ler
esta lei quantas vezes forem necessárias para que vocês consigam memorizar ao
máximo os seus dispositivos.

Esperamos que vocês tenham gostado do material e que, além disso, lhes seja útil na
jornada de estudos rumo à aprovação!
   

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