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PROCESSO

PENAL I

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Tópicos
INTERPRETAÇÃO DA LEI
PROCESSUAL PENAL

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Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território
brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República,
dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do
CPP Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86,
89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial
(Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº
130)
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos
processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais
que os regulam não dispuserem de modo diverso.
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▪Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da
territorialidade (CP, art. 5º) e da
extraterritorialidade incondicionada e
TERRITORIALIDADE X condicionada (CP, art. 7º),
EXTRATERRITORIALIDADE

▪ O Código de Processo Penal adota o princípio


da territorialidade ou da lex fori.

▪E isso por um motivo óbvio: a atividade


jurisdicional é um dos aspectos da soberania
nacional, logo, não pode ser exercida além
das fronteiras do respectivo Estado.
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▪ Assim, mesmo que um ato processual tenha que
ser praticado no exterior, v.g., citação, intimação,
interrogatório, oitiva de testemunha, etc., a lei
processual penal a ser aplicada é a do país onde
tais atos venham a ser realizados.
▪ Na mesma linha, aplica-se a lei processual
brasileira aos atos referentes às relações
jurisdicionais com autoridades estrangeiras que
devam ser praticados em nosso país, tais como
os de cumprimento de carta rogatória (CPP, arts.
783 e seguintes), homologação de sentença
estrangeira (CPP, arts. 787 e seguintes),
procedimento de extradição (Lei nº 13.445).
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▪ Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: Chefes de
governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e
membros das comitivas, embaixadores e suas famílias,
funcionários estrangeiros do corpo diplomático e suas família,
assim como funcionários de organizações internacionais em
serviço (ONU, OEA, etc.) gozam de imunidade diplomática, que
consiste na prerrogativa de responder no seu país de origem
CONVENÇÕES pelo delito praticado no Brasil.
▪ Não podem ser presas e nem julgadas pela autoridade do
país onde exercem suas funções, seja qual for o crime
praticado (CPP, art. 1º, inciso I).
▪ Cônsul: só goza de imunidade em relação aos crimes
funcionais
Crime de pedofilia supostamente praticado pelo Cônsul de
Israel no Rio de Janeiro, posicionou-se a Suprema Corte pela
inexistência de obstáculo à prisão preventiva, nos termos do
art. 41 da Convenção de Viena, pois os fatos imputados ao
paciente não guardavam pertinência com o desempenho das
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funções consulares.
▪ Art. 52, incisos I e II, da Constituição Federal:
compete privativamente ao Senado Federal
processar e julgar:
PRERROGATIVA ▪ Presidente e Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade, assim como os Ministros
DE FUNÇÃO de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
conexos com aqueles, bem como os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho
Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público, o Procurador-Geral da República e
o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade, observando-se, em relação ao
Presidente da República e aos Ministros de Estado, a
competência da Câmara dos Deputados para a
admissibilidade e a formalização da acusação.
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O art. 1º, inciso IV, do CPP, faz menção aos processos
da competência do tribunal especial (Constituição, art.
122, nº 17). Os artigos citados referem-se à
TRIBUNAL Constituição de 1937, sendo que esse tribunal especial
a que faz menção o inciso IV é o antigo Tribunal de
ESPECIAL Segurança Nacional, que já não existe mais, visto que
foi extinto pela Constituição de 1946.

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STF – ADPF nº 130/DF, Rel. Min. Carlos Britto,
30/04/2009

LEI DE IMPRENSA - Direito de resposta


- Responsabilidade penal do jornalista por entrevista

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1) Os crimes da competência originária dos
Tribunais possuem procedimento específico
previsto na Lei nº 8.038/90;
OUTRAS
2) As infrações de menor potencial ofensivo,
EXCEÇÕES assim compreendidas as contravenções penais
e crimes cuja pena máxima não seja superior a
02 (dois) anos, cumulada ou não com multa,
submetidos ou não a procedimento especial,
devem ser processadas e julgadas pelos
Juizados Especiais Criminais, pelo menos em
regra, com procedimento regulamentado pela
Lei nº 9.099/95;
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3) Os crimes falimentares também possuem
procedimento especial disciplinado na Lei nº
11.101/05 (arts. 183 a 188);
4) A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06)
também estabelece dispositivos processuais
penais específicos quanto às hipóteses de
violência doméstica e familiar contra a mulher;
5) A Lei de drogas (Lei nº 11.343/06) traz em
seu bojo um capítulo inteiro dedicado ao
procedimento penal, prevendo expressamente
a possibilidade de aplicação, subsidiária, do
Código de Processo Penal e da Lei de Execução
Penal (art. 48, caput).
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APLICAÇÃO
IMEDIATA Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á
(TEMPUS REGIT desde logo, sem prejuízo da validade dos
ACTUM) atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

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Do princípio tempus regit actum
derivam dois efeitos:

a) os atos processuais praticados sob a


vigência da lei anterior são considerados
válidos;

b) as normas processuais têm aplicação


imediata, regulando o desenrolar
restante do processo.

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1. Normas genuinamente processuais: são aquelas
que cuidam de procedimentos, atos processuais,
NORMAS técnicas do processo. A elas se aplica o art. 2º do CPP;
PROCESSUAIS,
PENAIS E HÍBRIDAS 2. Normas processuais materiais (mistas ou híbridas):
são aquelas que abrigam naturezas diversas, de
caráter penal e de caráter processual penal.
2.1. Normas penais são aquelas que cuidam do
crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos
da condenação e do direito de punir do Estado (v.g.,
causas extintivas da punibilidade).
2.2. Normas processuais penais são aquelas que
versam sobre procedimentos.
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2.3. Normas processuais materiais ou mistas:
NORMAS ultratividade da lei processual penal mista mais
benéfica.
PROCESSUAIS, ▪ 1ª Corrente: embora disciplinadas no CPP,
PENAIS E HÍBRIDAS dispõem sobre o conteúdo da pretensão
punitiva (direito de queixa, de representação,
prescrição e decadência, perdão, perempção,
etc.)
▪ 2ª Corrente: condições de procedibilidade,
meios de prova, liberdade condicional, prisão
preventiva, fiança, modalidade de execução da
pena e todas as demais normas que produzam
reflexos no direito de liberdade do agente.
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QUAL LEI SE APLICA a) Sistema da unidade processual: o processo, embora
possua diversos atos, é um corpo uno e indivisível, de
A PROCESSOS JÁ modo que somente pode ser regulado por uma única lei
→ aplica-se a lei antiga para todo o processo.
INICIADOS, MAS
NÃO FINALIZADOS?
b) Sistema das fases processuais: cada fase processual
pode ser regulada por uma lei diferente (fases
postulatória, ordinatória, instrutória, decisória e
recursal).;

c) Sistema do isolamento dos atos processuais: a lei nova


não atinge os atos processuais praticados sob a vigência
da lei anterior; a lei nova só tem aplicação perante o ato a
ser iniciado/pendente. É esse o sistema adotado pelo
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EXEMPLOS
PRÁTICOS
INTERROGATÓRIO
CPP - 1941 CPP - 2008

Art. 394. O juiz, ao receber a queixa ou Art. 400. Na audiência de instrução e


denúncia, designará dia e hora para o julgamento, a ser realizada no prazo
interrogatório, ordenando a citação do réumáximo de 60 (sessenta) dias, proceder-
e a notificação do Ministério Público e, se
se-á à tomada de declarações do
for caso, do querelante ou do assistente. ofendido, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa,
Art. 395. O réu ou seu defensor poderá, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
logo após o interrogatório ou no prazo de 222 deste Código, bem como aos
três dias, oferecer alegações escritas e esclarecimentos dos peritos, às
arrolar testemunhas. acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado. (Redação dada
pela Lei nº 11.719, de 2008).

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AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
CPP – 1941 CPP - 2008
SISTEMA PRESIDENCIALISTA SISTEMA CROSS EXAMINATION
Art. 212. As perguntas das partes serão Art. 212. As perguntas serão
requeridas ao juiz, que as formulará à formuladas pelas partes diretamente à
testemunha. O juiz não poderá recusar testemunha, não admitindo o juiz
as perguntas da parte, salvo se não aquelas que puderem induzir a
tiverem relação com o processo ou resposta, não tiverem relação com a
importarem repetição de outra já causa ou importarem na repetição de
respondida. outra já respondida. (Redação
dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

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PROTESTO POR NOVO JÚRI
CPP - 1941 CPP - 2008

Art. 607. O protesto por novo juri é


privativo da defesa, e somente se admitirá
quando a sentença condenatória for de
reclusão por tempo igual ou superior a
vinte anos, não podendo em caso algum
ser feito mais de uma vez.

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INDENIZAÇÃO NA SENTENÇA
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença “A Quinta Turma se manifestou no
condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de sentido de que a regra estabelecida
2008) pelo art. 387, IV, do Código de
Processo Penal, por ser de natureza
IV - fixará valor mínimo para reparação processual, deve ter aplicação
dos danos causados pela infração, imediata, inclusive a processos em
considerando os prejuízos sofridos pelo curso (fl. 2.141), incidindo aos
ofendido; (Redação dada pela Lei processos sentenciados após a
nº 11.719, de 2008). vigência da Lei n. 11.719/2008".
(AgRg nos EREsp Nº 1712846 / PR. Rel.
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR.
Julgamento: 13/2/2019. 3ª Seção. STJ).

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AÇÃO PENAL NOS CRIMES SEXUAIS
CP - 1940 CP – 2018

Art. 225 - Nos crimes definidos nos capítulos Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I
anteriores, somente se procede mediante e II deste Título, procede-se mediante ação
queixa. penal pública incondicionada. (Redação dada
pela Lei nº 13.718, de 2018)
Lei 12.015/2009
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I
e II deste Título, procede-se mediante ação
penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto,
mediante ação penal pública incondicionada se
a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa vulnerável.
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AÇÃO PENAL NO ESTELIONATO
CP - 1940 LEI Nº 13.964, DE 2019

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, § 5º Somente se procede mediante


vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo representação, salvo se a vítima for:
ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil, ou qualquer outro meio I - a Administração Pública, direta ou
fraudulento: indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou
incapaz.

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PRISÃO PREVENTIVA DE OFÍCIO
CPP - 1941 CPP - 2019

Art. 311. Em qualquer fase do Art. 311. Em qualquer fase da


inquérito policial ou da instrução investigação policial ou do processo
criminal, caberá a prisão preventiva, penal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz, de ofício, a decretada pelo juiz, a requerimento do
requerimento do Ministério Público, Ministério Público, do querelante ou
ou do querelante, ou mediante do assistente, ou por representação da
representação da autoridade policial, autoridade policial. (Redação dada
quando houver prova da existência do pela Lei nº 13.964, de 2019)
crime e indícios suficientes da autoria.

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REVISÃO PERIÓDICA DA PRISÃO PREVENTIVA
LEI ANTICRIME - 2019
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido
das partes, revogar a prisão preventiva se, no
correr da investigação ou do processo,
verificar a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão
preventiva, deverá o órgão emissor da decisão
revisar a necessidade de sua manutenção a
cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar
a prisão ilegal.

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▪ Enquanto a heterotópica possui uma
NORMAS determinada natureza (material ou processual),
em que pese estar incorporada a diploma de
caráter distinto, a norma processual mista ou
PROCESSUAIS híbrida apresenta dupla natureza, vale
dizer, material em uma determinada parte e
HETEROTÓPICAS processual em outra.
Ex: direito ao silêncio assegurado ao acusado em
seu interrogatório, o qual, apesar de previsto no
CPP (art. 186), possui caráter nitidamente
assecuratório de direitos (material).
Ex2: normas gerais que trataram da competência
da Justiça Federal, que, conquanto previstas no art.
109 da Carta Magna, que é um diploma material,
são dotadas de natureza evidentemente
processual.
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Art. 3º A lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento
dos princípios gerais de direito.

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▪ Para que se possa conhecer a exata amplitude da lei, o
intérprete necessita ampliar o seu campo de incidência.
▪ O que não se admite é a ampliação para casos em que a
lei evidentemente quis excluir.
INTERPRETAÇÃO ▪ É o que ocorre, a título de exemplo, com as hipóteses de
cabimento do RESE previstas no art. 581 do CPP.
EXTENSIVA Exemplo: na hipótese de recebimento da peça
acusatória, não se pode cogitar do cabimento do RESE, já
que ficou clara a intenção do legislador de só admitir o
recurso quando houver o não recebimento da inicial
acusatória.
Porém, como a lei prevê o cabimento de RESE contra a
decisão que não receber a denúncia ou a queixa (CPP,
art. 581, I), não há razão lógica para não se admitir o
cabimento do recurso também para a hipótese de rejeição
do aditamento.
Cuida-se, na verdade, de omissão involuntária do
legislador, que pode ser suprida pela interpretação
extensiva.
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Interpretação progressiva (adaptativa ou evolutiva) como
aquela que busca ajustar a lei às transformações sociais,
jurídicas, científicas e até mesmo morais que se sucedem no
tempo e que acabam por interferir na efetividade que
buscou o legislador com a edição de determinada norma
INTERPRETAÇÃO processual penal.
Exemplo: com o advento da CF, outorgando ao MP a defesa da
PROGRESSIVA ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis (CF, art. 127, caput), e à Defensoria
Pública a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos
necessitados (CF, art. 134), houve forte discussão quanto à
recepção do art. 68 do CPP, já que, ao promover a ação civil ex
delicto em favor de vítima pobre, o Ministério Público estaria
agindo em nome próprio na defesa de interesse alheio, de
natureza patrimonial e, portanto, disponível.
STF: inconstitucionalidade progressiva (ou temporária), ou
seja, de modo a viabilizar o direito à assistência jurídica e
judiciária dos necessitados, assegurado pela Constituição
Federal de 1988 (art. 5º, LXXIV), enquanto não houvesse a
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criação de Defensoria Pública na Comarca ou no Estado.
▪Na analogia, o caso a ser solucionado não está
compreendido na hipótese de incidência da regra
a ser aplicada.
▪ Exemplo: como o CPP nada dispõe acerca da
superveniência de lei processual alterando regras
ANALOGIA de competência, admite-se a aplicação subsidiária
do novo Código de Processo Civil, que dispõe
sobre a perpetuatio jurisdictionis em seu art. 43:
“Determina-se a competência no momento do
registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou
de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta”.
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▪ Diversamente da analogia, que é método de
integração, a interpretação analógica funciona como
método de interpretação.
INTERPRETAÇÃO ▪ Apesar de não ser explícita, a hipótese em que a
norma será aplicada está prevista no seu âmbito de
ANALÓGICA incidência (autointegração), já que o próprio
dispositivo legal faz referência à possibilidade de
aplicação de seu regramento a casos semelhantes aos
por ele regulamentados.
Art. 185, § 2º, do CPP: Excepcionalmente, o juiz, por decisão
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes,
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a
medida seja necessária para atender a uma das seguintes
finalidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)
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Norma processual mista versando sobre a pretensão punitiva,
não se pode admitir o emprego da analogia em prejuízo do
acusado, sob pena de violação ao princípio da legalidade.
Exemplo: Sucessão processual prevista no art. 31 do CPP.
ANALOGIA IN Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
MALAM PARTEM prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
▪ Art. 226, § 3º, da Constituição Federal (“Para efeito da
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento”), grande parte da
doutrina insere no rol dos sucessores o companheiro. Logo, a
ordem seria cônjuge (ou companheiro), ascendente,
descendente ou irmão.
▪ Todavia, não se pode incluir o companheiro nesse rol, para
fins penais, sob pena de indevida analogia in malam partem.
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APLICAÇÃO SUPLETIVA DO NOVO CPC
CPC CPP
Art. 219. Na contagem de Art. 798. Todos os prazos
prazo em dias, estabelecido correrão em cartório e serão
por lei ou pelo juiz, computar- contínuos e peremptórios, não
se-ão somente os dias úteis. se interrompendo por férias,
domingo ou dia feriado.

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CITAÇÃO POR HORA CERTA
CPC CPP
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, Art. 362. Verificando que o réu se
o oficial de justiça houver procurado o oculta para não ser citado, o oficial de
citando em seu domicílio ou residência justiça certificará a ocorrência e
sem o encontrar, deverá, havendo procederá à citação com hora certa, na
suspeita de ocultação, intimar forma estabelecida nos arts. 227 a 229
qualquer pessoa da família ou, em sua da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de
falta, qualquer vizinho de que, no dia 1973 - Código de Processo
útil imediato, voltará a fim de efetuar a Civil. (Redação dada pela Lei nº
citação, na hora que designar. 11.719, de 2008).

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QUESTÕES
PRÁTICAS
FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem
Unificado - XI - Primeira Fase
Em um processo em que se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz
Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arroizinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados
Unidos da América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano
realiza o interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O
advogado de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja declarado
nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o réu. Exclusivamente
sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está correta?
A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicadas fora do território nacional.
B) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras só se
aplicam no território nacional.
C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicadas em qualquer território.
D) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicas fora no território nacional.
FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem
Unificado - XXII - Primeira
Em 23 de novembro de 2015 (segunda feira), sendo o dia seguinte dia útil em todo o país, Técio,
advogado de defesa de réu em ação penal de natureza condenatória, é intimado da sentença
condenatória de seu cliente. No curso do prazo recursal, porém, entrou em vigor nova lei de
natureza puramente processual, que alterava o Código de Processo Penal e passava a prever que o
prazo para apresentação de recurso de apelação seria de 03 dias e não mais de 05 dias. No dia 30
de novembro de 2015, dia útil, Técio apresenta recurso de apelação acompanhado das respectivas
razões. Considerando a hipótese narrada, o recurso do advogado é
A) intempestivo, aplicando-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato), e o novo prazo
recursal deve ser observado.
B) tempestivo, aplicando-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato), e o antigo prazo
recursal deve ser observado.
C) intempestivo, aplicando-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato), e o antigo
prazo recursal deve ser observado.
D) tempestivo, aplicando-se o princípio constitucional da irretroatividade da lei mais gravosa, e o
antigo prazo recursal deve ser observado.
FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem
Unificado - XIX - Primeira Fase
João, no dia 2 de janeiro de 2015, praticou um crime de apropriação indébita majorada. Foi, então,
denunciado como incurso nas sanções penais do Art. 168, §1º, inciso III, do Código Penal. No curso
do processo, mas antes de ser proferida sentença condenatória, dispositivos do Código de Processo
Penal de natureza exclusivamente processual sofrem uma reforma legislativa, de modo que o rito a
ser seguido no recurso de apelação é modificado. O advogado de João entende que a mudança foi
prejudicial, pois é possível que haja uma demora no julgamento dos recursos. Nesse caso, após a
sentença condenatória, é correto afirmar que o advogado de João:
A) deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, pois se aplica ao caso o princípio da imediata
aplicação da nova lei.
B) não deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, em razão do princípio da irretroatividade
da lei prejudicial e de o fato ter sido praticado antes da inovação.
C) não deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, em razão do princípio da ultratividade da
lei.
D) deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, pois se aplica ao caso o princípio da
extratividade.
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