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Direito Internacional Público:

Tribunal Internacional de Justiça

Amílcar Mário QUINTA (2021)


marquinta@yahoo.com
Plano da Apresentação
1. Antecedentes 2. Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) versus
ONU 3. Composição 4. Competência 5. Acesso ao TIJ 6. Direito
aplicável
Antecedentes
 Necessidade de instituição de um sistema
permanente de justiça internacional:

 Tribunal Permanente de Arbitragem (1900 -


presente)
 Convenção de Haia sobre a Solução Pacífica
de Diferendos Internacionais (De 1899 e revista
em 1907)
 Sede: Haia (Holanda)

 Tribunal Permanente de Justiça Internacional


(1922 - 1946)
 Pacto da Sociedade das Nações (1922 - 1946)
 Sede: Haia. 3
TIJ Versus ONU

Art. 92.º da Carta da ONU


“O TIJ será o principal órgão judicial das Nações Unidas.
Funcionará de acordo com o Estatuto anexo, que é
baseado no Estatuto do Tribunal Permanente de Justiça
Internacional e forma parte integrante da presente Carta.”
 Foi instituído em Junho de 1945 e começou a
funcionar em Abril de 1946
 Tem uma dupla finalidade:
o Resolver, de acordo com o Direito
Internacional, os diferendos que lhe sejam
submetidos pelos Estados
o Emitir pareceres consultivos solicitados por
alguns órgãos e agências da Organiação das
Nações Unidas (ONU)
4
 Tem sede no Palácio de Justiça, em Haia.
Organograma da ONU
TIJ: Composição
TIJ: Composição
 15 Juízes
 Indicados pelos Grupos Nacionais/Regionais, sendo
até 4 por Grupo:
 África: 3
 América Latina e Caribe: 2
 Ásia: 3
 Europa do Leste: 2
 Europa Ocidental e outros Estados: 5
 Eleitos simultaneamente pela Assembleia Geral (AG) e
pelo Conselho de Segurança (CS)
 É eleito o candidato com a maioria absoluta de votos na
AG e no CS
6
 Exclusão do direito de veto no CS (8 votos afirmativos).
TIJ: Composição (2)
 Critérios de eleição dos juízes

 Idoneidade moral e competência técnica:


 Magistrados das mais altas instâncias judiciais dos
Estados
 Jurisconsultos em Direito Internacional
 Representação geográfica:
 Representação dos principais sistemas
jurídicos do mundo

 O Tribunal não pode ter mais do que um


nacional do mesmo Estado

 Existem, geralmente, juízes nacionais dos


Estados membros do CS.
TIJ: Composição (3)
 Mandato dos juízes: 9 anos renováveis

 Cada 3 anos são eleitos 5 novos juízes

 Os juízes são independentes

 Independência versus Juíz ad-hoc Art.


35.º - 37.º do Estatuto

 Remuneração anual: Salário ($ 166.596,00)

 Escrivão: Órgão administrativo do TIJ.


Ver Cap. I do Estatuto do TIJ
8
TIJ: Composição Actual
 Juiz Joan E. Denoghue – Presidente (Estados Unidos)
 Juiz Kirill Gevorgian – Vice-Presidente (Rússia)
 Juiz Xue Hanqin (China)
 Juiz Ronny Abraham - (França)
 Juiz Nawaf Salam (Líbano)
 Juiz Yuji Iwasawa (Japão)
 Juiz Julia Sebutinde (Uganda)
 Juiz Dalveer Bhandari (India)
 Juiz George Nolte (Alemanhã)
 Juiz Peter Tomka (Eslováquia)
 Juiz James Richard Crawford (Austrália)
 Juiz Mohamed Bennouna (Marrocos)
 Juiz Abdulqawi Ahmed Yusuf (Somália)
 Juiz António Augusto Cançado Trindade (Brasil)
 Juiz Patrick Lipton Robinson (Jamaica)
 Escrivão: Sr. Phillippe Couvreur (Bélgica).
TIJ: Competência
 O TIJ detem competência contenciosa e competência
consultiva
 COMPETÊNCIA CONTENCIOSA
 PARTES:
 Estados Membros da ONU (Art. 93.1 da Carta)
 Estados Não-Membros das Nações Unidas que
sejam parte do Estatuto do TIJ (Art. 93.2 da Carta)
 Estados Não-Membros da ONU que não sejam parte
do Estatuto do TIJ
 ACORDÃO:
 Obrigatório apenas para as partes litigantes (Art.
59.º da Carta)
 Definitivo e inapelável (Art. 60.º da Carta)
 Não cria precedente jurídico.
Ver Cap. II do Estatuto do TIJ 10
TIJ: Competência (2)
 O TIJ decide por maioria de votos
 Cada juíz pode emitir o seu ponto de vista por via de:
 Opinião dissidente: Desacordo (parcial ou total)
com a decisão
 Opinião individual: Desacordo (parcial ou total)
com a ratio decidendi do tribunal
 Declaração: Breve indicação de concordância ou
desacordo

 EXECUÇÃO DOS ACORDÃOS


 Os Estados devem respeitar as deliberações do TIJ (Art.
94.1 da Carta)
 O CS pode intervir na execução do cumprimento de
acordãos. (Art. 94.2 da Carta).
Ver Cap. II do Estatuto do11TIJ
12
TIJ: COMPETÊNCIA (3)

 COMPETÊNCIA CONSULTIVA
 Objecto: Questões de direito
 Natureza: O Tribunal emite Pareceres Consultivos
 Solicitante:
 Assembleia Geral, CS, outros órgãos e organismos
da ONU autorizados pela Assembleia Geral
Art. 96.º da Carta
 Não é extensiva aos Estados
 Juízes podem emitir opiniões dissidentes, opiniões
individuais e declarações
 Pareceres consultivos têm enorme peso legal e
doutrinal.
Ver Cap. II do Estatuto do TIJ 13
Acesso ao TIJ
 Intervenção do TIJ depende do
reconhecimento da sua jurisdição:

 Por força de um acordo especial

 Por força de uma cláusula jurisdicional

 Por força do efeito recíproco de


declarações feitas pelos Estados à luz do
Estatuto do TIJ (Cláusula Facultativa
de Jurisdição Obrigatória)
 Dos 193 Estados Membros da ONU,
74 reconhecem a jurisdição do TIJ. 14
Ver Art. 36.º do Estatuto
Acesso ao TIJ (2)
 Intervenção do TIJ Por força de uma cláusula
jurisdicional:
 N.º 1 do Art. 30.º da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra a Mulher (1979):
«As controvérsias entre dois ou mais Estados-partes, com
relação à interpretação ou aplicação da presente
Convenção, que não puderem ser dirimidas por meio de
negociação, serão, a pedido de um deles, submetidas à
arbitragem. Se, durante os seis meses seguintes à data
do pedido de arbitragem, as Partes não lograrem pôr-se
de acordo quanto aos termos do compromisso de
arbitragem, qualquer das Parte poderá submeter a
controvérsia ao Tribunal Internacional de Justiça,
mediante solicitação feita em conformidade com 15
o
Estatuto do Tribunal.»
Acesso ao TIJ (3)
 Condições de exercício da cláusula facultativa
de jurisdição obrigatória (CFJO):

 Condição de reciprocidade: Reconhecimento da


jurisdição do TIJ apenas em relação aos Estados
que aceitam a CFJO;

 Ausência de reciprocidade: Reconhecimento


genérico da jurisdição do TIJ em relação aos
demais Estados;

 Limitação do objecto do diferendo sujeito à


jurisdição do TIJ.
Ver Art. 36.º do Esta1t6uto
Acesso ao TIJ (4)
Nos termos do artigo 36.º, n.º 2 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça
declaro em nome do Governo português que Portugal reconhece a jurisdição
deste Tribunal como obrigatória ipso facto e sem acordo especial, conforme
disposto no referido n.º 2 do artigo 36.º e nas seguintes condições:
1. A presente declaração abrange litígios resultantes de factos tanto
anteriores como posteriores à declaração de aceitação da "cláusula
facultativa" que Portugal fez a 16 de Dezembro de 1920 enquanto parte
do Estatuto do Tribunal Permanente de Justiça Internacional;

2. A presente declaração entra em vigor no momento do seu depósito junto do


Secretário-Geral das Nações Unidas; será válida pelo período de um ano e daí
em diante até notificação da respectiva denúncia ao referido Secretário-Geral;

3. O Governo Português reserva-se o direito de excluir do âmbito da presente


declaração, a qualquer momento enquanto a mesma for válida, qualquer
categoria ou categorias de litígios, mediante notificação do Secretário-Geral
das Nações Unidas e com efeitos a partir do momento de tal notificação.

Lisboa, aos 18 de Fevereiro de 2005.


(Assinado) António Victor Martins Monteiro 17
Ministro dos Negócios Estrangeiros
Acesso ao TIJ (5)
On behalf of the Democratic Republic of Timor-Leste, I have
the honour to declare that the Democratic Republic of Timor-
Leste accepts as compulsory ipso facto and without special
agreement,
the jurisdiction of the International Court of Justice in conformity
with Article 36, paragraph 2, of the Statute of the Court, until
such time as notice may be given to terminate this acceptance.
This declaration is effective immediately.
The Government of the Democratic Republic of Timor-Leste
reserves the right at any time, by means of a notification
addressed to the Secretary-General of the United Nations, either
to amend the present declaration or to amend or withdraw an[y]
reservation that may hereafter be added.
Dili, 21 September 2012
(Signed) Kay Rala Xanana Gusmão
Prime Minister of the Democratic 18
Republic of Timor-Leste
Acesso ao TIJ (8)
On behalf of the Kingdom of Lesotho, I have the honour to
declare that
the Kingdom of Lesotho recognizes as compulsory ipso facto and
without special agreement, in relation to any other State which accepts
or has accepted the same obligation, the jurisdiction of the International
Court of Justice in all legal disputes referred to in paragraph 2 of Article
36 of the Statute of the International Court of Justice.
This Declaration does not apply to any dispute the solution of which the
parties thereto have agreed or shall agree to have recourse to other
means of peaceful settlement for its final and binding decision.
This Declaration shall remain in force until notice of its termination is
given.

Accept, Sir, the assurance of my highest consideration.

Dated at Maseru this 31st day of August, 2000.


(Signed) Motsoahae Thomas THABANE, 19
Minister of Foreign Affairs.
Acesso ao TIJ (9)
[…] In conformity with paragraph 2 of Article 36 of the Statue, the Government of
the Federal Republic of Nigeria
accepts as compulsory ipso facto and without special agreement, in relation to
any other State accepting the

same obligation, that is to say, on condition of reciprocity, the jurisdiction of the Court over all legal disputes
referred to in that paragraph of the Statute, other than:
(i) disputes in respect of which any party to the disputes has accepted the jurisdiction of the Court by a Declaration
deposited less than Twelve Months prior to the filing of an Application bringing the dispute before the Court after
the date of this Amended Declaration;
(ii) disputes in respect of which any party has filed an Application in substitution for or in lieu of all or any part of
any Application to which sub-paragraph (i) refers;
(iii) disputes relating to matters which are essentially within the domestic jurisdiction of the Federal Republic of
Nigeria;
(iv) disputes in respect of which any party to the dispute has accepted the jurisdiction of the Court in relation to or
for the purposes of the dispute;
(v) disputes in regard to which the parties have agreed or agree to have recourse to any other method of peaceful
settlement;
(vi) disputes relating to or connected with facts or situations of hostilities or armed conflict, whether internal or
international in character;
(vii) disputes with any State with which the Government of Nigeria does not have diplomatic relations;
(viii) disputes concerning the allocation, delimitation or demarcation of territory (whether land, maritime, lacustrine
or superjacent air space) unless the Government of Nigeria specially agrees to such jurisdiction and within the
limits of any such special agreement;
(ix) disputes in relation to matters which arose prior to the date of Nigeria's independence, including any dispute
the causes, origins or bases of which arose prior to that date.
Done at Abuja, this 29th day of April 1998. 20
(Signed) Chief Tom IKIMI, Hon. Minister of Foreign Affairs, Federal Republic of
Nigeria.
TIJ: Direito Aplicável
 Fontes de direito aplicáveis pelo TIJ:
 Convenções internacionais
 Costume internacional

 Princípios gerais de direito

 Jurisprudência

 Doutrina

 Equidade (Ex aequo et bono).


21
Art. 38.º do Estatuto
TIJ na Internet

 Carta da ONU: Disponível em


www.onuportugal.pt/cnu.html

 Estatuto do TIJ: Disponível em


www.onuportugal.pt/etij.html

 Regulamento do TIJ: Disponível em http://www.icj-


cij.org/homepage/sp/icjrules.php

 Página Web do TIJ: Disponível em www.icj-cij.org


22
BIBLIOGRAFIA
 ACCIOLY, HILDEBRANDO/CASSELA, PAULO BORBA/ NASCIMENTO E SILVA,
EULÁLIO GERALDO - Manual de Direito Internacional Público, 24.ª edição, Editora
Saraiva, S. Paulo, 2019.
 BACELAR GOUVEIA, JORGE.- Manual de Direito Internacional Público – Uma
Perspectiva de Língua Portuguesa, 5.ª edição, Almedina, Coimbra, 2017.
 BROWNLIE, IAN.- Princípios de Direito Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa,
1997.
 FRANÇA VAN-DÚNEM, F. J. D - Apontamentos de Direito Internacional Público,
(Textos policopiados), Luanda.
 GONÇALVES PEREIRA, ANDRÉ/QUADROS, FAUSTO - Manual de Direito
Internacional Público, 9.ª reimpressão da 3.ª edição revista e aumentada, Almedina,
2015.
 LUKAMBA, PAULINO - Direito Internacional Público, 4.ª edição, Escolar Editora,
Lisboa, 2018.
 MACHADO, JÓNATAS E. M - Direito Internacional. Do paradigma clássico ao pós
11 de Setembro, 5.ª Edição, Coimbra Editora, 2019.
 MIRANDA, JORGE - Direito Internacional Público, PRINCIPIA, S. João do Estoril,
6.ª edição, 2016.
 NGUYEN QUOC DINH/ DAILLIER, PATRICK/ PELLET, ALAIN - Direito Internacional
Público, Gulbenkian, Lisboa, 1999.
 REZEK, F.J. - Direito Internacional Público - Curso Elementar, 15ª edição, Editora
Saraiva, 2014.
Direito Internacional Público:

Tribunal Internacional de Justiça

Amílcar Mário QUINTA (2021)


marquinta@yahoo.com

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