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Material: Sentença Penal (Espelho)

SENTENÇA PENAL
(ESPELHO)
SENTENÇA PENAL
NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

RELATÓRIO - Dispensado pelo enunciado. -

PRELIMINAR AO MÉRITO

Preliminar – Ausência de designação da audiência do art. 16 da Lei n.


11.340/06 – Nulidade – Inocorrência
- Destaque-se, de saída, que, no caso em apreço, se está diante de fatos que
configuram violência doméstica e familiar, nos termos do art. 5º, I, da Lei n.
11.340/06, uma vez que a ação foi baseada no gênero, no âmbito da unidade
doméstica, decorrendo daí lesão e sofrimentos físico e psicológico para a
vítima.
- Dito isso, tem-se, de início, que não se observa a nulidade propalada pela
defesa em sede de preliminar. Isso porque, nos termos da jurisprudência
consolidada do STJ, só se justifica a designação da audiência a que alude o 1,00
art. 16 da Lei n. 11.340/06 nos cenários em que a vítima indica, de alguma
forma, o intento de se retratar da representação em momento anterior ao
recebimento da denúncia, do que, contudo, não se tem notícia nos autos.
- a propósito, confira-se:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIOLÊNCIA CONTRA
MULHER. LEI MARIA DA PENHA. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. RENÚNCIA À
REPRESENTAÇÃO. MOMENTO. AUDIÊNCIA ESPECIALMENTE DESIGNADA.
ART. 16 DA LEI N. 11.340/2006. ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA.
CASO DOS AUTOS. RETRATAÇÃO DA VÍTIMA APRESENTADA NA RESPOSTA À
ACUSAÇÃO, À DESTEMPO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. "A Lei Maria da Penha disciplina procedimento próprio para que a vítima
possa eventualmente se retratar de representação já apresentada.
Dessarte, dispõe o art. 16 da Lei n. 11.340/2006 que, 'só será admitida a
renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente
designada com tal finalidade" (HC 371.470/RS, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 25/11/2016).
2. Esta Corte Superior de Justiça firmou o entendimento de que a realização
da audiência prevista no artigo 16 da Lei n. 11.340/2006 somente se faz
necessária se a vítima houver manifestado, de alguma forma, em momento
anterior ao recebimento da denúncia, ânimo de desistir da representação.
3. No caso dos autos, não há notícias acerca da ocorrência de audiência
especialmente designada para a retratação da vítima, até porque esta só
veio quando da apresentação da resposta à acusação, ou seja, a destempo.
4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp n. 1.946.824/SP, relator
Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de
17/6/2022).

Nulidade – Indeferimento de instauração de incidente de insanidade


mental – Ausência de dúvida quanto à higidez mental do réu –
cerceamento de defesa – Inocorrência
- não há que se falar em cerceamento de defesa em virtude da decisão que
corretamente indeferiu a instauração de incidente de insanidade mental, no
bojo do qual se pretendia a constatação de suposta inimputabilidade do réu
decorrente de alcoolismo;
- isso porque o pedido de instauração do referido incidente foi formulado
sem a qualquer comprovação mínima da moléstia alegada, inexistindo outra
evidência que vá além da narrativa dos fatos criminosos que teriam sido
praticados pelo acusado quando sob influência de álcool. Não se observa,
pois, a dúvida exigida no art. 149 do CPP para que se justifique a instauração
do incidente;
- de fato, não havendo qualquer indício mais robusto da alegada
inimputabilidade, mormente em cenário que revela que o sentenciado
jamais precisou de ajuda psiquiátrica ou se submeteu a qualquer tipo de
tratamento para o alcoolismo, não se cogita de constrangimento ilegal por
cerceamento de defesa, até porque, nos termos do art. 400, §1º, do CPP, o
juiz deverá indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou
protelatórias.
A propósito, confira-se:
“8. Ao concluir que o pedido de instauração do incidente de insanidade
mental não tem procedência, o Magistrado de Primeiro grau - no que fora
ratificado pela Corte local - consignou que não há elementos probatórios
que evidenciem a alegada falta de higidez psicológica, notadamente porque
o Agravante usava, voluntariamente, entorpecentes. Tais ponderações
impedem o reconhecimento de dúvida razoável sobre a sanidade do Agente
e fundamentam validamente o indeferimento da confecção da perícia,
notadamente porque o Julgador de primeiro grau - mais próximo dos fatos
e das provas - é o destinatário dos elementos probatórios.
9. "O mero fato do réu ser usuário de drogas não justifica a realização do
incidente de insanidade mental" (STJ, AgRg no AgRg no AREsp n.
1.103.859/TO, relator Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em
5/2/2019, DJe de 13/3/2019). 10. (...)” (AgRg no HC n. 778.507/GO, relatora
Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 12/12/2022, DJe de
15/12/2022.)
MÉRITO – PARCIAL PROCEDÊNCIA
Materialidade: a materialidade da lesão corporal, das ameaças e do
desacato está comprovada pelos seguintes documentos: a) IP n. 529/2022;
b) APF n. 383/2022-29ª DP; b) Laudos de Exame de Corpo de Delito ns.
311/2022 e 312/2022; c) Relatório Final n. 1244/2022; bem como pelos
demais elementos de prova carreados aos autos.
Por outro lado, assiste razão à defesa quando alega insuficiência de prova
quanto à suposta residência.
De fato, tem-se que dito crime só se observa na hipótese de resistência ativa
(vis corporalis), em que o agente, mediante violência, resiste ao ato legal do
funcionário, inexistindo o crime, entretanto, na hipótese de resistência
passiva (vis civilis), vale dizer, quando o agente se opõe ao ato legal, ainda
que mediante força física, mas sem que dirija violência ao funcionário, como
4,00
se deu na espécie.
Realmente, analisando detidamente a prova oral, não se suplanta o cenário
de dúvida em torno do efetivo dolo do sentenciado em, violentamente,
resistir à prisão, até porque a vítima e os policiais relataram que ele se
debatia e, com isso, acabou acertando o rosto do policial Gaspar. Assim,
como não restou indene de dúvidas que Aron buscou chutar o rosto do
policial, tem-se por não suficientemente comprovada a materialidade de tal
crime.

Autoria:
- a autoria restou bem delineada, e deve ser atribuída ao réu.
Com efeito, a vítima narrou, de maneira coesa, os eventos ocorridos no dia
em que o companheiro acabou preso, relatando ter sido ele o responsável
pelas sucessivas ameaças, pelas agressões contra ela perpetradas, bem
como pelos impropérios dirigidos aos policiais.
- Na mesma toada, também os policiais Solange e Willamy bem descreveram
os fatos e, conquanto não tenham observado os atos anteriores ocorridos
no interior da casa, presenciaram as novas ameaças feitas pelo réu à
ofendida, e corroboraram a narrativa em torno dos xingamentos que lhes
foram dirigidos.
- Destaque-se que os depoimentos dos policiais, quando coesos e
harmônicos com as demais provas dos autos, gozam de valor probatório,
motivo pelo qual não merece prestígio a tese defensiva de insuficiência
probatória. Além disso, é amplamente difundida na jurisprudência a
compreensão de que, em crimes praticados no contexto de violência
doméstica e familiar, cometidos, de regra, longe de outras testemunhas, a
palavra da vítima pode lastrear condenação.

“A palavra da vítima, em harmonia com os demais elementos presentes nos


autos, possui relevante valor probatório, especialmente em crimes que
envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher. Precedente”(AgRg
na MPUMP n. 6/DF, relatora Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial,
julgado em 18/5/2022, DJe de 20/5/2022.)

Tipicidade: Art. 129, §13, art. 147, por duas vezes, e art. 331 do CP.

- Presentes os elementos objetivos e subjetivos dos tipos de lesão corporal


qualificada pela violência doméstica contra a mulher, de ameaça e de
desacato.
- O acusado Aron, ao agredir sua então companheira, com quem convivia à
época, demonstrando menosprezo por sua condição de mulher, preencheu
todos os elementos objetivos e subjetivos do crime de lesão corporal
qualificada, nos moldes do art. 129, §13, do CP.
- Não se cogita de desclassificação para a figura culposa, como pretende a
defesa, na medida em que, pelas declarações da ofendida, e pelo próprio
estado anímico em que o acusado de encontrava quando da abordagem
policial, restou inconteste ter ele buscado, dolosamente, ferir sua então
companheira.
- Demais disso, o acusado efetivamente ameaçou sua companheira de
causar-lhe mal injusto e grave em duas ocasiões distintas, dizendo,
inicialmente, que a mataria, e, depois de contido, que a mataria quando
fosse solto, o que é suficiente para incutir temor na vítima e, pois, para a
configuração de tais crimes.
- Descabe falar-se, no ponto, em “atipicidade” da conduta em virtude do
contexto de acalorada discussão que teria ocorrido no momento da
conduta, até porque, segundo a dicção do art. 28, I e II, do CP, não excluem
a imputabilidade a emoção ou a paixão, e tampouco a embriaguez
voluntária tem esse condão.
- Melhor sorte não se reserva à defesa quanto à pretendida consunção, já
que as ameaças guardam autonomia em face da lesão corporal, em relação
à qual não configuram meio necessário ou fase normal de preparação ou de
execução.
- Por fim, ao chamar de “PMs filhos da puta” os policiais responsáveis pela
sua prisão, o réu preencheu os elementos objetivos e subjetivos do crime
do art. 331 do CP.
- Importante frisar que o tipo penal em questão sobrevive ao controle de
convencionalidade em relação ao qual se bate a defesa, à luz do
entendimento do STF a respeito, fulcrado na compreensão de que a
liberdade de expressão não é um direito absoluto, não violando qualquer
tratado ou convenção de que o Brasil seja parte, além de ter sido
recepcionado pela CF/88.

- Nesse sentido:
DIREITO CONSTITUCIONAL E PENAL. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL. CRIME DE DESACATO. ART. 331 DO CP.
CONFORMIDADE COM A CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988.
1. Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental em
que se questiona a conformidade com a Convenção Americana de Direitos
Humanos, bem como a recepção pela Constituição de 1988, do art. 331 do
Código Penal, que tipifica o crime de desacato.
2. De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos
Humanos e do Supremo Tribunal Federal, a liberdade de expressão não é
um direito absoluto e, em casos de grave abuso, faz-se legítima a utilização
do direito penal para a proteção de outros interesses e direitos relevantes.
3. A diversidade de regime jurídico – inclusive penal – existente entre
agentes públicos e particulares é uma via de mão dupla: as consequências
previstas para as condutas típicas são diversas não somente quando os
agentes públicos são autores dos delitos, mas, de igual modo, quando deles
são vítimas.
4. A criminalização do desacato não configura tratamento privilegiado ao
agente estatal, mas proteção da função pública por ele exercida.
5. Dado que os agentes públicos em geral estão mais expostos ao escrutínio
e à crítica dos cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à
insatisfação, limitando-se o crime de desacato a casos graves e evidentes de
menosprezo à função pública.
6. Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada
improcedente. Fixação da seguinte tese: “Foi recepcionada pela
Constituição de 1988 a norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o
crime de desacato”.
(ADPF 496, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
22/06/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG 23-09-2020 PUBLIC
24-09-2020).

Concurso de Crimes e Continuidade Delitiva


- Analisada a tipicidade, tem-se que o réu, nas mesmas condições de tempo
e lugar, e pela mesma maneira de execução, havendo liame subjetivo entre
as condutas, ameaçou duas vezes a vítima, de modo que, em relação a tais
condutas, atendidos os requisitos da continuidade delitiva genérica (art. 71,
caput, do CP).
- Já entre tais crimes e os demais reconhecidos, praticados por pluralidade
de ações, presente o concurso material (art. 69 do CP).

Ilicitude: destacar a ausência das causas de exclusão da ilicitude previstas


no art. 23 do Código Penal, ou de outras supralegais. Portanto, caracterizado
o fato típico e ilícito.

Culpabilidade: reputá-la demonstrada, uma vez que o acusado era


penalmente imputável e tinha possibilidade plena de conhecer o caráter
ilícito de suas condutas, inexistindo qualquer causa que exclua sua
culpabilidade ou o isente de pena.

DISPOSITIVO

Pelo exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão acusatória


para CONDENAR o acusado ARON SANDY, já qualificado, pela prática do
crime do art. 147 do CP, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, do CP, 0,50
bem como dos crimes dos arts. 129, §13, e 331, ambos do CP, tudo na forma
do art. 69 do mesmo diploma legal, com incidência da Lei n. 11.340/06, bem
como para ABSOLVÊ-LO quanto ao crime do art. 329 do CP, com fulcro no
art. 386, II, do CPP.
DOSIMETRIA (CP, ART. 59 E 68):

1ª Fase: valoração subjetiva das circunstâncias judiciais, não se


vislumbrando, a princípio, motivo para a negativação de quaisquer dos
vetores do art. 59 do CP. Necessidade de constar expressamente, quanto às
ameaças, que se prestigia a pena corporal em detrimento da de multa
alternativamente cominada por força do art. 17 da Lei n. 11.340/06, além
de fundamentar, quanto ao art. 331 do CP, o motivo da eleição da pena
2,50
corporal ou da pena de multa.

2ª Fase: presente, quanto aos crimes de ameaça e lesão corporal, a


agravante do art. 61, II, f, do CP. Confira-se, a propósito:
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. LESÃO CORPORAL
EM AMBIENTE DOMÉSTICO. VIOLAÇÃO DO ART. 61, II, F, DO CÓDIGO PENAL.
RESTABELECIMENTO DA AGRAVANTE DO CRIME PRATICADO
PREVALECENDO-SE DE RELAÇÕES DOMÉSTICAS. NÃO OCORRÊNCIA DE BIS
IN IDEM. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. JURISPRUDÊNCIA DE AMBAS AS
TURMAS. PREVALÊNCIA DO VOTO VENCIDO DA APELAÇÃO CRIMINAL QUE
SE IMPÕE.
1. [...] o Superior Tribunal de Justiça entende que "a aplicação da agravante
prevista no art. 61, II, f, do CP, de modo conjunto com outras disposições da
Lei n. 11.340/2006 não acarreta bis in idem, pois a Lei Maria da Penha visou
recrudescer o tratamento dado para a violência doméstica e familiar contra
a mulher" (AgRg no AREsp 1.079.004/SE, Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
QUINTA TURMA, julgado em 13/6/2017, DJe 28/6/2017) - (AgRg no HC n.
720.797/SC, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 25/3/2022).
3. Agravo regimental improvido”
(AgRg no REsp n. 1.991.610/MS, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta
Turma, julgado em 6/3/2023, DJe de 10/3/2023.)

Quanto aos demais crimes, sem agravantes ou atenuantes a considerar.

3ª Fase: ausentes causas e aumento ou de diminuição.

Continuidade delitiva e concurso de crimes


- Exasperação de uma das penas do crime de ameaça em 1/6 (dois crimes
em continuidade), somando com a pena do art. 331 do CP. Deve-se atentar
para a impossibilidade de soma das penas de detenção e reclusão.

Regime inicial aberto, diante da quantidade de pena e da valoração positiva


ou neutra das circunstâncias judiciais (CP, art. 33, II, c).
Arts. 44 e 77 do CP: incabível a substituição da pena corporal por restritiva
de direitos, à luz de entendimento sumulado do STJ (Súmula 588: A prática
de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos).
Por outro lado, o réu faz jus ao sursis (art. 77 do CP), com fixação de
condições (CP, art. 78, §2º).

- Decisão sobre a custódia cautelar: recomenda-se a manutenção do réu


em liberdade, bem como das medidas protetivas anteriormente deferidas.

DISPOSIÇOES FINAIS:
a) Condenação em custas;
b) Comunicação da condenação à ofendida (art. 201, §2º, do CPP, e art.
21 da Lei n. 11.340/06);
c) Fixação de valor indenizatório à vítima Rita condizente com a penúria
que lhe foi imposta, valendo destacar que se trata de dano in re ipsa,
sugerindo-se o valor de R$ 1.000,00, com correção monetária a partir
1,00
do arbitramento (Súmula 362 do STJ) e juros de 1% ao mês, a contar
da data do fato (Súmula 54 do STJ). A propósito:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS
CORPUS. FURTO QUALIFICADO, NA MODALIDADE TENTADA.
AUSÊNCIA DE OITIVA PRÉVIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.
NULIDADE NÃO EVIDENCIADA. VALOR MÍNIMO DE INDENIZAÇÃO.
DANO MORAL PRESUMIDO OU IN RE IPSA. NÃO APLICAÇÃO AO CASO.
RECURSO DESPROVIDO.
1. Não há irregularidade na análise do writ sem a oitiva prévia do
Ministério Público Federal. Os arts. 64, inciso III, e 202, ambos do
Regimento Interno deste Superior Tribunal de Justiça, não afastam do
Relator a faculdade de decidir liminarmente, o habeas corpus e o
recurso em habeas corpus, cuja pretensão se conforma ou contraria
a jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores.
2. Não se desconhece que a Terceira Seção do Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do Recurso Especial Repetitivo n.
1.675.874/MS, fixou a compreensão, segundo a qual, a prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher implica a ocorrência de
dano moral in re ipsa, de modo que uma vez comprovada a prática
delitiva, é desnecessária maior discussão sobre a efetiva
comprovação do dano para a fixação de valor indenizatório mínimo.
3. Na espécie, o crime que lastreou a condenação do Agravante não
está relacionado a violência contra a mulher no âmbito doméstico e
familiar, mas trata-se de tentativa de furto de roupas, de modo que
não há dano moral presumido ou in re ipsa, sendo essencial a
produção de provas para a caracterização de lesão de ordem moral,
o que não se verificou no caso.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AgRg no HC n. 696.628/MS, relatora Ministra Laurita Vaz,
Sexta Turma, julgado em 14/12/2021, DJe de 17/12/2021.)
d) Após trânsito em julgado: expedir ofício TRE, INI e Carta de Guia
definitiva para o Juízo da Execução;
e) P.R.I; e
f) Data e Assinatura.
Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento
do vernáculo. 1,00
TOTAL 10,00

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