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AO JUIZO DE DIREITO DA 16ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO

HORIZONTE ESTADO DE MINAS GERAIS

Autos nº 0022515-95.2015.8.13.0024

HEBERT TAMEIRÃO DA SILVA, já qualificado nos autos da ação penal em


epígrafe, por intermédio de seu Defensor Dativo conforme fls. 127, vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, § 3º do Código de
Processo Penal apresentar suas

ALEGRAÇÕES FINAIS EM SEDE DE MEMORIAIS

Pelos fatos e fundamentos aduzirem.

I. DA SINTESE FATICA

Narra a peça inaugural que, no dia 22/12/214, nesta urbe, por volta das 22:10 horas, o
réu teria ameaçado de causar mal injusto e grave contra a vítima Eva Maria Rodrigues
de Castro da Silva, sua mulher, e posse irregular de arma de fogo de uso permitido, o
que ensejou a imputação penal descrita no art. 147, c.c. art.61, II, “f”, ambos do CP, e
do art.12 da Lei nº 10.826/03, todos c.c. o art. 69 do CP, na forma do art. 7º, inciso II da
Lei nº 11.340/06.

Finda a instrução criminal, o Ministério Público, em alegações finais, reiterou pugnou


pela procedência parcialmente da pretensão punitiva estatal, a condenar o réu incurso no
art. 147, c.c. art. 61, inciso, II, “f”, ambos do Código Penal e absolve-lo do art. 12 da lei
10.826/03, com fundamento no art. 386, inciso, VII do Código Processo Penal.

Eis apertada síntese do necessário.

II. DAS PRELIMINARES

II.1 DA NÃO OCORRENCIA DA IMPUTAÇÃO DO art. 12 da Lei nº 10826/03

Como ficou evidente Meritíssima, em face da imputação em comento ficou-se superada


com o fim da instrução por todo exposto pelo autor da ação penal o Ministério Público,
razão pela qual assim como Parquet, pugnou pela absolvição do ora acusado em suas
alegações finais, a defesa também coadunando do mesmo entendimento e balizando no
indubio pro réo, bem como no art. 5º, LVII, presunção da inocência por não haver
provas suficientes para condenação do acusado da imputação em comento.

Deve-se o acusado ser absolvido da imputação do art. 12, da Lei nº 10.826/03, com
fulcro no art.386, VII, Código de Processo Penal.

II.2 CRIME DE AMEAÇA – DA NÃO OCORRENCIA


Meritíssima, no que tange ao crime de ameaça descrito no artigo 147, do Código Penal
Brasileiro e imputado ao acusado pelo Ministério Público, não merece prosperar tal
acusação, diante do estado psíquico, em função da embriaguez sob o qual se encontrava
o acusado, pois seus ânimos estavam acalorados em função do denunciado ser usuário
contumaz de bebidas alcoólicas, pois conforme extrai do depoimento em sede de
Autoridade Policial.

Além domais, demonstra-se que a alteração é em virtude da injeção de bebidas


alcoólicas, pois o que se infere dos fatos que o acusado jamais conseguiria materializar-
se o que proferiu a vítima, isso torna claro com as informações da própria filha do casal
na oportunidade ouvida como informante quem foi quem chamou a Policia Militar na
data dos fatos em sua residência conforme, fls. 04.

Cabendo ainda, ressaltar que os ânimos do denunciado estavam acalorados, em função


até mesmo do uso descontrolados de bebidas alcoólicas situação uníssonas em todos os
depoimentos em sede de autoridade policial lado outro em sede vestibular de persecução
penal o acusado nega que ameaçou a vítima.

O crime de ameaça tem como tipo subjetivo o elemento doloso, qual seja a intensão de
aterrorizar a vítima através da promessa do cometimento de um crime, no entanto
prevalece o entendimento doutrinário de que quando tais palavras são proferidas em
meio a discussão ou momento de raiva, não existe a ameaça, haja vista as palavras
proferidas não alcançarem o fim previsto no tipo, e nesse sentido trago o magistério de
Guilherme Souza Nucci;

“Em uma discussão, quando os ânimos estão alterados, é possível que as


pessoas troquem ameaças sem qualquer concretude, isto é, são palavras
lançadas a esmo, como forma de desabafo ou bravata, que não correspondem
à vontade de preencher o tipo penal. (NUCCI, Guilherme de Souza. Código
penal comentado. 13ª Ed. São Paulo: RT, 2013, p. 741). ”

Desta forma, resta impossibilitada a certeza da veracidade de tal acusação, já que


ausentes elementos probatórios suficientes perante a inimputabilidade do ora acusado.
Assim, pugna a defesa do acusado pela absolvição no que concerne à prática do crime
de ameaça.

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - AMEAÇA - IRRESIGNAÇÃO


MINISTERIAL - CONDENAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO
DESPROVIDO. - Diante das circunstâncias do caso concreto, em que as
supostas ameaças proferidas pelo denunciado não foram idôneas em
intimidar a vítima, visto que carentes de seriedade, imperiosa a
manutenção da absolvição do apelado ante a atipicidade de sua conduta,
tal como decido em primeira instância. (TJMG - Apelação Criminal
1.0024.13.292298-0/001, Relator (a): Des. (a) Eduardo Machado, 5ª
CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 12/07/2017, publicação da súmula
em 17/07/2017)

Nota-se Meritíssima, que as verossimilhanças, dos depoimentos tanto da vítima quanto


do acusado, são uníssonas que importe qualidade de absolvição do acusado aos moldes
do art. 386, IV, CPP, em favor da inimputabilidade do acusado que se molda ao que
bem prescreve, no art. 28, II, §1º, que concomitantemente concorreu para os fatos,
assim como a dependência por bebidas alcoólicas conforme, depoimento do acusado.

Lado outro, meritíssima, o que se infere em se de audiência é um ambiente harmonioso


entre as partes, que atualmente encontram -se separados razão pela qual pugna-se pela
absolvição do acusado, por não ter provas robustas pela materialidade e autoria por
todos os fundamentos expostos.

II.3 DA FIXAÇÃO DA PENA

Lado outro, ainda que tenha ficado claro a absolvição por todos os fundamentos
expostos, caso a Meritíssima, não acolha a absolvição passa se então a pugna-se pela
subsidiariedade requerendo que se seja concedida a pena base do mínimo legal para
imputação do art. 147, CP, vez que favoráveis ao todas as circunstâncias do art.59 do
Código Penal.

Quanto aos antecedentes colaciona-se o entendimento Jurisprudencial do Pretório


Excelso, assim bem como do Superior Tribunal de Justiça senão vejamos;

“Sumula 440. STJ. Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o


estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito”

“Sumula 444. STJ. É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações


penais em curso para agravar a pena -base. ”

“Sumula 718. STF. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato


do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime

mais severo do que o permitido segundo a pena base. ”

Logo, quanto aos antecedentes, não há em nenhuma das cac’s e fac’s juntadas aos autos
qualquer delito configurador de tal circunstância, não podendo os processos em
andamento serem considerados para negativação deles, em acatamento ao entendimento
jurisprudencial apresentando.

Derradeiramente, na segunda fase não há agravantes nem atenuantes a serem sopesadas


como na terceira fase, já que não há causas de aumento ou diminuição de pena.

III. DO MÉRITO

MM, pugna-se a defesa pela improcedência da condenação não somente parcial, mas de
todo pleito da exordial vestibular, assim bem como, pela absolvição da imputação do
art. 12 da lei nº 10.826/03 com fulcro no art. 386, VII, CPP; pugna-se ainda pela
absolvição no que importe da imputação do art. 147 c/com art. 7º, II, da Lei nº
11.343/06, com fulcro no art.386, VI, CPP; em caso de remoto julgamento procedente
parcialmente pugna-se ainda fixação da pena mínimo legal, no sistema trifásico da pena
em todos seus patamares.

IV. DOS PEDIDOS

Diante do exposto que dos autos consta, a defesa, aliando-se ao pedido de


improcedência formulado pelo Ministério Público, requer a absolvição do acusado, com
fundamento no art. 386, VI e VII, do Código de Processo Penal; em caso de remota
condenação parcial fixação da pena base mínimo legal; derradeiramente requer a
fixação dos honorários do Defensor Dativo requerimento que instrui estes autos.

Nestes termos pede espera deferimento.

Belo Horizonte, 24 de julho de 2017.

Luiz Alberto Santos da Silva

OAB-MG 177.206

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