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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – PUCPR

1º Bim. – 2º Sem. / 2021 – DIVISÃO 02

Área: CRIMINAL

Professor: LUIZ MARTINS JUNIOR

Período: 7º - Turma: U - Turno: Noturno

Peça: Alegações Finais Ministério Público

Acadêmicos: Fabiano D’Amico, Guilherme Kleinke, Jefferson Martins e


Vinicyus Tostes de Alencar e Lenon A. Kleina
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ FEDERAL DA 23° VARA
FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE CURITIBA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
PARANÁ

Autos:

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, por seu órgão de execução infra-


assinado, no exercício das suas atribuições constitucionais e legais, na defesa
dos direitos e interesses de ROZELI SKYWALKER parte já qualificada nos
autos do processo em epígrafe, vem, perante Vossa Excelência, no prazo
legal, oferecer

MEMORIAIS DE ALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA ESCRITA

com fulcro no artigo 403, § 3° do Código de Processo Penal, pelos fatos e


fundamentos seguintes:

1. BREVE SÍNTESE DOS FATOS

A ré ROZELI SKYWALKER, já qualificada na inicial acusatória, foi denunciada


pelo Parquet no dia 27 de julho de 2018, por ter incorrido no descrito no artigo
313-A do Código Penal Brasileiro, tendo supostamente falsificado dados
referentes ao exercício do seu diário de trabalho como enfermeira no Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR), em razão de ser
também funcionária da Fundação da Universidade Federal do Paraná
(FUNPAR).
Da inserção destes supostos dados falsos, já mencionados discriminadamente
na denúncia pelo órgão acusatório, a ré supostamente obteve indevidamente o
montante, a título de horas extras, R$ 19.736,36 (Dezenove mil setecentos e
trinta e seis reais e trinta e seis centavos).

A ré alega não ter acesso ao ponto eletrônico de registro do hospital, como


comprova a prova dos autos, tendo acesso apenas ao ponto escrito que seria
posteriormente vinculado ao sistema pela Chefia. Alega também que havia sido
instruída dessa forma, não sabendo que deveria agir de outra forma.

Assim relata o Parquet sobre o caso em tela.

1.3 PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Tendo em vista que a parte ré deixou transcorrer in albis o prazo para o


protocolo de sua defesa, e por sua vez o patrocínio da ré é feita pela
Defensoria Pública da União, pugna-se pela observância das prerrogativas
estabelecidas no Art. 44 da Lei Complementar ne80/94, em especial a
assinatura de todos os prazos em dobro e a intimação pessoal, mediante
entrega dos autos com vista.

2. DO MÉRITO

2.1 DA INSTRUÇÃO

A inicial acusatória postulada pelo Parquet foi recebida nas fls.19, neste ato, foi
vedado a possibilidade de aplicação da suspensão condicional do processo,
bem como foi citado a ré, para que apresentasse resposta à acusação no prazo
adequado.

A acusada foi citada, porém não constituiu defensor no prazo estipulado, então
os autos do processo foram encaminhados à essa Defensoria Pública da
União, para garantir a plenitude de defesa da parte.

Após o oferecimento da defesa pela Defensoria, no movimento das fls. 23, o


MM Juiz entendeu que o caso não comportava absolvição sumária, como
estabelece o descrito no Art. 397 do CPP. Ademais disso, designou a audiência
de instrução e julgamento, tanto como a intimação da ré.
Na audiência de instrução e julgamento, na primeira data designada pelo MM
Juiz, momento no qual erroneamente deu-se andamento ao interrogatório da
acusada, que ratificou todo depoimento já constante no inquérito policial, pois
nota-se que as testemunhas não foram intimadas para prestar depoimento

Sendo assim, o MM Juiz, designou nova audiência de instrução e julgamento,


na data de 20 de fevereiro de 2019, tendo sido neste ouvido pessoalmente as
testemunhas arroladas pelo Parquet, Ana e Paula, tendo sido dispensada a
segunda por não ter sido localizada e posteriormente as da defesa, sendo
estas Nair e Divanise.

As duas outras testemunhas da defesa, Erbison e Nabil, prestaram testemunho


por meio de declaração escrita. Não tendo sido ouvida a ré novamente após as
testemunhas da acusação, foi encerrada a instrução.

O Ministério Público oportuna e tempestivamente postulou suas alegações


finais, sobreveio então a intimação para que esta Defensoria também postule
suas alegações.

2.2 DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO

O Código de Processo Penal estabelece no Art. 400, com clareza o rito que
deve ser observado no que tange a audiência de instrução e julgamento, pois
estabelece que será procedida a tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, assim
como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.   

Ademais, de análise do referido artigo, pode-se notar que o acusado é sempre o último
a dar esclarecimentos a autoridade judiciária, pois isso garante que a defesa pessoal
contra fatos arguidos por quaisquer uma das testemunhas poderá ser amplamente
contemplada, não gerando quaisquer prejuízos a defesa.

Ora, comportar-se no sentido contrário ao que estabelece o Código denota flagrante


violação, não apenas do referido artigo, mas também o disposto na Constituição
Federal no Art. 5º, LV.
Portanto, com fulcro no artigo Art. 564, IV do Código de Processo Penal, frente à
violação da ampla defesa e do contraditório, visto que denota notório prejuízo à
acusada, requer-se a nulidade da segunda audiência de instrução, devendo ser
designada nova para garantir os direitos de defesa da acusada.

2.3 DA ABSOLVIÇÃO. IN DUBIO PRO REO

A Carta Magna do Brasil é categórica em estabelecer no seu Art. 5° LVII que nenhum
cidadão deverá ser considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença
penal condenatória, essa afirmação consagra para todos os brasileiros a presunção de
inocência.

Ademais, cabe sempre ao órgão acusatório demonstrar fática e explicitamente a


culpabilidade do acusado, durante o processo, sendo responsabilidade exclusiva
deste.

Isto posto, à defesa técnica da parte ré é categórica em afirmar que, não há conteúdo
probatório e fático suficiente para ensejar uma condenação da ré ROZELI. Isso porque
por mais que haja diferenças entre os depoimentos das testemunhas, nenhum deles
afirma que a acusada teria acesso ao sistema eletrônico do Hospital, que é onde
efetivamente se concretiza o relato das horas trabalhadas.

O que houve no caso foi um entendimento equivocado da parte ré, no sentido de que
não poderia validar as horas em que estava de sobreaviso. Porém, em nenhum
momento foi notificada de como proceder corretamente.

A doutrina nacional preconiza que para que se constitua crime necessita-se de uma
conduta típica, ilícita e culpável. Estabelece também que só existirá crime culposo
quando a legislação previr.

Portanto, mesmo que haja conteúdo probatório que vá no sentido de uma conduta
ilegal pela ré ROZELI, não temos parte integrante e fundamental das características
que constituem um crime, sendo este o dolo. Ou seja, temos um caso em que é
necessária a aplicação do disposto no Art. 386, VI do Código de Processo Penal,

2.4 DA DOSIMETRIA DA PENA

Observada a dosimetria da pena realizada nas alegações finais do órgão


acusatório, ratifica-se o entendimento do Ministério Público Federal, para caso
o MM Juiz entenda que a ré é deve ser condenada, fixar a pena definitiva em
dois anos.

3. PEDIDOS

Isto posto, requer a Defensoria Pública da União, preliminarmente a nulidade


da segunda Audiência de Instrução e Julgamento, pois viola o disposto no Art.
564, IV do Código de Processo Penal, e entendendo em contrário o MM Juiz,
no mérito, requer-se a absolvição com fulcro no artigo 386, VI, visto a falta do
dolo que constitui o crime.

Subsidiariamente pede-se que, em caso de condenação da ré, seja adotada a


dosimetria racionalizada pelo Ministério Público Federal, no sentido de fixar a
pena definitiva em dois anos.

Nestes termos

Pede deferimento

Curitiba, 04 de março de 2019

Vinicyus Tostes de Alencar (coloquem os números da oab se quiserem)

Fabiano D’Amico

Guilherme Kleinke

Jefferson Martins

Lenon Kleina

Requerente: Lindamir Augusto Nonato (CPF: 000.000.000-00)


Rol de Testemunhas

1. Ivanildo Rodrigues (RG: 01.234.567-89, 121.121.121-12, Rua das


Couves, n° 74, Bairro Flora, Curitiba)

2. Mariângela Figueira (RG: 98.765.432-10, 454.454.454-45, Rua das


Laranjeiras, n° 48, Bairro Flora, Curitiba)

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