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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática

A CONTESTAÇÃO

Pemba, Maio de 2023


Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática

A CONTESTAÇÃO

Florinda Valério Fernando


Trabalho de 3º grupo de carácter científico
Jaime Maujudo
a ser entregue e apresentado ao docente da
Muanassa José Marizane cadeira de Contencioso Administrativo do
curso de Licenciatura em Direito, 4o ano,
Sandra Marques Lembrança Filomeno
período laboral, para fins avaliativos.

Dr. Hélio Veda

Pemba, Maio de 2023


EX.ma MERITISSIMA JUÍZA PRESIDENTE DO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO

Pemba

Proc. n.º 2584/2023

O ESTADO MOÇAMBICANO (Ministério da Saúde - Ministra da Saúde), representado pelo


Ministério Público nos termos do artigo 20.º, n.º 1, do Código de Processo Civil e artigo 4.º,
alínea a) da Lei Orgânica do Ministério Público (LOMP), Réu, nos presentes autos em epigrafe
vem ao abrigo do artigo 65.º da Lei n.º 7/2014, de 28 de Fevereiro, que regula os procedimentos
atinentes ao processo administrativo contencioso, apresentar a CONTESTAÇÃO ao presente
recurso contra si proposto por Belinha Manuel, melhor identificada nos autos,

o que faz nos termos e com os fundamentos seguintes:

I. EXCEPÇÃO

a. Excepção Dilatória (Ilegitimidade passiva)

A recorrente instaurou o presente recurso contencioso contra a Exma. Senhora Ministra da


Saúde, destinado à declaração de nulidade emergente do acto administrativo por ela proferida.

A Exma. Senhora Ministra da Saúde, ao proferir o acto administrativo, o fez como uma Agente
do Estado Moçambicano e não como uma pessoa singular.

O presente recurso deveria ter sido instaurado contra o Estado Moçambicano, nos termos do art.
501º do Código Civil.

A Exma. Senhora Ministra da Saúde é, pois, parte ilegítima.


A ilegitimidade constitui uma excepção dilatória que obsta ao conhecimento do mérito da causa
e determina a absolvição da instância, conforme o disposto nos artigos 288.º, n.º 1, alínea d),
493.º, n.º 1 e 2, 494.º, n.º 1, alínea b), e 495.º, todos do Código de Processo Civil.

Sem conceder,

b. Excecçã (Incompetência territorial)

A recorrente instaurou o presente recurso contencioso, destinado à declaração de nulidade


emergente do acto administrativo proferida por Exma. Senhora Ministra da Saúde.

Nos termos do disposto no artigo 86.º, n.º 1, do Código de Processo Civil, «se o Réu for o
Estado, ao tribunal do domicílio do réu, substitui-se o do domicílio do autor».

Conforme resulta do endereço da recorrente na petição inicial, a recorrente, tem seu domicílio na
Cidade de Maputo.

Em face do exposto, considerando o consignado no artigo 86.º, n.º 1, do Código de Processo


Civil, e a natureza do pedido, o presente recurso deveria ter sido apresentado no Tribunal
Administrativo de Cidade de Maputo.

10º

O Tribunal Administrativo da Cidade de Pemba não tem, pois, competência para conhecer do
presente recurso.

11º
A incompetência em razão do território constitui uma excepção dilatória que obsta ao
conhecimento do mérito da causa e determina a remessa do processo para o tribunal competente,
conforme o disposto nos artigos 74.º, n.º 2, 108.º, 109.º, n.º 1, 453.º, n.º 1 e 2 e 494.º, n.º 1, alínea
f) todos do Código de Processo Civil.

Sem prescindir,

II. POR IMPUGNAÇÃO

a. Dos Factos

12º

Quanto ao exposto nos articulados 7.º, 8.º e 14º, o Réu nada se oferece a dizer em relação a eles.

13º

No entanto, não se aceita, impugnando-se, o que a Recorrente alega nos artigos 1.º, 2.º, 3.º, 4.º,
5.º, 9.º, 13.º, 15.º, 15.º, 16.º, 17.º, 18.º, e 19.º da petição inicial.

14º

No entanto verificando os articulados 1.º, 2.º, 3.º da P.I, constata-se que a Recorrente apenas
forjou uns supostos documentos sem juntar qualquer prova fidedigna (Autenticação) dos escritos
constantes dos mesmos articulados nem demonstrado qualquer realidade dos mesmos.

15º

Efectivamente, no dia 30 de Julho de 2016, deu-se à abertura de um processo disciplinar contra a


Recorrente, cujo notificada no dia 13 de Agosto de 2016, conforme o doc. 1 em anexo.

Sucede que,

16º

A Recorrente, só respondeu a nota de acusação no dia 10 de Setembro, volvidos 28 dias depois


da notificação da nota acusação, conforme o doc. 2 em anexo.

17º
Na verdade, nesta dita ocasião, da resposta a nota de acusação por parte da Recorrente, a
Recorrente foi notificada da decisão da do processo disciplinar da sua demissão com as suas
fundamentações legais, conforme elucida o doc. 3 em anexo.

Não obstante,

18º

Ao suspender preventivamente com direito ao vencimento num prazo de 45 dias, a Autora, ora
recorrente, a Recorrida dispõe-se da faculdade estatuída no artigo 161.º do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 28/2022, de 17 de Junho, pois, a
Autora já se encontrava a responder a um processo disciplinar por cometimento de infracção
disciplinar a que era aplicável pena de demissão ou expulsão, por haver fortes indícios de
culpabilidade.

E mais,

19º

A Recorrida, ao decidir suspender preventivamente com direito ao seus vencimento, a


funcionária, ora Recorrente, é por que já havia sido instaurado antes um processo disciplinar, por
violação dos deveres e abuso das suas funções.

Para além disso,

20º

A actuação da sua Excia. Ministra da Saúde, ao manter a decisão relativamente a suspensão dos
serviços e ressalvado o seu direito a percepção dos salários, tomou a decisão fundada em provas
apresentadas e não simplesmente, em suposições como ela alega, conforme consta no Doc. 4 em
anexo.

21º

Não constitui verdade o vertido nos articulados 1.⁰, 2.⁰ 3.⁰ e 15.º da P.I, pois, não há a indicação
de número de despacho que confirma a suspensão recorrente, e, lembrando que em direito não se
deve apenas alegar mas também demonstrar as provas dos factos.
22º

Por todo o exposto:

o deve julgar-se procedente a invocada excepção de ilegitimidade


passiva, dando lugar em consequência, à absolvição do Réu da
instância;

o ou, improcedendo tal excepção, deve julgar-se procedente a invocada


excepção de incompetência territorial, dando lugar em consequência, à
remessa do processo para o tribunal competente;

o ou, improcedendo essa excepção, ser o recurso julgado improcedente,


por não provada, com a consequente absolvição do Réu do pedido; e

PROVA TESTEMUNHAL:

1. Exmo. Senhor Secretário Permanente do Ministério da Saúde.

Junta:

o duplicados legais.

o Documentos de Prova:

1. Comunicação de suspensão preventiva com direito a vencimento;

2. Notificação de Processo Disciplinar;

3. Nota de Acusação;

4. Nota de pronúncia da demissão.

O Procurador,

__________________________________

3º Grupo

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