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ESTADO DO PARÁ
MINISTÉRIOPÚBLICO
3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS E
DOS DIREITOS HUMANOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

Processo: 0014692-18.2015.8.14.0000
Acórdão: n° 152.812 (Pub. Em 28/07/2016)
Secretaria: 4° Câmara Cível Isolada – Belém/PA
Relator: Des. Maria de Nazaré Saavedra Guimarães
Recurso: Especial
Recorrente: Município de Belém
Recorrido: Ministério Público do Estado do Pará

CONTRAMINUTA AO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ, por


intermédio da 3ª Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais e dos
Direitos Humanos da Comarca da Capital, em exercício, vem, com o habitual respeito, no
prazo legal, apresentar CONTRAMINUTA AO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL, interposto pelo MUNICÍPIO DE BELÉM, com supedâneo no artigo 1.042,
§ 3° do Código de Processo Civil, a fim de que o mesmo seja remetido ao Superior
Tribunal de Justiça, nos conformes legais.

Belém- PA, 04 de novembro de 2016.

SUELY REGINA FERREIRA AGUIAR CATETE


3ª Promotora de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais
e dos Direitos Humanos, em exercício
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DOS DIREITOS HUMANOS

Processo: 0014692-18.2015.8.14.0000
Acórdão: n° 152.812 (Pub. Em 28/07/2016)
Secretaria: 4° Câmara Cível Isolada – Belém/PA
Relator: Des. Maria de Nazaré Saavedra Guimarães
Recurso: Especial
Recorrente: Município de Belém
Recorrido: Ministério Público do Estado do Pará

CONTRAMINUTA AO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

COLENDA TURMA

DOUTO (A) DESEMBARGADOR (A)

EMÉRITOS JULGADORES

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ, por


intermédio da 3ª Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais e dos
Direitos Humanos da Comarca da Capital, com o habitual respeito, vem, no prazo legal, à
presença desse Augusto Tribunal de Justiça, apresentar CONTRAMINUTA AO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, interposto pelo MUNICÍPIO DE BELÉM,
pelas razões abaixo declinadas.

I – DA DECISÃO RECORRIDA

Em 23 de outubro de 2014, a Sra. Cleonice Maria Monteiro


Queiroz, com 34 (trinta e quatro) anos à época, residente na cidade de Belém-PA,
compareceu ao Ministério Público. Naquela oportunidade, relatou ter sofrido um aborto
espontâneo em 2012, o que muito lhe surpreendeu, pois houvera sido submetida a uma
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cirurgia de ligadura de trompas no ano de 2010.Segundo afirmou a Sra. Cleonice Maria,


após o referido aborto, ela passou a apresentar uma série de problemas de saúde, razão pela
qual procurou atendimento médico, oportunidade em que lhe foi solicitado o exame de
Histerossalpingografia, com o fito de verificar as condições anatômicas do seu útero e
tubas uterinas. Por fim, narrou a Sra. Cleonice Maria que, muito embora tenha tentado por
diversas vezes marcar o supracitado exame, este não se realizou, eis que, no âmbito do
Estado do Pará e do município de Belém; não era disponibilizado pelo SUS, ante a
inexistência de contratualização para a sua realização; pelo que decidiu em 23/10/2014,
buscar o Órgão Ministerial.
Inicialmente, o Parquet buscou a resolução do conflito de modo
extrajudicial; nesse sentido, foram enviados os Ofícios 911, 1008 e
1091/2014-MP/3°PJ/DCF/DH, à Secretaria Municipal de Saúde; inclusos as fls. 29, 34 e
36, respectivamente.
Assim, apenas após a negativa do Ente Político ora Recorrente em
disponibilizar o referido exame, este Ministério Público, na data de 16 de maio de 2015,
ajuizou Ação Civil Pública de Obrigação de Fazer com Pedido de Antecipação dos Efeitos
da Tutela, em desfavor do Município de Belém, visando a prestação de tutela jurisdicional
efetiva que garantisse o exame de Histerossalpingografia (processo 0018457-
64.2015.8.14.0301).
Presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, a tutela
antecipada foi deferida pelo MM. Juízo a quo da 4ª Vara de Fazenda de Belém (fls. 52/56).
Contra a referida decisão, o Município de Belém interpôs agravo de
instrumento com pedido de efeito suspensivo (fls. 02/08), que julgado pelos Eméritos
Desembargadores que compõem a 4ª Câmara Cível Isolada dele, decidiram conhecer,
porém negaram-no provimento à unanimidade, conforme acórdão nº 152.812, incluso às
fls. 84.
Não satisfeito com o teor do acórdão que negou provimento ao
agravo de instrumento, o Município de Belém interpôs Recurso Especial (fls. 89/103).
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Conquanto preenchidos os requisitos objetivos de admissibilidade,


o Tribunal considerou que o REsp deveria permanecer retido, aplicando para tanto o
disposto no § 3° do art. 542 do CPC/73 (fl. 115).
Finalmente, o Município de Belém manejou agravo pela não
admissibilidade de recurso especial a este Colendo Tribunal de Justiça do Estado do Pará,
sem demonstrar, contudo, qual dispositivo de Lei Federal teria sido violado.
Conforme se comprovará abaixo, o recurso não merece
provimento.

2. DA CONTRAMINUTA AO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.

2.1. DAS PRELIMINARES


A) DA AUSÊNCIA DE ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE 1º GRAU
(PROMOTOR DE JUSTIÇA)
Trata-se de recurso impetrada contra decisão proferida em segundo
grau de jurisdição, senão vejamos:
Inconformado com decisão interlocutória que deferiu liminar nos
autos do Proc. 0018457-64.2015.8.14.0301 o réu, ora recorrente ingressou com Agravo de
Instrumento (fl. 02/08), o qual foi julgado pela Colenda 4ª Câmara Cível Isolada, que
conheceu do Recurso; porém não o proveu, conforme Acórdão inº 152.812, incluso a fl.
84.
Não aceitando a decisão da 4ª Câmara, o réu, como impetrante,
mais uma vez não se conformou e ingressou com Recurso Especial (fls. 89/103), que
mereceu análise e decisão do Eminente Desembargador Ricardo Ferreira Nunes, vice-
presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará, que o recebeu, por preencher
os pressupostos objetivos de admissibilidade, porém impôs-lhe o caráter de retido (fl. 115).
Ante a decisão obtida ingressou o município com petitório
requerendo que fosse reformulada a decisão que determinou a retenção (fl. 120), houve
decisão pelo indeferimento, fls. 121/123.
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Saliente-se, que no final desta última decisão o ora recorrente foi


advertido que eventual pedido de mitigação da regra do art. 642, § 3º do CPC/1973, deve
ser suscitado pela parte interessada, por qualquer meio, diretamente na Corte Superior
(Ag 1253984/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES e (AgRg no Ag
778.950/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX) uma vez que compete ao STJ à análise quanto à
necessidade de destrancamento (avocação) de recursos especial.
Mais uma vez o réu agravou desta feita PELA NÃO
ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ESPECIAL 127/144. Não houve despacho, mas um
simples encaminhamento pela secretaria da 4ª Câmara Cível Isolada a esta representante do
Órgão Ministerial.
Ora Senhor Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do estado do
Pará o Agravo não se refere a decisão de 1] grau, instância esta em que os Promotores de
justiça, membros do Ministério Público com atuação no 1º grau de jurisdição atuam; muito
pelo contrário trata-se de decisão proferida pelo Sr. Vice-Presidente do TJ-PA, em assim
sendo o Representante do Parquet a ser intimado é o Procurador de Justiça, nos termos do
art. 58 e 59 da Lei Orgânica do ministério Público do estado do Pará, Lei Complementar nº
57, de 06/07/2006.

B) DA CORREÇÃO DO DESPACHO DE RETENÇÃO DO RECURSO ESPECIAL.


O despacho do Tribunal que reteve o REsp, aplicando para tanto
as disposições do abrogado CPC de 1973, é irretorquível.
A questão, como se vê, diz respeito às nuances do direito
intertemporal. Vejamos:
Como muito bem explicado pela Coordenadoria de Recursos
Extraordinários e Especiais do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (fls.121/123), o ato
jurídico combatido (acórdão 152.812), se perfez em 03/11/2015 (fl. 87). Assim, consoante
disposto no art. 6°, § 1° da LINDB, o recurso especial interposto pelo Município de Belém
(fls. 89/103), deve ter os requisitos de admissibilidade apreciados sob a perspectiva do
CPC/73, lei então vigente. Não é outro, aliás, o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, vide enunciado administrativo n° 02, aprovado pelo seu plenário:
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“Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973


(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem
ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele
prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.”

Assim, não obstante tenha sido extinta a modalidade retida pelo


atual Código, não merece reforma o despacho que reteve o REsp interposto (fl. 115), pois
aplicou, in casu, as disposições do antigo Código, §3° do art. 542 (fl. 115), em
conformidade com as regras de direito intertemporal.

C) INOBSERVÂNCIA DE REGRAS TÉCNICAS ESTABELECIDAS NO ART. 1029


DO CPC. DEMONSTRAÇÃO DE CABIMENTO.

O art. 1.029 do novo CPC, que regulamentou o recurso especial,


exige que o recorrente, na petição recursal, dê os motivos e fundamentos que ensejam o
cabimento do recurso extraordinário ou do recurso especial, senão vejamos:

Art. 1.029.  O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos


previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o
presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições
distintas que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
(grifo nosso)
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão
recorrida.

In casu, o recorrente não apresentou os motivos pelos quais o


recurso especial deve ser conhecido; pelo contrário, limitou-se a discorrer, ipsi litteris,
sobre razões já aventadas no Agravo de Instrumento indeferido pelo Egrégio Tribunal de
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Justiça do Estado do Pará. Ora, não há nas razões recursais o cumprimento do disposto no
inciso II, do art. 1029 do Código de Processo Civil, qual seja, o dever de demonstrar o
cabimento do Recurso Especial, demonstrando-se, razoavelmente, no que consistiu a
negativa de vigência de dispositivos da Lei Federal (Art. 105, III, “a”, da CF), e como se
deu a alegada contrariedade a esses dispositivos pela Corte local (art. 105, III, “c”, da CF).
Há de se recordar que, em sede de recurso especial, haverá óbice
intransponível ao cabimento e à admissibilidade do recurso, se a petição vier
desacompanhada das “razões de reforma”, que é pressuposto do art. 1029 do CPC. Nessas
“razões” o recorrente tem o ônus de demonstrar o porquê da necessidade e da
obrigatoriedade de ser reformado o julgado local (erro na interpretação da lei federal,
prejuízo sofrido com isso; decisão extra petita ou infra petita, etc), para que o Colendo STJ
possa exercer o controle da legalidade do julgado - missão constitucional a ele
determinada.
Nesse sentido, eis o entendimento jurisprudencial:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. FGTS.
LIBERAÇÃO DOS SALDOS PARA QUITAÇÃO DE
CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE IMÓVEL.
LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA FUNCEF.
FALTA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DO
ACÓRDÃO RECORRIDO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DA
SÚMULA 284 DO STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO-
DEMONSTRAÇÃO. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 535, II,
DO CPC. INOCORRÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
CABIMENTO. ARTIGO 20, DO CPC. 1. A incidência da Súmula
284 do STF ('É inadmissível o recurso extraordinário, quando a
deficiência na sua fundamentação não permitir a exata
compreensão da controvérsia') revela-se inarredável, acarretando
a inadmissibilidade do recurso especial, quando os motivos que
embasaram a alegação de violação não guardam pertinência
com a matéria versada no dispositivo legal indicado
(Precedentes: REsp 859.487/RS, DJ de 12.11.2007; AgRg no Ag
639.801/SC, DJ de 06.06.2005; AgRg no REsp 611.346/RN, DJ de
14.03.2005). 2. Hipótese em que a recorrente aponta a violação dos
arts. 3º, 267, VI, e 295, II, do CPC, alegando genericamente a sua
ilegitimidade passiva ad causam, nas ações em que se pleiteia a
liberação dos saldos fundiários, enquanto o aresto atacado concluiu
pela sua legitimidade, porquanto ter se negado a aceitar tais
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recursos na quitação de financiamento de imóvel da autora. 3. A


pretensão de revisão do julgado, em manifesta pretensão
infringente, revela-se inadmissível, em sede de embargos de
declaração, quando o decisum embargado pugna pela inocorrência
da violação do artigo 535, do CPC, pelo Tribunal de origem que,
embora sucintamente, pronunciou-se de forma clara e suficiente
sobre a questão posta nos autos, não estando o magistrado obrigado
a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os
fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a
decisão. 4. Agravo regimental desprovido.
(STJ - AgRg nos EDcl no REsp: 935193 RS 2007/0063756-0,
Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 20/08/2009, T1
- PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: <!-- DTPB:
20090916<br> --> DJe 16/09/2009)

Assim, o presente recurso não satisfaz a exigência retro exaltada.


Resta, pois, inviabilizado o seu conhecimento.
Evidente que o Recurso Especial é instância constitucional que visa
um reexame excepcional da causa, não constituindo em terceira ou quarta instancia
recursal ou expediente de correção de injustiças.

D) APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 735 DO SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL.
É pacífico o entendimento jurisprudencial do STJ de que, via de
regra, não é cabível recurso especial para reexaminar decisão que defere ou indefere
liminar ou antecipação de tutela, em razão da natureza precária da decisão, sujeita à
modificação a qualquer tempo, devendo ser confirmada ou revogada pela sentença de
mérito. Destarte, apenas violação direta do dispositivo legal que disciplina o deferimento
da medida autorizaria o cabimento do recurso especial, no qual não é possível decidir a
respeito da interpretação dos preceitos legais que dizem respeito ao mérito da causa.
Tal entendimento, aliás, advém de interpretação analógica do
enunciado da Súmula nº 735, do Supremo Tribunal Federal, in verbis: “Não cabe recurso
extraordinário contra acórdão que defere medida liminar”.
Nesse sentido, são os precedentes:
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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE. AUMENTO DE
MENSALIDADE. FAIXA ETÁRIA. ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL.. IMPOSSIBILIDADE
DE REVISÃO DA QUESTÃO EM SEDE DE RECURSO
ESPECIAL. JUÍZO PROVISÓRIO. AUSÊNCIA DE "CAUSA
DECIDIDA". INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 735/STF.
ANÁLISE DOS ELEMENTOS FÁTICO-PROBATÓRIOS DOS
AUTOS. SÚMULA 7/STJ. 1. O recurso especial interposto contra
aresto que julgou a antecipação de tutela ou liminar deve limitar-se
aos dispositivos relacionados aos requisitos da tutela de urgência,
notadamente em casos em que o seu deferimento ou indeferimento
importa ofensa direta às normas legais que disciplinam tais
medidas. Dessa forma fica obstada a análise de suposta violação de
normas infraconstitucionais relacionadas ao mérito da ação
principal, porquanto as instâncias ordinárias não decidiram
definitivamente sobre o tema, sendo proferido, apenas e tão
somente, um juízo provisório sobre a questão. 2. "Não pode ser
conhecido o recurso especial quanto à alegação de ofensa a
dispositivos de lei relacionados com a matéria de mérito da causa,
que, em liminar, é tratada apenas sob juízo precário de mera
verossimilhança. Quanto a tal matéria, somente haverá 'causa
decidida em única ou última instância' com o julgamento
definitivo". (REsp 765.375/MA, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06/04/2006, DJ 08/05/2006,
p. 176) 3. Inteligência da Súmula 735 do STF: "Não cabe recurso
extraordinário contra acórdão que defere medida liminar". 4.
Consoante entendimento pacífico do STJ, é inviável o
pronunciamento acerca da ocorrência ou não dos pressupostos para
a concessão/manutenção de tutela antecipatória, porquanto os
conceitos de prova inequívoca e verossimilhança estão
intrinsecamente ligados ao conjunto fático-probatório dos autos,
incidindo o óbice da Súmula nº 07/STJ. Precedentes. 5. Agravo
regimental não provido.
(AgRg no AREsp 103.274/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe
04/09/2012)

O recurso especial, pelo que deflui da argumentação do recorrente,


visa tão somente modificar a decisão do acórdão prolatado, o que, sem qualquer sombra de
dúvida, foge dos objetivos e das hipóteses constitucionais de cabimento de tal recurso, uma
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vez que não pode ser utilizado o artigo 105 da Constituição Federal como subterfúgio para
apelos infundados e que visam somente retardar a efetividade de decisão judicial.
Dessa forma, como as instâncias ordinárias não decidiram
definitivamente sobre o tema, sendo proferido, apenas e tão somente, um juízo provisório
sobre a questão, os pressupostos constitucionais exigidos para o cabimento do recurso
especial não foram cumpridos, uma vez que não se está diante de causa decidida em última
ou única instância com julgamento definitivo. O não conhecimento é medida que se impõe.
 
Ante as razões expostas, não pode ser conhecido o presente
recurso especial, devendo o mesmo ter seu seguimento denegado, por não reunir os
pressupostos de admissibilidade necessários, o que, desde logo, requer o recorrido.
2.2. MÉRITO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. REITERADAS
DECISÕES

Caso Vossa(s) Excelência(s) entenda(m) ser cabível a presente


irresignação, o Ministério Público manifesta-se, ab initio, pelo total improvimento do
recurso, pois a decisão prolatada pelo Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do
Pará não merece qualquer reforma. Não há violação à Lei Federal ou mesmo aplicação de
entendimento divergente daquele adotado por outro Tribunal.
Excelências, a decisão prolatada pelo Vice-Presidente do E.
Tribunal de Justiça do Estado do Pará, não merece qualquer reforma, vez que em total
consonância com a Lei que regulamenta a matéria.
Destarte, por qualquer ângulo que se analise a questão verifica-se
que o Acórdão recorrido não merece reforma, uma vez que não houve qualquer
infringência a dispositivo de Lei Federal ou a qualquer disposição contratual.
A suposta ofensa à Lei n.º 9.494/1997, a qual impediria a
concessão da antecipação dos efeitos da tutela em desfavor da Fazenda Pública, não cabe
ao presente caso.
Regulamenta o art. 2º-B da mencionada lei:
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Art. 2º-B. A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso,


inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação,
concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive
de suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após
seu trânsito em julgado.

Da simples leitura do dispositivo acima transcrito, depreende-se


que referida norma não se aplica ao presente caso, uma vez que não se trata de sentença,
mas de uma decisão interlocutória, por meio da qual o Juízo de 1º grau determinou, em
sede de liminar, que o Município de Belém forneça o tratamento de saúde necessário à
paciente do Sistema Único de Saúde identificada na exordial.
Nesse sentido, segue o acertado e recente entendimento do Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Pará sobre o tema, a seguir transcrito:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO CIVIL


PÚBLICA - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA E
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA - PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA - REJEITADA – DIREITO
FUNDAMENTAL À SAÚDE - SOLIDARIEDADE ENTRE OS
ENTES DA FEDERAÇÃO NORMA CONTIDA NO ARTIGO 2º-
B DA LEI N.º 9494/97 INAPLICABILIDADE - VEDAÇÃO
EXISTENTE NO ART. 1º, §3º, DA LEI Nº 8.437/92 -
INCABÍVEL - LIMINAR DEFERIDA FUMUS BONI IURIS E
PERICULUM IN MORA - REQUISITOS DEMONSTRADOS -
MANUTENÇÃO DA DECISÃO. 1. O Ministério Público tem
legitimidade para propor Ação Civil Pública com escopo de
proteger de direitos difusos e coletivos, bem como dos direitos
individuais homogêneos, quando tratados coletivamente. 2. A
saúde é um direito fundamental cabendo ao Estado, em todas as
suas esferas o dever de prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício. 3. A norma contida no art. 2º - B da Lei Federal
nº. 9494/1997 não se aplica ao caso dos autos, eis que não se
trata de sentença, mas sim de decisão em que o Juiz a quo
deferiu pedido liminar. 4. Possibilidade de concessão de medida
de urgência contra o Poder Público em casos envolvendo risco à
saúde e à vida, bens juridicamente tutelados na própria
Constituição da República. Inaplicabilidade da vedação contida no
art. 1º, §3º, da Lei nº 8.437/92.5. Demonstrados os requisitos do
fumus boni iuris e do periculum in mora, sobretudo, relacionado a
risco à saúde ou à própria vida da parte, deve ser deferida a liminar
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pleiteada, eis que o desenrolar do processo pode tornar ineficaz a


sentença de mérito.
(AI n.º 2013
.3.012348-5 TJPA. Rel. Desa. Célia Regina de Lima Pinheiro.
Órgão Julgador: 2ª Câmara Cível Isolada. Julgamento: 02/09/2013.
Publicação: 05/09/2013)

Dessa forma, vislumbra-se que a decisão interlocutória não merece


reparos, tendo em vista que não fere a regra estabelecida na Lei n.º 9.494/1997, estando em
perfeita consonância com os requisitos autorizadores para a concessão da tutela antecipada.
Quanto à suposta violação à Lei Federal 8.080/1990, verifica-se
que tal argumento foi elencado com o único propósito de retirar o Município de Belém do
polo passivo da Ação Civil Pública interposta por este Ministério Público. Não houve
violação alguma.
O Sistema Único de Saúde – SUS, financiado e gerido por todos os
entes federados (União, Estado e Município), foi concebido justamente para que o cidadão
tenha acesso livre e solidário perante qualquer um dos integrantes do sistema.
Como tal pretensão não possui fundamentos jurídicos, doutrinários
e práticos, Tribunais de Justiça têm decidido em sentido contrário ao argumento
apresentado, senão vejamos:

MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO DE
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. SOLIDARIEDADE DOS
ENTES PÚBLICOS. DEVER DO ESTADO E DO MUNICÍPIO.
AUSÊNCIA DE LEITO HOSPITALAR. PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADA. 1. Deve ser
reconhecida a legitimidade do Secretário Estadual de Saúde para
figurar como autoridade coatora nos mandados de segurança que
visam o acesso a leitos hospitalares, em razão da forma do
funcionamento do Sistema de Regulação de Leitos vigente no
Estado do Rio Grande do Sul e a inexistência de estruturação no
que pertine ao acesso aos leitos cirúrgicos, assim como em atenção
ao princípio constitucional da responsabilidade solidária no
atendimento integral à saúde. 2. A assistência à saúde é direito de
todos garantido constitucionalmente, devendo o Poder Público
custear os medicamentos e tratamentos aos necessitados.
Inteligência do art. 196 da CF. 3. Concedida a segurança para
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determinar a imediata transferência do impetrante e sua internação


em Hospital capacitado para a realização de procedimento
cirúrgico, a ser disponibilizado gratuitamente, em rede pública ou
particular, durante o período necessário ao seu tratamento.
SEGURANÇA CONCEDIDA. (Mandado de Segurança Nº
70067629527, Primeiro Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Sergio Luiz Grassi Beck, Julgado em
04/03/2016).
(TJ-RS - MS: 70067629527 RS, Relator: Sergio Luiz Grassi Beck,
Data de Julgamento: 04/03/2016, Primeiro Grupo de Câmaras
Cíveis, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 09/03/2016)

REEXAME NECESSÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA -


FORNECIMENTO DE TRATAMENTO MÉDICO ADEQUADO
- INTERNAÇÃO DE PACIENTE EM UNIDADE HOSPITALAR
- DIREITO À SAÚDE - DEVER CONSTITUCIONAL DE
TODOS OS ENTES FEDERATIVOS, SOLIDARIAMENTE -
ARTS. 196 E 198, CF/88 - PACIENTE ACOMETIDO DE
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - INEXISTÊNCIA DE
LEITO COM ADEQUADA ESTRUTURA NO MUNICÍPIO -
TRANSFERÊNCIA - URGÊNCIA - COMPROVAÇÃO DO
DIREITO LÍQUIDO E CERTO - SENTENÇA CONFIRMADA,
EM REEXAME NECESSÁRIO. 1. Nos termos dos arts. 196 e
seguintes da Constituição da República, a saúde é direito de todos,
e dever de qualquer dos entes federativos, conjunta e
solidariamente. 2. Demonstrada a imprescindibilidade do
tratamento indicado ao paciente, bem como a urgência de sua
transferência para unidade hospitalar adequada, a omissão do
Município em fazê-lo constitui violação ao direito líquido e certo
da impetrante à saúde, constitucionalmente garantido. 3. Sentença
confirmada, em reexame necessário.
(TJ-MG - REEX: 10607120062635001 MG, Relator: Áurea Brasil,
Data de Julgamento: 23/01/2014, Câmaras Cíveis / 5ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 30/01/2014)

No Superior Tribunal de Justiça, ao relatar o Recurso Especial n.º


1.092.717-SC (2008/0215421-1), o Ministro Herman Benjamin destacou:

Ademais, considerando que o Sistema Único de Saúde é financiado


pela União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, nos
termos do art. 198, §1º, da Constituição Federal, pode-se afirmar
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que é solidária a responsabilidade dos referidos entes no


cumprimento dos serviços públicos de saúde prestados à
população. O direito constitucional à saúde faculta ao cidadão obter
de qualquer dos Estados da Federação (ou Distrito Federal) os
medicamentos que necessite, sendo desnecessário o chamamento
ao processo dos demais entes públicos. In casu, O Estado de Santa
Catarina é parte legítima passiva para figurar na presente ação que
objetiva o fornecimento de medicamentos para adolescente
portadora de diabetes (...).

Nesse sentido, o STJ reiterou:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. Ausência de Pré-questionamento. Súmulas 282/STF e
211/STJ. Fornecimento gratuito de medicamentos. Idoso.
Legitimidade Passiva Solidária dos Entes Públicos (município,
estado e união). Arts. 196 e 198, §1º, da CF/88. Precedentes do
STJ. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
desprovido.
1. (...).
2. Nos termos do art. 196 da Constituição Federal, a saúde é direito
de todos e dever do Estado. Tal premissa impõe ao Estado a
obrigação de fornecer gratuitamente às pessoas desprovidas de
recursos financeiros a medicação necessária para o efetivo
tratamento de saúde.
3. O Sistema Único de Saúde é financiado pela União, Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios, sendo solidária a
responsabilidade dos referidos entes no cumprimento dos serviços
públicos de saúde prestados à população. Legitimidade passiva do
Estado configurada.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
desprovido.
(REsp 828.140/MT, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 20/03/2007, DJ 23/04/2007, p. 235)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULAS N. 282 E 356 DO STF. SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE – SUS. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES
FEDERATIVOS. LEI N. 8.080/90. PRECEDENTES.
1. (...).
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2. Sendo o Sistema Único de Saúde (SUS) composto pela União,


Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios, impõe-se o
reconhecimento da responsabilidade solidária dos aludidos entes
federativos, de modo que qualquer deles tem legitimidade para
figurar no pólo passivo das demandas que objetivam assegurar o
acesso à medicação para pessoas desprovidas de recursos
financeiros.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.
(REsp 772.264/RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda
Turma, julgado em 16/03/2006, DJ 09/05/2006, p. 207)

Sendo assim, pelos fundamentos acima expostos, a alegação


demonstra e ratifica que o Réu, assim como na esfera administrativa, agora na esfera
judicial, pretende se esquivar de obrigações constitucionais relacionadas ao direito à saúde,
pelo que se pugna pela total desconsideração do argumento ora combatido, por absoluta
falta de amparo legal.
Por fim, destaca-se que embora a Norma Operacional da
Assistência à Saúde – NOAS/SUS n°01/2002 - preceitue ser responsabilidade solidária do
Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde dos Estados a garantia de acesso aos
procedimentos de alta complexidade, ela também determina, repise-se, que “a regulação
dos serviços de alta complexidade será de responsabilidade do gestor municipal, quando
o município encontrar-se na condição de gestão plena do sistema municipal, e de
responsabilidade do gestor estadual, nas demais situações” – grifo próprio.
Destarte, em razão de encontrar-se o Município de Belém na
situação de gestão plena do sistema municipal de saúde, a Secretaria Municipal de Saúde
responde solidária e individualmente pela não garantia do procedimento em referência, seja
ambulatorial, seja hospitalar, seja no fornecimento dos remédios imprescindíveis à saúde e
à vida.
Frise-se, ademais, que a União, em cumprimento de seu dever de
participar do financiamento do Sistema Único de Saúde – SUS, repassa ao Estado do Pará
e ao Município de Belém recursos financeiros para a finalidade apontada.
Aliás, o Ministério da Saúde informa, em sua página da internet 
www.saude.gov.br  as transferências efetuadas todos os anos ao Estado do Pará e ao
Município de Belém.
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O Recorrente, portanto, como integrante e gestor do Sistema Único


de Saúde – SUS, figura como parte passiva legítima, uma vez que a decisão postulada
projetará efeitos diretos sobre suas respectivas esferas jurídicas.
Por esses motivos, o acórdão deverá ser mantido.

3. CONCLUSÃO:

Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO


PARÁ PEDE:
a) Que, no exercício do juízo de admissibilidade, seja NEGADO
PROVIMENTO ao Agravo em Recurso Especial interposto pelo Município de Belém,
pugnando pelo acolhimento das preliminares ora arguidas, de forma a ser negado
seguimento ao recurso especial;
b) Na hipótese remota de ultrapassadas as preliminares arguidas, no
mérito, caso este venha a ser enfrentado, pela total improcedência das razões do presente
recurso, seja confirmado o Acórdão exarado pela Quarta Câmara Cível Isolada, do Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Pará, objeto de impugnação, nos termos em que se
encontra, por não haver violação a dispositivo de Lei Federal.

Assim sendo, demonstrada a inobservância aos requisitos de


admissibilidade, por não se enquadrar o recurso nas hipóteses de cabimento
constitucionalmente previstas, deve ser o mesmo inadmitido. Se admitido, não pode ser
provido, uma vez que não demonstrada qualquer violação a normas infraconstitucionais; e,
em caso de descontentamento que o Agravante utilize-se da advertência efetuada pelo Sr.
Presidente do Egrégio tribunal de Justiça do estado do Pará, inclusa a fl. 123, qual seja, o
de mitigar diretamente ao Superior Tribunal de Justiça.

Belém- PA, 04 de novembro de 2016.

SUELY REGINA FERREIRA AGUIAR CATETE


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e dos Direitos Humanos, em exercício

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