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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.616.823 - SP (2019/0332861-0)

RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


AGRAVANTE : ANDREA PAOLA MENDEZ (PRESO)
ADVOGADOS : ROSEMARY DA PENHA FIGUEIRA MENEZES - SP105527
JOAO CARLOS PEREIRA FILHO - SP249729
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. RECEPTAÇÃO. CABE À DEFESA APRESENTAR PROVA
ACERCA DA ORIGEM LÍCITA DO BEM. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO
ACÓRDÃO RECORRIDO. MENÇÃO AO ART. 381 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL – CPP. DESCABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se
firmou no sentido de que, no crime de receptação, se o bem houver sido
apreendido em poder do acusado, cabe à defesa apresentar prova acerca
da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do
disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa
falar em inversão do ônus da prova" (AgRg no AREsp 979.486/MG, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 13/3/2018, DJe 21/3/2018).
2. A indicação do art. 381, III, do CPP é descabida, pois tal
preceito diz respeito ao conteúdo da sentença condenatória. Incidência da
Súmula n. 284 do Supremo Tribunal Federal – STF.
3. Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da
Fonseca e Ribeiro Dantas votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 19 de maio de 2020(Data do Julgamento)

MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


Relator

Documento: 1943633 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/05/2020 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.616.823 - SP (2019/0332861-0)

AGRAVANTE : ANDREA PAOLA MENDEZ (PRESO)


ADVOGADOS : ROSEMARY DA PENHA FIGUEIRA MENEZES - SP105527
JOAO CARLOS PEREIRA FILHO - SP249729
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK:


Trata-se de agravo regimental interposto contra a decisão de fls. 382/385,
em que neguei provimento ao recurso especial, porquanto, no crime de receptação,
cabe à defesa apresentar provas da origem lícita do bem, quando este for apreendido
em poder do acusado, além da aplicação do óbice contido na Súmula n. 284 do
Supremo Tribunal Federal – STF.
A agravante sustenta, em resumo, que o ônus probatório é da acusação e
que apontou corretamente o art. 381, II e III, do Código de Processo Penal – CPP como
violado.
Requer a reconsideração da decisão agravada ou a submissão do
presente recurso ao órgão colegiado.
É o relatório.

Documento: 1943633 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/05/2020 Página 2 de 5
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.616.823 - SP (2019/0332861-0)

RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


AGRAVANTE : ANDREA PAOLA MENDEZ (PRESO)
ADVOGADOS : ROSEMARY DA PENHA FIGUEIRA MENEZES - SP105527
JOAO CARLOS PEREIRA FILHO - SP249729
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. RECEPTAÇÃO. CABE À DEFESA APRESENTAR PROVA
ACERCA DA ORIGEM LÍCITA DO BEM. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO
ACÓRDÃO RECORRIDO. MENÇÃO AO ART. 381 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL – CPP. DESCABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se
firmou no sentido de que, no crime de receptação, se o bem houver sido
apreendido em poder do acusado, cabe à defesa apresentar prova acerca
da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do
disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa
falar em inversão do ônus da prova" (AgRg no AREsp 979.486/MG, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 13/3/2018, DJe 21/3/2018).
2. A indicação do art. 381, III, do CPP é descabida, pois tal
preceito diz respeito ao conteúdo da sentença condenatória. Incidência da
Súmula n. 284 Supremo Tribunal Federal – STF.
3. Agravo regimental desprovido.

Documento: 1943633 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/05/2020 Página 3 de 5
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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK (RELATOR):


O recurso não merece provimento.
A agravante não trouxe nenhum argumento apto a ensejar a reforma do
juízo monocrático, nesse contexto, não há razões para alterar a decisão agravada, que
ora mantenho, in verbis (fls.383/385):

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou


no sentido que, no crime de receptação, se o bem houver sido apreendido
em poder do acusado, cabe à defesa apresentar prova acerca da origem
lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do disposto no art.
156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão
do ônus da prova" (AgRg no AREsp 979.486/MG, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
13/03/2018, DJe 21/03/2018).
Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. INEXISTÊNCIA
DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
SISTEMA DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO.
DECISÃO FUNDAMENTADA. EXAME DA PROVA POR
PARTE DA CORTE LOCAL. CONFIRMADA A
MATERIALIDADE E A AUTORIA DELITIVA. SÚMULA 7 DO
STJ. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 155 DO CPP.
RECEPTAÇÃO. CABE À DEFESA APRESENTAR PROVA
ACERCA DA ORIGEM LÍCITA DO BEM. ALEGAÇÃO DE
CERCEAMENTO DE DEFESA. FUNDAMENTAÇÃO
DEFICIENTE. SÚMULA 284 DO STF. REGIME INICIAL.
TEMA PREJUDICADO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
(...)
3.1. Com efeito, "a jurisprudência consolidada
desta Corte, segundo a qual, no crime de receptação,
se o bem houver sido apreendido em poder do
paciente, caberia à defesa apresentar prova acerca da
origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos
termos do disposto no art. 156 do Código de Processo
Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da
prova" (AgRg no HC 331.384/SC, de minha relatoria,
QUINTA TURMA, julgado em 22/08/2017, DJe
30/08/2017).
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(...)
6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp
1774653/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 19/12/2018 - Grifo
Nosso).

A alegação de vício previsto no art. 619 do Código de


Processo Penal sugere a violação do aludido dispositivo. A indicação do
art. 381, III, do mesmo diploma é descabida, pois tal preceito diz respeito
ao conteúdo da sentença condenatória. Incidência da Súmula n. 284/STF.
Nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL DE MARCUS VINÍCIUS


COSTA. VIOLAÇÃO DO ART. 41 DO CPP.
IMPROCEDÊNCIA. INDÍCIOS E DESCRIÇÃO SUFICIENTE
PARA DEFLAGRAR AÇÃO. ADVENTO DE SENTENÇA
CONDENATÓRIA. TESE ESVAÍDA. VIOLAÇÃO DOS
ARTS. 2º E 10, DA LEI N. 9.296/1996; ART. 7º, II, DA LEI N.
8.906/1994, BEM COMO DOS ARTS. 155, 157, 239 E 563
DO CPP. USO DA PROVA CONTRA RÉU QUE NÃO
FIGURAVA NA INVESTIGAÇÃO. POSSIBILIDADE.
ENCONTRO FORTUITO DE PROVA. REPRESENTAÇÃO
LASTREADA EM INFORMAÇÕES FALSAS. ACÓRDÃO
QUE FIRMA O CONTRÁRIO. REEXAME.
INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. REPRESENTAÇÃO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.
REQUERIMENTO QUE, EMBORA SUCINTO, ESTÁ
CALCADO EM FUNDAMENTO CONCRETO. PROVA QUE
PODERIA SER OBTIDA POR OUTRO MEIO.
IMPROCEDÊNCIA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVA.
VIOLAÇÃO DE SIGILO PROFISSIONAL.
IMPROCEDÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE PROPÓSITO
DELIBERADO DE VIGIAR A ATIVIDADE PROFISSIONAL.
GARANTIA QUE NÃO É ABSOLUTA, POIS NÃO
CONFERE IMUNIDADE PARA A PRÁTICA DE CRIMES NO
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA. INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
QUESTIONAMENTO ACERCA DA INTEGRALIDADE DO
ÁUDIO. IMPROCEDÊNCIA. RECORRENTE QUE NÃO
REFUTOU O TEOR DOS DIÁLOGOS. NULIDADE QUE
DEPENDERIA, PARA DECLARAÇÃO, NÃO SÓ DA
PROVA DO ALEGADO (EDIÇÃO), MAS DA
DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO EFETIVO, O QUE NÃO
FOI EVIDENCIADO NA HIPÓTESE. DESNECESSIDADE
DE TRANSCRIÇÃO INTEGRAL. VIOLAÇÃO DO ART. 5º,
XII, LIV E LV, E DOS ARTS. 93, IX, E 133, TODOS DA CF.
DESCABIMENTO (MATÉRIA CONSTITUCIONAL).
DISPOSITIVOS QUE NÃO GUARDAM PERTINÊNCIA
DIRETA COM AS ILEGALIDADES SUSCITADAS.
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FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. SUPOSTA ILEGALIDADE
NA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. QUESTÃO
RESOLVIDA À LUZ DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL
DESTA CORTE SUPERIOR. INADMISSIBILIDADE.
SÚMULA 83/STJ. FUNDAMENTO SUBSIDIÁRIO.
AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. VIOLAÇÃO DO ART.
67 DO CP. AUSÊNCIA DE INTERESSE. DISPOSITIVO
RELACIONADO AO CONCURSO DE AGRAVANTES E
ATENUANTES, SENDO INAPLICÁVEL AO CASO.
(...)
(...)
4.6. Se a Corte de origem foi omissa
reiteradamente na análise de tese defensiva, é
pertinente a indicação de ofensa ao art. 619 do Código
de Processo Penal; a menção do art. 381, III, do citado
codex, como no caso, é descabida, pois tal preceito diz
respeito ao conteúdo da sentença condenatória.
Aplicação da Súmula 284/STF.
(...)
Recurso especial de Tatiana Matos Barros
conhecido em parte e, nessa extensão, parcialmente
provido, a fim de reduzir a pena da recorrente a 2 anos de
reclusão, mantidos o regime aberto e a substituição
deferida na instância a quo. (REsp 1465966/PE, Rel.
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 10/10/2017, DJe 19/10/2017 - Grifo Nosso).

Ante o exposto, voto pelo desprovimento do agravo regimental.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2019/0332861-0 AREsp 1.616.823 /
SP
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 0060626-39.2017.8.26.0050 00606263920178260050 103/2017 1032017


606263920178260050

EM MESA JULGADO: 19/05/2020

Relator
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. LUCIANO MARIZ MAIA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : ANDREA PAOLA MENDEZ (PRESO)
ADVOGADO : ROSEMARY DA PENHA FIGUEIRA MENEZES - SP105527
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Receptação

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : ANDREA PAOLA MENDEZ (PRESO)
ADVOGADOS : ROSEMARY DA PENHA FIGUEIRA MENEZES - SP105527
JOAO CARLOS PEREIRA FILHO - SP249729
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro
Dantas votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1943633 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/05/2020 Página 7 de 5

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