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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.414.222 - SC (2013⁄0352142-4)
RELATOR: MINISTRO LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO)
AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
AGRAVADO: J V W S
EMENTA
AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL.
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. AÇÃO ANTERIORMENTE AJUIZADA.
EXAME DE DNA NÃO REALIZADO. COISA JULGADA. RELATIVIZAÇÃO.
AÇÃO DE ESTADO. PREVALÊNCIA DA VERDADE REAL. JURISPRUDÊNCIA
CONSOLIDADA. AGRAVO NÃO PROVIDO
1. Deve-se dar prevalência ao princípio da verdade real, nas ações de estado, como as de
filiação, admitindo-se a relativização da coisa julgada, quando na demanda anterior não
foi possível a realização do exame de DNA.
2. O Poder Judiciário não pode, sob a justificativa de impedir ofensa à coisa julgada,
desconsiderar os avanços técnico-científicos inerentes à sociedade moderna, os quais
possibilitam, por meio de exame genético, o conhecimento da verdade real, delineando,
praticamente sem margem de erro, o estado de filiação ou parentesco de uma pessoa.
3. Agravo interno não provido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Quarta
Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do
Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Maria Isabel Gallotti,
Antonio Carlos Ferreira (Presidente) e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro
Relator.
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RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO) (Relator):
Trata-se de agravo interno interposto contra decisão de fls. 130⁄133 e-STJ que
negou provimento ao recurso da parte recorrente, em razão da incidência da Súmula nº.
83 deste Sodalício, ante a possibilidade de relativização da coisa julgada em ação de
investigação de paternidade.
Nas razões recursais, a agravante sustenta ser "inaplicável, a nosso sentir, o
óbice da Súmula 83 do STJ, pois o acórdão prolatado pela Câmara Especial Regional
de Chapecó do TJSC não se encontra em conformidade com o posicionamento do STJ a
respeito da matéria" (e-STJ, fl. 146).
Não foi apresentada impugnação ao agravo interno.
É o relatório.
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO) (Relator):
O recurso será examinado à luz do Enunciado 2 do Plenário do STJ, nos
seguintes termos: "Aos recursos interpostos com fundamento no CPC⁄1973 (relativos a
decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça."
Conforme salientado na decisão agravada, a Corte de origem admitiu a
relativização da coisa julgada, expressamente consignando o seguinte, in verbis:
"No caso em tela, como na ação de investigação de paternidade pretérita correu
à revelia do réu e pautada tão somente em provas fictícias e ou em indícios, o instituto
da coisa julgada não preponderar ante a possibilidade de realização de exame
científico (DNA) que expressa 99,99% de certeza acerca da paternidade. Portanto, ante
a possibilidade científica de certeza da paternidade, tenho por inequívoca a
possibilidade de relativização da coisa julgada quando a decisão judicial por ela
acobertada está pautada em presunções processuais e⁄ou em indícios probatórios." (e-
STJ, fls. 69⁄70)
Segundo o que consta dos autos, a ação de investigação de paternidade
anteriormente ajuizada pela ora recorrente, correu à revelia do recorrido e pautada tão
somente em provas fictícias e ou em indícios.
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02/06/2011 PLENÁRIO
[...]
“EMENTA
Firmada essa premissa, ainda outra ressalva inicial tem de ser feita. É que
encontram-se, em tese, inseridos no grande rol de questões relacionadas à relativização
da coisa julgada material temas com perfis sutilmente diversos.
Deveras, nesse rol se encaixam, por exemplo, as seguintes hipóteses: (i) o ataque
a decisões transitadas em julgado não por conta apenas de uma interpretação jurídica,
mas em razão da superveniência, dado o avanço da tecnologia, de meios de prova
inexistentes à época da prolação da decisão, que, dependendo do resultado que se possa
deles extrair para a instrução da causa, conduziriam a conclusão diversa da alcançada na
decisão anterior, e que, apenas nesse caso, restaria configurada a violação de princípios
ou regras constitucionais pela manutenção da coisa julgada; (ii) [...].
[...]
[...]”
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