Você está na página 1de 11

TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE ÉVORA

1ª Secção Cível

Processo n.º 2404/18.3T8STB-A.E1

V/ Ref.ª 8058752

Venerandos Juízes Desembargadores

LUIS PEDRO PEIXOTO CARDOSO, recorrente nos autos à margem referenciados e aí melhor

identificado, notificado do Acórdão que antecede, e não se conformando com o mesmo, vem, nos termos

do disposto da alínea a) do n.º 1 do artigo 672.º do CPC, dele interpor

Página | 1 RECURSO DE REVISTA EXCECIONAL,

O recurso interposto sobe em separado (artigo 675.º, n.º 2) e com efeito suspensivo (artigo 676.º,

n.º 1), para o

SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Com as seguintes ALEÇAGÕES e CONCLUSÕES

Av. António Feijó, Prédio Avenida, loja 10, 4990-029 Ponte de Lima
Tel. 258947385 Fax. 258947385 Tlm. 968281431 e-mail: vpiresmorgado-55109P@adv.oa.pt
TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE ÉVORA

1ª Secção Cível

Processo n.º 2404/18.3T8STB-A.E1

ALEGAÇÕES do Recorrente

Luís Pedro Peixoto Cardoso

COLENDOS JUÍZES CONSELHEIROS DO

SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

I. Da Admissibilidade

1. Está em causa nos presentes autos uma questão cuja apreciação pelo Supremo Tribunal de

Justiça, pela sua relevância jurídica, é claramente necessária para uma melhor aplicação do Direito.
Página | 2
2. Consiste saber se, numa ação de investigação de paternidade é possível estabelecer a

presunção legal de filiação constante da alínea e) do nº 1 do artigo 1871.º do Código Civil, assente numa

inversão do ónus da prova, quando nem o réu se recusou fazer aquele exame de forma culposa, e

quando invertido o ônus da prova, se logrou fazer prova suficiente para afastar essa presunção de

paternidade.

3. Pelo que urge a apreciação da questão suscitada no presente recurso pelo Supremo Tribunal

de Justiça por ser absolutamente essencial para uma melhor aplicação do Direito – isto sob pena de se

abrir um precedente, capaz de abalar de forma drástica a certeza e a segurança jurídica, mormente, no

que à inversão do ónus da prova e à aplicação da presunção de paternidade diz respeito.

4. O Douto Acórdão recorrido procedeu a uma interpretação invasiva de Direitos fundamentais

dos cidadãos, ao ponto de se se justificar a intervenção do Supremo Tribunal de Justiça, que, com

competência para tanto, deve decidir em conformidade, evitando dissonâncias interpretativas que

possam por em causa a boa aplicação do Direito.


5. E a questão assume particular relevância social uma vez que os moldes da apreciação e

verificação de uma situação de inversão do ónus da prova para efeitos da aplicação da presunção de

filiação, constante da alínea e) do n.º 1 do artigo 1871.º do Código Civil, tiveram por fundamento um

comportamento notoriamente não culposo do réu, que de forma legitima e não culposa, não realizou o

exame genético – nem podia ser obrigado e prejudicado por tal.

6. Relevância social que existe e se manifesta pelo facto de se tratar de uma matéria com

repercussão no espetro individual e coletivo dos cidadãos, e apta a causar alarme e controvérsia, por

conexão com os valores socioculturais dominantes, podendo colocar em causa a eficácia do direito e/ou

criar dúvidas sobre a sua credibilidade, quer na formulação legal, quer na aplicação caso a caso.

7. Está em causa muito mais que interesses individuais do réu ou de sujeitos processuais em

situação semelhante – reveste, sim, contornos de abrangência comunitária, com um interesse geral que

ultrapassa a referida dimensão das partes (art. 672.º n.º 1, al. b) do Código de Processo Civil).
Página | 3 8. Pelo que cabe ao Supremo Tribunal de Justiça apreciar a questão, por, em suma, ser

suscetível de gerar colisão de direitos e de valores sócio culturais dominantes.

II. Do objeto do recurso

9. Vem o presente recurso do Acórdão proferido pelo Tribunal da Relação de Évora, em 29 de

setembro de 2022, no seguimento do recurso da sentença apresentada nos autos de Ação de Processo

Comum de Investigação Paternidade/Maternidade, tendo o Acórdão de que se recorre sumariado o

seguinte:

“Se o réu, investigado, com a sua recusa ilegítima – de se submeter a exame laboratorial suscetível

de fornecer prova directa da filiação biológica – inviabiliza a prova desta filiação, face à falência da prova

indirecta através de testemunha, deve, por aplicação do art. 344º, nº2, inverter-se o ónus da prova, passando

aquele, que impossibilitou a prova, a ficar onerado com a demonstração da não verificação daquele facto,

isto é, que o autor não é fruto de relações de sexo entre o réu e mãe do autor e, assim, que este n ão é filho

daquele”.

Av. António Feijó, Prédio Avenida, loja 10, 4990-029 Ponte de Lima
Tel. 258947385 Fax. 258947385 Tlm. 968281431 e-mail: vpiresmorgado-55109P@adv.oa.pt
10. Salvo o devido respeito por opinião contrária, a decisão, não foi a mais correta e acertada

em relação à matéria de facto apurada em sede de audiência de julgamento, e, consequentemente, o

direito aplicado também não reflete os factos concretos que foram apurados.

11. Não é verdade que tenha havido uma recusa ilegítima de realização do exame de ADN, que

levou a essa inversão do ónus da prova.

12. E mesmo que se considere e aceite a inversão do ónus da prova, o que não se concede,

logrou o recorrente provar que não havia hipótese ou possibilidade de ser o pai da menor, afastando a

presunção da paternidade.

13. Mas mais, mesmo que assim não fosse, o próprio Tribunal de 1.ª instância concluiu que não

existia ou se produziu qualquer prova – e num Estado que se quer que seja de Direito e Democrático,

isso não pode prejudicar, de nenhuma forma, a parte que se encontra sob investigação (no caso).

14. O recorrente entende ter logrado provar e afastar convenientemente essa possibilidade,

conseguindo afastar a presunção de paternidade, com a produção de prova relevante para a decisão Página | 4

final, e que foi desvalorizada pelo Tribunal recorrido.

15. E mesmo que assim não fosse, não foi produzida qualquer tipo de prova que possa levar à

presunção da paternidade da menor.

16. Todavia, e contra tudo o exposto que só podia levar a decisão diferente que levaria à total

improcedência da ação intentada pela recorrida, decidiu-se absolutamente em sentido oposto,

concluindo que o réu é o pai da menor só pelo facto de que “houve uma recusa ilegítima do investigado

em realizar o exame.”

17. Salvo o devido respeito, não se pode impor a quem quer que seja que seja pai ou mãe de

uma criança sem qualquer tipo de prova ou vontade.

18. E muito menos se pode determinar que um homem é pai de uma criança na inexistência de

qualquer ligação genética ou algo que o prove – acabando por se determinar que é o pai da menor é

uma pessoa completamente estranha ao assunto.


19. E tudo isto enquanto o verdadeiro pai e quem devia assumir a situação se encontra em parte

incerta e sem qualquer tipo de ação contra si interposta.

20. A prova produzida (ou falta dela) dada como assente pela 1ª Instância, é insuficiente para

determinar a procedência da presente ação, impondo-se outro julgamento da matéria de Direito.

21. Não se logrou provar nos autos, de nenhuma forma, que o réu manteve relações sexuais de

cópula completa com a autora durante o período legal de conceção.

22. Provou-se que mantiveram uma relação amorosa, sim, mas que essa relação terminou em

momento bem anterior ao do período legal de conceção.

23. Em nenhum momento, ficou demonstrado e provado que o Recorrente se tenha recusado

injustificadamente a realizar teste de ADN.

24. Não se pode exigir a um qualquer cidadão que se sujeite a um exame deste cariz, por mera

especulação de uma qualquer pessoa – no caso a autora.


Página | 5 25. A autora até chegar à indicação do réu como eventual pai, havia já indicado outro homem

como pai, que por alguns anos se manteve nessa situação, certamente convicto que seria o pai da

menor, convencido pela autora (conforme resulta do processo original ao qual este correu em apenso).

26. A Lei, os Tribunais, os cidadãos, e no caso o réu, não podem andar ao sabor do vento e de

vontades de uma qualquer pessoa que livremente vai indicando pretensos pais duma menor, até acertar

naquele que é.

27. Se é certo que a menor tem direito a ter um pai, não é menos certo que tem direito a ter uma

mãe que diga a verdade como ela é, e que não faça uso dos tribunais de forma errada.

28. No caso provou-se que ela mantinha relações com outros homens além do réu, ainda na

pendência da relação amorosa que mantiveram (que decorreu bem antes do período legal de conceção).

29. Tal comportamento continuou após o fim da relação - pelo que qualquer um dos homens

com quem possa ter estado será, certamente, o pai da menor.

30. Mas, no entanto, a ação foi apenas interposta contra o réu.

Av. António Feijó, Prédio Avenida, loja 10, 4990-029 Ponte de Lima
Tel. 258947385 Fax. 258947385 Tlm. 968281431 e-mail: vpiresmorgado-55109P@adv.oa.pt
31. Supondo que o réu fazia o exame genético, que certamente daria negativo para a

paternidade da menor, qual seria o próximo passo da autora? Indicar outro homem, até se chegar ao

certo? Tudo sempre em prejuízo da própria filha, dos supostos pais, e da reputação dos tribunais?

32. Quantos processos seriam precisos até se chegar a uma resposta definitiva?

33. Como se disse, a menor tem direito a saber quem é o pai, mas os tribunais e os cidadãos

não podem reger-se e regular-se pela vontade de uma pessoa.

34. Pelo que a recusa do réu não foi ilegítima e culposa – foi sim em defesa dos seus direitos e

com base em considerações legitimas.

35. Não é legal, sendo até completamente ilusório e desproporcional impor ao recorrente ou a

qualquer cidadão que se sujeite a qualquer tipo exame conforme a vontade de qualquer pessoa que

avance com este tipo de ações – sendo que no caso é evidente que a autora não fará ideia de quem é

o pai da menor.

36. A assim acontecer, estar-se-ia a abrir um precedente grave que daria azo a que, doravante, Página | 6

qualquer pessoa impingisse testes de ADN a quem lhe aprouvesse, sem qualquer fundamento, muitas

vezes apenas com o único propósito de melindrar a parte contrária.

37. Portanto, o recorrente não se recusou injustificadamente ou de forma culposa a realizar teste

de ADN, e não pode ser prejudicado nos seus direitos de defesa pelo facto de não realizar o referido

exame genético.

Isto posto,

38. Não estão preenchidos os requisitos legais para operar uma inversão do ónus da prova

constantes do nº 2 do artigo 344º do Código Civil.

29. Não se pode operar, no presente caso, a presunção de paternidade constante do artigo

1871.º, nº 1, alínea e) do Código Civil uma vez que a recorrida não logrou fazer prova de que manteve

relações sexuais com o recorrente durante o período legal de conceção;

40. Estando o Tribunal a quo obrigado a aplicar a regra constante do artigo 414° do Código de
Processo Civil que estabelece que, em caso de dúvida sobre a realidade de um facto, ela se terá de ser

resolvida contra a parte à qual o facto aproveita (ou seja contra o recorrido);

41. A presente ação de investigação da paternidade deveria ter sido julgada pelo Douto Tribunal

a quo como improcedente, por não provada e o ora réu recorrente absolvido do pedido.

Sem prescindir,

42. Mesmo que assim não se entenda, o que não se concede, e apenas por mera cautela de

patrocinio se pondera, havendo inversão do ónus da prova, o recorrente conseguiu provar e afastar a

presunção da paternidade.

43. Indicou fundadamente o termino da relação, o afastamento da autora, e por força disso, a

inexistência de relações sexuais durante o período legal de conceção.

44. Pelo que admitindo a inversão do ónus da prova, conseguiu-se afastar a presunção de

paternidade.
Página | 7 Desta feita,

45. Não estão reunidos no presente processo os pressupostos da inversão do ónus da prova

constantes do n.º 2, do artigo 344.° do Código Civil.

46. O Douto Acórdão recorrido viola o disposto nos artigos 1871.º, n.º 2, 342.º e 344.º, todos do

Código Civil, bem como os artigos 412.º, 414.º e 417.º do Código de Processo Civil.

47. Não se aplicando no presente caso a presunção constante da alínea e) do n.º 1 do artigo

1871.º do Código Civil, porque a autora não logrou fazer prova da ocorrência de relações sexuais entre

a sua mãe e o ora recorrente no período da conceção.

48. Não subsistindo quaisquer dúvidas de que o Douto Tribunal a quo errou na interpretação e

aplicação do direito, pelo que urge revogar o Douto Acórdão recorrido.

49. Devendo ser proferido Acórdão a julgar a ação improcedente por não provada e a absolver

o recorrente do pedido, por força do disposto nos referidos normativos.

Av. António Feijó, Prédio Avenida, loja 10, 4990-029 Ponte de Lima
Tel. 258947385 Fax. 258947385 Tlm. 968281431 e-mail: vpiresmorgado-55109P@adv.oa.pt
CONCLUSÕES

A - Nos presentes autos está em causa uma questão cuja apreciação pelo Supremo Tribunal de

Justiça, que pela sua relevância jurídica, é claramente necessária para uma melhor aplicação do Direito.

B - A questão que se solicita apreciação nos presentes autos consiste em saber se, numa ação

de investigação de paternidade se pode estabelecer a presunção legal de filiação constante da alínea e)

do n.º 1 do artigo 1871.º do Código Civil, assente numa inversão do ónus da prova, sem que tenha havido

uma recusa culposa do investigado em realizar um teste de ADN.

C - A apreciação da questão suscitada no presente recurso é absolutamente essencial para uma

melhor aplicação do Direito, sob pena de se abrir um precedente, capaz de abalar de forma drástica a

segurança jurídica, mormente, no que à inversão do ónus da prova e à aplicação da presunção de

paternidade diz respeito.

D - A interpretação e aplicação da lei constante do Douto Acórdão recorrido reveste natureza

invasiva e violadora de diversos direitos fundamentais, em termos de se justificar a intervenção do Página | 8

Supremo Tribunal de Justiça para evitar dissonâncias interpretativas a por em causa a boa aplicação do

Direito.

E - Os contornos da apreciação da verificação de uma situação de inversão do ónus da prova

para efeitos da aplicação da presunção de filiação constante da alínea e) do n.º 1 do artigo 1871.º do

Código Civil com base na inversão do ónus da prova fundamentada num comportamento notoriamente

não culposo, nos moldes que foram efetuados no Acórdão recorrido, assume particular relevância social.

F - Essa relevância social existe por se tratar de uma matéria com repercussão ou, no limite,

apta a causar alarme e controvérsia, por conexão com os valores socioculturais dominantes, podendo

colocar em causa a eficácia do direito e/ou criar dúvidas sobre a sua credibilidade, quer na formulação

legal, quer na aplicação casuística;

G - Esta matéria vai muito para além dos interesses individuais dos sujeitos processuais,

revestindo contornos de abrangência comunitária, em que existe um interesse da comunidade que


ultrapassa a referida dimensão interpartes (art. 672.º n.º 1, al. b), do Código de Processo Civil).

H - A questão que integra o objeto do presente recurso é suscetível de gerar colisão com os

valores sócio culturais dominantes.

I - A prova produzida e dada como assente pelo Tribunal de 1ª Instância nos autos é insuficiente

para determinar a procedência da presente ação, impondo-se outro julgamento da matéria de direito.

J - Não se logrou provar nos autos, que o réu teve relações sexuais de cópula completa com a

autora durante o período legal de conceção.

K - Não se logrou provar nos autos que o recorrente se tenha recusado de forma ilegítima e

culposa realizar o teste de ADN.

L - O recorrente, e qualquer outro cidadão, não pode andar ao sabor do vento e da vontade de

qualquer pessoa que arbitrariamente vai indicando quem lhe aprouver para realizar teste de ADN.

M - A autora mantinha relações sexuais com outros homens, e no processo principal onde os
Página | 9 autos correm por apenso constata-se que a menor tinha até à data da ação, outro pai.

N - Tudo demonstrativo que a própria autora não sabe quem é o pai da menor, e que pode andar

de ação em ação, a melindrar diversos intervenientes, até encontrar o pai da menor.

O - O réu a aceitar fazer tal exame de ADN, que daria negativo para a paternidade, estaria

certamente a dar azo que logo de seguida a autora entrasse novo processo contra outro homem.

P - E assim se ia prosseguindo até encontrar o pai da menor, em prejuízo da criança que é quem

menos culpa tem no processado, e da própria imagem dos tribunais, na vertente da certeza e da

segurança jurídica.

Q - A recusa não foi ilegítima ou culposa – foi apenas o réu a defender os seus direitos e dos

próprios tribunais.

R - O tribunal a quo ao decidir desta forma abriu um grave precedente que permite que qualquer

pessoa inicie processos de paternidade e obrigue quem bem entender e sem fundamento a fazer o

exame de ADN – tudo com o claro objetivo de melindrar e aborrecer quem lhe aprouver.

Av. António Feijó, Prédio Avenida, loja 10, 4990-029 Ponte de Lima
Tel. 258947385 Fax. 258947385 Tlm. 968281431 e-mail: vpiresmorgado-55109P@adv.oa.pt
S - Não se pode ignorar todos os malefícios e repercussões que um exame deste jaez provoca

na esfera pessoal e familiar de qualquer cidadão – podendo destruir qualquer família apenas por mera

má fé de uma qualquer pessoa que decida avançar com este tipo de ação.

T - Não é legal, sendo completamente ilusório e desproporcional impor ao recorrente que realize

um teste de ADN por mera indicação da autora.

U - O recorrente não se recusou ilegitimamente ou de forma culposa realizar teste de ADN, e

não pode ser prejudicado nos seus direitos de defesa por esse facto.

V - Não estão por isso preenchidos os requisitos legais para operar uma inversão do ónus da

prova constantes do nº 2 do artigo 344º do Código Civil;

W - Mas mesmo que assim não fosse, o que apenas por mera cautela de patrocinio se pondera,

mas não se concede, havendo inversão do ónus da prova, não podia operar a presunção de paternidade

constante do artigo 1871.º, n.º 1, alínea e) do Código Civil.

X - O réu logrou provar clara e inequivocamente que não manteve relações sexuais com a autora Página | 10

durante o período legal de conceção.

Y - Demonstrou que a autora não é impoluta e isenta de responsabilidade, uma vez que a menor

durante vários anos esteve convicta que tinha um pai (conforme resulta do processo original ao qual o

processo em causa corre por apenso).

Z - Acresce ainda que a recorrida não logrou fazer prova de que manteve relações sexuais com

o recorrente durante o período legal de conceção, como o próprio tribunal de 1.ª instância concluiu ao

referir que “Ora, não se provou qualquer facto que permitisse presumir a paternidade nos termos do

artigo 1871.º/1 do Código Civil.”

AA - E estando o Tribunal a quo obrigado a aplicar a regra constante do artigo 414° do Código

de Processo Civil que estabelece que, em caso de dúvida sobre a realidade de um facto, ela se terá de

ser resolvida contra a parte à qual o facto aproveita (ou seja contra o recorrido);

BB - A presente ação de investigação da paternidade deveria ter sido julgada pelo Douto Tribunal
a quo como improcedente, por não provada e o ora recorrente absolvido do pedido.

CC - Não estão reunidos no presente processo os pressupostos da inversão do ónus da prova

constantes do n° 2 do artigo 344° do Código Civil.

DD - O Douto Acórdão recorrido viola o disposto nos artigos 1871.º, n.º 2, 342.º e 344.º, todos

do Código Civil, bem como os artigos 412.º, 414.º e 417.º do Código de Processo Civil.

EE - Não se aplicando no presente caso a presunção constante da alínea e) do n.º 1 do artigo

1871.º do Código Civil, porque a ora recorrida não logrou fazer prova da ocorrência de relações sexuais

com o ora recorrente no período legal da conceção.

FF - Não subsistindo quaisquer dúvidas de que o Douto Tribunal a quo errou na interpretação e

aplicação do direito, pelo urge revogar o Douto Acórdão recorrido;

GG - Devendo ser proferido Acórdão a julgar a ação improcedente por não provada e a absolver

o recorrente do pedido, por força do disposto nos referidos normativos;


Página | 11

NESTES TERMOS, e nos melhores de Direito, que V.ªs Ex.ªs.

doutamente suprirão, deve ser dado provimento ao recurso,

revogando o Acórdão recorrido, e, em consequência seja a acção

julgada improcedente, por não provada e o recorrente absolvido do

pedido.

É, pois, o que se Requer a V. Exas.,

Assim se fazendo a habitual e almejada JUSTIÇA!

O Patrono Oficioso,

Av. António Feijó, Prédio Avenida, loja 10, 4990-029 Ponte de Lima
Tel. 258947385 Fax. 258947385 Tlm. 968281431 e-mail: vpiresmorgado-55109P@adv.oa.pt

Você também pode gostar