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Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente da Seçã o Criminal do

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Sã o Paulo.


[Nome e qualificação completa do impetrante], vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso LXVIII da
Constituiçã o Federal e sua combinaçã o com o artigo 648, inciso I do Có digo de
Processo Penal, impetrar
Ordem de habeas corpus repressivo
com pedido de decisão liminar
fundamentado no artigo 647 e seguintes do Có digo de Processo Penal, em favor do
paciente [Nome e qualificação completa do paciente], contra ato abusivo
praticado pelo nobre Magistrado de 1ª instâ ncia da xx ª Vara Criminal de São
Paulo-SP, nos autos do processo criminal nº 0000000-00.0000.0.00.0000, que
insiste prosseguir com a açã o penal contra o paciente, onde sua liberdade
provisó ria foi cassada, motivo pelo qual a autoridade coatora decretou sua prisã o,
ofendendo mortalmente o direito de ampla defesa, pelos motivos expostos neste
petitó rio, requerendo ao final, que seja declarada liminarmente a nulidade de
todos os atos processuais, desde a citaçã o, pleiteando lhe seja concedido
“liminarmente” para determinar a extinçã o do processo, desde a citaçã o, como de
direito e de melhor Justiça, ante os fatos e fundamentos a seguir expostos:
1. Dos fatos
O paciente em referência, conforme consta da Denú ncia de fls. 1-D/4-D, está sendo
acusado do delito tipificado nos artigos 180, § 1º c.c. 29, do Có digo Penal.
Ocorre Exas., que conforme consta dos autos do processo, especificamente à s fls.
102, apó s o oferecimento da Denú ncia Ministerial, foi determinada a citaçã o dos
acusados e a intimaçã o para apresentaçã o de resposta à acusaçã o e ainda, para
comparecimento à audiência que foi designada e realizada no dia 12/06/2018, à s
14h30min, contudo sem a presença do paciente.
Sua ausência na audiência se deu, tendo em vista que o Sr. Oficial de Justiça
incumbido das diligências determinadas pelo MM. Juízo de primeira instâ ncia
exarou nos autos Certidão (fls. 000) onde assevera que o acusado xxxxxxxx está
em local incerto e nã o sabido (Doc.j.)
Vemos Exas., e nã o há a necessidade de grande esforço intelectual para isso, que o
Sr. Oficial de Justiça diligenciou apenas em 1 (um) endereço ao encalço do
paciente.
O impetrante informa a Vossas Excelências, que a Certidã o acima lançada não
corresponde à verdade, uma vez que o acusado informou 2 (dois) endereços
nos autos; o do local dos fatos e o da sua residência, o que podemos ver na fl. 06
dos autos do inquérito policial. (Doc.j.)
Por um erro da polícia, o que é imprescindível esclarecer, a cidade de domicílio e
residência do autor constou como se fosse Sã o Paulo-SP, mas na verdade é no
município de Barueri-SP.
O impetrante afirma com a certeza necessá ria, que tal fato trata-se de um erro ou
mesmo uma má -conduta policial, na tentativa de prejudicar o paciente, pois apesar
de este ter assinado o termo, no momento de sua prisã o informou claramente seu
endereço e a cidade correta, mas nã o foi isso que constou dos termos escritos de
seu depoimento na polícia.
Por outro lado o fato acima esclarecido perde a importâ ncia, tendo em vista que
em seu pedido de liberdade provisó ria, o paciente apresentou seu endereço
correto não só na petição que requereu a referida benesse legal, mas
também na procuração outorgada ao advogado, ou seja, o endereço correto do
paciente consta em dois locais nos autos.
Mesmo assim Exas., o fato da existência da informaçã o do endereço residencial do
paciente em questã o foi completamente ignorada e induziu o Juízo em erro, pois
sua ausência à audiência realizada foi interpretada isoladamente, como uma falta
de responsabilidade processual e vemos que isso nã o procede, de forma alguma.
Nã o bastasse isso, vemos que no endereço em que o Sr. Oficial de Justiça
diligenciou, não era o principal do paciente, pois o principal era o de sua
residência, como a maioria das pessoas, e nesse endereço nã o foi realizada
qualquer diligência. O paciente reside no mesmo endereço desde a data dos fatos
apurados no processo em destaque.
A defesa interviu nos autos, comunicando os referidos fatos à autoridade judicante,
pois o réu ficou sabendo há poucos dias, por conhecidos, que havia sido realizada
audiência no seu processo e procurou o subscritor da presente para verificar a
situaçã o em que se encontrava a sua situaçã o processual, sendo verificado,
surpreendentemente, que havia sido decretada a sua prisã o à s fls. 110 dos autos do
processo em discussã o.
Por tais fatos, em 00/00/0000 também foi publicado Edital de Citação do réu
Eduardo, com 10 (dez) dias de prazo para a apresentaçã o de defesa preliminar,
prazo que se expirou em 00/00/0000, sendo que tecnicamente, neste momento,
esse réu tornou-se injusta e ilegalmente revel.
O impetrante, que é patrono do paciente no processo desde 00/00/0000, conforme
já dito, peticionou à autoridade coatora, demonstrando que neste processo ocorre
uma nulidade absoluta por evidente cerceamento de defesa, haja vista que
houve uma evidente falha no desenrolar do processo, que decorre da falta de
atençã o do Sr. Oficial de Justiça e dos serventuá rios, falha esta que nã o pode ser
atribuída de qualquer forma ao paciente, posto que nã o colaborou, de forma
alguma para isso e requereu ao final, a nulidade do processo desde os atos de
citató rios, evidentemente.
Ao decidir o pedido feito pelo impetrante, o MM. Juízo de Primeiro Grau de
Jurisdiçã o Penal assim se manifestou nos autos, em 2 (dois) despachos distintos, a
saber:
“Vistos. Fls. 000/000. Mantenho a prisão cautelar, embasada nos
fundamentos já apresentados às fls. 000/000, observando-se que o réu fora
beneficiado com expedição de alvará de soltura por decisão do DIPO aos
00.00.0000, mediante o comparecimento de apresentar-se a todos os atos
processuais Intimem-se às partes, inclusive a Defesa constituída às fls. 000,
para que, querendo, apresente o réu xxxxxxxxxxxxxx, na audiência
designada às fls. 115/116.”
“Preliminarmente, apresente a resposta à acusação, oportunidade em que
será apreciado o pedido de fls. 000/000. ". Para que fique ciente da audiência
designada para o dia 00/00/0000 às 14:00 horas. Advogados (s): Érico
Tarciso Balbino Olivieri (OAB 184337/SP)”
Vejam Exas., nos Despachos acima transcritos, a Douta Magistrada mantém a
prisão decretada e devolve o prazo para defesa preliminar, que pela regra legal é
de 10 dias, contudo, vejam que o r. despacho também intima o impetrante e o
paciente para a audiência de instrução, debates e julgamento, designada
para o dia 00/00/0000 às 14:00 horas.
Conforme veremos na exposiçã o abaixo, que as respectivas decisõ es acima
transcritas e ora atacadas e impugnadas ofendem o princípio do contraditó rio, da
ampla defesa e mantém a prisã o cautelar, sem a devida justa causa.
2. Do direito
2.1. Da falta de justa causa para a manutenção da prisão cautelar
É nítido nos autos, que a decretaçã o da prisã o do paciente se deu por um erro do
Sr. Oficial de Justiça e talvez dos Serventuá rios da Justiça, que nã o se preocuparam
em verificar nos autos, o endereço residencial do paciente, amplamente informado
nos autos.
Esse erro, que é evidente e salta aos olhos com a simples leitura do processo, nã o
foi do paciente, contudo a puniçã o é ele quem está sofrendo.
É uma situaçã o esdrú xula, teratoló gica, onde o prejudicado é quem arca com a
consequências que deveriam recair sobre quem errou.
O nã o comparecimento do paciente à audiência ocorrida nos autos entã o, se deu
porque nã o fora devidamente intimado, porque houve uma negligência na
verificaçã o de seu endereço residencial, porque houve um error in judicando, ou
seja, uma sucessã o de erros que absurda e incrivelmente estã o sendo atribuídos ao
paciente.
Traçando um paralelo bem simples, vemos que este caso é semelhante ao fato de
um criminoso que rouba uma pessoa e a autoridade prende a pró pria vítima pelo
roubo! Absurdo!
O impetrante nã o tem alternativa senã o repetir que a situaçã o é absurda e nã o
pode jamais ser tolerada, sob pena de invertermos valores jurídicos inaliená veis,
principalmente o da dignidade da pessoa.
É muito preocupante que uma decisã o dessas perdure, pois causa a nulidade
absoluta do processo, desde a citação, pois mantém a ordem de prisão,
mesmo sem qualquer motivo que realmente a justifique, posto que tudo foi
devidamente explicado e ignorado pela autoridade coatora.
Agora, vemos perfeitamente que falta justa causa para a decretação da prisão
preventiva do paciente, por nítida ausência de dolo em sua conduta processual
de nã o comparecer para responder à acusaçã o e nã o se pode ignorar que a falta da
justa causa decorre da nulidade absoluta informada, que ocorre ante ao não
exaurimento dos meios mais comuns de citação, justamente porque outros
meios de localizaçã o do paciente estavam à disposiçã o do Sr. Oficial de Justiça, dos
Serventuá rios da Justiça, do pró prio Magistrado e nã o poderia constar e ainda ser
aceita, a declaraçã o de que o paciente estava em local incerto e nã o sabido.
A situaçã o se torna pior, tendo em vista que a autoridade coatora foi informada do
erro e preferiu ignorar.
Por tais razõ es, restam diretamente ofendidos neste processo, os princípios do
devido processo legal (Art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal), da ampla
defesa (Art. 5º, inciso LV da Constituição Federal) e contraditório,
configurando nulidade absoluta e evidente falta de justa causa para a
manutenção do r. Decreto de Prisão Preventiva do acusado.
O princípio do devido processo legal, insculpido no artigo 5º, inciso LIV da
Constituiçã o Federal, da legalidade, restam transgredidos, tendo em vista que os
despachos atacados que mantém decreta e mantém a prisã o do paciente,
respectivamente, estã o esvaziados de uma causa legalmente justa para a
decretaçã o de sua prisã o cautelar nos moldes aqui informados, devendo ser
decretada a imediata revogaçã o da prisã o cautelar determinada pela autoridade
coatora.
2.2. Da diminuição do prazo para a defesa e inversão procedimental: o
absurdo cerceamento de defesa e a nulidade absoluta do processo!
É bem simples verificar-se, que a data da audiência de instruçã o, debates e
julgamento foi designada para a pró xima quarta-feira (00/00/000).
Também se esclarece que nos despachos atacados foi devolvido o prazo para a
resposta à acusaçã o, que a teor do que preconiza o artigo 406 do Có digo de
Processo Penal, é de 10 (dez) dez dias.
O impetrante tomou conhecimento dos despachos ora atacados na data de
00/00/0000, através de consulta ao sítio eletrô nico deste E. Tribunal de Justiça,
muito embora nã o tenham ainda sido publicadas no diá rio oficial até a presente
data.
Ocorre Exas., que hoje é 00/00/0000 e a audiência foi designada para 00/00/0000,
ou seja, daqui a 2 (dois) dias, ou seja, sem que mesmo tenha ocorrido a defesa
preliminar do paciente, para que apresentasse resposta à acusaçã o, sem contar que
hoje é segunda-feira e tem somente 2 (dois) dias para a realizaçã o da defesa
preliminar, antes da audiência.
Na referida audiência, como é do procedimento, será colhido o interrogatório do
paciente, contudo, nesta data ainda não terá expirado o prazo legal para a
apresentação de sua defesa preliminar!
Essa situaçã o ofende mortalmente o direito de defesa do acusado, pois inverte
e tumultua os atos processuais, uma vez que o artigo 396-A do CPP[1], dá o direito
ao acusado de exercer sua defesa no prazo de 10 dias, antes de colhido seu
interrogatório e prejudica a apresentaçã o de documentos, justificaçõ es e ainda a
indicaçã o de suas testemunhas.
Com essa situaçã o, não há como o paciente exercer sua defesa no prazo de 10
dias e ainda, se forem mantidos os despachos aqui atacados, ocorrerá a supressã o
procedimental, pois exigirá do acusado seu interrogató rio conforme a regra do
artigo 400 do CPP, antes mesmo de terminado seu prazo para apresentaçã o de
defesa preliminar.
Além dessa situaçã o, que de per si é suficiente para qualquer operador do direito
penal, verificar que ocorre uma nulidade absoluta nos autos do processo atacado
e uma situaçã o a se pensar: Então terá o paciente que oferecer alegações
finais[2] antes de expirado seu prazo para defesa preliminar?
De mais a mais Exas., o que ocorre é que foi armada uma emboscada para o
acusado, pois será preso na audiência sem o menor resquício de justa causa,
pois absurdamente nã o foi reconhecida a nulidade ocorrida pelo defeito no ato
citató rio, conforme explicitado no tó pico anterior e a prisão cautelar foi
mantida! Absurdo dos absurdos! Uma aberração jurídica que merece a
especial atenção de Vossas Excelências e é de rigor que se decrete a nulidade
de todos os atos processuais ocorridos após a citação do paciente!
Conforme as regras legais vigentes neste país, inerentes ao processo penal,
desnecessá rio maiores divagaçõ es sob o tema, posto que a supressã o
procedimental e o prejuízo à defesa sã o inquestioná veis, de forma que evidencia a
ocorrência de nulidade absoluta insanável, decorrente de ofensa direta e frontal
ao artigo 5º, incisos LIV e LV e ao artigo 396 do Có digo de processo penal[3], os
quais restam abaixo prequestionados para os fins de direito processual vigentes.
A ofensa ao referido princípio decorre do fato que é concedido um prazo de 10 dias
para que o paciente ofereça suas alegaçõ es, documentos, especifique as provas que
pretenda e arrole suas testemunhas e nã o lhe é garantido o prazo legal.
Essas regras sã o expressas nos artigos 396 e 396-A do Có digo de Processo Penal,
abaixo transcritos:
“Art. 396. Nos procedimentos ordiná rio e sumá rio, oferecida a denú ncia ou queixa,
o juiz, se nã o a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citaçã o do acusado
para responder à acusaçã o, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.” (Grifo nosso)
Nã o se pode aceitar que o prazo de 10 dias para que o paciente se defenda seja
reduzido a 2 ou menos e que, mesmo assim, seja determinado que preste seu
depoimento e apresente alegaçõ es finais.
Essa situaçã o processual traz sérios questionamentos, sobre possibilidades que
poderiam ocorrer e restariam as perguntas:
E se a defesa preliminar requeresse a oitiva de testemunhas, como seriam
intimadas a tempo?
E se o paciente fosse absolvido sumariamente com sua defesa preliminar
apresentada apó s uma sentença condenató ria prolatada em audiência?
Vemos que em relaçã o ao paciente, a denú ncia sequer foi totalmente recebida, pois
poderia ainda ser, teoricamente, sumariamente absolvido, razã o pela qual a fase do
artigo 399 do Có digo de Processo Penal nã o poderia seguir à fase do artigo 400 do
mesmo codex.
Vejamos o teor dos artigos em voga:
“Art. 399. Recebida a denú ncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimaçã o do acusado, de seu defensor, do Ministério
Pú blico e, se for o caso, do querelante e do assistente.
Art. 400. Na audiência de instruçã o e julgamento, a ser realizada no prazo má ximo
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declaraçõ es do ofendido, à
inquiriçã o das testemunhas arroladas pela acusaçã o e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222 deste Có digo, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, à s acareaçõ es e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se,
em seguida, o acusado.”
Com a verificaçã o literal da lei, vemos que a defesa está sendo mortalmente
prejudicada, com a reduçã o de seu prazo e dos atos que dela derivam, motivo que
leva ao prejuízo de defesa intolerá vel, ilegal e nulo de pleno direito.
Ao paciente deveria ter sido concedido o prazo para a realizaçã o da defesa
preliminar de 10 dias, antes da designaçã o da audiência de instruçã o, debates e
julgamento, pois assim nã o haveria como o prazo de defesa confundir-se ou
transpassar o prazo para a realizaçã o das alegaçõ es finais (que via de regra ocorre
em audiência).
Também antes da audiência, o Juízo coator deveria ter realizado a aná lise para fins
do artigo 397 do CPP, abaixo transcrito:
“Art. 397. Apó s o cumprimento do disposto no art. 396-A, e pará grafos, deste
Có digo, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente nã o constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.”
O comando legal é claro que esta fase deveria ocorrer no processo e no caso em
tela nã o ocorreu, foi suprimida, motivo pelo qual nã o poderia o processo, galgar à
fase do artigo 399 já acima transcrito.
Ante ao exposto, o processo deve ser declarado nulo, de pleno direito, a partir dos
atos de citaçã o, tendo em vista ofensa frontal aos artigos 396, 396-A, 397, 399 e
400, todos do Có digo de Processo Penal, que restam devidamente
prequestionados, para os fins de direito.
3. Do pedido liminar
O paciente é carecedor de medida liminar, pois a ilegalidade do constrangimento a
que está sendo submetido, com a decretaçã o de sua prisã o sem justa causa, está a
reclamar a concessã o do pedido principal exposto ao final, em cará ter liminar a fim
de impedir a manutençã o da decretaçã o de sua prisã o e o prosseguimento
injustificado da açã o e, em consequência, a audiência designada para o dia
00/00/0000, por evidente afronta à legislaçã o invocada.
A nulidade noticiada, como já informado ofende o princípio do devido processo
legal, pois afronta seus princípios basilares, o que acaba por comprometer todo o
processo a partir da citaçã o, uma vez que subverte atos processuais a ponto de
que as alegações finais sejam exigidas antes mesmo do término do prazo
para a apresentação da defesa preliminar!
O Superior Tribunal de Justiça, em relaçã o ao cerceamento de defesa e falta de
justa causa para a manutençã o da prisã o cautelar decretada, já enfrentou questã o
idêntica e a tese ora apresentada comporta acolhimento imediato e obrigatório,
senã o vejamos:
“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE TRÁ FICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. ALEGAÇÃ O DE TORTURA QUANDO DA OBTENÇÃ O DA
CONFISSÃ O EXTRAJUDICIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. CITAÇÃ O
EDITALÍCIA. RÉU QUE, APESAR DE TER DECLINADO DOIS ENDEREÇOS NOS
AUTOS, SOMENTE É PROCURADO, PELO OFICIAL DE JUSTIÇA, EM UM DELES.
NÃO EXAURIMENTO DOS MEIOS DE LOCALIZAÇÃO DO ACUSADO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE ABSOLUTA. PRECEDENTES DO STJ. 1. A
alegaçã o de tortura, aduzida pelo Impetrante, na obtençã o de sua confissã o
extrajudicial é desprovida de qualquer elemento concreto apto a comprovar, de
plano, a sú plica defensiva. 2. É nula a citação por edital quando consta de auto
de prisão em flagrante dois endereços para contato e o oficial de justiça
procura o acusado em apenas um deles, porquanto não se esgotaram todos
os meios possíveis para sua localização. Precedentes do STJ. 3. Ordem
concedida para anular o processo-crime a partir da citação, bem como o
decreto de prisão decorrente da nulificada sentença condenatória, se por
outro motivo nã o estiver preso e sem prejuízo de nova decretaçã o de custó dia
cautelar devidamente fundamentada (STJ - HC: 43684 PR 2005/0069207-3,
Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 14/12/2005, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicaçã o: DJ 06.02.2006 p. 290)”
Cabe-nos salientar que o risco de decisã o tardia, faz nascer o perigo em razã o da
demora da prestaçã o jurisdicional, ou seja, o periculum in mora, temendo que
venha a acarretar dissabores de ordem moral e material ao paciente, sendo que
todo o arcabouço fá tico e processual apresentado, demonstra o fumus boni juris, o
outro requisito para que a decisã o urgente seja prolatada nos autos.
Neste caso o perigo da demora consiste no fato que se a situaçã o perdurar até o dia
da audiência, o paciente deverá atender o comando judicial e será preso sem justa
causa, além de ocorrer a inversã o, o tumulto processual e a ofensa direta, frontal e
absurda de seu direito de defesa, pois será interrogado e lhe concedido o prazo
para a legaçõ es finais!?
Os requisitos para a concessã o da decisã o liminar nã o só estã o presentes e sã o
bastante claros, mas tal medida se impõ e ante à s regras processuais,
constitucionais e supra-constitucionais vigentes na atualidade e ofendidas de
modo frontal, conforme demonstrado.
Por isso, requer-se que Vossas Excelências concedam, imediatamente a medida
urgente pleiteada, a fim de que seja preservada a ordem jurídica pá tria na hipó tese.
4. Do pedido
O Paciente sereno quanto à aplicaçã o do direito, ao que expressa pela habitual
pertinência jurídica dos julgados desta Jurisdiçã o, espera deste respeitá vel
Desembargador Relator, a concessã o da ordem ora pleiteada, tendo em vista que
falta justa causa para a manutençã o de sua prisã o e ocorre o escandaloso prejuízo
de seu direito de defesa, motivo pelo qual pretende a declaraçã o da nulidade do
processo desde os atos citató rios e a revogaçã o de sua prisã o cautelar mantida pela
autoridade coatora, bem como a determinaçã o do cancelamento da audiência já
designada.
Ante o exposto requer:
a) Seja deferida a liminar requerida para concessã o da ordem de habeas corpus,
para determinar a nulidade do processo, desde os atos de citaçã o, determinar a
imediata expediçã o de contramandado de prisã o do paciente pela autoridade
coatora, bem liberar o paciente de comparecimento à audiência designada para o
dia 00/00/0000, determinando-se, ainda, nova citaçã o do paciente para
apresentaçã o de resposta à acusaçã o;
b) Seja oficiada autoridade coatora para prestar informaçõ es no prazo de 10 dias
conforme a regra legal;
c) Que recebidas à s informaçõ es prestadas e apó s parecer da Douta Procuradoria,
seja julgado procedente o Habeas Corpus, confirmando-se a liminar concedida para
a declaraçã o da nulidade absoluta do processo, decretando-se sua nulidade desde a
citaçã o e expedindo-se contramandado de prisã o do paciente e sua liberaçã o ao
comparecimento à audiência designada para o dia 00/00/0000, bem como a nova
citaçã o e reabertura de prazo para apresentaçã o de resposta à acusaçã o, nos
termos e no prazo que a lei estabelece, por frontal ofensa aos dispositivos legais
invocados nesta petiçã o;
d) O direito de provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
sem qualquer exceçã o.
Esclarece-se que estã o sendo juntadas, có pias das principais partes do processo nº
0000000-00.0000.0.00.0000 - 00ª Vara Criminal de São Paulo-SP, onde
ocorrem as ilegalidades apontadas, a saber (Denú ncia, Certidã o do Sr. Oficial de
Justiça, Ata de Audiência, Mandado de prisã o, Edital de citaçã o, manifestaçã o do
paciente em primeira instâ ncia e despachos atacados)
Termos em que;
Com os inclusos documentos,
Pede deferimento.
Sã o Paulo, fevereiro de 2.019.
ÉRICO T. B. OLIVIERI
OAB/SP 184.337
ADVOGADO
1. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o
que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificaçõ es, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimaçã o, quando necessá rio. ↑
2. Art. 403. Nã o havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serã o
oferecidas alegaçõ es finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela
acusaçã o e pela defesa, prorrogá veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a
seguir, sentença. ↑
3. Art. 396. Nos procedimentos ordiná rio e sumá rio, oferecida a denú ncia ou
queixa, o juiz, se nã o a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citaçã o
do acusado para responder à acusaçã o, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

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