Você está na página 1de 4

Curso: Direito Turno: diurno

Disciplina: Laboratório de Prática Jurídica Forense – Recursos


Professora: Isabela Quelhas Moreira Busch
Alunas: Ana Cristina L. de Almeida, Simone C. Mano, Patricia Suemi e Tatiane Muncinelli
Período: 10° Turma: E Data: 29/05/2008

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - SP

Márcio Chela, devidamente qualificado nos autos


de Agravo de Instrumento n° 00/0000, que tramitam na 0° Câmara Cível, vem ,
respeitosamente à presença de Vossas Excelências, por meio de seus procuradores
(procuração em anexo), interpor,

RECURSO EXTRAORDINÁRIO RETIDO

Com fundamento jurídico no art. 5°, X, da Constituição Federal e art. 541 e


seguintes do Código de Processo Civil.
Ademais, requer-se que o presente Recurso Extraordinário permaneça retido
nos autos, bem como o seu encaminhamento ao juízo de primeira instância, e,
ainda, a intimação da parte contrária para, querendo, apresentar suas contra-razões.

Termos em que,
Pede e Espera Deferimento,

Curitiba, 03 de junho de 2008.

________________________________________
Paulo Henrique dos Santos
OAB/PR n° 00.000
Egrégio Supremo Tribunal Federal

Agravo de Instrumento n° 00/0000

Márcio Chela, já devidamente qualificado


nos autos em epígrafe, o qual tramita perante a 0° Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, em que é litigante Júlia Navarro, vem,
respeitosamente à presença desta Corte, por meio de seu procurador infra-assinado,
interpor, com fulcro jurídico nos art. 5°, X e art. 102, §3°, da Constituição Federal,
bem como no art. 541 do Código de Processo Civil,

RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO RETIDO

Em face da decisão prolatada pelos desembargadores da 0° Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nos autos de Agravo de Instrumento n°
00/0000, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos,

1. Preliminarmente

O Estado Democrático de Direito tem como um dos fundamentos a dignidade


da pessoa humana, motivo pelo qual não se admite que alguém seja submetido a
situação constrangedora ou vexatória, tal como ocorre na hipótese de alguém ser
submetido a exame de DNA sem que haja qualquer indício de paternidade, vez que
não há prova documental ou testemunhal que embase tal pedido.
Ademais, o constituinte, no art. 5°, X, da Constituição Federal, optou pela
inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, o que
demonstra a preocupação de se resguardar os direitos de personalidade dos
homens.
Dessa feita, a submissão a exame de DNA sem que exista qualquer indício de
paternidade, representa uma afronta aos princípios fundamentais que protegem
nossa sociedade, haja vista que gera uma insegurança coletiva, na medida em que
qualquer cidadão pode ser compelido a comprovar que não teve relacionamento
amoroso com outrem.
Tal situação fica ainda mais complicada, se a parte chamada a realizar tal
exame já possui uma família constituída, o que demonstra que esta medida pode
desestabilizar uma das mais importantes organizações – a familiar.
Isto posto, fica demonstrada a repercussão geral, determinada pelo art. 102,
§3°, da Constituição Federal e art. 543-A, do Código de Processo Civil, requisito
essencial para a análise de admissão do presente recurso. Ademais, este também é
o entendimento desta Corte, conforme nota-se pela jurisprudência a seguir,

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL SUSCITADA.
PRELIMINAR FORMAL E FUNDAMENTADA. NECESSIDADE DE
DEMONSTRAÇÃO. ART. 543-A, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
1. Inobservância ao que disposto no artigo 543-A, § 2º, do Código de
Processo Civil, que exige a apresentação de preliminar sobre a repercussão
geral na petição de recurso extraordinário, significando a demonstração da
existência de questões constitucionais relevantes sob o ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses
subjetivos das partes. 2. A ausência dessa preliminar na petição de
interposição permite que a Presidência do Supremo Tribunal Federal negue,
liminarmente, o processamento do recurso extraordinário, bem como do
agravo de instrumento interposto contra a decisão que o inadmitiu na origem
(13, V, c, e 327, caput e § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal). 3. Cuida-se de novo requisito de admissibilidade que se traduz em
verdadeiro ônus conferido ao recorrente pelo legislador, instituído com o
objetivo de tornar mais célere a prestação jurisdicional almejada. 4. O
simples fato de haver outros recursos extraordinários sobrestados,
aguardando a conclusão do julgamento de ação direta de
inconstitucionalidade, não exime o recorrente de demonstrar o cabimento do
recurso interposto. 5. Agravo regimental desprovido. (STF, RE-
AgR 569476 / SC - SANTA CATARINA, AG.REG.NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Julgamento:
02/04/2008, Órgão Julgador: Tribunal Pleno).

Por esta razão, o presente Recurso Extraordinário deve ser devidamente


processado.

2. Dos Fatos

A Sra. Elizabeth Navarro, mãe de Júlia Navarro, ora recorrida, alegou em


Ação de Investigação de Paternidade, ser o recorrente pai de sua filha. Entretanto,
nenhuma prova oral ou documental foi produzida para comprovação de
relacionamento amoroso entre a Sra. Elizabeth e o recorrente.
Em Agravo de Instrumento nos Autos de Investigação de Paternidade, em
trâmite perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, foi determinada a
realização de exame pericial de DNA sem prévia produção de prova oral para
atestar a plausibilidade da existência de relacionamento amoroso entre o réu e a
mãe da recorrida, Sra. Elizabeth Navarro.
O recorrente afirma que não há nos autos qualquer prova documental do
suposto relacionamento, não sendo colhidos depoimentos pessoais e testemunhais
sobre a suposta relação, sendo assim, não há motivos para submeter-se ao exame
de DNA, o qual é vexatório por si mesmo.

3. Do Direito

O recorrente entende ser vexatório o fato de ter que se submeter ao exame


de DNA, sem qualquer prova do suposto relacionamento amoroso com a Sra.
Elizabeth Navarro. Diante deste fato, o Recurso Extraordinário funda-se na violação
do artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal de 1988, qual seja,

Art. 5°, X – são invioláveis a intimidade, à vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação.

O constituinte ao optar pela inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra


e imagem das pessoas, demonstra a preocupação de resguardar os direitos de
personalidade dos homens, e o recorrente entende ter, neste momento, um dos
seus direitos de personalidade violado.

4. Do Pedido

Ante o exposto, demonstrado que o v. Acórdão decidiu em total


desconformidade com as regras constitucionais referidas, e, observados os
pressupostos de admissibilidade do Recurso Extraordinário, requer-se a admissão e
o posterior conhecimento e provimento do presente Recurso Extraordinário, com a
reforma do acórdão e, em conseqüência, a anulação da decisão que determinou a
realização do exame pericial de DNA, diante da inexistência de produção de prova
oral ou testemunhal que ateste a existência de relacionamento amoroso entre as
partes.

Termos em que,
Pede e Espera Deferimento,

Curitiba, 03 de junho de 2008.

________________________________________
Paulo Henrique dos Santos
OAB/PR n° 00.000

Você também pode gostar