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OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA RELAÇÃO DE EMPREGO

A teoria dos direitos fundamentais surgiu como forma de proteção aos indivíduos
contra o abuso, onipotência e imparcialidade do Estado. Essa idéia espalhou-se no âmbito das
relações privadas, em um processo de horizontalização dos direitos fundamentais, ou seja, sua
aplicação não somente na relação jurídica entre sujeito e Estado, mas também nas relações
horizontais, entre sujeitos privados.
A partir deste ponto, a idéia se generalizou e a teoria da horizontalização dos direitos
fundamentais ampliou-se ao campo das relações de trabalho (empregado/empregador).
Porém nem sempre as relações de emprego tiveram esse ponto de vista, pelo contrário,
comum era a idéia de poder de sujeição, onde o empregador tem poder de direção. Como na
relação de emprego uma pessoa se coloca na condição de subordinação à outra, sempre se
tolerou o autoritarismo no âmbito da empresa – como se o empregado deixasse sua condição
de cidadão fora dos portões da empresa.
Assim, passou-se a aplicar a teoria dos direitos fundamentais na relações privadas
dentro das empresas, devido a presença da desigualdade, da relação vertical entre o
empregado e o empregador.
Neste sentido, os direitos fundamentais podem ser classificados como:
- específicos – derivam da relação de emprego (greve, salário mínimo,
sindicalização);
- inespecíficos – aplicados a todos indistintamente (vida, saúde, dignidade).
Os direitos fundamentais específicos são descritos precipuamente nos artigos 7º a 11
da Constituição Federal, sem deixar de atentar para os direitos e garantias fundamentais
garantidos pelo artigo 5º do mesmo diploma.
De modo geral, a aplicação dos direitos fundamentais ao direito do trabalho visam
garantir um ambiente de trabalho adequado e sadio, tanto pelo aspecto físico como psíquico,
no entanto, outros direitos devem ser garantidos ao empregado, tais como a liberdade
religiosa, de expressão, de associação, de personalidade, de liberdade sexual, de sigilo de
correspondência ou inviolabilidade das comunicações.
Tais direitos devem ser observados em todos os momentos da relação de emprego,
inclusive na fase pré-contratual, momento em que a afronta a qualquer dos direitos
fundamentais pode gerar direito a reparação de danos morais, e até patrimoniais.
No entanto não são somente os empregados que gozam desta espécie de direitos, o
empregador também tem assegurados os seus direitos, dentre os quais se destacam o da livre
iniciativa, o de empreendimento na forma adequada aos seus interesses como manifestação da
função social da empresa, de propriedade, que confere ao empregador o direito de proteger
seu patrimônio, de controle dos recursos naturais e humanos, de fiscalizar, controlar e punir o
empregado, pois está pagando pelo seu labor.
Todavia pode ocorrer que os princípios venham entrar em conflito. Neste caso faz-se
um juízo de ponderação, de forma a não excluir nenhum dos princípios, mas regular sua
aplicação. Um princípio muito utilizado para a resolução destes conflitos é o da
proporcionalidade, que tem em seu desdobramento três características: a necessidade, da
adequação e da proporcionalidade em sentido estrito.
De todo exposto, entende-se que atualmente não só o Estado, mas também os
particulares estão vinculados ao respeito aos direitos fundamentais. Nas relações privadas e
inter-privadas também as partes estão vinculadas, bem como no âmbito do direito do trabalho,
pois o fato de o empregado colocar-se à disposição do empregador, sob suas ordens ou seu
poder, não lhe retira a condição de pessoa humana, com direito a dignidade pessoal e
condição de cidadão.

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