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AgRg no HABEAS CORPUS Nº 839602 - MG (2023/0251529-8)

RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ


AGRAVANTE : RODRIGO PIVA VERONESI
ADVOGADO : TATIANA DA SILVEIRA REIS - MG077713
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PROCESSUAL


PENAL. RECURSOS ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO NÃO
INTERPOSTOS. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE RECURSAL PREVISTO
NO ART. 574 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. CONFLITO DE
VONTADES ENTRE RÉU E DEFENSOR. PREVALÊNCIA DA PONDERAÇÃO
DA DEFESA TÉCNICA. INOVAÇÃO RECURSAL NAS RAZÕES DO
REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE ESTA CORTE EXAMINAR
ARGUMENTAÇÃO DEFENSIVA NÃO DEDUZIDA ANTERIORMENTE.
AGRAVO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO,
DESPROVIDO.
1. A não interposição de recursos extraordinários (ou os respectivos agravos)
pela Defesa Técnica não evidencia desídia, pois, com fundamento no princípio da
voluntariedade dos recursos, previsto no art. 574, caput, do Código de Processo
Penal, a ela cabe a análise da conveniência e oportunidade a respeito do manejo das
referidas via de impugnação.
2. "O conflito de vontades entre o acusado e o defensor, quanto à
interposição de recurso, resolve-se, de modo geral, em favor da defesa técnica, seja
porque tem melhores condições de decidir da conveniência ou não de sua
apresentação, seja como forma mais apropriada de garantir o exercício da ampla
defesa" (STF, RE 188.703/SC, Rel. Ministro FRANCISCO REZEK, Segunda
Turma, julgado em 04/08/1995, DJ 13/10/1995).
3. A inovação argumentativa nas razões do agravo regimental não é
admitida.
4. Agravo regimental conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Sexta Turma, por unanimidade, conhecer parcialmente do agravo regimental e,
nessa extensão, negar-lhe provimento, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Antonio Saldanha
Palheiro e Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT) votaram com a Sra. Ministra
Relatora.
Brasília, 03 de outubro de 2023.

Ministra LAURITA VAZ


Relatora
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 839602 - MG (2023/0251529-8)

RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ


AGRAVANTE : RODRIGO PIVA VERONESI
ADVOGADO : TATIANA DA SILVEIRA REIS - MG077713
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PROCESSUAL


PENAL. RECURSOS ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO NÃO
INTERPOSTOS. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE RECURSAL PREVISTO
NO ART. 574 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. CONFLITO DE
VONTADES ENTRE RÉU E DEFENSOR. PREVALÊNCIA DA PONDERAÇÃO
DA DEFESA TÉCNICA. INOVAÇÃO RECURSAL NAS RAZÕES DO
REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE ESTA CORTE EXAMINAR
ARGUMENTAÇÃO DEFENSIVA NÃO DEDUZIDA ANTERIORMENTE.
AGRAVO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO,
DESPROVIDO.
1. A não interposição de recursos extraordinários (ou os respectivos agravos)
pela Defesa Técnica não evidencia desídia, pois, com fundamento no princípio da
voluntariedade dos recursos, previsto no art. 574, caput, do Código de Processo
Penal, a ela cabe a análise da conveniência e oportunidade a respeito do manejo das
referidas via de impugnação.
2. "O conflito de vontades entre o acusado e o defensor, quanto à
interposição de recurso, resolve-se, de modo geral, em favor da defesa técnica, seja
porque tem melhores condições de decidir da conveniência ou não de sua
apresentação, seja como forma mais apropriada de garantir o exercício da ampla
defesa" (STF, RE 188.703/SC, Rel. Ministro FRANCISCO REZEK, Segunda
Turma, julgado em 04/08/1995, DJ 13/10/1995).
3. A inovação argumentativa nas razões do agravo regimental não é
admitida.
4. Agravo regimental conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo regimental interposto por RODRIGO PIVA VERONESI contra


decisão monocrática de minha lavra, que proferi às fls. 1190-1195, assim ementada (fl. 1190):

"HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE RECURSO


ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
RECURSAL PREVISTO NO ART. 574 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
CONFLITO DE VONTADES ENTRE RÉU E DEFENSOR. PREVALÊNCIA DA
PONDERAÇÃO DA DEFESA TÉCNICA. ORDEM DE HABEAS CORPUS
DENEGADA"
A Ministra Presidente, ao indeferir o pedido liminar formulado durante as férias
forenses, assim resumiu o pedido inicial e a controvérsia (fl. 1101):

"Trata-se de habeas corpus com pedido de liminar impetrado em favor de


RODRIGO PIVA VERONESI, em que se aponta como autoridade coatora o
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (Revisão Criminal Nº
1.0000.23.076246-0/000).
Consta nos autos que o paciente foi condenado, como incurso no art. 180 do
Código Penal, à pena de 01 (um) ano de reclusão, em regime inicial aberto. A
mencionada pena foi substituída por prestação de serviços à comunidade.
Sustenta a impetrante que o paciente, então assistido pela Defensoria
Pública, manifestou interesse recursal. Contudo, esta deixou de interpor agravo em
recurso especial, ferindo assim o seu direito à ampla defesa e gerando nulidade
absoluta.
Requer, liminarmente, o sobrestamento da ação penal em questão até o
julgamento do presente writ. No mérito, postula pela desconstituição do trânsito em
julgado, reabrindo o prazo para apresentação de agravo em recurso especial.
É o relatório.
O pedido de liminar, nos termos em que apresentado, confunde-se com o
próprio mérito do mandamus, razão pela qual a apreciação deve ficar reservada
para o momento do julgamento definitivo, com exame mais aprofundado da matéria.
Ante o exposto, indefiro o pedido de liminar."

Foram prestadas informações.


Parecer do Ministério Público Federal às fls. 1158-1161, de seguinte ementa (fl.
1.158):

"HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA PELA NÃO INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO DA DEFENSORIA PÚBLICA. NÃO EVIDENCIADO. PRINCÍPIO DA
VOLUNTARIEDADE RECURSAL. PELO NÃO CONHECIMENTO OU
DENEGAÇÃO DA ORDEM.
1. Nos termos do art. 594, caput, do CPP, vigora no sistema processual
brasileiro o princípio da voluntariedade, pelo qual a defesa não é obrigada a se
insurgir contra a decisão desfavorável ao réu.
2. As nulidades em processo penal observam ao princípio pas de nullité sans
grief (art. 563 - CPP), segundo o qual '[N]enhum ato será declarado nulo, se da
nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa', o que não ocorreu
na espécie.
3. Parecer pelo não conhecimento do habeas corpus ou pela denegação da
ordem."

No pedido incidental de tutela de urgência, o Requerente narrou e alegou o que se


segue (fls. 1172-1174; sic):

"Nobre Ministra LAURITA VAZ, o paciente RODRIGO PIVA VERONESI,


brasileiro, divorciado, PORTADOR do CPF Nº 100.922.286.40, filiação Leonilda
Piva Veronesi e Mauro José Veronesi, data de nascimento 06 de fevereiro de 1992,
primário, sobre os fatos são do ano de 2014, uma situação isolada na vida do
paciente, o veículo em questão foi não encontrado com o paciente, o paciente não
era proprietário do veiculo , o paciente não foi preso pela receptação .
Consta ainda que os denunciados Felipe e Lucas ocultavam o veículo acima,
produto de furto, cientes de sua procedência ilícita, a pedido do denunciado
Rodrigo, o qual o recebeu do outro denunciado Mário Sérgio, vulgo Serginho.
Ao contrario que foi narrado na denúncia o paciente não recebeu o veiculo
de Mario Sérgio, o paciente em questão a pedido do seu empregador Paulo Ovídio
Jorge filho, levou o veículo ao senhor Lucas, o paciente dirigiu o veiculo por apenas
2 minutos e entregou a Lucas conforme solicitado pelo seu empregador .
O paciente apresentou 7 requerimento para defensoria publica do estado de
Minas Gerais, apresentar agravo em recurso especial, tendo em vista que o paciente
em questão e aluno do curso do direito do 10 período. o paciente em questão e
estagiário deste escritório desde 2019, primário de ótima conduta social, o paciente
vai ser pai descobriu a gravidez de sua namorada em 02 DE AGOSTO DE 2023, o
paciente esta no ultimo período da faculdade direito, cuida da sua mãe idosa, faz
curso de inglês .
O paciente em questão deveria ser beneficiado com suspensão condicional
do processo tendo em vista conforme citado na sentença o paciente e primário
inexistem elementos que alterem a culpabilidade na conduta do acusado, que tinha
ciência quanto ao caráter ilícito de sua conduta, podendo comportar-se de forma
diversa. Não registra antecedentes criminais, conforme Certidão de fls. 117 e
216/216-v. Conduta social voltada para prática de ilícitos. A personalidade sem
maiores contornos nos autos. Os motivos foram inerentes ao tipo. As circunstâncias
foram comuns à espécie. Não há informações nos autos, de que as consequências
foram superadas. 43. Ponderadas as circunstâncias judiciais, que, em sua maioria
foram favoráveis ao réu, aplico a pena-base em seu mínimo legal e fixo-a,
provisoriamente, no quantum de 01 (um) ano de reclusão e ao pagamento de 10
(dez) dias- multa.
O próprio juiz deixou claro que o paciente e primário, outro ponto Trata-se
de recurso especial inadmitido por esta Terceira Vice Presidência, nos termos da
decisão de fls. 467/469. O próprio recorrente se manifestou, às fls. 471/477, nos
seguintes termos: 'O nobre relator em decisão monocrática indeferiu o recurso, (Data
vênia, ousamos discordar, pois fora sim caracterizado enorme constrangimento,
nesta oportunidade requer a intimação da Defensoria para apresentar Agravo.' (sic)
Nada a prover, uma vez que esgotada a jurisdição desta Terceira Vice-Presidência
com o juízo negativo do apelo excepcional, razão pela qual determino ao Cartório
que certifique o trânsito em julgado da decisão de fls. 467/469, se for o caso,
remetendo-se os autos com baixa ao Juízo de origem.
Diante de toda a situação narrada requer provimento do recurso para
reabrir prazo para apresentação do agravo em recurso especial ou concessão da
PETIÇÃO INTERMEDIARIA PARA SOBRESTAR OS EFEITOS DA
CONDENAÇÃO ate julgamento do mérito do presente habeas corpus ."

Assinei eletronicamente a decisão ora agravada em 28/09/2023.


Daí o presente recurso regimental, no qual o Agravante narra que "EXPRESSOU
CLARAMENTE QUE QUERIA RECORRER com ENVIO 7 OFÍCIO PARA A INTIMAÇÃO DA
DEFENSORIA PUBLICA PARA APRESENTAR AGRAVO EM RECURSO ESPACIAL DENTRO
DO PRAZO O QUE NÃO FOI DETERMINADO PELA NOBRE DESEMBARGADORA DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS" (fl. 1197; sic), e que "no caso do autos não foi
CONFLITO DE VONTADES ENTRE RÉU E DEFENSOR, não foi aberta vista conforme
solicitado a defensoria publica" (ibidem; sic).
Ao final, "requer a concessão do agravo para reabertura de prazo para
apresentação do agravo em recurso especial em favor do agravante com intimação desta
defensora constituída tendo em vista as diversas nulidades do processo no caso dos autos o
paciente e primário, não foi ofertada o suspensão condicional do processo, prescrição punitiva e
outros temas" (fl. 1198; sic).
É o relatório.

VOTO

A pretensão recursal não tem fundamento.


Resume-se a controvérsia em definir se, embora o Paciente tivesse formalizado "7
requerimento para defensoria publica do estado de Minas Gerais , apresentar agravo em
recurso especial" (fl. 1172; sic), o prazo para a interposição do referido recurso – transcorrido in
albis – deve ser reaberto.
Com efeito, a não interposição de recursos extraordinários (ou os respectivos
agravos) pela Defesa Técnica nem sequer evidencia desídia, pois, com lastro no princípio da
voluntariedade dos recursos, previsto no art. 574, caput, do Código de Processo Penal, a ela cabe
a análise da conveniência e oportunidade a respeito de eventual interposição dos recursos
extraordinários.
Vejam-se, por oportuno, os seguintes julgados do Supremo Tribunal Federal:

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. DIREITO PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE
RECURSOS EXCEPCIONAIS PELA DEFENSORIA PÚBLICA.
INCONFORMISMO DO ACUSADO MANIFESTADO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA.
AUSÊNCIA DE NULIDADE. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE DOS
RECURSOS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. O Supremo Tribunal Federal já assentou, sob a sistemática da
repercussão geral, que suposta ofensa aos princípios do devido processo legal, da
ampla defesa, do contraditório e dos limites da coisa julgada, quando a violação é
debatida sob a ótica infraconstitucional, não apresenta repercussão geral, o que
torna inadmissível o recurso extraordinário. (RE 748.371-RG, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe 1º.08.2013).
2. Não há ilegalidade evidente ou teratologia a justificar a
excepcionalíssima concessão de habeas corpus de ofício na hipótese de mera
ausência de interposição de recursos excepcionais, ante o princípio da
voluntariedade dos recursos. Precedentes: HC 105308, Rel. Min. Roberto Barroso,
Primeira Turma, DJe 16.10.2014; HC 110592, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira
Turma, DJe 22.6.2012.
3. A hígida formação da coisa julgada não pressupõe o esgotamento de
todos os meios recursais disponíveis. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento." (ARE 962.071-AgR/ES, Rel. Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma,
julgado em 11/09/2017, DJe 26/09/2017; sem grifos no original.)

"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS


. AFASTAMENTO DA SÚMULA 691/STF. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO
DIREITO DE AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. VOLUNTARIEDADE
RECURSAL. RAZÕES INSUFICIENTES E INIDÔNEAS PARA MODIFICAR
DECISÃO MONOCRÁTICA. IMPROVIMENTO.
1. Agravo regimental interposto contra decisão monocrática que indeferiu
liminarmente o habeas corpus.
2. A decisão agravada está em consonância com a jurisprudência desta
Suprema Corte, consolidada na Súmula 691/STF.
3. O rigor na aplicação da Súmula 691/STF tem sido abrandado por
julgados desta Corte apenas em hipóteses excepcionais de flagrante ilegalidade ou
abuso de poder na denegação da tutela de eficácia imediata. Precedentes.
4. No caso, não vislumbro a presença de qualquer um dos pressupostos que
autorizam o afastamento da orientação contida na Súmula 691/STF.
5. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que, sendo
voluntário o recurso, não está obrigado o defensor do acusado a recorrer. Não
ocorrência de prejuízo à defesa. Precedentes.
6. Inexistência nos autos de qualquer prova que demonstre as alegações de
violação ao direito de ampla defesa do agravante.
7. As razões do agravo regimental não se revelaram suficientes e idôneas
para modificar o resultado da decisão monocrática por mim proferida.
8. Agravo regimental improvido." (HC 98.715/SC, Rel. Min. ELLEN
GRACIE, Segunda Turma, DJe 11/09/2009; sem grifos no original.)

"- Habeas corpus. Não-ocorrência de ausência ou de deficiência de defesa.


- Inexistência, no caso, de ausência de defesa, uma vez que ela foi
produzida, não se tendo provado que, por deficiência dela em face das
circunstâncias, tenha sido o ora paciente prejudicado (súmula 523).
- A jurisprudência desta Corte, de há muito e reiteradamente, tem
entendido (a título de exemplo, no RE criminal 89.965, RHC's 59.765, 59.888,
61.716, 66.032, HC's 58.696 e 70.725) que a Defensoria Pública, devidamente
intimada, não tem o dever de recorrer, dada a regra da voluntariedade do recurso.
"Habeas corpus" indeferido." (HC 82.053/PR, Rel. Min. MOREIRA ALVES,
Primeira Turma, DJ 13/09/2002; sem grifos no original.)

E, no âmbito desta Corte Superior, destaco os seguintes precedentes, in verbis:

"HABEAS CORPUS. CRIMINAL. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O


TRÁFICO. DEFICIÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA
DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO CABÍVEL PARA DESTRANCAR A VIA
EXTRAORDINÁRIA. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE RECURSAL.
PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE
ILEGALIDADE. ORDEM DENEGADA.
- Ante o princípio da voluntariedade recursal, cabe à defesa analisar a
conveniência e oportunidade na interposição dos recursos, não havendo falar em
deficiência de defesa técnica pela ausência de interposição de insurgência contra a
decisão que inadmitiu os recursos extraordinários anteriormente interpostos.
- In casu, a defesa do paciente atuou adequadamente em todas as fases do
processo, ressaltando que houve a interposição do recurso de apelação contra a
sentença condenatória, bem como dos recursos especial e extraordinário contra o
acórdão proveniente do julgamento do apelo, tendo a Defensoria se resignado
apenas após a inadmissibilidade das referidas insurgências, não restando
comprovado, in casu, o efetivo prejuízo na ausência de interposição dos recursos
cabíveis para destrancar a via extraordinária.
Habeas corpus conhecido. Ordem denegada." (HC 174.724/AC, Rel.
Ministra MARILZA MAYNARD – Desembargadora Convocada do TJ/SE –, Sexta
Turma, julgado em 13/05/2014, DJe 23/05/2014; sem grifos no original.)

"HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO


DO RÉU DO ACÓRDÃO CONDENATÓRIO. DESNECESSIDADE EM SEGUNDO
GRAU. NÃO-ESGOTAMENTO DA JURISDIÇÃO, PELA NÃO-INTERPOSIÇÃO
DOS RECURSOS EXTREMOS (ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO). RECURSOS
VOLUNTÁRIOS. NÃO-OBRIGATORIEDADE DE INTERPOSIÇÃO PELO
DEFENSOR. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. ORDEM DE
HABEAS CORPUS DENEGADA.
1. A necessidade de intimação pessoal do réu, a que se refere o artigo 392,
do Código de Processo Penal, só tem aplicabilidade nas decisões de primeiro grau,
não alcançando, pois, as intimações em segundo grau e nas instâncias superiores.
Precedentes.
2. À luz do princípio da voluntariedade, aplicável a todos os recursos,
ressalvadas as hipóteses legalmente previstas de recurso ex officio - na quais a
decisão está sujeita ao duplo grau de jurisdição -, não há qualquer obrigação do
defensor quanto à interposição dos recursos extremos. Precedentes.
3. Ordem de habeas corpus denegada." (HC 168.038/RS, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 28/06/2012.)

"CRIMINAL. HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM


JULGADO SEM INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS ESPECIAL E
EXTRAORDINÁRIO. PLEITO DE DEVOLUÇÃO DO PRAZO RECURSAL.
DEFENSOR NOMEADO PELO APELANTE INTIMADO PELO DIÁRIO DE
JUSTIÇA. DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO APELANTE PARA
NOMEAR OUTRO PATRONO. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO
EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA.
I. O art. 392 do CPP impõe a obrigatoriedade da intimação pessoal do réu
apenas na hipótese de sentença condenatória e não do acórdão proferido em sede
de apelação, sendo que, em segunda instância, apenas é devida a intimação pessoal
do defensor público ou dativo, conforme a dicção do § 4º do art. 370 do mesmo
diploma legal (Precedentes).
II. Hipótese na qual o advogado constituído pelo réu foi intimado através
do Direito de Justiça Eletrônico, tendo o prazo para a interposição de recurso aos
Tribunais Superiores sido superado in albis, o que implicou em trânsito e julgado
da condenação, não se inferindo qualquer constrangimento ilegal suportado pelo
paciente.
III. Nos termos do art. 564, IV, do CPP, a intimação do réu para constituir
novo defensor somente é devida nos casos em que o advogado por ele constituído,
embora devidamente intimado, permanece inerte na fase das alegações finais, sendo
que o mesmo não se exige no tocante aos recursos especial e extraordinário, pois
compete à defesa promover a análise da conveniência e oportunidade da
interposição, sem que reste caracterizada deficiência da defesa técnica.
IV. Somente em caso de renúncia do defensor nomeado após o julgamento
do apelo competiria ao Tribunal intimar o apelante para constituir novo patrono
com vistas a analisar a viabilidade da interposição de recursos às instâncias
extraordinárias, o que não se vislumbra no caso em apreço.
V. Ordem denegada, nos termos do voto do Relator." (HC 177.475/DF, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe
28/05/2012; sem grifos no original.)

Nem se diga que tem fundamento a alegação de que "no caso do autos não foi
CONFLITO DE VONTADES ENTRE RÉU E DEFENSOR" (fl. 1197; sic). Isso porque, conforme
o ato ora impugnado, "a Vice Presidência deste eg. TJMG, em decisão fundamentada
idoneamente (docs.2/3) inadmitiu o recurso especial, oportunidade em que a Defensoria
Pública foi devidamente intimada, tomou ciência de tal decisão (fl. 992 – JPe) e optou por não
apresentar outro recurso" (fl. 1113). Dessa forma, incide no caso a orientação jurisprudencial de
que "o conflito de vontades entre o acusado e o defensor, quanto à interposição de recurso,
resolve-se, de modo geral, em favor da defesa técnica, seja porque tem melhores condições de
decidir da conveniência ou não de sua apresentação, seja como forma mais apropriada de
garantir o exercício da ampla defesa" (STF, RE 188.703/SC, Rel. Ministro FRANCISCO
REZEK, Segunda Turma, julgado em 04/08/1995, DJ 13/10/1995).
Alega-se, no mais, que "não foi aberta vista conforme solicitado a defensoria publica
" (fl. 1197; sic). Porém, ao compulsar atentamente os autos, constatei que esse fundamento não é
coincidente com as alegações formuladas na inicial dos presentes autos. Todavia, no agravo
regimental não se admite inovação recursal. Nesse sentido, cito os seguintes precedentes, mutatis
mutandis:

"PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM


HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. EXCESSO DE PRAZO NÃO
CONFIGURADO. REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA E DE
FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO PRISIONAL. INOVAÇÃO RECURSAL.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Inexiste excesso de prazo nas hipóteses em que a causa é complexa e não
há procrastinação do andamento processual por parte da acusação ou por desídia
do Poder Judiciário.
2. Os pedidos não formulados no recurso em habeas corpus e, portanto, não
apreciados na decisão que o julgou não são passíveis de conhecimento em agravo
regimental, em razão da indevida inovação recursal.
3. Agravo regimental desprovido." (STJ, AgRg no RHC 132.646/SE, relator
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em
06/04/2021, DJe 09/04/2021.)

"AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. ART. 214,


PARÁGRAFO ÚNICO, C.C. O ART. 224, ALÍNEA 'A', E ART. 226, INCISO II, NA
FORMA DO ART. 71, TODOS DO CÓDIGO PENAL. INOVAÇÃO RECURSAL
NAS RAZÕES DO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE DESTA CORTE
EXAMINAR A MATÉRIA PER SALTUM, AINDA QUE SE TRATE DE QUESTÃO
DE ORDEM PÚBLICA. PRETENDIDA CONCESSÃO DA ORDEM EX OFFICIO.
PROVIDÊNCIA QUE NÃO PODE SERVIR PARA ULTRAPASSAR A
INADMISSIBILIDADE DA VIA ELEITA. AGRAVO NÃO CONHECIDO.
1. Não se admite inovação recursal nas razões do agravo regimental.
2. A Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça 'é pacífica no sentido de
que, ainda que se trate de matéria de ordem pública, é imprescindível o seu prévio
debate na instância de origem para que possa ser examinada por este Tribunal
Superior (AgRg no HC 530.904/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe 10/10/2019)' (STJ, AgRg no HC 666.908/SP,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
17/08/2021, DJe 20/08/2021).
3. Nos termos do art. 654, § 2.º, do Código de Processo Penal, a concessão
de habeas corpus de ofício é iniciativa que decorre da própria atuação dos
Tribunais ao identificaram ilegalidade flagrante em causas nas quais a sua
competência foi inaugurada, e não em resposta a postulações das partes. Tal
providência, portanto, não se presta como meio para que a Defesa obtenha
pronunciamento judicial sobre o mérito de pedido deduzido em via de impugnação
que não ultrapassou os requisitos de admissibilidade.
4. Agravo não conhecido." (STJ, AgRg no HC 132.646/SE, relator Ministra
LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 19/12/2022, DJe 02/02/2023.)

Assim, por não haver fundamento jurídico apto a infirmar as razões declinadas no
julgado ora agravado, deve ser mantida a decisão por seus próprios motivos.
Ante o exposto, CONHEÇO PARCIALMENTE do recurso e, nessa extensão,
NEGO-LHE provimento.
É como voto.
Superior Tribunal de Justiça S.T.J
Fl.__________

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2023/0251529-8 PROCESSO ELETRÔNICO HC 839.602 / MG
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 0107861842015 0518150107861 10000210130696000 10000230762460000


10518150107861001 107861842015 107861842015813051 518150107861
EM MESA JULGADO: 03/10/2023

Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ELAERES MARQUES TEIXEIRA
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : TATIANA DA SILVEIRA REIS
ADVOGADO : TATIANA DA SILVEIRA REIS - MG077713
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PACIENTE : RODRIGO PIVA VERONESI
CORRÉU : LUCAS OLIVEIRA SILVA
CORRÉU : MARIO SERGIO JUNQUEIRA RAMOS
CORRÉU : FELIPE AUGUSTO SILVA GARCIA
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Receptação

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : RODRIGO PIVA VERONESI
ADVOGADO : TATIANA DA SILVEIRA REIS - MG077713
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do agravo regimental e,
nessa extensão, negou-lhe provimento, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Antonio Saldanha
Palheiro e Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT) votaram com a Sra.
Ministra Relatora.

C5422125511281:03800;0@ 2023/0251529-8 - HC 839602 Petição : 2023/0098350-9 (AgRg)

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