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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto
Martins, Herman Benjamin, Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ª Região) e Eliana
Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Sustentou oralmente Dr. José Alves Júnior, pela parte
RECORRIDA: IRMANDADE DE MISERICÓRDIA DE TAUBATÉ
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RECURSO ESPECIAL Nº 986.386 - SP (2007/0213605-5)
RELATÓRIO
A Fazenda do Estado de São Paulo alega que o julgado contraria o disposto no artigo 20
do Decreto-Lei nº 3.365/41 "ao permitir a ampliação da matéria discutida em sede de ação de
desapropriação, ampliando os limites da defesa, não obstante a regra taxativa da norma legal
apontada como violada" (fl. 278). Afirma que na contestação somente pode constar impugnação ao
preço ou sobre a existência de vícios no processo judicial.
Recurso extraordinário simultaneamente interposto às fls. 259-273, inadmitido na
origem (fls. 348-349), consoante certidão à fl. 351.
A recorrida apresentou contra-razões, aduzindo, em preliminar, a ausência de
prequestionamento; no mérito, pugna para que seja mantido o aresto recorrido (fls. 320-344).
Inadmitido o recurso especial (fls. 346-347), subiram os autos a esta Corte por força do
provimento dado ao Ag 853.699/SP (fl. 359).
O Ministério Público Federal, na pessoa do ilustre Subprocurador-Geral da República
Dr. Geraldo Brindeiro, opina no sentido de que seja negado provimento ao recurso (fls. 370-380).
É o relatório.
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EMENTA
VOTO
A doutrina, embora não muito farta, indica a contestação como o momento oportuno
para se postular o direito de extensão. Nesse sentido, Diógenes Gasparini assim pontifica:
Esse diploma legal, segundo previsão de seu art. 1º, "regula os direitos e obrigações
concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da
Política Agrícola".
Embora alcance apenas as desapropriações de imóveis rurais para fins de reforma
agrária, o regramento previsto no art. 19, § 1º, deve também ser aplicado às desapropriações por
utilidade ou necessidade pública, pois não há, entre o dispositivo e o rito processual previsto no
Decreto-Lei 3.365/41, qualquer incompatibilidade formal ou material.
Se na desapropriação para fins de reforma agrária, para o qual a lei fixa rito especial
sumário, nos termos do art. 1º da LC 76/93, pode o réu postular o direito de extensão na peça de
defesa, com muito mais razão deve ser admitido nas ações de desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, que não obedecem ao rito sumário.
Ademais, o direito de extensão requerido pelo réu na contestação do feito
expropriatório em nada prejudica o rito processual previsto no Decreto-Lei 3.365/41, para as
desapropriações de imóveis por necessidade ou utilidade pública, já que a concessão depende de
requisitos, quase sempre, aferíveis de plano.
Caso dependa de dilação probatória, os requisitos poderão ser aferidos na mesma
perícia em que fixado o justo preço da indenização.
O direito de extensão nada mais é do que a impugnação do preço ofertado pelo
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expropriante. O réu, quando impugna na contestação o valor ofertado pelo expropriante, apresenta
outra avaliação do bem, abrangendo a integralidade do imóvel, e não apenas a parte incluída no
plano de desapropriação.
Assim, a inclusão do pedido de extensão em nada ofende o art. 20 do Decreto-Lei
3.365/41, segundo o qual a contestação somente pode versar sobre "vício do processo judicial ou
impugnação do preço". Como afirmado, o direito de extensão nada mais é do que a impugnação do
réu ao preço ofertado pelo expropriante.
Nessa linha, confiram-se precedentes deste Tribunal acerca do tema:
É como voto.
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ERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : SIDNEI FORTUNA E OUTRO(S)
RECORRIDO : IRMANDADE DE MISERICÓRDIA DE TAUBATÉ
ADVOGADO : JOSÉ ALVES E OUTRO(S)
ASSUNTO: Administrativo - Intervenção do Estado na Propriedade - Desapropriação
SUSTENTAÇÃO ORAL
Dr(a). JOSÉ ALVES JÚNIOR, pela parte RECORRIDA: IRMANDADE DE MISERICÓRDIA DE
TAUBATÉ
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a)
Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Carlos Fernando Mathias (Juiz
convocado do TRF 1ª Região) e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator.
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