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TDE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Nome: Vinicyus Tostes de Alencar 9° U – Noturno


A Lei n° 13.467/17 que ganhou o nome de Reforma Trabalhista, foi uma
alteração legislativa promulgada em 13 de julho de 2017, visando a alteração
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974,
8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de
adequar a legislação às novas relações de trabalho.

Entre as alterações trazidas pela lei, frise-se as alterações na aplicação dos


institutos da Justiça Gratuita e Honorários de Sucumbência, dispostas
respectivamente nos artigos 790-B e atualmente no 791-A da CLT, que tiveram
suas redações reescritas, além de artigos, incisos e parágrafos adicionados.

Anteriormente a Reforma, os institutos estavam dispostos deste modo:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários


periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo
se beneficiária de justiça gratuita.

Em relação ao atual artigo 791-A, não havia previsão anterior, de modo que o
dispositivo foi incluído junto a Reforma.

No entanto, após a referida Reforma, os institutos passaram a ter a seguinte


redação:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários


periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda
que beneficiária da justiça gratuita.
§ 1° Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar
o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do
Trabalho.
§ 2° O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.
§ 3° O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para
realização de perícias.
§ 4° Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não
tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa
referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá
pelo encargo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.
§ 1° Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda
Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída
pelo sindicato de sua categoria.

§ 2° Ao fixar os honorários, o juízo observará:


I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em
julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou
de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.
§ 5° São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

O ponto inicial que gerou controvérsias na comunidade jurídica foi o artigo 790-
B que responsabiliza a parte vencida (sucumbente) pelo pagamento de
honorários periciais, ainda que seja beneficiária da justiça gratuita.

Diferentemente da referida redação anterior em que os beneficiários da justiça


gratuita estavam isentos, após a Reforma, a União só terá que pagar a perícia
quando a parte não tiver auferido crédito capaz de suportar a defesa, note-se
neste ponto a existência da disposição “ainda que em outro processo”.

Quanto ao artigo 791-A, § 4°, da CLT, os honorário advocatícios de


sucumbência serão devidos sempre que o beneficiário da justiça gratuita tenha
obtido em juízo créditos capazes de suportar a defesa, ainda que em outro
processo.

Essas mudanças geraram repercussões até mesmo no Supremo Tribunal


Federal que no julgamento da ADI 5576 se dividiu em duas correntes.
Conforme matéria vinculada ao site do STF:

Na retomada do julgamento na sessão desta quarta-feira (20), havia


duas correntes. A primeira, apresentada pelo relator, ministro Luís
Roberto Barroso, considera que as regras são compatíveis com a
Constituição e visam apenas evitar a judicialização excessiva das
relações de trabalho e a chamada “litigância frívola”. Essa corrente,
integrada, também, pelos ministros Nunes Marques, Gilmar Mendes e
Luiz Fux (presidente), defendeu a procedência parcial da ação para
limitar a cobrança de honorários, mesmo quando pertinente a verbas
remuneratórias, a até 30% do valor excedente ao teto do Regime
Geral de Previdência Social.
No outro campo, o ministro Edson Fachin votou pela declaração de
inconstitucionalidade de todas as normas impugnadas. Segundo ele,
as regras introduzidas pela Reforma Trabalhista restringem os direitos
fundamentais de acesso à Justiça e o direito fundamental e da
assistência judiciária gratuita. Esse entendimento foi seguido pelo
ministro Ricardo Lewandowski e pela ministra Rosa Weber.

Apesar do entendimento ter sido dividido em duas correntes, a corte entendeu


pela inconstitucionalidade dos dispositivos que estabelecem a necessidade de
pagamento de honorários periciais e advocatícios pela parte derrotada mesmo
que esta seja beneficiária da Justiça gratuita e que autoriza o uso de créditos
trabalhistas devidos ao beneficiário de justiça gratuita, em outro processo, para
o pagamento desses honorários.

Deste modo, de modo acertado a Suprema Corte privilegia o acesso a justiça e


garante que aqueles que não tem condições monetárias suficientes possam
também requerer seus direitos trabalhistas sem medo de ter que, em eventual
derrota, serem obrigados a arcar com uma prestação incompatível com sua
disponibilidade monetária.

Por fim, em que pese o argumento legítimo de cessação da litigância frívola,


cercear o acesso à justiça não parece meio efetivo de se alcançar tal objetivo.

FONTES

CLT interpretada / coordenação de [Kheyder Loyola e Silvana Sponton]; - São Paulo:


Rideel, 2016. ISBN 978-85-339-412-7. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/174267/pdf/0

BRASIL. Decreto-Lei 5.452 de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do


trabalho, Brasília, DF.

BRASIL. Lei n° 13.467 de 17 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis
n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília,
DF.

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