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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

SUMÁRIO

01. Meios de Solução dos Conflitos Trabalhistas. Autodefesa. Autocomposição.


Heterocomposição.
02. Jurisdição. Princípios da Jurisdição.
03. Conceito de Direito Processual do Trabalho.
04. Autonomia do Direito Processual do Trabalho.
05. Princípios do Direito Processual do Trabalho.
06. Relações do Direito Processual do Trabalho.
07. Fontes do Direito Processual do Trabalho.
08. Aplicação das Normas de Direito Processual do Trabalho. Eficácia das Leis no
Tempo e no Espaço. Interpretação e Integração.
09. Órgãos da Justiça do Trabalho. Composição dos Tribunais. Ministério Público do
Trabalho.
10. Competência da Justiça do Trabalho: Competência em Razão da Matéria, das
Pessoas, Funcional e do Lugar. Cessação da Competência. Cláusula Contratual de
Foro de Eleição. Incompetência da Justiça do Trabalho. Conflitos de Competência.
11. Atos, Termos e Prazos Processuais.
12. Nulidades. Preclusão. Perempção.
13. Partes. Procuradores e Terceiros. Jus Postulandi. Assistência Judiciária. Ética no
Processo do Trabalho (Litigância de Má-Fé). Substituição Processual. Litisconsórcio.
Intervenção de Terceiros.
14. Dissídio Individual e Dissídio Coletivo. Distinções Fundamentais.
15. Reclamação Trabalhista. Petição Inicial. Requisitos. Tutela de Urgência e Tutela
de Evidência. Comissão de Conciliação Prévia.
16. Audiência. Ordem dos Acontecimentos. Arquivamento. Revelia. Confissão.
Conciliação. Resposta do Reclamado: Exceções. Preliminares. Contestação.
Reconvenção. Compensação.
17. Procedimento Sumaríssimo.

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18. Instrução Processual. Meios de Prova. Ônus da Prova. Presunções. Valoração da
Prova.
19. Razões Finais. Sentença. Valor da Condenação. Custas e Despesas Processuais.
Publicação. Trânsito em Julgado.
20. Procedimentos (Ritos): Ordinário, Sumário e Sumaríssimo. Inquérito Judicial Para
Apuração de Falta Grave. Ação de Cumprimento. Mandado de Segurança. Habeas
Corpus. Ação de Consignação em Pagamento. Prestação de Contas. Ações
Possessórias. Habilitação Incidente. Restauração de Autos. Ação Civil Pública.
Medidas Cautelares Nominadas e Inominadas. Ação Anulatória. Ação Rescisória.
Ação Monitória.
21. Recursos. Generalidades. Efeitos: Suspensivo, Devolutivo Translativo,
Substitutivo, Extensivo e Regressivo. Pressupostos. Espécies de Recursos Cabíveis no
Processo do Trabalho.
22. Liquidação de Sentença. Execução. Procedimento. Embargos à Execução e
Impugnação à Sentença de Liquidação. Defesa do Executado Sem Embargos
(“Exceção ou Objeção de Pré-Executividade”). Alienação de Bens e Embargos.
Suspensão e Extinção da Execução.
23. Dissídio Coletivo. Poder Normativo da Justiça do Trabalho. Dissídio Coletivo de
Natureza Econômica e de Natureza Jurídica. Dissídio Coletivo de Greve. Sentença
Normativa. Recurso.

OBSERVAÇÃO

COM A REFORMA TRABALHISTA (LEI Nº 13.467/2017) VÁRIOS


DISPOSITIVOS DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO FORAM
ALTERADOS NA CLT. IMPORTA MENCIONAR QUE AS REGRAS DE
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, QUANDO ENTRAM EM VIGOR,
ATINGEM OS PROCESSOS EM CURSO, MAS SEMR RETROAGIR ÀQUELES
ATOS PROCESSUAIS JÁ PRATICADOS. VIGORA, PORTANTO, A LEI
VIGENTE NO TEMPO, NO CASO, A CLT ALTERADA EM RELAÇÃO ÀS
REGRAS PROCESSUAIS.

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01. MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS.
AUTODEFESA. AUTOCOMPOSIÇÃO. HETEROCOMPOSIÇÃO.

Conflito – pode ser entendido como controvérsia ou dissídio.

Conflitos podem ser individuais ou coletivos.

Meios:

01.1 Autodefesa: as próprias partes procedem à defesa de seus interesses. A solução do


conflito somente ocorre quando uma parte cede à outra. Ex: greve e lock-out.

a) greve: no Brasil é um direito.


b) Lock-out: proibido no Brasil.

01.2. Autocomposição: realizada pelas próprias partes, sem a intervenção de um


terceiro. Ex: celebração de acordos coletivos de trabalho e de convenções coletivas de
trabalho.

a) acordos coletivos de trabalho: celebrados entre sindicato de empregados e uma ou


mais empresas.
b) convenções coletivas de trabalho: celebradas entre sindicado de empregados e
sindicato de empregadores.

Reforma Trabalhista:

1ª Observação: O artigo 614, parágrafo 3º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017 consagrou ser vedada a ultratividade da norma coletiva, assim entendida
como a continuidade da vigência da norma coletiva, mesmo após o seu termino,
quando o sindicato patronal ou o empregador se negar a negociar novo instrumento
coletivo.

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2ª Observação: O artigo 620, caput, da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017 prescreve que as condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho
sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.

01.3 Heterocomposição: quando a solução dos conflitos trabalhistas é determinada por


um terceiro. Ex: mediação, arbitragem e a jurisdição do Estado.

a) mediação: ocorre quando um terceiro, chamado pelas partes, propõe soluções às


partes vindo estas a colocar termo ao litígio. Não há necessidade que o mediador tenha
conhecimentos jurídicos. As partes não estão obrigadas a aceitar as propostas feitas
pelo conciliador, razão pela qual este não pode coagi-las de forma alguma. O mediador
não toma nenhuma decisão servindo apenas como intermediário entre as partes.
Geralmente a mediação é extrajudicial, mas nada impede que seja judicial.

A mediação é instituto aplicado largamente em outros países como França, Espanha,


Argentina, Austrália, EUA, etc.

No Brasil foi editado o Decreto nº 1.572/95 de 28/07/1995 que estabelece regras sobre
mediação na negociação coletiva. Pode o mediador ser escolhido livremente pelas
partes e se não houve escolha, pode ser indicado o Ministério do Trabalho e Emprego.

A Portaria nº 817/95 de 30/08/1995 do Ministério do Trabalho e Emprego especifica


critérios para a participação do mediador nos conflitos de negociação coletiva de
natureza trabalhista.

b) arbitragem: é a forma de solução dos conflitos feita por um terceiro estranho em


relação às partes, que é escolhido por estas, impondo a solução do litígio. É forma
voluntária de terminar o conflito, ou seja, não é obrigatória. Largamente utilizada na
Europa e EUA.

No Brasil foi aprovada a Lei nº 9.307/96 de 23/09/1996, depois alterada pela Lei nº
13.129/2015 de 23/09/2015, que dispõe sobre referido diploma legal preconiza que

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esse instituto somente é aplicável se o litígio versar sobre direitos patrimoniais
disponíveis sendo necessário que as partes estejam aptas a contratar.

Convenção de arbitragem = cláusula compromissória + compromisso arbitral.

Cláusula compromissória – é a convenção através da qual as partes em um contrato de


trabalho comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir
relativamente a tal contrato – artigo 4º da Lei nº 9.307/96.

Explicar os riscos de inserção de cláusula compromissória nos contratos de trabalho.

Compromisso arbitral – é a convenção por meio da qual as partes submetem um litígio


à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. Artigo 9º
da Lei nº 9.307/96.

Prazo para a solução do litígio – 6 (seis) meses podendo ser prorrogado a critério das
partes envolvidas.

Decisão do árbitro deve ser escrita e conter relatório, fundamentos da decisão e


dispositivo.

A sentença arbitral é título executivo judicial segundo o artigo 515, inciso VII, do CPC
de 2015, razão pela qual não necessita de homologação pelo Poder Judiciário e pode
ser executada de imediato.

Vantagens do procedimento arbitral – rapidez e segredo.

Desvantagens do procedimento arbitral – alto custo em alguns casos sendo


desaconselhável para solucionar conflitos que envolvem pequenas quantias.

Nulidade da sentença arbitral – hipóteses: artigo 32 da Lei nº 9.307/96:

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a) for nulo o compromisso.
b) emanou de quem não podia ser árbitro.
c) não contiver os requisitos do artigo 26 da Lei nº 9.307/96.
d) for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem.
e) não decidir todo o litígio submetido à arbitragem.
f) comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva.
g) proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III, da Lei nº
9.307/96.
h) forem desrespeitados os princípios de que trata o artigo 21, parágrafo 2º, da Lei nº
9.307/96.

Princípios da arbitragem: contraditório


igualdade das partes
imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento

Nulidade da sentença arbitral deve ser pleiteada junto ao Poder Judiciário competente
devendo ser proposta no prazo de 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação
da mesma. Quando tal ocorrer a sentença de nulidade proferida pelo Poder Judiciário
determinará que o árbitro profira nova sentença arbitral.

Arbitragem – único dispositivo constitucional que trata da arbitragem está previsto no


artigo 114, parágrafo 1º, da CF/88, in verbis: Frustrada a negociação coletiva, as partes
poderão eleger árbitros.

Dissídio coletivo: indiscutível a possibilidade da arbitragem nos termos do artigo 114,


parágrafo 1º, da Constituição Federal de 1988.

Dissídio individual:

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Reforma Trabalhista:

1ª Observação: A Lei nº 13.129/2015 alterou alguns dispositivos da Lei nº 9.307/1996,


mas nada de modo efetivo relacionado ao direito processual do trabalho.

2ª Observação: Nada obstante sempre tenha havido questionamentos sobre a


possibilidade de arbitragem no dissídio individual trabalhista é certo que no artigo
507-A da Lei nº 13.467/2017 prevê essa possibilidade quando o empregado quando a
remuneração do empregado seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido
para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, situação em que será
possível ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa
do empregado ou mediante a sua concordância expressa.

c) jurisdição do Estado: os conflitos solucionados pelo Poder Judiciário, seja em


dissídios individuais, seja em dissídios coletivos.

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02. JURISDIÇÃO.

02.1. Conceito – é o poder de dizer o direito. É inerente a todos os juízes investidos


nessa função pelo Estado.

02.2. Princípios Inerentes à Jurisdição – Segundo Antonio Carlos de Araújo Cintra,


Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco são princípios inerentes à
jurisdição: investidura, aderência ao território, indelegabilidade, inevitabilidade,
inafastabilidade, juiz natural e inércia.

02.2.1. princípio da investidura: a jurisdição só será exercida por quem tenha sido
regularmente investido na autoridade de juiz. A jurisdição é um monopólio do Estado
e este, que é uma pessoa jurídica, precisa exercê-la através de pessoas físicas que
sejam seus órgãos ou agentes: essas pessoas físicas são os juízes.

02.2..2. princípio da aderência ao território: manifesta-se, em primeiro lugar, a


limitação da própria soberania nacional ao território do país. Além disso, como os
juízes são muitos no mesmo país, distribuídos em comarcas ou seções judiciárias
também se infere daí que cada juiz só exerce a sua autoridade nos limites do território
sujeito por lei à sua jurisdição. Esse princípio estabelece limitações territoriais à
autoridade dos juízes.

02.2.3. princípio da indelegabilidade: é, em primeiro lugar, expresso através do


princípio constitucional segundo o qual é vedado a qualquer dos Poderes delegar
atribuições. A Constituição fixa o conteúdo das atribuições do Poder Judiciário e não
pode a lei, nem pode muito menos alguma deliberação dos próprios membros deste,
alterar a distribuição feita naquele nível jurídico-positivo superior. Além disso, no
âmbito do próprio Poder Judiciário não pode juiz algum, segundo seu próprio critério e
talvez atendendo à sua própria conveniência, delegar funções a outro órgão, na medida
em que o magistrado exerce a jurisdição como agente do Estado e não em seu próprio
nome.

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02.2.4. princípio da inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos
jurisdicionais, sendo uma emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si
mesma, independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para aceitarem
os resultados do processo.

02.2.5. princípio da inafastabilidade: (ou princípio do controle jurisdicional), garante a


todos o acesso ao Poder Judiciário, o qual não pode deixar de atender a quem venha a
juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução para ela (artigo 5º,
inciso XXXV, da CF/88).

02.2.6. princípio do juiz natural: assegura que ninguém pode ser privado do
julgamento por juiz independente e imparcial, indicado pelas normas constitucionais e
legais. A Constituição proíbe os chamados tribunais de exceção, instituídos para o
julgamento de determinadas pessoas ou crimes de determinada natureza, sem previsão
constitucional (artigo 5º, inciso XXXVII da CF/88).

02.2.7. princípio da inércia: por sua própria natureza, os órgãos jurisdicionais são
inertes, ou seja, só age mediante provocação das partes. Exceção que ocorre no
processo do trabalho: artigo 878 da CLT, o qual preconiza que o juiz do trabalho pode
impulsionar a fase executória de ofício.

Reforma Trabalhista:

Observação: Com o advento da Lei nº 13.467/2017, o artigo 878 da CLT foi alterado
para consagrar que a execução a ser impulsionada de ofício pelo juiz do trabalho tem
limite apenas no caso das partes não estarem representados por advogado. Ou seja,
apenas no caso de jus postulandi.

02.2.8. princípio da ampla defesa e do contraditório: é princípio previsto no artigo 5º,


inciso LV, da Carta Constitucional de 1988.

Observação: o artigo 10 do CPC de 2015 apenas e tão somente repisa o princípio da


ampla defesa e do contraditório.

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03. CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

Cleber Lúcio de Almeida – direito processual do trabalho é o conjunto de normas e


princípios que organizam e disciplinam a solução judicial dos conflitos de interesses
de natureza trabalhista (entendendo-se como tais os que decorrem de uma relação de
trabalho ou que sejam conexos à relação de emprego).

Renato Saraiva – direito processual do trabalho é o ramo da ciência jurídica, dotado de


normas e princípios próprios para a atuação do direito do trabalho e que disciplina a
atividade das partes, juízes e seus auxiliares, no processo individual e coletivo do
trabalho.

Amauri Mascaro Nascimento - direito processual do trabalho é o ramo do direito


processual destinado à solução judicial dos conflitos trabalhistas.

Sérgio Pinto Martins - direito processual do trabalho é o conjunto de princípios, regras


e instituições destinado a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos
dissídios, individuais ou coletivos, entre trabalhadores e empregadores.

Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 é certo que a


competência da Justiça do Trabalho foi significativamente ampliada, razão pela qual
outros litígios que não apenas entre trabalhadores e empregadores são solucionados
por esse ramo do Poder Judiciário.

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04. AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

No dizer de Amauri Mascaro Nascimento o direito processual do trabalho, que nunca


se separa do direito processual civil, tem os seguintes aspectos:

a) jurisdição especial destinada a julgar dissídios individuais.


b) dissídio coletivo econômico, jurídico e de greve como uma de suas peculiaridades.
c) existência de lei processual específica, embora com larga aplicação subsidiária do
direito processual comum.
d) singularidade do tipo de contrato que interpreta - o vínculo de trabalho - que, diante
da inafastabilidade entre o trabalho e a pessoa que o presta, difere dos contratos de
direito civil, na medida em que em seu objeto está envolvida a pessoa que trabalha,
seus direitos de personalidade e o poder de direção daquele que é beneficiado pelo
trabalho, uma troca salário-trabalho, mas, também, diante das pessoas típicas que
figuram como sujeitos do vínculo, o empregado e o empregador.

Dessa forma, diz o doutrinador, o direito do trabalho e o direito processual do trabalho


são autônomos, porque o primeiro é ramo do direito material, e o segundo, do direito
processual.

A CLT contém tanto normas de direito material, quanto normas de direito processual.

A maioria dos cursos de bacharelado tem a cadeira específica de direito processual do


trabalho.

Por fim, a produção doutrinária de direito processual do trabalho em nosso País é uma
das maiores entre todos os países esclarecendo o renomado doutrinador que há livros
de curso, livros monográficos e de prática forense.

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5. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

05.1. Conceito – José Cretella Junior – princípios de uma ciência são as proposições
básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações subsequentes.
São os alicerces da ciência.

05.2. Princípios Constitucionais do Direito Processual:

05.2.1. Acesso à justiça – direito de ação. Nenhuma lei pode contemplar vedação ao
direito de cada um acionar o Poder Judiciário. Nesse sentido, incabível a possibilidade
de discussão de qualquer litígio em instância administrativa, antes da propositura de
ação judicial. A única exceção encontra-se prevista no artigo 217, parágrafo 1º, da Lei
Magna que assim preconiza:

Art. 217 - ...


...
Parágrafo 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, reguladas em lei.

Sobreleva mencionar, portanto, a passagem por instância administrativa, nesse caso,


somente tem cabimento quando o litígio for exclusivamente ligado às questões
desportivas. Disso é forçoso concluir que quando se trate de questões trabalhistas ou
desportivas e trabalhistas, simultaneamente, é permitido o ajuizamento de ações
trabalhistas (grifei e negritei).

05.2.2. Inafastabilidade da prestação jurisdicional – vivemos num Estado Democrático


de Direito. Assim sendo em vista que não é possível fazer justiça com as próprias
mãos é direito de cada um obter uma decisão judicial para o seu pleito.

05.2.3. Dever de fundamentar a decisão – tal encontra-se consagrado no artigo 93,


inciso IX, da Carta Constitucional de 1988. Não é admissível que o juiz defira ou
indefira pedidos sem dizer como e porque de sua decisão.

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05.3. Princípios Constitucionais do Direito Processual do Trabalho:

05.3.1. Competência conciliatória e decisória dos órgãos judiciais trabalhistas – no


processo do trabalho a conciliação deve ser buscada à exaustão, na medida em que tal
se presta como instrumento de pacificação social. No processo do trabalho pode-se
tentar a conciliação a qualquer tempo, bem como em inúmeras vezes. Todavia, em
duas oportunidades tal deve ser obrigatória em audiência, a saber: antes da
apresentação da defesa e após as razões finais.

05.3.2. Poder normativo para decidir conflitos coletivos de trabalho – a legislação


processual trabalhista permite que se solucionem conflitos trabalhistas tanto de forma
individual, como de forma coletiva. O litígio individual é a própria reclamação
trabalhista ou ação trabalhista, no qual há solução do mesmo in concreto (sentença
condenatória). Por outro lado, no litígio coletivo a solução se dá por meio de uma
sentença normativa em que o Poder Judiciário tem a possibilidade de criar norma com
a aprovação de cláusulas normativas, atuando em verdadeira função atípica, quando a
solução do litígio ocorre in abstrato (sentença declaratória-constitutiva).

05.3.3. Respeito, nos dissídios coletivos, às disposições convencionais e legais


mínimas de proteção ao trabalho – não é permitido ao Poder Judiciário proferir
sentença normativa que viole acordos coletivos de trabalho ou convenções coletivas de
trabalho que estejam em vigor e que tragam mais direitos aos trabalhadores e nem
proferir sentença normativa que consagre direitos trabalhistas inferiores àqueles
previstos na Constituição Federal de 1988 ou na Consolidação das Leis do Trabalho.

05.4. Princípios específicos do Direito Processual do Trabalho:

05.4.1. Oralidade - prevalência da produção oral de provas reduzida a termo.


Hodiernamente referido princípio tem sido mitigado pelos operadores do direito, na
medida em que os litígios trabalhistas se tornam mais complexos. Contudo, referido
princípio ainda remanesce, quando possível de aplicação.

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05.4.2. Concentração - prevalência da realização de todos os atos num só momento.
Em regra a audiência trabalhista deve ser UNA. Entretanto, cabe ao juiz do trabalho
decidir sobre a adoção dessa modalidade de audiência ou mesmo de audiência
fracionada. Sustentamos a audiência UNA como regra justamente para conferir
observância ao princípio sob estudo. Mas nem sempre é possível a realização de
audiência UNA como, v.g., no caso de necessidade de realização de prova pericial ou
no mesmo no caso de oitiva de testemunha por meio de carta precatória ou de carta
rogatória.

05.4.3. Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias - diferentemente do


processo civil, o Agravo de Instrumento no processo do trabalho somente se presta a
destrancar recurso cujo seguimento tenha sido denegado. Exceções: impugnação ao
valor atribuído à causa (Lei nº 5.584/70 – artigo 2º, parágrafo 1º) e as matérias
previstas na Súmula 214 do Tribunal Superior do Trabalho, a saber:

Súmula nº 214 do TST


DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de
decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou
Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível
de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe
exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal
Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante
o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

05.4.4. Celeridade - o processo não é fim em si mesmo, mas apenas meio para
obtenção do direito violado. Por isso a necessidade de uma solução rápida para o
litígio que, lembre-se, tem natureza alimentar. Com o advento da Emenda
Constitucional nº 45/2004 foi aprovado o inciso LXXVIII ao artigo 5º, in verbis:

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Art. 5º ...
...
Inciso LXXVIII – a todos, no âmbito judicial ou administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.

05.4.5. Identidade física do juiz – com o cancelamento da Súmula 136 do TST é de se


concluir que no processo do trabalho, à semelhança do que ocorre no processo civil, há
identidade física do juiz. Assim, o juiz do trabalho que instruir o feito deverá julgá-lo.

05.4.6 Impulso oficial na fase executória - o juiz pode impulsionar o processo de ofício
quando o mesmo estiver na fase executória. É o que se depreende do disposto no artigo
878, caput, do Texto Consolidado, conforme abaixo:

Art. 878 – A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou


ex officio, pelo próprio juiz ou presidente ou tribunal competente, nos
termos do artigo anterior.

Reforma Trabalhista:

Observação: Com o advento da Lei nº 13.467/2017, o artigo 878 da CLT foi alterado
para consagrar que a execução a ser impulsionada de ofício pelo juiz do trabalho tem
limite apenas no caso das partes não estarem representados por advogado. Ou seja,
apenas no caso de jus postulandi.

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06. RELAÇÕES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

Segundo Sérgio Pinto Martins, o direito processual do trabalho relaciona-se com


outros ramos do direito, a saber:

a) Direito do Trabalho: os dispositivos processuais inseridos na CLT se prestam a


concretizar o direito material do trabalho inserido no mesmo diploma legal.

b) Direito Processual: vários conceitos consagrados no direito processual como ação,


autor, réu, exceção, reconvenção, recurso, etc são trazidos do direito processual.

c) Direito Administrativo: utilização de toda a organização da Justiça do Trabalho e o


regime jurídico dos seus servidores públicos.

d) Direito Penal: utilização dos conceitos caracterizadores da justa causa aplicada ao


empregado, vez que são infrações que muito se assemelham com as infrações
cometidas pelas pessoas e que estão previstas no Código Penal. Além disso, pode
ocorrer o cometimento de crimes como falso testemunho, falsa perícia, fraude
processual, coação no curso do processo, crimes de funcionários públicos da Justiça do
Trabalho.

e) Direito Empresarial: utilização de regras contidas na lei de falências e de


recuperação judicial no processo do trabalho.

f) Direito Civil: utilização de regras contidas no Código Civil como, por exemplo,
habilitação de herdeiros, conceitos de parentesco para saber se a testemunha pode ou
não depor, etc.

g) Direito Tributário: utilização subsidiária da Lei nº 6.830/80 (lei de execuções


fiscais) na fase executória, por força do contido no artigo 889 da CLT. Também a
incidência de imposto de renda, contribuição previdenciária e fundiária sobre verbas
de natureza trabalhista apontam para o relacionamento do direito processual do

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trabalho com essa matéria. Por fim, a fixação de custas processuais, tributo da espécie
taxa.

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07. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

São classificadas em: fontes formais e fontes materiais.

07.1. Fontes materiais – Sérgio Pinto Martins - são o complexo de fatores que
ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores. São analisados fatores
sociais, psicológicos, econômicos, históricos, etc. São os fatores reais que irão
influenciar na criação da norma jurídica.

07.2. Fontes formais – Sérgio Pinto Martins – são as formas de exteriorização do


Direito. Exemplo: lei, costume, etc.

Fontes formais – são classificadas em heterônomas e autônomas.

07.2.1. Fontes heterônomas: são aquelas impostas por agente externo. Exemplo:
constituição, lei, decreto, sentença normativa, regimento interno dos Tribunais.

07.2.2. Fontes autônomas: são aquelas elaboradas pelos próprios interessados.


Exemplo: costume, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho,
regulamento de empresa, contrato de trabalho.

07.3. Fontes Formais Encontradas nas Normas Processuais Trabalhistas:

07.3.1. Na Constituição Federal de 1988 – artigo 111 e seguintes tratam de direito


processual trabalhista sobre competência, organização e composição da Justiça do
Trabalho.

07.3.2. A lei como fonte formal de Direito Processual do Trabalho - Leis Ordinárias –
CLT, CPC de 2015 (este último de forma subsidiária e supletiva por força do artigo
15), Decreto-Lei nº 779/69, Lei nº 5.584/70, Lei nº 6.830/80, Lei nº 7.701/88.

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07.3.3. Decretos que regulamentam as leis.

07.3.4. Regimentos dos Tribunais.

07.3.5. O negócio jurídico como fonte formal do Direito Processual do Trabalho –


Normalmente o negócio jurídico contempla normas de direito material trabalhista.
Todavia, podem as convenções coletivas de trabalho e os acordos coletivos de trabalho
trazer regras sobre mediação e arbitragem.

07.3.6. Costumes – nem todos os doutrinadores entendem possível, pois, em regra, as


normas são elaboradas pelo Estado.

Observação: Direito Processual do Trabalho, em princípio, é exclusivamente estatal.


Todavia, tratados internacionais podem conter normas processuais. Ex: Tratado de
Itaipu, Tratado de Roma, Tratado de Assunção.

07.3.7. Jurisprudência – Súmula: também pode versar sobre Direito Processual do


Trabalho. Ex: quando tratam de prazo, quando tratam de cabimento de recursos,
quando tratam de cabimento de ação rescisória, quando trata de mandado de
segurança, quando trata de substituição processual, etc.

Reforma Trabalhista:

O artigo 702, aliena “f”, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017,
preconiza como deverão ser os requisitos para a criação ou alteração de Súmulas, in
verbis:

Art. 702...
...
f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência
uniforme, pelo voto de pelo menos dois terços de seus membros, caso a
mesma matéria já tenha sido decidida de forma idêntica por unanimidade
em, no mínimo, dois terços das turmas em pelo menos dez sessões

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diferentes em cada uma delas, podendo, ainda, por maioria de dois terços
de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que
ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial;

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08. APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO. EFICÁCIA DAS LEIS NO TEMPO E NO ESPAÇO.
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO.

08.1. Eficácia, no entendimento de Sérgio Pinto Martins, significa a aplicação ou a


execução da norma jurídica. É a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as
relações.

Esclarece o doutrinador que a eficácia não se confunde com validade, que é a força
imponível que a norma tem, isto é, a possibilidade de ser observada.

Esclarece o doutrinador, ainda, que a eficácia também não se confunde com a vigência
da norma, que diz respeito ao seu tempo de atuação.

08.1.1. Eficácia das leis processuais trabalhistas no tempo: geralmente a lei entra em
vigor na data de sua publicação. Se não existir disposição expressa a lei começa a
vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada (artigo 1º da Leis de Introdução ao
Código Civil). Normalmente, a eficácia da lei processual trabalhista é imediata, razão
pela qual se aplica aos processos em curso ficando resguardados os atos já praticados
pelo direito adquirido e pelo ato jurídico perfeito. Contudo, o retromencionado
legislador cita como exemplo a Lei nº 9.957/2000 que criou o procedimento
sumaríssimo, a qual entrou em vigor 60 dias após sua publicação no Diário Oficial.
Nesse mesmo sentido podemos citar a Lei nº 13.467/2017 que aprovou a Reforma
Trabalhista, a qual entrou em vigor 120 dias após a sua publicação no Diário Oficial.

08.1.2. Eficácia das leis processuais trabalhistas no espaço: diz respeito ao território
em que vai ser aplicada a norma. A lei processual trabalhista se aplica no território
brasileiro tanto para os trabalhadores nacionais, quanto para os trabalhadores
estrangeiros que buscam a prestação jurisdicional em nosso País.

08.2. Interpretação das Normas Trabalhistas Processuais – para Sérgio Pinto Martins
interpretar a norma é compreender o que o legislador quer dizer. Em suma: interpretar
é buscar o verdadeiro sentido da norma.

21
Os recursos de interpretação podem ser classificados de diversas formas. Alguns
critérios:

08.2.1. Com relação às fontes de interpretação:

a) autêntica – feita pelo autor da norma.

b) doutrinária – feita pelos doutrinadores: é a opinião dos doutos.

c) jurisprudencial – é a estabelecida pelos tribunais.

08.2.2. Com relação aos meios de interpretação:

a) gramatical ou literal - consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da


norma jurídica, o alcance das palavras encerradas no texto da lei. É a mais pobre de
todas as interpretações da lei.

b) lógica - em que se estabelece conexão entre vários textos legais a serem


interpretados.

c) teleológica ou finalística - a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo


com o fim colimado pelo legislador.

d) sistemática - a interpretação será dada ao dispositivo legal conforme a análise do


sistema no qual está inserido, sem se ater à interpretação isolada de um dispositivo,
mas ao seu conjunto.

e) histórica - leva em conta o contexto histórico existente à época da edição da lei, sua
exposição de motivos, mensagens, emendas, discussões parlamentares.

f) sociológica - em que se verifica a realidade e a necessidade social na elaboração da


lei e em sua aplicação. Diz a lei de introdução ao Código Civil que o juiz, ao aplicar a
lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

22
08.2.3. Com relação aos efeitos (resultado da interpretação):

a) taxativa – prevalece rigorosamente aquilo que foi previsto pelo legislador.

b) restritiva – a conclusão é no sentido de que o legislador quis incluir menos casos do


que aqueles que, à primeira vista, estão incluídos na redação da norma.

c) extensiva ou ampliativa – a conclusão é no sentido de que o legislador quis aplicar a


norma a casos aparentemente não previstos na redação da norma.

08.3. Integração das Normas Processuais Trabalhistas - integrar é suprir lacunas do


ordenamento jurídico. Mesmo com a enorme quantidade de normas que existe no
ordenamento jurídico, e em especial no ordenamento jurídico trabalhista que conta
com fontes específicas de produção de normas (acordo coletivo, convenção coletiva,
sentença normativa), pode ocorrer de determinado problema concreto não encontrar
preceito próprio que diga como as partes devem se comportar. Nessa hipótese, o
intérprete e o operador do Direito (advogados, juízes, membros do Ministério Público)
deverão apelar para critérios ou técnicas apropriadas para integrar o sistema jurídico,
criando por esses meios a norma que falta.

08.3.1. As técnicas de integração: o intérprete está autorizado a suprir lacunas


existentes na norma jurídica por meio de utilização de técnicas jurídicas. O artigo 8º da
Consolidação das Leis do Trabalho autoriza o juiz, na falta de disposição legal ou
convencional, a utilizar a analogia e a equidade. Também podem ser usados a doutrina,
os princípios e a jurisprudência. São elas:

a) analogia: consiste na utilização de uma regra semelhante para o caso em exame.


Divide-se em analogia legis (aplicação de texto de lei que soluciona caso concreto a
caso semelhante) ou analogia juris (aplicação de princípio).

b) equidade: tem dois significados. Pode ser chamado de equidade o processo de


criação da norma jurídica para a sua integração no ordenamento jurídico, sendo, pois,
por esse prisma, uma técnica de integração da norma. Tem também o significado de

23
igualdade, de benignidade, de equilíbrio. Nesse último sentido, deve ser lembrado que
em nosso sistema jurídico o juiz só pode julgar por equidade nas hipóteses
expressamente autorizadas em lei (artigo 140, parágrafo único, do CPC de 2015).

Observação: O TST houve por bem aprovar a Resolução nº 41 de 21/06/2018 acerca


da aplicação das regras processuais aprovadas na Lei nº 13.467/2018, também
denominada Reforma Trabalhista, in verbis:

Art. 1° A aplicação das normas processuais previstas na


Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela Lei nº 13.467, de
13 de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de
2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas
iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada.

Art. 2° O fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do


descumprimento da determinação judicial a que alude o § 1º do art.
11-A da CLT, desde que feita após 11 de novembro de 2017 (Lei nº
13.467/2017).

Art. 3º A obrigação de formar o litisconsórcio necessário a que se


refere o art. 611-A, § 5º, da CLT dar-se-á nos processos iniciados a
partir de 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017).

Art. 4º O art. 789, caput, da CLT aplica-se nas decisões que fixem
custas, proferidas a partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017.

Art. 5º O art. 790-B, caput e §§ 1º a 4º, da CLT, não se aplica aos


processos iniciados antes de 11 de novembro de 2017 (Lei nº
13.467/2017).

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários


advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro

24
de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente,
subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas
nos 219 e 329 do TST.

Art. 7º Os arts. 793-A, 793-B e 793-C, § 1º, da CLT têm aplicação


autônoma e imediata.

Art. 8º A condenação de que trata o art. 793-C, caput, da CLT,


aplica-se apenas às ações ajuizadas a partir de 11 de novembro de
2017 (Lei nº 13.467/2017).

Art. 9º O art. 793-C, §§ 2º e 3º, da CLT tem aplicação apenas nas


ações ajuizadas a partir de 11 de novembro de 2017 (Lei nº
13.467/2017).

Art. 10. O disposto no caput do art. 793-D será aplicável às ações


ajuizadas a partir de 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017).
Parágrafo único. Após a colheita da prova oral, a aplicação de multa
à testemunha dar-se-á na sentença e será precedida de instauração de
incidente mediante o qual o juiz indicará o ponto ou os pontos
controvertidos no depoimento, assegurados o contraditório, a defesa,
com os meios a ela inerentes, além de possibilitar a retratação.

Art. 11. A exceção de incompetência territorial, disciplinada no art.


800 da CLT, é imediatamente aplicável aos processos trabalhistas
em curso, desde que o recebimento da notificação seja posterior a 11
de novembro de 2017 (Lei 13.467/2017).

Art. 12. Os arts. 840 e 844, §§ 2º, 3º e 5º, da CLT, com as redações
dadas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, não retroagirão,
aplicando-se, exclusivamente, às ações ajuizadas a partir de 11 de
novembro de 2017. § 1º Aplica-se o disposto no art. 843, § 3º, da
CLT somente às audiências trabalhistas realizadas após 11 de

25
novembro de 2017. § 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º,
da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que
couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil.
§ 3º Nos termos do art. 843, § 3º, e do art. 844, § 5º, da CLT, não se
admite a cumulação das condições de advogado e preposto.

Art. 13. A partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, a iniciativa do


juiz na execução de que trata o art. 878 da CLT e no incidente de
desconsideração da personalidade jurídica a que alude o art. 855-A
da CLT ficará limitada aos casos em que as partes não estiverem
representadas por advogado.

Art. 14. A regra inscrita no art. 879, § 2º, da CLT, quanto ao dever
de o juiz conceder prazo comum de oito dias para impugnação
fundamentada da conta de liquidação, não se aplica à liquidação de
julgado iniciada antes de 11 de novembro de 2017.

Art. 15. O prazo previsto no art. 883-A da CLT, para as medidas de


execução indireta nele especificadas, aplica-se somente às execuções
iniciadas a partir de 11 de novembro de 2017.

Art. 16. O art. 884, § 6º, da CLT aplica-se às entidades filantrópicas


e seus diretores, em processos com execuções iniciadas após 11 de
novembro de 2017.

Art. 17. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica,


regulado pelo CPC (artigos 133 a 137), aplica-se ao processo do
trabalho, com as inovações trazidas pela Lei nº 13.467/2017.

Art. 18. O dever de os Tribunais Regionais do Trabalho


uniformizarem a sua jurisprudência faz incidir, subsidiariamente ao
processo do trabalho, o art. 926 do CPC, por meio do qual os
Tribunais deverão manter sua jurisprudência íntegra, estável e

26
coerente. § 1º Os incidentes de uniformização de jurisprudência
suscitados ou iniciados antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, no
âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho ou por iniciativa de
decisão do Tribunal Superior do Trabalho, deverão observar e serão
concluídos sob a égide da legislação vigente ao tempo da
interposição do recurso, segundo o disposto nos respectivos
Regimentos Internos. § 2º Aos recursos de revista e de agravo de
instrumento no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, conclusos
aos relatores e ainda não julgados até a edição da Lei nº 13.467/17,
não se aplicam as disposições contidas nos §§ 3º a 6º do artigo 896
da Consolidação das Leis do Trabalho. § 3º As teses jurídicas
prevalecentes e os enunciados de Súmulas decorrentes do
julgamento dos incidentes de uniformização de jurisprudência
suscitados ou iniciados anteriormente à edição da Lei nº
13.467/2017, no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho,
conservam sua natureza vinculante à luz dos arts. 926, §§ 1º e 2º, e
927, III e V, do CPC.

Art. 19. O exame da transcendência seguirá a regra estabelecida no


art. 246 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho,
incidindo apenas sobre os acórdãos proferidos pelos Tribunais
Regionais do Trabalho publicados a partir de 11 de novembro de
2017, excluídas as decisões em embargos de declaração.

Art. 20. As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e 11 do artigo 899


da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, serão
observadas para os recursos interpostos contra as decisões proferidas
a partir de 11 de novembro de 2017.

Art. 21. Esta Instrução Normativa entrará em vigor na data da sua


publicação. Ficam revogados os art. 2º, VIII, e 6º da Instrução
Normativa nº 39/2016 do TST.

27
JOÃO BATISTA BRITO PEREIRA
Ministro Presidente do Tribunal Superior do Trabalho

28
09. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPOSIÇÃO DOS
TRIBUNAIS.

09.1. Poder Judiciário - ramos:

a) Poder Judiciário da União que se subdivide em:

Justiça Federal;
Justiça do Trabalho;
Justiça Eleitoral;
Justiça Militar.

b) Poder Judiciário dos Estados Membros.

Quanto à Justiça do Trabalho pode-se dizer o seguinte:

09.2. Constituição Federal de 1934 – artigo 122 – Justiça do Trabalho instituída para
dirimir questões entre empregadores e empregados, não se aplicando aos juízes as
garantias pertinentes aos juízes do Poder Judiciário. Isto porque nessa época a Justiça
do Trabalho era órgão pertencente ao Poder Executivo.

09.3. Constituição Federal de 1937 – artigo 139 – redação semelhante ao artigo 122 da
Constituição Federal de 1934 mencionando que ficaria instituída a Justiça do Trabalho
para dirimir os conflitos oriundos das relações entre empregadores e empregados,
sendo regulada em lei e à qual não se aplicam as disposições constitucionais relativas à
competência, ao recrutamento e às prerrogativas da justiça comum.

09.4. Decreto-Lei nº 1.237/39 de 05/05/39 regulamentado pelo Decreto nº 6.596/40 de


12/12/40 - organizou a Justiça do Trabalho. Era considerado órgão autônomo do Poder
Executivo, mas ainda não pertencia ao Poder Judiciário.

09.5. Constituição Federal de 1946 – artigo 122 – inclusão da Justiça do Trabalho


como órgão do Poder Judiciário. Passa também a ter uma organização estabelecida

29
pela própria Constituição. O artigo 122 da referida norma consagrou o que foi repetido
nas demais constituições: os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do
Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juntas de Conciliação de Julgamento.

Também versam sobre o tema: artigo 133 da Constituição Federal de 1967.


artigo 141 da Emenda Constitucional nº 1/69.
artigos 111 a 116 da Constituição Federal de 1988.

09.6. Peculiaridades da Justiça do Trabalho:

a) dá efetividade ao direito do trabalho.

b) não há divisão em entrâncias nas Varas.

c) não existem Varas especializadas.

d) os tribunais têm sido criados por regiões e não por Estados. Contudo, aos poucos
essa realidade foi mudando e, hoje, a maioria dos Estados é contemplada com um
Tribunal Regional do Trabalho, exceto nos seguintes casos: 8ª Região – Pará (abrange
Pará e Amapá), 10ª Região (Brasília e Tocantins), 11ª Região – Amazonas (abrange
Amazonas e Roraima) e 14ª Região – Rondônia (abrange Rondônia e Acre). Além
disso, ao contrário do que acaba de ser dito, o único Estado que possui dois Tribunais
Regionais do Trabalho é São Paulo (2ª Região que abrange a Capital, Grande São
Paulo e parte da Baixada Santista e 15ª Região – Campinas que abrange todo o restante
do Estado).

09.7. Varas do Trabalho.

09.7.1. Decreto nº 22.132 de 1932: criou as Juntas de Conciliação e Julgamento -


avocatória pelo Ministro do Trabalho de processos no prazo de seis meses, tanto a
requerimento da parte, como se houvesse prova da parcialidade dos julgadores ou

30
violação de direito. O trânsito em julgado das decisões das Juntas só se dava após esse
prazo. Composição de um presidente e dois vogais.

09.7.2. Constituição Federal de 1946: Juntas de Conciliação e Julgamento passaram a


fazer parte da Justiça do Trabalho como órgãos do Poder Judiciário. Onde não havia
Junta de Conciliação e Julgamento havia atribuição aos juízes de direito.

09.7.3. Emenda Constitucional nº 24/99: extinção da representação classista


transformando Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas do Trabalho.

09.7.4. Lei nº 6.947/81: critérios para criação de Varas do Trabalho:

a) o Tribunal Superior do Trabalho a cada dois anos analisa propostas de criação de


novas Varas e encaminha projeto de lei ao governo.

b) é preciso que existam mais de 24.000 empregados na localidade ou que tenham sido
ajuizadas 240 reclamações trabalhistas anuais, em média, nos últimos três anos.

c) nos locais onde já existam Varas só serão criadas outras quando o número de
processos por ano for de 1.500 nas existentes.

d) a jurisdição de uma Vara é estendida aos Municípios próximos num raio máximo de
100 quilômetros da sede, desde que existam meios de acesso e de comunicação
regulares com os referidos locais.

09.7.5. Garantias do juiz – artigo 95 da CF/88:

a) vitaliciedade – um juiz de primeiro grau se torna vitalício após dois anos de efetivo
exercício e somente poderá ser desligado do cargo por decisão judicial;

b) inamovibilidade – um juiz somente deixa uma Vara ou uma Comarca por interesse
próprio (remoção a pedido) não podendo ser removido por interesses particulares,
salvo por motivo de interesse público;

31
c) irredutibilidade de subsídio – o subsídio de um juiz não pode ser reduzido
nominalmente. Esclareça-se que para o STF o fato de o juiz não receber ou receber
parcialmente reajuste salarial decorrente de inflação não caracteriza redução salarial.

09.8. Tribunais Regionais do Trabalho:

09.8.1. Decreto-Lei nº 1.237/39: Conselhos Regionais do Trabalho – um presidente e


quatro vogais – mandato de dois anos.

09.8.2. Constituição Federal de 1946: criou os Tribunais Regionais do Trabalho

09.8.3. Nomeação dos juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho: Presidente da


República. Feita entre juízes de carreira, advogados e membros do Ministério Público
do Trabalho.

09.8.4. Composição: número de juízes integrantes do órgão.

09.8.5. Funcionamento: número de juízes necessário para serem feitos os julgamentos.

09.8.6. Tribunais Regionais do Trabalho com + de 25 julgadores: poderá ser


constituído de órgão especial (com 11 no mínimo e 25 no máximo) para o exercício
das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do Tribunal Pleno.

09.8.7. Tribunais Regionais do Trabalho com 7 julgadores: há o Presidente e o Vice-


Presidente

09.8.8. Tribunais Regionais do Trabalho maiores: há Corregedor e Vice-Corregedor.

09.8.9. Tribunais Regionais do Trabalho (composição plena): deliberam com a


presença de metade mais um do número de juízes.

09.8.10. Turmas: compostas de cinco juízes. Só podem funcionar estando três juízes.

32
09.8.11. Presidente do Tribunal Regional do Trabalho: voto de desempate. Todavia,
nas questões sobre a constitucionalidade de leis ou de atos do poder público e
administrativas terá voto como qualquer outro juiz.

09.8.12. Turma ou Seção: não podem atuar parentes consanguíneo ou afins em linha
reta, bem como em linha colateral até o terceiro grau.

09.8.13. Emenda Constitucional nº 24/99: extinguiu a representação classista.

09.9. Tribunal Superior do Trabalho:

09.9.1. Decreto nº 16.027/23: criou o Conselho Nacional do Trabalho no âmbito do


Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Era integrado por 12 membros e tinha
como finalidade ser órgão consultivo do Ministério, de funcionar como instância
recursal em matéria previdenciária e atuar como órgão autorizador de dispensas dos
empregados que, no serviço público, gozavam de estabilidade.

09.9.2. Constituição de 1934 e Decreto nº 24.784/34: órgão de cúpula da Justiça do


Trabalho.

09.9.3. Decretos-leis nºs 1.237 e 1.346/39: passou a ter 19 membros.

09.9.4. Constituição Federal de 1946: criação do Tribunal Superior do Trabalho


quando a Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário.

09.9.5. Decreto-Lei nº 9.797/46: reduziu o número de juízes do Tribunal Superior do


Trabalho para 11.

09.9.6. Constituição Federal de 1967: número de 17 ministros. 11 togados e vitalícios,


nomeados pelo Presidente da República, 7 magistrados, 2 advogados e 2 membros do
Ministério Público do Trabalho. 6 juízes classistas e temporários com representação
paritária.

33
09.9.7. Emenda Constitucional nº 1/69 repetiu a formação de 1967.

09.9.8. Constituição Federal de 1988: número de 27 ministros. 17 togados e vitalícios


(11 juízes escolhidos dos tribunais regionais, 3 advogados e 3 membros do MPT) e 10
classistas e temporários com representação paritária.

09.9.9. Emenda Constitucional nº 24/99: extinguiu a representação classista, o que


implicou na redução de 27 para 17 ministros.

09.9.10. Emenda Constitucional nº 45/2004: aumentou o número de ministros do


Tribunal Superior do Trabalho para 27 (artigo 111-A da CF/88).

09.9.11. Pleno do Tribunal Superior do Trabalho: funciona com, no mínimo, 11


ministros.

09.9.12. Tribunal Superior do Trabalho: 8 Turmas com 3 Ministros em cada Turma.


Funcionamento: quorum integral.

SDI-I 14 ministros
Funciona com 7 julgadores
Composição:
Presidente
Vice-Presidente
Corregedor
Presidentes de Turmas
Alguns ministros de Turmas.

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SDI-II 9 ministros
Funciona com 5 julgadores
Composição:
Presidente
Vice-Presidente
Corregedor
6 Ministros integrantes de Turmas.

SDC 9 ministros
Funciona com 6 ministros.

Órgão Especial - 14 ministros.

Composição:

Presidente
Vice-Presidente
Corregedor
6 Ministros mais antigos do Tribunal.

09.9.13. Presidente do Tribunal Superior do Trabalho: vota somente para desempatar,


nas questões sobre inconstitucionalidade das leis ou de atos do poder público e em
matéria administrativa.

09.9.14. Competência do Tribunal Superior do Trabalho: encontra-se prevista na Lei nº


7.701/88.

09.9.15. Órgãos Auxiliares da Justiça do Trabalho:

a) Secretaria;
b) Distribuidor;
c) Contadoria – nem todo Tribunal tem.
d) Oficial de Justiça – é cargo e não órgão.

35
09.10. Ministério Público do Trabalho:

09.10.1. Aspectos gerais:

Até o advento da Constituição Federal de 1988 o Ministério Público era órgão


vinculado ao Poder Executivo.

Após a Constituição Federal de 1988 o Ministério Público é órgão extra-poderes não


estando vinculado a nenhum dos poderes constituídos. É dotado de autonomia
funcional e administrativa (artigo 127, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988).

Artigo 127, caput, da Constituição Federal de 1988 – O Ministério Público é


instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 o Ministério Público – também


incluído o Ministério Público do Trabalho – ganhou destaque com atuação bem mais
efetiva em prol da sociedade.

09.10.2. Ministério Público abrange:

a) Ministério Público da União Ministério Público Federal


Ministério Público do Trabalho
Ministério Público Militar
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

b) Ministério Público dos Estados

09.10.3. Garantias – artigo 128, parágrafo 5º, inciso I, da Constituição Federal de


1988:

36
a) vitaliciedade;
b) inamovibilidade;
c) irredutibilidade de subsídio.

09.10.4. Atuação:

a) Órgão Agente: instauração de inquéritos civis públicos e propositura de Ações Civis


Públicas.

b) Órgão Interveniente: emissão de pareceres circunstanciados e participação em


sessões nos Tribunais Trabalhistas.

09.10.5. Lei Complementar nº 75/93 – Lei Orgânica do Ministério Público da União.

09.10.6. Artigo 83 da Lei Complementar nº 75/93 – atribuições do Ministério Público


do Trabalho:

I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis
trabalhistas;

II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do


juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a
intervenção;

III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de
interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente
garantidos;

IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato,


acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas
ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores;

37
V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores,
incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho;

VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto


nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem
como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior
do Trabalho;

VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente


sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o
direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e
diligências que julgar convenientes;

VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o


interesse público assim o exigir;

IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da


paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos
processos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos
firmados antes da homologação, resguardando o direito de recorrer em caso de
violação à lei e à Constituição Federal;

X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho;

XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de
competência da Justiça do Trabalho;

XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos
processos e para a melhor solução das lides trabalhistas;

XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de


jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito
Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional.

38
09.10.7. Artigo 84 da Lei Complementar nº 75/93 - Outras atribuições do Ministério
Público do Trabalho:

I – integrar os órgãos colegiados previstos no parágrafo 1º do artigo 6º, que lhes sejam
pertinentes;

II – instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que


cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores;

III – requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção


ao trabalho, a instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e
produzir provas;

IV – ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho,


nas causas em que o órgão tenha intervido ou emitido parecer escrito;

V – exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis
com sua finalidade.

09.10.8. Artigo 85 da Lei Complementar nº 75/93 – Órgãos do Ministério Público do


Trabalho:

I – o Procurador-Geral do Trabalho;

II - o Colégio de Procuradores do Trabalho;

III – o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;

IV – a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;

V – a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho;

VI – os Subprocuradores-Gerais do Trabalho;

39
VII – os Procuradores Regionais do Trabalho;

VIII – os Procuradores do Trabalho.

9.11. Defensoria Pública:

A Lei Complementar nº 80/2014 de 04/06/2014 disciplina a atuação da Defensoria


Pública conforme abaixo:

Art. 1º - Capítulo IV – Das Funções Essenciais à Justiça, do Título IV – Da


Organização dos Poderes, passa a vigorar com as seguintes alterações:

A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial,
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
Federal.
...
São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que
couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição
Federal.

40
10. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA, DA PESSOA, FUNCIONAL
E DO LUGAR. CESSAÇÃO DA COMPETÊNCIA CLÁUSULA DE FORO DE
ELEIÇÃO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONFLITOS
DE COMPETÊNCIA.

10.1. Competência – é a medida da jurisdição; é o grau da jurisdição. Segundo a


doutrina de Liebman é a quantidade de jurisdição concretamente conferida a cada
órgão judicante, segundo alguns critérios predeterminados em lei.

10.2. Competência da Justiça do Trabalho – artigo 114 da Constituição Federal de


1988:

Em razão da matéria conhecida


de ofício
Competência absoluta: Em razão da pessoa improrrogável
pelo juiz
Funcional
Nas cidades com
mais de um fórum

o juiz não
Competência relativa: em razão do lugar prorrogável pode
conhecer de
ofício

10.3. Competência em Razão da Matéria.

Uma das alterações mais importantes promovidas pelo Congresso Nacional quando da
aprovação da Emenda Constitucional nº 45/2004 é que a partir de agora a Justiça do
Trabalho não tem como competência apenas apreciar questões ligadas à relação de
emprego, mas sim da relação de trabalho (artigo 114 da Constituição Federal de 1988).
A questão não é de mera semântica, mas de alteração efetiva na medida em que
relação de trabalho é gênero da qual é uma das espécies a relação de emprego.

41
Também questões ligadas ao direito sindical foram transferidas para a Justiça do
Trabalho.

Assim, a partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, questões que eram da


competência da Justiça Comum Estadual teriam passado para a competência da Justiça
do Trabalho. Exemplos:

a) trabalhadores autônomos ou representantes comerciais autônomos – Lei nº


4.886/1965 de 09/12/1965 (artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988).

Há doutrinadores que fazem uma distinção entre relação de trabalho e relação de


consumo. Tal diferenciação, segundo esses doutrinadores, redundaria na competência
da Justiça do Trabalho quando a prestação de serviços sem vínculo empregatício não
tiver o tomador com destinatário final dos mesmos e da Justiça Comum Estadual
quando o tomador dos serviços for o destinatário final destes.

Quanto à competência supracitada, embora a nosso ver a alteração constitucional tenha


efetivamente ocorrido, é certo que no tocante aos trabalhadores autônomos o
deslocamento da competência tem se mostrado matéria discutível nos Tribunais
Superiores. Exemplo disso é que mesmo após a Emenda Constitucional nº 45/2004
houve por bem o Superior Tribunal de Justiça aprovar a Súmula 363 que preconiza que
a cobrança de honorários decorrentes de serviços prestados por profissionais liberais
contra cliente é da Justiça Comum Estadual e não da Justiça do Trabalho. Sobre o
tema, algumas turmas do Tribunal Superior do Trabalho divergiram, ora sustentando a
competência da Justiça Especializada, ora sustentando a competência da Justiça
Comum Estadual.

b) trabalhadores eventuais – antes apenas os litígios decorrentes de contrato de


empreitada em que o empreiteiro seja operário ou artífice conforme artigo 652, alínea
“a”, III, da Consolidação das Leis do Trabalho eram da Justiça do Trabalho (artigo
114, inciso I, da Constituição Federal de 1988).

42
Neste caso há necessidade de separar o grande do pequeno empreiteiro. A
jurisprudência dos Tribunais do Trabalho é no sentido de que pequeno empreiteiro é
aquele que trabalha sem o auxílio de empregados. Somente nesta hipótese é que a
competência para julgar litígios é da Justiça do Trabalho. De se destacar que, nesse
caso, o autor da ação perante a Justiça do Trabalho não postula reconhecimento do
vínculo empregatício e verbas trabalhistas decorrentes do mesmo, mas sim o direito às
importâncias decorrentes do contrato de empreitada inadimplido.

c) parceiros, meeiros e arrendatários (artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de


1988).

Nesse caso o questionamento é o mesmo feito na letra “a” acima. A Justiça do


Trabalho por ora não tem sido chamada a decidir litígios decorrentes de contrato de
parceria, meação e arrendamento. Todavia, se aplicável a jurisprudência dos Tribunais
Superiores, por certo a competência para apreciar litígios continuará com a Justiça
Comum Estadual, embora entendamos que o deslocamento da competência após a
Emenda Constitucional nº 45/2004 é de clareza solar quando trata não mais de
“relação de emprego”, mas sim de “relação de trabalho”.

d) contribuição sindical (artigo 114, inciso III, da Constituição Federal de 1988).

Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 qualquer litígio decorrente de


contribuição sindical era apreciado pela Justiça Comum Estadual. Esse entendimento
se dava em razão de ser uma contribuição prevista em lei, ao contrário das
contribuições assistenciais e confederativas, que são inseridas em normas coletivas.
Contudo, a partir da citada emenda a competência para apreciar tal litígio foi deslocada
para a Justiça do Trabalho.

e) disputa de representatividade sindical (artigo 114, inciso III, da Constituição Federal


de 1988).

Da mesma forma que o legislador constituinte derivado houve por bem deslocar a
competência da Justiça Comum Estadual para a Justiça do Trabalho no tocante aos

43
litígios que envolvam contribuições sindicais, também o fez em relação às disputas de
representatividade sindical. Nesse sentido, podemos dizer que ações entre sindicatos
que lutam pela representatividade de uma categoria ou no caso de parte de uma
categoria abrangente que possa ser desmembrada é de competência da Justiça do
Trabalho. Também tivemos que apreciar litígio no qual um grupo de trabalhadores
postulou a nulidade de uma eleição sindical, sob o argumento de que a chapa da
situação teria fixado prazo exíguo para constituição de outras chapas de oposição.

f) Contrato de empreitada: artigo 652, inciso III, da Consolidação das Leis do Trabalho
– nos casos em que o empreiteiro seja operário ou artífice. Comentários encontram-se
na letra “b”.

g) Reforma Trabalhista: Com o advento da Lei nº 13.467/2017 houve por bem o


legislador inserir a alínea “f” do artigo 652, da CLT, para contemplar a competência da
Justiça do Trabalho para homologar acordo extrajudicial em matéria de competência
da mesma.

h) Competência normativa: artigo 114, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988 –


ação de cumprimento – com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº
45/2004.

i) Leis esparsas: Ex: Lei nº 8.984/95 de 07/02/1995 – dissídios que tenham origem no
cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos de trabalho
mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e
empregador.

Alguns sindicatos têm ajuizado ações de cobrança de contribuições assistenciais e


confederativas de empregadores que deixam de descontá-las dos empregados e
repassá-las à entidade. Não obstante as discussões travadas perante o Poder Judiciário
acerca da obrigatoriedade ou não dessas contribuições para trabalhadores não
associados do sindicato (Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal e Precedente
Normativo 119 do Tribunal Superior do Trabalho), é certo que a competência para

44
dirimir tais conflitos é da Justiça do Trabalho. Vejamos o conteúdo dessa Súmula e
desse Precedente Normativo:

Súmula 666 do STF – CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA – ART. 8º,


IV, DA CONSTITUIÇÃO - FILIADOS – EXIGÊNCIA.
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só
é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

A Súmula 666 foi transformada pelo próprio Supremo Tribunal Federal na Súmula
Vinculante nº 40, cujo teor é o mesmo.

Precedente Normativo 119 do TST – CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS –


INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS.
A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o
direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade
de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença
normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a
título d taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial,
revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie,
obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações
que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores
irregularmente descontados.

j) Contribuições previdenciárias: Emenda Constitucional nº 45/2004 – artigo 114,


inciso VIII, da Constituição Federal de 1988.

Muitas foram as discussões acerca dessa alteração constitucional. Por primeiro merece
relevo esclarecer que tal deslocamento deu-se já com o advento da Emenda
Constitucional nº 20/1998 e confirmada pela Emenda Constitucional nº 45/2004.

É cediço que compete à Justiça Federal julgar litígios decorrentes do inadimplemento


das contribuições previdenciárias por parte das empresas. Contudo, é certo que parte

45
dessa competência foi deslocada para a Justiça do Trabalho. Contudo, a mudança é de
pequena amplitude, embora o volume arrecadado seja significativo.

O deslocamento da competência no tocante às contribuições previdenciárias para a


Justiça do Trabalho limita-se apenas e tão-somente aos tributos devidos em
decorrência das decisões condenatórias proferidas por esta última. Assim, permanece
com a Justiça Federal a competência para apreciar ações de execução das
contribuições previdenciárias não satisfeitas pelas empresas de forma integral, ou seja,
não pagas em sua totalidade. A competência da Justiça do Trabalho limita-se a
executar as contribuições previdenciárias decorrentes de verbas condenatórias de
natureza salarial com trânsito em julgado e bem assim de verbas de natureza salarial
pagas em acordos judiciais.

Houve um período após a Emenda Constitucional nº 45/2004 em que foi sustentada a


competência da Justiça do Trabalho para executar contribuições previdenciárias não só
decorrentes de verbas condenatórias, mas também no caso de sentenças declaratórias
nas quais era reconhecido o vínculo empregatício. Contudo, não foi o que prevaleceu
no Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 569.056 e, por conta disso,
foi aprovada a Súmula 368 pelo Tribunal Superior do Trabalho que trata da limitação
da competência apenas em relação às verbas condenatórias em pecúnia. Dispõe a
citada Súmula:

Súmula 368 – DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS –


COMPETÊNCIA – REESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO –
FORMA DE CÁLCULO.
I – A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quando à
execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo
homologado, que integrem o salário de contribuição.
II – É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado
oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos

46
fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis,
calculado ao final, nos termos da Lei n. 8.541/1992, art. 46, e Provimento
da CGJT n. 01/1996.
III – Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração
encontra-se disciplinado no art. 276, § 4º, do Decreto n. 3.048/99, que
regulamenta a Lei n. 8.212/91 e determina que a contribuição do
empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês,
aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo
do salário de contribuição.

Como corolário disso, é o trabalhador que vai sofrer as consequências se não tiver seu
contrato de trabalho assinado quando da contratação e que necessitará fazê-lo perante a
Justiça do Trabalho e, depois disso, ajuizar outra ação perante a Justiça Federal com o
intuito de obter o reconhecimento do tempo de serviço para fins de aposentadoria.

Nesse sentido veja-se o contido na Súmula Vinculante nº 53 do Supremo Tribunal


Federal:

Súmula Vinculante nº 53 - A competência da Justiça do Trabalho


prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução
de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela
homologados. (Divulgada no DJe do STF de 22/06/2015; publicada
no DJe do STF de 23/06/2015)

k) execução: tanto dos acordos celebrados e não cumpridos quanto das sentenças
transitadas em julgado. Também quanto à execução dos acordos celebrados perante a
Comissão de Conciliação Prévia quanto os Termos de Compromisso de Ajustamento
de Conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho.

Trata-se, o item acima, de rol taxativo e não exemplificativo. Isto porque o legislador
ordinário preocupou-se em vedar qualquer possibilidade do empregador induzir o

47
trabalhador menos esclarecido a assinar documentos que pudessem implicar no
reconhecimento de dívidas com o primeiro.

Quanto aos dois primeiros títulos executivos, estes são judiciais e não comportam
qualquer dúvida.

No que respeita aos dois títulos executivos restantes, estes são extrajudiciais.

Com efeito, o Termo de Acordo firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia


não cumprido deve ser executado perante a Justiça do Trabalho. Note-se que, nesse
caso, não haverá nenhuma discussão dos direitos trabalhistas como, por exemplo,
aviso prévio, saldo salarial, 13º salário, férias com o terço constitucional, horas extras
e reflexos, entre outros, mas sim apenas a execução do valor do acordo avençado e
não cumprido.

No que pertine ao Termo de Ajustamento de Conduta firmado perante o Ministério


Público do Trabalho e não cumprido há que ser salientado que a redação do artigo
876 da Consolidação das Leis do Trabalho foi alterada com a edição da Lei nº
9.958/2000 com o intuito de incluí-lo no rol dos títulos executivos extrajudiciais. Até
então o empregador que descumpria normas trabalhistas era investigado e, depois,
chamado à Procuradoria do Trabalho para assinar o referido Termo, que não era
cumprido sob a alegação de que sua executividade não estava prevista em lei. A
controvérsia, portanto, resta superada.

Além disso, por força do artigo 114, inciso VII, da Carta Magna de 1988, com a
redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, também é título executivo
extrajudicial a Certidão de Dívida Ativa decorrente das multas aplicadas pelas
autoridades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização
das relações de trabalho. Assim, ações de mandado de segurança, ações anulatórias
de débito fiscal e ações de embargos à execução são de competência da Justiça do
Trabalho.

48
l) ações possessórias: se decorrente da relação de emprego. Ex 1: imóvel utilizado pelo
empregado para o exercício do trabalho. Ex: zelador. Ex 2: ferramentas não
devolvidas pelo empregado ou mostruários de vendas. Ex: no caso de greve quando
houver necessidade do ajuizamento de ações de reintegração de posse ou de interdito
proibitório. A propósito disso, com o advento da Súmula Vinculante nº 23 do Supremo
Tribunal Federal ficou pacificado o entendimento de que a competência para apreciar
ações possessórias decorrentes de greve é da Justiça do Trabalho.

m) Programa de Integração Social – PIS – Programa de Integração Social:


cadastramento – Súmula nº 300 do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

Súmula 300 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO –


CADASTRAMENTO NO PIS.
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no
Programa de Integração Social (PIS).

n) FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço: levantamento do saldo da conta


vinculada - quando há dissídio entre empregado e empregador.

o) complementação de aposentadoria: até 19/02/2013 era da Justiça do Trabalho.


Contudo, conforme decisão do STF de 20/02/2013 a competência material para
apreciar litígios decorrentes de complementação de aposentadoria em função do
contrato de trabalho é da Justiça Comum Estadual.

Por outro lado, não é assim que estão entendendo os Tribunais Trabalhistas que
pugnam pela competência material da Justiça do Trabalho nos casos em que a
complementação de aposentadoria decorra de um contrato de trabalho.

A União Federal, não se conformando com as decisões dos Tribunais Trabalhistas que
decidem pela competência material da Justiça do Trabalho, ajuizou a Reclamação
Constitucional nº 26597 questionando justamente uma decisão do TRT da 2ª Região
que reconheceu a competência material da Justiça do Trabalho para julgar pedido de

49
complementação de aposentadoria. O ministro relator Edson Fachin lembrou que o
Plenário do Supremo Tribunal Federal referendou liminar na ADI – Ação Declaratória
de Inconstitucionalidade nº 3395 que suspendeu qualquer interpretação dada ao inciso
I do artigo 114 da Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional
45/2004, que inclua na competência da Justiça do Trabalho a apreciação de causas
instauradas entre o Poder Público e seus servidores, de caráter jurídico-administrativo.

p) indenização por danos morais: a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no


sentido de que se a causa de pedir decorre do contrato de trabalho a Justiça do
Trabalho é competente para apreciar o litígio. O Tribunal Superior do Trabalho,
seguindo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, aprovou a
Orientação Jurisprudencial nº 327 da SDI-I do Tribunal Superior do Trabalho – Seção
de Dissídios Individuais I do Tribunal Superior do Trabalho, depois convertida na
Súmula 392. Entretanto, a decisão sob enfoque fala apenas “quando decorrer da
relação de trabalho”, sem especificar se seria em quaisquer causas de pedir. Diz a
Súmula 392:

Súmula 392 – DANO MORAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO.
Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do
Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano
moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de
acidente do trabalho e doenças a ele equiparadas.

Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso


VI, da Constituição Federal de 1988) imaginou-se que a matéria teria sido pacificada
com entendimento de que, qualquer que fosse a causa de pedir, a competência seria da
Justiça do Trabalho, quando ajuizada ação em face do empregador. Contudo, em
julgamento proferido no dia 09/03/2005 em sede de controle difuso o Supremo
Tribunal Federal entendera, por 8 votos a 2, que quando a causa de pedir da
indenização por danos morais ou materiais fosse decorrente de acidente do trabalho
seria competente a Justiça Comum Estadual (Recurso Extraordinário nº 438.639).
Também esse sempre foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça ao apreciar

50
conflitos negativos de competência acerca dessa matéria. Todavia, em julgamento
mais recente (junho/2005) o Supremo Tribunal Federal mudou o entendimento e, por
unanimidade, conferiu competência à Justiça do Trabalho para apreciar pedido de
indenização por danos morais e materiais, ainda que a causa de pedir seja decorrente
de acidente do trabalho, em decisão proferida no Conflito de Competência nº 7.204-1 -
MG. Com o advento da Súmula Vinculante nº 22 do Supremo Tribunal Federal ficou
pacificado o entendimento no sentido de que a competência para apreciar pedidos de
indenização por danos morais em razão de acidente do trabalho é da Justiça do
Trabalho.

q) greve: abusividade ou não - competência da Justiça do Trabalho – Súmula 189 do


Tribunal Superior do Trabalho. Lei nº 7.783/89 de 28/06/1989 – artigo 8º.

Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso


II, da Constituição Federal de 1988) todas as questões ligadas ao direito de greve são
de competência da Justiça do Trabalho, inclusive aquelas que até então estavam a
cargo da Justiça Comum Estadual (ex: ação de interdito proibitório quando os
trabalhadores ameaçam invadir e tomar uma fábrica). Se se tratar de dissídio coletivo
de greve a competência para apreciação é dos Tribunais Regionais do Trabalho ou do
Tribunal Superior do Trabalho. Se se tratar, por exemplo, de ação de interdito
proibitório ou de ação de reintegração de posse, a competência é do juiz do trabalho de
1º grau (titular ou substituto), como já dito no item de ações possessórias.

r) meio ambiente do trabalho: atribuição do Ministério Público do Trabalho e/ou dos


sindicatos de categoria profissional para propositura de Ação Civil Pública.

s) Habeas Corpus: quando decretada prisão civil no caso de depositário infiel de um


bem garantidor da execução. Com o advento da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
Tribunal Federal ficou pacificado o entendimento no sentido de que não é possível a
prisão civil do depósito infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. Diz a
referida Súmula:

51
Súmula Vinculante 25 do STF.
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
do depósito.

t) mandado de segurança: em decorrência de ato de abuso de autoridade em processo


trabalhista.

Observação: Até a Emenda Constitucional nº 45/2004 a competência para apreciação


do mandado de segurança era funcional dos juízes dos Tribunais Regionais do
Trabalho (das decisões dos juízes de 1º grau) e do Tribunal Superior do Trabalho (dos
juízes de 2º grau). Isto porque até então o juiz de 1º grau não tutelava nenhum ato de
autoridade administrativa. Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004
(artigo 114, inciso VII, da Constituição Federal de 1988) a Justiça do Trabalho passa a
apreciar ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização das relações do trabalho. Com isso, multas aplicadas pela
DRTE – Delegacia Regional do Trabalho e Emprego poderão ser questionadas na
Justiça do Trabalho - o que até então era de competência da Justiça Federal – e a
competência para sua apreciação é do juiz do trabalho de 1º grau (titular ou substituto).

10.4. Competência em Razão da Pessoa:

a) litígio entre trabalhador e empregador decorrente da relação de emprego: regime de


contratação da Consolidação das Leis do Trabalho.

b) trabalhadores domésticos: Lei nº 5.859/72 de 11/12/1972 revogada pela Lei


Complementar nº 150/2015.

c) trabalhadores temporários: Lei nº 6.019/74 de 03/01/1974.

d) trabalhadores portuários: Medida Provisória nº 2.164/41 de 24/08/2001 – DOU


27/08/2001.

e) trabalhadores rurais: Lei nº 5.889/1973 de 08/06/1973.

52
f) empregados de empresas públicas e de sociedades de economia mista: regime da
Consolidação das Leis do Trabalho de acordo com o artigo 173, parágrafo 1º, inciso II,
da Constituição Federal de 1988.

g) funcionários públicos: desde que se trate de regime celetista. Se vinculado ao


regime estatutário será competente a Justiça Federal (se funcionário público federal)
ou a Justiça Estadual (se funcionário público estadual ou municipal).

1ª Observação: O governo do Estado de São Paulo admite trabalhadores tanto no


regime estatutário (regime de direito administrativo), como no regime da Consolidação
das Leis do Trabalho (regime celetista). Não satisfeito, o Poder Legislativo Estadual
houve por bem aprovar a Lei Estadual nº 500/74 para contratação de servidores
públicos estaduais. Referida lei contempla parte dos direitos dos servidores públicos
estatutários e parte dos direitos dos servidores públicos celetistas. É o que se pode
chamar de terceiro gênero. No tocante à competência para apreciar litígios desses
servidores, o Supremo Tribunal Federal, no início da década de 2000, constatou que a
prestação dos serviços dos admitidos pela Lei Estadual nº 500/74 mais se aproxima do
regime administrativo do que do regime contratual, razão pela qual decidiu que a
competência para apreciá-los é da Justiça Comum Estadual.

2ª Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 sustentou-se a


tese de que mesmo no caso dos funcionários públicos regidos pelo Estatuto (regime
estatutário) a competência teria sido passada para a Justiça do Trabalho. Todavia, a
AJUFE – Associação dos Juízes Federais ajuizou ADI – Ação Direta de
Inconstitucionalidade, com pedido de liminar, para que fosse preservada a
competência da Justiça Federal no caso de servidores públicos federais regidos pela
Lei nº 8.112/90. O Supremo Tribunal Federal concedeu a liminar requerida pela
AJUFE. Lembre-se que em se tratando de ADI o efeito dessa liminar é erga omnes e
vinculante. Assim, no tocante aos servidores públicos federais regidos pelo Estatuto
(Lei nº 8.112/90) a competência para apreciação dos litígios é da Justiça Federal. Por
óbvio que, em se tratando de funcionários públicos estaduais e municipais regidos pelo
Estatuto a competência para apreciação dos litígios é da Justiça Comum Estadual.

53
h) entes de direito público externo: imunidade absoluta como regra e imunidade
relativa como exceção. A imunidade relativa diz respeito a separar os atos de império
dos atos de gestão – Convenção de Viena de 1961 trata da imunidade de jurisdição.
Imunidade de jurisdição abrange embaixadas e respectivos representantes
diplomáticos. Wilson de Souza Campos Batalha entende que os cônsules não estão
abrangidos pela imunidade diplomática por exercerem funções notariais e de caráter
administrativo.

i) servidores de cartórios extrajudiciais: regime celetista e competência da Justiça do


Trabalho. Lei nº 8.935/94 de 18/11/1994.

j) atletas profissionais de futebol: Lei nº 6.354/76 artigo 29 c/c a Lei nº 9.615/98 de


24/03/1998 – competência da Justiça do Trabalho a teor do artigo 114 da Constituição
Federal de 1988.

k) aprendizes: a competência é da Justiça do Trabalho, eis que se trata de contrato de


trabalho com fins simultâneos de ensino – artigo 403 e artigo 424 e seguintes da
Consolidação das Leis do Trabalho.

l) autorização para trabalho de menores antes da idade mínima – no último dia


10/12/2013, a Terceira Turma do TRT da 2ª Região, unanimemente, decidiu, seguindo
lúcido voto da colega Rosana Buono, que a competência para análise dos pedidos de
autorização para o trabalho antes da idade mínima é da justiça do trabalho. Contudo,
havia em curso julgamento no STF que questionava essa competência material da
Justiça do Trabalho, como se vê abaixo:

Quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Suspenso julgamento de liminar em ADI sobre autorização de trabalho


artístico de menores

Pedido de vista da ministra Rosa Weber suspendeu o julgamento de liminar


em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra normas
conjuntas de órgãos do Judiciário e do Ministério Público nos Estados de
54
São Paulo e Mato Grosso que dispõem sobre a competência da Justiça do
Trabalho para conceder autorização de trabalho artístico para crianças e
adolescentes. A matéria é objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) 5326, ajuizada na Corte pela Associação Brasileira de Emissoras de
Rádio e Televisão (ABERT).

Na ação, a entidade questiona as Recomendações Conjuntas 01/2014-SP e


01/2014-MT, bem como o Ato GP 19/2013 e o Provimento GP/CR 07/2014,
que, segundo a ABERT, atribuíram indevidamente nova competência à
Justiça do Trabalho, em detrimento da Justiça comum estadual. Trata-se da
competência para processar e julgar “causas que tenham como fulcro a
autorização para trabalho de crianças e adolescentes, inclusive artístico”.

De acordo com a ABERT, o artigo 114 da Constituição Federal, na redação


que lhe foi conferida pela Emenda Constitucional (EC) 45/2004, não dá
prerrogativa à Justiça do Trabalho para analisar pedidos de autorização de
crianças e adolescentes em representações artísticas. A associação destaca
que o tema sempre foi processado e analisado pela Justiça comum, na
maioria dos casos por varas especializadas, em harmonia com o artigo 227
da Constituição Federal, que trata dos interesses da juventude.

Relator

Até o momento, votaram pelo deferimento da medida cautelar os ministros


Marco Aurélio (relator) e Edson Fachin. Em seu voto, o ministro Marco
Aurélio concluiu que os atos normativos questionados padecem de
inconstitucionalidade formal e material. Quanto à inconstitucionalidade
formal, o relator ressaltou que os dispositivos tratam da distribuição de
competência jurisdicional e da criação de juízo auxiliar da Infância e da
Juventude no âmbito da Justiça do Trabalho, porém não foram produzidos
mediante lei ordinária. Com base nos artigos 22, inciso I, 113 e 114, inciso
IX, da Constituição Federal, o ministro Marco Aurélio observou que tais
medidas estão sujeitas, inequivocamente, ao princípio da legalidade estrita.

55
O relator destacou a existência de inconstitucionalidade material em razão
da circunstância de ter sido estabelecida competência da Justiça do Trabalho
sem respaldo na Constituição Federal. “Não há dúvida quanto à
obrigatoriedade dos pedidos de autorização para crianças e adolescentes
atuarem em eventos artísticos serem submetidos a juízos da Infância e da
Juventude. A questão é definir se devem ser juízos próprios da Justiça
comum ou se podem ser os criados no âmbito da Justiça do Trabalho”,
observou.

Ao citar parecer da jurista Ada Pellegrini Grinover juntado aos autos, o


ministro considerou que a competência para a matéria é da Justiça comum.
Segundo o parecer, o legislador – quando estabeleceu o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA) – previu a Justiça da Infância e da Juventude e
determinou que fosse o juiz da Infância e da Juventude a autoridade
judiciária responsável pelos processos de tutela integral dos menores.
“Trata-se, portanto, de ramo especializado da Justiça comum”, acrescentou
o relator.

Ainda com base no parecer, o ministro salientou que a participação de


crianças e adolescentes em representações artísticas deve ser examinada
harmonicamente com os direitos a saúde, educação, lazer,
profissionalização, cultura, dignidade, liberdade e convivência familiar dos
menores. O relator ressaltou que, no caso, “cuida-se de uma avaliação
holística a ser realizada pelo juízo competente, considerados diversos
aspectos da vida da criança e do adolescente. Deve o juiz investigar se a
participação artística coloca em risco o adequado desenvolvimento do
menor em especial os que compõem o núcleo concessão”.

O ministro Marco Aurélio avaliou, ainda, que aspectos contratuais poderão


gerar controvérsias de índole trabalhista a serem solucionadas no âmbito da
Justiça do Trabalho. Contudo, explicou que o procedimento para
autorização se trata de atividade de jurisdição voluntária, "de natureza
eminentemente civil, envolvida tutela tão somente do adequado

56
desenvolvimento social e cultural do menor”. O ministro Edson Fachin
seguiu integralmente o voto do relator.

Observação: Em 27/09/2018 o julgamento da ADI 5326 acima foi concluído e, por


maioria de 8 a 1, vencida a Ministra Rosa Weber, o STF decidiu que são
inconstitucionais os atos normativos quer passam à Justiça do Trabalho a competência
para autorizar o trabalho artístico e esportivo de crianças e adolescentes. Portanto, é
competência da Justiça Comum Estadual conceder autorização para trabalho de
menores.

m) sucessão trabalhista de empregadores na recuperação judicial.

Recuperação judicial STJ: Juízo de recuperação é competente para julgar


sucessão quanto a obrigações trabalhistas. Decisão é da 2ª seção do STJ ao
julgar dois conflitos de competência. Sexta-feira, 16 de novembro de 2018.

A competência para deliberar sobre a existência ou não de sucessão


empresarial quanto às obrigações trabalhistas em processo de alienação de
unidade produtiva é do juízo da recuperação judicial.. Assim declarou a 2ª
seção do STJ. O entendimento majoritário foi proferido no julgamento de
dois conflitos de competência e seguiu o voto do ministro Luis Felipe
Salomão.

O caso envolveu o Grupo Sifco – em recuperação judicial –, os adquirentes


de unidades produtivas e um empregado demitido. No plano de recuperação
do grupo, foi definido que haveria a alienação de algumas unidades
produtivas isoladas, sem a assunção de quaisquer dívidas ou obrigações,
inclusive de natureza trabalhista. Os adquirentes ficariam com 80% dos
empregados, e os demais seriam mantidos pelo próprio grupo.

Porém, o juízo trabalhista determinou que os compradores reintegrassem um


empregado por entender que ele foi demitido de forma “arbitrária e ilegal”,
por “ser portador de moléstia ocupacional e sofrer de diminuição da sua
capacidade laborativa”. A decisão fez surgir o conflito de competência entre
o juízo trabalhista e o juízo da recuperação.
57
O relator, ministro Moura Ribeiro, que ficou vencido, votou por não
conhecer do conflito, sob o fundamento de não ter sido praticado nenhum
ato com o intuito de inviabilizar a recuperação judicial do grupo, pois o seu
patrimônio não foi afetado pela decisão do juízo trabalhista. Para ele, não se
trata de sucessão empresarial; o caso se limitaria à não observância de
normas trabalhistas e à reintegração de empregado estável.

Insegurança jurídica

No entanto, conforme o pensamento majoritário da seção, o conflito não diz


respeito à competência para decidir sobre a realização de atos executórios
contra o patrimônio do Grupo Sifco, muito menos sobre a inobservância da
legislação trabalhista. Para o colegiado, o conflito gira em torno da
“competência para deliberar sobre a existência ou não de sucessão
empresarial quanto aos ônus e obrigações trabalhistas em processo de
alienação de unidade produtiva”, como disse o ministro Luis Felipe Salomão
no voto vencedor.

De acordo com o ministro, a ingerência do juízo trabalhista nas regras da


alienação pode “comprometer o processo de recuperação judicial, haja vista
que a insegurança jurídica decorrente da subversão dessas regras tem o
condão de desacreditar e inviabilizar a adoção de tais medidas de
soerguimento”, contrariando ainda a jurisprudência do STJ e do STF.

Salomão destacou ainda o fato de o STF já haver registrado, no julgamento


de ADIn (3.934-2), que, em casos de alienação de ativos em processo de
recuperação judicial, não há sucessão empresarial no tocante às dívidas
trabalhistas.

Processos: CC 152.841 e CC 151.621

10.5. Competência Funcional:

10.5.1. Conceito: é a competência prevista em lei distribuída às Varas do Trabalho,


Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho.

58
Varas do Trabalho ou Juízes de Direito investidos de competência trabalhista nas
comarcas onde não há Vara do Trabalho instalada pela Justiça do Trabalho –
competência originária para apreciação de dissídios individuais.

Tribunais Regionais do Trabalho – competência recursal para reapreciação de dissídios


individuais julgados pelas Varas do Trabalho. Além disso, têm competência originária
para apreciar dissídios coletivos, mandados de segurança, ações rescisórias, habeas
corpus, entre outras.

Tribunal Superior do Trabalho – competência originária e recursal nos termos da Lei nº


7.701/88.

Observação sobre a competência absoluta: Nas ações trabalhistas há uma peculiaridade


qual seja a de que, em regra, ocorre cumulação objetiva de pedidos e isso implica que
se possa acolher apenas parcialmente a exceção de incompetência absoluta devendo o
feito permanecer na Justiça Especializada para julgamento dos demais pedidos. Nesse
caso resta imperioso extinguir o pedido do qual o juiz do trabalho deu-se por
incompetente sem exame do mérito.

10.6. Competência Territorial:

10.6.1. Conceito: é aquela determinada à Vara do Trabalho para apreciar os litígios


trabalhistas no espaço geográfico de sua jurisdição. São instituídas visando facilitar a
propositura da ação trabalhista pelo trabalhador, para que este não tenha gastos
desnecessários com locomoção e possa melhor fazer sua prova.

10.6.2. Regra geral: local da prestação da prestação dos serviços – artigo 651, caput, da
Consolidação das Leis do Trabalho.

10.6.3. Exceções:

a) agente ou viajante comercial – competência da Vara da localidade em que a


empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta,
será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a

59
localidade mais próxima – artigo 651, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do
Trabalho.

b) a competência das Varas do Trabalho estabelecida no artigo 651 estende-se aos


dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

c) empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de


trabalho – é facultado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do
contrato ou no foro da prestação dos respectivos serviços – artigo 651, parágrafo 3º, da
Consolidação das Leis do Trabalho.

Observação: surge uma corrente jurisprudencial admitindo, excepcionalmente, que um


empregado que tenha trabalhado em uma cidade e depois de deixar o emprego mudou-
se para outra cidade, possa propor ação trabalhista na cidade onde tem domicílio
atualmente, sob o argumento de que a regra insculpida no caput do artigo 651 da CLT
poderia implicar na impossibilidade de acesso ao poder judiciário trabalhista.

10.7. Competência por Distribuição (Prevenção):

No processo civil fica o juízo prevento desde que tenha despachado em primeiro lugar
a ação, conforme artigos 43 e 59, ambos do CPC de 2015.

No processo do trabalho, se distribuída uma ação trabalhista em determinada Vara do


Trabalho e esta for extinta ou arquivada, aquela mesma Vara do Trabalho estará
preventa.

10.8. Cessação da Competência:

Juiz de direito investido da competência trabalhista – instalada a Vara do Trabalho


cessa a competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a
execução das sentenças por ele proferidas – Súmula nº 10 do Superior Tribunal de
Justiça.

60
10.9. Foro de Eleição:

10.9.1. Conceito: é aquele em que as partes, num contrato, acordam no sentido de que
qualquer pendência será resolvida em determinado local. É comum nos contratos de
direito civil e comercial.

Em matéria trabalhista não se admite foro de eleição, pois o patrão poderia


perfeitamente eleger foro inacessível ao trabalhador e, com isso, inviabilizar a
propositura de ação trabalhista. No contrato de trabalho é cláusula tida como não
escrita.

10.10. Incompetência da Justiça do Trabalho:

a) ações de acidentes do trabalho – em face do INSS – Instituto Nacional do Seguro


Social - ação proposta perante a Justiça Comum Estadual.

b) ação contra a Previdência Social – por exemplo: revisão de cálculo de aposentadoria


- ação proposta perante a Justiça Federal.

c) ações penais decorrentes de crimes contra a organização do trabalho – tais ações não
foram deslocadas para a Justiça do Trabalho. Destaque-se que haveria grande
dificuldade de adoção dos procedimentos trabalhistas nas ações penais o que poderia
redundar em significativo número de decretos judiciais de nulidade das mesmas.
Permanece a competência da Justiça Federal para apreciar tais ações no caso de
abrangência coletiva e da Justiça Comum Estadual no caso de abrangência individual.

d) ações de execução de anuidade de ordens e conselhos – embora a princípio se


pudesse sustentar que o pagamento das anuidades é que permite ao profissional
trabalhar, a competência para a execução das mesmas permanece com a Justiça
Federal, na medida em que ordens e conselhos são autarquias federais.

61
10.11. Conflito de Competência:

Quando dois ou mais juízes se derem por competentes ou incompetentes dá-se o


conflito de competência, positivo no primeiro caso e negativo no segundo caso.
Conflito entre:

a) Varas do Trabalho e Juízes de Direito investidos na competência trabalhista –


conflito será julgado pelos TRTs no caso de ambos tiverem jurisdição no mesmo
território e pelo TST se ambos não tiverem jurisdição no mesmo território (artigo 114,
inciso V, da Constituição Federal de 1988).

b) Varas do Trabalho pertencentes à mesma Região – conflito será julgado pelo


Tribunal Regional do Trabalho da Região a que ambas estão vinculadas.

c) duas Varas do Trabalho pertencentes a Regiões diversas – competente para apreciar


o conflito é o Tribunal Superior do Trabalho – Emenda Constitucional nº 45/2004 -
artigo 114, inciso V, da Constituição Federal de 1988.

d) Tribunais Regionais do Trabalho – competência do Tribunal Superior do Trabalho –


Emenda Constitucional nº 45/2004 - artigo 114, inciso V, da Constituição Federal de
1988.

e) Varas do Trabalho e Juízes de Direito ou Juízes Federais – competente é o Superior


Tribunal de Justiça conforme artigo 105, inciso I, alínea “d”, da Constituição Federal
de 1988. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que compete ao
Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito de competência verificado na
respectiva região conforme Súmula 180. Diz a referida Súmula:

Súmula 180 – LIDE TRABALHISTA – CONFLITO DE COMPETÊNCIA –


JUIZ ESTADUAL E JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO –
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA
RESPECTIVA REGIÃO.

62
Na lide trabalhista, compete ao Tribunal Regional do Trabalho dirimir
conflito de competência verificado, na respectiva região, entre juiz estadual e
Junta de Conciliação e Julgamento.

f) Tribunal Superior do Trabalho e Juízes de Direito ou Juízes Federais – Supremo


Tribunal Federal é o competente (artigo 102, inciso I, alínea “o”, da Constituição
Federal de 1988).

g) o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho – é competente o


Supremo Tribunal Federal conforme artigo 102, inciso I, alínea “o”, da Constituição
Federal de 1988.

h) Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Regional Federal ou Tribunal de Justiça –


é competente o Superior Tribunal de Justiça por se tratar de conflito entre quaisquer
tribunais, conforme artigo 105, inciso I, alínea “d”, da Constituição Federal de 1988.

Observação: inexiste conflito entre Tribunal Superior do Trabalho e Tribunal Regional


do Trabalho, bem como entre Tribunal Regional do Trabalho e Varas do Trabalho,
pois há hierarquia entre esses órgãos. Nesse sentido a Súmula 420 do TST abaixo:

Súmula 420 – COMPETÊNCIA FUNCIONAL – CONFLITO


NEGATIVO – TRT E VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA
REGIÃO – NÃO CONFIGURAÇÃO.
Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do
Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada.

Observação: artigo 795, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – a


doutrina e a jurisprudência interpretam que a incompetência a que se referiu o
legislador ordinário é a absoluta e não a incompetência relativa (de foro). Isto porque a
declaração “de ofício” de incompetência somente se aplica às hipóteses de
incompetência absoluta.

63
Observação: artigo 653, caput, alínea “c”, da Consolidação das Leis do Trabalho –
competência das Varas do Trabalho para julgar as suspeições arguidas contra os seus
membros. Aplica-se ou não o disposto no artigo 146, parágrafo 1º, in fine, do CPC de
2015?

Artigo 146, parágrafo 1º, do Novo Código de Processo Civil – Se


reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz
ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso
contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de
15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e
de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao
tribunal.

Tem-se notícia que em algumas decisões o juiz do trabalho de 1º grau fez remessa do
feito ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região-SP e a Turma houve por bem
devolvê-lo ao juízo de origem para que a suspeição fosse apreciada em 1º grau.

Assim, parece-nos que a competência para apreciar a suspeição do juiz do trabalho é


do próprio juiz do trabalho de 1º grau arguido de suspeito. A nosso ver, o mesmo
raciocínio se aplica na hipótese de arguição de impedimento.

64
11. ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS.

11.1. Atos processuais:

Nas palavras de Moacyr Amaral Santos atos processuais são aqueles que têm o efeito
de constituir, conservar, desenvolver, modificar ou cessar a relação processual. São
necessariamente aqueles atos praticados no processo.

Para Amauri Mascaro Nascimento os atos processuais classificam-se em atos do juiz,


atos das partes e atos de terceiros.

Os atos do juiz são: a sentença, o interrogatório, o despacho, a autorização, a


advertência à testemunha, a informação às autoridades judiciárias superiores etc.

Os atos das partes são: a petição inicial, a defesa, o depoimento, as alegações, os


recursos, as sustentações etc.

Os atos de terceiros são: a perícia, a diligência cumprida pelo oficial de justiça, a


tradução feita pelo intérprete, o pregão etc.

Os atos processuais são revestidos de publicidade e devem ser conhecidos pelas partes,
ou, às vezes, mesmo por terceiros, impondo-se, como necessidade prática da realização
do princípio, a sua divulgação, que, no processo trabalhista, é feita pelas formas
clássicas do direito processual comum, a saber:

a) a intimação, que significa dar conhecimento de um ato processual a alguém, bem


como esse mesmo conhecimento dado, porém, com o fim de que a pessoa pratique ou
deixe de praticar, por sua vez, um ato processual. Sobre a intimação veja-se a Súmula
427 do TST:

Súmula 427 – INTIMAÇÃO – PLURALIDADE DE ADVOGADOS –


PUBLICAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO DIVERSO DAQUELE
EXPRESSAMENTE INDICADO – NULIDADE.

65
Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam
realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a
comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é
nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.

b) a citação, que é a comunicação a alguém da propositura de uma ação para que venha
defender-se em juízo. A lei trabalhista utiliza-se da palavra “notificação”, a qual tem
força de citação. Sobre a notificação veja-se a Súmula 16 do TST:

Súmula 16 – NOTIFICAÇÃO – NOVA REDAÇÃO.


Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua
postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo
constitui ônus de prova do destinatário.

11.2. Termos:

Para Wagner D. Giglio termo é a reprodução gráfica dos atos processuais. Estes
últimos poderão ser consignados nos autos à tinta, datilografados ou carimbados, e os
termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples notas, datadas e
rubricadas pelos diretores de Secretaria ou escrivães.

No processo informatizado, de acordo com a Lei nº 11.419/2006 de 10/12/2006:

a) todas as comunicações (citações, notificações e intimações) serão realizadas por


meios eletrônicos.

b) as distribuições, juntadas, contestações, recursos, etc serão feitos automaticamente,


sem intervenção de serventuário, de tal sorte que não haverá mais espaço ou
necessidade para os “termos”. Estes restarão como um resquício, uma lembrança do
processo burocrático e ultrapassado ainda vigorante.

66
11.3. Prazos processuais:

Para Sérgio Pinto Martins prazo processual é o período em que o ato processual deve
ser praticado.

Diz o doutrinador que os prazos processuais podem ser:

a) particulares, concernentes a apenas uma das partes.


b) comuns, quando fluem para ambas as partes.
c) legais, quando previstos em lei.
d) judiciais, quando fixados pelo juiz do trabalho.
d) convencionais, quando houver convenção feita entre as partes.
e) peremptórios, aqueles considerados fatais e improrrogáveis, que não podem ser
alterados pelas partes.
f) prorrogáveis.

Reforma Trabalhista:

Acerca da letra “f” acima vejamos o contido nos parágrafos 1º e 2º do artigo 775, com
a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, in verbis:

1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente


necessário, nas seguintes hipóteses:

I - quando o juízo entender necessário.

II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.

§ 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de


produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito
de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito

67
Quando não existir prazo determinado em lei, a prática dos atos processuais deve ser
feita em 05 (cinco) dias, nos termos do artigo 218, parágrafo 3º, do CPC de 2015.

Preleciona Wagner D. Giglio que segundo o artigo 774 da Consolidação das Leis do
Trabalho os prazos são contados a partir da data em que a notificação for feita
pessoalmente, recebida do correio, ou da publicação do edital ou do expediente no
jornal oficial, ou ainda da fixação do edital na sede do juízo, salvo disposição em
contrário.

Reforma Trabalhista:

O artigo 775, caput, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017 consagra
que os prazos estabelecidos nos processos trabalhistas serão contados em dias úteis,
com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, à semelhança do que
ocorre no processo civil, nos termos do artigo 219 do CPC de 2015.

Para o doutrinador Wagner D. Giglio são exceções à regra de contagem do prazo:

a) o período de 20/12 a 06/01 de cada ano é considerado como recesso e não como
férias coletivas. De acordo com a Súmula 262, item II, esse período de recesso forense
implica na suspensão dos prazos recursais.

Observação: Com o advento do artigo 220 do CPC de 2015 os prazos processuais


ficam suspensos no período de 20/12 até 20/01 de cada ano. Contudo, essa suspensão
diz respeito à ausência de audiências e da prática de atos processuais restando claro
que o juiz do trabalho, se não estiver em férias, deverá comparecer ao fórum no
período de 07/01 até 20/01 de cada ano.

b) quando a intimação é feita no sábado o início do prazo dar-se-á no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subsequente (Súmula 262, item I, do Tribunal Superior do
Trabalho).

68
Diz a citada Súmula:

Súmula 262 – PRAZO JUDICIAL – NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO


EM SÁBADO – RECESSO FORENSE.
I – Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no
primeiro dia útil e a contagem, no subsequente.
II – O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal
Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos
recursais.

c) suspensão do prazo nos termos do artigo 221 do CPC de 2015 na hipótese de


obstáculo criado pela parte, pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer
das partes, de seu representante legal ou de seu procurador.

d) os prazos que vençam em sábados, domingos e feriados são prorrogados até o


primeiro dia útil seguinte.

e) quando a intimação é feita na sexta-feira o prazo judicial será contado da segunda-


feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil
que se seguir, conforme Súmula 1 do Tribunal Superior do Trabalho, a saber.

Súmula 1 – PRAZO JUDICIAL - INTIMAÇÃO NA SEXTA-FEIRA.


Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
efeito de intimação foi feita nesse dia, o prazo judicial será contado da
segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso
em que fluirá no dia útil que se seguir.

f) o prazo para recorrer deve ser considerado em dobro em relação aos litisconsortes
com procuradores diferentes (artigo 229 do CPC de 2015). De acordo com a
Orientação Jurisprudencial nº 310 da SDI-I do TST não se aplica no direito processual
do trabalho, conforme se vê abaixo:

69
OJ 310 – LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS.
PRAZO EM DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§ 1º E 2º, DO CPC DE
2015. ART. 191 DO CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO
DO TRABALHO.
Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229
CAPUT E §§ 1º E 2º, do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em
razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.

g) os entes públicos da administração direta, autárquica e fundacional gozam do


privilégio de prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar (Decreto-Lei
nº 779/69, artigo 1º, incisos II e III).

1ª Observação sobre os prazos: O artigo 218, parágrafo 4º, do CPC de 2015, que trata
da inexistência de extemporaneidade por antecipação, mostra-se como verdadeiro
avanço a nosso ver, não havendo que se falar em preclusão temporal, eis que o ato
processual não foi praticado após o prazo deste, mas sim antes do seu início. Aplica-se
subsidiariamente no processo do trabalho.

2ª Observação sobre os prazos: O artigo 226, inciso III, do CPC de 2015, consagra
novo prazo para que o juiz profira sentença em 30 (trinta) dias e não mais em 10 (dez)
dias como na legislação anterior. Aplica-se subsidiariamente no processo do trabalho.

3ª Observação sobre os prazos: O artigo 234, parágrafo 1º, do CPC de 2015, consagra
novo prazo para a devolução dos autos em cartório para 03 (dias) ao contrário das 24
(vinte e quatro) horas previsto na legislação anterior. Embora se apresente como
retrocesso, pensamos que tenha aplicabilidade subsidiária no processo do trabalho.
Contudo, o elastecimento do prazo pode implicar no retardamento da prática de atos
judiciais e mesmo da redesignação de audiências.

4ª Observação sobre os prazos: a contagem dos prazos é feita da seguinte forma:


primeiramente o Tribunal disponibiliza a publicação do ato judicial. No dia seguinte
publica o próprio ato judicial. A contagem deve ser feita a partir da publicação do ato
judicial e não da disponibilidade da publicação desse mesmo ato.

70
Lei nº 13.545/2017 de 19/12/2017, ou seja, aprovada após a Reforma Trabalhista:

Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias


compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os


juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da
Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições
durante o período previsto no caput deste artigo.

§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem


sessões de julgamento.

Observação: Nota-se que o artigo 62, inciso I, da Lei nº 5.010/66 de 30/05/1966 não
foi expressamente revogada pelo legislador ordinário.

Nesse sentido, pensamos que o período de 20/12 até 06/01 de cada ano não haverá
expediente na Justiça do Trabalho sendo certo que os trabalhos retomarão a partir de
07/01, mesmo não se podendo realizar audiências e nem sessões de julgamento

71
12. NULIDADES. PRECLUSÃO. PEREMPÇÃO.

12.1. Conceito de Nulidade: é a sanção determinada pela lei, que priva o ato jurídico
de seus efeitos normais, em razão do descumprimento das formas mencionadas na
norma jurídica.

12.2. Sistema de Nulidades: Segundo Sérgio Pinto Martins, nosso direito processual,
inclusive o direito processual do trabalho, adota o sistema francês que permite que o
ato irregular que alcance sua finalidade seja aproveitado em alguns casos e repetido em
outros casos. Adota, também, o sistema alemão na medida em que a lei determina que
o juiz, ao pronunciar a nulidade, esclareça a partir de que momento o processo é nulo.

12.2.1. Vícios: sanáveis e insanáveis.

12.2.1.1. vícios sanáveis: nulidade relativa.

12.2.1.2. vícios insanáveis: nulidade absoluta e inexistência. Hipóteses:

a) nulidade relativa: se a norma descumprida tiver por base interesse da parte e não
interesse público. Exemplo: se a parte não estiver devidamente representada o juiz
pode conceder prazo para sanear o ato. Também se presta como exemplo a repetição
ou ratificação de ato já praticado para que cumpra sua finalidade.

b) nulidade absoluta: se a norma descumprida tiver por base interesse público.


Exemplo: regras de competência absoluta que podem ser declaradas de ofício pelo
Juízo.

c) inexistência: Exemplo: a sentença assinada por um não-juiz.

12.3. Anulabilidade – são atos realizados em desacordo com a lei, assim como os atos
nulos. A diferença entre atos nulos e atos anuláveis é que nestes últimos não há
possibilidade de serem desfeitos por impulso do juiz. Ou seja, há necessidade de

72
provocação do interessado, exceto se este houver dado causa ao vício que esteja a
contaminar o ato.

12.4. Princípios:

12.4.1. Princípio da transcendência: não há nulidade se não houver prejuízo processual


à parte. (artigo 282, parágrafo 1º, do CPC de 2015 e artigo 794 da Consolidação das
Leis do Trabalho). Exemplo: indeferimento de prova requerida pelo autor. O advogado
do autor “protesta” alegando cerceamento de defesa. Quando da prolação da sentença
o autor tem o feito julgado inteiramente procedente. Portanto, o indeferimento da
prova requerida pelo autor não lhe causou qualquer prejuízo.

12.4.2. Princípio da convalidação: não havendo reação da parte, o ato nulo não arguido
no tempo oportuno vem a se convalidar e permanece válido. (artigo 278 do CPC de
2015 e artigo 795 da Consolidação das Leis do Trabalho). Exemplo: a Vara que era
incompetente em razão do lugar e o réu não opõe exceção de incompetência. Torna-se
competente a referida Vara.

12.4.3. Princípio da Proteção: a nulidade só deve ser pronunciada se não for possível
suprir-se a falta ou repetir-se o ato. (artigo 282, parágrafo 2º, do CPC de 2015 e artigo
796, alínea “a” da Consolidação das Leis do Trabalho). Exemplo: se o juiz, antes de
proferir a sentença, perceber que deixou de oferecer oportunidade para a apresentação
de razões finais, ou de formular a segunda proposta de conciliação, deverá converter o
julgamento em diligência, a fim de que a falta seja suprida. Com isso, colocará o
processo a salvo de arguição de nulidade.

12.4.4. Princípio da instrumentalidade: o ato deve se ater à observância das formas;


porém, se de outro modo o ato atingir sua finalidade haverá validade do ato praticado.
(artigos 188 e 277 do CPC de 2015). Exemplo: o réu não é citado, mas comparece à
audiência e apresenta defesa.

12.5. Conceito de Preclusão: Para Ísis de Almeida preclusão é a perda da faculdade de


praticar um ato pela transposição de um momento processual, que pode estar marcado,

73
também, por um prazo determinado, e não apenas pelo ordenamento formal ou lógico
dos atos do processo, ou pela incompatibilidade de um ato com outro. Pode haver
também preclusão se o ato processual já foi validamente exercido.

Sérgio Pinto Martins faz questão de diferenciar preclusão de prescrição ou decadência


lembrando que o primeiro é instituto de direito processual, enquanto os últimos são
institutos de direito material.

Para Sérgio Pinto Martins a preclusão se classifica em: temporal, lógica e


consumativa.

12.5.1 preclusão temporal: ocorre quando o ato processual deveria ter sido praticado
em certo prazo e não o foi, não podendo mais ser praticado. Exemplo: artigo 879,
parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, exceto quanto às exceções agora
previstas nos parágrafos 1º e 2º, do artigo 775, da CLT, com redação dada pela Lei nº
13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

12.5.2. preclusão lógica: ocorre quando um ato não mais pode ser praticado, pelo fato
de ter sido praticado outro ato que, pela lei, é definido como incompatível com aquele
já realizado ou quando esta circunstância deflua inequivocamente do sistema.
Exemplo: a reclamada contesta a ação e depois pretende apresentar exceção de
suspeição do juiz do trabalho.

12.5.3. preclusão consumativa: ocorre quando praticado validamente um ato


processual previsto na lei e consumado este ato, não poderá a parte pretender praticá-lo
novamente. Há consumação do ato processual praticado, que não pode ser renovado.
Exemplo: interposto o recurso uma vez, não pode ele ser apresentado novamente.

12.6. Conceito de Perempção: Para Ísis de Almeida perempção é a extinção do direito


de praticar um ato processual ou de prosseguir com o processo, quando, dentro de
certo tempo ou dentro de certa fase, não se exercita esse direito de agir, seja por
iniciativa própria, seja pela provocação de ação (ou omissão) da parte contrária, ou
ainda por determinação do juiz ou de disposição legal.

74
A perempção ocorre quando a parte abandona o processo por mais de 30 dias, sem
promover os atos e diligências que lhe compete (artigo 485, inciso III, do CPC de
2015), ou quando der causa à extinção do processo por três vezes por esse motivo. Não
poderá o autor intentar novamente ação contra o réu com o mesmo objeto, salvo para
alegar em defesa o seu direito (artigo 486, parágrafo 3º, do CPC de 2015).

Para Ísis de Almeida não há que se aplicar o rigor mencionado acima que se encontra
previsto no CPC de 2015. Isto porque a lei processual trabalhista contempla hipótese
de perempção temporária (artigos 731 e 732 da Consolidação das Leis do Trabalho) na
qual o reclamante fica impedido de propor ação trabalhista por seis meses, quando der
causa a arquivamento por duas vezes seguidas.

Observação: o legislador ordinário silenciou na hipótese de ocorrência de


arquivamento da terceira ação trabalhista, ou seja, se teria perdido o direito de ação ou
se teria de aguardar por mais seis meses para propor a quarta ação trabalhista.
Preferimos ficar com a segunda hipótese.

75
13. PARTES. REPRESENTAÇÃO. PROCURADORES E TERCEIROS. JUS
POSTULANDI. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. SUBSTITUIÇÃO
PROCESSUAL. LITISCONSÓRCIO. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.

13.1. Partes:

Conceito de Deocleciano Torrieri Guimarães: é o sujeito ativo ou passivo de uma


relação jurídica processual.

Exemplos:
Ação trabalhista – reclamante e reclamado ou autor e réu.
Consignação em pagamento – consignante e consignado.
Inquérito para apuração de falta grave – requerente e requerido.
Ação de Execução – exequente e executado.
Mandado de segurança, Habeas corpus e Habeas Data – impetrante e impetrado.

13.1.1. Capacidade de direito - Sérgio Pinto Martins: também chamada de capacidade


jurídica ou de gozo - é a aptidão determinada pela ordem jurídica para o gozo e
exercício de um direito por seu titular.

13.1.2. Capacidade processual – Sérgio Pinto Martins: é que se denomina capacidade


de fato ou de exercício – aquele que detém capacidade de direito, mas não pode
efetivamente exercê-la. Necessita de alguém que o represente ou o assista.

13.2. Representação:

13.2.1. Representação: alguém que age em nome de outrem manifestando a vontade do


representado, substituindo-o. Pode ser legal (decorre da lei) ou convencional (decorre
da vontade das partes).

13.2.2. Assistência: manifestação pessoal da vontade dos relativamente incapazes.


Segundo Wagner D. Giglio o assistente, ao contrário do representante, apenas supre a
deficiência de vontade do assistido e não o a substitui.

76
Observação: Tanto Sérgio Pinto Martins como Wagner D. Giglio são unânimes em
afirmar que a Consolidação das Leis do Trabalho não primou pela correção
terminológica, com o que termina por confundir os conceitos de representação e
assistência.

13.2.3. Algumas regras sobre representação em processos trabalhistas:

a) menor de 14 a 16 anos (aprendiz) ou menor de 16 a 18 anos – pode receber salário


sem nenhuma assistência, mas deve ser assistido quando da rescisão contratual.

b) menor sem representação – será feita pelo Ministério Público do Trabalho - artigo
793 da Consolidação das Leis do Trabalho.

c) União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios - será feita por seus


procuradores – artigo 75, incisos I e II, do CPC de 2015.

d) Município – será feita pelo Prefeito ou Procurador – artigo 75, inciso III, do CPC de
2015.

e) massa falida – será feita pelo administrador (antigo síndico) nomeado pelo juiz,
conforme artigo 75, inciso V, do CPC de 2015.

f) herança jacente ou vacante – será feita por seu curador – artigo 75, inciso IV, do
CPC de 2015.

g) espólio – representação será feita pelo inventariante, conforme artigo 75, inciso VII,
do CPC de 2015 ou pela pessoa designada pelo de cujus como seu dependente perante
a Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.858/80.

h) as pessoas jurídicas são representadas por quem os respectivos estatutos


designarem, ou não os designando, por seus diretores, conforme artigo 75, inciso VIII,
do CPC de 2015.

77
i) as sociedades sem personalidade jurídica – será feita pela pessoa a quem couber a
administração dos seus bens, conforme artigo 75, inciso IX, do CPC de 2015.

j) pessoa jurídica estrangeira – será feito pelo gerente, representante ou administrador


de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil – artigo 75, inciso X do
CPC de 2015.

k) condomínio – será feita pelo administrador ou síndico – artigo 75, inciso XI, do
CPC de 2015.

l) o sindicato representa a categoria em juízo conforme artigo 8º, inciso III, da


Constituição Federal de 1988 e artigo 513, alínea “a” da Consolidação das Leis do
Trabalho.

m) empregador.

Artigo 843, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – representação do


reclamado por gerente ou preposto com conhecimento dos fatos. Pela Súmula 377 do
Tribunal Superior do Trabalho há necessidade de o preposto ser empregado, salvo em
alguns casos. Vejamos o contido na Súmula 377:

Súmula 377 – PREPOSTO – EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE


EMPREGADO.
Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou
pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do
reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei
Complementar n. 123 de 14 de dezembro de 2006.

1ª Observação: Reforma Trabalhista: Ao artigo 843 da CLT, foi inserido o


parágrafo 3º, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, no sentido de que o
preposto a que ser o parágrafo 1º do mesmo dispositivo legal desse artigo não precisa
ser empregado da parte reclamada, o que nos leva à conclusão, s.m.j., que a Súmula
377 deva ser revogada.

78
2ª Observação: De acordo com o artigo 54 da Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte): “É facultado ao
empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou
representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda
que não possuam vínculo trabalhista ou societário.” Referida situação também se
encontra prevista na nova redação da Súmula 377 supracitada.

3ª Observação: Por vezes ocorre a situação de quem representa o empregador não é um


empregado seu e também não se trata das exceções previstas na Súmula 377 do TST.
Portanto, é uma situação em que não compareceu o empregador (proprietário) e nem
um empregado seu, mas sim um procurador ad negotia (ou seja, aquele que gere os
negócios do proprietário). Nesse caso, à luz do parágrafo 3º do artigo 843, da CLT,
com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, tal representação será regular.

Ainda sobre a representação da pessoa jurídica vejamos o contido na Súmula 456 do


Tribunal Superior do Trabalho:

Súmula 456
REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO.
INVALIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU
REPRESENTANTE.
I – É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa
jurídica que não contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do
signatário da procuração, pois estes dados constituem elementos que os
individualizam.
II – Verificada a irregularidade de representação da parte na instância
originária, o juiz designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o
vício. Descumprida a determinação, extinguirá o processo, sem resolução
de mérito, se a providência couber ao reclamante, ou considerará revel o
reclamado, se a providência lhe couber (art. 76, § 1º, do CPC de 2015).
III – Caso a irregularidade de representação da parte seja constatada em
fase recursal, o relator designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja
sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do

79
recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o
desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido
(art. 76, § 2º, do CPC de 2015).

13.3. Procuradores:

13.3.1. Procurador: diz respeito à capacidade de postular em juízo. É feita por


advogados. Todavia, no processo do trabalho é aplicável o jus postulandi, ou seja, o
direito de postular em juízo sem a necessidade de advogado. Está previsto no artigo
791 da Consolidação das Leis do Trabalho.

No entendimento de Sérgio Pinto Martins não há incompatibilidade entre o


preceituado no artigo 133 da Constituição Federal de 1988 e o artigo 791 da
Consolidação das Leis do Trabalho, este último se caracterizando como exceção à
regra de necessidade de constituição de advogado para postular em juízo.

Contudo, o artigo 14 da Lei nº 5.584/70 trata da atuação do advogado da categoria


profissional na hipótese do trabalhador ser beneficiário de justiça gratuita em
decorrência de perceber salário inferior ao dobro do mínimo legal, ou, se superior a
esse patamar, apresentar declaração de pobreza. Nessa hipótese o juiz fixa honorários
advocatícios de 10% a 20% sobre o valor da condenação em favor do sindicato da
categoria profissional.

Além da hipótese acima de fixação de honorários como acima mencionado deve o juiz
do trabalho fazê-lo em outros quatro casos, como previsto na Súmula 219 do TST e na
Orientação Jurisprudencial 421 da SDI-I do TST:

a) no caso de ação rescisória trabalhista;


b) no caso de ação de cumprimento;
c) no caso de litígio não relacionado à relação de emprego;
d) no caso de ações acidentárias distribuídas na Justiça Comum Estadual e que
por força da Emenda Constitucional nº 45/2004 foram deslocadas para a Justiça
do Trabalho.

80
13.3.2. Cumulação dos honorários assistenciais com os honorários convencionais:

LEI Nº 13.725, DE 4 DE OUTUBRO DE 2018.

Altera a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, que “dispõe sobre o


Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, e
revoga dispositivo da Lei nº 5.584, de 26 de junho de 1970, que
“dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho, altera
dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, disciplina a
concessão e prestação de assistência judiciária na Justiça do Trabalho,
e dá outras providências”.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O art. 22 da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar


acrescido dos seguintes §§ 6º e 7º:

“Art. 22. .....................................................................

....................................................................................

§ 6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais,


compreendidos como os fixados em ações coletivas propostas por
entidades de classe em substituição processual, sem prejuízo aos
honorários convencionais.

§ 7º Os honorários convencionados com entidades de classe para


atuação em substituição processual poderão prever a faculdade de
indicar os beneficiários que, ao optarem por adquirir os direitos,
assumirão as obrigações decorrentes do contrato originário a partir do
momento em que este foi celebrado, sem a necessidade de mais
formalidades.” (NR)

81
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revoga-se o art. 16 da Lei nº 5.584, de 26 de junho de 1970.

Brasília, 4 de outubro de 2018; 197º da Independência e 130º da

República.

MICHEL TEMER

13.3.3. Sucumbência Recíproca.

Reforma Trabalhista:

Com o advento da Lei nº 13.467/2017 foi inserido o artigo 791-A da CLT, que assim
preleciona:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.

1o Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda


Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo
sindicato de sua categoria.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço

82
III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu


serviço.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de


sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
honorários.

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha


obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir
a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.

§ 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

1ª Observação sobre o artigo acima: A inexistência de sucumbência recíproca acabou.


Com efeito, só a reclamada arcava com custas processuais e honorários de
sucumbência e exclusivamente nos casos acima citados. Com efeito, a partir da
vigência da Lei nº 13.467/2017, mais precisamente no artigo 791-A, parágrafo 3º,
resta consagrada a sucumbência recíproca. Ou seja, tanto o reclamante como a
reclamada deverão pagar custas e honorários de sucumbência.

2ª Observação sobre o artigo acima: Mostra-se razoável que quando o pedido inserido
na petição inicial for acolhido, mas em valor inferior àquele estipulado, não há falar-
se em sucumbência do reclamante e sim apenas da reclamada.

3ª Observação sobre o artigo acima: Embora sucumbência seja matéria de natureza


processual e que, por conta disso, alcança os processos judiciais na fase em que se
encontram, há posicionamentos doutrinários no sentido de que inaplicável a
83
sucumbência ao reclamante pela propositura de ações antes da vigência da Lei nº
13.467/2017, por conta do princípio da vedação da decisão surpresa, na medida em
que os riscos do processo são considerados no momento do ajuizamento da ação e
não no momento da prolação da sentença.

4ª Observação: O percentual previsto no artigo 14 da Lei nº 5.584/70 nos parece


tacitamente revogado à luz do caput do artigo 791-A da CLT, com a redação dada
pela Lei nº 13.467/2017.

5ª Observação: Três são as bases de cálculo possíveis para incidência do percentual


entre cinco por cento e quinze por cento, a saber:

a) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença;

b) sobre o proveito econômico obtido;

c) ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

Pensamos que a última hipótese deverá ser a mais utilizada pelos juízes do trabalho.

13.3.4. Sobre o tema veja-se o contido na Súmula 395 do TST:

Súmula 395 – MANDATO E SUBSTABELECIMENTO –


CONDIÇÕES DE VALIDADE.

I – Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que


contém cláusula estabelecendo a prevalência para atuar até o final da
demanda (§ 4º do art. 105 do CPC de 2015).

II – Se há previsão, no instrumento de mandato, de prazo para sua


juntada, o mandato só tem validade se anexado ao processo o respectivo
instrumento no aludido prazo.

III – São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não
haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e
parágrafos, do Código Civil de 2002).

84
IV – Configura-se a irregularidade de representação se o
substabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente.

13.3.5. Estagiário: não pode praticar ato privativo de advogado como, por exemplo,
assinar petições e recursos sem o advogado ou fazer audiências.

13.3.6. Ainda, no tocante ao mandato, importa estudarmos o contido na Súmula 436 do


TST:

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL - PROCURADOR DA


UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL,
SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS - JUNTADA
DE INSTRUMENTO DE MANDATO.
I – A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e
fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e
passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de
instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.
II – Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao
menos declare-se exercente do cargo de procurador, não bastando a
indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do
Brasil.

13.3.7. Jus Postulandi – artigo 791 da Consolidação das Leis do Trabalho:

As partes podem ingressar em juízo e acompanhar sua reclamação sem a


intermediação de procurador.

A matéria tem sido objeto de muitas discussões doutrinárias com posicionamentos


divergentes, sobretudo ante o contido no artigo 133 da Constituição Federal de 1988
que preconiza que o advogado é indispensável à administração da justiça.

No final do ano de 2009 o Tribunal Superior do Trabalho foi provocado a se


manifestar acerca da possibilidade ou não de litigar na Justiça do Trabalho sem

85
advogado. A mais alta Corte Suprema Trabalhista decidiu que somente é possível
litigar sem advogado até a instância ordinária, ou seja, até os Tribunais Regionais do
Trabalho. Via de conseqüência, a partir do momento que o jurisdicionado necessite de
interpor recursos perante o Tribunal Superior do Trabalho necessitará constituir
profissional habilitado para tanto.

Com isso, houve por bem o Tribunal Superior do Trabalho aprovar a Súmula 425 que
preconiza ser possível o exercício do jus postulandi até o âmbito dos Tribunais
Regionais do Trabalho, exceção feita a alguns litígios, a saber:

JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO, ALCANCE. O


jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se
às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não
alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do
Trabalho.

Com o devido respeito deixamos claro nossa preocupação com a mantença do jus
postulandi, mesmo de forma limitada, na medida em que o tecnicismo do processo
aumenta a cada dia o que implica na necessidade de um profissional habilitado para
representar os trabalhadores nos atos do processo.

Observação: Com o advento da Lei nº 12.437/2011 de 06/07/2011 houve por bem o


legislador ordinário em aprovar o parágrafo 3º ao artigo 791 da CLT para esclarecer
que a constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser
efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do
advogado interessado, com anuência da parte representada.

13.4. Terceiros:

13.4.1. Substituição processual: é a legitimação extraordinária, autorizada por lei, para


que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio, em processo judicial.

86
Distingue-se a substituição processual da representação processual, na medida em que
esta última não é parte, enquanto o substituto processual é parte formal no feito.

Observação: O Tribunal Superior do Trabalho cancelou a Súmula 310 que tratava das
hipóteses de substituição processual em matéria trabalhista. Isto porque o Supremo
Tribunal Federal decidiu que a substituição processual é ampla. Assim, é de se
concluir que a amplitude de que trata essa decisão ocorre tanto no aspecto objetivo (na
substituição processual pode o sindicato postular qualquer verba trabalhista), como no
aspecto subjetivo (na substituição processual o sindicato representa os associados e os
não associados).

Observação: em recente julgado o TST não admitiu a substituição processual, mais


precisamente por conta da postulação que foi de diferenças salariais por equiparação
salarial, sob o argumento de que haveria necessidade de ações individuais, nesse caso.

Substituição processual:

Segundo Sérgio Pinto Martins substituição processual é a legitimação extraordinária,


autorizada pela lei, para que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio em
processo judicial. No entender desse doutrinador trata-se, portanto, de legitimação
anômala para a propositura de ação. O substituto processual é parte formal, portanto, é
o sujeito da relação processual.

No processo do trabalho a substituição processual é ampla pelo sindicato da categoria


profissional, conforme se depreende do artigo 8º, da Constituição Federal de 1988, de
entendimento do Supremo Tribunal Federal e também por conta do cancelamento da
Súmula 310 do Tribunal Superior do Trabalho.

No entender de Sérgio Pinto Martins há necessidade de o sindicato da categoria


profissional carrear com a exordial o rol de substituídos, na medida em que o réu
necessita verificar se o substituído é empregado da empresa, bem como por conta deste
último poder ajuizar ação individual, o que caracterizaria litispendência.

87
13.4.2. Litisconsórcio: é a aglutinação de pessoas em um ou em ambos os pólos da
relação jurídica processual, de maneira ordinária ou superveniente, voluntária ou
coacta, nos casos previstos em lei.

13.4.3. O litisconsórcio se classifica em:

a) quanto ao momento de sua constituição: inicial ou superveniente.


b) quanto à necessidade ou não de sua constituição: necessário ou facultativo.
c) quanto à posição das partes na relação processual: ativo, passivo ou misto.
d) quanto à natureza da decisão: simples ou unitário.

13.5. Intervenção de Terceiros:

Terceiras pessoas, estranhas à lide, podem ingressar no processo, por provocação de


uma das partes, ou, até mesmo, voluntariamente, para defender interesse próprio.

As hipóteses de intervenção de terceiros são: nomeação à autoria, denunciação da lide,


chamamento ao processo, oposição e assistência.

Observação: a doutrina não se manifesta de forma unânime quanto à sua aplicabilidade


no processo do trabalho. Alguns doutrinadores entendem que todas as formas de
intervenção de terceiros são cabíveis, enquanto outros doutrinadores entendem o
contrário.

13.5.1. Assistência: é o ato pelo qual terceiro intervém, voluntariamente, no processo,


pelo fato de ter interesse jurídico em que a sentença venha a ser favorável ao assistido.
Pode ser simples (artigo 119 do CPC de 2015) ou litisconsorcial (artigo 124 do CPC
de 2015).

Difere a assistência simples da assistência litisconsorcial.

No dizer de Renato Saraiva na assistência simples o assistente não mantém relação


jurídica com o adversário do assistido. Sustenta, ainda, que o direito discutido em juízo

88
pertence somente ao assistido. Na assistência litisconsorcial, diz o doutrinador, o
assistente mantém relação jurídica com o adversário do assistido. Preleciona, ainda,
que o direito discutido em juízo pertence tanto ao assistente quanto ao assistido (Curso
de Direito Processual do Trabalho, Ed. Método, 3ª edição, 2006, pág. 231).

13.5.2. Oposição: ocorre quando terceiro pretende, no todo ou em parte, a coisa ou


direito sobre que controvertem autor e réu. (artigo 682 do CPC de 2015).

13.5.3. Nomeação à autoria: quando aquele que detiver a coisa em nome alheio for
demandado em nome próprio, devendo indicar quem é o verdadeiro proprietário ou o
possuidor. Em verdade a nomeação a autoria do antigo CPC aparece na nova lei
adjetiva civil transmudado para a possibilidade de alteração do pólo passivo no prazo
de 15 (quinze) dias (artigo 338 do CPC de 2015).

13.5.4. Denunciação da lide – conceito de Sydney Sanches: é a ação incidental


proposta por uma das partes (da ação principal), em geral contra terceiro, pretendendo
a condenação desta à reparação do prejuízo decorrente de sua eventual derrota na
causa, seja pela perda da coisa (evicção), seja pela perda de sua posse direta, seja por
lhe assistir direito regressivo previsto em lei ou em contrato (relação jurídica de
garantia) – artigo 125 do CPC de 2015.

13.5.5. Chamamento ao processo: é aquele que envolve relações jurídicas que


envolvem fiadores e também quando se tratar de todos os devedores solidários, quando
o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum
(artigo 130 do CPC de 2015).

13.5.6. Factum Principis – artigo 486, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do
Trabalho: chamada à autoria da pessoa jurídica de direito público apontada como
responsável pela paralisação do trabalho.

89
13.6. Assistência judiciária:

Segundo Sérgio Pinto Martins assistência judiciária gratuita envolve a defesa gratuita
por advogado do Estado ou pelo sindicato à pessoa necessitada.

No entendimento do citado doutrinador assistência judiciária é termo genérico cujas


espécies são a isenção de custas processuais e a isenção de honorários periciais.

Preleciona o mesmo doutrinador que na Justiça do Trabalho a assistência judiciária é


prestada pelo sindicato da categoria profissional do trabalhador, nos termos do artigo
14 da Lei nº 5.584/70.

Os requisitos para o deferimento da assistência judiciária ao trabalhador são: a


prestação de assistência pelo sindicato da categoria profissional e a percepção de
remuneração de, no máximo, dois salários mínimos por mês ou, se superior a esse
patamar, a apresentação de declaração de pobreza ou de que esteja desempregado, nos
termos da Lei nº 1.060/50.

1ª Observação: O novo Código de Processo Civil revogou expressamente os artigos 2º,


3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei nº 1.060/50.

2ª Observação: não há previsão legal para a concessão de assistência judiciária gratuita


ao empregador. Contudo, tramita projeto de lei que permitirá que alguns empregadores
sejam beneficiários de justiça gratuita como, por exemplo, empregadores domésticos,
microempresas e empresas de pequeno porte.

90
14. DISSÍDIO INDIVIDUAL E DISSÍDIO COLETIVO. DISTINÇÕES
FUNDAMENTAIS.

14.1. Dissídios individuais:

14.1.1. Para Wagner D. Giglio dissídios individuais são conflitos de interesses


concretos de pessoas determinadas.

14.1.2. Visam a aplicação de norma jurídica ao caso concreto.

14.1.3. São as próprias reclamações trabalhistas, também denominadas ações


trabalhistas.

14.2. Dissídios coletivos:

14.2.1. Para Wagner D. Giglio nos dissídios coletivos se discute interesses abstratos
de uma categoria composta de número indeterminado de pessoas.

14.2.2. Objetivam a criação de normas gerais ou a interpretação de norma geral


preexistente.

14.2.3. Os dissídios coletivos se classificam em;

a) dissídios coletivos de natureza econômica;


b) dissídios coletivos de natureza jurídica;
c) dissídios coletivos de greve.

91
15. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. PETIÇÃO INICIAL. REQUISITOS.
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.

15.1. Ação: é o direito de provocar o exercício da tutela jurisdicional pelo Estado, a


fim de solucionar determinado conflito existente entre certas pessoas.

Nas palavras de Vicente Greco Filho, em verdade o direito de ação não é dirigido
contra o réu, mas sim contra o Estado, porque é o direito de obter dele uma decisão
sobre determinado pedido. Logicamente que com o pedido ao Judiciário pretende o
autor que os efeitos almejados se produzam contra alguém, o réu, mas o direito de agir
se exerce perante o estado-Juiz.

15.2. Natureza jurídica do direito de ação: direito autônomo totalmente desvinculado


do direito material. O direito de ação está consagrado na Constituição Federal de 1988,
mais precisamente no artigo 5º, inciso XXXV. É direito subjetivo, pois se trata de
faculdade de agir, de ajuizar a ação e não de uma obrigação legal.

Ainda, segundo Vicente Greco Filho, o direito de ação é dividido em dois planos: o
plano do direito constitucional e o plano processual, tendo o primeiro um maior grau
de generalidade. Sob esse aspecto, o direito de ação é amplo, genérico e
incondicionado, salvo as restrições constantes da própria Constituição Federal. Sua
definição encontra-se no já referido artigo 5º, inciso XXXV: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Continua o doutrinador esclarecendo que já o chamado direito processual de ação não


é incondicionado e genérico, mas conexo a uma pretensão, com certos liames com ela.
O direito de ação não existe para satisfazer a si mesmo, mas para fazer atuar toda a
ordem jurídica, de modo que o seu exercício é condicionado a determinados requisitos,
ligados à pretensão, chamados de condições da ação.

92
15.3. Termos utilizados no processo do trabalho: dissídio trabalhista, reclamação
trabalhista, ou ação trabalhista.

15.4. Processo: conjunto de atos concatenados tendentes a um fim que é a prestação


jurisdicional.

15.5. Procedimento: é a forma do andamento do processo. Para alguns doutrinadores


temos três procedimentos no direito processual do trabalho, a saber: sumário,
sumaríssimo e ordinário. Para outros doutrinadores o procedimento sumário foi
tacitamente revogado pela Lei nº 9.957/2000 que instituiu o procedimento
sumaríssimo para as causas cujo valor não ultrapasse a 40 salários mínimos.

15.6. Elementos da Ação:

São eles: partes, pedido ou objeto e causa de pedir.

15.6.1. Partes: são os sujeitos da ação (autor e réu ou reclamante e reclamada)

15.6.2. Pedido: é o que se pleiteia em juízo. Pode ser: mediato e imediato.

a) Pedido imediato: prolação de uma sentença. Tem relação direta com o direito
processual.

b) Pedido mediato: é o bem jurídico que o autor procura proteger com a sentença. Tem
relação direta com o direito material.

1ª Observação: Os pedidos devem ser expressos. Exceções: juros de mora, correção


monetária, verbas de sucumbência, inclusive honorários advocatícios (artigo 322 do
CPC de 2015) e correção monetária.

2ª Observação: Os pedidos podem ser alternativos (artigo 325 do CPC de 2015)


citando-se como exemplo o pedido de reintegração ao emprego em decorrência de
estabilidade provisória ou indenização substitutiva.

93
3ª Observação: Os pedidos podem ser sucessivos (artigo 326 do CPC de 2015)
citando-se como exemplo o pedido de reconhecimento da condição de empregado
bancário e consequentes direitos da categoria profissional previstos em norma coletiva
quando há alegação de fraude na contratação por empresa de terceirização e, se não
reconhecida a fraude e a condição de bancário, os direitos previstos na categoria
profissional da empresa terceirizada.

Reforma Trabalhista:

4ª Observação: O artigo 840, parágrafo 1º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, preleciona que o pedido deve ser certo e determinado e com indicação de
seu valor.

Assim, não apenas nas ações trabalhistas de rito sumaríssimo (artigo 852-B, inciso I,
da Consolidação das Leis do Trabalho), mas também nas ações trabalhistas de rito
ordinário não mais será permitido colocar a expressão “a apurar” no ao lado de cada
pedido.

Observação: A OAB ajuizou a ADI nº 6002 no STF para o fim de questionar a


obrigatoriedade de indicação de valor para a ação trabalhista. Notícia de 03/09/2018.
Vejamos a notícia abaixo:

O Conselho Federal da OAB propôs no STF ADIn que questiona dispositivo trazido
pela reforma trabalhista que altera requisitos da inicial de reclamação trabalhista. Os
artigos questionados versam sobre o dever de contemplar a liquidação, com pedido
de indicação de valor, sob pena de extinção do processo sem julgamento de
mérito. Segundo a Ordem, esta previsão configura um obstáculo ao acesso à Justiça.

No documento, a Ordem afirma que a nova exigência processual, que consta nos
parágrafos 1º e 3º do art. 840 da CLT, ao imputar ao autor o ônus de precisar o valor
demandado em momento anterior mesmo à apresentação da contestação e à juntada
de documentação pelo empregador, configura óbice ao acesso à Justiça, prejudicando
a tutela constitucional do trabalho e das verbas trabalhistas.

94
"A exigência de liquidação da inicial, consoante determinado pelo artigo
impugnado, é medida que vulnera o direito de acesso à justiça, uma vez que impõe à
parte autora nas reclamações trabalhistas – a qual, frise-se, é marcada pela
hipossuficiência – um ônus desproporcional."

Para a OAB, a nova redação "subverteu a base principiológica do direito do


trabalho, sobretudo do processo trabalhista, ao inserir norma deveras complexa e
prejudicial para o reclamo de verbas, exigindo-se conhecimento técnico para a
propositura das ações, bem como o domínio de documentos que, em sua maioria,
não estão na posse do reclamante".

Assim, a Ordem pediu a concessão da cautelar para suspender a eficácia dos


dispositivos e, no mérito, a inconstitucionalidade deles. No documento, a OAB pede
que, caso não seja declarada a inconstitucionalidade dos referidos dispositivos, o STF
consolide o entendimento de que a "indicação de valores" seja apenas uma mera
estimativa das verbas.

15.6.3. Causa de pedir: é o fato jurídico que o autor aponta como fundamento para sua
demanda. Pode ser: próxima e remota.

a) Causa de pedir próxima: fundamentos jurídicos do pedido.

b) Causa de pedir remota: fatos constitutivos do direito lesado.

15.6.3.1. Acerca da causa de pedir temos duas teorias – da substanciação e


individualização.

a) Teoria da substanciação: adotada pelo legislador pátrio – exige a descrição dos fatos
dos quais decorre a relação do direito.

b) Teoria da individualização: basta apenas a afirmação da relação jurídica


fundamentadora do pedido para a caracterização da ação.

95
1ª Observação: Quando no pólo passivo consta mais de um reclamante deverá o juiz
do trabalho verificar se se trata apenas de pleito que envolva exclusivamente matéria
de direito, eis que poderia haver evidente tumulto se dois ou mais autores estivessem
postulando direitos baseados em situação fática específica de cada um.

2ª Observação: Quando no pólo passivo consta mais de uma reclamada deverá o


reclamante indicar o que pretende em relação a cada uma delas. Alguns exemplos
podem ser declinados:

a) muito comum é o pleito em face de duas reclamadas sendo a primeira a


empregadora que presta serviços terceirizados e a segunda a tomadora e efetiva
beneficiária dos serviços prestados pelo reclamante. Nesse caso o pleito é de
condenação da primeira reclamada (responsável principal) às verbas
trabalhistas e a condenação subsidiária da segunda reclamada (responsável
subsidiária – Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho);
b) se houver mais de uma tomadora dos serviços terceirizados deverá o
reclamante apontar o período de trabalho para cada uma delas, a fim de que o
juiz do trabalho, se reconhecer a responsabilidade subsidiária de todas, possa
fixar o período dessa responsabilidade;
c) outra hipótese ocorre quando o trabalhador aponta fraude na sua contratação
por meio de cooperativa de trabalho. Nesse caso o pleito é de reconhecimento
da alegada fraude e consequente condenação solidária de ambas as reclamadas
(tomadora dos serviços e cooperativa);
d) também pode-se citar situação em que o reclamante alega que trabalhava para
várias empresas do mesmo grupo econômico e que não teve sua CTPS –
Carteira de Trabalho e Previdência Social anotada. Nesse caso, deverá o
reclamante apontar com quem pretende o vínculo empregatício e qual a
responsabilidade das demais reclamadas, que normalmente é solidária, nos
termos do artigo 2º, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

15.7. Classificação das ações:

15.7.1. Ações individuais:

96
declaratórias
a) ações de conhecimento constitutivas
condenatórias

b) ações de conhecimento declaratórias: existência ou inexistência de relação jurídica.


Ex: reconhecimento do vínculo empregatício.

c) ações de conhecimento constitutivas: para criação, modificação ou extinção de uma


relação jurídica. Ex: fixação de salário que não foi ajustado. Ex: desconstituição de
penalidade aplicada ao empregado.

d) ações de conhecimento condenatórias: buscam a obtenção de um título judicial que


assegure o direito material pretendido.

e) ações de execução: acordos judiciais não cumpridos e sentenças trabalhistas


transitadas em julgado (também chamada de fase de execução, vez que a execução se
reflete em mera continuidade do processo de conhecimento).

Além disso, os acordos firmados perante a Comissão de Conciliação Prévia e os


Termos de Ajustamento de Conduta firmados perante o Ministério Público do
Trabalho (títulos executivos extrajudiciais).

15.7.2. Ações coletivas: dissídios coletivos de natureza econômica e dissídios coletivos


de natureza jurídica e dissídios coletivos de greve.

15.8 Pressupostos Processuais de Existência e Validade do Processo:

Conceito – Moacyr Amaral Santos: são requisitos necessários à existência e validade


da relação processual. Podem ser: subjetivos e objetivos.

15.8.1. Pressupostos processuais subjetivos: dizem respeito aos sujeitos da relação


processual, juiz e partes. São eles:

97
a) referentes ao juiz:
-órgão estatal investido de jurisdição.
-competência originária ou adquirida.
-imparcialidade do juiz.

b) referentes às partes:
-capacidade de ser parte.
-capacidade de estar em juízo.
-capacidade postulatória.

15.8.2. Pressupostos processuais objetivos: Podem ser: extrínsecos à relação


processual ou intrínsecos à relação processual.

a) pressupostos processuais extrínsecos à relação processual: dizem respeito à


inexistência de fatos impeditivos. São eles:

-inexistência de litispendência.
-inexistência de coisa julgada.
-inexistência de compromisso arbitral.
-pagamento de custas do processo idêntico anterior já extinto sem exame do mérito.

Reforma Trabalhista:

Quanto ao item acima “custas do processo” o artigo 844, parágrafos 2º e 3º, da CLT,
com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017 assim dispõe:

§ 2o Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao


pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação,
ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de
quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável

.§ 3o O pagamento das custas a que se refere o § 2o é condição para a


propositura de nova demanda.

98
Pensamos que, no tocante ao parágrafo 2º, do artigo 844, da CLT, conforme acima
citado, disse o legislador menos que efetivamente quis dizer, na medida em que não
apenas as hipóteses de faltas justificadas do artigo 473 da CLT se prestariam a isentar o
reclamante de pagar custas do processo, mas também qualquer outra impossibilidade de
comparecimento à audiência como, por exemplo, estar internado num hospital ou numa
clínica.

Observação: Pleno declara inconstitucional cobrança de custas processuais a


beneficiários da justiça gratuita – Notícia de 14/09/2018

Em sessão ordinária realizada na tarde dessa quinta-feira (13), o Tribunal Pleno


declarou, por maioria absoluta de votos, a inconstitucionalidade da cobrança de custas
processuais de beneficiários da justiça gratuita, prevista nos parágrafos 2º e 3º do
artigo 844 da CLT, incluídos pela Reforma Trabalhista.

Assim, ficou aprovada súmula com a seguinte redação: "São inconstitucionais a


expressão 'ainda que beneficiário da justiça gratuita', constante do §2º, e a íntegra do
§3º, ambos dispositivos do art. 844 da CLT, na redação dada pela Lei 13.467/2017, por
violação direta e frontal aos princípios constitucionais da isonomia (art. 5º, caput, da
CR), da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CR) e da concessão de
justiça gratuita àqueles que dela necessitarem (art. 5º, LXXIV, da CR)".

A arguição da inconstitucionalidade surgiu de um processo em que o reclamante


deixou de comparecer à audiência e, por esse motivo, foi condenado ao pagamento de
custas na sentença. O reclamante recorreu da decisão de primeiro grau e a Décima
Primeira Turma do TRT-MG reconheceu a arguição de inconstitucionalidade,
remetendo ao Tribunal Pleno para apreciação.

b) pressupostos processuais intrínsecos à relação processual: dizem respeito à


subordinação do procedimento às normas legais. São eles:

99
-petição inicial apta.

-citação válida.

-forma processual adequada à pretensão.

15.9 Condições da Ação: São duas: legitimidade de parte e interesse de agir.

15.9.1. Interesse de agir: é a necessidade de se recorrer ao Poder Judiciário para a


obtenção do resultado pretendido. Para verificar-se se o autor tem interesse de agir para
a ação deve-se responder afirmativamente à seguinte indagação: Para obter o que
pretende o autor necessita da providência jurisdicional pleiteada? Se o autor não puder
alcançar o resultado por outro meio extraprocessual a resposta é positiva e o interesse
manifesto. Ex: o empregado não pode postular o 13º salário do final do ano estando no
mês de abril desse mesmo ano.

15.9.2. Legitimidade de parte: deve haver identidade da pessoa que faz o pedido (autor)
com a pessoa a quem a lei assegura o direito material. O mesmo ocorre quanto ao pólo
passivo. Ex: o empregado não pode mover ação em face de uma empresa para a qual
não trabalhou. Ex: o sindicato não pode ajuizar ação como substituto processual, se não
detém essa qualidade.

Observação: O CPC de 2015 revogou o dispositivo inserido do CPC de 1973 para


excluir a possibilidade jurídica do pedido como condição da ação.

15.10. Termos utilizados nas ações trabalhistas:

15.10.1. Autor:

a) na ação trabalhista – é chamado de reclamante.

b) no inquérito judicial para apuração de falta grave – requerente.

c) na consignatória – consignante.

d) no mandado de segurança e no habeas corpus – impetrante.

100
15.10.2. Ré:

a) na ação trabalhista - é chamada de reclamada.

b) no inquérito judicial para apuração de falta grave – requerida.

c) na consignatória – consignada.

d) no mandado de segurança e no habeas corpus – impetrado.

15.11. Petição inicial:

15.11.1. Artigo 840, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho:

a) designação do presidente da Vara ou do Juiz de Direito a quem for dirigida.


b) qualificação do reclamante e do reclamado.
c) uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio.
d) o pedido.
e) a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

15.11.2. Artigos 319 e 320 do CPC de 2015:

a) o juízo a que é dirigida.


b) os nomes, prenomes, estado civil, existência de união estável, profissão, CPF ou
CNPJ, domicílio e residência do autor e do réu.
c) o fato e os fundamentos jurídicos do pedido.
d) o pedido, com as suas especificações.
e) o valor da causa.
f) as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados.
g) a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação
(inaplicável no processo do trabalho).

101
Observação: Com o CPC de 2015 foi suprimido o inciso que tratava da necessidade de
requerimento de citação do réu.

Deverão ser juntados os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Artigo 321 do CPC de 2015 – emenda ou aditamento à petição inicial – prazo de 15


(quinze) dias.

Além da possibilidade concreta de emenda ou aditamento previstos no artigo em


estudo, a Súmula 263 do TST contempla hipótese na qual, antes de indeferir a petição
inicial, deve o juiz do trabalho oportunizar prazo para emenda ou aditamento. Veja-se
o contido na Súmula 263 do TST:

Súmula 263 – PETIÇÃO INICIAL – INDEFERIMENTO –


INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE – NOVA REDAÇÃO.
Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 2195 do CPC de
1973), o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se
desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou
não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada
para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação
precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer (art.
321 do CPC de 2015).

Observação: Não há que se falar em inépcia da exordial quando o reclamante postula


concomitantemente adicional de periculosidade e adicional de insalubridade. Isto
porque o pleito depende de prova técnica, não estando obrigado o reclamante e nem
seu advogado a conhecer de matéria que depende de prova técnica (prova pericial).

15.12. Tutela de Urgência no Processo do Trabalho:

Artigo 300 do CPC de 2015 – requisito: quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano irreparável de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

102
Interpretação sistemática do novo CPC de 2015 leva à conclusão de que a tutela de
urgência pode ser cautelar ou de mérito.

1ª Observação: Importante lembrar que não deve ser concedida a tutela de urgência
quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Exemplo:
mesmo com a comprovação do desligamento sem justa causa (pré-aviso) o pleito de
tutela antecipada não deve ser deferido, ante a possibilidade do autor ter cometido falta
grave durante o período do aviso prévio.

2ª Observação: Revogação ou modificação da tutela de urgência – a qualquer tempo,


em decisão fundamentada.

15.12.1. Natureza jurídica – antecipação da decisão de mérito.

15.12.2. Situações específicas de tutela de urgência em matéria trabalhista:

a) artigo 659, inciso IX, da Consolidação das Leis do Trabalho – concessão de medida
liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem a tornar
sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 da Consolidação
das Leis do Trabalho;

b) artigo 659, inciso X, da Consolidação das Leis do Trabalho – concessão de medida


liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem
reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo
empregador.

15.13. Tutela de Evidência no Processo do Trabalho:

Artigo 311 do CPC de 2015 – requisito: será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo quando:

I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito


protelatório da parte;

103
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou de súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do
contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;
IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.
Parágrafo único. – Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente.

Interpretação sistemática do novo CPC de 2015 leva à conclusão de que a tutela de


urgência pode ser cautelar ou de mérito.

15.14. Comissão de Conciliação Prévia:

Prevista na Lei nº 9.958/2000. Acrescentou à Consolidação das Leis do Trabalho os


artigos 625-A a 625-H.

Artigo 625-A – Faculdade e não obrigatoriedade de empresas ou sindicatos instituírem


Comissões de Conciliação Prévia.

Artigo 625-B – Comissões de Conciliação Prévia no âmbito empresarial devem ser


compostas por, no mínimo, dois membros e, no máximo, dez membros. A composição
é paritária. Haverá suplentes de ambas as partes. O mandato é de um ano, permitida
uma recondução.

Artigo 625-C – Comissões de Conciliação Prévia instituídas no âmbito sindical terão


são constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo
coletivo de trabalho.

104
Artigo 625-D – Submissão do litígio à Comissão de Conciliação Prévia se esta tiver
sido instituída no âmbito da categoria do trabalhador. Demanda será feita por escrito.
Frustrada a conciliação será feita uma declaração.

Observação: Essa justamente é a discussão ora superada de que não há obrigatoriedade


de submissão do litígio à Comissão de Conciliação Prévia, antes do ajuizamento de
ação judicial.

Artigo 625-E – Feita a conciliação será lavrado termo com a assinatura do empregado
e do empregador e pelos membros integrantes da Comissão de Conciliação Prévia.
Referido documento é titulo executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral,
exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

Artigo 625-F – Prazo das Comissões de Conciliação Prévia para realizara a sessão – 10
dias.

Artigo 625-G – Prazo prescricional fica suspenso.

Artigo 625-H – Regramento a ser observado pelas futuras Comissões de Conciliação


Prévia que vieram a ser criadas.

A origem da Comissão de Conciliação Prévia decorre do fim da representação


classista. Aqueles que até o advento da Emenda Constitucional nº 24/99 eram juízes
classistas deixaram de sê-lo passando a Junta de Conciliação e Julgamento a atuar
como Vara do Trabalho apenas com o juiz togado (juiz concursado).

105
Podem ser criadas: por empresa.
por grupo de empresas.
sindical – por meio de acordo coletivo de trabalho.
intersindical – por meio de convenção coletiva de trabalho.

É condição da ação ou é pressuposto processual?

Súmula 02 do E. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região editada em


23/10/2002:
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EXTINÇÃO DE
PROCESSO.
O comparecimento perante a Comissão de Conciliação Prévia é uma
faculdade assegurada ao Obreiro, objetivando a obtenção de um título
executivo extrajudicial, conforme previsto pelo artigo 625-E, parágrafo
único da CLT, mas não constitui condição da ação, nem tampouco
pressuposto processual na reclamatória trabalhista, diante do comando
emergente do artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal.

1ª Observação: Referida forma de solução dos conflitos trabalhistas caiu em relevante


descrédito tendo em vista que várias irregularidades foram detectadas em algumas
dessas Comissões como, por exemplo, a cobrança da denominada “taxa de
conciliação” a cargo do trabalhador, a vedação de acompanhamento de advogado do
indicado pelo trabalhador, etc.

2ª Observação: Algumas decisões de Turmas do Tribunal Superior do Trabalho têm


entendido que é necessária a passagem pela Comissão de Conciliação Prévia antes do
ajuizamento da ação trabalhista (4ª Turma), enquanto outras Turmas entendem ser
desnecessária (1ª Turma).

106
3ª Observação: Decisão do Supremo Tribunal Federal de 2009 foi no sentido de que
não há obrigatoriedade do empregado passar pela Comissão de Conciliação Prévia
antes de ajuizar ação trabalhista.

4ª Observação: São totalmente incompatíveis entre si a ausência de proposta de acordo


em audiência e, ao mesmo tempo, a inserção de preliminar de extinção do feito sem
exame do mérito ante a não submissão do litígio perante a Comissão de Conciliação
Prévia. Dependendo do entendimento do julgador tal fato pode implicar na aplicação
da pena de litigância de má-fé à reclamada.

107
16. AUDIÊNCIA. ORDEM DOS ACONTECIMENTOS. ARQUIVAMENTO.
REVELIA. CONFISSÃO. CONCILIAÇÃO. CONTESTAÇÃO.
RECONVENÇÃO. COMPENSAÇÃO.

16.1. Ordem dos Acontecimentos na Audiência UNA:

-apregoamento.
-qualificação das partes.
-1ª tentativa de conciliação obrigatória.
-se rejeitada a 1ª tentativa de conciliação obrigatória, o juiz do trabalho deve receber a
contestação na qual ficam abrangidas as exceções de incompetência absoluta, de
impedimento e de suspeição, a contestação propriamente dita e eventual reconvenção,
se for o caso do réu se utilizar de todas elas.
-réplica por parte do autor.
-oitiva das partes.
-oitiva das testemunhas de ambas as partes.
-declaração de encerramento da instrução processual se não houver outras provas a
serem produzidas.
-razões finais.
-2ª tentativa de conciliação obrigatória.
-se rejeitada a 2ª tentativa de conciliação obrigatória, o juiz do trabalho designa
audiência de julgamento.

1ª Observação: quando o litígio implica na produção de prova oral em audiência e


também de prova pericial (por exemplo, laudo pericial médico, de insalubridade ou de
periculosidade), em regra, os juízes do trabalho determinam, por primeiro, a produção
da prova pericial, sob o argumento de que as provas orais apenas complementam a
prova pericial. Nesse caso é recebida a defesa e fixado prazo judicial de réplica ao
autor. Em consequência, o feito fica adiado para outra audiência instrutória até a
juntada do laudo pericial e das manifestações de ambas as partes sobre o trabalho do
perito para, somente após isso, ser designada audiência de instrução.

108
2ª Observação: Com o advento do artigo 360, inciso V, do CPC de 2015 é dever do
juiz registrar em ata, com exatidão, de todos os requerimentos apresentados em
audiência. Aplica-se subsidiariamente no processo do trabalho. Nesse sentido,
pensamos que não seja possível ao juiz do trabalho indeferir que se constem
requerimentos em ata de audiência.

3ª Observação: Com o advento do artigo 362, inciso III, do CPC de 2015, fica prevista
a possibilidade de atraso no início da audiência em razão da ausência de alguém que
deva participar daquele ato. A nosso ver esse dispositivo legal não se aplica no
processo do trabalho que prevê apenas o atraso de 15 (quinze) minutos do juiz do
trabalho, nos termos do artigo 815, parágrafo único, da Consolidação das Leis do
Trabalho.

Reforma Trabalhista:

4ª Observação: O artigo 800, caput, e seus parágrafos, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, contempla situação em que a exceção de incompetência relativa (também
conhecida como exceção declinatória de foro) com a seguinte redação:

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de


cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento
estabelecido neste artigo.

1o Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a


audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida
a exceção.

§ 2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o


reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo
comum de cinco dias.

109
§ 3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará
audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas
serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado
como competente.

§ 4o Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo


retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de
defesa e a instrução processual perante o juízo competente.

Em suma, a partir de agora, se não apresentada a exceção de incompetência relativa no


prazo cinco dias depois de recebida a notificação da ação trabalhista ocorrerá o
fenômeno da preclusão.

16.2. Formas de distribuir a ação trabalhista no caso de jus postulandi:

Artigo 840, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho – se verbal, a


reclamação será reduzida a termo pelo funcionário da Justiça do Trabalho, quer pelo
rito sumaríssimo, quer pelo rito ordinário.

16.3. Procedimento Ordinário:

Artigo 841 da Consolidação das Leis do Trabalho - notificação ao reclamado dentro de


48 (quarenta e oito) horas com designação de audiência com, no mínimo, 5 (cinco)
dias de prazo.

Observação: a notificação tem força de citação.

Artigo 841, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – notificação postal,
por oficial de justiça ou por edital.

Artigo 843, da Consolidação das Leis do Trabalho - comparecimento das partes,


independentemente da presença de seus procuradores.

Artigo 843, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – representação do


reclamado por gerente ou preposto com conhecimento dos fatos. Pela Súmula 377 do

110
Tribunal Superior do Trabalho há necessidade de o preposto ser empregado, salvo em
alguns casos. Vejamos o contido na Súmula 377:

Súmula 377 – PREPOSTO – EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE


EMPREGADO.
Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou
pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do
reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei
Complementar n. 123 de 14 de dezembro de 2006.

1ª Observação: De acordo com o artigo 54 da Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto


Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte): “É facultado ao
empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou
representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda
que não possuam vínculo trabalhista ou societário.” Referida situação também se
encontra prevista na nova redação da Súmula 377 supracitada.

2ª Observação: Por vezes ocorre a situação de quem representa o empregador não é um


empregado seu e também não se trata das exceções previstas na Súmula 377 do TST.
Portanto, é uma situação em que não compareceu o empregador (proprietário) e nem
um empregado seu, mas sim um procurador ad negotia (ou seja, aquele que gere os
negócios do proprietário). Nesse caso, embora o posicionamento dos juízes do trabalho
não seja uniforme, pensamos ser regular essa representação, na medida em que o
empregador concede mais poderes a esse procurador do que a um preposto.

Artigo 843, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho – ausência do


reclamante por doença ou motivo ponderoso – poderá se fazer representar por outro
empregado que pertença à mesma profissão ou pelo seu sindicato. Motivo – segundo a
doutrina evitar o arquivamento do feito.

111
Reforma Trabalhista:

Observação: Como já mencionado anteriormente, ao artigo 843 da CLT, foi inserido o


parágrafo 3º, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, no sentido de que o
preposto a que ser o parágrafo 1º do mesmo dispositivo legal desse artigo não precisa
ser empregado da parte reclamada, o que nos leva à conclusão, s.m.j., que a Súmula
377 deva ser revogada.

Artigo 844 da Consolidação das Leis do Trabalho:

a) ausência do reclamante na audiência UNA ou na audiência inicial (de conciliação) –


arquivamento.

b) ausência do reclamante na audiência de instrução – pena de confissão ao


reclamante, donde se tem por verdadeiros os fatos alegados pela reclamada. Nesse
sentido, veja-se a Súmula 09 do TST:

Súmula 09 – AUSÊNCIA DO RECLAMANTE.


A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a
ação em audiência, não importa arquivamento do processo.

c) ausência da reclamada na audiência UNA ou na audiência inicial (de conciliação) –


revelia e consequente pena de confissão quanto à matéria de fato.

d) ausência da reclamada na audiência de instrução – pena de confissão à reclamada,


donde se tem por verdadeiros os fatos alegados pelo reclamante.

Observação: Não é uniforme a doutrina acerca das consequências da ausência da


reclamada ou do seu preposto na audiência UNA ou na audiência inicial (de
conciliação), mas presente o seu advogado com procuração, defesa e documentos.

112
Parte dos doutrinadores sustenta que ainda assim a reclamada deve ser declarada revel
e confessa, com base na Súmula 122 do Tribunal Superior do Trabalho. Diz a referida
Súmula:

Súmula 122 – REVELIA – ATESTADO MÉDICO.


A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel,
ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida
a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar,
expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu
preposto no dia da audiência.

Parece-nos que a Súmula 122 do Tribunal Superior do Trabalho, embora trate da


impossibilidade de comparecimento do empregador ou preposto devidamente
justificado por meio de atestado médico, leva-nos à conclusão no sentido de que o
reclamado deva ser considerado revel e confesso.

Todavia, para aqueles doutrinadores que sustentam que a defesa com documentos deva
ser recebida e que, consequentemente, sustentam apenas a aplicação da pena de
confissão, o fazem com base no princípio constitucional da isonomia das partes e
também porque se revela manifesto o ânimo de defesa da reclamada, corrente à qual
nos filiamos.

Artigo 844, parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho – motivo relevante
– o juiz pode suspender o julgamento e designar nova audiência. Ex: greve dos
transportes públicos.

Artigo 845 da Consolidação das Leis do Trabalho – comparecimento de partes e


testemunhas. Na reclamação trabalhista são três testemunhas para cada parte.

Artigo 846 da Consolidação das Leis do Trabalho – tentativa de conciliação.

Artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho – prazo para defesa oral – 20 (vinte)
minutos, após a leitura da exordial.

113
Artigo 848 da Consolidação das Leis do Trabalho – instrução. Súmula 74 do Tribunal
Superior do Trabalho – dispõe a referida Súmula que se uma das partes não comparece
para prestar depoimento será declarada a sua confissão ficta, a qual somente poderá ser
elidida por prova pré-constituída nos autos. Ou seja, não é possível utilizar-se o
depoimento da parte contrária e nem de testemunhas para afastar a confissão ficta.
Contudo, somente se aplica a referida Súmula se se tratar de intimação pessoal das
partes para comparecimento com o intuito de prestar depoimento e não apenas dos
seus advogados. Nesse sentido veja-se o contido na Súmula 74 do TST:

Súmula 74 – CONFISSÃO.
I – Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com
aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na
qual deveria depor.
II – A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para
confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, CPC de 2015 – art. 400,
I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o
indeferimento de provas posteriores.
III – A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa
somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do
poder/dever de conduzir o processo.

Artigo 848, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – Em nosso


entendimento não há efeito prático, pois, na prática, o juiz do trabalho não permite a
saída da sala de audiência das partes que já depuseram, na medida em que as
testemunhas ainda vão depor.

Artigo 849 da Consolidação das Leis do Trabalho – fracionamento da audiência –


audiência, em regra, deve ser contínua. Excepcionalmente, se impossível concluí-la no
mesmo dia, o juiz designará a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de notificação.

114
16.4. Contestação:

A contestação abrange as exceções, a contestação propriamente dita e a reconvenção.

Observação: Com o advento nos artigos 335 a 343 do CPC de 2015 houve por bem o
legislador em revogar a expressão “Resposta do Réu”, eis que toda a matéria de defesa
deverá ser inserida na peça denominada “Contestação”.

16.4.1. Exceções:

Suspendem o andamento do processo. São elas: de impedimento, de suspeição e de


incompetência (artigo 799 da Consolidação das Leis do Trabalho).

As exceções podem ser feitas verbalmente ou por escrito.

As exceções de incompetência absoluta, de suspeição e de impedimento devem feitas


como preliminares da contestação.

Exceção de incompetência relativa (também conhecida como exceção declinatória de


foro):

Reforma Trabalhista:

Observação: O artigo 800, caput, e seus parágrafos, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, contempla situação em que a exceção de incompetência relativa (também
conhecida como exceção declinatória de foro) com a seguinte redação:

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de


cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento
estabelecido neste artigo.

115
1o Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a
audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida
a exceção.

§ 2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o


reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo
comum de cinco dias.

§ 3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará


audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas
serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado
como competente.

§ 4o Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo


retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de
defesa e a instrução processual perante o juízo competente.

Em suma, a partir de agora, se não apresentada a exceção de incompetência relativa no


prazo cinco dias depois de recebida a notificação da ação trabalhista ocorrerá o
fenômeno da preclusão.

São elas:

16.4.1.1. Exceção de impedimento:

-aplicação subsidiária do artigo 144 do CPC de 2015.

-causas geradoras de natureza objetiva.

-situações:

a) quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

b) em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
membro do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;

116
c) que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido decisão;
d) quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro ou qualquer parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta, ou na linha colateral até o terceiro grau, inclusive;
e) quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
f) quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte
no processo.

16.4.1.2. Exceção de suspeição:

-artigo 801 da Consolidação das Leis do Trabalho e, subsidiariamente, aplica-se o


artigo 145 do CPC de 2015.

-causas geradoras de natureza subjetiva.

-situações:

a) amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;


b) quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
d) interesse no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

1ª Observação: Rol do artigo 801 da Consolidação das Leis do Trabalho não é


exaustivo.

2ª Observação: Se o recusante praticar algum ato pelo qual haja consentido na pessoa
do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo.
Se não alegada suspeição quando a parte já a conhecia, não poderá mais fazê-lo ante a
ocorrência de preclusão.

117
3ª Observação: A suspeição pode ser declarada de ofício pelo juiz, ou seja, sem
provocação da parte, até mesmo por motivo de foro íntimo estando o juiz dispensado
de declarar suas razões.

4ª Observação: Quem julga a exceção de suspeição do juiz do trabalho de primeiro


grau: pela Consolidação das Leis do Trabalho – artigo 653, alínea “c” – Juiz do
Trabalho.

5ª Observação: Considerando-se o fato de que, por expressa disposição legal conforme


acima, a exceção de suspeição é julgada pelo próprio juiz do trabalho, afirmamos que
o mesmo deve ocorrer em relação à exceção de impedimento – cujo regramento do
CPC também se aplica no direito processual do trabalho, por força do artigo 769 da
Consolidação das Leis do Trabalho.

Suspeição e impedimento também se aplicam:

a) ao membro do Ministério Público;


b) ao serventuário de justiça;
c) ao perito;
d) ao intérprete.

Observação: Das decisões de exceção de suspeição e impedimento não cabe recurso,


eis que são consideradas decisões interlocutórias.

16.4.1.3. Exceção de incompetência:

Em razão da matéria conhecida


de ofício
Competência absoluta: Em razão da pessoa improrrogável
pelo juiz
Funcional
Nas cidades com
mais de um foro

118
o juiz não
Competência relativa: em razão do lugar prorrogável pode
conhecer de
ofício

Acolhida a exceção de incompetência em razão da matéria ou das pessoas, se


terminativa do feito perante a Justiça do Trabalho, cabe Recurso Ordinário.

16.4.2. Contestação propriamente dita:

Vigora o princípio da eventualidade – deve ser deduzida toda a matéria de defesa e


juntados todos os documentos necessários à comprovação das alegações contidas na
peça defensiva.

Observação: não se admite contestação por negativa geral.

Contestação – abrange arguição de exceções e preliminares (artigo 337 do CPC de


2015, prejudiciais de mérito e mérito propriamente dito. Além disso, dentro da
contestação deverá a reclamada, se for o caso e assim o quiser, apresentar pedido
reconvencional.

16.4.2.1. Preliminares:

a) inexistência ou nulidade de citação – no processo do trabalho fala-se em notificação


postal com força de citação;
b) incompetência absoluta ou relativa;
c) inépcia da inicial;
d) perempção – em processo do trabalho fala-se em perempção temporária – quando o
autor der causa, por duas vezes, a arquivamento de ação trabalhista por ele proposta –
deve aguardar seis meses contados a partir do segundo arquivamento para propor a
terceira ação trabalhista – artigo 732 da Consolidação das Leis do Trabalho;
e) litispendência – quando se repete ação em curso;

119
f) coisa julgada – quando se repete ação que já foi decidida, de que não caiba recurso;
f) conexão – são conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir – artigo 55 do CPC de 2015;
g) incapacidade de parte, defeito de representação ou falta de autorização;
h) convenção de arbitragem;
i) ausência de legitimidade ou de interesse processual.

16.4.2.2. Prejudiciais de mérito:

São elas:

a) prescrição – perda do direito de ação em virtude da inércia de seu titular no decorrer


de certo período – artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal de 1988 e artigo 11
da Consolidação das Leis do Trabalho;

b) decadência – consiste na perda do próprio direito, em razão de este não ter sido
exercitado no prazo legal. Exemplos no direito do trabalho: prazo decadencial para
suspender o empregado estável nos termos da Súmula 403 do Supremo Tribunal
Federal; prazo de dois anos para propor ação rescisória, cujo teor é o seguinte:

Súmula 403 – INQUÉRITO JUDICIAL – DECADÊNCIA.


É de decadência o prazo de trinta dias para a instauração de inquérito
judicial, a contar da suspensão, por falta grave, de empregado estável.

c) compensação – forma indireta de extinção de obrigações. Requisitos: a)


reciprocidade de dívidas; b) dívidas líquidas e certas; c) dívidas vencidas; d) dívidas
homogêneas. De acordo com o artigo 767 da Consolidação das Leis do Trabalho a
compensação somente pode ser arguida em contestação, conforme dispõe a Súmula 48
do Tribunal Superior do Trabalho, a saber:

Súmula 48 – COMPENSAÇÃO – QUANDO PODE SER ARGUIDA.


A compensação só poderá ser arguida com a contestação.

120
Além da Súmula acima veja-se a Súmula 18 do TST sobre o tema compensação:

Súmula 18 – COMPENSAÇÃO.
A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza
trabalhista.

d) retenção – é uma forma de compensação utilizando-se de uma coisa. Somente pode


ser alegada como matéria de defesa.

Observação: Com respeito a entendimentos em contrário, em nosso entendimento as


matérias relativas ao reconhecimento do vínculo empregatício e à Súmula 330 do
Tribunal Superior do Trabalho são prejudiciais de mérito e não de mérito.

16.4.2.3. Mérito:

a) negativa dos fatos apontados na exordial. Ex: o autor alega ter sido injustamente
despedido e a reclamada alega que o autor pediu demissão;
b) reconhecimento do pedido ou de parte do pedido. Ex: admite o não pagamento de
salários por falta de caixa;
c) admite os fatos narrados na peça vestibular, mas com oposição de suas
consequências. Ex: o autor pede adicional de transferência e a reclamada alega que não
houve transferência, pois inexistiu mudança de domicílio do empregado.

Observação: Não impugnados todos ou alguns dos fatos alegados na exordial


presumem-se verdadeiros (artigo 341 do CPC de 2015).

Contestação – diferentemente do processo civil, é ato de audiência. No Processo


Judicial Eletrônico – PJE a contestação deve ser protocolizada até o dia da audiência.

Desistência da ação – depois de contestada a ação somente com a concordância da


reclamada é possível a desistência do feito pelo reclamante, na forma do artigo 485,
parágrafo 4º, do CPC de 2015.

121
1ª Observação: Não raro o reclamante requer a desistência do feito em audiência. Nem
sempre a reclamada concorda com a desistência, mas apenas com a renúncia. Nada
obstante devamos ter em mente o princípio trabalhista da irrenunciabilidade dos
direitos trabalhistas, também é certo que, com o fenômeno da flexibilização, tal
princípio resta mitigado em sua importância. Assim, entendemos que se o empregado
estiver presente na audiência juntamente com seu advogado e houver concordância
com a renúncia, deve o juiz do trabalho, a nosso ver, homologar a renúncia, cuja
consequência inexorável implicará na impossibilidade de postular aqueles direitos
trabalhistas em outro feito.

Reforma Trabalhista:

2ª Observação: No tocante à desistência houve por bem o legislador inserir o parágrafo


3º ao artigo 841, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, in verbis:

§ 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante


não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.

Pensamos que com o advento do processo judicial eletrônico, se protocolizada a


contestação com sigilo, o que impede o reclamante de verificar o seu conteúdo, é
possível sim desistir da ação sem o consentimento do reclamado.

Após a contestação só é lícito deduzir novas alegações quando:

a) relativas a direito superveniente;


b) competir ao juiz conhecer delas de ofício, como na decadência;
c) por expressa autorização legal, haja a possibilidade de sua formulação em qualquer
tempo e juízo (artigo 342 do Novo Código de Processo Civil).

16.4.3. Reconvenção:

Conceito: é a ação proposta pelo réu em face do autor, no mesmo processo em que está
sendo demandado. É um contra-ataque.

122
Ante a aplicação subsidiária e supletiva do CPC de 2015 (artigo 769 da Consolidação
das Leis do Trabalho) a maioria dos doutrinadores entende cabível no direito laboral.

Não se confunde a reconvenção com compensação ou retenção. A reconvenção é


matéria de direito processual, enquanto que a compensação e a retenção são institutos
de direito material.

Exemplo típico na Justiça do Trabalho: empregado ajuíza ação pretendendo o


pagamento das verbas rescisórias; empregador alega na contestação que houve justa
causa para o despedimento, oferecendo reconvenção na qual pede a pagamento de
saldo credor que o empregado ficou devendo ao primeiro, ou então ressarcimento de
danos dolosos causados pelo empregado, que foram objeto da despedida por justa
causa.

Observação: Como já dito anteriormente, com o CPC de 2015 a reconvenção não será
apresentada em peça apartada, mas sim dentro da peça denominada “contestação”.

16.4.3.1. Pressupostos da reconvenção:

a) que o juiz tenha competência em razão da matéria;


b) se a matéria puder ser alegada em contestação a parte não terá interesse de agir para
apresentar reconvenção;
c) que o procedimento seja o mesmo da ação e da reconvenção;
d) que exista um processo pendente em primeiro grau de jurisdição e que não tenha
havido a primeira audiência para apresentação da contestação;
e) a matéria da reconvenção deve ser conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.

123
17. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO.

Artigo 852-A e seu parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho – dissídios
cujo valor da causa não exceda 40 vezes o salário mínimo vigente na data do
ajuizamento da reclamação, excluídos os entes da administração direta, autárquica e
fundacional público, cujo processamento deve ocorrer sempre pelo rito ordinário,
qualquer que seja o valor atribuído à causa.

Observação: enquadramento automático e não facultativo.

Artigo 852-B da Consolidação das Leis do Trabalho (petição inicial no procedimento


sumaríssimo):

a) o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente.

b) não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e
endereço do reclamado.

c) a apreciação do litígio deverá ocorrer no máximo em 15 dias do seu ajuizamento


podendo constar de pauta especial.

Observação: o não preenchimento dos requisitos das letras “a” e “b” acima implicará
no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da
causa.

Artigo 852-C da Consolidação das Leis do Trabalho – litígios instruídos e julgados em


audiência única.

Artigo 852-D da Consolidação das Leis do Trabalho – o juiz é o diretor do processo.

Artigo 852-E da Consolidação das Leis do Trabalho – tentativa de conciliação.

124
Artigo 852-F da Consolidação das Leis do Trabalho – ata deve registrar os atos
essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à solução da
causa trazidas pela prova testemunhal.

Artigo 852-G da Consolidação das Leis do Trabalho – incidentes e exceções serão


decididos de plano e as demais questões em sentença.

Artigo 852-H da Consolidação das Leis do Trabalho – produção de provas em


audiência, salvo absoluta impossibilidade. Exemplo: necessidade de prova pericial
sendo que o prazo para manifestação acerca do laudo pericial é comum de 5 (cinco)
dias.

Testemunhas – no máximo duas para cada parte.

Ausência de testemunha – convite para a testemunha ausente deve ser comprovado


documentalmente em audiência.

Artigo 852-I da Consolidação das Leis do Trabalho – sentença – dispensa de


elaboração do relatório.

Artigo 852-I, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – decisão por
equidade. Sérgio Pinto Martins cita Aristóteles para explicar o que vem a ser equidade.
Para Aristóteles equidade é sinônimo de justiça. Tem por objetivo corrigir a lei quando
está incompleta. Seria a justiça do caso particular. Para Sérgio Pinto Martins, ao julgar
ação de procedimento sumaríssimo, o juiz deve observar a parte final do artigo 8º da
Consolidação das Leis do Trabalho, quando determina de que nenhum interesse
particular prevaleça sobre o interesse público. O mesmo doutrinador ainda cita o artigo
5º da Lei de Introdução ao Código Civil no sentido de que o juiz deve atender aos fins
sociais da lei e às exigências do bem comum.

Artigo 852-I, parágrafo 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho – intimação da


sentença em audiência.

125
Observação: Situação concreta no qual a reclamada não foi citada por via postal e nem
por oficial de justiça. Resta, então, citá-la por edital. Por conta vedação legal dessa
forma de citação no procedimento sumaríssimo a maioria dos juízes do trabalho tem
convertido o rito de sumaríssimo para ordinário e, ato contínuo, determinado a citação
da reclamada por edital.

126
18. INSTRUÇÃO PROCESSUAL. MEIOS DE PROVA. ÔNUS DA PROVA.
PRESUNÇÕES. VALORAÇÃO DA PROVA.

Em matéria processual a prova tem por objeto os fatos da causa e que se prestam a
esclarecer o juiz. Sua finalidade é a formação da convicção do juiz a respeito dos fatos
da causa. Portanto, o juiz é o destinatário da prova.

18.1. Finalidade da Prova: segundo Francisco Antonio de Oliveira toda prova


produzida tem uma finalidade prática, que é a de convencer o julgador da veracidade
ou não dos fatos alegados.

18.2. Princípios da Prova segundo Amauri Mascaro Nascimento:

a) necessidade da prova – é preciso que a parte faça a prova das suas afirmações.

b) unidade da prova – a prova deve ser apreciada em seu conjunto, de forma global e
não de forma isolada.

c) lealdade ou probidade da prova – não é permitida prova obtida por meio ilícito.

d) contradição – permissão à parte contrária para que se manifeste sobre a prova


produzida e a impugne, se quiser.

e) igualdade de oportunidade da prova – ambas as partes têm os mesmos direitos de


apresentar a prova nos momentos adequados.

f) legalidade – somente podem ser produzidas as provas previstas em lei.

Observação: uso da psicografia (espiritismo) como prova perante os Tribunais -


segundo reportagem publicada no jornal “O Estado de São Paulo” no dia 25/05/2008
há uma corrente de delegados de polícia, advogados, promotores, procuradores e juízes
que sustentam que aplicar o direito é “missão de vida” e nada impediria os juízes de
embasar suas decisões em princípios religiosos. Contudo, a matéria é muito

127
controvertida embora a discussão não seja recente. Isto porque para a corrente
doutrinária tradicional trata-se de meio de prova não previsto em lei.

g) imediação – o juiz dirige o processo e a prova deve ser produzida diante do mesmo.

h) obrigatoriedade da prova – a prova não é de interesse apenas das partes, mas


também do Estado que pretende o esclarecimento da verdade. Tendo em vista que o
juiz dispõe de ampla liberdade na direção do processo (artigo 765 da Consolidação das
Leis do Trabalho) pode determinar a produção que julgue necessário. Ex:
determinação do juiz para que uma das partes colacione aos autos um documento
imprescindível para o deslinde do litígio.

18.2. Momento da Produção da Prova: em audiência, exceto quando restar impossível


sua produção naquele ato. Ex: prova pericial.

18.3. Local da Produção da Prova: em regra a produção da prova ocorre na sede do


juízo, exceto quando restar impossível sua produção naquele local. Ex: oitiva de
testemunha por carta precatória.

18.4. Valoração da Prova – 3 teorias:

a) sistema da prova legal – segundo Francisco Antonio de Oliveira nesse sistema de


prova o juiz não tinha função de análise ou de convicção íntima. Sua função consistia
em assistir o experimento probatório e declarar o seu resultado (sistema da ditadura
legal).

b) sistema da livre convicção – segundo Francisco Antonio de Oliveira nesse sistema o


juiz estava completamente livre na apreciação da prova, preso apenas ao seu
convencimento íntimo (sistema da ditadura jurisdicional).

c) sistema da livre persuasão racional – segundo Francisco Antonio de Oliveira esse


sistema é uma reação a ambos os sistemas retromencionados. É o sistema adotado pelo
legislador pátrio no artigo 371 do CPC de 2015, in verbis:

128
“O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do
sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação
de seu convencimento.”

18.5. Classificação das Provas Segundo Amauri Mascaro Nascimento:

a) quanto ao objeto: provas diretas e indiretas e principais ou acessórias.


b) quanto à forma: escritas ou orais.
c) quanto à estrutura ou natureza: pessoais e reais ou materiais.
d) quanto à função: históricas, críticas ou lógicas.
e) quanto à finalidade: prova e contraprova.
f) quanto ao resultado: provas plenas, perfeitas ou completas e imperfeitas ou
incompletas.
g) quanto ao grau ou categoria: provas primárias ou secundárias.
h) quanto aos sujeitos proponentes: de ofício, das partes ou de terceiros.
i) quanto ao momento da produção: provas processuais ou judiciais e extrajudiciais e
provas pré-constituídas e casuais.
j) quanto à sua contradição: sumárias ou controvertidas.
k) quanto à utilidade: pertinentes e impertinentes ou irrelevantes, úteis e inúteis,
possíveis e impossíveis.
l) quanto à sua relação com outras provas: provas simples e compostas ou complexas e
concorrentes ou contrapostas.
m) quanto à sua licitude ou ilicitude: provas lícitas ou ilícitas.

18.6. Artigo 374 do CPC de 2015 - Fatos Que Independem de Prova:

a) notórios.
b) afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária.
c) admitidos, no processo, como incontroversos.
d) em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Ex: artigos 447
e 456, parágrafo único, ambos da Consolidação das Leis do Trabalho.

129
18.7. Artigo 376 do CPC de 2015 – Prova de Normas Jurídicas:

Vigora no direito pátrio o princípio iura novit curia (o juiz conhece o direito).

Todavia, em algumas situações cabe à parte fazer prova de algumas normas jurídicas
(artigo 376 do CPC de 2015), a saber:

a) quando a parte alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário


deverá provar o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.
b) convenções coletivas de trabalho, acordos coletivos de trabalho e sentenças
normativas.
c) regulamentos de empresa.
d) tratados e convenções internacionais.

18.8. Ônus da Prova – segundo Sérgio Pinto Martins é o dever de a parte provar em
juízo suas alegações para o convencimento do juiz.

18.8.1. Ônus da prova de fato constitutivo: é do reclamante conforme dispõe o artigo


818 da Consolidação das Leis do Trabalho c/c o artigo 373, inciso I, do Novo Código
de Processo Civil.

18.8.2. Ônus da prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo: é da reclamada


conforme dispõe o artigo 373, inciso II, do Novo Código de Processo Civil. Neste caso
deve o juiz inverter o ônus da prova ouvindo por primeiro as testemunhas da
reclamada e, logo depois, as testemunhas do reclamante.

Reforma Trabalhista:

1ª Observação: O artigo 818, caput, da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, foi alterado para contemplar a redação do artigo 373, inciso I e II, do
CPC de 2015 em seu corpo.

130
2ª Observação: O artigo 818 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017
agora contempla os parágrafos 1º, 2º, e 3º, a saber:

§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa


relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova
do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso,
desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte
a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

§ 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da


abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da
audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito
admitido.

§ 3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a


desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente
difícil.

A nosso ver, a partir de agora, os advogados deverão ter atenção redobrada, em


especial quanto ao início da audiência de instrução, para verificar se a hipótese é de
requerimento de adiamento cumulado com requerimento de produção de outras provas.

18.8.3. Situações específicas em processo trabalhista:

a) o reclamante alega ter trabalhado para a reclamada e postula reconhecimento do


vínculo empregatício; a reclamada, por sua vez, nega de forma peremptória a prestação
dos serviços – o ônus da prova é do reclamante.

b) o reclamante alega ter trabalhado para a reclamada e postula reconhecimento do


vínculo empregatício; a reclamada, por sua vez, confirma a prestação dos serviços,
mas na condição de trabalhador autônomo - o ônus da prova é da reclamada.

c) o reclamante alega ter exercido as mesmas funções que um determinado colega de


trabalho a quem aponta como paradigma; a reclamada alega, por exemplo, que o

131
trabalho do paradigma era exercido com maior perfeição técnica ou com maior
produtividade que o reclamante – o ônus da prova é da reclamada (Súmula 6, item
VIII do Tribunal Superior do Trabalho). Diz esse item da Súmula:

Súmula 6 – EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT.


...
VIII – É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo
ou extintivo de equiparação salarial.

d) o reclamante alega ter sido injustamente despedido pela reclamada; a reclamada, por
sua vez, nega o despedimento – o ônus da prova é da reclamada (Súmula 212 do
Tribunal Superior do Trabalho). Diz a citada Súmula:

Súmula 212 – DESPEDIMENTO – ÔNUS DA PROVA.


O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio
da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao
empregado.

e) o reclamante alega ter trabalhado em sobrejornada sem ter recebido horas extras; a
reclamada contesta o fato e colaciona aos autos os controles de frequência que
demonstram que a jornada é de 44 horas semanais, pelo que não há falar-se em horas
extras – o ônus da prova é do reclamante se a jornada nos controles estiver
anotada de forma variável (Súmula 338 do TST).

f) o reclamante alega ter trabalhado em sobrejornada sem ter recebido horas extras; a
reclamada contesta o fato e colaciona aos autos os controles de frequência que
demonstram que a jornada é de 44 horas semanais, pelo que não há falar-se em horas
extras – o ônus da prova é da reclamada se a jornada nos controles estiver
anotada de forma invariável (Súmula 338 do TST).

132
g) o reclamante pleiteou horas extras; a reclamada disse que o autor não faz jus às
suplementares, pois sempre se ativou em cargo de confiança – o ônus da prova é da
reclamada, pois se trata de fato impeditivo do direito do autor (grifei e negritei).

h) o reclamante pleiteou horas extras; a reclamada disse que o autor não faz jus às
suplementares, pois existia Banco de Horas com a anuência do sindicato da categoria
profissional por meio de negociação coletiva - o ônus da prova é da reclamada, pois
se trata de fato modificativo do direito do autor (grifei e negritei).

i) o reclamante pleiteou horas extras; a reclamada disse que o autor não faz jus às
suplementares, pois todas elas foram devidamente quitadas - o ônus da prova é da
reclamada, pois se trata de fato extintivo do direito do autor (grifei e negritei).

j) o reclamante alega ter trabalhado na função de gráfico, embora tenha sido registrado
na função de auxiliar de serviços gerais. Postula diferenças salariais. A reclamada
alega que a função exercida pelo reclamante foi de mesmo de auxiliar de serviços
gerais, conforme anotado em Carteira de Trabalho e Previdência Social – o ônus da
prova é do reclamante.

k) o reclamante alega que não recebeu salários dos últimos três meses do pacto laboral;
a reclamada alega que todos os salários foram rigorosamente pagos ao reclamante – o
ônus da prova é da reclamada que é detentora dos recibos de pagamento (artigo
464 da Consolidação das Leis do Trabalho).

l) o reclamante alega que o FGTS não foi depositado durante todos os meses do pacto
laboral; a reclamada, por sua vez, alega que o FGTS foi depositado corretamente
durante o contrato de trabalho – o ônus da prova é da reclamada – Súmula 461 do
TST.

m) o reclamante alega que no curso do pacto laboral nasceu seu filho e que a
reclamada não lhe pagou o salário-família correspondente; a reclamada, por sua vez,
nega que o reclamante tenha informado acerca do nascimento de seu filho – o ônus da
prova da entrega da certidão de nascimento é do reclamante.
133
n) o reclamante disse ter sido injustamente despedido; a reclamada nega o fato
aduzindo que o obreiro foi despedido por justa causa – o ônus da prova é da
reclamada (grifei e negritei).

o) o reclamante propõe ação trabalhista em litisconsórcio de empresa de terceirização e


de ente público como tomador dos serviços; o ente público alega em contestação que
não inexiste nenhuma responsabilidade subsidiária ante o contido no artigo 71 e seu
parágrafo 1º, da Lei nº 8666/1993. No julgamento da Ação Declaratória de
Constitucionalidade – ADC nº 16 no final de 2010 o Supremo Tribunal Federal
considerou que é necessário que os Tribunais Trabalhistas investiguem se houve ou
não fiscalização do contrato de prestação de serviços - o ônus da prova de que o
contrato de prestação de serviços foi fiscalizado é do ente público tomador dos
serviços.

p) o reclamante disse que necessita de vale transporte para ir e voltar ao trabalho; a


reclamada por sua vez disse que o reclamante não satisfazia os requisitos para receber
esse benefício ou disse que o reclamante alegou não precisar do mesmo – o ônus da
prova é do empregador – Súmula 460 do TST.

q) o reclamante postula indenização por danos morais decorrentes de assédio moral,


assédio sexual e discriminação; a reclamada alega que o reclamante não foi assediado
moralmente, não foi assediado sexualmente e nem foi discriminado – o ônus da prova
é do reclamante por se tratar de fato constitutivo do direito.

r) o reclamante postula indenização por danos morais decorrentes de acidente do


trabalho – se o acidente do trabalho for caracterizado como responsabilidade
objetiva do empregador resta desnecessária qualquer outra prova. Todavia, se o
acidente do trabalho for caracterizado como responsabilidade subjetiva o ônus da
prova é do empregado.

Observação: Com o advento do artigo 373, parágrafo 3º, do CPC de 2015 é lícito às
partes distribuírem livremente o ônus da prova por convenção delas mesmas. Contudo,

134
entendemos que esse artigo não terá aplicação subsidiária no direito do processual do
trabalho.

18.9. Produção Antecipada de Prova:

Com o advento do CPC de 2015 houve por bem o legislador em revogar todos os
dispositivos que tratavam de ações cautelares. Não se quer dizer com isso que não
existem mais ações cautelares, mas sim que estas deverão ser inseridas na própria
petição inicial da ação de conhecimento.

Particularmente, no caso da cautelar de produção antecipada de prova, tal resta


consagrado no artigo 381, caput, do CPC de 2015 e se aplica nos casos de risco de
perecimento da prova.

18.10. Meios de Prova:

Os meios de prova são os seguintes: depoimento pessoal, testemunhas, documentos,


perícias e inspeções judiciais.

18.10.1. Depoimento Pessoal: segundo Amauri Mascaro Nascimento é uma declaração


prestada pelo autor ou pelo réu, sobre os fatos objeto do litígio, perante o juiz.

1ª Observação: Súmula 74 do Tribunal Superior do Trabalho prevê que se aplica a


pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não
comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

2ª Observação: Entendemos, com a devida vênia e respeito ao posicionamento do


Tribunal Superior do Trabalho na Súmula 74, que se a parte estiver com advogado
constituído e a intimação for expedida em nome deste nos termos do artigo 106 do
Novo Código de Processo Civil, trata-se de intimação regular. Contudo, esse não é o
posicionamento do TST quando editou a Súmula em estudo.

135
Diz a Súmula 74:

Súmula 74 – CONFISSÃO.
I – Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela
cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria
depor.
II – A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para
confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015 – art. 400,
I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento
de provas posteriores.
III – A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a
ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de
conduzir o processo.

O fim buscado pela parte ao ouvir a parte contrária é a obtenção da confissão.

18.10.2. Confissão: segundo Amauri Mascaro Nascimento é uma prova que pesa sobre
quem a faz e em favor da parte contrária, que confirma as alegações do adversário.

Confissão: pode ser judicial ou extrajudicial.

Confissão: é revogável quando emanar de erro de fato, dolo ou coação (artigo 393 do
CPC de 2015).

Confissão: pode ser real quando obtida através do depoimento pessoal e ficta que é
presumida quando a parte não comparece na audiência na qual deveria depor.

1ª Observação: embora a lei processual trabalhista não esclareça se o depoimento


pessoal de uma parte pode ou não ser presenciado pela outra parte o CPC de 2015
preconiza no parágrafo 2º, do artigo 385 que “é vedado a quem ainda não depôs
assistir ao interrogatório da outra parte”.

136
2ª Observação: pode ocorrer da Vara do Trabalho adotar o sistema de audiência
fracionada. Se for o caso e na impossibilidade de conciliação na audiência inicial, o
juiz recebe a defensiva e designa audiência de instrução sendo que as partes saem
devidamente intimadas para a audiência em continuação quando deverão prestar
depoimento (Súmula 74 do Tribunal Superior do Trabalho). Na audiência de instrução
a falta do reclamante ou da reclamada – ainda que presente o advogado de uma ou
outra parte – induz na aplicação da pena de confissão quanto à matéria de fato
(confissão ficta). Todavia, de acordo com a nova redação da Súmula 74, item II, do
Tribunal Superior do Trabalho, a confissão ficta pode ser elidida por prova pré-
constituída nos autos.

18.10.3. Prova testemunhal: segundo Amauri Mascaro Nascimento, citando Echandia,


é um meio de prova que consiste na declaração representativa que uma pessoa, que não
é parte no processo, faz ao juiz, com fins processuais, sobre o que sabe a respeito de
um fato de qualquer natureza.

Testemunha: deve ser compromissada tendo o dever de falar a verdade, sob pena de
cometimento de crime de falso testemunho.

Testemunha: será inquirida pelo juiz e reinquirida pelos advogados das partes (artigo
820 da Consolidação das Leis do Trabalho).

18.10.3.1. Pessoas proibidas de depor como testemunha:


a) incapazes;
b) impedidos;
c) suspeitos.

Acerca da suspeição de testemunha veja-se a Súmula 357 do TST:

Súmula 357 – TESTEMUNHA – AÇÃO CONTRA A MESMA


RECLAMADA – SUSPEIÇÃO.
Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de
ter litigado contra o mesmo empregador.

137
18.10.3.2. Testemunha funcionário civil ou militar: depoimento a ser prestado durante
o horário de expediente – será requisitada ao chefe da repartição ou ao comando do
corpo em que servir para comparecer à audiência designada conforme dispõe o artigo
823 da Consolidação das Leis do Trabalho.

18.10.3.3. Depoimento em separado de cada testemunha: o depoimento prestado por


uma testemunha não deve ser presenciado por outras testemunhas – artigo 824 da
Consolidação das Leis do Trabalho.

Observação: com o advento do artigo 453, parágrafo 1º, do CPC de 2015 é possível a
oitiva de testemunha por vídeo conferência. A nosso ver se aplica subsidiariamente no
processo do trabalho.

18.10.3.4. Comparecimento da testemunha em audiência: mediante convite,


independente de notificação ou intimação (artigo 825, caput, da Consolidação das Leis
do Trabalho).

18.10.3.5. Ausência de testemunha devidamente convidada: no Tribunal Regional do


Trabalho da 2ª Região há um provimento pelo qual a parte pode requerer que a
testemunha seja intimada pelo juízo. Nova ausência da testemunha, ainda que intimada
pelo juízo, implica na necessidade de condução coercitiva (artigo 825, parágrafo único,
da Consolidação das Leis do Trabalho), sem prejuízo de aplicação de multa em caso de
falta injustificada na audiência anterior.

18.10.3.6. Substituição de testemunha no processo do trabalho: é possível e, nesse


caso, ante a omissão da Consolidação das Leis do Trabalho, aplica-se o disposto no
artigo 451 do CPC de 2015, a saber: falecimento da testemunha, enfermidade que não
permite condições da testemunha depor e mudança de residência da testemunha
quando esta não for encontrada pelo oficial de justiça.

18.10.4. Prova documental: Segundo Sérgio Pinto Martins documento é a forma de


uma coisa poder ser conhecida por outra, de modo a reproduzir certa manifestação de
pensamento. Em suma, o ilustre autor, o documento representa um fato ocorrido.

138
1ª Observação: Com o advento da Lei nº 11.925/2009 foi alterada a redação do artigo
830 da Consolidação das Leis do Trabalho, conforme abaixo:

Artigo 830 – O documento em cópia oferecido para prova poderá ser


declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade
pessoal.

Parágrafo único – Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a


produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou
o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e
certificar a conformidade entre esses documentos.

2ª Observação: com o advento do artigo 384 do CPC de 2015 é possível à parte a quem
interessar a juntada de ata notarial, documento esse que permite atestar um fato por
alguém. Aplica-se subsidiariamente no processo do trabalho, sobretudo se levarmos
em conta que há uma forte limitação ao número de testemunhas.

3ª Observação: com o advento do artigo 422, parágrafo 1º, do CPC de 2015 é possível
utilizar como prova documental fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de
computadores. Frise-se que tais documentos já são aceitos no processo do trabalho,
pelo que sua aplicação subsidiária é indiscutível.

4ª Observação: com o advento do artigo 435, parágrafo único, do CPC de 2015 é


possível à parte que interessar que se faça a juntada de documentos após o momento
para juntá-los com a petição inicial ou na contestação, desde que comprove a boa fé
que se encontra prevista no artigo 5º, do CPC de 2015. Pensamos que tal dispositivo
legal poderá ser aplicado à luz dos parágrafos 1º a 3º do artigo 818, da CLT, com a
redação dada pela Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

18.10.4.1. Arguição de incidente de falsidade: é cabível subsidiária e supletivamente


no processo do trabalho conforme previsto no artigo 430 e seguintes do CPC de 2015,
por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

139
Observação: segundo preconiza o artigo 429 do CPC de 2015 quando se tratar de
falsidade de documento ou de preenchimento abusivo o ônus da prova cabe à parte que
a arguir, enquanto que se arguida a impugnação da autenticidade o ônus da prova é da
parte que produziu o documento.

18.10.5. Prova pericial: Segundo Sérgio Pinto Martins consiste em exame, vistoria ou
avaliação feita por um perito sobre fatos objeto da causa. O perito nomeado pelo juízo
detém conhecimento técnico especializado que falta ao magistrado.

Observação: Compromisso: está o perito obrigado a prestar compromisso (artigo 827


da Consolidação das Leis do Trabalho).

18.10.5.1. Aplicabilidade da prova pericial: na fase de conhecimento nos litígios que


envolvem pedido de condenação da reclamada no adicional de insalubridade e no
adicional de periculosidade. Também utilizada na fase de conhecimento quando a
parte requer perícia médica a fim de comprovar nexo de causalidade entre o labor
exercido a doença adquirida para fins de indenização. Na fase de liquidação de
sentença tem aplicabilidade quando os cálculos do reclamante se apresentam em total
desconformidade com os cálculos apresentados pela reclamada, o que implica na
designação de prova pericial contábil.

18.10.5.2. Contraditório e ampla defesa na prova pericial: após a apresentação do


laudo pelo perito as partes devem ser intimadas para se manifestar sobre o mesmo e até
mesmo impugná-lo, em observância ao princípio do contraditório e da ampla defesa
nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988.

18.10.5.3. Prova pericial emprestada: a doutrina não é uníssona acerca da possibilidade


de utilização de prova pericial emprestada. No caso do pedido de adicional de
insalubridade pode-se dizer que, não raro, o meio ambiente do trabalho é desativado
em razão de mudança da sede do empreendimento ou complemente reestruturado.
Nesse passo, se o empregado se ativou em condições não mais existentes, o novo
laudo pericial não se prestará como prova em seu favor. O problema do laudo pericial
emprestado é que nem sempre as condições de trabalho daquele outro trabalhador que

140
foi beneficiado por um laudo positivo de insalubridade se aplicavam ao empregado ora
postulante ao mesmo adicional. Em nosso entendimento, em regra, não é possível o
uso da prova emprestada, embora o artigo 372 do CPC de 2015 a admite, em reforço
ao contido na Orientação Jurisprudencial nº 278 da SDI-I do TST no tocante ao
adicional de insalubridade.

18.10.6. Inspeção judicial: Segundo Moacyr Amaral Santos, é a percepção sensorial


direta do juiz, a fim de esclarecer quanto a fato, sobre qualidades ou circunstâncias
corpóreas de pessoas ou coisas.

Observação: Nada impede que o juiz, ao invés de determinar inspeção judicial e


comparecer pessoalmente ao local dos fatos, determine que se faça por oficial de
justiça por intermédio de “mandado de constatação”.

141
19. RAZÕES FINAIS. SENTENÇA. VALOR DA CONDENAÇÃO. CUSTAS E
DESPESAS PROCESSUAIS. ÉTICA NO PROCESSO DO TRABALHO E
RESPONSABILIDADE POR DANO PROCESSUAL. PUBLICAÇÃO.
TRÂNSITO EM JULGADO.

19.1. Razões Finais:

Objetivo: ressaltar pontos importantes da instrução que favorece a parte que apresenta
as razões finais e ressaltar pontos que desfavorecem a parte contrária. Se a parte tiver
protestado em audiência de decisões interlocutórias do juiz do trabalho deverá renovar
os protestos em sede de razões finais.

Artigo 850 da Consolidação das Leis do Trabalho: razões finais – 10 (dez) minutos
para cada parte.

As razões finais podem ser remissivas (quando se remete o juiz do trabalho para tudo o
que foi alegado e provado).

Por fim, quando o feito é de maior complexidade é possível que o juiz do trabalho
defira prazo para apresentação da razões finais por memoriais escritos.

Após as razões finais deve o juiz renovar a proposta conciliatória (segunda tentativa
obrigatória de conciliação).

Artigo 851 da Consolidação das Leis do Trabalho: transcrição da audiência em ata.

19.2. Sentença:

Artigo 162 do Código de Processo Civil - atos do juiz:

a) sentenças;
b) decisões interlocutórias;
c) despachos.

142
19.2.1. Sentença: é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos artigos
485 e 487 desta Lei (CPC de 2015).

1ª Observação: com o advento do artigo 356, do CPC de 2015, houve por bem o
legislador ordinário criar hipótese de julgamento parcial de mérito. O Novo dispositivo
legal, a nosso ver, não será aplicável subsidiária e supletivamente no processo do
trabalho, eis que o parágrafo 5º desse mesmo artigo consagra a possibilidade de
interposição de agravo de instrumento dessa decisão, recurso esse de cabimento
restrito, diferentemente do processo civil. Ademais, o aprazamento de audiências na
Justiça do Trabalho é inferior aos processos que tramitam na Justiça Federal e na
Justiça Comum Estadual, o que torna essa regra desnecessária. Contudo, se for
sustentada aplicação subsidiária e supletiva desse artigo no processo do trabalho, a
forma de impugnar essa decisão parcial será feita pela via do mandado de segurança.

2ª Observação: com o advento do artigo 489, parágrafo 1º, do CPC de 2015, deve o
juiz rebater, na decisão judicial, todos os pontos alegados pelas partes. Com o devido
respeito a posicionamentos em contrário pensamos que esse artigo não deva ser
aplicado subsidiariamente no processo do trabalho, eis que deve o juiz do trabalho
apenas e tão somente rebater as principais argumentações do reclamante e da
reclamada.

19.2.2. Decisão interlocutória: é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve
questão incidente.

19.2.3. Despachos: todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a


requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma. Tais atos não
contêm qualquer carga decisória.

19.3. Valor da Condenação:

É o valor fixado pelo juiz do trabalho na sentença e sobre a mesma irá incidir custas
processuais, bem como deverá balizar o valor do depósito recursal.

143
Observação: o depósito recursal tem limite máximo fixado em lei, independentemente
do valor atribuído à condenação.

19.4. Custas Processuais:

Fundamentação legal: artigos 789, 789-A, 789-B, 790, 790-A e 790-B da


Consolidação das Leis do Trabalho:

a) acordo ou condenação: sobre o respectivo valor;


b) extinção do processo sem exame do mérito ou julgamento de improcedência – sobre
o valor atribuído à causa;
c) procedência em ação declaratória ou constitutiva – sobre o valor atribuído à causa;
d) quando o valor foi indeterminado – sobre o valor que o juiz fixar.

19.4.1. Custas nos dissídios individuais: pagas pelo vencido após o trânsito em
julgado. Em caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento
dentro do prazo recursal.

1ª Observação: De acordo com o artigo 1007, parágrafo 2º, do CPC de 2015, quando
as custas forem recolhidas a menor, deverá o juiz intimar a parte recorrente para
complementá-las no prazo de 05 dias, sob pena de deserção. Contudo, entendemos que
como o depósito recursal não está regulamentado pelo CPC, mas sim pela
Consolidação das Leis do Trabalho, se este for depositado a menor a recurso será
considerado deserto de imediato, sem a fixação do prazo de 05 dias para a sua
complementação.

Reforma Trabalhista:

O artigo 789, caput, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, contempla
o seguinte teor:

Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho,


nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem

144
como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento
incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64
(dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e
serão calculadas:

2ª Observação: Na redação anterior havia apenas limite mínimo de recolhimento de


custas processuais. A partir de nova redação acima não existe apenas limite mínimo,
mas também limite máximo de recolhimentos de custas processuais.

19.4.2. Custas nos dissídios coletivos: as partes vencidas responderão solidariamente


pelo pagamento das custas que serão calculadas sobre o valor arbitrado na decisão pelo
Presidente do Tribunal.

19.4.3. Entes públicos com status de fazenda pública e Ministério Público do Trabalho
– isentos de custas.

19.4.4. Ação trabalhista parcialmente procedente:

Reforma Trabalhista:

Dispõe o artigo 791-A da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento)
e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública


e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de
sua categoria.

§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:

145
I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu


serviço.

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de


sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
honorários.

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido


em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado
esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Observação: Até a nova redação ao artigo acima citado não se falava em sucumbência
recíproca. Ou seja, no caso de ação trabalhista parcialmente procedente as custas
processuais ficavam somente a cargo do reclamado (empregador) sobre o valor
arbitrado à condenação pelo juiz. A partir da nova redação o reclamante também
deverá pagar custas processuais podendo ser executado no prazo de dois anos após o
trânsito em julgado da decisão que as certificou.

19.5. Honorários periciais:

Um pedido fundado em prova pericial somente pode ser apreciado após a realização de
uma perícia.

146
Como não há peritos funcionários públicos, necessária se faz a nomeação de um perito
compromissado pelo juiz do trabalho para a elaboração do laudo pericial.

Importante registrar que nesse caso deve o juiz do trabalho, levando em conta o tempo
e a complexidade do laudo pericial, fixar os honorários do expert.

Os casos mais comuns de necessidade de perícia são quando se postula adicional de


insalubridade, adicional de periculosidade, acidente do trabalho com sequelas, doença
profissional, prova grafotécnica e perícia contábil.

Reforma Trabalhista:

Dispõe o artigo 790-B da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é


da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária
da justiça gratuita.

§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o


limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do
Trabalho.

§ 2o O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários


periciais.

§ 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de


perícias.

§ 4o Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha


obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput,
ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo.

147
Quando a perícia é positiva, ou seja, a favor do reclamante, quem paga os honorários
do perito é a reclamada.

Quando a perícia é negativa, ou seja, desfavorável ao empregado, quem paga os


honorários do perito é o reclamante. Se o reclamante for beneficiário de justiça gratuita
e não puder arcar com tal despesa, esta será paga pela União Federal. Para isso, cada
Tribunal Regional do Trabalho dispõe de uma verba em seu orçamento para
atendimento dessa despesa.

19.6. Ética no processo do trabalho e responsabilidade por dano processual:

Reforma Trabalhista:

Com o advento da Lei nº 13.467/2017 foram inseridos na CLT os artigos 793-A até
793-D, cujos conteúdos são os seguintes:

Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé
como reclamante, reclamado ou interveniente.

Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato


incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do


processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do


processo;

148
VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente


protelatório.

Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de


má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e
inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a
parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os
honorários advocatícios e com todas as despesas que
efetuou.

§ 1o Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo


condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou
solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte
contrária.

§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa


poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência Social.

§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja
possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento
comum, nos próprios autos.

Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação


à testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir
fatos essenciais ao julgamento da causa.

Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos


mesmos autos.

Tem as partes o dever de agir com lealdade processual. Se assim não procederem
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, reconhecer uma das partes como litigante
de má-fé.

149
A multa decorrente do reconhecimento da litigância de má-fé, que poderá ser fixada de
ofício ou a requerimento, reverterá em favor da parte prejudicada e será fixada entre
1% (um por cento) e 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa e a
indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários
advocatícios e todas as despesas que efetuou nos termos do artigo 793-C, caput, da
CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017.

Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na


proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária no termos do artigo 793-C, parágrafo 1º, da CLT,
com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017.

O artigo 793-C, parágrafo 2º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017
prevê que no caso de valor da causa irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada
em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social.

O artigo 793-C, parágrafo 3º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017
prevê que o valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível
mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios
autos.

Estranho é o dispositivo previsto no artigo 793-D, da CLT, com a redação dada pela
Lei nº 13.467/2017 no sentido de que seja possível aplicar o artigo 793-C à testemunha
que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao
julgamento da causa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

19.7. Publicação:

Artigo 852 da Consolidação das Leis do Trabalho – as partes devem ser regularmente
intimadas da sentença para que, se quiserem, possam recorrer em caso de sucumbência
total ou parcial.

150
19.7.1. Formas:

a) em audiência.
b) pelo Diário Oficial.
c) Súmula 197 do Tribunal Superior do Trabalho. Diz a citada Súmula:

Súmula 197 – PRAZO PARA RECURSO DA PARTE QUE, INTIMADA,


NÃO COMPARECE À AUDIÊNCIA.
O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência
em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua
publicação.

19.8. Trânsito em Julgado:

Decisão imutável sobre a qual não é permitida a interposição de mais nenhum recurso
(coisa julgada).
A coisa julgada se subdivide em: coisa julgada formal e coisa julgada material.

Coisa julgada formal – é possível repropor nova ação trabalhista.

Coisa julgada material – não é possível repropor nova ação trabalhista.

De lembrar que o que transita em julgado é o dispositivo da sentença.

Observação: mesmo no caso de revelia e confissão da reclamada o artigo 852 da


Consolidação das Leis do Trabalho determina que a mesma seja intimada da sentença.

151
20. PROCEDIMENTOS (RITOS): ORDINÁRIO, SUMÁRIO E
SUMARÍSSIMO. INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA
GRAVE. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA.
HABEAS CORPUS. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.
PRESTAÇÃO DE CONTAS. AÇÕES POSSESSÓRIAS. RESTAURAÇÃO DE
AUTOS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AÇÃO ANULATÓRIA, AÇÃO
RESCISÓRIA, AÇÃO MONITÓRIA. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO
EXTRAJUDICIAL.

20.1. Procedimento: é a forma do andamento do processo. Para alguns doutrinadores


temos três procedimentos no direito processual do trabalho, a saber: sumário,
sumaríssimo e ordinário. Para outros doutrinadores o procedimento sumário foi
tacitamente revogado pela Lei nº 9.957/2000 que instituiu o procedimento
sumaríssimo para as causas cujo valor não ultrapasse a 40 salários mínimos. A
Súmula 356 do Tribunal Superior do Trabalho, de forma implícita, consagra a
existência de procedimento sumário.

Portanto, três seriam os procedimentos existentes no processo do trabalho, a saber:

a) de 0 a 2 salários mínimos de valor da causa – procedimento sumário.


b) mais de 2 até 40 salários mínimos de valor da causa – procedimento sumaríssimo.
c) mais de 40 salários mínimos de valor da causa – procedimento ordinário.

20.2. Os Procedimentos Especiais São os Seguintes:

20.2.1. Inquérito Para Apuração de Falta Grave:

Artigo 853 da Consolidação das Leis do Trabalho: quando da ocorrência de fato grave
do empregado estável o empregador apresentará reclamação trabalhista por escrito no
prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da data da suspensão do empregado.

152
Artigo 821, in fine, da Consolidação das Leis do Trabalho – número máximo de
testemunhas é de 06 (seis).

Nesta ação as partes são chamadas de requerente e requerido.

Observação: O inquérito para apuração de falta grave deve ser observado também no
caso do dirigente sindical que goza de estabilidade provisória, consoante interpretação
nesse sentido ao artigo 543, parágrafo 3º, in fine, da Consolidação das Leis do
Trabalho (Súmula 379 do Tribunal Superior do Trabalho). Todavia, não se aplica às
outras modalidades de estabilidade provisória como os detentores de mandato da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, as gestantes e os acidentados no
trabalho. Preconiza a Súmula 379:

Súmula 379 – DIRIGENTE SINDICAL – DESPEDIDA – FALTA


GRAVE – INQUÉRITO JUDICIAL.
O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave
mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543,
§ 3º, da CLT.

20.2.2. Ação de Cumprimento:

Ensina-nos Sérgio Pinto Martins que o cumprimento do dissídio coletivo (quer se trate
de acordo homologado ou de decisão), quando os empregadores não satisfizerem o
pagamento devido, se obtém por meio de reclamação individual, denominada de ação
de cumprimento, perante a Vara do Trabalho.

Preleciona Wagner D. Giglio que o conteúdo da decisão normativa não é executado,


mas cumprido, da mesma forma pela qual é cumprida a lei: espontaneamente ou
coercitivamente, através de ações judiciais de dissídios individuais.

Não se tratando, pois, de sentença condenatória a decisão normativa, não comporta


execução, mas apenas cumprimento, por ter conteúdo constitutivo-declaratório.

153
A Lei nº 8.984/95 menciona expressamente que compete à Justiça do Trabalho o
julgamento de dissídios para cumprimento de convenções ou acordos coletivos de
trabalho.

A Súmula 286 do Tribunal Superior do Trabalho, por sua vez, permite a propositura de
ação de cumprimento de convenção coletiva de trabalho ou de acordo coletivo de
trabalho e não apenas de sentença normativa. Diz a referida Súmula:

Súmula 286 – SINDICATO – SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL –


CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS – REDAÇÃO DADA PELA
RES. 98/2000, DJ 18.9.2000.
A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se
também à observância de acordo ou convenção coletivos.

20.2.3. Mandado de Segurança:

Nas palavras de Amauri Mascaro Nascimento mandado de segurança é o meio


impugnativo constitucional para a proteção de direito individual, próprio, líquido e
certo, não amparado por habeas corpus.

O remédio heróico encontra-se previsto no artigo 5º, inciso LXIX, da Carta


Republicana de 1988 e regulamentado pela Lei nº 12.016/2009 que revogou
expressamente a Lei nº 1.533/51.

Com o advento da Lei nº 12.016/2009 o mandado de segurança se presta a impugnar


ato de abuso de autoridade não amparado por habeas corpus ou habeas data.

O mandado de segurança pode ser individual ou coletivo.

Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 a competência para apreciação do


mandado de segurança era apenas dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal
Superior do Trabalho.

154
Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 o mandado de
segurança pode ser impetrado em primeiro grau. As hipóteses de impetração, que antes
eram de competência da Justiça Federal, são aquelas em que sejam autoridades
coatoras as autoridades administrativas do Ministério do Trabalho e Emprego.
Exemplos: lavratura de autos de infração em abuso de autoridade, negativa de
autorização de empresa de trabalho temporário, etc.

O prazo para propositura do mandado de segurança é de 120 (cento e vinte) dias. Tem
natureza jurídica decadencial.

O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial,


se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Todo o procedimento do mandado de segurança encontra-se previsto na Lei nº


12.016/2009 que revogou expressamente a Lei nº 1.533/51.

Os pressupostos do mandado de segurança são: fumus boni iuris (fumaça do bom


direito) e o periculum in mora (perigo na demora).

Sempre que haja possibilidade de interposição de um recurso (judicial ou


administrativo sem efeito suspensivo) não caberá, na hipótese, o mandado de
segurança.

A autoridade coatora será intimada para prestar informações no prazo de 10 (dez) dias.

É obrigatória a emissão de parecer do Ministério Público do Trabalho no prazo de 10


(dez) dias.

Com ou sem parecer do Ministério Público do Trabalho os autos serão conclusos ao


juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 dias.

Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

155
Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de
jurisdição.

Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

Pode o julgador conceder ou não a medida liminar postulada em sede de mandado de


segurança, cuja natureza jurídica é de antecipação de mérito.

A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada


provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão de medida liminar.

Não se concederá medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação
ou equiparação de servidores públicos e a concessão ou aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação


da sentença. Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.

Observação: Lei nº 13.676/2018 de 11/06/2018 alterou o artigo 16 da Lei nº


12.016/2009, como se vê abaixo:

Artigo 16 – Nos casos de competência originária dos tribunais,


caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa
oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.

Lembramos que a redação originária do artigo acima somente permitia a defesa oral
quando sessão do julgamento do mérito.

Súmula sobre Mandado de Segurança:

156
O TST editou as seguintes súmulas sobre mandado de segurança:

Súmula 33 – MANDADO DE SEGURANÇA – DECISÃO JUDICIAL


TRANSITADA EM JULGADO.
Não cabe mandado de segurança de decisão judicial transitada em
julgado.

Súmula 424 – RECURSO ADMINISTRATIVO – PRESSUPOSTO DE


ADMISSBILIDADE – DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA
ADMINISTRATIVA – NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DO § 1º DO ART. 636 DA CLT. O § 1º do art. 636 da CLT,
que estabelece a exigência de prova do depósito prévio do valor da multa
cominada em razão de atuação administrativa como pressuposto de
admissibilidade de recurso administrativo, não foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988, ante a sua incompatibilidade com o inciso
LV do art. 5º.

Súmula 414 - MANDADO DE SEGURANÇA – ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA
SENTENÇA.
I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação
pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso
ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso
ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao
presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação
subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de
2015.
II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida
antes da sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência
de recurso próprio.
III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o
objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão ou o
indeferimento da tutela provisória.

157
Súmula 415 – MANDADO DE SEGURANÇA – ART. 321 DO CPC DE
2015. ART. 284 DO CPC DE 1973. APLICABILIDADE.
Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída,
inaplicável se torna o art. 321 do CPC de 2015 (art. 284 do CPC de 1973)
quando verificada, na petição inicial do “mandamus”, a ausência de
documento indispensável ou de sua autenticação.

Súmula 416 – MANDADO DE SEGURANÇA – EXECUÇÃO – LEI N.


8.432/92, ART. 897, § 1º, DA CLT – CABIMENTO.
Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os
valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o
prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não
especificados no agravo.

Súmula 417 – MANDADO DE SEGURANÇA – PENHORA EM


DINHEIRO.
I – Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que
determina penhora em dinheiro do executado para garantir crédito
exequendo, pois é prioritária e obedece à gradação prevista no art. 835 do
CPC de 2015 (art. 655 do CPC de 1973).
II – Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o
executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em
dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos
requisitos do art. 840, I, do CPC de 2015 (art. 666, I, do CPC de 1973).

Súmula 418 – MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À


CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO.
A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito
líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

158
20.2.4. Habeas corpus:

Nas palavras de Wagner D. Giglio o habeas corpus, expressão latina que significa ter a
disposição de seu próprio corpo, constitui a mais antiga salvaguarda do cidadão contra
os desmandos do poder estatal, pois suas origens se encontram na Inglaterra do tempo
de João Sem Terra, que o introduziu na Magna Carta de 1215.

Continua o ilustre doutrinador a esclarecer que tal remédio constitucional foi inserido
já na Constituição do Império de 1824 e depois mantida na primeira Constituição
Republicana de 1891.

Em matéria trabalhista foi com a Emenda Constitucional nº 45/2004 que a


competência foi consagrada para apreciação do remédio constitucional, eis que
expressamente previsto, embora a jurisprudência fosse amplamente favorável à sua
aplicabilidade.

Conforme previsto no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 8.906/94)


não há obrigatoriedade de impetração desse remédio heróico por meio de profissional
habilitado naquele Órgão de fiscalização profissional.

Como se trata de cerceamento da liberdade de locomoção o habeas corpus tem


prioridade absoluta sobre os outros processos.

No tocante à matéria objeto do remédio heróico é pacífico o entendimento de que a


hipótese mais corriqueira é aquela da prisão decretada pelo juiz do trabalho do
depositário infiel na execução trabalhista.

Nesse caso, decretada a prisão do depositário infiel pelo juiz do trabalho de primeiro
grau o habeas corpus deverá ser impetrado junto ao Tribunal Regional do Trabalho
respectivo.

No que pertine a essa hipótese de impetração do habeas corpus importa salientar que
no ano de 2008 o Supremo Tribunal Federal decidiu não ser possível o decreto

159
prisional do depositário infiel, na medida em que aderiu ao Pacto de São José da Costa
Rica que contempla prisão civil apenas no caso de dívida decorrente de alimentos. A
propósito disso, como já dito anteriormente, o Supremo Tribunal Federal aprovou a
Súmula Vinculante nº 25 que considera ilícita a prisão do depósito infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito.

Surgiu uma nova situação fática na qual foi admitido o remédio heróico do habeas
corpus, qual seja, o do jogador de futebol “Oscar” que, vinculado ao São Paulo
Futebol Clube não queria mais jogar por aquela agremiação. Assinou contrato com o
Clube de Futebol Internacional. No julgamento de ação trabalhista proposta pelo São
Paulo Futebol Clube foi determinado o retorno do jogador àquela agremiação. O Clube
de Futebol Internacional impetrou um habeas corpus que lhe permitiu continuar nesse
clube.

É obrigatória a emissão de parecer do Ministério Público do Trabalho no habeas


corpus.

Segundo Wagner D. Giglio da decisão denegatória do habeas corpus pelo juiz do


trabalho de Tribunal Regional cabível é o Recurso Ordinário para o Tribunal Superior
do Trabalho.

20.2.5. Ação de Consignação em Pagamento:

Consiste na propositura de uma ação por parte do empregador em face do empregado a


fim de desonerar de mora o primeiro por conta de juros, correção monetária e também
da multa do artigo 477, parágrafo 8º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

20.2.5.1. Hipóteses – situações mais frequentes em matéria trabalhista segundo


Wagner D. Giglio:

a) recusa de recebimento pelo empregado dos salários ou das verbas rescisórias, ou dar
a respectiva quitação, sem justo motivo;

160
b) quando o empregado deixa de comparecer ao local de trabalho para receber salários,
ou ao sindicato da categoria ou perante autoridade do Ministério do Trabalho para
homologação da rescisão contratual;
c) quando o empregado for declarado ausente, ou falecer deixando saldo de salário e
seus herdeiros forem desconhecidos e quando o empregado se tornar legalmente
incapaz;
d) quando, embora conhecidos, houver litígio entre os herdeiros do empregado
falecido sobre o direito ao saldo de salário;
e) quando houver litígio entre o empregado e pessoa que seja seu credor por alimentos.

-cabimento no processo do trabalho – a doutrina é pacífica no entendimento que cabe


ação consignatória de pagamento no processo do trabalho, por força do disposto no
artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho e do artigo 15 do Código de Processo
Civil.

20.2.5.2. Consignação extrajudicial – artigo 539 do CPC de 2015 que tratam da


consignação extrajudicial – não tem sido utilizada em matéria trabalhista.

20.2.5.3. Consignação judicial – esta tem larga aplicação no processo do trabalho.

20.2.5.4. Procedimento segundo Sérgio Pinto Martins:

a) Petição inicial – deverá o consignante requerer o depósito da quantia a ser efetivado


no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese em que o
depósito já tenha sido feito.

b) O juiz designará dia, hora e local para que o depósito seja feito e para o respectivo
levantamento.

c) Citação (notificação) – é automática no processo do trabalho.

d) Deverá o réu – consignado – levantar o depósito ou oferecer defesa.

161
e) Contestação: ausência do autor – arquivamento do feito (artigo 844 da Consolidação
das Leis do Trabalho. Ausência do réu – aplicação dos efeitos da revelia e consequente
pena de confissão quanto à matéria de fato.

f) Alegações do réu na defesa que pode ser escrita ou oral no tempo de 20 (vinte)
minutos:

-não houve recusa ou mora para o recebimento da quantia;


-foi justa a recusa;
-o depósito não foi efetuado no prazo ou no lugar do pagamento;
-o depósito não é integral – nessa hipótese o réu deverá indicar o montante que entende
devido.

g) Depósito pode ser feito na conta vinculada ou em conta judicial com rendimento de
juros e correção monetária.

h) Uma vez contestada a ação consignatória passa-se ao rito ordinário. É permitida a


produção de provas.

i) Reconvenção – é possível desde que se trate do mesmo objeto e da mesma causa de


pedir e deve ser apresentada na peça de contestação. Em havendo divergência quanto
aos pedidos e quanto à causa de pedir não caberá ação reconvencional. Exemplo: na
ação se consignam verbas rescisórias e na reconvenção se postula o pagamento de
horas extras.

Observação: a partir do CPC de 2015 a reconvenção não deve ser apresentada em peça
apartada, mas sim incluída na peça denominada “contestação”.

j) Se o consignado receber e der quitação o juiz extinguirá o processo com julgamento


do mérito devendo ser condenado no pagamento das custas, salvo se isento.

162
k) Sentença: deverá o juiz estabelecer expressamente quais verbas que estão sendo
quitadas para que não haja dúvida a respeito do que está sendo pago, pois o empregado
poderá ter interesse em propor outra ação e a empresa irá alegar coisa julgada.

Observação: não raro o empregado – consignado – comparece à audiência sem


advogado ante o recebimento da notificação pelo Juízo. Desnecessário tecer
esclarecimentos acerca da hipossuficiência da maioria dos trabalhadores brasileiros.
Assim, é dever do juiz orientar à exaustão o trabalhador acerca de eventual
requerimento do empregador – consignante – no sentido de se dar quitação total ao
contrato de trabalho e se recusar a fazê-lo sempre com o intuito de preservar direitos
do trabalhador se postula-los futuramente.

20.2.6. Prestação de Contas:

A doutrina tem adotado entendimento pacífico quanto à possibilidade de propositura


de ação de prestação de contas em matéria trabalhista. Todavia, mister destacar que tal
ação não tem sido usada regularmente na Justiça do Trabalho. É uma espécie de ação
cominatória.

As hipóteses trazidas por Wagner D. Giglio e Sérgio Pinto Martins são decorrentes da
controvérsia entre empregado vendedor ou cobrador e seu empregador, ou também de
empregado comprador que pretende prestar contas ao empregador do que comprou dos
fornecedores.

Esclarece Sérgio Pinto Martins que normalmente o vendedor comissionista não recebe
as comissões das vendas realizadas, nem lhe são ofertadas as cópias dos pedidos de
vendas, para que possa ter controle do que vendeu, pagando-lhe o empregador com
adiantamentos e na forma de vales. Valer-se-ia o empregado, assim, da ação de
prestação de contas para exigir do empregador o demonstrativo das vendas realizadas e
das correspondentes comissões que lhe deveriam ser pagas.

163
Na prática, diz o doutrinador supracitado, o empregado costuma ingressar com a
reclamação trabalhista para que o empregador não só exiba os pedidos de vendas como
pague a diferença das comissões não recebidas.

Referida ação pode ser ajuizada tanto por quem tiver o direito de exigi-las ou a
obrigação de prestá-las.

Aplica-se, no que couber, subsidiariamente o disposto no artigo 914 e seguintes do


CPC de 2015.

20.2.7. Ações Possessórias:

A doutrina nunca foi unânime acerca da possibilidade ou não do ajuizamento de ações


possessórias. Sempre pareceu-nos razoável acerca da possibilidade dessas ações na
Justiça do Trabalho, desde decorrentes da relação de emprego. Exemplos podem ser
citados: imóvel utilizado pelo empregado para o exercício do trabalho ou ferramentas
não devolvidas pelo empregado ou mostruários de vendas.

Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 que alterou o artigo 114 da


Constituição Federal de 1988 a competência da Justiça do Trabalho foi ampliada para
apreciar todos os litígios decorrentes do direito de greve (grifei e negritei).

Nessa esteira de raciocínio a partir da Emenda Constitucional nº 45/2004 à Justiça do


Trabalho compete apreciar ações de interditos proibitórios ou ações de reintegração de
posse no caso de deflagração de movimento paredista, além de outras ações
possessórias decorrentes desse fato.

Como já dito anteriormente, em decisão de 2008 o Supremo Tribunal Federal entendeu


que as ações possessórias de interditos proibitórios decorrentes de atos de greve são de
competência da Justiça do Trabalho. Nesse sentido a Súmula Vinculante nº 25 daquela
Corte.

164
20.2.8. Restauração de autos:

A Consolidação das Leis do Trabalho é omissa quanto à restauração de autos


trabalhistas desaparecidos. Portanto, resta aplicável subsidiariamente o contido nos
artigos 712 a 718 do CPC de 2015.

Explica Wagner D. Giglio que a restauração de autos somente no caso de ausência de


autos suplementares.

Esclarece o renomado doutrinador, ainda, que se já houverem sido produzidas provas e


não existirem cópias (de atas, documentos, laudos, etc) para substituí-las, serão
repetidas, reinquirindo-se partes e testemunhas, realizando-se nova perícia e suprindo-
se os documentos originais por outros meios de prova, limitada à existência dos
mesmos documentos. Se qualquer testemunha houver falecido ou se achar
impossibilitada de depor, seu depoimento poderá ser comprovado pela inquirição de
novas testemunhas, suprindo-se de forma idêntica o laudo do perito falecido ou
impossibilitado, por outra razão, de renová-lo.

Se o juiz possuir cópia da sentença, será juntada aos autos e terá a mesma autoridade
da original.

Se porventura posteriormente aparecerem os autos originais a eles serão apensados os


restaurados, prosseguindo-se com o processamento normal daqueles.

20.2.09. Ação Civil Pública:

Ação civil pública é o tipo de ação onde se postula em juízo a defesa de direitos
difusos, interesses coletivos e interesses individuais homogêneos.
Tendo em vista que o objeto da ação ultrapassa a esfera individual de direitos costuma-
se dizer que a ação civil pública tutela direitos transindividuais.

Direitos difusos são aqueles de natureza transindividual, de natureza indivisível, de


que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

165
Direitos coletivos são aqueles de natureza transindividual, de natureza indivisível, de
que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base.

Direitos individuais homogêneos são aqueles decorrentes de origem comum.

A ação civil pública está regulada na Lei nº 7.347/85 e complementada pela Lei nº
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor, mas exclusivamente quanto à parte
processual).

Difere a ação civil pública da ação de dissídio coletivo, na medida em que a primeira
implica na prolação de sentença condenatória, enquanto que a segunda implica na
prolação de sentença declaratória-constitutiva.

A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho já se posicionou de forma taxativa


no sentido de que a ação civil pública deve ser proposta perante a Vara do Trabalho e
não perante o Tribunal Regional do Trabalho, eis que tal deve ocorrer no local do dano
(artigo 2º da Lei nº 7.347/85).

Vários são os co-legitimados para a propositura da ação civil pública (artigo 5º da Lei
nº 7.347/85). Todavia, quem mais a utiliza é o Ministério Público.

Em matéria trabalhista, também é co-legitimado o sindicato da categoria profissional.


Todavia, pouco uso faz desse remédio processual. Isto porque o poder investigatório é
atribuição exclusiva do Ministério Público do Trabalho, órgão com poderes de
requisitar documentos, realizar diligências etc.

Como já dito aqui o pleito é condenatório em obrigação de fazer ou não fazer ou o


pagamento de multa.

A atuação do Ministério Público do Trabalho pode ser como órgão agente ou como
órgão interveniente. Como órgão agente o Ministério Público do Trabalho instara
inquéritos civis públicos e ajuíza ações civis públicas, enquanto que como órgão

166
interveniente o Ministério Público do Trabalho emite pareceres circunstanciados em
processos nos quais haja interesse público.

Exemplos de atuação do Ministério Público do Trabalho como Órgão Agente:

a) discriminação dos trabalhadores.


b) falso cooperativismo de trabalho.
c) meio-ambiente do trabalho.
d) lides simuladas.
e) contratação de servidores públicos celetistas sem prévia realização de concurso
público.
f) trabalho escravo.
g) revista vexatória promovida por empresas aos seus empregados.
Sobre a competência para apreciação da Ação Civil Pública importa trazer à colação a
Orientação Jurisprudencial nº 130 da Seção de Dissídios Individuais II do TST:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA. LOCAL DO DANO. LEI


7.347/85, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
ARTIGO 93.

I – A competência para a Ação Civil Pública fixa-se pela extensão do


dano.
II – Em caso de dano de abrangência regional, que atinge cidades
sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência
será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que
vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos.
III – Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há
competência concorrente para a ação civil pública das varas do trabalho
das sedes dos Tribunais Regionais do Trabalho;
IV - Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido
distribuída.

167
20.2.10. Ação Anulatória:

20.2.10.1. Uma hipótese de ação anulatória é aquela cabível no processo de trabalho


no caso de cláusulas previstas em convenções coletivas de trabalho ou em acordos
coletivos de trabalho que contrariem direitos mínimos dos trabalhadores.

Para Renato Saraiva a ação anulatória consiste numa ação de conhecimento, de


natureza constitutiva-declaratória, que tem por objetivo a declaração de nulidade de
cláusulas estabelecidas em convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de
trabalho, ou mesmo em contratos individuais de trabalho, que violem as liberdades
individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores.

Embora a competência para apreciar referida ação seja controvertida o entendimento


que prevalece na doutrina é no sentido de que, por tratar-se de ação de natureza
coletiva, são competentes os Tribunais Regionais do Trabalho ou o Tribunal Superior
do Trabalho, dependendo da abrangência territorial dos entes acordantes da respectiva
convenção coletiva de trabalho ou do acordo coletivo de trabalho.

Para o citado doutrinador, se se tratar de cláusula de contrato individual de trabalho a


competência para apreciar o litígio é das Varas do Trabalho.

20.2.10.2. Outra hipótese de ação anulatória decorre do advento da Emenda


Constitucional nº 45/2004, que é aquela na qual pretende uma empresa obter
pronunciamento favorável no sentido de anular auto de infração emitido pelos órgãos
de fiscalização do trabalho como, por exemplo, no caso de nesse auto de infração faltar
capitulação legal ou mesmo quando contiver capitulação errônea em relação ao fato
narrado no referido documento.

Nesse caso a competência para apreciar essa ação anulatória é das Varas do Trabalho.

20.2.10.3: Com o advento do CPC de 2015 (artigo 903, caput) vislumbra-se a


possibilidade de propositura de uma nova ação anulatória na Justiça do Trabalho, em

168
especial quando se tratar de impugnar o valor da arrematação ou da adjudicação,
sobretudo porque não há correspondente neste do artigo 746 do CPC de 1973.

Nesse caso a competência para apreciar essa ação anulatória é das Varas do Trabalho.

20.2.11. Ação Rescisória:

Para Wagner D. Giglio o pressuposto para o ajuizamento de uma ação rescisória é o


trânsito em julgado de uma decisão. Isto porque se a decisão não transitou em julgado
é porque ainda passível de impugnação pela via recursal.

Referida decisão que transitou em julgado e que pode ser objeto da ação rescisória
deve deverá ter apreciado o mérito do litígio.

Para Manoel Antonio Teixeira Filho ação rescisória é aquela por meio da qual se pede
a desconstituição da coisa julgada, nos casos previstos em lei, podendo haver novo
julgamento da causa.

De acordo com o artigo 836 da Consolidação das Leis do Trabalho é cabível a ação
rescisória no processo do trabalho. Contudo, as hipóteses de cabimento são aquelas
previstas no artigo 966 do CPC de 2015, de aplicação subsidiária no processo do
trabalho, por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

É pressuposto para o ajuizamento da ação rescisão que o autor deposite 20% (vinte por
cento) do valor atribuído à causa, salvo prova de miserabilidade jurídica (artigo 836,
da Consolidação das Leis do Trabalho, in fine).

O prazo para a propositura é de 2 (dois) anos a partir do trânsito em julgado,prazo esse


de natureza decadencial, conforme artigo 975 do CPC de 2015.

20.2.12.1. Hipóteses de cabimento:

169
Artigo 966 do CPC de 2015 – A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser
rescindida quando:

a) se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do


juiz.
b) for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente.

c) resultar de dolo ou de coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida,


ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei.

d) ofender a coisa julgada.

e) violar manifestamente norma jurídica.

f) for fundada em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
venha a ser demonstrada na própria ação rescisória.

g) obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência


ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar
pronunciamento favorável.

h) for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

Observação: Com o advento do CPC de 2015 houve por bem o legislador ordinário em
excluir como hipótese de ação rescisória aquela que dizia que “houver fundamento
para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença”.
Assim, a partir desse novo diploma legal tal hipótese ensejará o cabimento de ação
anulatória, nos termos do artigo 966, parágrafo 4º, do CPC de 2015.

Excepcionalmente, segundo o CPC de 2015, também será cabível ação rescisória de


decisão que transitou em julgado, mas que não apreciou o mérito, ou seja, de decisão
terminativa, nos termos do artigo 966, parágrafo 2º, daquele diploma legal, que assim
preconiza:

170
Artigo 966
...
§ 2º - Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a
decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:
I – nova propositura de demanda; ou
II – admissibilidade do recurso correspondente.

A competência originária para apreciar a ação rescisória é dos Tribunais Regionais do


Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho.

Distribuída a ação rescisória, que sempre deve ser por escrito, com os requisitos do
artigo 840, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho e dos artigos 319 e 320
do CPC de 2015 por aplicação subsidiária e supletiva. Será sorteado o relator.

O relator determinará a citação do réu para apresente sua defesa no prazo de 15 a 30


dias, conforme artigo 970 do CPC de 2015.

Lembra Wagner D. Giglio que a ação rescisória não suspende a execução do julgado
rescindendo, mas o artigo 969 do CPC de 2015 para ressalvar, cautelarmente, a
concessão de tutela provisória.

Na peça vestibular o pleito, dependendo do inciso invocado do artigo 966 do CPC de


2015, poderá ser de corte rescisório e da prolação de nova decisão ou apenas de corte
rescisório.

Exemplo no qual se postula apenas o corte rescisório ocorre quando invocada violação
da coisa julgada ou de decisão proferida por juiz absolutamente incompetente.

1ª Observação: Súmula 259 do Tribunal Superior do Trabalho - somente por ação


rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do artigo
831 da Consolidação das Leis do Trabalho. Dispõe a Súmula 259:

171
Súmula 259 – TERMO DE CONCILIAÇÃO – AÇÃO RESCISÓRIA.
Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no
parágrafo único do art. 831 da CLT.

Observação: Com a exclusão da hipótese de cabimento de ação rescisória no caso de


“houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se
baseou a sentença” pensamos que há necessidade de reformulação da súmula acima
citada para admitir a ação anulatória de acordos celebrados na Justiça do Trabalho, na
forma do artigo 966, parágrafo 4º, do CPC de 2015.

Outras Súmulas do TST que tratam de ação rescisória:

Súmula 100 - AÇÃO RESCISÓRIA – DECADÊNCIA.


I – O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia
imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão
proferida na causa, seja de mérito ou não.
II – Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em
julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o
prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de
cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial
que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que
flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que
julgar o recurso parcial.
III – Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso
intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o
termo inicial do prazo decadencial.
IV – O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em
julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua
convicção através de outros elementos dos autos quanto à
antecipação ou postergação do dies a quo do prazo decadencial.
V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão
irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo

172
conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
judicial.
VI – Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação
rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não
interveio no processo principal, a partir do momento em que tem
ciência da fraude.
VII – Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão
do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário,
aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente
de direito e estiver em condições de imediato julgamento.
VIII – A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo
recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de
afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo
inicial do prazo decadencial para a ação rescisória.
IX – Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subsequente,
o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando
expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em
que não houve expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT.
X – Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso
do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário,
apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias.

Súmula 158 – AÇÃO RESCISÓRIA – RECURSO.


Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, é
cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em
face da organização judiciária trabalhista.

Súmula 192 – AÇÃO RESCISÓRIA – COMPETÊNCIA E


POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.
I – Ser não houver o conhecimento de recurso de revista ou de
embargos, a competência para julgar ação que vise a rescindir a
decisão de mérito é do Tribunal Regional do Trabalho, ressalvado o
disposto no item II.

173
II – Acórdão rescindendo do Tribunal Superior do Trabalho que não
conhece de recurso de embargos ou de revista, analisando arguição
de violação de dispositivo de lei material ou decidindo em
consonância com súmula de direito material ou com iterativa, notória
e atual jurisprudência de direito material da Seção de Dissídios
Individuais (Súmula n. 333), examina o mérito da causa, cabendo
ação rescisória da competência do Tribunal Superior do Trabalho.
III – Sob a égide do disposto no art. 512, do CPC de 1973, é
juridicamente impossível o pedido explícito de desconstituição de
sentença quando substituída por acórdão de Tribunal Regional ou
superveniente sentença homologatória de acordo que puser fim ao
litígio.
IV – Na vigência do CPC de 1973, é manifesta a impossibilidade
jurídica do pedido de rescisão de julgado proferido em agravo de
instrumento que, limitando-se a aferir o eventual desacerto do juízo
negativo de admissibilidade do recurso de revista, não substitui o
acórdão regional, na forma do art. 512 do CPC.
V – A decisão proferida pela SDI, em sede de agravo regimental,
calcada na Súmula n. 333, substitui acórdão de Turma do TST,
porque emite juízo de mérito, comportando, em tese, o corte
rescisório.

Súmula 298 – AÇÃO RESCISÓRIA – VIOLAÇÃO DE LEI –


PREQUESTIONAMENTO.
I – A conclusão acerca da ocorrência de violação literal de lei,
pressupõe pronunciamento explícito, na sentença rescindenda, sobre
a matéria veiculada.
II – O prequestionamento exigido em ação rescisória diz respeito à
matéria e ao enfoque específico da tese debatida na ação e não,
necessariamente, ao dispositivo legal tido por violado. Basta que o
conteúdo de norma, reputada como violada, tenha sido abordado na
decisão rescindenda para que se considere preenchido o pressuposto
do prequestionamento.

174
III – Para efeito de ação rescisória, considera-se prequestionada, a
matéria tratada na sentença quando, examinando remessa de ofício, o
Tribunal simplesmente a confirma.
IV – A sentença meramente homologatória, que silencia sobre os
motivos de convencimento do juiz, não se mostra rescindível, por
ausência de prequestionamento.
V – Não é absoluta a exigência de prequestionamento na ação
rescisória. Ainda que a ação rescisória tenha por fundamento
violação de dispositivo legal, é prescindível o prequestionamento
quando o vício nasce no próprio julgamento, como se dá com a
sentença extra, citra e ultra petita.

Súmula 299 – AÇÃO RESCISÓRIA – DECISÃO RESCINDENDA


– TRÂNSITO EM JULGADO – COMPROVAÇÃO – EFEITOS.
I – É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do
trânsito em julgado da decisão rescindenda.
II – Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial
o documento comprobatório, abrirá prazo de 15 (quinze) dias para
que o faça, sob pena de indeferimento.
III – A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é
pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da
ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao
ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na
medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação
rescisória preventiva.
IV – O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se
pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação
da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada
extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir
decisão transitada em julgado a ser rescindida.

Súmula 397 – AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 966, IV, DO CPC DE


2015. ART. 485, IV, DO CPC DE 1973. AÇÃO DE

175
CUMPRIMENTO. OFENSA À COISA JULGADA EMANADA DE
SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM GRAU DE
RECURSO – INVIABILIDADE – CABIMENTO DE MANDADO
DE SEGURANÇA.
Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada
perpetrada por decisão proferida em ação de cumprimento, em face
de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em
grau de recurso, porque em dissídio coletivo somente se
consubstancia coisa julgada formal. Assim, os meios processuais
aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a exceção de
pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de
descumprimento do art. 514 do CPC de 2015 (art. 572 do CPC de
1973).

Súmula 398 – AÇÃO RESCISÓRIA – AUSÊNCIA DE DEFESA –


INAPLICÁVEIS OS EFEITOS DA REVELIA.
Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do
Estado, acobertado pelo manto da coisa julgada. Assim sendo, e
considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública,
a revelia não produz confissão na ação rescisória.

Súmula 399 – AÇÃO RESCISÓRIA – CABIMENTO – SENTENÇA


DE MÉRITO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE
ADJUDICAÇÃO, DE ARREMATAÇÃO E DE CÁLCULOS.
I – É incabível ação rescisória para impugnar decisão homologatória
de adjudicação ou de arrematação.
II – A decisão homologatória de cálculos apenas comporta rescisão
quando enfrentar as questões envolvidas na elaboração da conta de
liquidação, quer solvendo a controvérsia das partes quer explicitando,
de ofício, os motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por
uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela
outra.

176
Súmula 400 – AÇÃO RESCISÓRIA DE AÇÃO RESCISÓRIA –
VIOLAÇÃO DE LEI – INDICAÇÃO DOS MESMOS
DISPOSITIVOS LEGAIS APONTADOS NA RESCISÓRIA
PRIMITIVA.
Em se tratando de rescisória de rescisória, o vício apontado deve
nascer na decisão rescindenda, não se admitindo a rediscussão do
acerto do julgamento da rescisória anterior. Assim, não se admite
rescisória calcada no inciso V do art. 966 do CPC de 2015 (art. 485,
V, do CPC de 1973) para discussão, por má aplicação da mesma
norma jurídica, tida por violada na rescisória anterior, bem como para
arguição de questões inerentes à ação rescisória primitiva.

Súmula 401 – AÇÃO RESCISÓRIA – DESCONTOS LEGAIS –


FASE DE EXECUÇÃO – SENTENÇA EXEQUENDA OMISSA –
INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA.
Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efetuados pelo juízo
executório, ainda que a sentença exequenda tenha sido omissa sobre a
questão, dado o caráter de ordem pública ostentado pela norma que
os disciplina. A ofensa à coisa julgada somente poderá ser
caracterizada na hipótese de o título exequendo, expressamente,
afastar a dedução dos valores a título de imposto de renda e de
contribuição previdenciária.

Súmula 402 – AÇÃO RESCISÓRIA – DOCUMENTO NOVO –


DISSÍDIO COLETIVO – SENTENÇA NORMATIVA.
I – Sob a vigência do CPC de 2015 (art. 966, inciso VII), para efeito
de ação rescisória, considera-se prova nova a cronologicamente
velha, já existente ao tempo do trânsito em julgado da decisão
rescindenda, mas ignorada pelo interessado ou de impossível
utilização, à época, no processo.
II - Não é prova nova apta a viabilizar a desconstituição de julgado:
a) sentença normativa proferida ou transitada em julgado
posteriormente à sentença rescindenda;

177
b) sentença normativa preexistente à sentença rescindenda, mas não
exibida no processo principal, em virtude de negligência da parte,
quando podia e deveria louvar-se de documento já existente e não
ignorado quando emitida a decisão rescindenda.

Súmula 403 – AÇÃO RESCISÓRIA – DOLO DA PARTE


VENCEDORA EM DETRIMENTO DA VENCIDA – ART. 485, III,
DO CPC.
I – Não caracteriza dolo processual, previsto no art. 485, III, do CPC,
o simples fato de a parte vencedora haver silenciado a respeito de
fatos contrários a ela, porque o procedimento, por si só, não constitui
ardil do qual resulte cerceamento de defesa e, em consequência,
desvie o juiz de uma sentença não-condizente com a verdade.
II – Se a decisão rescindenda é homologatória de acordo, não há parte
vencedora ou vencida, razão pela qual não é possível a sua
desconstituição calcada no inciso III do art. 485 do CPC (dolo da
parte vencedora em detrimento da vencida), pois constitui
fundamento de rescindibilidade que supõe solução jurisdicional para
a lide.

Súmula 404 – AÇÃO RESCISÓRIA – FUNDAMENTO PARA


INVALIDAR CONFISSÃO – CONFISSÃO FICTA –
INADEQUAÇÃO DO ENQUADRAMENTO NO ART. 485, VIII,
DO CPC.
O art. 485, VIII, do CPC, ao tratar do fundamento para invalidar a
confissão como hipótese de rescindibilidade da decisão judicial,
refere-se à confissão real, fruto de erro, dolo ou coação, e não à
confissão ficta resultante de revelia.

Súmula 405 – AÇÃO RESCISÓRIA – LIMINAR –


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
Em face do que dispõe a MP 1.984-22/00 e reedições e o artigo 969,
do CPC de 2015, é cabível o pedido de tutela provisória formulado na

178
petição inicial de ação rescisória ou na fase recursal, visando a
suspender a execução da decisão rescindenda.

Súmula 406 – AÇÃO RESCISÓRIA – LITISCONSÓRCIO –


NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E FACULTATIVO NO
ATIVO – INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO
SINDICATO.
I – O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao
pólo passivo da demanda, porque supõe uma comunidade de direitos
ou de obrigações que não admite solução díspar para os
litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao
pólo ativo, o litisconsórcio é facultativo, uma vez que a aglutinação
de autores se faz por conveniência e não pela necessidade decorrente
da natureza do litígio, pois não se pode condicionar o exercício do
direito individual de um dos litigantes no processo originário à
anuência dos demais para retomar a lide.
II – O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação
trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão rescindenda,
possui legitimidade para figurar como réu na ação rescisória, sendo
descabida a exigência de citação de todos os empregados
substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio passivo necessário.

Súmula 407 – AÇÃO RESCISÓRIA – MINISTÉRIO PÚBLICO –


LEGITIMIDADE “AD CAUSAM” PREVISTA NO ART. 967, III,
“A”,“B” E “C” DO CPC DE 2015. ART. 487, III, “A’ E “B” DO
CPC DE 1973. HIPÓTESES SÃO MERAMENTE
EXEMPLIFICATIVAS.
A legitimidade “ad causam” do Ministério Público para propor ação
rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem
à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas “a”, “b” e “c” do
inciso III do art. 967 do CPC de 2015 (art. 487, III, “a” e “b” do CPC
de 1973), uma vez que traduzem hipóteses meramente
exemplificativas.

179
Súmula 408 – AÇÃO RESCISÓRIA – PETIÇÃO INICIAL –
CAUSA DE PEDIR – AUSÊNCIA DE CAPITULAÇÃO OU
CAPITULAÇÃO ERRÔNEA NO ART. 966 DO CPC DE 2015.
ART. 485 DO CPC DE 1973 – PRINCÍPIO “IURA NOVIT
CURIA”.
Não padece de inépcia a petição inicial de ação rescisória apenas
porque omite a subsunção do fundamento de rescindibilidade no art.
966 do CPC de 2015 (art. 485 do CPC de 1973) ou o capitula
erroneamente em um de seus incisos. Contanto que não se afaste dos
fatos e fundamentos jurídicos invocados como causa de pedir, ao
Tribunal é lícito emprestar-lhes a adequada qualificação jurídica
(“iura novit curia”). No entanto, fundando-se a ação rescisória no art.
966, inc. V, do CPC de 2015 (artigo 485, V, do CPC de 1973), é
indispensável expressa indicação, na petição inicial da ação
rescisória, da norma jurídica manifestamente violada (dispositivo
legal violado sob o CPC de 1973), por se tratar de causa de pedir da
rescisória, não se aplicando, no caso, o princípio “iura novit curia”.

Súmula 409 – AÇÃO RESCISÓRIA – PRAZO PRESCRICIONAL –


TOTAL OU PARCIAL – VIOLAÇÃO DO ART. 7º, XXIX, DA
CF/88 – MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.
Não procede ação rescisória calcada em violação do art. 7º, XXIX, da
CF/88 quando a questão envolve discussão sobre a espécie de prazo
prescricional aplicável aos créditos trabalhistas, se total ou parcial,
porque a matéria tem índole infraconstitucional, construída, na
Justiça do Trabalho, no plano jurisprudencial.

Súmula 410 – AÇÃO RESCISÓRIA – REEXAME DE FATOS E


PROVAS - INVIABILIDADE.
A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de
fatos e provas do processo que originou a decisão rescindenda.

180
Súmula 411 – AÇÃO RESCISÓRIA – SENTENÇA DE MÉRITO –
DECISÃO DE TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO EM
AGRAVO REGIMENTAL CONFIRMANDO DECISÃO
MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE, APLICANDO A
SÚMULA N. 83 DO TST, INDEFERIU A PETIÇÃO INICIAL DA
AÇÃO RESCISÓRIA – CABIMENTO.
Se a decisão recorrida, em agravo regimental, aprecia a matéria na
fundamentação, sob o enfoque das Súmulas ns. 83 do TST e 343 do
STF, constitui sentença de mérito, ainda que haja resultado no
indeferimento da petição inicial e na extinção do processo sem
julgamento do mérito. Sujeita-se, assim, à reforma pelo TST, a
decisão do Tribunal que, invocando controvérsia na interpretação da
lei, indefere-se a petição inicial de ação rescisória.

Súmula 412 – AÇÃO RESCISÓRIA – SENTENÇA DE MÉRITO –


QUESTÃO PROCESSUAL.
Sob a égide do CPC de 1973, pode uma questão processual ser objeto
de rescisão desde que consista em pressuposto de validade de uma
sentença de mérito.

Súmula 413 – AÇÃO RESCISÓRIA – SENTENÇA DE MÉRITO –


VIOLAÇÃO DO ART. 896, “A”, DA CLT.
É incabível ação rescisória, por violação do art. 896, “a”, da CLT,
contra decisão que não conhece de recurso de revista, com base em
divergência jurisprudencial, pois não se cuida de sentença de mérito.

20.2.12.2 – Nova hipótese de ação rescisória segundo o CPC de 2015, em especial


quanto ao dies a quo do prazo decadencial:

Nos termos do artigo 525, parágrafos, 12, 13, 14 e 15, do CPC de 2015 também é
cabível ação rescisória quando:

Artigo 525...

181
...
Parágrafo 12 – Para efeito do disposto no inciso III, do art. 1º deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação
ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal
Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso.

Parágrafo 13 – No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo


Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção à
segurança jurídica.

Parágrafo 14 – A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12


deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.

Parágrafo 15 – Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito


em julgado da decisão exequenda, caberá rescisória, cujo prazo será
contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal.

20.2.13. Ação Monitória:

Ação prevista nos artigos 700 a 702 do CPC de 2015, como espécie de procedimento
especial.

Monitório, segundo Sérgio Pinto Martins, é sinônimo de injunção, ordem ou aviso


formal do juiz: mandado judicial. Para o ilustre doutrinador a monitória seria uma
advertência destinada ao devedor para que pague ou entregue alguma coisa.

Natureza jurídica: é uma ação especial. Uma vez contestada assume o rito ordinário.

182
Finalidade: visa a formação do título executivo, mediante cognição sumária, mediante
a expedição de um mandado ao devedor.

Classificação: (Sérgio Pinto Martins) - duas formas:

a) puro – quando não há prova documental.


b) documental – quando há necessidade de prova escrita da obrigação.

20.2.13.1. Direito Pátrio – adotou o legislador pátrio a segunda forma, conforme


artigo 700 do CPC de 2015, in verbis:

Art.700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir
do devedor capaz: a) o pagamento de quantia em dinheiro e b) a entrega de
coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel.

20.2.13.2. Cabimento no processo do trabalho – Sérgio Pinto Martins entende ser


incabível referida ação no processo do trabalho (Direito Processual do Trabalho, Ed.
Atlas, 21ª ed., 2004, pág. 552). Outros doutrinadores entendem ser plenamente
cabível. É o caso de Wagner D. Giglio (Direito Processual do Trabalho, Ed. Saraiva,
13ª ed., 2003, págs. 291/292) e de Leonardo Dias Borges (Direito Processual do
Trabalho, Ed. Impetus, 4ª ed., 2004, pág. 314).

20.2.13.3. Exemplos de cabimento da ação monitória no processo do trabalho:

a) Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT não quitado.


b) acordo para pagamento parcelado das verbas rescisórias.
c) confissão de dívida.

Observação: não cabe ação monitória em face da Fazenda Pública tendo em vista que
a execução deve obedecer ao contido nos artigos 910 do CPC de 2015.

183
20.2.13.4. Competência para apreciação: juiz do trabalho de primeiro grau ou juiz de
direito de primeiro grau investido da jurisdição trabalhista.

20.2.13.5. Procedimento segundo Wagner D. Giglio:

a) Propositura de ação em obediência ao contido no artigo 840, parágrafo 1º, da


Consolidação das Leis do Trabalho. Após análise perfunctória, se o juiz do trabalho
estiver convencido acerca do pedido e da prova escrita deferirá a expedição de
mandado para que o réu efetue o pagamento ou a entrega no prazo de 15 (quinze) dias
(artigo 701 do CPC de 2015). Em caso contrário, o juiz indeferirá o pedido de
injunção, em decisão terminativa do procedimento monitório que abre margem a
recurso de agravo de petição.

b) Tomando ciência da ordem judicial o réu poderá ter três reações:

b.1 - quitar o débito entregando a coisa ou depositando a quantia devida em juízo,


mediante guia;

b.2 - insurgir-se apresentando embargos ao mandado no prazo de 15 (quinze) dias;

b.3 - permanecer inerte sem satisfazer a obrigação nem contrariar o pedido.


No primeiro caso a obrigação e o processo se extinguem e o réu fica isento do
pagamento de custas, conforme preconiza o artigo 701, parágrafo 1º, do CPC de 2015.

No segundo caso instrui-se o processo pelo rito dos embargos à execução ficando
suspensa a eficácia do mandado inicial até decisão final dos embargos. Será possível
ao devedor discutir a constituição do título executivo ou argüir problemas referentes
aos pressupostos processuais genéricos e às condições da ação. Os embargos
independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos, pelo
procedimento ordinário (artigo 701, parágrafo 2º, do CPC de 2015). Se rejeitados os
embargos constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o
devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título II, da Parte Especial do

184
Novo Código de Processo Civil, conforme preceituado no artigo 701, parágrafo 2º, do
CPC de 2015.

No terceiro caso constitui-se de pleno direito o título executivo judicial.

20.2.14. Homologação de acordo extrajudicial em processo de jurisdição voluntária:

Reforma trabalhista:

Com a Lei nº 13.467/2017 foram inseridos os artigos 855-B até 855-E, da CLT, com
os seguintes teores:

Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início


por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por
advogado.

§ 1o As partes não poderão ser representadas por advogado


comum.

§ 2o Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de


sua categoria.

Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido


no § 6o do art. 477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa
prevista no § 8o art. 477 desta Consolidação.

Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o


juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e
proferirá sentença.

Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o


prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela
especificados.

Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte


ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.
185
1ª Observação: Os artigos acima tratam de verdadeira novidade trabalhista tendo como
intuito principal solucionar litígios trabalhistas onde as partes, de antemão, já tenham
um acordo celebrado fora do Juízo, mas com o intuito de quitar o contrato de trabalho.

2ª Observação: A petição conjunta em Juízo implica na obrigatoriedade de as partes


estarem representadas por advogado sendo vedado que seja o mesmo advogado para
ambas as partes.

3ª Observação: Se o empregado entender necessário poderá estar representado por um


advogado do sindicato da categoria profissional.

186
21. RECURSOS. GENERALIDADES. EFEITOS: SUSPENSIVO E
DEVOLUTIVO. PRESSUPOSTOS. ESPÉCIES DE RECURSOS CABÍVEIS NO
PROCESSO DO TRABALHO.

21.1. Conceito: Sérgio Pinto Martins: é o meio processual estabelecido para provocar o
reexame de determinada decisão visando à obtenção de sua reforma ou modificação.

21.2. Princípios:

21.2.1. Princípio do duplo grau de jurisdição: não está expresso, mas sim implícito na
Constituição Federal de 1988 – Ex: artigos 108 e 109 da Constituição Federal de 1988
quando estabelecem a competência dos juízes federais e dos tribunais regionais
federais.

21.2.2. Princípio da uni-recorribilidade: somente é possível a interposição de um


recurso de cada vez.

21.2.3. Princípio da fungibilidade: é o aproveitamento de um recurso erroneamente


nominado, como se fosse o que devia ser interposto.

21.2.3.1. Requisitos da fungibilidade recursal:

a) dúvida sobre o recurso cabível.


b) inexistência de erro grosseiro.
c) deve ser interposto no prazo para o recurso que seria cabível.

21.3. Peculiaridades dos recursos no processo do trabalho:

21.3.1. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

Acerca dessa peculiaridade vejamos os contido na Súmula 214 do Tribunal Superior


do Trabalho:

187
Súmula 214 – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA –
IRRECORRIBILIDADE – NOVA REDAÇÃO.
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as
decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas
hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

21.3.2. Inexigibilidade de fundamentação – para Sérgio Pinto Martins tal peculiaridade


tem aplicação apenas quando da interposição de Recurso Ordinário.

O artigo 899 da Consolidação das Leis do Trabalho dispõe que os recursos serão
interpostos por simples petição, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.

Contudo, a Súmula 422 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe que:

Súmula 422 - RECURSO – APELO QUE NÃO ATACA OS


FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA – NÃO
CONHECIMENTO – ART. 514, II, DO CPC.
Não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de
admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões do
recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos
termos em que fora proposta.

21.3.3. Instância única – nos litígios de alçada, assim considerados aqueles cujo valor
da causa não ultrapasse dois salários mínimos – não cabimento de qualquer recurso,
salvo se a matéria debatida nos autos for de natureza constitucional.

188
21.4. Efeitos:

São eles: devolutivo, devolutivo e suspensivo, translativo, substitutivo, extensivo e


regressivo.

21.4.1. Efeito devolutivo – inerente a todos os recursos – devolve à apreciação do


tribunal a matéria recorrida.

Sobre o efeito devolutivo em profundidade veja-se a Súmula 393 do TST:

Súmula 393 – RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM


PROFUNDIDADE. ART. 515, § 1º, DO CPC.
I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se
extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de 2015, transfere ao Tribunal a
apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados
pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que
relativos ao capítulo impugnado.
II – Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso
ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do
art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da
sentença no exame de um dos pedidos.

21.4.2. Efeito devolutivo e suspensivo – somente em alguns casos e impede a


possibilidade de execução por meio de carta de sentença.

21.4.3. Efeito translativo - Nelson Nery Junior sustenta existir, também, o efeito
translativo, assim entendido como aquele que autoriza o tribunal a julgar fora do que
consta das razões ou contra-razões do recurso, ocasião em que não se pode falar em
julgamento ultra petita, extra petita ou citra petita. Isto ocorre normalmente com as
questões de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz e a cujo
respeito não se opera a preclusão – artigos 1013, parágrafos 1º e 2º do CPC de 2015.

189
21.4.4. Efeito substitutivo - nos termos do artigo 1008 do CPC de 2015 o julgamento
proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de
recurso.

21.4.5. Efeito extensivo - segundo Renato Saraiva o referido efeito é aplicado em caso
de litisconsórcio unitário, em que a decisão tenha de ser uniforme para todos os
litisconsortes. Lembra o citado doutrinador que nos termos do artigo 1005 do CPC de
2015 o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos
ou opostos os seus interesses.

21.4.6. Efeito regressivo - Para Renato Saraiva é a possibilidade de retratação ou


reconsideração pela mesma autoridade prolatora da decisão. Cabível, segundo o
doutrinador, nos casos de agravo de instrumento e de agravo regimental e se presta a
conferir observância aos princípios da economia processual e da celeridade.

21.5. Pressupostos Recursais:

Juízo de admissibilidade – juízo a quo e juízo ad quem. O juízo ad quem não está
jungido à decisão acerca do juízo de admissibilidade proferida pelo juízo a quo. Em
ambos os juízos se verifica a existência dos pressupostos recursais objetivos e
subjetivos.

Observação: com o disposto no artigo 1010, parágrafo 3º, do CPC de 2015, fica
decretado o fim do primeiro juízo de admissibilidade quando consagra que:

Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao


tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Observação: Com o advento da Lei nº 13.256/2016 de 04/02/2016 houve por bem o


legislador ordinário em restabelecer o primeiro juízo de admissibilidade dos Recursos
Especial e Extraordinário (nova redação do artigo 1030 do CPC de 2015), donde se
conclui que tal também fica estendido aos Recursos de Revista e Embargos para o
TST.

190
São eles:

21.5.1. Pressupostos objetivos: são eles:

a) recurso previsto em lei: a parte deve dispor de recurso previsto em lei. Exceção:
agravo regimental;

b) adequação: o recurso deve ser aquele que se preste à revisão da decisão;

Sobre a adequação veja-se a Súmula 435 do TST:

Súmula 435 – DECISÃO MONOCRÁTICA. RELATOR. ART. 932 DO


CPC DE 2015. ART 557 DO CPC DE 1973. APLICAÇÃO
SUBSIDIÁRIA AO PROCESSO DO TRABALHO.
Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 932 do CPC de
2015 (art. 557 do CPC de 1973).

O dispositivo legal acima trata da possibilidade do relator negar seguimento a recurso


manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula
ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal
ou de Tribunal Superior.

c) tempestividade: o recurso deve ser interposto no prazo previsto na lei;

Sobre a tempestividade vejam-se as Súmulas 385 e 387 do TST:

Súmula 385 – interposição após o feriado.


FERIADO LOCAL OU FORENSE. AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE.
PRAZO RECURSAL. PRORROGAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
NECESSIDADE. (alterada em decorrência do CPC de 2015)

I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso,


a existência de feriado local que autorize a prorrogação do prazo recursal
191
(art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015). No caso de o recorrente alegar a
existência de feriado local e não o comprovar no momento da
interposição do recurso, cumpre ao relator conceder o prazo de 5 (cinco)
dias para que seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de
2015), sob pena de não conhecimento se da comprovação depender a
tempestividade recursal;

II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir


a decisão de admissibilidade certificar o expediente nos autos;

III – Admite-se a reconsideração da análise da tempestividade do


recurso, mediante prova documental superveniente, em agravo de
instrumento, agravo interno, agravo regimental, ou embargos de
declaração, desde que, em momento anterior, não tenha havido a
concessão de prazo para a comprovação da ausência de expediente
forense.

Súmula 387 – RECURSO FAC-SIMILE – LEI N. 9.800/99.

I – A Lei n. 9.800, de 26.5.1999, é aplicável somente a recursos


interpostos após o início de sua vigência.
II – A contagem do quinquídio para apresentação dos originais de
recurso interposto por intermédio de fac-símile começa a fluir do dia
subsequente ao término do prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei n.
9.800, de 26.5.1999, e não do dia seguinte à interposição do recurso, se
esta se deu antes do termo final do prazo.
III – Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de
notificação, pois a parte, ao interpor o recurso, já tem ciência de seu
ônus processual, não se aplica a regra do art. 224 do CPC de 2015 (art.
184 do CPC de 1973) quanto ao dies a quo, podendo coincidir com
sábado, domingo ou feriado.
IV – A autorização para utilização do fac-símile, constante do art. 1º da
Lei n. 9.800, de 26.5.1999, somente alcança as hipóteses em que o
192
documento é dirigido diretamente ao órgão jurisdicional, não se
aplicando à transmissão ocorrida entre particulares.

d) preparo: para o reclamante, se sucumbente e não beneficiário da justiça gratuita, são


devidas apenas as custas processuais. Para a reclamada, se sucumbente, custas
processuais e depósito recursal;

Vejam-se as Súmulas e Orientação Jurisprudencial do TST abaixo sobre o depósito


recursal:

Súmula 128. DEPÓSITO RECURSAL


I – É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em
relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o
valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer
recurso.
II – Garantido o Juízo, na fase executória, a exigência de depósito para
recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da
CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a
complementação da garantia do juízo.
III – Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a
empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

Súmula 245 – DEPÓSITO RECURSAL – PRAZO.


O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao
recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.

Súmula 86 – DESERÇÃO – MASSA FALIDA – EMPRESA EM


LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL.
Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento
de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio,
todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

193
Súmula 99 – AÇÃO RESCISÓRIA – DESERÇÃO – PRAZO.
Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o depósito recursal só
é exigível quando for julgado procedente o pedido e imposta condenação
em pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, no limite e nos
termos da legislação vigente, sob pena de deserção.

Súmula 426 – DEPÓSITO RECURSAL – UTILIZAÇÃO DA GUIA


GFIP – OBRIGATORIEDADE.
Nos dissídios individuais o depósito recursal será efetivado mediante a
utilização da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à
Previdência Social – GFIP, nos termos dos §§ 4º e 5º do art. 899 da
CLT, admitindo o depósito judicial, realizado na sede do juízo e à
disposição deste, na hipótese de relação de trabalho não submetida ao
regime do FGTS.

OJ 140 – SDI-I – DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS


PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO.
Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do
depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o
prazo de 5 (cinco) previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o
recorrente não complementar e comprovar o valor devido.

Observação: com o advento do artigo 1007, parágrafo 7º, do Novo Código de Processo
Civil quando ocorrer o manifesto equívoco no preenchimento da guia de custas
processuais é possível sanar esse vício. Entendemos tal artigo como aplicável
subsidiária e supletivamente no processo do trabalho, posto que a forma equivocada
não pode se sobrepor à manifesta intenção de recorrer.

e) representação regular: na Justiça do Trabalho vigora o jus postulandi. Todavia, se


constituído advogado este deverá juntar procuração. Nesse sentido veja-se a Súmula
383 do TST:

194
Súmula 383 – MANDATO – ARTS. 13 E 37 DO CPC – FASE
RECURSAL – INAPLICABILIDADE.
I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração
juntada aos autos até o momento da sua interposição, salvo mandato
tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015), admite-se que
o advogado, independentemente de intimação, exiba a procuração no
prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogável por
igual período mediante despacho do juiz. Caso não o exiba, considera-se
ineficaz o ato praticado e não se conhece do recurso.
II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase
recursal, em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o
relator ou o órgão competente para julgamento do recurso designará
prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a
determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência
couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das
contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do
CPC de 2015).

Observação: Com o advento do artigo 76, parágrafo 2º, do CPC de 2015 há previsão
de possibilidade de regularização da representação processual quando o feito estiver
tramitando na fase recursal, o que se revela um avanço, posto que a forma não deve se
sobrepor à manifesta intenção de recorrer. Nesse sentido, a nova redação da Súmula
383, pelo Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

RECURSO. MANDATO. IRREGULARIDADE DE


REPRESENTAÇÃO. CPC DE 2015, ARTS. 104 E 76, § 2º (nova
redação em decorrência do CPC de 2015).

I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada


aos autos até o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em
caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015), admite-se que o advogado,
independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco)
dias após a interposição do recurso, prorrogável por igual período

195
mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato
praticado e não se conhece do recurso.
II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal,
em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o
órgão competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco)
dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator
não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou
determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência
couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015).

21.5.2. Pressupostos subjetivos: são eles:

a) legitimidade: pode recorrer quem teve a sentença desfavorável. É o mesmo que


lesividade. Também podem recorrer o terceiro interessado e a Procuradoria do
Trabalho (artigo 996 do CPC de 2015);

b) capacidade: a parte sucumbente deve estar em pleno gozo de sua capacidade. Por
exemplo, se se tratar de pessoa com enfermidade ou deficiência mental que não possa
exprimir sua vontade o incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor
ou por curador, na forma da lei (artigo 71 do CPC de 2015);

c) interesse: o recurso tem que ser útil e necessário à parte, sob pena de não
conhecimento, segundo Renato Saraiva. Por outro lado, o terceiro deverá demonstrar o
interesse em recorrer. Não basta o interesse meramente econômico, mas sim o
interesse jurídico. Ex: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social tem interesse de
recorrer quando fixadas as contribuições previdenciárias em sentença. O mesmo se
diga nos acordos quando discriminadas as verbas trabalhistas pagas em desacordo com
os pedidos formulados na exordial.
21.6. Juntada de documentos quando da interposição de recurso:

Em regra não é possível a juntada de documentos quando da interposição de recurso.

196
Com efeito, a juntada de documentos pelo autor se faz com a petição inicial, enquanto
que o mesmo faz o réu quando da apresentação da contestação em audiência.

Contudo, excepcionalmente poderão as partes juntar documentos quando da


interposição do apelo. Nesse sentido, vejamos o contido na Súmula 8 do Tribunal
Superior do Trabalho:

Súmula 8 – A juntada de documentos na fase recursal só se justifica


quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação
ou se referir a fato posterior à sentença.

Logicamente que o ônus da prova é da parte que pretende a juntada do referido


documento devendo provar o justo impedimento para juntada ao tempo do trâmite do
feito na primeira instância ou mesmo quando se referir a fato posterior à prolação da
sentença.

21.7. Espécies de Recursos Cabíveis no Processo do Trabalho:

21.7.1. Pedido de Revisão do Valor da Causa:

Cabimento – artigo 2º da Lei nº 5.584/70:

No caso do autor não mencionar na petição inicial o valor da causa o juiz do trabalho,
antes de iniciar a fase instrutória, deverá fixá-lo.

No momento das razões finais qualquer das partes poderá impugnar o valor fixado
pelo juiz do trabalho.

Se o juiz do trabalho mantiver o valor fixado a parte interessada poderá pedir revisão
da decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional
do Trabalho.

197
O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo, deverá ser instruído com a petição
inicial e a ata da audiência, em cópia autenticada pela Secretaria da Vara, e será
julgado em 48 (quarenta e oito) horas, a partir do seu recebimento, pelo Presidente do
Tribunal Regional do Trabalho.

21.7.2. Embargos de Declaração:

Cabimento:

a) quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição.

b) quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

c) também se presta a prequestionar violação de matéria constitucional,


infraconstitucional e de súmulas ou orientações jurisprudenciais nas instâncias
inferiores. Se não adotada tal postura pelo recorrente nas instâncias inferiores o
Recurso Extraordinário e o Recurso de Revista não serão conhecidos pelo Supremo
Tribunal Federal e pelo Tribunal Superior do Trabalho, respectivamente.

Previsibilidade: artigos 1022 a 1026 do CPC de 2015 – cabível no processo do


trabalho em face da aplicação subsidiária e supletiva no CPC no processo do trabalho
por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho e da Lei nº 897-A da
Consolidação das Leis do Trabalho.

Natureza jurídica: integração da decisão.

Prazo de interposição: 5 (cinco) dias a contar da intimação da sentença ou do acórdão.

Efeito modificativo: Súmula 278 do TST.

198
Súmula 278 – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO NO
JULGADO.
A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos
declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado.

Efeito modificativo: Orientação Jurisprudencial nº 142 da SDI-I do TST.

OJ 142. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITO


MODIFICATIVO. VISTA À PARTE CONTRÁRIA.
I - É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração
com efeito modificativo sem que haja concedida oportunidade de
manifestação prévia à parte contrária.
II – Em decorrência do efeito devolutivo amplo conferido ao recurso
ordinário, o item I não se aplica às hipóteses em que não se concede
vista à parte contrária para se manifestar sobre os embargos de
declaração opostos contra sentença.

O Supremo Tribunal Federal também adota esse procedimento sob o argumento de que
a ausência de vista à parte contrária importa em violação do princípio do contraditório
(STF EDRE 144.981-4, 1ª T., Rel. Min. Celso de Mello, LTr 60-03/365).

Observação: Em regra os Embargos de Declaração, ainda que opostos por apenas uma
das partes, interrompe o prazo para quaisquer outros recursos, inclusive em relação à
parte que não o opôs. Todavia, assim dispõe o artigo 897, parágrafo 3º, da CLT:

Parágrafo 3º - Os embargos de declaração interrompem o prazo para


interposição de outros recursos, por qualquer das partes, saldo quando
intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua
assinatura.

Decisões possíveis em sede de Embargos de Declaração:

199
a) não se conhece – nesse caso o prazo para outros recursos não será interrompido –
nas hipóteses de intempestividade e na ausência de assinatura.

b) se conhece e, no mérito, se rejeita – nesse caso o prazo para outros recursos será
interrompido.

c) se conhece e, no mérito, se presta esclarecimentos - nesse caso o prazo para outros


recursos será interrompido.

d) se conhece e, no mérito, se dá efeito modificativo - nesse caso o prazo para outros


recursos será interrompido.

Por fim merece destaque a Súmula 184 do TST que trata de eventual omissão no
acórdão em sede de recurso de revista, a saber:

Súmula 184 – EMBARGOS DECLARATÓRIOS – OMISSÃO EM


RECURSO DE REVISTA – PRECLUSÃO.
Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir
omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.

Também merece destacar o contido na Súmula 421 do TST conforme abaixo:

Súmula 421 – EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONTRA


DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA NO ART.
932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC DE 1973.
I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator
prevista no art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a
parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e,
não, modificação do julgado.
II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática,
cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em
face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual,
submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do

200
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões
recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do
CPC de 2015.

21.7.3. Recurso Ordinário:

Cabimento:

a) das decisões definitivas ou terminativas do juiz do trabalho e do juiz de direito no


prazo de oito dias.

b) das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de


sua competência originária, no prazo de oito dias, tanto para os dissídios individuais,
como coletivos.

Estende-se o cabimento do Recurso Ordinário, portanto, às seguintes hipóteses:

a) das decisões interlocutórias, de caráter terminativo do feito, como a que acolhe a


exceção de incompetência em razão da matéria.
b) do indeferimento da petição inicial, seja por inépcia ou qualquer outro vício.
c) do arquivamento dos autos em razão do não-comparecimento do reclamante à
audiência.
d) da paralisação do processo por mais de um ano, em razão da negligência das partes.
e) do não-atendimento, pelo autor, do despacho que determinou que se promovessem
os atos e diligências que lhe competir, pelo abandono da causa por mais de 30 dias.
f) verificando o juiz a ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo.
g) se o juiz acolher a alegação de litispendência ou de coisa julgada.
h) se o processo for extinto por carência de ação, por não estarem presentes a
possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, ou a legitimidade da parte.
i) pela desistência da ação.
j) se ocorrer confusão entre autor e réu.

201
k) da decisão que aplica pena ao empregado de não poder reclamar por 06 (seis) meses
(perempção temporária).
l) nos casos em que o juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito por falta de
pedido certo ou determinado e de indicação do valor correspondente no procedimento
sumaríssimo.

Observação: não cabe Recurso Ordinário da decisão que homologa acordo entre as
partes, pois tal decisão é irrecorrível (artigo 831, parágrafo único, da Consolidação das
Leis do Trabalho), exceto quanto ao INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
quando discorda das verbas discriminadas que compõe o citado acordo.

Efeito do Recurso Ordinário: meramente devolutivo nos dissídios individuais.

Prazo de interposição: 8 (oito) dias a contar da intimação da sentença.

1ª Observação: Nos dissídios coletivos poderá ser dado efeito suspensivo ao Recurso
Ordinário, na medida e extensão conferidas em despacho do Presidente do Tribunal
Superior do Trabalho (artigo 14 da Lei nº 10.192/2001 de 14/02/2001).

Sobre a observação acima veja-se a Súmula 279 do TST:

Súmula 279 – RECURSO CONTRA SENTENÇA NORMATIVA –


EFEITO SUSPENSIVO - CASSAÇÃO.
A cassação de efeito suspensivo concedido a recurso interposto de
sentença normativa retroage à data do despacho que o deferiu.

2ª Observação: a Lei nº 4.725/65 de 13/07/65 – artigo 6º, parágrafo 3º - O provimento


do recurso não importará na restituição dos salários ou vantagens pagos, em execução
do julgado.

Procedimento Sumaríssimo: na apreciação de recurso ordinário no procedimento


sumaríssimo há juiz relator, mas não há juiz revisor. O acórdão consistirá unicamente

202
na certidão de julgamento, com a indicação do suficiente do processo e da parte
dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. O acórdão não terá relatório.

Preparo:

Custas: para o reclamante, se recorrer e não for beneficiário de justiça gratuita e para a
reclamada.

Depósito Recursal: apenas para a reclamada e no caso de decisão de natureza


condenatória.

21.7.4. Recurso de Revista:

Cabimento no procedimento ordinário:

a) das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos


Tribunais Regionais do Trabalho quando derem ao mesmo dispositivo de lei federal
interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, seu Pleno ou
Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a
Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte ou Súmula Vinculante do Supremo
Tribunal Federal.

b) das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos


Tribunais Regionais do Trabalho quando derem ao mesmo dispositivo de lei estadual,
Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou
regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a
jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente,
na forma da aliena “a”.

c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal
à Constituição Federal.

203
Efeito do Recurso de Revista: meramente devolutivo (artigo 896, parágrafo 1º, da
Consolidação das Leis do Trabalho).

Prazo de interposição: 8 (oito) dias a contar da intimação do acórdão.

Preparo:

a) na fase de conhecimento: custas e depósito recursal.

b) na fase de execução: custas pelo executado (art. 789-A, VI, Consolidação das Leis
do Trabalho).

Prequestionamento: deve ser feito até o Recurso Ordinário.

Cautela a ser tomada para conhecimento do Recurso de Revista (artigo 896, parágrafo
1º-A, da CLT:

Sob pena de não conhecimento é ônus da parte recorrente:


I – indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
II – indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo
de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do
Trabalho que conflite com a decisão regional;
III – expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive demonstração
analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, ou de súmula
ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.

Ainda, quanto à divergência veja-se o contido no artigo 896, parágrafos 7º e 8º, da


CLT:

§ 7º - A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não


se considerando como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior

204
do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e
notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

§ 8º - Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao


recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial,
mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência,
oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido
publicada a decisão divergente, ou ainda, pela reprodução de julgado
disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando,
em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os
casos confrontados.

Reforma Trabalhista:

Ao artigo 896, da CLT, foi inserido o parágrafo 14, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, in verbis:

§ 14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em


decisão monocrática, nas hipóteses de intempestividade, deserção,
irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro
pressuposto extrínseco ou intrínseco de admissibilidade.

Dessa decisão, a nosso ver, cabe Agravo Regimental para a Turma do TST a qual esteja
vinculado o relator desse apelo.

Cabimento no procedimento sumaríssimo:

a) por contrariedade à súmula da jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do


Trabalho, ou à súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;

b) por violação da Constituição Federal de 1988. No entender de Sérgio Pinto Martins


súmula uniforme abrange apenas e tão-somente as Súmulas e não as Orientações
Jurisprudenciais. Há necessidade de relatório no acórdão.

205
Súmulas aprovadas pelo Tribunal Superior do Trabalho sobre o recurso de revista:

Súmula 126 – RECURSO – CABIMENTO.


Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, b, da
CLT) para reexame de fatos e provas.

Súmula 221 – RECURSO DE REVISTA. VIOLAÇÃO DE LEI.


INDICAÇÃO DE PRECEITO. A admissibilidade de recurso de
revista por violação tem como pressuposto a indicação expressa do
dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

Súmula 266 – RECURSO DE REVISTA – ADMISSIBILIDADE –


EXECUÇÃO DE SENTENÇA – REVISÃO DA SÚMULA 210. A
admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido
em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo
incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de
demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.

Súmula 285- RECURSO DE REVISTA – ADMISSIBILIDADE


PARCIAL PELO JUIZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO – EFEITO.
O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista
entendê-lo cabível apenas quanto à parte das matérias veiculadas não
impede a apreciação integral pela Turma do Tribunal Superior do
Trabalho, sendo imprópria a interposição do agravo de instrumento.

Súmula 296 - RECURSO – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL


– ESPECIFICIDADE.
I – A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do
prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica,
revelando a existência de teses diversas na interpretação de um
mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram.

206
II – Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que,
examinando premissas concretas de especificidade da divergência
colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou
desconhecimento do recurso.

Súmula 297 – PREQUESTIONAMENTO – OPORTUNIDADE –


CONFIGURAÇÃO – NOVA REDAÇÃO.
I – Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão
impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.
II – Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido
invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios
objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.
III – Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no
recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese,
não obstante opostos embargos de declaração.

Reforma Trabalhista:

No tocante à Súmula 297 do TST acima citada, ao artigo 896, da CLT, que trata do
Recurso de Revista, foi inserido o inciso IV, ao parágrafo 1º-A, in verbis:

IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de


nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho
dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do
tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da
decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para
cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão.

Observação: Trata-se, o inciso IV acima, de pré-requisito para requerer a nulidade do


julgado proferido pelo TRT.

207
Súmula 333 - RECURSOS DE REVISTA. CONHECIMENTO.
Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa,
notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

Súmula 337
COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS (incluído o item V)

I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é


necessário que o recorrente:

a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite


a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos
acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o
conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que
os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com
o recurso.

II - A concessão de registro de publicação como repositório


autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas
edições anteriores.

III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de


aresto paradigma é inválida para comprovação de divergência
jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a
parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a transcrição
de trechos que integram a fundamentação do acórdão divergente,
uma vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acórdãos.

IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial


justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de repositório
oficial na internet, desde que o recorrente:

208
a) transcreva o trecho divergente;
b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a
data da respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do
Trabalho.

V – A existência do código de autenticidade na cópia, em formato


pdf, do inteiro teor do aresto paradigma, juntada aos autos, torna-a
equivalente ao documento original e também supre a ausência de
indicação da fonte oficial de publicação.

Súmula 442. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE


REVISTA FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE.
ART. 896, § 6º, DA CLT, ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957,
DE 12.01.2000.
Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade
de recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta
a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do
Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por
contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II,
Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão no art.
896, § 6º, da CLT.

Transcendência:

Reforma Trabalhista:

O artigo 896-A consagrou que apenas no caso de transcendência de natureza


econômico, política, social ou jurídica é que o Recurso de Revista deve ser apreciado.

Nesse sentido, ao artigo 896-A foram inseridos os parágrafos 1º a 6º, com a redação
dada pela Lei nº 13.467/2017, a saber:
209
§ 1o São indicadores de transcendência, entre outros:

I - econômica, o elevado valor da causa;

II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada


do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal
Federal;

III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social


constitucionalmente assegurado;

IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da


legislação trabalhista.

§ 2o Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso


de revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta
decisão para o colegiado.

§ 3o Em relação ao recurso que o relator considerou não ter


transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a
questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão.

§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso,


será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão
irrecorrível no âmbito do tribunal.

§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de


instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da
matéria.

§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela


Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos
pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério
da transcendência das questões nele veiculadas.

210
21.7.5. Embargos no Tribunal Superior do Trabalho – Normatizado pela Lei nº
7.701/88:

Cabimento:

21.7.5.1. Embargos Infringentes para a SDC - Seção de Dissídios Coletivos: das


decisões não unânimes proferidas em processo de dissídio coletivo de sua competência
originária, como nos dissídios coletivos que excedam a área de um Tribunal Regional.

21.7.5.2. Embargos de Divergência para a SDI – Seção de Dissídios Individuais:


divergência das decisões das Turmas, ou destas com decisão da SDI, ou com Enunciado
da Súmula da jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, ou com
súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. Sobre esse apelo veja-se a Súmula
433 do TST:

Súmula 433 - EMBARGOS – ADMISSIBILIDADE – PROCESSO


EM FASE DE EXECUÇÃO – ACÓRDÃO DE TURMA
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N. 11.496, DE 26.6.2007 –
DIVERGÊNCIA DE INTERPRETAÇÃO DE DISPOSITIVO
CONSTITUCIONAL. A admissibilidade do recurso de embargos
contra acórdão de Turma em recurso de revista em fase de execução,
publicado na vigência da Lei n. 11.96, de 26.6.2007, condiciona-se à
demonstração de divergência jurisprudencial entre Turmas ou destas e
a Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior
do Trabalho em relação à interpretação de dispositivo constitucional.

Efeito do recurso de Embargos: meramente devolutivo.

Procedimento Sumaríssimo: é cabível, eis que não há vedação legal.

Prazo: 8 (oito) dias a contar da intimação do acórdão.

211
Preparo: se não atingido o limite total da condenação com os depósitos recursais no
recurso ordinário e no recurso de revista, deve a parte pagar integralmente o valor do
depósito recursal ou complementá-lo até o valor daquela.
21.7.6. Agravo de Instrumento:

Cabimento:

-dos despachos que denegarem seguimento a outros recursos.

Observação: Súmula 218 do Tribunal Superior do Trabalho:

Súmula 218 – RECURSO DE REVISTA – ACÓRDÃO PROFERIDO


EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado
em agravo de instrumento.

Efeito do Agravo de Instrumento: meramente devolutivo.

Prazo de interposição: 8 (oito) dias a contar da intimação da decisão de 1º ou 2º grau.

Peças que instruem o apelo: artigo 897, parágrafo 5º, da Consolidação das Leis do
Trabalho:

a) obrigatoriamente: cópia da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e


das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição
inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso
que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito
recursal a que se refere o parágrafo 7º do artigo 899 da CLT.

b) facultativamente: outras peças que o agravante entender úteis ao deslinde da


matéria de mérito controvertida.

Preparo:

212
a) na fase de conhecimento: não há pagamento de custas. Contudo, de acordo com a
Lei nº 12.275/2010 de 29/06/2010, que inseriu o parágrafo 7º ao artigo 899 da
Consolidação das Leis do Trabalho, há necessidade de depósito recursal
correspondente a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual
se pretende destrancar.

b) na fase de execução: há pagamento de custas pelo executado (art. 789-A, III,


Consolidação das Leis do Trabalho). Entendemos que o disposto na Lei nº
12.275/2010 de 29/06/2010, que inseriu o parágrafo 7º ao artigo 899 da Consolidação
das Leis do Trabalho, não se aplica ao presente recurso quando cabível na fase
executória se denegado seguimento, por exemplo, ao recurso de Agravo de Petição, na
medida em que o juízo já se encontra integralmente garantido quando tramitou na fase
de conhecimento.

1ª Observação: Cabe Agravo de Instrumento para destrancar a denegação de subida


dos seguintes recursos: Recurso Ordinário, Revista de Revista, Agravo de Petição e
Recurso Extraordinário.

2ª Observação: Mostra-se desnecessária a juntada de peças ao Agravo de Instrumento


quando estivermos falando de Processo Judicial Eletrônico – PJE.

21.7.7. Agravo de Petição:

Cabimento:

-das decisões do juiz na execução. É possível o seu cabimento mais de uma vez no
mesmo processo.

Efeito do Agravo de petição: meramente devolutivo.

Prazo de interposição: 8 (oito) dias a contar da intimação da decisão de 1º grau.

213
Admissibilidade: delimitação das matérias e dos valores impugnados. Segundo Sérgio
Pinto Martins quando da interposição do presente recurso deverão ser indicados os
valores incontroversos, em especial quanto interposto pela reclamada.
Preparo:

Recurso cabível somente na fase de execução – não há necessidade de depósito


recursal, mas há pagamento de custas pelo executado (art. 789-A, IV, Consolidação
das Leis do Trabalho).

Desnecessidade de depósito recursal – artigo 899, parágrafo 8º, da CLT:

§ 8º - Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar


recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho,
consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não
haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito referido no § 7º deste
artigo.

21.7.8. Agravo Regimental:

Cabimento e objetivo:

-para obter o reexame de certa decisão. Normalmente cabe o presente apelo das
decisões do relator designado.

-é recurso previsto nos regimentos dos Tribunais.

-o prazo também é fixado nos regimentos. No Tribunal Superior do Trabalho o prazo


é de 08 (oito) dias (artigo 243 do Regimento Interno). No Supremo Tribunal Federal o
prazo é de 05 (cinco) dias. Nos Tribunais Regionais normalmente o prazo é de 05
(cinco) dias contados da decisão.

214
Observação: Cabe Agravo Regimental e não Agravo de Instrumento para destrancar a
denegação de seguimento dos Embargos para o Tribunal Superior do Trabalho,
conforme dispõe o artigo 3º, inciso III, alínea “c” da Lei nº 7.701/88.

Sobre o recurso de Agravo Regimental veja-se o contido na Orientação


Jurisprudencial nº 412 da SDI-I do C. TST:

Orientação Jurisprudencial nº 412 – AGRAVO INOMINADO OU


AGRAVO REGIMENTAL. INTERPOSIÇÃO EM FACE DE
DECISÃO COLEGIADA. NÃO CABIMENTO. ERRO
GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL.
É incabível agravo inominado (art. 557, § 1º, do CPC) ou agravo
regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por órgão
colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar
decisão monocrática nas hipóteses expressamente previstas.
Inaplicável, no caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração
de erro grosseiro.

Também merece destacar o contido na Súmula 421 do TST, já mencionada


anteriormente, conforme abaixo:

Súmula 421 – EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONTRA


DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA NO ART.
557 DO CPC – CABIMENTO.
I – Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de
recurso, prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo e
conclusivo da lide, comporta ser esclarecida pela via dos embargos de
declaração, em decisão aclaratória, também monocrática, quando se
pretende tão somente suprir omissão e não, modificação do julgado.
II – Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos
declaratórios deverão ser submetidos ao pronunciamento do

215
Colegiado, convertidos em agravo, em face dos princípios da
fungibilidade e celeridade processual.

21.7.9. Recurso Extraordinário:

Cabimento:

-Em matéria trabalhista é cabível nas causas decididas em única ou última instância
quando:

a) for contrariado dispositivo da Constituição.

b) houver a necessidade de se declarar a inconstitucionalidade de tratado ou de lei


federal.

c) for julgada válida lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição.
Efeito: meramente devolutivo.

Prequestionamento: segundo o Supremo Tribunal Federal deve ser feito até o Recurso
de Revista.

Preparo: se não atingido o limite total da condenação com os depósitos recursais no


recurso ordinário, no recurso de revista e no recurso de embargos, deve a parte pagar
integralmente o valor do depósito recursal ou complementá-lo até o valor daquela.

Prazo de interposição: 15 (quinze) dias a contar da intimação do acórdão.

21.7.10. Recurso Adesivo:

Cabimento:

-quando vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles, poderá aderir a
outra parte. Quanto ao cabimento desse apelo veja-se a Súmula 283 do TST:

216
Súmula 283 – RECURSO ADESIVO – PERTINÊNCIA NO
PROCESSO DO TRABALHO – CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS –
REVISÃO DA SÚMULA 196.
O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no
prazo de 08 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso
ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo
desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do
recurso interposto pela parte contrária.

Observação: incabível recurso adesivo no caso de Recurso Ex-Officio (também


chamado de Reexame Necessário ou Remessa Oficial).

-aplicável no processo do trabalho em face da aplicação subsidiária e supletiva do


CPC de 2015 no processo do trabalho por força do artigo 769 da Consolidação das
Leis do Trabalho.

Admissibilidade:

a) sucumbência recíproca.
b) a parte deveria ter condições de recorrer autonomamente.

Prazo de interposição: 8 (oito) dias a contar da intimação para contra-razões do


recurso principal.

Preparo: há pagamento de custas e, se recorrente a reclamada, também deve haver


depósito recursal.

Observações Sobre o Recurso Adesivo:

a) o recurso adesivo subordina-se ao principal;


b) não conhecido o recurso principal, também não deve ser conhecido o recurso
adesivo;

217
c) em caso de desistência do recurso principal não será conhecido o recurso adesivo;
d) a parte que interpôs recurso adesivo também pode desistir do apelo,
independentemente da anuência da parte contrária;
e) se a parte ingressou com recurso e este foi considerado intempestivo, não poderá
apresentar recurso adesivo ao apelo da parte contrária, ante o instituto da preclusão.
Ou seja, não é possível substituir o recurso ordinário intempestivo pelo adesivo.

21.7.11. Correição Parcial:

Cabimento:

-normalmente utilizada para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa ordem
processual e que importem em atentado a fórmulas legais do processo, da inexistência
de recurso ou outro meio processual específico.

A doutrina é pacífica que somente cabe Correição Parcial quando evidenciado error in
procedendo, vez que contra error in judicando é cabível um dos recursos elencados na
Consolidação das Leis do Trabalho ou no Código de Processo Civil.

Conceito: Sérgio Pinto Martins – é o remédio processual destinado a provocar a


intervenção de uma autoridade judiciária superior em face de atos tumultuários do
procedimento praticados no processo por autoridade judiciária inferior.

Natureza jurídica: para alguns doutrinadores é de recurso, embora não contemplado


como tal na Consolidação das Leis do Trabalho. Para outros doutrinadores é de
incidente processual.

Fundamentação legal: Edílson Soares de Lima sustenta que a fundamentação legal da


Correição Parcial está prevista no artigo 709, inciso, da Consolidação das Leis do
Trabalho, mas sob o rótulo de “reclamações”.

Preparo: não há.

218
Prazo de interposição: fixado nos regimentos internos dos Tribunais. Normalmente é
de 5 (cinco) dias a contar da intimação da decisão.

Requisitos da Correição Parcial:

a) o ato deve ser atentatório da boa ordem processual.

b) inexista recurso contra esse ato.


c) que haja prejuízo processual à parte decorrente do referido ato.

Observação: Dispõe o artigo 709, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho
que das decisões proferidas pelo Corregedor, nos casos do artigo, caberá agravo
regimental para o Tribunal Pleno.

21.7.12. Recurso Ex-officio – Artigo 1º, inciso V, do Decreto-Lei nº 779/69 e artigo


496 do Novo Código de Processo Civil:

Cabimento:

Artigo 1º, inciso V, do Decreto-Lei nº 779/69 – de sentenças trabalhistas


condenatórias de entes públicos com status de fazenda pública, a saber: administração
direta, autarquias, fundações públicas e, por força de uma decisão do Supremo
Tribunal Federal, a empresa pública Correios.

Os demais entes públicos – sociedades de economia mista e as demais empresas


públicas – não gozam desse privilégio.

Também regula a matéria o artigo 496 do CPC de 2015.

Sentença que depende de confirmação pelo tribunal - hipóteses:

a) quando proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as


respectivas autarquias e fundações de direito público.

219
b) que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida
ativa da Fazenda Pública.

Observação: por força da nova competência atribuída pelo legislador constituinte


derivado no sentido de que cabe à Justiça do Trabalho apreciar litígios decorrentes de
penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização
do trabalho (artigo 114, inciso VII, da Constituição Federal de 1988, com a redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004) pode-se dizer que o recurso ex officio
teve seu cabimento ampliado na Justiça do Trabalho quando os embargos do devedor
forem julgados procedentes no caso de multas aplicadas pelas Delegacias Regionais
do Trabalho e Emprego – DRTE.

Exceções ao recurso ex officio - artigo 496, parágrafo 3º do CPC de 2015:

Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico


obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

a) 1000 (hum mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e


fundação de direito público;
b) 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que
constituam capitais dos Estados;
c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.

Dispõe a Súmula 303 do Tribunal Superior do Trabalho:

FAZENDA PÚBLICA – DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.


I – Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo
na vigência da CF/88, decisão contrária À Fazenda Pública, salvo
quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a:
a) 1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas
autarquias e fundações de direito público;

220
b) 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os
Municípios que constituam capitais dos Estados;
c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e
respectivas autarquias e fundações de direito públicos.
II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão
fundada em:
a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do
Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal
Superior do Trabalho em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no
âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em
manifestação, parecer ou súmula administrativa.
III– Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do
Trabalho está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando
desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses dos incisos
anteriores.
IV – Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se,
na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como
parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na
hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado
pessoa jurídica de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria
administrativa.

Ainda, sobre o recurso ex officio preconiza a Orientação Jurisprudencial nº 334 da


SDI-I do C. TST que:

Orientação Jurisprudencial 334 – REMESSA EX OFFICIO.


RECURSO DE REVISTA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO
ORDINÁRIO VOLUNTÁRIO DE ENTE PÚBLICO.

221
Incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso
ordinário voluntário da decisão de primeira instância, ressalvada a
hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação
imposta. ERR 522601/1998, Tribunal Pleno. Em 28.10.2003, o
Tribunal Pleno decidiu, por maioria, ser incabível recurso de revista de
ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário.

222
22. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. EXECUÇÃO. PROCEDIMENTO.
EMBARGOS E IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO. DEFESA
DO EXECUTADO SEM EMBARGOS (“EXCEÇÃO OU OBJEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE”). ALIENAÇÃO DE BENS E EMBARGOS. SUSPENSÃO E
EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO.

22.1. Liquidação de sentença.

22.1.1. Conceito.

Para Amauri Mascaro Nascimento é fase preambular do processo de execução em que


tal se faz quando proferida sentença ilíquida.

Para Sérgio Pinto Martins é uma fase da execução, que irá preparar a execução,
quantificando o valor devido ao empregado, pois o que é devido já foi estabelecido na
sentença, faltando quantificá-la. Tem natureza declaratória. No entender do citado
doutrinador não é fase pertencente ao processo de conhecimento.

22.1.2. Tipos de liquidação de sentença.

São três:

a) por artigos: quando haja necessidade de prova de fatos novos para a fixação do valor
devido (artigo 509 do CPC de 2015). Nessa hipótese de liquidação, os elementos não
estão integralmente nos autos, sendo que alguns estão fora dos autos, mas podem ser
obtidos. Exemplo dado por Sérgio Pinto Martins: uma sentença fixa o pagamento de
horas extras, sem especificar seu número. O rito é o comum do processo de
conhecimento a teor do que dispõe o artigo 509, inciso II do CPC de 2015.

b) por arbitramento: Segundo Sérgio Pinto Martins nessa hipótese os elementos para a
liquidação não estão nos autos, sendo necessário um conhecimento técnico para obtê-
los ou avaliá-los. Preconiza o artigo 509 do CPC de 2015 que ocorre quando:

223
b.1) for determinado pela sentença ou convencionado pelas partes.

b.2) a natureza do objeto da liquidação exigir essa forma de liquidação.

Exemplo fornecido pelo citado doutrinador quando houver necessidade de fixação do


salário do empregado (artigo 460 da Consolidação das Leis do Trabalho) ou quando
tiver que ser fixada indenização por danos morais ao mesmo.

c) por cálculos: Para Sérgio Pinto Martins nessa hipótese todos os elementos já estão
nos autos, sendo o caso apenas de fazer as contas para se chegar ao valor devido. É
hipótese cabível quando a determinação do valor depender apenas de cálculo
aritmético, situação em que o credor procederá à execução instruindo o pedido com a
memória discriminada e atualizada do cálculo. Nada impede que o próprio devedor
apresente o cálculo do valor que entende devido (artigo 509, parágrafo 2º do CPC de
2015). Os juros de mora são devidos a partir do ajuizamento do feito à razão de 1%
(um por cento) ao mês, de forma simples e não capitalizada desde 01/03/91. A
correção monetária é devida a partir do vencimento da obrigação. Todavia, doutrina e
jurisprudência divergem se a correção monetária deve ser calculada a partir do mês da
prestação dos serviços ou a partir do mês seguinte àquele da prestação dos serviços.
Segundo o artigo 459, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho, a Súmula
381do Tribunal Superior do Trabalho prevalece a segunda hipótese. O mesmo
entendimento é adotado por Sérgio Pinto Martins, que faz ressalva apenas quando o
salário é pago dentro do próprio mês da prestação do serviço. Por fim, no tocante aos
encargos fiscais e previdenciários aqui também doutrina e jurisprudência divergem
sobre a possibilidade ou não de fazê-los da parte do crédito trabalhista devido ao
empregado. Não obstante tal divergência, certo é que tanto a Receita Federal quanto o
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social não ficam prejudicados quanto aos
recolhimentos fiscais e previdenciários, eis que, se não autorizado o desconto do
crédito trabalhista devido ao empregado, o empregador deverá arcar tanto com a sua
parte (quota patronal, no caso do INSS), quanto à quota do empregado (imposto de
renda e INSS).

224
Observação: Com o advento da Lei nº 12.405/2011 de 16/05/2011 houve por bem o
legislador ordinário em aprovar o parágrafo 6º ao artigo 879 da CLT que prevê que
tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a
elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos
honorários com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade.

22.1.3. Momento Para Manifestação Sobre a Conta de Liquidação.

Reforma Trabalhista:

O artigo 879, parágrafo 2º, da CLT, teve sua redação alterada pela Lei nº 13.467/2017

Artigo 879, parágrafo 2º - Elaborada a conta e tornada líquida, o


Juiz deverá abrir às partes prazo comum de 08 dias para
impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores
objeto da discordância, sob pena de preclusão. (grifei e
negritei).

1ª Observação: Na antiga redação desse parágrafo o legislador mencionava a expressão


“poderá” abrir prazo às partes para falar sobre a conta tornada líquida. Com a nova
redação ao dispositivo legal em comento tal deixa de ser uma faculdade do
Magistrado, mas sim uma obrigação deste.

2ª Observação: Na antiga redação desse parágrafo o prazo era sucessivo às partes para
falar sobre a conta tornada líquida. Com a nova redação ao dispositivo legal em
comento esse prazo é comum.

3ª Observação: Na antiga redação desse parágrafo o prazo era de dez dias. Com a nova
redação ao dispositivo legal em comento esse prazo é de oito dias.

225
O antigo e o novo dispositivo legal em comento fala em preclusão. No dizer de Sérgio
Pinto Martins deve o juiz fundamentar a sentença de liquidação e não meramente
homologá-la. Lembra o retromencionado autor que a pena de preclusão é dirigida à
parte e não ao próprio juiz. Nessa esteira de raciocínio o juiz pode rever os cálculos
mesmo tendo havido preclusão da parte, se houver um erro manifesto.

Se os cálculos tiverem sido feitos por contador ou por perito, será fixado o prazo
sucessivo de dez dias para cada parte se manifestar a respeito, sendo os primeiros dez
dias ao exequente e os dez dias subseqüentes ao executado. Todavia, se a conta for
apurada por uma das partes, em não havendo manifestação da outra parte, também
haverá preclusão.

Reforma Trabalhista:

Ao artigo 879, da CLT, foi inserido o parágrafo 7º, pela Lei nº 13.467/2017, que trata
da atualização dos créditos trabalhistas, in verbis:

§ 7o A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será


feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil,
conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991.

Observação: Nada obstante o contido no parágrafo 7º acima é certo que o critério de


atualização monetária dos créditos trabalhistas encontra-se sub judice no Supremo
Tribunal Federal.

22.1.4. Natureza Jurídica da Sentença de Liquidação.

Como já dito, a natureza jurídica da sentença de liquidação é declaratória. Lembra


Sérgio Pinto Martins acerca da necessidade de fundamentação dessa decisão por parte
do juiz, em observância ao contido no artigo 93, inciso IX, da Lei Maior de 1988.

226
Registra o autor que embora se rotule tal decisão de sentença, em verdade nada mais é
do que decisão interlocutória, pois do contrário caberia recurso imediato, o que não é o
caso. De lembrar que somente em sede de Embargos à Execução poderá o devedor
impugnar a sentença de liquidação.

Lembra o doutrinador, ainda, que, mesmo que o devedor não oponha Embargos à
Execução, o credor poderá impugnar a sentença, devendo o juiz abrir prazo para que o
credor assim o faça, assegurando-lhe a referida oportunidade.

22.2. Execução.

22.2.1. Conceito – é a fase processual na qual deve haver constrição patrimonial


visando o cumprimento da decisão.

22.2.2. Artigos da Consolidação das Leis do Trabalho que tratam da execução: artigos
876 a 892.

22.2.3. Aplicação Subsidiária e Supletiva na Falta de Disposição Expressa: conforme


artigo 889 da CLT quando omissa a Consolidação das Leis do Trabalho, aplica-se
subsidiariamente a Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/80) e na omissão desta última,
aplica-se o CPC de 2015. A única exceção a essa regra é a hipótese do artigo 882 da
Consolidação das Leis do Trabalho que dispõe sobre a ordem preferencial para
indicação de bens à penhora, quando remissão direta ao contido no artigo 835 do CPC
de 2015.

22.2.4. Princípios Que Norteiam a Execução Trabalhista:

Sustenta Manoel Antonio Teixeira Filho que os princípios informativos da execução


trabalhista são:

a) da igualdade das partes: isonomia processual conferindo observância ao princípio do


contraditório e da ampla defesa.

227
b) da natureza real: a execução deve alcançar o patrimônio do devedor.

c) da limitação expropriatória: execução deve se limitar ao valor da dívida.

d) da utilidade para o credor: não se fará penhora quando for evidente que o produto da
alienação de bens for inteiramente absorvido pelo pagamento das custas da execução.

e) da não prejudicialidade do devedor: a execução deve observar o modo menos


gravoso ao devedor.

f) da especificidade: como regra a execução deve respeitar a entrega de coisa e as


obrigações de fazer e de não fazer, pois somente em casos excepcionais se permite a
substituição da prestação pelo equivalente em dinheiro.

g) da responsabilidade pelas despesas processuais: deve ficar a cargo do devedor não


apenas o pagamento dos valores devidos ao credor, mas também as custas,
emolumentos, despesas com publicação de editais, honorários periciais, etc.

h) do não aviltamento do devedor: a execução não pode afrontar a dignidade humana


do devedor, razão pela qual não poderão ser penhorados bens indispensáveis à sua
subsistência e à dos membros de sua família (artigo 833 do CPC de 2015, Lei nº
8.009/90).

i) da livre disponibilidade do processo pelo credor: pode o credor desistir da execução


ou de algumas medidas executivas independentemente da concordância do devedor.
Somente produz efeitos se homologada por sentença.

22.2.5. Execução pode ser:

a) execução provisória: conforme requisitos do artigo 520 do CPC de 2015 e artigo


899, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho é feita mediante extração de carta de
sentença sendo implementada até a penhora. Ainda que opostos Embargos à Execução
o juiz não irá julgá-los, eis que poderá se tornar inútil se a sentença for modificada por

228
meio de recurso. Se confirmada a sentença condenatória a execução passa a ser
definitiva. Se reformada a sentença por meio de recurso com julgamento de
improcedência o executado levanta a penhora ou o depósito.

b) Execução definitiva: quando já houve trânsito em julgado da decisão de mérito.

22.2.6. Execução compreende:

a) sentenças transitadas em julgado (artigo 876 da CLT);

b) acordos judiciais não cumpridos (artigo 876 da CLT);

c) apenas três títulos extrajudiciais, a saber:

c1) Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado perante o Ministério


Público do Trabalho (artigo 876 da CLT);
c2) o Termo de Acordo firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia (artigo 876
da CLT);
c3) a Certidão da Dívida Ativa da União decorrente das penalidades impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho (artigo 114, inciso VII, da
CF/88).

d) custas calculadas.

22.2.6.1. Sentenças Executáveis:

a) sentenças condenatórias de obrigação de dar, de pagar, de fazer ou não fazer.

b) sentenças que fixam honorários de advogado, honorários periciais, multas, custas


processuais e outras despesas judiciais.

22.2.7. Atos Atentatórios à Dignidade da Justiça.

229
Dispõe o artigo 774 do CPC de 2015 que são hipóteses de ato atentatório à dignidade
da Justiça quando o devedor:

a) frauda a execução.

b) opõe-se maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos.

c) resiste injustificadamente às ordens judiciais.

d) intimado, não indica ao juiz em 5 (cinco) dias, quais são e onde estão os bens
sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se
for o caso, certidão negativa de ônus.

22.2.7.1. Ocorre fraude à execução quando há a alienação ou oneração de bens se:


a) sobre eles pender ação fundada em direito real.

b) ao tempo da alienação ou oneração corria contra o devedor demanda capaz de


reduzi-lo à insolvência (artigo 792 do CPC de 2015).

22.2.8. Execução Provisória de Obrigação de Fazer.

Geralmente são as obrigações de fazer contidas em sentença trabalhista:

a) reintegração ou readmissão do empregado no emprego.

b) concessão de férias.

c) anotação do contrato de trabalho na Carteira de Trabalho e Previdência Social.

d) fornecimento de carta de referência.

e) manutenção do plano de saúde.

230
22.2.9. Legitimidade Ativa e Passiva Para a Execução:

a) Legitimidade Ativa.

A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, pela parte, de ofício pelo
juiz e pela Procuradoria do Trabalho, em relação às custas e multas administrativas
impostas pelas Turmas ou pelo Pleno do Tribunal Regional do Trabalho.

A expressão “interessado” abrange tanto o credor como o devedor.

A execução ex officio pelo juiz do trabalho ou pelo Tribunal do Trabalho encontra-se


prevista no artigo 878 da Consolidação das Leis do Trabalho e, com o advento da
Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017, que deu nova redação a esse dispositivo
legal), somente se aplica aos processos em que as partes estiverem postulando sem
advogado (jus postulandi).

Segundo Sérgio Pinto Martins a execução poderá, ainda, ser proposta, ou nela poderão
prosseguir em sucessão ao exequente originário, conforme prevê o artigo 778,
parágrafo 1º, do CPC de 2015:

a) o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, sempre que, por morte deste,


lhes foi transmitido o direito resultante do título executivo;
b) o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido
por ato entre vivos.

A doutrina discute, ainda, a possibilidade de cessão de crédito trabalhista valendo


salientar que não há norma proibitiva para tanto. Segundo Sérgio Pinto Martins o que
não é proibido é permitido.

b) Legitimidade Passiva.

A legitimidade passiva caberá ao executado que é o responsável pelo cumprimento da


condenação, conforme dispõe o artigo 880 da Consolidação das Leis do Trabalho.

231
Também estão legitimados passivamente para a execução o fiador, o espólio, a massa
falida, o responsável e os sucessores a qualquer título (artigo 4º da Lei 6.830/80).

Também haverá responsabilidade solidária por créditos trabalhistas nas seguintes


hipóteses:

a) entre a empresa estrangeira e a empresa domiciliada no Brasil, conforme


preconizado no artigo 19 da Lei nº 7.064/82.

b) quando condenadas empresas de um mesmo grupo econômico, conforme


preceituado no artigo 2º, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

c) no caso de consórcio de empregadores rurais.

d) no caso de falência da empresa de trabalho temporário, situação na qual o tomador


dos serviços responde pelo salário e indenização do trabalhador temporário.

e) também haverá responsabilidade do tomador dos serviços – nesse caso subsidiária –


quando se tratar de serviços terceirizados, a teor do que dispõe a Súmula 331 do
Tribunal Superior do Trabalho.

f) responsabilidade solidária no caso de sucessão empresarial quando restar


comprovada fraude na transferência - Reforma Trabalhista – artigo 448-A, da CLT,
com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, in verbis:

Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores


prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas,
inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a
empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.

Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a


sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência.

232
g) poderão ser responsabilizados os sócios das empresas nos casos previstos em lei -
no caso, as leis comerciais – trata-se de responsabilidade solidária.

h) poderão se responsabilizados os ex-sócios das empresas nos casos previstos em lei.


- Reforma Trabalhista - artigo 10-A, da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017, in verbis:

Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações


trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio,
somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a
modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência:

I - a empresa devedora;

II - os sócios atuais; e

III - os sócios retirantes.

Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os


demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente
da modificação do contrato.

Acerca da responsabilidade de ex-sócios podem ser responsabilizados por créditos


trabalhistas é certo os dispostos nos artigos 1003, parágrafo único e 1032 do Código
Civil foram inseridos na CLT por meio do dispositivo legal acima.

Incidente de Desconsideração da personalidade jurídica:

Reforma Trabalhista:

Foi inserido o artigo 855-A, na CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, que
trata da obrigatoriedade de instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, cujo teor é o seguinte:

Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de


desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da
233
Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo
Civil.

§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o


incidente:

I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1o do


art. 893 desta Consolidação;

II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de


garantia do juízo;

III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado


originariamente no tribunal.

§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de


concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301
da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).

Observação: Com o advento do artigo 792, parágrafo 3º, do CPC de 2015 nos casos de
desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da
citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.

22.2.10. Modalidades de Execução.

A Execução pode ocorrer:

a) contra devedor insolvente: é o caso de falência do empregador.

Dispõe o artigo 449 da Consolidação das Leis do Trabalho que a totalidade dos
créditos passou a gozar de privilégio na falência, inclusive a totalidade das
indenizações.

Observação: a nova lei de falências manteve o crédito trabalhista como privilegiado,


mas apenas até o limite de 150 (cento e cinquenta) salários mínimos por reclamante

234
em ação trabalhista. Se o crédito trabalhista for excedente a esse limite, o excesso será
tratado como crédito quirografário.

Explica Sérgio Pinto Martins que por se tratar de juízo universal de credores, todos os
créditos devem ser dirigidos ao juízo da insolvência, inclusive o crédito trabalhista,
porém este gozará de preferência sobre os demais.

b) para entrega de coisa: Segundo Wagner D. Giglio é rara nos processos trabalhistas.
Tratando-se de coisa incerta, o executado será citado para entregá-la individualizada,
se lhe couber a escolha, ou para entregar a indicada pelo exeqüente, caso contrário
(artigo 811 do CPC de 2015). Se, no prazo de 15 (quinze) dias, qualquer das partes
impugnar a escolha da outra, o juiz decidirá de plano após ouvir perito (artigo 812 do
Novo Código de Processo Civil).

Será feita a citação para entrega de coisa, certa ou incerta, no prazo de 10 dias. Se não
forem apresentados embargos ou se estes forem rejeitados, não cumprida a ordem,
emitir-se-á mandado de imissão de posse dos imóveis, ou de busca e apreensão dos
móveis (artigo 806, parágrafo 2º, do CPC de 2015).

Se a coisa se deteriorar ou não for encontrada, converte-se a obrigação de entregar em


obrigação de pagar o equivalente, apurado em liquidação (artigo 809 e seus parágrafos
do CPC de 2015).

c) para obrigação de fazer e de não fazer: A sentença que determine obrigação de fazer
ou obrigação de não fazer deve ser cumprida como previsto no artigo 497 do CPC de
2015.

Nas palavras de Sérgio Pinto Martins as condenações de obrigações de fazer no


processo do trabalho são, por exemplo, de entregar a guia de levantamento do FGTS
ou do seguro desemprego, de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social,
de concessão de férias, entrega de carta de referência ou manutenção do plano de
saúde.

235
O procedimento na obrigação de fazer encontra-se previsto no artigo 815 do CPC de
2015 e tem início com a citação para a parte cumpri-la no prazo que o juiz assinar,
salvo se outro não estiver determinado na sentença.

Preconiza o artigo 816 do CPC de 2015 que, se no prazo fixado, o devedor não
satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que
ela seja executada à custa do devedor, caso em que ela se converte em indenização.

Quanto à obrigação de não fazer, se o devedor pratica o ato, a cuja abstenção estava
obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para
desfazê-lo. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande
desfazer o ato a sua custa.

d) de prestações sucessivas: podem ser por tempo determinado (artigo 891 da


Consolidação das Leis do Trabalho) e por tempo indeterminado (artigo 892 da
Consolidação das Leis do Trabalho).

Na execução de prestações sucessivas por tempo determinado o não pagamento de


uma prestação compreenderá as que lhe sucederem (artigo 891 da Consolidação das
Leis do Trabalho). Exemplo citado por Sérgio Pinto Martins é a hipótese de acordo
judicial não cumprido pela reclamada.

Na execução de prestações sucessivas por tempo indeterminado tal compreenderá


inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução (artigo 892 da
Consolidação das Leis do Trabalho).

e) em relação às contribuições previdenciárias: Com o advento da Emenda


Constitucional nº 20/98 foi acrescentado o parágrafo 3º ao artigo 114 da Lei Magna de
1988, que depois tornou-se o inciso VIII do mesmo artigo in verbis:

Artigo 114 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


...

236
a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art.
195, I, a e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças
que proferir.

Com isso, vários dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho foram


modificados ou acrescidos por meio da Lei nº 10.035/2000 com o intuito de a Justiça
do Trabalho promover a execução das contribuições previdenciárias. Ainda há
controvérsia acerca da execução das contribuições previdenciárias apenas sobre o
valor da condenação ou, se se conferir interpretação ampliativa aos dispositivos
inseridos no ordenamento jurídico pelo diploma legal sob enfoque no sentido de se
executar também as contribuições previdenciárias sobre todo o contrato de trabalho.
De acordo com algumas decisões do Tribunal Superior do Trabalho prevalece esta
última corrente.

Com a reforma do Poder Judiciário aprovada pela Emenda Constitucional nº 45/2004 a


execução, de ofício, das contribuições previdenciárias passou a constar no inciso VIII
do artigo 114 da Constituição Federal de 1988.

Reforma Trabalhista:

O parágrafo único do artigo 876 da CLT tem nova redação dada pela Lei nº
13.467/2017, in verbis:

Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as


contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II
do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais,
relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e
dos acordos que homologar.

1ª Observação: No tocante ao parágrafo acima, o que fez o legislador, apenas e tão


somente, foi inserir na CLT o contido na Súmula Vinculante nº 53 do Supremo
Tribunal Federal.

237
2ª Observação: Conforme várias decisões proferidas pelo TST a execução das
contribuições previdenciárias abrange a cota patronal (20%), o seguro de acidente do
trabalho (1%, 2% ou 3%) e a cota do empregado que deve ser descontada dos seus
créditos trabalhistas (8%, 9% ou 11%). Nesse sentido, não devem ser executadas as
contribuições para terceiros sobre condenações trabalhistas como, por exemplo: SESI,
SENAI, SESC, SENAC, SENAR, SENAT, SALÁRIO EDUCAÇÃO, INCRA,
FUNDO AEROVIÁRIO, etc.

f) contra devedor solvente: tem início com a citação que pode ser requerida pela parte
ou determinada de ofício pelo juiz. O executado é citado para cumprir
espontaneamente a sentença ou acordo judicial, da forma como estabelecida na
decisão. No mandado de citação constará o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para
que o executado pague o valor da condenação ou garanta a execução, sob pena de
penhora, nos termos do artigo 880 da Consolidação das Leis do Trabalho. A citação na
execução é feita por oficial de justiça na pessoa do executado e não na pessoa de seu
advogado. Procurado duas vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas e não
encontrado, deve o oficial de justiça certificar essas ocorrências para fins de
determinação judicial no sentido de se fazer a citação por edital.

Se o executado pretender discutir a execução, dispõe o artigo 882 da Consolidação das


Leis do Trabalho que se o executado não pagar a importância reclamada poderá
garantir a execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas
processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no artigo 835 do CPC de 2015.

Reforma Trabalhista:

O artigo 882 tem nova redação dada pela Lei nº 13.467/2017, in verbis:

Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá


garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente,
atualizada e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-
garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem

238
preferencial estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de
2015 - Código de Processo Civil.

1ª Observação: A partir da nova redação é possível garantir o Juízo com seguro


garantia judicial.

2ª Observação: Poderá o exequente recusar a nomeação feita pelo executado, conforme


dispõe o artigo 848 do CPC de 2015.

22.2.11. Citação na Execução e Penhora de Bens.

Nesse momento é possível ao executado quitar a dívida trabalhista utilizando de um


benefício que a lei lhe confere e que está previsto no artigo 916 do CPC de 2015, in
verbis:

Artigo 916 – No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do


exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em
execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado
poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis)
parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por
cento ao mês.

Na obstante alguns juízes trabalhistas relutem em aplicar subsidiariamente o


dispositivo legal supracitado é certo que, de forma majoritária, tem-se entendido que
se trata, de fato, de um benefício dado ao devedor e sua aplicação no processo do
trabalho, com a devida vênia, é medida que se impõe.

É certo que o próprio parágrafo 7º do artigo 916 do CPC de 2015 deixa claro que esse
parcelamento não se aplica ao cumprimento de sentença, o que implicaria que sua
aceitação somente poderia ocorrer quando executado título extrajudicial. Contudo,
pensamos que seja uma forma de solucionar o conflito via acordo judicial e que não
deve ser desprezado pelo juiz do trabalho.

239
Citação na Execução: como já dito acima, a citação é ato formal no qual o executado é
chamado a cumprir espontaneamente a sentença ou acordo judicial. Pode o executado
pagar ou garantir a execução nomeado bens para serem penhorados. O prazo é de 48
(quarenta e oito) horas, sob pena de penhora de bens por determinação judicial.

Observação: forte discussão doutrinária tem sido travada entre os operadores do direito
processual trabalhista diz respeito à aplicabilidade ou não do artigo 523 do CPC de
2015 aos feitos trabalhistas. Referido dispositivo legal preleciona que:

Artigo 523 – No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em


liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente,
sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze)
dias, acrescido de custas, se houver.
Parágrafo 1º - Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o
débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários
de advogado de dez por cento.
Parágrafo 2º - Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a
multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante.
Parágrafo 3º - Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será
expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os
atos de expropriação.

Respeitando posicionamentos em contrário sustentamos a inaplicabilidade do


dispositivo legal retromencionado, sobretudo porque a Consolidação das Leis do
Trabalho não é omissa a respeito. De lembrar que, na fase executória dos feitos
trabalhistas, a aplicação subsidiária da Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80) e do
CPC somente tem cabimento quando omisso o Texto Consolidado. Além disso, o
artigo do CPC contempla punição (acréscimo de dez por cento em razão de multa pelo
não pagamento), o que não está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho.

240
22.2.12. Protesto de dívida trabalhista:

Reforma Trabalhista:

Houve por bem o legislador inserir o artigo 883-A, na CLT, com a redação dada pela
Lei nº 13.467/2017, in verbis:

Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser


levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de
proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas
(BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e
cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do
juízo.

Com todo o respeito ao legislador ordinário nos parece que o tempo de quarenta e
cinco dias mostra-se extremamente extenso para a tomada dessa decisão.

22.2.13. Penhora de Bens.

Na lição de Manoel Antonio Teixeira Filho penhora “representa o ato material que o
Estado realiza com o objetivo de ensejar a expropriação e a consequente satisfação do
direito do credor. É um típico ato de imperium do juiz da execução.” (Execução no
Processo do Trabalho, Editora LTr, 6ª ed., 1998, pág. 398).

Segundo o renomado doutrinador processualista a penhora não é medida acautelatória


e sim ato executivo, que, dentre outras coisas:

a) limita o poder de disposição dos bens apreendidos.

b) implica a sub-rogação, pelo Estado, do poder de dispor.

c) está a serviço da execução, a quem está vocacionada a satisfazer.

241
d) traduz-se em ato de execução.

Por outro lado, Sérgio Pinto Martins assim define penhora: “apreensão dos bens do
executado, tantos quantos bastem ao pagamento da condenação atualizada, acrescida
de juros e demais despesas processuais.”

Os artigos 10 e 30 da Lei nº 6.830/80 preconizam que a penhora recairá sobre qualquer


bem do executado, salvo os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

No auto de penhora deve constar:

a) a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita.


b) os nomes do exequente e do executado.
c) a descrição dos bens penhorados, com as suas características.
d) a nomeação do depositário dos bens (artigo 838 do CPC de 2015).

Observação: se houver resistência por parte do devedor o juiz do trabalho expedirá


mandado autorizando o arrombamento.

Reforma Trabalhista:

Foi inserido o parágrafo 6º, do artigo 884, da CLT, pela Lei nº 13.467/2017, in verbis:

§ 6o A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades


filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas
instituições.

22.2.14. Bens Impenhoráveis.

São absolutamente impenhoráveis (artigo 833 do CPC de 2015):

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução.

242
II – os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida.

III – os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de


elevado valor.

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de


aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal.

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros


bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão do executado.

VI - o seguro de vida.

VII – os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem


penhoradas.

VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família.

IX – os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação


compulsória em educação, saúde ou assistência social.

X – até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta


de poupança.

Observação: A Lei nº 8.009/90 trata da impenhorabilidade do bem de família. O artigo


1º do referido diploma legal assim preleciona:

243
Art. 1º - o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade
familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que
sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses
previstas nesta Lei.

De outra parte, o artigo 2º da mesma Lei assim dispõe:

Art. 2º - Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de


transporte, obras de arte e adornos suntuosos.

Por fim, o artigo 3º da mesma Lei trata das hipóteses nas quais não se aplica a regra da
impenhorabilidade, a saber:

Art. 3º - A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo


de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra
natureza, salvo se movido:

I – em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência


e das respectivas contribuições previdenciárias. (grifei e
negritei) – revogado expressamente pela Lei Complementar
nº 150/2015 de 01/06/2015 (Lei dos Empregados Domésticos)
– grifei e negritei.

II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento


destinado à construção ou aquisição do imóvel, no limite dos
créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo
contrato.

III – pelo credor de pensão alimentícia.

244
IV – para cobrança de impostos, predial e territorial, taxas e
contribuições devidas em função de imóvel familiar.

V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como


garantia real pelo casal ou pela entidade familiar.
VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
indenização ou perdimento de bens.

VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato


de locação.

1ª Observação: A avaliação do bem penhorado deve ser feita pelo Oficial de Justiça
quando do ato de constrição, eis que também é avaliador. Somente se impossível ao
Oficial de Justiça proceder à avaliação é que será nomeado avaliador pelo Juízo.

2ª Observação: Penhora sobre cotas de empresa limitada - a penhora sobre cotas de


empresa constituída sob a forma de responsabilidade limitada somente poderá ocorrer
no caso de se tratar de sociedade de capital e não de sociedade de pessoas. Tal
condição deve ser verificada no contrato social que conterá ou não cláusula no sentido
de que se um dos sócios quiser se desligar da sociedade deverá, antes de tudo, oferecer
as suas quotas aos sócios remanescentes (sociedade de pessoas), enquanto que se tal
cláusula não estiver inserida no contrato social significa dizer que é possível vendê-las
a terceiros (sociedade de capital).

3ª Observação: Penhora on line - a penhora on line encontra-se prevista no Convênio


Bacen-Jud. Posteriormente foi inserida no ordenamento jurídico pátrio, mais
precisamente no artigo 854 do CPC de 2015. É a possibilidade de bloqueio dos ativos
financeiros do executado e posterior penhora que se concretiza com a transferência do
dinheiro para a conta judicial.

245
É possível a penhora on line de valores constantes em aplicações financeiras. Se se
tratar de caderneta de poupança, desde que o valor da aplicação seja superior a 40
(quarenta) salários mínimos.

Não é possível a penhora on line de crédito decorrente de cheque especial, eis que se
trata de dinheiro apenas escritural.

A jurisprudência tem admitido a penhora de crédito decorrente de previdência privada.

A penhora on line pode ser utilizada tanto contra o empregador (regra) como contra o
empregado (exceção).

4ª Observação: Sobre o artigo 833, inciso X, do CPC de 2015 no nosso entender é


permitido ao juiz que penhore várias cadernetas de poupança se ficar provado que o
devedor executado o fez com o intuito de fracionar seu patrimônio com o intuito de
fraudar a lei;

5ª Observação: Ainda, sobre o artigo 833, inciso X, do CPC de 2015, no nosso


entender a melhor interpretação ao dispositivo do CPC retromencionado é que, ainda
que se trate de uma única caderneta de poupança, se esta estiver com saldo superior a
quarenta salários mínimos, é permitido ao juiz a penhora por inteiro e não apenas pelo
montante que excede esse patamar.

6ª Observação: Penhora de restituição de imposto de renda:

Veja-se o aresto abaixo:

TST suspende penhora de restituição do imposto de renda para


pagar dívida trabalhista – 24/11/2014
A Subseção 2 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do
Tribunal Superior do Trabalho sustou a penhora determinada sobre o
valor da restituição do imposto de renda de um terapeuta para o
pagamento de uma execução trabalhista. A decisão se deu em

246
mandado de segurança impetrado pelo terapeuta contra decisão da 62ª
Vara do Trabalho de São Paulo, que havia determinado os bloqueios
em sua conta para o pagamento de execução movida por um
trabalhador contra a Cooperativa dos Profissionais da Saúde da Classe
Médica (Cooperpas/Med-1) e outros, da qual o terapeuta era
conselheiro. (RO-8252-30.2011.5.02.0000)

7ª Observação: Penhora de bem imóvel hipotecado. É possível conforme Orientação


Jurisprudencial nº 226 da SDI-I do Tribunal Superior do Trabalho.

8ª Observação: É sabido que no caso de alienação fiduciária não é possível determinar


a realização de penhora. Contudo, é possível determinar a penhora de direitos futuros
sobre o bem alienado fiduciariamente. Nesse sentido vejamos o aresto abaixo:

Agravo de petição. Penhora sobre os direitos do contrato de alienação


fiduciária. Possibilidade. Em que pese a impossibilidade da penhora
recair diretamente sobre o veículo alienado fiduciariamente, é possível
que se realize a constrição judicial sobre os direitos derivados do
contrato de alienação fiduciária, por se tratar de modalidade em que o
contratante adquire paulatinamente a propriedade do bem, na medida
em que vão sendo honrados os pagamentos das suas parcelas, não
havendo qualquer afronta à OJ 226 do TST, tampouco ao Decreto-Lei
n. 911/1969. Decisão: Acorda a 1ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 13ª Região, dando continuidade ao julgamento iniciado.
TRT 13ª Reg. AP-0012700-98.2007.5.13.0026 – (Ac. 1ª T.) – Rel.
Des. Carlos Coelho de Miranda Freire. DEJT/TRT 13ª Reg. n.
1.806/15, 3.9.15, p. 1.

9ª Observação: Penhora de bens sucessórios – a lei não contempla de nenhuma


vedação. Contudo, é de bom alvitre verificar os arestos abaixo:

247
Agravo de Instrumento - Execução - Penhora de Direitos Possessórios
Sobre Imóvel em Condomínio Irregular - Possibilidade – Desnecessidade
de Registro - Valor Patrimonial - Ausência de Vedação Legal.

1. A penhora de direitos sobre imóvel não levado a registro se encontra


absolutamente perfeita e seu objeto pode ser, regularmente, levado a leilão.
a única conseqüência da falta de registro é a impossibilidade de ser a
restrição oposta a terceiros de boa-fé.

2. Para ser objeto de penhora o bem tem que obedecer a apenas dois
requisitos: tem que ser economicamente expressivo e não pode estar
incluído no rol legal dos bens que são impassíveis de penhora (art. 649, cpc
e lei n. 8.009/90).

3. Tendo o imóvel localizado em condomínio irregular expressão


econômica, os direitos possessórios sobre o mesmo podem ser objeto de
penhora, pois poderão satisfazer o crédito do exeqüente.

4. Agravo provido. (TJDF – Agravo de Instrumento 20040020038464


DF – 4ª Turma Cível, Relator Sérgio Rocha, em 20/09/2004, DJU
02/12/2004, pág. 53).

Agravo de Instrumento. Execução de Título Extrajudicial. Penhora.


Direitos Possessórios do Executado Sobre os Bens Imóveis Indicados à
Penhora. Possibilidade. Decisão Reformada. Agravo a que se dá
provimento.

Contrato particular de compromisso de compra e venda, mesmo não levado


a registro, desde que comprovado com a efetiva posse sobre o imóvel, pode
ser indicado à penhora que recairá sobre os direitos de posse do executado
sobre o bem em tela. (TJPR – Agravo de Instrumento 274591-7 PR, 14ª
Câmera Cível, relator Luiz Antônio Barry, em 29/04/2005, DJ 6858).

248
TJSP. Execução. Penhora. Posse decorrente de invasão de área.
Admissibilidade somente quando cabível de cessão ou transferência. CPC,
art.655.
«A penhora de direitos possessórios somente é cabível quando passíveis de
cessão e transferência. (...) A simples expectativa de que tais direitos
venham a ser legalizados pela Prefeitura Municipal, como aguardado pelo
agravante (fls. 81), não significa que eles já constituam patrimônio dos
devedores e portanto passíveis da penhora reclamada. ...» (Des. S. Oscar
Feltrin).» (...)

22.2.15. Segunda Penhora.

Dispõe o artigo 851 do CPC de 2015 que:

Art. 851 – Não se procede à segunda penhora, salvo se:

I – a primeira for anulada;

II – executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento


do exequente;

III – o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens,


ou por estarem submetidos a constrição judicial.

22.2.16. Exceção ou Objeção de Pré-Executividade.

Sobre o tema em comento veja-se a lição de Nelson Nery Junior:

O primeiro meio de defesa de que dispõe o devedor no processo de


execução é a exceção de executividade. Admite-se quando
desnecessária qualquer dilação probatória para a demonstração de que
o credor não pode executar o devedor. Daí ser exceção de
executividade e não de pré-executividade: o credor não tem execução

249
contra o devedor. Denomina-se exceção porque instrumento de defesa
de direito material, que contém matérias que o juiz somente pode
examinar a requerimento da parte. São argüíveis por meio de exceção
de executividade: a prescrição, o pagamento e qualquer outra forma de
extinção da obrigação (adimplemento, compensação, confusão,
novação, consignação, remissão, sub-rogação, dação etc.), (Gomes,
Obrigações, n. 67, p. 87) desde que demonstráveis prima facie.
Havendo necessidade de dilação probatória para que o devedor possa
demonstrar a existência da causa liberatória da obrigação, ou a
prescrição da eficácia executiva do título que aparelha a execução, é
inadmissível a exceção de executividade. Nesse caso o devedor, caso
queira defender-se, terá de segurar o juízo e ajuizar ação de embargos
do devedor (Código de Processo Civil Comentado, Editora Revista dos
Tribunais, 6ª ed., 2002, págs. 1039/1040).

Para Sérgio Pinto Martins a natureza jurídica da pré-executividade é de defesa, sem


que haja constrição no patrimônio do devedor, que não precisará garantir a execução
para apresentar suas alegações. É um incidente processual defensivo contra
ilegalidades, quando, na verdade, não existe título executivo. Sustenta o autor pela
inaplicabilidade do instituto no processo do trabalho, embora ressalve que, para
aqueles que entendem cabível, o fundamento encontrado é o princípio da celeridade
processual e a matéria arguível é de ordem pública, como por exemplo, pressupostos
processuais e condições da ação na execução (Direito Processual do Trabalho, Editora
Atlas, 21.ª ed., 2004, pág. 676).

22.2.17. Execução Contra a Fazenda Pública.

Dispositivo Constitucional – artigo 100 da Constituição Federal de 1988.

Lembra Sérgio Pinto Martins que a execução contra a Fazenda Pública não é feita
como em relação a qualquer outro devedor. Deverá a Fazenda ser citada, não para
pagar a dívida ou oferecer bens a penhora, mas para embargar, se o desejar, pois seus

250
bens são impenhoráveis (artigo 910 do CPC de 2015). (Direito Processual do
Trabalho, Editora Atlas, 21ª ed., 2004, pág. 678).

A forma de pagamento de créditos devidos por ente público faz-se por meio de
precatório quando de se tratar de valores mais relevantes.

Para o retromencionado doutrinador precatório é o documento em que se pede alguma


coisa. É o ato de pedir, de deprecar. É a requisição feita pelo juiz da execução ao
presidente do tribunal, para que a Fazenda Pública expeça as ordens de pagamento
para saldar o débito a que foi condenada. O juiz de primeiro grau não ordena, apenas
solicita ao presidente do tribunal que requisite o numerário necessário para o
pagamento do débito da Fazenda Pública.

O ente público executado deve inserir o crédito no orçamento do próximo ano. Tal
inserção deve ocorrer até primeiro de julho de cada ano.

O pagamento por precatório é feito mediante ofício requisitório e tem por escopo a
garantia do pagamento e a observância da ordem cronológica de sua entrada.

Com efeito, pode-se concluir que a forma de execução contra a Fazenda Pública
implica em privilégio que, apesar disso, não fere o princípio da isonomia.

Quando se tratar de valores de pequena monta o pagamento é feito pela denominada


RPV – Requisição de Pequeno Valor. Nesse sentido veja-se o contido no artigo 87 do
ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de
1988, que trata da RPV em relação aos Estados e Municípios, in verbis:

Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição


Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a
publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da
Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição

251
Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário,
que tenham valor igual ou inferior a:

I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do


Distrito Federal;

II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.

Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido


neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório,
sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor
excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o
precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100.

De outra parte, na esfera federal o limite encontra-se previsto na Lei nº 10.259/2011,


in verbis:

Artigo 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar,


conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor
de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.

Artigo 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o


trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de
sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à
autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa
Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de
precatório.

Parágrafo 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Federal,


as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas
independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor
estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal
Cível (art. 3o, caput).

Por fim, importa mencionar que o STF – Supremo Tribunal Federal, ao julgar as ADIs
4357 e 4425, considerou parcialmente inconstitucional a Emenda Constitucional nº
252
62/2009 que estabeleceu o regime especial de pagamento parcelado de precatórios em
15 anos.

22.2.18. Execução Contra a Massa Falida.

Quando é decretada a falência de uma empresa seus sócios perdem a administração


dos bens da mesma. Preconiza a lei falimentar que ao juiz cível designar
administrador que, a partir de então, passará a gerir os bens da massa falida, sob a
fiscalização do Poder Judiciário. Uma vez decretada a quebra o juízo cível passa a ser
o único onde os credores devem postular seus haveres. Isto é feito em observância ao
princípio da par conditio creditorum (condição de paridade dos credores).

Vale ressaltar que no caso de ações trabalhistas todo o processo de conhecimento se


desenvolve perante a Justiça do Trabalho. Uma vez transitada em julgado a decisão na
esfera trabalhista deve o trabalhador se habilitar no juízo falimentar, eis de, de acordo
com a nova lei falimentar, os créditos trabalhistas são privilegiados até 150 (cento e
cinquenta) salários mínimos.

22.2.19. Embargos à Execução e Matérias Alegáveis.

a) Natureza jurídica: os embargos à execução têm natureza jurídica de ação e não de


defesa e nem de recurso. Segundo Sérgio Pinto Martins também tem natureza de ação
incidental desconstitutiva do título judicial.

Observação: o artigo 525, parágrafo 6º do CPC de 2015 dispõe que: “A apresentação


de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o
juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se
seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação” (para impugnação do cumprimento de sentença), enquanto que o artigo
919 do CPC de 2015 dispõe que: “Os embargos à execução não terão efeito
suspensivo” (para execução de título executivo extrajudicial). Nesses casos a questão
é saber se esses dispositivos legais se aplicam subsidiariamente ao processo do
trabalho. (grifei e negritei).
253
b) Prazo: 5 (cinco) dias (artigo 884, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho) a
contar da data da intimação da penhora pelo oficial de justiça, se ente de direito
privado.

c) Matéria alegável:

A matéria alegável encontra-se prevista no parágrafo 1º, do artigo 884, da


Consolidação das Leis do Trabalho, a saber:

c.1) cumprimento da decisão ou do acordo – para Sérgio Pinto Martins deve ser
espontâneo, como de que já foi feito o pagamento da condenação ou do acordo nas
condições determinadas.

c.2) quitação – para Sérgio Pinto Martins é a quitação de que trata o legislador é a
posterior à sentença do processo de conhecimento.

c.3) prescrição da dívida.

Observação: a doutrina é pacífica no entendimento de que a prescrição da dívida a que


se refere o legislador é aquela que ocorre durante a execução, ou seja, a prescrição
intercorrente.

Prescrição Intercorrente: segundo Manoel Antonio Teixeira Filho é a prescrição que


se forma no curso da ação de execução. Lembra Sérgio Pinto Martins que tal ocorre
em razão do processo ficar parado na fase de execução por muito tempo.

Jurisprudência sobre Prescrição Intercorrente:

Súmula 327 do Supremo Tribunal Federal – O direito trabalhista


admite a prescrição intercorrente.

Súmula 114 do Tribunal Superior do Trabalho – É inaplicável na


Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.

254
Reforma Trabalhista:

Sobre a prescrição intercorrente foi inserido o artigo 11-A, na CLT, com a redação
dada pela Lei nº 13.467/2017, in verbis:

Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no


prazo de dois anos.

§ 1o A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o


exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução.

§ 2o A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou


declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição.

Observação: Houve por bem o legislador adotar a Súmula 327 do Supremo Tribunal
Federal para admitir a prescrição intercorrente no processo do trabalho, sobretudo
porque a execução de ofício a partir da Lei nº 13.467/2017 limite-se apenas e tão
somente aos casos de jus postulandi.

d) Outras matérias arguíveis em sede de Embargos à Execução:

Doutrina e jurisprudência são majoritárias no sentido de que há possibilidade de


aplicação subsidiária do artigo 525, parágrafo 1º do CPC de 2015 às matérias
retromencionadas, de forma parcial ou total. Dispõe o artigo 525, parágrafo 1º do CPC
de 2015:

Artigo 525 ...

Parágrafo 1º – Na impugnação, o executado poderá alegar:

I – falta ou nulidade de citação na fase de conhecimento, se o


processo correu à revelia.

II – ilegitimidade de parte.

III – inexigibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação.


255
IV – penhora incorreta ou avaliação errônea.

V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções.

VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução.

VII – qualquer modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição,
desde que supervenientes à sentença.

22.2.20. Impugnação à sentença de liquidação.

Garantida a execução pode o executado opor embargos à execução. Ao mesmo tempo


pode o exequente e o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social impugnar a
sentença de liquidação.

Preleciona o parágrafo 4º, do artigo 884, da Consolidação das Leis do Trabalho, que
na mesma sentença serão julgados os embargos à execução e as impugnações à
sentença de liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.

Dessa decisão caberá às partes, se quiserem, interpor Agravo de Petição que é o


recurso cabível na execução.

22.2.21. Embargos de Terceiros no Processo do Trabalho.

a) Previsão legal: artigos 674 a 680 do CPC de 2015.

b) Cabimento no processo do Trabalho: tanto a doutrina como a jurisprudência


entendem como plenamente aplicável no processo do trabalho.

c) Natureza jurídica: tem natureza jurídica de ação e não de defesa ou de recurso.


Segundo Sérgio Pinto Martins no processo do trabalho tem natureza de incidente de
execução, pois esta constitui fase processual. Ensina o citado doutrinador que, “na
verdade, os embargos irão desconstituir a sentença que determinou a penhora de bem
do embargante, fazendo que se retorne a situação anterior. São opostos por quem não é

256
parte no processo, mas sofreu turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de
apreensão judicial (artigo 674 do CPC de 2015).”

Os embargos poderão ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor,


conforme previsto no parágrafo 1º, do artigo 674 do CPC de 2015.

Lembra o doutrinador retromencionado, ainda, que os embargos de terceiro podem ser


opostos em qualquer fase processual, ou seja, no processo de conhecimento ou no
processo de execução, sendo mais utilizado neste último.

Preconiza o artigo 676 do CPC de 2015 que os embargos de terceiro devem ser
distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em
apartado.

Prazo para oposição dos embargos de terceiro:

a) no processo de conhecimento: a qualquer tempo, enquanto não transitada em


julgado a sentença.

b) no processo de execução: 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou


remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Contestação: prazo de 15 (quinze) dias findo o qual se seguirá o procedimento comum.

Depósito recursal – não é necessário, eis que a medida judicial em estudo tem natureza
de ação e não de recurso.

Em havendo julgamento de procedência dos embargos de terceiro o juiz expedirá em


favor do embargante mandado de manutenção.

Em havendo julgamento de improcedência dos embargos de terceiro fica mantida a


constrição dos bens do embargante.

257
Observação: No caso de serem opostos embargos à execução e embargos de terceiro
será este último julgado por primeiro, eis que pode ter reflexos sobre os embargos à
execução.

Da decisão proferida pelo juiz cabe Agravo de Petição, que é o recurso cabível na
execução.

Sobre a competência para apreciação dos Embargos de Terceiro no caso de execução


por carta veja-se a Súmula 419 do TST:

Súmula 419 – COMPETÊNCIA – EXECUÇÃO POR CARTA –


EMBARGOS DE TERCEIRO – JUÍZO DEPRECANTE.
Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão
oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o
bem constrito ou se já devolvida a carta (art. 676, parágrafo único, do
CPC de 2015).

22.2.22. Alienação de Bens em Juízo.

Tendo sido o Juízo garantido por bens e não por dinheiro, esses deverão ser levados a
leilão presencial no local designado pelo juiz, conforme dispõe o artigo 882, parágrafo
3º, do CPC de 2015.

Sustenta Sérgio Pinto Martins que no processo do trabalho não há falar-se em praça e
leilão, eis que este último é feito por leiloeiro, o que não ocorre efetivamente. Por
conta disso, o citado doutrinador aponta como existente uma segunda praça quando
não ofertado o valor da avaliação na primeira praça, na medida em que ambas são
feitas por funcionários da Justiça do Trabalho.

Atualmente estão sendo designados leilões unificados das Varas e presidido por uma
comissão de juízes do trabalho e, em praticamente todos os casos, designados
leiloeiros particulares para tentar fazer com que haja arrematação por um valor mais
próximo daquele da avaliação.

258
O conteúdo do edital está previsto no artigo 886, caput, do CPC de 2015, de aplicação
subsidiária no processo do trabalho.

Os atos executórios são os seguintes:

a) Adjudicação: é o ato judicial por intermédio do qual se transferem ao patrimônio do


credor, a requerimento deste e de modo coativo, bens penhorados ao devedor.

Forma de adjudicação:

Pelo próprio exequente: De acordo com o disposto no artigo 876, do CPC de 2015 o
exequente pode adjudicar o bem por valor não inferior àquele da avaliação, antes da
realização da praça ou leilão.

Não adjudicados os bens é possível a alienação por iniciativa particular, a saber: de


acordo com o disposto no artigo 880, do CPC de 2015, se não adjudicados os bens
penhorados pelo exequente, este poderá requerer sejam eles alienados por sua própria
iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado do CRECI perante a autoridade
judiciária e com 03 (três) anos de experiência sendo certo que a comissão será de no
máximo 5% (cinco por cento) sobre o valor da alienação (alienação por iniciativa
particular). A Justiça do Trabalho não tem adotado a alienação particular.

b) Arrematação: no dizer de Sérgio Pinto Martins, é o ato de adquirir bem em hasta


pública ou leilão pelo melhor lanço. Há a transferência determinada pelo Estado dos
bens penhorados ao terceiro que oferecer o melhor lance. O bem é levado à hasta
pública se o reclamante não tiver adjudicado-o e nem ter havido alienação particular
determinada pelo juízo.

Não adjudicados os bens pelo exequente e não realizada alienação por iniciativa
particular o bem será levado a leilão.

259
O arrematante deverá garantir o lance com o sinal de 20% (vinte por cento) do seu
valor, conforme previsto no artigo 888, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do
Trabalho.

Se o arrematante ou seu fiador não pagar dentro de 24 (vinte e quatro) horas o preço da
arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que trata o item acima,
conforme previsto no artigo 888, parágrafo 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

1ª Observação: Com o advento da Lei nº 890, parágrafo único, do CPC de 2015, o


exequente também pode arrematar o bem, se não adjudicá-lo antes da praça ou leilão.

2ª Observação: De acordo com o mesmo artigo 890, parágrafo único, do CPC de 2015,
o exequente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a exibir o preço, mas se o
valor dos bens exceder o seu crédito, este deverá depositar, dentro de 03 (três) dias, a
diferença, sob pena de ser desfeita a arrematação, hipótese em que retornarão os bens à
praça ou leilão à custa do exequente.

c) Remição: é o ato judicial no qual o próprio executado pode pagar o valor da


condenação, nos termos do artigo 13 da Lei nº 5.584/70 a fim de resgatar os bens até
então penhorados pelo juízo.

Observação: No processo civil o instituto da remição foi totalmente revogado pela Lei
nº 11.382/2006 em relação ao CPC de 1973. A hipótese prevista como remição nos
artigos 787 a 790 do antigo CPC de 1973 então revogados foi incluída como
adjudicação no artigo 876, parágrafo 5º, do CPC de 2015.

22.2.23. Embargos à Arrematação e à Adjudicação.

Sérgio Pinto Martins sustenta pelo não cabimento dos embargos à arrematação e à
adjudicação no processo do trabalho, ante o contido no artigo 884, parágrafo 3º, da
Consolidação das Leis do Trabalho.

260
Observação: A Justiça do Trabalho admite sua interposição embora o artigo 746 do
antigo CPC de 1973 não tenha sido reproduzido no CPC de 2015. Isto porque o
legislador cuidou de prever sua interposição no artigo 903 do CPC de 2015 por meio
de simples petição. Também é possível a utilização de ação anulatória para tanto.

22.2.24. Suspensão e Extinção da Execução no Processo do Trabalho.

Dispõe o artigo 921 do CPC de 2015:

Artigo 921 – Suspende-se a execução:

I – no todo ou em parte, quando recebidos com efeito


suspensivo os embargos à execução.

II – nas hipóteses previstas no arts. 313 e 315, no que couber.

III – quando o executado não possuir bens penhoráveis.

Observação: Os artigos 313 e 315 do CPC de 2015 tratam das hipóteses de suspensão
do processo.

Além disso, dispõem os artigos 922 e 923 do CPC de 2015:

Artigo 922 – Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a


execução durante o prazo concedido pelo exequente, para que o
executado cumpra voluntariamente a obrigação.

Parágrafo único. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação,


o processo retornará o seu curso.
Artigo 923 – Suspensa a execução, é defeso praticar quaisquer
atos processuais. O juiz poderá, entretanto, ordenar providências
cautelares urgentes.

261
Preconizam os artigos 924 e 925 do CPC de 2015:

Artigo 924 – Extingue-se a execução quando:

I – a petição inicial for indeferida.


II – a obrigação for satisfeita.

III – o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção


total da dívida.

IV – o exequente renunciar ao crédito.

Artigo 925 – A extinção só produz efeito quando declarada por


sentença.

Observação: Aplicam-se subsidiária e supletivamente os dispositivos do CPC de 2015


que tratam da suspensão e da extinção da execução, por força do disposto no artigo
769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

262
23. DISSÍDIO COLETIVO. PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA E DE
NATUREZA JURÍDICA. DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. SENTENÇA
NORMATIVA. RECURSO.

23.1. Conceito: Sérgio Pinto Martins – é o processo que vai dirimir os conflitos
coletivos de trabalho, por meio de pronunciamento do Poder Judiciário, criando ou
modificando condições de trabalho para certa categoria ou interpretando determinada
norma jurídica.

Enquanto nos dissídios coletivos o objeto principal é a criação de novas condições de


trabalho para a categoria, nos dissídios individuais o objeto é a aplicação dos direitos
individuais do trabalhador.

Os dissídios coletivos podem ser: de natureza econômica, de natureza jurídica e de


greve.

a) Dissídios Coletivos de Natureza Econômica: são aqueles em que os trabalhadores


reivindicam novas e melhores condições de trabalho, especialmente novas condições
salariais. Sobre o Poder Normativo da Justiça do Trabalho veja-se a Súmula 190 do
TST:

Súmula 190 – PODER NORMATIVO DO TST – CONDIÇÕES DE


TRABALHO – INCONSTITUCIONALIDADE – DECISÕES
CONTRÁRIAS AO TSF.
Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o Tribunal
Superior do Trabalho exerce o poder normativo constitucional, não
podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo
Tribunal Federal julgue iterativamente inconstitucionais.

b) Dissídios Coletivos de Natureza Jurídica: são aqueles em que há divergência na


aplicação ou interpretação de determinada norma jurídica. Nesse caso, quaisquer das

263
partes podem ajuizar referida ação para obter declaração do Poder Judiciário no
sentido de explicitar norma coletiva já existente.

c) Dissídios Coletivos de Greve: são aqueles em que foi deflagrada greve dos
trabalhadores de uma determinada empresa ou de toda a categoria, esta última mais
rara, segundo Amauri Mascaro Nascimento. O interessado, que pode ser qualquer das
partes, poderá ajuizar a ação de dissídio coletivo de greve. São partes que podem
ajuizar a ação tanto o sindicato da categoria profissional, como o empregador. Se se
tratar de greve em atividade essencial também pode ajuizar a ação o Ministério Público
do Trabalho, se houver ameaça de grave lesão ao interesse público.

23.2. Poder Normativo – artigo 114, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988 – é
o poder de que dispõe a Justiça do Trabalho de estabelecer normas e condições,
respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho. O
Poder Judiciário Trabalhista prolata uma Sentença Normativa.

Observação: no caso do dissídio coletivo de natureza econômica, a Emenda


Constitucional nº 45/2004 trouxe alteração no sentido de que, para o seu ajuizamento,
há necessidade de comum acordo entre as partes (grifei). Tem-se noticia que tramita
perante o Supremo Tribunal Federal ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade
quanto à essa exigência sob o argumento de que o comum acordo fere o direito
constitucional de ação (artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988).

Preconiza Ísis de Almeida o seguinte: A rigor, pois, amplia-se o poder jurisdicional da


Justiça além das partes litigantes, estabelecendo-se como um poder “legislativo
suplementar”.

Trata-se, portanto, de verdadeira função atípica do Poder Judiciário ao criar normas


trabalhistas que vinculam as partes litigantes.

23.3. Natureza Jurídica da Sentença Normativa – ato jurisdicional de natureza


constitutiva e sem efeito retroativo.

264
23.4. Quorum da Assembléia Sindical – artigo 859 da Consolidação das Leis do
Trabalho – a representação dos sindicatos para instauração da instância fica
subordinada à aprovação de assembléia, da qual participem os associados interessados
na solução do dissídio coletivo, em primeira convocação, por maioria de 2/3 dos
mesmos, ou, em segunda convocação, por 2/3 dos presentes.

23.5. Prazo Para Instauração – artigo 616, parágrafo 3º, da Consolidação das Leis do
Trabalho – se existir convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro de
sessenta dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo pacto coletivo tenha
vigência no dia imediato a este termo.

23.6. Instauração de Ofício - Artigo 856 da Consolidação das Leis do Trabalho c/c o
artigo 8º, da Lei nº 7783/89 – na ocorrência de greve pode o dissídio coletivo ser
instaurando ex officio pelo Presidente do Tribunal Regional, ou a requerimento do
Ministério Público do Trabalho.

23.6.1. Legitimidade Ativa: é do Sindicato e, na ausência de sindicato, da Federação.


Não estando a categoria organização em nível de Federação, a representação será feita
pela Confederação.

23.6.2. Tentativa de negociação coletiva prévia: é obrigatória constituindo-se em


verdadeira condição da ação.

23.6.3. Procedimentos:

a) petição escrita.

b) petição inicial deve conter a indicação da delimitação territorial da representação,


indicação das pretensões coletivas aprovadas em assembléia de forma clausulada.

23.6.4. Documentos necessários:

265
a) correspondência, registros e atas alusivas à negociação coletiva tentada ou realizada
diretamente ou mediante intermediação do órgão competente do Ministério do
Trabalho.

b) cópia autenticada da ata da assembléia da categoria que aprovou as reivindicações e


concedeu poderes para a negociação coletiva e para o acordo judicial, ou, ainda, de
aprovação das cláusulas e condições acordadas, observando o quorum legal.

c) cópia autenticada do livro ou das listas de presença dos associados participantes da


assembléia deliberativa, ou, outros documentos hábeis à comprovação de sua
representatividade.

23.6.5. Contestação:

Embora não prevista na Consolidação das Leis do Trabalho deve ser feita. No dizer de
Wagner D. Giglio a ausência de contestação não induz nos efeitos da revelia e na pena
de confissão, na medida em que o dissídio coletivo implica em criação ou
interpretação de norma jurídica e não em aplicação de norma jurídica.

23.6.6. Reconvenção:

Decisão do Tribunal Superior do Trabalho considerou o dissídio coletivo ação sui


generis, pelo que seria incompatível a reconvenção (SDC do TST, RO DC 77.623/93,
Rel. Juiz Rider Nogueira de Brito, j. 30-8-94, DJU, I, 30-9-94, p. 25.303/08).

23.6.7. Tentativa inicial de Conciliação: se frustrada terá início a fase instrutória.

23.6.8. Instrução: serão realizadas diligências necessárias.

23.6.9. Nova tentativa de conciliação: será distribuído mediante sorteio, em que será
escolhido o relator.

23.6.10. Parecer do Ministério Público do Trabalho: é obrigatório.

266
23.6.11. Prolação de Sentença Normativa: faz coisa julgada formal e está sujeita a
revisão em razão da mudança das condições econômicas quando de sua prolação.

23.6.12. Recurso Ordinário: a sentença normativa é recorrível mediante Recurso


Ordinário.

Observação: Recurso Ordinário – artigo 14 da Lei 10.192/2001 – somente cabível nos


dissídios coletivos de natureza econômica - o recurso interposto de decisão normativa
da Justiça do Trabalho terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em
despacho do presidente do Tribunal Superior do Trabalho.

23.7. Dissídio Coletivo de Funcionário Público: a Justiça do Trabalho não tem


competência para julgar dissídios coletivos de funcionários públicos, ante o princípio
da legalidade que rege a administração pública (artigo 37 da Constituição Federal de
1988).

O Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucionais as alíneas “d” (direito de


negociação coletiva) e “e” (direito de ajuizar dissídios coletivos) do artigo 240 da Lei
nº 8.112/90 (Estatuto dos Funcionários Públicos Federais).

Observação: Nada obstante o contido acima acerca dos vetos mencionados o TST deu
nova redação à Orientação Jurisprudencial nº 5 da Seção de Dissídios Coletivos, a
saber:

DISSÍDIO COLETIVO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO


PÚBLICO. POSSIBILIDADE JURÍDICA. CLÁUSULA DE
NATUREZA SOCIAL.
Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha
empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação
de cláusulas de natureza social. Inteligência da Convenção nº 151 da
Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto
Legislativo nº 206/2010.

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23.8. Extensão das decisões – artigos 868 a 871 da Consolidação das Leis do Trabalho.

-dissídio coletivo que tenha por objeto novas condições de trabalho e no qual figure
como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, poderá o tribunal
competente, na própria decisão, estender tais condições de trabalho, se julgar justo e
conveniente, aos demais empregados da empresa que forem da mesma profissão dos
dissidentes.

O prazo de vigência de uma sentença normativa, de acordo com o parágrafo único do


artigo 868 da CLT, não pode ser superior a 04 (quatro) anos.

23.9. Ação de Cumprimento – artigo 872 da Consolidação das Leis do Trabalho.

-o parágrafo único do artigo 872 da Consolidação das Leis do Trabalho permite que,
no caso de inadimplência dos empregadores que não pagarem salários na
conformidade da decisão prolatada no dissídio, tanto os empregados como os seus
sindicados, independentemente de outorga de poderes poderão ajuizar ação de
cumprimento, com a juntada da certidão da decisão naquele feito.

Revisão – artigos 873 a 875 da Consolidação das Leis do Trabalho.

-após um ano de vigência da decisão no dissídio caberá revisão das decisões que
fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as circunstâncias que as
ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado injustas e inaplicáveis.

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