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2ª Fase | Exame de Ordem

Português Jurídico | Prof.ª Dra. Luana Porto

Direito do Consumidor

Língua Portuguesa

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2ª Fase | Exame de Ordem
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Olá, oabeiros e oabeiras!

Preparei
Direito do Consumidor para vocês um E-book de língua portuguesa
aplicada ao contexto jurídico.

Este material, propõe a apresentar a vocês conteúdos,


informações e dicas e que podem lhe ajudar a ter
sucesso na preparação para a prova da segunda fase
do Exame da OAB, que exige escrita.

Espero que gostem! ♥

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Português Jurídico
Prof.ª Dra. Luana Porto
Direito do Consumidor

Sumário
1. Língua e expressão .................................................................................................4
2. Redação de peça...................................................................................................13
3. Redação de resposta a questões da OAB.............................................................32
4. Aspectos gramaticais.............................................................................................38
5. Aspectos formais ...................................................................................................44
6. Dúvidas frequentes ................................................................................................45
7. Exercícios ..............................................................................................................47

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1. Língua e expressão

Prof.ª Dra. Luana Porto


@profa.luanaporto

“A arma do jurista é a linguagem. Afinal, direito é linguagem.” (GIDI, 2022, p. 31)

ADireito
língua do portuguesa
Consumidor apresenta dois níveis de expressão, que são a língua culta e a língua

coloquial, os quais devem ser adotados em atenção ao contexto comunicativo.


Língua culta: é a variedade padrão. O vocabulário do texto é rico e são observadas as
normas gramaticais em sua plenitude.
Exemplo:
“No caso em tela, que se caracteriza pelo flagrante roubo realizado mediante concurso de
pessoas, é notório que a punição prevista no art. 157 do Código Penal pode ser ampliada para
até a metade do período de reclusão indicado por Sua Excelência, o doutor Juiz de Direito, em
sua decisão ainda não transitada em julgado.”
Língua coloquial: é a variedade não-padrão. Emprega-se o vocabulário da língua
comum, não há rigidez na atenção às normas gramaticais e o discurso aproxima-se muito da
oralidade.
Exemplo:
“Nesse caso, onde se vê que o roubo foi feito com a ajuda de comparsas, que se juntaram
ao crime por vontade e combinação prévia, o art. 157 do Código Penal diz que a pena pode ser
aumentada para até metade do tempo de cadeia como foi determinado pelo juiz. O mesmo disse
isso em decisão que ainda não é a final.”

Veja o esquema na página seguinte...

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Direito do Consumidor

Dica!

1) No ambiente profissional formal, deve-se empregar sempre a língua culta.


2) Na redação de peças, assim como na resposta a questões discursivas de prova, também
se deve empregar a língua culta.

No meio jurídico, a expressão comunicativa não se resume ao uso da língua portuguesa.


Requer a exploração de um vocabulário técnico e de expressões latinas, que se manifestam por
meio de brocardos jurídicos, provérbios e expressões comumente empregadas para encadear
partes de texto ou até mesmo expressar com maior precisão o que se quer dizer.

Atenção!

Traços singulares da escrita e da fala no texto jurídico: vocabulário técnico e expressões latinas.
Traços imperativos da redação jurídica: correção linguística, clareza e objetividade.
Correção linguística: texto sem desvios gramaticais.
Clareza: texto sem ambiguidade, contradição, polissemia.
Objetividade: dizer o essencial, sem circunlóquios.

Como as expressões latinas são constantes na redação e fala no meio jurídico, é


importante observar sua presença.
Exemplo:

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Observe o sentido das expressões latinas apresentadas no texto:


Amicus curiae = “amigo da corte” ou “amigo do tribunal”.
Telos = finalidade, objetivo; última parte, remate.
In casu = no caso; sobre o que está em julgamento; na espécie sob deliberação judicial.
Ex positis = isso posto; sobre o que ficou estabelecido; tendo em conta o que foi exposto.
Como é possível perceber, o uso da língua portuguesa no exercício do Direito requer
conhecimento para além do idioma oficial no Brasil. Requer noções de expressões latinas
exploradas no meio jurídico. Exige, ainda, outros saberes e práticas associadas ao uso da língua:
• domínio de vocabulário;
• precisão no uso de termos linguísticos e técnicos;

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• adequação na estrutura de frases;


• objetividade;
• correção linguística;
• atenção ao interlocutor;
• obediência ao gênero e ao tipo textual.

Apesar de essas “exigências” no uso da língua serem esperadas, nem sempre é possível
identificar uma
Direito perfeita harmonia nos textos produzidos no âmbito jurídico. Existem alguns
do Consumidor

“tropeços” de linguagem que podem ser apontados.

Problemas de redação no texto jurídico


A redação pode apresentar problemas tanto de estrutura de frases quanto de emprego de
termos, que, repetidos ou mal-empregados, podem indicar sentido não intencionado. Então, a
dica é sempre observar a escrita das peças modelares e observar como o autor as compôs de
modo a reproduzir bons exemplos e a evitar tropeções de escrita que podem desfavorecer uma
boa avaliação da prova.
Veja alguns dos principiais tipos de problemas de redação:

Veja os exemplos:

1. Repetição de palavras
“O réu afirma que não esteve no local no dia do crime, razão pela qual o crime não pode
ser atribuído ao réu, e sim à outra pessoa que a justiça deve encontrar para se fazer justiça como
deve ser feita.”

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Uso das expressões “réu” e “acusado”

Direito do Consumidor

2. Vícios de linguagem
“O requerente apresentou todos os documentos comprobatórios na petição e destacou e
a coerção a ele imposta foi motivo de sua inserção na prática delituosa.”

3. Referenciadores inadequados
“O réu afirmou que ele e seu comparsa não tinham a intenção de matar o comerciante,
mas o mesmo reagiu ao roubo.”

4. Conectores inadequados
“O demandado deixou de quitar as últimas cinco prestações de seu carro, razão pela qual
foi procurado pelo demandante, sem, portanto, ter sido encontrado. Por isso, a ação judicial está
sendo movida.”

Para saber mais...


Vícios de linguagem
Os vícios de linguagem relacionam-se aos desvios gramaticais e podem manifestar-se
tanto na fala quanto na escrita.
Alguns tipos de vícios de linguagem:
• Barbarismo:
“É todo e qualquer erro grosseiro que atente contra a forma ou a ideia correta da palavra”
(VIANA, 2007, p. 196).
Exemplo:
“Em seu depoimento o acusado afirmou que, quando ir ao encontro da ex-esposa,
pretende matar ela. Por causa disso, solicita-se medida protetiva para a requerente.”

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*Para todos verem: esquema.

Grafia
Etmologia (etimologia), Seguimentos (segmentos), rúbrica (rubrica).

Morfologia
Quando eu ir ao fórum …
Se o juiz ver na audiência o réu, perceberá a cara de mau.

Semântica
O deputado
Direito dilatou desvios de verba (delatou).
do Consumidor
Câmara votará projeto para discriminar maconha (descriminar).

• Solecismo:
É o desvio relacionado à sintaxe.
Exemplo:
“O juiz determinou que eu faço a juntada das para anexar aos autos do processo.”
“Prefiro defender meu cliente mesmo não recebendo para isso do que deixá-lo sem
acesso à Justiça.”
“Houveram dois casos semelhantes julgados recentemente no Tribunal.”
“O acusado tinha dúvidas que era o pai da garota e por isso não deu assistência a criança.”
“Existe desconfiança e medo da vítima em encontrar novamente o ex-companheiro, que
a agrediu sucessivas vezes durante o relacionamento.”

• Ambiguidade:
Ocorre quando um mesmo enunciado possibilita mais de uma interpretação.
Exemplo:
“O réu saiu do recinto com o pai desanimado.”
“O advogado e o promotor deram a sua versão para o crime.”

Na escrita no contexto jurídico, deve observar que:


• A linguagem deve ser formal e simples;
• A abreviatura pode ceder lugar à escrita por extenso;
• Os períodos devem ser escritos em ordem direta;
• Termos latinos devem ser usados se houver domínio de seu emprego e se forem
bastante recorrentes no meio jurídico;
• A redação deve ser correta do ponto de vista gramatical.

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Observe os exemplos a seguir e os comentários na videoaula sobre os problemas de


redação apontados ou redação bem construída.
“Tem uma corrente que fala em suspensão parcial dos direitos do trabalhador, o que
autoriza o pedido de redução do valor mensal do salário em função da redução do número de
alunos matriculados no referido educandário.”
“Fulano de Tal, conforme Vossa Excelência pode observar, é réu primário e, portanto,
pode ter seu pedido de relaxamento de pena concedido.”
“Em sua
Direito denúncia, o Ministério Público coloca que o acusado fraudou documentos para
do Consumidor

mascarar renda obtida de modo ilegal.”

Ouça o podcast sobre o tema: “comunicação adequada e juridiquês” através do link:


Comunicação adequada e juridiquês
https://soundcloud.com/user-204974449/comunicacao-juridica-e-juridiques/s-
z7keB0Bvvkw?si=915327169b674f6fb57ca293726804a1&utm_source=clipboard&utm_medium
=text&utm_campaign=social_sharing

Fluência e clareza da redação: a estrutura da frase


Para que a redação seja fluente, clara e objetiva, recomenda-se o uso da estrutura de
frase na ordem direta.

Ordem direta:
Frase: O acusado informou o lugar do crime às autoridades no depoimento.
• Sujeito: o acusado;
• Verbo: informou;
• Complemento: o lugar do crime às autoridades;
• Adjunto adverbial: no depoimento.

Sujeito + Verbo + Complemento + Adjunto Adverbial

O acusado informou o lugar do crime às autoridades no depoimento.

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Para saber mais...


Sujeito: termo sobre o qual se fala
Verbo: ação, estado ou fenômeno da natureza
Complemento: complemento de verbo
Adjunto adverbial: circunstância (tempo, modo, lugar, causa, etc.)

Dica!
ADireito
melhor estratégia produção de frase fluente e adequada ao texto jurídico é adotar a
do Consumidor

estrutura de oração em ordem direta.


Outros exemplos:
*Para todos verem: tabela.
Ordem direta Ordem indireta
As acusações de desvio de dinheiro São totalmente inverídicas as acusações de
público expostas nos documentos são desvio de dinheiro público expostas nos
totalmente inverídicas. documentos.
Os embargos não merecem fé judicial. Não merecem fé judicial os embargos.
O reclamante não exerceu as funções de O reclamante, no período anteriormente
tesouraria e chefia de gabinete no período referido, não exerceu as funções de
anteriormente referido. tesouraria e chefia de gabinete.

Dica

Usar frase escrita em ordem direta na redação de peças e de respostas a questões de


prova.

Correção do texto jurídico: o emprego de termos latinos


O emprego correto de termos latinos requer:
a) sentido adequado;
b) grafia correta.

Atenção!

Em texto oral, é preciso dominar a pronúncia das expressões latinas.


Então, anote algumas informações úteis:

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Os ditongos AE e OE são pronunciados como É e E, respectivamente.


Exemplo: Caesalpinea ferrea (pau-ferro) = Cesalpinea

A combinação CH é lida como QUE ou K.


Exemplos: Scheflera arborícola (cheflera) = sKflera
Pachira aquatica (monguba) sp. = paquira
Direito do Consumidor
As consoantes duplas devem ser pronunciadas isoladamente.
Exemplo: Lea coccinea ( lea verde) = Lea coC-Cinea

A combinação PH deve ser lida como F.


Exemplo: Phoenix roebelinii (fenix)= Fenix rebelini

J, para efeitos de pronúncia, vale sempre como I.


Exemplo: Joannesis princeps (cotieira)= Ioannesis

X, após uma vogal, tem som de KÇ.


Exemplo: Bixa orellana (urucum) = BiKÇa

X, diante de E e I, vale como KCH .


Exemplo: Guapira noxia (caparosa) = Guapira nokchia

Z tem sempre som de DZ.


Exemplo: Zanthoxylum rhoifolium (maminha de porca) = Dzanthoxylum

O L dobrado (LL) tem som de l e não de lh.


Exemplo: Callisia sp. = Calisia sp.

O H inicial é mudo.
Exemplo: Hemerocallis sp. = Hemerocalis sp.

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Alguns termos latinos:


• Ad Argumentandum Tantum = apenas para argumentar
• Ad Referendum = para apreciação
• Bis In Idem = duas vezes no mesmo
• Extra petita = julgamento fora dos pedidos
• Ultra petita = julgamento mais do que os pedidos
• Citra petitum = julgamento aquém do pedido
• Direito
DatadoVenia = permissão; concessão
Consumidor

• Quorum = número mínimo de participantes para validade de decisões tomadas num


grupo
• Ex nunc = a partir de agora
• Ex tunc = a partir de então
• De Cujus = pessoa falecida
• Ex Positis = pelo exposto
• Sub Judice = sob apreciação

Dicas

Se, no discurso oral (pronúncia) ou na redação de peças (sentido do termo), você não souber
empregar o termo latino, não o use.
Substitua-o por uma expressão em língua portuguesa.

2. Redação de peça

A redação da peça exige:


A) habilidade de leitura;
B) compreensão do caso apresentado;
C) identificação do tipo de peça;
D) uso de narração, descrição e argumentação;
E) escrita clara, objetiva, lógica e correta.

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A habilidade de leitura deve ser desenvolvida para que a compreensão do enunciado da


prova da OAB seja adequada e direcionadora de escrita adequada da peça. Para isso, a leitura
do enunciado da peça do Exame de Ordem deve ser atenta e capaz de identificar elementos
essenciais do caso apresentado:
a) Partes;
b) Objeto/tema de conflito;
c) Cronologia dos fatos;
d)Direito
Conflito;
do Consumidor

e) Datas relevantes;
f) Tipo de peça.

O enunciado do XXX Exame de Ordem, aplicado em 1º de dezembro de 2019, é usado


como exemplo para identificação de elementos essenciais do enunciado.

Enunciado

Priscila comprou um carro de Wagner por R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais). Para tanto
Priscila pagou um sinal no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), tendo sido o restante
dividido em nove parcelas sucessivas de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a cada 30 dias. As
parcelas foram pagas regularmente até a sétima, quando Priscila, por ter sido dispensada
de seu emprego, não conseguiu arcar com o valor das duas prestações restantes.
Priscila entrou em contato com Wagner, diretamente, explicando a situação e informando
que iria tentar conseguir o valor restante para quitar o débito, tendo Wagner mencionado
que a mesma não se preocupasse e que aguardaria o pagamento das parcelas, até o
vencimento da última. Tal instrução foi transmitida pelo vendedor à compradora por
mensagem de texto.
Apesar disso, cinco dias antes do vencimento da nona parcela, quando Priscila conseguiu
um empréstimo com um amigo para quitar as parcelas, ela não conseguiu encontrar
Wagner nos endereços onde comumente dava-se a quitação das prestações, a residência
ou o local de trabalho de Wagner, ambos na cidade de São Paulo.
Priscila soube, no mesmo dia em que não encontrou Wagner, que estava impossibilitada
de trabalhar em uma sociedade empresária, pois o credor incluíra seu nome no Serviço
de Proteção ao Crédito (SPC), em virtude da ausência de pagamento das últimas
parcelas.

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Esperando ver-se livre da restrição, quitando seu débito, Priscila efetuou o depósito de R$
4.000,00 (quatro mil reais) no dia do vencimento da última parcela, em uma agência
bancária de estabelecimento oficial na cidade de São Paulo. Cientificado do depósito,
Wagner, no quinto dia após a ciência, recusou-o, imotivadamente, mediante carta
endereçada ao estabelecimento bancário.
Como advogado(a) de Priscila, redija a medida processual mais adequada para que
a compradora obtenha a quitação do seu débito e tenha, de imediato, retirado seu
nome
Direito do cadastro do SPC. (Valor: 5,00)
do Consumidor

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não
confere pontuação.

Por meio da leitura do enunciado, é possível identificar:


a) Partes: Priscila e Wagner;
b) Objeto/tema de conflito: pagamento de carro comprado por Priscila;
c) Cronologia dos fatos: Priscila compra carro parcelado de Wagner, paga sete prestações
e avisa que terá dificuldades de quitar as últimas duas; antes do vencimento do prazo da 9ª
parcela, consegue o valor faltante (R$ 4.000,00) e deposita a Wagner, mas este já havia a
incluído no SPC;
d) Conflito: nome negativado de Priscila em função de não pagamento de prestação na
perspectiva de Wagner;
e) Datas relevantes: data do pagamento da última parcela e da ciência de Wagner quanto
ao depósito do valor;
f) Tipo de peça: ação de consignação em pagamento.

Na redação das peças, é necessário apresentar as partes, contar o conflito e justificar


pedido e/ou avaliação crítica do caso. Por isso, a narração, a descrição e a argumentação são
essenciais.
Veja exemplos:

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Direito do Consumidor

Narração e descrição
Paula da Silva, atendente de loja, moradora da cidade de Camaquã, teve relacionamento
amoroso com João Sobrinho, marceneiro, residente e domiciliado na mesma cidade, durante
março de 2015 a agosto de 2017. Nesse período, o casal viveu sob o mesmo teto, dividindo
custos de manutenção da casa que alugaram. Paula, não suportando o espírito de posse e o
ciúme intensos do então companheiro, pôs fim à relação no dia 30 de agosto de 2017, sem,
contudo, saber que estava grávida de João.
Quando anunciou o término da união estável, Paula propôs que os dois dividissem os
móveis que haviam comprado juntos e que entregassem a casa alugada, o que foi feito de
comum acordo. Embora as conversas tenham sido harmoniosas logo após o término da união,
depois de três meses da partilha dos bens, João passou a procurar Paula. Viu-a, então, grávida
e começou a insultá-la, assim como a provocar discussões gratuitas. Em uma delas, ele acusou
Paula de exercer a prostituição e de estar esperando filho sem saber a identidade do pai. Além
disso, referiu-se a ela de modo desrespeitoso e hostil, usando expressões como “vagabunda” e
“cachorra”. Por fim, nos dois últimos encontros, João extrapolou os limites da agressividade e
bateu fortemente em Paulo, chutando-a com força em várias partes do corpo, ameaçando-a de
morte e prometendo não a deixar em paz.
Indignada com a agressividade, a violência e os insultos de João, Paula decidiu impetrar
ação para solicitar medida protetiva e, por não ter condições financeiras de custear tratamento
médico durante a gravidez, solicitou também pensão alimentícia.

Argumentação
O pedido de medida protetiva de Paula ampara-se na conhecida Lei Maria da Penha (Lei
nº 11.340/2006), que prevê punição a agressores de mulheres e proteção a elas. Nesse sentido,
considerando-se a agressividade, as ameaças e a violência intensa de João – as quais são

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inaceitáveis no atual contexto brasileiro e ferem o princípio básico da condição humana, a


dignidade –, entende-se ser salutar o deferimento da requerente. Isso porque cabe ao Estado
proteger mulheres vítimas de violência doméstica, não permitindo práticas sucessivas de
violação de direito à vida e à dignidade e, em razão disso, é imperativo que se determine o
afastamento imediato de João do convívio, do contato e da presença do acusado na vida social
de Paula.
Além disso, devido ao fato de Paula e João terem constituído união estável e de ela estar
em má Direito
condição financeira, sem, portanto, possibilidades de tratamento adequado durante o
do Consumidor

período gestacional, solicita pensão alimentícia a ser paga pelo ex-companheiro. Tal pedido
encontra respaldo na Lei Federal nº 11.804/08, a qual prevê direito a alimentos gravídicos para
cobrir as despesas do período de gravidez. Embora a criança ainda não tenha nascido, os autos
do processo indicam claramente ser João o pai do bebê e, dessa forma, responsável pelo seu
sustento mesmo antes do nascimento. Vê-se, assim, que não restam dúvidas de que João deve
amparar financeiramente Paula durante a gestação sob pena de não colocar em risco a vida de
um ser ainda indefeso e que tem o direito constitucional de viver e ser bem cuidado além de
protegido pelo Estado.

Os elementos destacados nos exemplos são essenciais na escrita: são nexos ou


elementos de coesão que servem para unir frases, orações e parágrafos de modo a garantir
fluência entre as partes do texto e progressão na exposição do tema.

As orações, frases e parágrafos precisam ser interligados por recursos de coesão.

*Para todos verem: esquema.

Elipse
Conjunções
Pronomes

Elipse: apagamento de um termo subentendido.


“A requerente, por meio de sua progenitora, solicita reconhecimento de paternidade assim
como pensão alimentícia”.

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Conjunções: ligam orações, estabelecendo sentido entre elas.


“O acusado manifestou contrariedade ao depoimento da testemunha, uma vez que esta
faltou com a verdade ao dizer que houve concurso de pessoas na execução do roubo”.

Pronomes: retomam nomes, evitando a repetição de palavras.


“A decisão do juiz foi correta e justa ao determinar seis anos de reclusão por roubo
cometido por João Ramos, cujo histórico criminal poderia ser motivo para ampliação da pena.
Além disso,
Direitodestaca-se que o eminente juiz proferiu sentença em atenção inequívoca ao Código
do Consumidor

Penal em vigor, o qual proíbe o bis in idem”.

Atenção especial às conjunções!


O texto precisa estar interligado por expressões que referenciam e relacionam palavras,
orações, frases e períodos, e as palavras que estabelecem essa ligação são chamadas de
elementos de coesão ou nexos.
A coesão textual é necessária na produção de qualquer texto e, nas peças processuais,
também é aconselhável usar conectores entre frases e parágrafos não só para demonstrar
habilidade linguística, mas também para dar maior fluência e clareza ao texto. Segundo Viana,
“A coesão textual é o resultado da conexão existente entre as palavras, as frases e as orações
que formam o texto jurídico como um todo significativo.” (VIANA, 2007, p. 163-164)
As conjunções são os principais vocábulos para estabelecer conexão entre frases, e cada
conjunção assume um valor semântico no contexto dos enunciados, e isso faz com que seja
imperativo saber empregar as conjunções para ligar frases, ideias, parágrafos na redação das
peças.
Para empregar adequadamente as conjunções, que são essenciais na redação das peças,
é salutar conhecê-las e saber seu sentido. Observe no quadro a seguir as conjunções, sentido e
emprego em frases concretas, procurando identificar também os sinônimos das conjunções.

*Para todos verem: tabela.


Conjunção Valor semântico Exemplo
O réu não ofereceu dificuldades para ser preso nem
E, nem adição
ameaçou o oficial de justiça.
Mas, contudo, no
As testemunhas depuseram favoravelmente ao réu,
entanto, entretanto, adversidade
todavia os depoimentos são contraditórios.
porém, todavia.

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Ou (repetido ou não),
A ordem de prisão será cumprida ou o criminoso
ora, nem, quer, seja, alternância
continuará livre.
etc
Assim, logo, portanto, As provas do crime foram elencadas. Logo, pode ser
conclusão
por isso, etc julgado o processo.
Em suas razões recursais, sustenta o insurgente
que a determinação judicial extrapolou os limites,
Porque, que, pois, explicação
invadindo sua privacidade, pois não está obrigado a
exibir a declaração de seus bens.
Que, do que (quando
iniciadas ou
antecedidas por
Direito do Consumidor
noções comparativas
como menos, mais,
maior, menor, melhor, O depoimento do autor da ação foi mais brando do
comparação
pior), qual (quando que o do réu.
iniciada ou antecedida
por tal), como (também
apresentada nas
formas assim como,
bem como)
Embora, mesmo que,
ainda que, posto que,
por mais que, Apesar de haver provas contundentes sobre o
concessão
conquanto que, apesar crime, o réu foi absolvido.
de, mesmo quando,
etc.
Se, caso, contanto
que, a não ser que, Se houver prova da inocência do réu, que seja
condição
desde que, salvo se, apresentada.
etc.
Conforme, segundo,
consoante, como Segundo informou o promotor, o réu responderá por
(utilizada no mesmo conformidade dois crimes: invasão de privacidade e abuso de
sentido da conjunção poder.
conforme)
Esta Câmara converteu o julgamento em diligência
A fim de que, para que,
finalidade para que fosse instaurado, no juízo de origem, o
que
incidente de insanidade mental do acusado
A decisão em condenar o réu do juiz foi acertada,
Porque, uma vez que,
causa uma vez que os autos comprovam o dolo do
já que, visto que
acusado.
Tanto ... que, tão ...
Esta Corte tanto executou detalhadamente o
Que, de tal modo que, consequência
julgamento que deixou cansada a plateia.
de sorte que
À proporção que, à
medida que, quanto
mais... (tanto) mais, À medida que outros recursos forem julgados, sairá
proporção
quanto mais... (tanto) a sentença.
menos, quanto
menos... (tanto)

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menos, quanto
menos... (tanto) mais
etc.
Quando, enquanto,
logo que, agora que,
tão logo, apenas (com
E ela refere a quatro fatos criminosos. O último,
mesmo sentido da tempo
quando tinha quinze anos, não foi objeto da
conjunção tão logo),
denúncia.
toda vez que, mal
(equivalente a tão
logo), sempre que, etc.
Direito do Consumidor

Exemplos:
“A legislação brasileira referente a crimes no trânsito é uma das mais rigorosas do mundo,
no entanto, não impede que os crimes ocorram nas rodovias e ruas das mais diferentes cidades
do Brasil.”
“O réu chegou à empresa Alfa por volta das 2 h, observou o movimento da rua, percebeu
que não havia ninguém próximo ao local e, então, pulou o muro da organização.”

Análise de peça apresentada na videoaula:

XXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO - DIREITO CIVIL PROVA PRÁTICO –


PROFISSIONAL
Ricardo, cantor amador, contrata Luiz, motorista de uma grande empresa, para transportá-
lo, no dia 2 de março de 2017, do Município Canto Distante, pequena cidade no interior
do Estado do Rio de Janeiro onde ambos são domiciliados, até a capital do Estado. No
referido dia, será realizada, na cidade do Rio de Janeiro, a primeira pré-seleção de
candidatos para participação de um concurso televisivo de talentos musicais, com cerca
de vinte mil inscritos. Os mil melhores candidatos pré-selecionados na primeira fase ainda
passarão por duas outras etapas eliminatórias, até que vinte sejam escolhidos para
participar do programa de televisão. Luiz costuma fazer o transporte de amigos nas horas
vagas, em seu veículo particular, para complementar sua renda; assim, prontamente
aceita o pagamento antecipado feito por Ricardo.
No dia 2 de março de 2017, Luiz se recorda de que se esquecera de fazer a manutenção
periódica de seu veículo, motivo pelo qual não considera seguro pegar a estrada. Assim,
comunica a Ricardo que não poderá transportá-lo naquele dia, devolvendo-lhe o valor que

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lhe fora pago. Ricardo acaba não realizando a viagem até o Rio de Janeiro e, assim, não
participa da pré-seleção do concurso.
Inconformado, Ricardo ingressa com ação indenizatória em face de Luiz menos de um
mês após o ocorrido, pretendendo perdas e danos pelo inadimplemento do contrato de
transporte e indenização pela perda de uma chance de participar do concurso. A ação foi
regularmente distribuída para a Vara Cível da Comarca de Canto Distante do Estado do
Rio de Janeiro. Citado, o réu alegou em contestação que Ricardo errou ao não tomar um
ônibus naConsumidor
Direito do rodoviária da cidade, o que resolveria sua necessidade de transporte. Ao final
da instrução processual, é proferida sentença de total procedência do pleito autoral, tendo
o juízo fundamentado sua decisão nos seguintes argumentos:

i) o inadimplemento contratual culposo foi confessado por Luiz, devendo ele arcar com
perdas e danos, nos termos do Art. 475 do Código Civil, arbitrados no montante de cinco
vezes o valor da contraprestação originalmente acordada pelas partes;
ii) o fato de Ricardo não ter contratado outro tipo de transporte para o Rio de Janeiro não
interrompe o nexo causal entre o inadimplemento do contrato por Luiz e os danos sofridos;
iii) Ricardo sofreu evidente perda da chance de participar do concurso, motivo pelo qual
deve ser indenizado em montante arbitrado pelo juízo em um quarto do prêmio final que
seria pago ao vencedor do certame.

Na qualidade de advogado(a) de Luiz, indique o meio processual adequado à tutela


integral do seu direito, elaborando a peça processual cabível no caso, excluindo-se a
hipótese de embargos de declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos
termos da legislação vigente. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não
confere pontuação.

Veja a imagem na página a seguir...

21
2ª Fase | Exame de Ordem
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Para todos lerem: estruturação de peça por um aluno.


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DA COMARCA DE CANTO

DISTANTE – RIO DE JANEIRO

PROCESSO Nº:...

Luiz..., nacionalidade..., estado Civil..., união estável..., motorista..., portador do RG nº..., inscrito no CPF nº...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., bairro..., na cidade de Canto Distante, Estado do Rio
de Janeiro, por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB nº..., endereço eletrônico...,
com escritório profissional a Rua..., nº..., bairro..., cidade..., Estado..., onde recebe intimações, vem
Direito doàConsumidor
respeitosamente, presença de Vossa Excen Excelência, inconformado com a sentença de folhas..., que julgou
totalmente procedente a ação indenizatória movida por Ricardo..., nacionalidade..., estado civil..., união estável...,
cantor amador, portador do RG sob nº..., inscrito no CPF nº..., cidade de Canto Distante, Estado do Rio de Janeiro,
com fundamento nos artigos 994, I e art. 1009 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO pelas razões que seguem em anexo.

Outrossim, requer a intimação do apelado para oferecer Contrarrazões no prazo de 15 dias, conforme previsão dos
artigos 1.010, §1º e 1.003, § 5º, ambos do Código de Processo Civil.

Requer, ainda, a remessa dos autos ao respectivo egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para
sua admissão, processamento e julgamento.

de retorno, conforme previsão do art.1.007 do Código de Processo Civil.

Termos em que pede deferimento.

Local...Data...

Advogado...OAB...

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

APELANTE: LUIZ

APELADO: RICARDO

PROCESSO Nº...

VARA DE ORIGEM: COMARCA DE CANTO DISTANTE

Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Eméritos Julgadores

1. Cabimento do presente recurso

Destaca-se que da sentença cabe apelação, conforme art. 1.009 do CPC. Assim, tratando-se de sentença

procedente proferida pelo juiz da Vara Cível da Comarca de Canto Distante, com julgamento de mérito na forma

dos arts. 485, I e 490 do CPC, colocando fim a fase do conhecimento nos termos do art. 203, §1º do CPC, justifica-

se a interposição do presente recurso.

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é tempestivo, eis que apresentado no prazo de 15 dias, consoante previsão do art. 1.003, §5º do CPC, contabilizados

em dias úteis na forma do art. 219 do CPC e 224, caput do CPC.

3. Exposição do fato e do direito

O apelado ingressou com ação indenizatória em face do apelante pelo fato do apelado ser cantor amador e

ter contratado o apelante para transportá-lo no dia 02/02/17 do Município de Canto Distante até a capital do Estado.

Na referida data seria realizada a primeira pré-seleção de candidatos para participação de um concurso

televisivo de talentos musicais com cerca de vinte mil inscritos. Os mil melhores candidatos pré-selecionados na 1ª
Direito do Consumidor
fase passariam por outras duas etapas eliminatórias, de modo que ao final 20 participantes fossem escolhidos para

participar do programa televisivo.

No dia estabelecido para o transporte (02/02/17) Luiz recorda que não poderá transportá-lo transportar

Ricardo, pois esquecera de fazer a manutenção periódica de seu veículo, motivo pelo qual não considera seguro

pegar a estrada, devolvendo, então, o valor recebido a título de remuneração.

Desta forma, Ricardo acaba não realizando a viagem até o Rio de Janeiro e, assim, não participa da pré-

seleção do concurso, motivando a propositura da ação indenizatória.

Apesar de alegar, na contestação, que o apelado errou em não procurar outros meios de transporte, como

ônibus, por exemplo, o magistrado proferiu sentença de total procedência, razão pela qual merece ser reformada.

4. Razões da reforma

O apelante requer a reforma da decisão de primeiro grau que julgou procedente os pedidos do autor pelas seguintes

23
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participantes seriam selecionados.

Dessa forma, a responsabilização não deve decorrer do simples fato da resolução. Portanto, deve ser reformada a

sentença de 1º grau., pois não se justifica o arbitramento realizado pelo juízo sentenciante, desamparado por

qualquer elemento probatório.

B) A decisão deve ser reformada em razão da culpa concorrente, isso porque o apelado Ricardo poderia ter

adotado outra medida para realizar a viagem para o Rio de Janeiro, contudo, não fez, o que configura culpa
Direito do Consumidor
concorrente da vítima, conforme art. 945 do Código Civil.

Dessa forma, caso seja reconhecido algum dano em prol do apelado, que o valor da condenação seja reduzido

proporcionalmente.

C) Por fim, é de se destacar, ainda, que a figura da perda de uma chance exige que exista a probabilidade séria e

real da obtenção de um benefício, o que não ocorreu no caso do apelado. Isso porque, conforme narrado, não

havia qualquer certeza mínima que o apelado seria um dos 20 selecionados para participar do programa

televisivo.

5) Do pedido de nova decisão

Diante do exposto, requer o apelante:

a) O recebimento e conhecimento do recurso de apelação, determinando o seu devido processameuto

processamento, eis que preenchidos os requisitos de admissibilidade.

b) Que não seja recebido em seu duplo efeito, devolutivo e suspensivo, conforme previsão dos artigos 1.013 e

1.012 do CPC.

c) Requer o total provimento do presente recurso com o fim de reformar a sentença de 1º grau, julgando

totalmente

Improcedentes os pedidos formulados pelo autor na petição inicial.

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D) A inversão do ônus da sucumbência com a condenação do apelado nas custas processuais e honorários

advocatícios.

E) Comprova o recolhe recolhimento do preparo recursal, inclusive porte de remessa e retorno.

Termos em que pede deferimento.

Local...Data...

Advogado...

OAB...
Direito do Consumidor

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Direito do Consumidor

Agora, observe o enunciado da prova da XXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO – Direito


Penal e as marcações realizadas para ilustrar qualidades da peça produzida, indicando
elementos de coesão no texto e uso adequado de vocabulário.
Lucas, 22 anos, foi denunciado e condenado, definitivamente, pela prática de crime de
associação para o tráfico, previsto no Art. 35 da Lei nº 11.343/06, sendo, em razão das
circunstâncias do crime, aplicada a pena de 06 anos de reclusão em regime inicial semiaberto,
entendendo o juiz de conhecimento que o crime não seria hediondo, não tendo sido
reconhecida a presença de qualquer agravante ou atenuante.
No mês seguinte, após o início do cumprimento da pena, Lucas vem a sofrer nova
condenação definitiva, dessa vez pela prática de crime de ameaça anterior ao de associação,

26
2ª Fase | Exame de Ordem
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sendo-lhe aplicada exclusivamente a pena de multa, razão pela qual não foi determinada a
regressão de regime.
Após cumprir 01 ano da pena aplicada pelo crime de associação, o defensor público que
defende os interesses de Lucas apresenta requerimento de progressão de regime, destacando
que o apenado não sofreu qualquer sanção disciplinar.
O magistrado em atuação perante a Vara de Execução Penal da Comarca de Belo
Horizonte/MG, órgão competente, indefere o pedido de progressão, sob os seguintes
fundamentos:
Direito do Consumidor

a) o crime de associação para o tráfico, no entender do magistrado, é crime hediondo,


tanto que o livramento condicional somente poderá ser deferido após o cumprimento de 2/3 da
pena aplicada;
b) o apenado é reincidente, diante da nova condenação pela prática de crime de ameaça;
c) o requisito objetivo para a progressão de regime seria o cumprimento de 3/5 da pena
aplicada e, caso ele não fosse reincidente, seria de 2/5, períodos esses ainda não
ultrapassados;
d) em relação ao requisito subjetivo, é indispensável a realização de exame
criminológico, diante da gravidade dos crimes de associação para o tráfico em geral.

Ao tomar conhecimento, de maneira informal, da decisão do magistrado, a família de


Lucas procura você, na condição de advogado, para a adoção das medidas cabíveis.
Após constituição nos autos, a defesa técnica é intimada da decisão de indeferimento do
pedido de progressão de regime em 24 de novembro de 2017, sexta-feira, sendo certo que, de
segunda a sexta-feira da semana seguinte, todos os dias são úteis em todo o território nacional.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Lucas,
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração,
apresentando todas as teses jurídicas pertinentes.
A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00)

Veja a imagem na página a seguir...

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Acento
correto

Direito do Consumidor

Não inventar
qualificação
(apenas
dados do
enunciado)

Acento
correto

Narração em
ordem
cronológica

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Argumentação

Direito do Consumidor

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Direito do Consumidor

LEGENDA

Conjunções
verbos no passado (narração)
palavras de ligação

Evitar na redação das peças:

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A) frase fragmentada;
B) frases justapostas;
C) frases muito longas;
D) repetição de palavras;
E) transcrição de lei sem explicação/aplicação ao caso.

Exemplos:
A)Direito
frase fragmentada: o réu foi injustamente acusado de um crime que não cometeu e
do Consumidor

sobre o qual não há provas. O que confirma a ilegalidade da prisão.


B) frases justapostas: a requerente solicitou revisão do valor da pensão. Não teve seu
pedido inicialmente aceito. Entrou com recurso. Foi julgada procedente a ação.
C) frases muito longas: no dia 20 de março de 2017, quando o marido sai de casa para
trabalhar, a vítima foi surpreendida, sozinha, por um transeunte que passava e, frente à sua casa
e nela entrou, buscando objetos de valor e, ao ver a mulher, investiu contra ela golpes de faca e
socos na tentativa de matá-la para não ser testemunha do furto, o que prova que o acusado agiu
com dolo, sendo, portanto, merecedor de pena máxima de reclusão.
D) repetição de palavras: o acusado assumiu a autoria do crime e está disposto a pagar
pela infração que cometeu, mas o acusado quer um julgamento justo porque o crime não foi uma
ação de alto poder ofensivo, ao contrário, o crime não gerou grandes danos materiais – a não
ser o arranhado na parte frontal do carro. Logo, o acusado se compromete a pagar os cursos do
conserto do arranhado e solicita a substituição de pena de reclusão pela pena substitutiva,
realizada por meio da prestação de serviços comunitários.
E) transcrição de lei sem explicação/aplicação ao caso.
É permitido o aborto no Brasil? Sim, conforme o art. 128 do Código Penal.

Dicas

Qualificação das partes;


Adjetivação;
Dados extraídos do enunciado;
Relato do(s) fatos;
Verbos no passado;
Obediência à cronologia;
Respostas a: Quem; O quê; Quando; Onde; Por quê;

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Justificativa(s) para aplicação de dispositivos legais;


Interpretação da lei aplicada ao caso concreto;
Convencimento.

Direito do Consumidor
3. Redação de resposta a questões da OAB

A redação de respostas a questões discursivas do Exame da OAB pode envolver dois


tipos básicos de perguntas:

É necessário que sejam observados os seguintes elementos no processo de preparação


para a elaboração de resposta à questão discursiva:
• Leitura da questão;
• Definição dos itens para abordagem;
• Estruturação das respostas.

Estratégias para a fundamentação a resposta:


*Para todos verem: esquema.

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Causa e efeito: raciocínio lógico

Citação a doutrinador: conhecimento jurídico

Citação a leis, jurisprudência, súmulas: conhecimento técnico aplicado

Exemplo:
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XXX EXAME DE ORDEM UNIFICADO
Os amigos Gilberto, Tarcísio e Lúcia decidem comprar um pequeno sítio no interior de
Direito do Consumidor
Minas Gerais, com o objetivo de iniciarem juntos um negócio de produção de queijos
artesanais. Após a compra do imóvel, mas antes do início da produção, Tarcísio vende a
sua fração ideal para uma amiga de infância, Marta, pois descobre que sua mãe está
severamente doente e, morando sozinha em Portugal, precisa agora da ajuda dele
durante seu tratamento. Lúcia só toma conhecimento da venda após a sua concretização,
e fica profundamente irritada por não ter tido a oportunidade de fazer uma oferta pela parte
de Tarcísio.
Ao procurar um amigo, ela é informada de que a venda realizada por Tarcísio não pode
ser desfeita porque, segundo a orientação dada, o direito de preferência de Lúcia só
existiria caso a fração ideal tivesse sido vendida para Gilberto, o que não ocorreu.
Inconformada com a interpretação feita pelo amigo, Lúcia procura sua orientação para
obter uma segunda opinião sobre o caso.
A) A orientação dada pelo amigo está correta? (Valor: 0,60)
B) O que Lúcia deve fazer para defender o que julga ser seu direito? (Valor: 0,65)

Gabarito Comentado

A) Não. Tendo o negócio sido realizado perante um terceiro estranho ao condomínio,


Tarcísio estava obrigado a oferecer sua fração ideal para Lúcia e Gilberto, para que eles
pudessem exercer a preferência, se quisessem, conforme o disposto no Art. 504 do CC.
B) Lúcia deve propor ação objetivando a adjudicação da fração ideal mediante o depósito
do preço, no prazo de 180 dias, sob pena de decadência.

Distribuição dos Pontos

ITEM PONTUAÇÃO
A. Não. Tendo o negócio sido realizado perante um terceiro estranho ao
condomínio (0,15), Tarcísio está obrigado a oferecer sua fração ideal para 0,00/0,15/0,35/
0,45/0,50/0,60

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os demais condôminos, para que eles possam exercer a preferência, se


quiserem (0,35), conforme o disposto no Art. 504 do CC (0,10).
B. Lúcia deve propor ação objetivando adjudicação da fração ideal OU
haver para si a fração ideal vendida (0,35), mediante o depósito do preço 0,00/0,35/0,45/0,55/0,65
(0,20), no prazo de 180 dias (0,10).

Resposta:
A) A orientação dada pelo amigo está correta?
“Não,
Direitoadoredação dada pelo amigo não está correta. E incorreção justifica-se porque, como
Consumidor
o negócio foi realizado perante um terceiro estranho ao condomínio, Tarcísio estava obrigado a
oferecer sua fração ideal para Lúcia e Gilberto, para que eles pudessem exercer a preferência.
Tal preferência é direito previsto no Art. 504 do CC, no qual está claramente expresso que um
condômino em coisa indivisível é proibido de vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
a quiser. O caso evidencia claramente que não foi oportunidade a preferência a Lúcia e Gilberto,
o que feriu a lei. Logo, vê-se que está equivocada a orientação dada.”

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando
o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob
pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta
de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os com
proprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.

Não basta citar a lei.


Não é adequado transcrever o texto da lei.

B) O que Lúcia deve fazer para defender o que julga ser seu direito?
“Lúcia, para defender o que julga ser seu direito, deve propor ação, objetivando a
adjudicação da fração ideal mediante o depósito do preço, no prazo de 180 dias, sob pena de
decadência. Tal ação é adequada porque, conforme art. 504 do CC, ....”.

Dicas

• Usar o enunciado da pergunta para iniciar a resposta;


• Escrever com objetividade;
• Fundamentar a resposta.

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Observe os apontamentos na página a seguir...

Uso do
enunciado
para
responder a
pergunta

Direito do Consumidor
A) A orientação dada pelo amigo está correta?

“Não, a redação dada pelo amigo não está correta. E incorreção justifica-se
porque, como o negócio foi realizado perante um terceiro estranho ao
condomínio, Tarcísio estava obrigado a oferecer sua fração ideal para Lúcia e
Resposta
objetiva Gilberto, para que eles pudessem exercer a preferência. Tal preferência é direito
previsto no Art. 504 do CC, no qual está claramente expresso que um condômino
em coisa indivisível é proibido de vender a sua parte a estranhos, se outro
consorte a quiser. O caso evidencia claramente que não foi oportunidade a
preferência a Lúcia e Gilberto, o que feriu a lei. Logo, vê-se que está equivocada
a orientação dada.”
Argumentação da
resposta:
paráfrase da lei e
Ratificação da aplicação ao caso
resposta

Estruturação de texto para resposta a questões discursivas


*Para todos verem: esquema.

Leitura e compreensão da questão

Redação dissertativa

Estruturação da resposta

Linguagem da redação da resposta

35
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O que fazer?
• Destacar ideias centrais e informações imprescindíveis da apresentação do tema ou
do caso hipotético apresentado na questão;
• Sublinhar palavras-chaves do tema da proposta da questão discursiva;
• Evitar copiar/transcrever na redação trechos de textos das questões;
• Usar o enunciado da pergunta para iniciar a resposta;
• Escrever com objetividade;
• Direito do Consumidor
Fundamentar a resposta.

Questão:
Adolescente de 13 anos de idade vem sofrendo abusos sexuais de seu pai desde os 9
anos. Inicialmente, a adolescente entendia tais atitudes paternas como carinhos e afetos. Sentia-
se amada por ele e também ganhava muitos presentes, especialmente quando os carinhos
marcados por toques intensos em seu corpo aconteciam, sobretudo em toques na genitália da
garota. Tais toques eram motivo de rechaça da filha, que tentava, sem sucesso, esquivar-se
dele.
O pai pedia segredo dos fatos à menina, a fim de não magoar a genitora, alegando que
caso esta tomasse conhecimento, ele sairia de casa, abandonando a família. No entanto, em
dado momento, as carícias iniciaram-se mais abusivas e com maior frequência. O pai passou a
procurá-la à noite na cama da mesma, até que culminou com o fato de ele passar algumas noites
inteiras no quarto da menina. Em uma dessas noites, ele esfregou as mãos na vagina de sua
filha, demonstrando claramente que sua lascívia estava sendo saciada com os reiterados toques
na genitália.
Ato contínuo nas noites seguintes e intensificado, em uma das noites, por ato sexual
realizado sem a vontade da garota, que tinha seus gritos sufocados pelas mãos do pai que
tampavam a boca da filha e impediam a emissão de som. A mãe, escondida no quarto, viu a
cena. Revoltada, a filha narrou no dia seguinte o fato à sua mãe. Ao relatar para a genitora sobre
os fatos, esta aconselhou a filha que ouvisse o pai e não revelasse o que ocorria dentro do lar,
uma vez que o pai era quem as mantinha financeiramente. A família é de baixa renda e com
grandes vulnerabilidades. Não satisfeita, a filha buscou o Conselho tutelar que fica próximo à
sua residência e fez o relato a uma das conselheiras. O caso relatado apresenta dois aspectos
que sustentam a violência sexual intrafamiliar.

36
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Considerando o caso hipotético, identifique e explique o(s) tipo(s) de conduta(s)


delitiva(s).
Resposta: os atos contínuos do pai indicam sua conduta delituosa, manifesta por crime
de estupro de vulnerável, assim como a conduta da mãe aponta para o crime omissivo impróprio.
Em primeiro lugar, resta claro que as ações do pai configuram o crime de estupro de
vulnerável. Conforme o artigo Art. 217-A, do Código Penal em vigor, ter conjunção carnal ou
praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos configura esse tipo de crime. No
caso emDireito
tela,donaConsumidor
medida em que o pai da garota a acariciava intensamente e tocava no corpo da
filha, para sentir prazer e satisfazer seus desejos, sem considerar a não concordância da menina,
cometeu o referido crime. Além disso, o fato de a garota consentir ou não o ato libidinoso é
irrelevante para a tipificação penal, porque, em conformidade com § 5º do art. 217-A, há violência
presumida e ofensa à dignidade sexual da vítima, o que acarreta a hediondez do crime de estupro
de vulnerável. O fato de o pai ser ascendente da vítima ainda é fator para majoração da pena
conforme inciso II, art. 226 do CP.
Em segundo lugar, a mãe da garota deve responder por delito omissivo impróprio na
condição de partícipe, pois deixou de agir diante da denúncia de violência a ela relatada pela
filha assim como não atendeu ao seu dever de protegê-la. Esse dever está determinado na
Constituição Federal de 1988, no seu art. 227, o qual atribui o dever de zelar pela criança e
adolescente primeiramente à família. Além disso, a conduta da mãe caracteriza-se por crime
comissivo por omissão segundo o § 2º, “a”, do art. 13 do CP, que indica que há crime quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado e não o fez.
Dessa forma, os atos contínuos do pai e da mãe poderão ser tratados na forma da lei,
aplicando-se penas previstas no Código Penal em vigor.

Ouça o podcast sobre o tema: “Apontamentos sobre a resposta” através do link: https://soundcloud.com/user-

204974449/apontamentos-sobre-a-resposta/s-

Apontamentos sobre a resposta


RHX5MDc1d0d?si=915327169b674f6fb57ca293726804a1&utm_source=clipboard&utm_medium=text&utm_campaign=social_s

haring

Estratégias para fundamentação de respostas

37
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Estratégias para evidenciação da fundamentação da resposta do ponto de vista linguístico


e textual:
Direito do Consumidor
A) Uso de conectores causais;
B) Uso de citação;
C) Uso de ilustração/exemplificação.
*Para todos verem: tabela.

Estratégia Elementos linguísticos

Porque, já que, visto que, porquanto, uma vez que ...


Uso de conectores
Isso ocorre em razão de ...
causais
Tal situação é motivada por ...
Conforme, segundo, consoante, de acordo com
Uso de citação A lei XX determina que ...
O entendimento de XX assinala que ...
Como, por exemplo, a saber
Uso de ilustração ou
O caso assinala que...
exemplificação
Tal visão pode ser exemplificada por...

4. Aspectos gramaticais

Entre os vários tópicos gramaticais, serão abordados três temas que devem ser cuidados
na redação das peças: uso de abreviaturas, concordância e pontuação.
As abreviaturas, sempre que possível, devem ser evitadas na redação das peças
processuais. Contudo, ser forem empregadas, devem ser grafadas de forma correta. Para isso,
são apresentadas a seguir abreviaturas de palavras comuns nos textos jurídicos.

Expressão Abreviatura Expressão Abreviatura


Ao(s) cuidado(s) de a/c processo proc.
Pede justiça P. J.
apartamento apart.
sem data s.d.

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artigo art. Sua Excelência S. Ex.ª


Excelentíssimo Ex.º salvo melhor juízo s.m.j.
grama g senhor Sr.
hora(s) h senhora Sr.ª
Meritíssimo MM. testemunho test.
número nº. veja; você v.
página pág.
Vossa Excelência V. Ex.ª
Pede deferimento P.D.
Vossa Senhoria V. S.ª
Por exemplo p. ex.
Abreviaturas de leis e documentos jurídicos:
• CF ou CRFB 88 - Constituição Federal
Direito do Consumidor
• CC - Código Civil (Nota: Código Comercial deve ser escrito por extenso por extenso)
• CPC, CPC/15 ou NCPC - Código de Processo Civil de 2015
• CPP - Código de Processo Penal
• CP - Código Penal
• LEP - Lei de Execução Penal
• CLT - Consolidação da Leis do Trabalho
• CTN - Código Tributário Nacional
• CDC - Código de Defesa do Consumidor
• CTB - Código de Trânsito Brasileiro
• EC – Emenda Constitucional
• HC – Habeas Corpus
• HD – Habeas Data
• MI – Mandado de Injunção
• MS – Mandado de Segurança
• NC – Notícia-Crime
• PAD – Processo Administrativo Disciplinar
• Rcl – Reclamação
• RD – Reconsideração de Despacho
• RE – Recurso Extraordinário
• REsp – Recurso Especial
• RHC – Recurso em Habeas Corpus
• RHD – Recurso em Habeas Data
• RMI – Recurso em Mandado de Injunção
• RMS – Recurso em Mandado de Segurança
• RO – Recurso Ordinário

39
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• Rp – Representação
• STF - Supremo Tribunal Federal
• STJ - Superior Tribunal de Justiça
• TST - Tribunal Superior do Trabalho
• Art. - Artigo
• Súm. - Súmula
• OJ - Orientação Jurisprudencial
Direito do Consumidor

Ao escrever, deve-se dar atenção especial à concordância verbal e também à nominal. A


concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua
forma, às palavras de que dependem. Essa acomodação formal se chama “flexão” e se dá quanto
a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos verbos). Daí
a divisão: concordância nominal e concordância verbal.
Em relação à concordância verbal, serão destacadas duas regras. E a primeira delas é
considerada a regra geral. Veja:

O verbo concorda, em pessoa e número, com o sujeito da oração.


Exemplos:
“Os juízes e os promotores de Justiça requerem maior número de auxiliares para
julgamentos se tornarem mais rápidos.”
“Chegaram ao Tribunal os acusados do crime de infanticídio para o julgamento de hoje.”

Exemplo: fragmento de peça de contrarrazões de apelação cível


“Por esta razão, o recurso ora interposto é peça indigente. Apelo impotente que não
enfrenta nem se contrapõe os fundamentos da decisão.” (concordância correta)
“No referido despacho, que fora publicado no dia 20 de março de 2015, adicionando-se o
prazo nele estipulado, restou facultado ao réu o atendimento ao que determinara, até o dia 30
de abril, e o pagamento da multa de rescisão” (concordância incorreta).

O verbo impessoal é usado apenas na terceira pessoa do singular.


Exemplos:
“Houve vários depoimentos durante a coleta de dados que devem ser anulados.”
“Faz dois anos que o advogado do réu aguarda decisão judicial do processo.”

40
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Em relação à concordância nominal, destaca-se a regra geral, segundo a qual adjetivos,


pronomes, artigos e numerais concordam em gênero e número com os substantivos a que se
referem:
Exemplos:
“Os três homens acusados do crime de estupro serão ouvidos amanhã pela Delegada de
Polícia.”
“Vossa Excelência,
Direito do Consumidor senhor Presidente, é acusada de crime de responsabilidade fiscal.”

Exemplo: fragmento de peça de contrarrazões de apelação cível


“Ao contrário do que insinua o Apelante, a sentença não pode ser declarada nula nem
tampouco enseja qualquer reparo, visto que não pecou em nenhum ponto da decisão. Está
portanto correta e deve ser mantida, por ser JUSTA E SOBERANA.” (concordância correta)
“Desta forma, a revelia restou mais que caracterizado na presente ação, aspecto aliás
que, por inúmeras vezes, procurou a Apelada evidenciar, mas que acabou por não ver acatado
pelo Juízo a quo.” (concordância incorreta)

Em relação à pontuação, a ênfase dada neste material é para alguns empregos da vírgula,
a saber:
a) separar enumeração;
b) isolar vocativo;
c) isolar adjunto adverbial deslocado;
d) isolar expressões explicativas, como isto é, ou seja, a saber, por exemplo, ou melhor,
etc;
e) separar nomes de lugar, em datas e endereços;
f) separar orações subordinadas antepostas à principal;
g) separar orações intercaladas.

Exemplos:
Veja a tabela na página a seguir...

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*Para todos verem: tabela.


Maria da Silva, brasileira, casada, motorista, portadora do CPF n°126.456.789-10, RG RS
2043326543 (SSP/RS), PIS 12345678910, filha de Pedro Silva e Marta Pereira, residente
Direito do Consumidor
Vírgula para separar e domiciliada à Avenida Cula Mangabeira, nº 537, Cidade de Montes Claros (MG), CEP
enumeração 39401-001, vem respeitosamente à presença de V. Exª, por meio do advogado
(instrumento de mandato anexo – Doc.01), para propor a presente ...

“Exmo. Sr.
Vírgula para isolar Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível,
vocativo João da Silva, brasileiro, casado, motorista, residente e domiciliado nesta cidade, vem,
representado por este advogado, ...”
“Os requisitos acima enfocados podem ser classificados como requisitos internos da
exordial que, por seu turno, englobam os requisitos atinentes ao processo (incisos I, II, V, VI
Vírgula para isolar
e VII) e requisitos atinentes ao mérito (incisos III e IV). Já os requisitos externos referem-se
expressões
à forma pela qual deve ser objetivada a peça, ou seja, de forma escrita.”
explicativas
(https://jus.com.br/artigos/4261/peticao-inicial)

“Como se não bastasse, a petição inicial, em uma análise mais ampla, representa o próprio
exercício do direito de ação, pois é ato introdutório do processo, ao qual todos os demais
irão se seguir e manter estreita co-relação com o objetivo de alcançar o fim maior do
Vírgula para separar processo, qual seja, a tutela jurisdicional através da sentença de mérito. No dizer de
adjunto adverbial Humberto Theodoro Júnior, "O veículo de manifestação formal da demanda é a petição
deslocado inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu,
que o autor julga necessária para compor o litígio" (THEODORO JÚNIOR, 2000:313).”
(https://jus.com.br/artigos/4261/peticao-inicial)

Nestes termos,
Vírgula para separar Pede deferimento.
nomes de lugar, em Santa Cruz do Sul, 10 de agosto de 2016...................
datas e endereços Advogado OAB/...

Vírgula para separar


orações Se houver prova do crime, é preciso apresentar a denúncia.
subordinadas Amanhã, quando iniciar o julgamento, advogados de defesa e promotores apresentarão
antepostas à suas teses.
principal
Vírgula para separar
orações O acusado, conforme informou seu advogado, irá assumir o crime cometido.
intercaladas

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Ao se construir uma redação de peça processual, é preciso realizar alguns exercícios de


revisão do texto antes de registrá-lo de forma definitiva na prova.

Veja o esquema na página a seguir...

Direito do Consumidor *Para todos verem: esquema.

Extensão das frases

Reescrita de fragmentos inadequados

Consistência dos argumentos

Correção linguística das frases

Encadeamento de frases e parágrafos

Ao elaborar as peças, deve-se ter alguns cuidados:


*Para todos verem: esquema.

Enunciado
Fundamentação
Assinatura

Tais cuidados são extensivos à redação de respostas a questões discursivas.

XXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO


No dia 11/01/2016, Arnaldo, nascido em 01/02/1943, primário e de bons antecedentes,
enquanto estava em um bar, desferiu pauladas na perna e socos na face de Severino,
nascido em 30/03/1980, por acreditar que este demonstrara interesse amoroso em sua
neta de apenas 16 anos. As agressões praticadas por Arnaldo geraram deformidade
permanente em Severino, que, revoltado com o ocorrido, foi morar em outro estado.
Denunciado pela prática do crime do Art. 129, § 2º, inciso IV, do Código Penal, Arnaldo
confessou em juízo, durante o interrogatório, as agressões; contudo, não foram acostados

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aos autos boletim de atendimento médico e exame de corpo de delito da vítima, que
também não foi localizada para ser ouvida. As testemunhas confirmaram ter visto Arnaldo
desferir um soco em Severino, mas não viram se da agressão resultou lesão. Em
sentença, diante da confissão, Arnaldo foi condenado a pena de 03 anos de reclusão,
deixando o magistrado de substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
em virtude da violência.
Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Arnaldo, responda aos
itens
Direitoado
seguir.
Consumidor

A) Em sede de recurso de apelação, qual argumento poderá ser apresentado em busca


da absolvição de Arnaldo? Justifique. (Valor: 0,65)

B) Ainda em sede de apelação, existe algum benefício legal a ser requerido pela defesa
de Arnaldo para evitar a execução da pena, caso sejam mantidas a condenação e a
sanção penal imposta? Justifique. (Valor: 0,60)

5. Aspectos formais

• Letra legível;
• Paragrafação;
• Translineação;

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• Correção de escrita;
• Frases curtas;
• Frases com ideias completas.

Observe a forma de correção de palavra escrita errada na prova:

Direito do Consumidor
Sim, a requerente tem direito a pensão alimentícia. Isso se justifica porque

seucondixões
não tem condissões condições financeiras de proverela sustento. Nesse
condições de

sentido, a lei

Dicas

Treine a produção de texto manuscrito;


Divida frase longa em duas ou mais frases;
Evite usar verbos no gerúndio.

6. Dúvidas frequentes

1) Separação de sílaba e utilização de hífen ao lado da sílaba;


2) Tipo de letra;
3) Nestes termos, pede deferimento ou Nesses termos, pede deferimento?
4) Expressões em latim em itálico? Com acento?
5) Correção de escrita errada;
6) Depois de dois pontos: maiúscula ou minúscula?
7) Correção de escrita errada;
8) Abreviação de artigos (leis).

Fique ligado!
Citação: ao fundamentar juridicamente a resposta, faça citação na seguinte ordem:

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• Inicie pela tipificação;


• Indique número, ano da lei, artigos, parágrafos, incisos, alíneas.

Quando a referência for o “parágrafo único” do artigo, esta expressão é a que você deve
consignar, estes exemplos estão errados: § único, p.u.
A citação na ordem crescente e de forma direta não deve ser virgulada, por exemplo: §4°
do art.144 da CF/88.
Já as demais formas serão virguladas.
Direito do Consumidor
A intercalação: art. 144, §4°, da CF/88, ou a decrescente: CF/88, art.144, §4°.
Exemplos:
Lei 8.072/90: Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da
Constituição Federal, e determina outras providências.
Lei 11.340/06: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

9) Pronomes esta, este, esse, essa, isto, isso


10) Acento para diferenciar plural de singular vêm perante Vossa Excelência ou vem
perante Vossa Excelência
11) Utilização de "ver", "vir" e "vier“;
12) Utilização de " o mesmo" e "a mesma”;
13) Utilização dos porquês.

Últimos tópicos: ver a aula


• Palavras para iniciar parágrafos (outrossim, contudo...);
• Palavras conflitantes com a tese/contradizer;

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• Resposta completa, iniciar com sim ou não;


• Seguir o que o professor da área orienta em marcações/remissões.

Dicas finais!
• Treine a produção de texto manuscrito;
• Divida frase longa em duas ou mais frases;
• Direito
Evitedousar
Consumidor
verbos no gerúndio;
• Corte palavras desnecessárias.

7. Exercícios

1) O XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2ª FASE apresentou o seguinte enunciado


propositivo para peça:
No dia 24 de dezembro de 2014, na cidade do Rio de Janeiro, Rodrigo e um amigo não
identificado foram para um bloco de rua que ocorria em razão do Natal, onde passaram a ingerir
bebida alcoólica em comemoração ao evento festivo. Na volta para casa, ainda em companhia
do amigo, já um pouco tonto em razão da quantidade de cerveja que havia bebido, subtraiu,
mediante emprego de uma faca, os pertences de uma moça desconhecida que caminhava
tranquilamente pela rua. A vítima era Maria, jovem de 24 anos que acabara de sair do médico e
saber que estava grávida de um mês. Em razão dos fatos, Rodrigo foi denunciado pela prática
de crime de roubo duplamente majorado, na forma do Art. 157, § 2º, incisos I e II, do Código
Penal.
Durante a instrução, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Rodrigo, onde constavam
anotações em relação a dois inquéritos policiais em que ele figurava como indiciado e três ações
penais que respondia na condição de réu, apesar de em nenhuma delas haver sentença com
trânsito em julgado. Foram, ainda, durante a Audiência de Instrução e Julgamento ouvidos a
vítima e os policiais que encontraram Rodrigo, horas após o crime, na posse dos bens subtraídos.
Durante seu interrogatório, Rodrigo permaneceu em silêncio. Ao final da instrução, após
alegações finais, a pretensão punitiva do Estado foi julgada procedente, com Rodrigo sendo
condenado a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto,
e 13 dias-multa. O juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, além de não reconhecer qualquer

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agravante ou atenuante. Na terceira fase da aplicação da pena, reconheceu as majorantes


mencionadas na denúncia e realizou um aumento de 1/3 da pena imposta.
O Ministério Público foi intimado da sentença em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira,
sendo terça-feira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de apelação
perante o juízo de primeira instância, acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30
de setembro de 2015, requerendo:

i) O aumento
Direito doda pena-base, tendo em vista a existência de diversas anotações na Folha de
Consumidor

Antecedentes Criminais do acusado;


ii) O reconhecimento das agravantes previstas no Art. 61, inciso II, alíneas ‘h’ e ‘l’, do Código
Penal;
iii) A majoração do quantum de aumento em razão das causas de aumentos previstas no Art.
157, §2º, incisos I e II, do Código Penal, exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes;
iv) Fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, pois o roubo com faca tem
assombrado a população do Rio de Janeiro, causando uma situação de insegurança em toda a
sociedade.

A defesa não apresentou recurso. O magistrado, então, recebeu o recurso de apelação do


Ministério Público e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia
útil em todo o país, você, advogado(a) de Rodrigo, para apresentar a medida cabível.
Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas
do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia
do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes.
Avalie o trecho narrativo, da exposição dos fatos, em redação de peça processual a seguir,
produzida como resposta à questão. Observe se a narração está completa, tendo-se em vista os
elementos essenciais à redação narrativa.

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2) É sabido que uma boa peça processual precisa apresentar uma redação coesa, que é
marcada pelo encadeamento entre orações, frases e parágrafos. Dessa forma, avalie o emprego
do elemento coesivo em destaque no fragmento de peça a seguir, elegendo a alternativa que
justifica adequadamente o uso do termo no texto.
Direito do Consumidor

a) o vocábulo “todavia” está inadequadamente empregado, uma vez que a sua significação
remete à ideia de soma de informações, o que não se evidencia no parágrafo.
b) o vocábulo “todavia” está inadequadamente empregado, uma vez que a sua significação
remete à ideia de explicação de informações anteriormente registradas, o que não se evidencia
no parágrafo.
c) o vocábulo “todavia” está adequadamente empregado, uma vez que a sua significação remete
à ideia de adversidade, o que se evidencia no parágrafo pelo fato de o termo introduzir uma ideia
oposta à da frase anterior.
d) o vocábulo “todavia” está adequadamente empregado, uma vez que a sua significação remete
à ideia de adição, o que se evidencia no parágrafo pelo fato de o termo introduzir uma ideia nova
à da frase anterior.

3) Leia o texto.
O denunciado, por seu curador, foi citado, oferecendo resposta à acusação por defensor. Não
sendo caso de absolvição sumária, a magistrada a quo designou audiência de instrução e
julgamento.
A oração em destaque no texto assume valor semântico de __________ e o período
poderia, sem alteração de sentido ser reescrito da seguinte forma:

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a) concessão - Como não era caso de absolvição sumária, a magistrada a quo designou
audiência de instrução e julgamento.
b) causa – Apesar de não ser caso de absolvição sumária, a magistrada a quo designou
audiência de instrução e julgamento.
c) concessão – Mesmo não sendo caso de absolvição sumária, a magistrada a quo designou
audiência de instrução e julgamento.
d) conformidade – Como não era caso de absolvição sumária, a magistrada a quo designou
audiência de do
Direito instrução e julgamento.
Consumidor

e) causa – Porque não era caso de absolvição sumária, a magistrada a quo designou audiência
de instrução e julgamento.

4) Entre as características da argumentação da redação das peças processuais, está a


exposição fundamentada dos pedidos. Tendo isso em vista, examine um trecho de peça
processual que expõe pedidos e discuta se eles estão registrados tal como requer uma boa
argumentação jurídica nesse item da peça processual.

5) O texto apresenta uma oração que não segue a ordem direta dos termos é:

a) A invasão não teve causa e nem teve justificativa plausível.


b) Eu condeno o réu ao pagamento de honorários advocatícios à parte autora.

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c) À Polícia Militar ele disse que tomou as cautelas necessárias e recomendáveis ao caso.
d) A autora interpôs recurso adesivo.
e) O autor requereu a reforma da sentença.

6) Em qual das frases há a chamada “frase fragmentária”, aquela em que as informações estão
incompletas?

a) Nas mesmas circunstâncias de tempo e local, o denunciado Fernando da Silva ofendeu a


Direito do Consumidor

integridade corporal das vítimas Maria de Barros e Jane Quadros, causando-lhes as lesões
corporais descritas nos autos de exame de corpo de delito.
b) A defesa pleiteou a absolvição, por não ser o conjunto probatório suficiente à condenação.
c) A pena privativa de liberdade foi substituída por uma restritiva de direitos, consistente na
prestação de serviços à comunidade.
d) A sentença foi publicada em 3 de março de 2017.
e) O corpo da vítima não foi encontrado, mas o crime ocorreu em março deste ano pelos policiais.
Tendo em vista os documentos comprobatórios.

7) Considere o enunciado do Exame de Ordem e a resposta elaborada por um candidato.

Enunciado
Gleicimar e Rosane trabalham em uma indústria farmacêutica, sendo Gleicimar contratada como
estagiária e Rosane, como aprendiz. Ambas assinaram contrato de 1 ano, tendo sido observadas
todas as exigências legais. No 10º mês do contrato, ambas informaram aos respectivos
superiores imediatos que engravidaram. Gleicimar e Rosane, ao serem desligadas ao final do
contrato, foram orientadas por parentes e amigos que teriam estabilidade e, por isso, deveriam
tomar alguma providência. Em razão disso, Gleicimar ajuizou reclamação trabalhista, na qual
postulou a reintegração em virtude da gravidez, e teve a tutela de urgência deferida.
Diante do caso narrado, das disposições legais e do entendimento consolidado do TST, responda
às indagações a seguir.
A) Que tese jurídica você defenderia, como advogado(a) da sociedade empresária, em relação
à estabilidade pleiteada por Gleicimar? (Valor: 0,65)
B) Que medida judicial você, como advogado(a) da sociedade empresária, adotaria para tentar
reverter a tutela de urgência deferida em favor de Gleicimar? (Valor: 0,60)

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Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.

Resposta do candidato:
Gleicimar atuou como estagiária e por isso não tem garantia no emprego tal como indica o Art.
3º da Lei nº 11.788/08.
A empresa deve entrar com mandado de segurança, como indica a Súmula 214 do TST.
Direito do Consumidor

Sobre a resposta do candidato, analise as afirmações.


I) As respostas deveriam estar identificadas com os itens “A” e “B”, em sequência, tal como é
esperado na prova da OAB.
II) Cada uma das respostas carece de demonstração de interpretação jurídica dos excertos legais
citados, uma vez que a simples alusão à lei não é suficiente para a plena valoração da resposta.
III) A redação, apesar de objetiva, atende ao que é solicitado em termos de correção dos
dispositivos legais referenciados e de elaboração de resposta fundamentada e explicada.

Está correto o que se afirma em:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) II.

8) Observe o enunciado da seguinte questão do XXIX Exame de Ordem Unificado.

Enunciado
Irmãos Botelhos & Cia. Ltda., em grave crise econômico-financeira e sem condições de atender
aos requisitos para pleitear recuperação judicial, requereu sua falência no juízo de seu principal
estabelecimento (Camaçari/BA), expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da
atividade empresarial. O pedido foi acompanhado dos documentos exigidos pela legislação e
obteve deferimento em 11 de setembro de 2018. Após constatar que todos os títulos protestados
por falta de pagamento tiveram o protesto cancelado, o juiz fixou, na sentença, o termo legal em
sessenta dias anteriores ao pedido de falência, realizado em 13 de agosto de 2018. Sobre o caso
apresentado, responda aos itens a seguir.

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A) Foi correta a fixação do termo legal da falência? (Valor: 0,70)


B) Considerando que, no dia 30 de junho de 2018, o administrador de Irmãos Botelhos & Cia.
Ltda. pagou dívida vincenda desta através de acordo de compensação parcial, com
desconhecimento pelo credor do estado econômico do devedor, tal pagamento é eficaz em
relação à massa falida? Justifique. (Valor: 0,55)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
Direito do Consumidor

Uma candidata assim redigiu a resposta para o item “A” da questão.


Sim, foi, conforme Art. 99, inciso II, da Lei nº 11.101/05.

Sobre a resposta da candidata, analise as afirmações.


I) A resposta deveria contemplar uma frase completa, envolvendo a resposta objetiva (SIM ou
Não), seguida de oração que reproduz o enunciado da pergunta, como em “Sim, foi correta a
fixação do termo legal da falência” ou “Não, não foi correta a fixação do termo legal da falência”.
II) A referência à lei está correta e é suficiente para fundamentar a resposta.
III) A redação deveria demonstrar interpretação da lei ao caso concreto, o que não está
evidenciado na resposta formulada pela candidata.

Está correto o que se afirma em:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) II.

Gabarito:
1. Considera-se que, do ponto de vista da redação narrativa, a redação está incompleta, pois
não responde a todos os elementos estruturadores da narração, que são: quem (as pessoas que
participam do fato), o quê (apresentação dos fatos que direcionam a história), quando (o
momento em que aconteceram as circunstâncias relatadas, onde (o registro espacial do fato),
como (o modo como o fato aconteceu), por quê (a razão que ocasionou os fatos narrados) e por
isso (resultado ou consequência do fato). Não há indicação clara dos seguintes elementos:

53
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quando, onde e por quê. Contudo, é importante ressaltar que, como o enunciado não apresenta
essas informações ao contextualizar o caso, não é possível indicá-las na redação, já que é
proibido acrescentar informações que não podem ser inferidas.
2. C
3. D
4. Considera-se que, do ponto de vista da redação argumentativa, a redação dos pedidos está
adequada na peça, uma vez que cada solicitação discriminada em item está registrada com
referência a um
Direito dispositivo legal que autoriza a associação do pedido como algo previsto em lei.
do Consumidor

Dessa forma, além de registro do pedido, há uma tentativa de demonstração de sua pertinência,
sinalizando que toda argumentação é uma demonstração da validade das
ideias/opiniões/pedidos expostos.
5. C
6. E
7. B
8. C

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REFERÊNCIAS

GIDI, Antonio. Redação jurídica: estilo profissional – forma, estrutura, coesão e voz. São Paulo:
Juspodvim, 2022.

GOLD, Miriam. Português instrumental para cursos de Direito: como elaborar textos jurídicos.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

GONÇALVES, Emílio. Direito, processo e língua portuguesa: de como os juristas têm


descurado da língua portuguesa. São Paulo: LEJUS, 1993.
Direito do Consumidor
HENRIQUES, Antônio. Prática da linguagem jurídica: solução de dificuldades, expressões
latinas. 5. ed. são Paulo: Atlas, 2010.

KOCH, Ingedore Villaça. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 1996.

VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 3. ed. São Paulo: Juarez
de Oliveira, 2007.

XAVIER, Ronaldo. Português no Direito: linguagem forense. 15. ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense,
2006.

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Direito do Consumidor

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