Você está na página 1de 90

ESPECIAL VIPJUS

LEI 13.964/19
Pacote Anticrime

S E U S U C E S S O M E R E C E S E R T R A T A D O C O M E X C L U S I V I D A D E!
SSUMN
UMÁ forR use
IO

INTRODUÇÃO……………..p. 03 I I– CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Art. 310 do CPP………………..p. 70


Art. 3º-A e ss do CPP……………..p. 19 Art. 311 do CPP………………..p. 75
I – CÓDIGO PENAL Art. 14-A do CPP…………………...p. 27 Art. 312 do CPP………………..p. 76
Art. 25 do CP………………...p. 04 Art. 28 do CPP…………………..…..p. 30 Art. 313, §2º, do CPP………..p. 80
Art. 51 do CP……………..….p. 05 Art. 28-A do CPP.…………………..p. 33 Art. 315 do CPP………………..p. 81
Art. 75 do CP ………….…….p. 06 Art. 122 do CPP………...…………..p. 48 Art. 316 do CPP………………..p. 83
Art. 83, III, do CP……..…….p. 07 Art. 124-A do CPP………………...p. 49 Art. 492 do CPP………………..p. 84
Art. 91-A do CP………….….p. 09 Art. 133 do CPP…………………….p. 50 Art. 564 do CPP………………..p. 87
Art. 116 do CP……………….p. 13 Art. 133-A do CPP………………...p. 51 Art. 581 do CPP………………..p. 88
Art. 157 do CP……………….p. 14 Art. 157, §5º, do CPP……………..p. 53 Art. 638 do CPP………………..p. 89
Art. 171 do CP……………….p. 16 Art. 158-A do CPP.………………...p. 55
Art. 316 do CP……………….p. 18 Art. 282 do CPP.…………………….p. 64
Art. 283 do CPP……………………..p. 68
Art. 287 do CPP……………………..p. 69
INTRODUÇÃO

Infelizmente, nesses últimos dias, estamos todos mais resguardados Buscando organizar da melhor maneira o novo conteúdo,
por conta da “Quarentena – COVID 19”, justamente para preservar e apresentaremos, de forma objetiva e sem pretensão de
assegurar o bem-estar de todos à nossa volta. exaurir o seu estudo, comentários explicativos acerca das
alterações ocorridas no Código Penal e no Código de Processo
Para quem deseja enfrentar concursos públicos, é hora de aproveitar Penal, a fim de que se possa visualizar com maior clareza o que
esse período para intensificarmos os estudos, na medida do possível, a você, de fato, precisa dominar a partir de agora.
fim de evoluirmos cada vez mais rumo à tão sonhada aprovação.
Bons estudos e conte sempre conosco!
E, por falar nisso: Você conhece todas as alterações legislativas
promovidas pela Lei 13.964/2019 no Código Penal e no Código de
Processo Penal? Atenciosamente,
EQUIPE VIPJUS
Pensando nisso, o VIPJUS resolveu oferecer a você, de maneira
totalmente gratuita, este material acerca da Lei 13.964/19 (PACOTE
ANTICRIME), que entrou em vigor no início de 2020 e que introduziu
diversas alterações no Código Penal, no Código de Processo Penal e
também em leis extravagantes.

www.vipjus.com.br 3
I) C Ó D I G O P E N A L

Alteração – art. 25 do CP (legítima defesa)

Inexiste relevante alteração com a inclusão do


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 parágrafo único, haja vista que ele trouxe tão somente uma
hipótese de legítima defesa que já era abarcada pelo próprio
Art. 25 - Entende-se em legítima Art. 25 - Entende-se em legítima artigo 25 do CP. Na realidade, veio apenas esclarecer e deixar
defesa quem, usando defesa quem, usando
expresso que, numa situação como essa descrita no dispositivo
moderadamente dos meios moderadamente dos meios
incluído, o agente de segurança pública estará acobertado pela
necessários, repele injusta necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a agressão, atual ou iminente, a excludente de ilicitude.
direito seu ou de outrem. direito seu ou de outrem.   
Parágrafo único. Observados os
requisitos previstos no caput deste
artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de
segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a
vítima mantida refém durante a
prática de crimes.

www.vipjus.com.br 4
Alteração - art. 51 do CP (pena de multa)

Essa alteração vai no mesmo sentido da jurisprudência


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 dominante nos Tribunais Superiores (STF, ADIN 3.150) e põe
fim à discussão acerca do juízo competente para executar a
Art. 51 - Transitada em julgado a Art. 51 - Transitada em julgado a pena de multa. Conforme agora expressamente previsto no
sentença condenatória, a multa sentença condenatória, a multa
CP, a execução da pena multa deve ocorrer no juízo da
será considerada dívida de valor, será executada perante o juiz da
execução penal, assim como já ocorre em relação à pena
aplicando-se-lhe as normas da execução penal e será considerada
legislação relativa à dívida ativa da dívida de valor, aplicáveis as normas privativa de liberdade.
Fazenda Pública, inclusive no que relativas à dívida ativa da Fazenda
concerne às causas interruptivas e Pública, inclusive no que concerne Muito embora prevista no CP, esta novidade acaba
suspensivas da prescrição. às causas interruptivas e refletindo na fixação de competência jurisdicional, que é
suspensivas da prescrição. matéria processual.

www.vipjus.com.br 5
Alteração - art. 75 do CP (limite das penas)

No Brasil, não existe pena com caráter perpétuo. Assim,


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 existe um tempo máximo de pena que toda a pessoa pode
cumprir. Antes do pacote anticrime, essa quantidade era de 30
Art. 75 - O tempo de cumprimento Art. 75 - O tempo de cumprimento anos, sendo que, quando o agente fosse condenado a penas
das penas privativas de liberdade das penas privativas de liberdade
privativas de liberdade cuja soma fosse superior a esse
não pode ser superior a 30 (trinta) não pode ser superior a 40
montante, deveriam elas ser unificadas para atender o limite
anos. (quarenta) anos.
§ 1º Quando o agente for § 1º Quando o agente for máximo legal.
condenado a penas privativas de condenado a penas privativas de
liberdade cuja soma seja superior a liberdade cuja soma seja superior a O que a novel legislação mudou foi apenas a
30 (quarenta) anos, devem elas ser 40 (quarenta) anos, devem elas ser quantidade, passando o limite máximo agora para 40
unificadas para atender ao limite unificadas para atender ao limite (quarenta) anos, observadas as mesmas regras da previsão
máximo deste artigo. máximo deste artigo.
anterior.

www.vipjus.com.br 6
Alteração – art. 83, III, do CP (livramento condicional)

ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 Houve alteração em relação aos requisitos para a concessão
de livramento condicional. A nova lei ampliou a redação do inciso
Requisitos do livramento Requisitos do livramento condicional III do artigo 83 do CP, ao incluir a necessidade de comprovação de
condicional “não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses” (alínea “b”).
Art. 83 - O juiz poderá conceder Vale destacar que a prática da falta grave por si só NÃO impede o
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado livramento condicional (Sum. 441 do STJ).
livramento condicional ao a pena privativa de liberdade igual ou
condenado a pena privativa de superior a 2 (dois) anos, desde que:
Deve-se compatibilizar a letra da nova lei com o
liberdade igual ou superior a 2 I - cumprida mais de um terço da pena
entendimento sumulado para fins de livramento condicional.
(dois) anos, desde que: se o condenado não for reincidente
I - cumprida mais de um terço da em crime doloso e tiver bons
pena se o condenado não for antecedentes; A alínea “a” trouxe redação bastante semelhante à redação
reincidente em crime doloso e II - cumprida mais da metade se o anterior, trocando apenas “comportamento satisfatório” por “bom
tiver bons antecedentes; condenado for reincidente em crime comportamento”, algo que, na prática, não deve trazer maiores
II - cumprida mais da metade se o doloso; repercussões.
condenado for reincidente em III – comprovado:
crime doloso; a) bom comportamento durante a
A alínea “b”, ao trazer mais um requisito para a concessão do
III - comprovado comportamento execução da pena;
benefício, agravou a situação do condenado, não devendo retroagir
satisfatório durante a execução da b) não cometimento de falta grave nos
pena, bom desempenho no últimos 12 (doze) meses; para fatos ocorridos antes da vigência da nova lei.
trabalho que lhe foi atribuído e c) bom desempenho no trabalho que
aptidão para prover à própria lhe foi atribuído; e
subsistência mediante trabalho d) aptidão para prover a própria
honesto; subsistência mediante trabalho
honesto;
www.vipjus.com.br 7
Alteração – art. 83, III, do CP (livramento condicional)

IV - tenha reparado, salvo efetiva IV - tenha reparado, salvo efetiva


impossibilidade de fazê-lo, o dano impossibilidade de fazê-lo, o dano
causado pela infração; causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços V - cumpridos mais de dois terços da
da pena, nos casos de condenação pena, nos casos de condenação por
por crime hediondo, prática de crime hediondo, prática de tortura,
tortura, tráfico ilícito de tráfico ilícito de entorpecentes e
entorpecentes e drogas afins, drogas afins, tráfico de pessoas e
tráfico de pessoas e terrorismo, se terrorismo, se o apenado não for
o apenado não for reincidente reincidente específico em crimes
específico em crimes dessa dessa natureza.
natureza.
Parágrafo único - Para o condenado
por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a
concessão do livramento ficará
também subordinada à constatação
de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a
delinqüir.

www.vipjus.com.br 8
Novidade - art. 91-A no CP (efeitos da condenação)

O artigo 91-A do CP disciplina outra hipótese de efeito


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 genérico da condenação, mas limitado a infrações penais com
pena máxima superior a 6 anos de reclusão.
Efeitos genéricos e específicos Efeitos genéricos e específicos

De acordo com o dispositivo, é possível ser decretada a


Art. 91 (...) Art. 91 (...)
Art. 91-A Na hipótese de condenação
perda, como produto ou proveito do crime, dos bens
SEM REFERÊNCIA por infrações às quais a lei comine correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do
pena máxima superior a 6 (seis) anos condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento
de reclusão, poderá ser decretada a lícito, ainda que esse valor não constitua proveito auferido pelo
perda, como produto ou proveito do agente com a prática do fato criminoso. Trata-se de efeito
crime, dos bens correspondentes à não-automático da condenação, que deve ser pronunciado pelo
diferença entre o valor do patrimônio
juiz (ou tribunal) se houver pedido do Ministério Público nesse
do condenado e aquele que seja
sentido. Cuida-se, portanto, de medida de maior abrangência do
compatível com o seu rendimento
lícito. que aquela prevista no artigo 91, II, “b”, do CP, pois busca evitar o
§ 1º Para efeito da perda prevista no enriquecimento ilícito do condenado.
caput deste artigo, entende-se por
patrimônio do condenado todos os Figura semelhante já era prevista na lei de improbidade
bens: administrativa (Lei 8.429/92) em seu artigo 12, ao prever como
I - de sua titularidade, ou em relação
sanção, na hipótese de atos de improbidade administrativa que
aos quais ele tenha o domínio e o
importam enriquecimento ilícito (artigo 9º), a perda de bens ou
benefício direto ou indireto, na data
da infração penal ou recebidos
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.
posteriormente; e

www.vipjus.com.br 9
Novidade - art. 91-A no CP (efeitos da condenação)

O §1º do artigo 91-A do CP delimita o patrimônio do


II - transferidos a terceiros a título gratuito
condenado a ser considerado para fins de incidência deste dispositivo.
ou mediante contraprestação irrisória, a
partir do início da atividade criminal.
§ 2º O condenado poderá demonstrar a No inciso I, considera-se como patrimônio todos aqueles bens
inexistência da incompatibilidade ou a de sua titularidade ou que pelo menos com que ele possua relação de
procedência lícita do patrimônio. domínio e benefício direto ou indireto.
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá
ser requerida expressamente pelo
Limite temporal: da data da infração penal em diante.
Ministério Público, por ocasião do
oferecimento da denúncia, com indicação
da diferença apurada. Já o inciso II considera patrimônio do condenado aqueles bens
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação
declarar o valor da diferença apurada e irrisória.
especificar os bens cuja perda for
decretada. Limite temporal: a partir do início da atividade criminal.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a
prática de crimes por organizações
Note que a limitação temporal é diversa. O inciso I, por se
criminosas e milícias deverão ser
preocupar com o patrimônio que o condenado adquiriu após a prática
declarados perdidos em favor da União ou
do Estado, dependendo da Justiça onde criminosa – haja vista a presunção de que o patrimônio tenha relação
tramita a ação penal, ainda que não ponham direta com o(s) crime(s) praticado(s) –, definiu a data da prática da
em perigo a segurança das pessoas, a moral infração penal como termo inicial.
ou a ordem pública, nem ofereçam sério
risco de ser utilizados para o cometimento
de novos crimes.
www.vipjus.com.br 10
Novidade - art. 91-A no CP (efeitos da condenação)

Por sua vez, o inciso II busca alcançar o patrimônio dilapidado


pelo condenado assim que ele iniciou sua atividade criminal (aqui há
outra diferença, pois fala em “atividade criminal”, e não em “infração
penal”, o que indica uma interpretação mais abrangente).

O §2º sinaliza a inversão do ônus da prova, ou seja, é o


condenado quem deve demonstrar a inexistência da incompatibilidade
ou a procedência lícita do patrimônio para não tê-lo perdido, e não o
órgão acusador quem deve provar que o patrimônio é ilícito, em
compatibilidade com a ratio da norma incluída, que é de alargar a
possibilidade de busca patrimonial do condenado.

O §3º determina o dever de o Ministério Público, já no


oferecimento da denúncia, requerer expressamente a perda referida
no artigo, com indicação da diferença apurada. Tal dispositivo gera uma
dificuldade ao Parquet, pois terá ele que demonstrar, logo na denúncia,
como chegou a essa diferença entre o valor do patrimônio do
condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.

www.vipjus.com.br 11
Novidade - art. 91-A no CP (efeitos da condenação)

Por fim, conforme vem sustentando a doutrina, o §5º cuida


do dever de se decretar a perda de instrumentos utilizados para a
prática de crimes por organizações criminosas e milícias (eis aqui a
restrição a apenas esses dois tipos penais), em favor da União ou do
Estado, a depender da justiça em que tramita a ação penal,
independentemente do requisito estabelecido na alínea “a” do inciso
II do artigo 91-A do CP, que autoriza a perda, em favor da União, de
instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.

Trata-se de medida mais abrangente, obrigatória ao Juiz, e


que visa a punir com mais veemência o crime organizado.

Haja vista se tratar de norma prejudicial ao condenado, não


deve ela retroagir.

www.vipjus.com.br 12
Alteração – art. 116 do CP (prescrição)

Houve a criação de duas novas causas impeditivas/suspensivas


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
de prescrição, a saber: na pendência de embargos de declaração ou de
recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e enquanto
Causas impeditivas da Causas impeditivas da prescrição
prescrição
não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a
Art. 116 - Antes de passar em sentença final, a prescrição não corre: A primeira busca evitar que recursos processuais protelatórios
julgado a sentença final, a I - enquanto não resolvida, em outro acabem levando o caso à prescrição. Nesse caso, interposto recurso,
prescrição não corre: processo, questão de que dependa o seja de embargos de declaração perante o juízo a quo ou de qualquer
I - enquanto não resolvida, em reconhecimento da existência do outro perante o juízo ad quem, a contagem da prescrição ficará
outro processo, questão de que crime;
suspensa.
dependa o reconhecimento da II - enquanto o agente cumpre pena no
existência do crime; exterior;
II - enquanto o agente cumpre III - na pendência de embargos de Já a segunda causa vem para impedir que o acordo de não
pena no estrangeiro. declaração ou de recursos aos persecução penal sirva, na realidade, para postergar a prestação
Parágrafo único - Depois de Tribunais Superiores, quando jurisdicional, de modo a causar a prescrição, semelhante ao previsto
passada em julgado a sentença inadmissíveis; e na hipótese da suspensão condicional do processo (artigo 89, §6º, da
condenatória, a prescrição não IV – enquanto não cumprido ou não Lei 9.099/95):
corre durante o tempo em que o rescindido o acordo de não persecução § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
condenado está preso por outro penal.
processo).
motivo. Parágrafo único - Depois de passada
em julgado a sentença condenatória, a
prescrição não corre durante o tempo Portanto, no caso de acordo de não persecução penal, o prazo
em que o condenado está preso por prescricional não correrá enquanto não for ele cumprido ou quando
outro motivo. não for ele rescindido pela autoridade competente.

www.vipjus.com.br 13
Alteração – art. 157 do CP (roubo)

O acréscimo do inciso VII ao §2º do artigo 157 do CP veio para


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
sanar uma discrepância criada pela Lei 13.654/18, que, ao revogar o
inciso I do mesmo parágrafo, havia excluído o emprego de arma branca
Art. 157 - Subtrair coisa móvel Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia,
alheia, para si ou para outrem, para si ou para outrem, mediante grave
como majorante do crime de roubo, apesar de se tratar de hipótese
mediante grave ameaça ou ameaça ou violência a pessoa, ou altamente gravosa e que ocorre com ainda mais frequência do que o
violência a pessoa, ou depois de depois de havê-la, por qualquer meio, emprego de arma de fogo.
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
reduzido à impossibilidade de resistência: Já a inclusão do §2º-B representa situação mais gravosa (que
resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e não retroage, portanto) ao dispor aumento em dobro da pena quando
Pena - reclusão, de quatro a dez multa.
o crime é praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
anos, e multa. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um
proibido – e aqui a jurisprudência deve exigir a perícia da arma para
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 terço) até metade:
(um terço) até metade: configuração do aumento.
VII - se a violência ou grave ameaça é
exercida com emprego de arma branca; Em virtude da redação “em dobro”, alguns entendem que se
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça trata de mais uma qualificadora do crime roubo; de outro lado, uma
é exercida com emprego de arma de segunda corrente ensina que estamos diante de nova causa de
fogo de uso restrito ou proibido, aumento de pena a ser considerada na terceira fase de dosimetria.
aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.

www.vipjus.com.br 14
Alteração – art. 157 do CP (roubo)

A situação, então, ficou assim:

1) Violência ou grave ameaça exercida com emprego de arma


branca 🡪 §2º 🡪 causa de aumento de 1/3 até metade;
2) Violência ou grave ameaça exercida com emprego de arma de
fogo de uso permitido 🡪 §2º-A 🡪 causa de aumento de pena
de 2/3;
3) Violência ou grave ameaça exercida com emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido 🡪 §2º-B 🡪 aplicação da pena
em dobro.

Obs – com a Lei 13.964/19, o roubo com emprego de arma de fogo, seja
de uso permitido ou proibido, passou a ser crime hediondo, na forma da
Lei 8.072/90.

www.vipjus.com.br 15
Alteração - art. 171 do CP (estelionato)

Antes de tal reforma, este crime, na forma do art. 182 do CP, era
ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 de ação penal pública incondicionada, ficando as exceções por conta
desse mesmo preceito legal. A inclusão desse §5º, alterando o panorama
Estelionato Estelionato
anterior, tornou o crime de estelionato, via de regra, de ação penal
Art. 171 - Obter, para si ou para Art. 171 - Obter, para si ou para
pública condicionada à representação.
outrem, vantagem ilícita, em outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou prejuízo alheio, induzindo ou As exceções, em que o estelionato agora permanece crime de
mantendo alguém em erro, mantendo alguém em erro, ação penal pública incondicionada, dizem respeito a crime praticado
mediante artifício, ardil, ou mediante artifício, ardil, ou contra algumas vítimas específicas, que são:
qualquer outro meio fraudulento: qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco Pena - reclusão, de um a cinco anos,
1) Administração Pública, direta ou indireta;
anos, e multa, de quinhentos mil e multa, de quinhentos mil réis a dez
2) Criança ou adolescente;
réis a dez contos de réis. contos de réis.
§ 5º Somente se procede mediante 3) Pessoa com deficiência mental; ou
representação, salvo se a vítima for: 4) Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
I - a Administração Pública, direta
ou indireta; Como, então, a regra passou a ser o crime de estelionato
II - criança ou adolescente; procedido mediante representação, deve prevalecer o entendimento de
III - pessoa com deficiência mental; se exigir representação nestes casos, na linha do que dispõe o artigo 91
ou
da Lei 9.099/95. É essa a orientação inclusive do CNPG/GNCCRIM no
IV - maior de 70 (setenta) anos de
idade ou incapaz.
Enunciado 4:

www.vipjus.com.br 16
Alteração - art. 171 do CP (estelionato)

ENUNCIADO 4 (ART. 171, parágrafo 5º, do CP – ART. 91 da Lei


9.099 c/c art. 3º do CPP): Nas investigações e processos em curso, o ofendido
ou seu representante legal será intimado para oferecer representação no
prazo de 30 dias, sob pena de decadência.

www.vipjus.com.br 17
Alteração – art. 316 do CP (concussão)

Encerrando uma discrepância legal criada em 2003,


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 quando os crimes de corrupção ativa e passiva tiveram a pena
máxima majorada para 12 (doze) anos, permanecendo o crime
Art. 316 - Exigir, para si ou para Art. 316 - Exigir, para si ou para
de concussão com a pena máxima de 8 (oito) anos apenas, a
outrem, direta ou indiretamente, outrem, direta ou indiretamente,
nova lei passa a estabelecer a pena máxima também de 12
ainda que fora da função ou antes ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, de assumi-la, mas em razão dela,
(doze) anos para o crime de concussão.
vantagem indevida: vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12
(oito) anos, e multa. (doze) anos, e multa.

www.vipjus.com.br 18
I I) C Ó D I G O P R O C E S S U A L P E N A L

Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

Primeiramente, a Lei 13.964/19, ao disciplinar sobre o juiz das


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
garantias, fez menção expressa à adoção do sistema acusatório em
nosso ordenamento jurídico, deixando expresso algo que era até
Juiz das Garantias Art. 3o - A lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e então fruto do estudo doutrinário e jurisprudencial da legislação.
Art. 3o - A lei processual penal aplicação analógica, bem como o Veja:
admitirá interpretação extensiva e suplemento dos princípios gerais de
aplicação analógica, bem como o direito. Art. 3º-A O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a
suplemento dos princípios gerais de Art. 3º- A. O processo penal terá iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação
direito. estrutura acusatória, vedadas a
probatória do órgão de acusação.
Art. 3º - A – sem previsão. iniciativa do juiz na fase de
Art. 3º - B – sem previsão. investigação e a substituição da
Art. 3º - C – sem previsão. atuação probatória do órgão de
Tal vedação de iniciativa probatória do juiz na fase de
Art. 3º - D – sem previsão. acusação.’ investigação já era aplicada mesmo antes desse artigo, que agora
Art. 3º - E – sem previsão. encerra qualquer dúvida.
Art. 3º - F – sem previsão.

www.vipjus.com.br 19
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

Este dispositivo representa uma revogação tácita do inciso II


Art. 3º- B. O juiz das garantias é
responsável pelo controle da legalidade da do artigo 5º do CPP, na parte em que trata sobre instauração de
investigação criminal e pela salvaguarda inquérito policial mediante requisição do juiz, algo que, agora, fica
dos direitos individuais cuja franquia tenha expressamente vedado pela redação desse artigo 3º-A.
sido reservada à autorização prévia do
Poder Judiciário, competindo-lhe No tocante à vedação à substituição da atuação probatória do
especialmente: órgão de acusação, há doutrina no sentido de que passou a ser
I - receber a comunicação imediata da
proibido ao juiz produzir provas que corroborem com a acusação,
prisão, nos termos do inciso LXII do caput
do art. 5º da Constituição Federal;
não sendo, contudo, impedido de atuar na produção de provas que
II - receber o auto da prisão em flagrante beneficiem o acusado.
para o controle da legalidade da prisão,
observado o disposto no art. 310 deste De outro lado, outra corrente doutrinária tem entendido que
Código; tal dispositivo não estabelece que seja vedado ao juiz, durante a
III - zelar pela observância dos direitos do instrução, complementar a prova, independentemente se for para
preso, podendo determinar que este seja
corroborar a tese da acusação ou a tese da defesa, sob pena de
conduzido à sua presença, a qualquer
violação à paridade de armas.
tempo;
IV - ser informado sobre a instauração de
qualquer investigação criminal; Nesse sentido, aliás, é o previsto no parágrafo único do artigo
V - decidir sobre o requerimento de prisão 212 do CPP, que dispõe o seguinte:
provisória ou outra medida cautelar,
observado o disposto no § 1º deste artigo; “Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a
inquirição”.

www.vipjus.com.br 20
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

Para essa corrente, então, o que se veda ao juiz é atuar no lugar


VI - prorrogar a prisão provisória ou outra
medida cautelar, bem como substituí-las ou do Ministério Público quando este não se desincumbiu de
revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o demonstrar o que foi alegado na peça acusatória.
exercício do contraditório em audiência
pública e oral, na forma do disposto neste De qualquer forma, houve uma mudança substancial no
Código ou em legislação especial processo penal, criando-se uma autoridade judiciária para atuar
pertinente; exclusivamente no âmbito da fase de investigação e outra para atuar
VII - decidir sobre o requerimento de
na fase processual.
produção antecipada de provas
consideradas urgentes e não repetíveis,
assegurados o contraditório e a ampla Assim, a figura que atuará na seara pré-processual, ligada à
defesa em audiência pública e oral; investigação, é o que agora está se chamando de “juiz das garantias”,
VIII - prorrogar o prazo de duração do o qual decidirá acerca de quebras de sigilo bancário, telefônico,
inquérito, estando o investigado preso, em pedidos de prisão temporária ou preventiva, homologações de prisão
vista das razões apresentadas pela em flagrante; é o que conduzirá a famigerada audiência de custódia e
autoridade policial e observado o disposto
todos os temas assuntos ligados à reserva de jurisdição, descritos no
no § 2º deste artigo;
rol exemplificativo do art. 3º - B do CPP, sendo, portanto, a figura
IX - determinar o trancamento do inquérito
policial quando não houver fundamento responsável pela integridade dos direitos do investigado e da
razoável para sua instauração ou legalidade da investigação criminal.
prosseguimento;
X - requisitar documentos, laudos e Dentre os incisos previstos no artigo 3º-B, tem-se o inciso
informações ao delegado de polícia sobre o XVI, que cita como função do juiz de garantias “deferir pedido de
andamento da investigação; admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da
perícia”.
www.vipjus.com.br 21
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

A partir desse dispositivo, passa a ser possível a figura do


XI - decidir sobre os requerimentos de:
a) interceptação telefônica, do fluxo de assistente técnico durante as investigações. Até então, a
comunicações em sistemas de informática e interpretação que se tinha era de que o assistente técnico só era
telemática ou de outras formas de admissível durante a instrução criminal, conforme inteligência do
comunicação; artigo 159, §§3º, 4º e 5º, II, do CPP.
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de
dados e telefônico; O §1º do art. 3º-B previa a apresentação do preso, em
c) busca e apreensão domiciliar;
flagrante ou por força de mandado, à presença física do juiz no prazo
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que
de 24 horas para fins de audiência de custódia, sendo vedado o
restrinjam direitos fundamentais do emprego de videoconferência. Veja:
investigado;
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes “§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado de prisão
do oferecimento da denúncia; provisória será encaminhado à presença do juiz de garantias no prazo de
XIII - determinar a instauração de incidente 24 (vinte e quatro) horas, momento em que se realizará audiência com a
de insanidade mental;
presença do Ministério Público e da Defensoria Pública ou de advogado
XIV - decidir sobre o recebimento da
constituído, vedado o emprego de videoconferência.”
denúncia ou queixa, nos termos do art. 399
deste Código;
XV - assegurar prontamente, quando se fizer Ele foi vetado pelas seguintes razões: “A propositura legislativa,
necessário, o direito outorgado ao ao suprimir a possibilidade da realização da audiência por
investigado e ao seu defensor de acesso a videoconferência, gera insegurança jurídica ao ser incongruente com
todos os elementos informativos e provas outros dispositivos do mesmo código, a exemplo do art. 185 e 222 do
produzidos no âmbito da investigação Código de Processo Penal, os quais permitem a adoção do sistema de
criminal, salvo no que concerne,
estritamente, às diligências em andamento;
www.vipjus.com.br 22
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

videoconferência em atos processuais de procedimentos e ações penais,


XVI - deferir pedido de admissão de
assistente técnico para acompanhar a além de dificultar a celeridade dos atos processuais e do regular
produção da perícia; funcionamento da justiça, em ofensa à garantia da razoável duração do
XVII - decidir sobre a homologação de processo, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
acordo de não persecução penal ou os de (RHC 77580/RN, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
colaboração premiada, quando formalizados DJe de 10/02/2017).
durante a investigação;
XVIII - outras matérias inerentes às
Ademais, o dispositivo pode acarretar em aumento de despesa,
atribuições definidas no caput deste artigo.
§ 1º (VETADO).
notadamente nos casos de juiz em vara única, com apenas um
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das magistrado, seja pela necessidade de pagamento de diárias e passagens a
garantias poderá, mediante representação outros magistrados para a realização de uma única audiência, seja pela
da autoridade policial e ouvido o Ministério necessidade premente de realização de concurso para a contratação de
Público, prorrogar, uma única vez, a duração novos magistrados, violando as regras do art. 113 do ADCT, bem como
do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o dos arts. 16 e 17 LRF e ainda do art. 114 da Lei de Diretrizes
que, se ainda assim a investigação não for
Orçamentárias para 2019 (Lei nº 13.707, de 2018).”
concluída, a prisão será imediatamente
relaxada.
O artigo 3º-C exclui as infrações de menor potencial ofensivo
Art. 3º-C. A competência do juiz das do juiz das garantias.
garantias abrange todas as infrações penais,
exceto as de menor potencial ofensivo, e
cessa com o recebimento da denúncia ou
queixa na forma do art. 399 deste Código.

www.vipjus.com.br 23
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

O juiz de garantias atua até o recebimento da denúncia ou


§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as
questões pendentes serão decididas pelo queixa, após o que as questões serão analisadas pelo juiz da
juiz da instrução e julgamento. instrução e julgamento, devendo este, tão logo tenha acesso aos
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das autos, reexaminar a necessidade da manutenção das medidas
garantias não vinculam o juiz da instrução e cautelares em curso, no prazo máximo de 10 dias, não ficando
julgamento, que, após o recebimento da vinculado, de forma alguma, às decisões proferidas anteriormente
denúncia ou queixa, deverá reexaminar a por aquele.
necessidade das medidas cautelares em
curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
§ 3º Os autos que compõem as matérias de
O §3º do mesmo artigo 3º-C determina que os autos de
competência do juiz das garantias ficarão inquérito policial não sejam autuados com o processo principal, salvo
acautelados na secretaria desse juízo, à nos casos de: 1) documentos relativos às provas irrepetíveis (ex:
disposição do Ministério Público e da defesa, busca e apreensão, laudos periciais); 2) medidas de obtenção de
e não serão apensados aos autos do provas (ex: afastamento de sigilo bancário, fiscal e telefônico,
processo enviados ao juiz da instrução e colaboração premiada); 3) medida de antecipação de provas – prova
julgamento, ressalvados os documentos
antecipada.
relativos às provas irrepetíveis, medidas de
obtenção de provas ou de antecipação de
provas, que deverão ser remetidos para Já o artigo 3º-D traz uma atecnia ao prescrever que os artigos
apensamento em apartado. 4º e 5º do CPP trazem “competências” ao juiz. Os referidos artigos,
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo contudo, nada dispõem sobre “competências” do juiz. Apesar disso, o
acesso aos autos acautelados na secretaria que se pode extrair dessa norma do artigo 3º-D é o impedimento para
do juízo das garantias. atuar como juiz da instrução e julgamento aquele que tenha
praticado qualquer das atribuições do juiz de garantias arroladas,
exemplificativamente, no artigo 3º-B.
www.vipjus.com.br 24
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

Ainda, no caso de comarcas onde existe apenas um


Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação,
praticar qualquer ato incluído nas Magistrado, será criado pelo Tribunal respectivo um sistema de
competências dos arts. 4º e 5º deste Código “rodízio” com outros Magistrados, de forma a viabilizar a nova
ficará impedido de funcionar no processo. sistemática de atuação jurisdicional.
Parágrafo único. Nas comarcas em que
funcionar apenas um juiz, os tribunais Já o art. 3º -E prevê que o juiz das garantias será designado
criarão um sistema de rodízio de conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados
magistrados, a fim de atender às disposições
e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem
deste Capítulo.
periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado
conforme as normas de organização O artigo 3º-F, em suma, determina a necessidade de o juiz de
judiciária da União, dos Estados e do Distrito garantias assegurar o cumprimento das regras para o tratamento do
Federal, observando critérios objetivos a preso, dentre elas a proibição de exploração da sua imagem por
serem periodicamente divulgados pelo órgão da imprensa.
respectivo tribunal.

Importante: no dia 22 de janeiro de 2020, o Ministro Luiz Fux, na


Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá
assegurar o cumprimento das regras para o qualidade de relator das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305, revogou
tratamento dos presos, impedindo o acordo decisão monocrática do Min. Toffoli anteriormente proferida e
ou ajuste de qualquer autoridade com suspendeu a eficácia, até decisão final do Plenário, da implantação do
órgãos da imprensa para explorar a imagem juiz das garantias e seus consectários (Artigos 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D,
da pessoa submetida à prisão, sob pena de 3ª-E, 3º-F, do Código de Processo Penal) – suspensão por prazo
responsabilidade civil, administrativa e indeterminado.
penal.

www.vipjus.com.br 25
Novidade – arts. 3º-A e seguintes do CPP (juiz de garantias)

Resumidamente, o argumento em questão passa pelo fato de que tal


Parágrafo único. Por meio de regulamento,
as autoridades deverão disciplinar, em 180 implementação afetaria a organização do Poder Judiciário e que ela
(cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as geraria impacto orçamentário imediato ainda desconhecido.
informações sobre a realização da prisão e a
identidade do preso serão, de modo
padronizado e respeitada a programação
normativa aludida no caput deste artigo,
transmitidas à imprensa, assegurados a
efetividade da persecução penal, o direito à
informação e a dignidade da pessoa
submetida à prisão.

www.vipjus.com.br 26
Novidade - art. 14-A do CPP (constituição de defensor em
sede de inquérito por agentes vinculados às instituições de
segurança pública)

O caput do artigo 14-A do CPP traz a possibilidade de


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 servidores vinculados às instituições listadas no artigo 144 da CF (ex:
policiais civis, militares e federais) constituírem defensor, caso
Art. 14-A. – sem correspondência. Art. 14-A. Nos casos em que figurem como investigados em inquéritos policiais cujo objeto seja a
servidores vinculados às instituições
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no
dispostas no art. 144 da
exercício profissional, ainda que em situações que excluam a ilicitude
Constituição Federal figurarem
como investigados em inquéritos da conduta.
policiais, inquéritos policiais
militares e demais procedimentos Esse direito – de investigado constituir advogado – já existia
extrajudiciais, cujo objeto for a antes dessa norma, seja para o policial ou para qualquer cidadão.
investigação de fatos relacionados
ao uso da força letal praticados no As novidades estão mesmo nos §§1º e 2º.
exercício profissional, de forma
consumada ou tentada, incluindo as
O §1º determina a citação do investigado da instauração do
situações dispostas no art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de procedimento investigatório (o correto seria notificação, e não
dezembro de 1940 (Código Penal), o citação).
indiciado poderá constituir defensor.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Caso ele não constitua advogado em até 48 horas, o §2º
determina que a autoridade responsável pelas investigações
comunique a instituição a que o investigado estava vinculado à época
dos fatos para que ela, em 48 horas, indique alguém para defendê-lo.

www.vipjus.com.br 27
Novidade - art. 14-A do CPP (constituição de defensor em
sede de inquérito por agentes vinculados às instituições de
segurança pública)

Assim, com a inclusão dessa norma, ao menos o contraditório


§ 1º Para os casos previstos no caput estará garantido ao investigado na situação descrita no caput do
deste artigo, o investigado deverá
artigo 14-A do CPP.
ser citado da instauração do
procedimento investigatório,
podendo constituir defensor no Por fim, o §6º determina o mesmo procedimento aos militares
prazo de até 48 (quarenta e oito) das Forças Armadas, desde que os fatos investigados digam respeito
horas a contar do recebimento da a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
citação. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no §
1º deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo
investigado, a autoridade
responsável pela investigação
deverá intimar a instituição a que
estava vinculado o investigado à
época da ocorrência dos fatos, para
que essa, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, indique defensor para a
representação do investigado.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

www.vipjus.com.br 28
Novidade - art. 14-A do CPP (constituição de defensor em
sede de inquérito por agentes vinculados às instituições de
segurança pública)

§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 6º As disposições constantes deste
artigo se aplicam aos servidores
militares vinculados às instituições
dispostas no art. 142 da
Constituição Federal, desde que os
fatos investigados digam respeito a
missões para a Garantia da Lei e da
Ordem.

www.vipjus.com.br 29
Alteração - art. 28 do CPP (arquivamento do inquérito policial)

Antes da alteração legislativa, uma vez existente pedido do


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 Ministério Público de arquivamento do inquérito policial, cabia ao
Juiz de Direito o respectivo arquivamento, caso concordasse com a
DA AÇÃO PENAL DA AÇÃO PENAL (...) opinião ministerial, ou, havendo discordância, a remessa dos autos ao
(...) Art. 28. Ordenado o arquivamento
Procurador Geral para este oferecer a denúncia, nomear outro
Art. 28. Se o órgão do Ministério do inquérito policial ou de quaisquer
membro do Ministério Público para assim proceder ou insistir no
Público, ao invés de apresentar a elementos informativos da mesma
denúncia, requerer o arquivamento natureza, o órgão do Ministério pedido de arquivamento, ficando aqui o Juiz vinculado ao parecer
do inquérito policial ou de Público comunicará à vítima, ao ministerial superior.
quaisquer peças de informação, o investigado e à autoridade policial e
juiz, no caso de considerar encaminhará os autos para a A nova redação do artigo 28 do CPP retirou do juiz o poder de
improcedentes as razões invocadas, instância de revisão ministerial para homologação do arquivamento do inquérito policial.
fará remessa do inquérito ou peças fins de homologação, na forma da lei.
de informação ao procurador-geral, § 1º Se a vítima, ou seu
Agora, o órgão responsável por isso é “a instância de revisão
e este oferecerá a denúncia, representante legal, não concordar
ministerial para fins de homologação” – PGJ no âmbito estadual e
designará outro órgão do com o arquivamento do inquérito
Ministério Público para oferecê-la, policial, poderá, no prazo de 30 Câmara de Coordenação e Revisão Criminal no âmbito do MPU.
ou insistirá no pedido de (trinta) dias do recebimento da
arquivamento, ao qual só então comunicação, submeter a matéria à Essa novidade, de certa maneira, traz mais poderes ao
estará o juiz obrigado a atender. revisão da instância competente do Ministério Público ao deixar no âmbito da instituição a decisão
órgão relativa ao arquivamento do inquérito policial.

www.vipjus.com.br 30
Alteração - art. 28 do CPP (arquivamento do inquérito policial)

Ocorre que tal atribuição deverá causar grande impacto na


DA AÇÃO PENAL (...) instituição, que passa a ter que analisar todos os arquivamentos de
Art. 28. Ordenado o arquivamento
inquérito policial.
do inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativos da mesma
natureza, o órgão do Ministério Além disso, o artigo 28 determina que o órgão do MP que
Público comunicará à vítima, ao arquivar o IP deverá comunicar:
investigado e à autoridade policial e
encaminhará os autos para a 1) à vítima;
instância de revisão ministerial para 2) ao Investigado;
fins de homologação, na forma da lei.
3) à autoridade policial;
§ 1º Se a vítima, ou seu
representante legal, não concordar
com o arquivamento do inquérito A comunicação da vítima já era prevista na Resolução nº
policial, poderá, no prazo de 30 181/2017 do CNMP em caso de arquivamento do PIC (art. 19, §3º -
(trinta) dias do recebimento da Na hipótese de arquivamento do procedimento investigatório criminal, ou
comunicação, submeter a matéria à do inquérito policial, o membro do Ministério Público deverá diligenciar
revisão da instância competente do para a comunicação da vítima a respeito do seu pronunciamento).
órgão ministerial, conforme dispuser
a respectiva lei orgânica.
Os §§1º e 2º trazem a hipótese da vítima recorrer do
arquivamento para submeter suas razões pelo não-arquivamento à
instância competente do órgão ministerial, dentro do prazo de 30
dias do recebimento da comunicação do arquivamento.

www.vipjus.com.br 31
Alteração - art. 28 do CPP (arquivamento do inquérito policial)

Ocorre que, no dia 22 de janeiro de 2020, o Min. Luiz Fux


§ 2º Nas ações penais relativas a concedeu medida cautelar requerida nos autos da ADI 6305 e
crimes praticados em detrimento da
suspendeu a eficácia, até decisão final do Plenário, da alteração do
União, Estados e Municípios, a
revisão do arquivamento do
procedimento de arquivamento do inquérito policial (28, caput,
inquérito policial poderá ser Código de Processo Penal). Assim, o procedimento de arquivamento
provocada pela chefia do órgão a do IP, por enquanto, permanece o mesmo, continuando a valer,
quem couber a sua representação então, a antiga redação do artigo 28 do CPP.
judicial.

www.vipjus.com.br 32
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

Até a edição da nova lei, o acordo de não persecução penal


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 não tinha previsão legal, mas já estava disposto na Resolução nº
181/2017 do CNMP, conforme acima assinalado.
DA AÇÃO PENAL DA AÇÃO PENAL
(...) (...)
A constitucionalidade dessa Resolução está sendo
Art. 28 – A. Sem correspondência. Art. 28-A Não sendo caso de
questionada no STF nas ADIs 5.790 e 5.793.
arquivamento e tendo o investigado
RESOLUÇÃO Nº 181/17 CNMP confessado formal e
(COM REDAÇÃO DADA PELA circunstancialmente a prática de Entretanto, com a expressa previsão legal desse instituto, é
RESOLUÇÃO Nº 183/18) infração penal sem violência ou bem possível que grande parte dos argumentos lançados em tais
Art. 18. Não sendo o caso de grave ameaça e com pena mínima ações diretas de inconstitucionalidades fique prejudicada.
arquivamento, o Ministério Público inferior a 4 (quatro) anos, o
poderá propor ao investigado Ministério Público poderá propor Inicialmente, importante destacar que o acordo de não
acordo de não persecução penal acordo de não persecução penal,
persecução penal permanece sendo um negócio jurídico de natureza
quando, cominada pena mínima desde que necessário e suficiente
extrajudicial.
inferior a 4 (quatro) anos e o crime para reprovação e prevenção do
não for cometido com violência ou crime, mediante as seguintes
grave ameaça a pessoa, o condições ajustadas cumulativa e Os requisitos para o seu oferecimento praticamente
investigado tiver confessado formal alternativamente: permanecem os mesmos, quais sejam:
e circunstanciadamente a sua I - reparar o dano ou restituir a coisa 1)Não ser hipótese de arquivamento da investigação – há
prática, mediante as seguintes à vítima, exceto na impossibilidade indícios suficientes de autoria e prova da materialidade que pesam
condições, ajustadas cumulativa ou de fazê-lo;
contra o investigado;
alternativamente: II - renunciar voluntariamente a bens
2)Confissão formal e circunstanciada do investigado;
I – reparar o dano ou restituir a coisa e direitos indicados pelo Ministério
à vítima, salvo impossibilidade de Público como instrumentos, produto
fazê-lo; ou proveito do crime;
www.vipjus.com.br 33
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

3) Infração penal sem violência ou grave ameaça, com pena


II – renunciar voluntariamente a III - prestar serviço à comunidade ou mínima inferior a 4 anos – patamar fixado para fins de alcançar
bens e direitos, indicados pelo a entidades públicas por período
crimes que, pelas circunstâncias, ensejarão condenação à pena
Ministério Público como correspondente à pena mínima
instrumentos, produto ou proveito cominada ao delito diminuída de um
mínima em regime inicial aberto, sendo ainda cabível a substituição
do crime; a dois terços, em local a ser indicado por penas restritivas de direitos (artigo 44 do CP).
III – prestar serviço à comunidade pelo juízo da execução, na forma do
ou a entidades públicas por período art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 A violência de que trata o artigo deve estar na conduta do
correspondente à pena mínima de dezembro de 1940 (Código agente, e não no resultado;
cominada ao delito, diminuída de um Penal); 4) Seja o acordo necessário e suficiente para reprovação e
a dois terços, em local a ser indicado IV - pagar prestação pecuniária, a ser
prevenção do crime – este requisito, que não estava previsto
pelo Ministério Público; estipulada nos termos do art. 45 do
expressamente na Resolução 181/17 do CNMP, foi colocado para
IV – pagar prestação pecuniária, a Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
ser estipulada nos termos do art. 45 dezembro de 1940 (Código Penal), a sinalizar que o acordo de não persecução penal deve estar alinhado à
do Código Penal, a entidade pública entidade pública ou de interesse finalidade repressiva e preventiva da pena, conforme previsto na
ou de interesse social a ser indicada social, a ser indicada pelo juízo da parte final do caput do artigo 59 do CP.
pelo Ministério Público, devendo a execução, que tenha,
prestação ser destinada preferencialmente, como função As condições a que o investigado ficará submetido também
preferencialmente àquelas proteger bens jurídicos iguais ou são bem semelhantes. As seguintes condições podem ser aplicadas
entidades que tenham como função semelhantes aos aparentemente
cumulativa ou alternativamente (e não “e”, como previsto no caput do
proteger bens jurídicos iguais ou lesados pelo delito; ou
semelhantes aos aparentemente
artigo 28-A):
lesados pelo delito; 1)Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo
impossibilidade de fazê-lo;

www.vipjus.com.br 34
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

2) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados


V – cumprir outra condição V - cumprir, por prazo determinado, pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do
estipulada pelo Ministério Público, outra condição indicada pelo
crime;
desde que proporcional e Ministério Público, desde que
compatível com a infração penal proporcional e compatível com a
3) Prestação de serviço à comunidade por período
aparentemente praticada. infração penal imputada. correspondente à pena mínima reduzida de um a dois terços. O que
§ 1º Não se admitirá a proposta nos § 1º Para aferição da pena mínima muda aqui é que será o juiz da execução – e não mais o Ministério
casos em que: cominada ao delito a que se refere o Público – a autoridade a indicar o local a ser cumprida essa condição;
I – for cabível a transação penal, nos caput deste artigo, serão 4) Prestação pecuniária à entidade pública ou de interesse
termos da lei; consideradas as causas de aumento social, a ser indicada pelo juízo da execução, e não mais pelo
II – o dano causado for superior a e diminuição aplicáveis ao caso
Ministério Público;
vinte salários mínimos ou a concreto.
5) Cumprimento de outra condição estipulada pelo
parâmetro econômico diverso § 2º O disposto no caput deste artigo
definido pelo respectivo órgão de não se aplica nas seguintes Ministério Público, por prazo determinado (antes não havia essa
revisão, nos termos da hipóteses: menção de tempo aqui, existindo, contudo, referência à data para
regulamentação local; I - se for cabível transação penal de cumprimento das condições no §3º do artigo 18 da Resolução nº
III – o investigado incorra em alguma competência dos Juizados Especiais 181/17 do CNMP).
das hipóteses previstas no art. 76, § Criminais, nos termos da lei;
2º, da Lei nº 9.099/95; II - se o investigado for reincidente O §1º disciplina que se devem considerar as causas de
IV – o aguardo para o cumprimento ou se houver elementos probatórios
aumento e diminuição de pena para contagem da pena mínima, como
do acordo possa acarretar a que indiquem conduta criminal
prescrição da pretensão punitiva habitual, reiterada ou profissional,
já previsto no §13º do artigo 18 da Resolução 181/17 do CNMP.
estatal; exceto se insignificantes as infrações
V – o delito for hediondo ou penais pretéritas;
equiparado e nos casos de incidência
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006; www.vipjus.com.br 35
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

O item 4 estende a proteção à vítima mulher, ao trazer


VI – a celebração do acordo não III – ter sido o agente beneficiado hipótese que vai além da incidência da Lei nº 11.340/06.
atender ao que seja necessário e nos 5 (cinco) anos anteriores ao
suficiente para a reprovação e cometimento da infração, em acordo
prevenção do crime. de não persecução penal, transação
Por fim, deixaram de figurar como hipóteses que vedam o
§ 2º A confissão detalhada dos fatos penal ou suspensão condicional do acordo:
e as tratativas do acordo serão processo; e a)Quando o dano causado for superior a 20 salários mínimos;
registrados pelos meios ou recursos IV – nos crimes praticados no âmbito b)Quando o aguardo para o cumprimento do acordo possa
de gravação audiovisual, destinados de violência doméstica ou familiar, acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal – com a previsão
a obter maior fidelidade das ou praticados contra a mulher por de o acordo de não persecução penal figurar como causa suspensiva
informações, e o investigado deve razões da condição de sexo feminino,
da prescrição (artigo 116, IV, do CP), esta hipótese tornou-se
estar sempre acompanhado de seu em favor do agressor.
desnecessária;
defensor. § 3º O acordo de não persecução
§ 3º O acordo será formalizado nos penal será formalizado por escrito e c)Se o delito for hediondo ou equiparado. Com a falta dessa
autos, com a qualificação completa será firmado pelo membro do previsão, existem alguns delitos hediondos em relação aos quais, em
do investigado e estipulará de modo Ministério Público, pelo investigado tese, seria cabível o acordo de não persecução penal (ex: crime de
claro as suas condições, eventuais e por seu defensor. organização criminosa, quando direcionado à prática de crime
valores a serem restituídos e as § 4º Para a homologação do acordo hediondo ou equiparado; favorecimento à prostituição tentado).
datas para cumprimento, e será de não persecução penal, será
firmado pelo membro do Ministério realizada audiência na qual o juiz
Público, pelo investigado e seu deverá verificar a sua
defensor. voluntariedade, por meio da oitiva
§ 4º Realizado o acordo, a vítima do investigado na presença do seu
será comunicada por qualquer meio defensor, e sua legalidade.
idôneo, e os autos serão submetidos
à apreciação judicial.
www.vipjus.com.br 36
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

A proibição do item 1 já estava prevista anteriormente.


§ 5º Se o juiz considerar o acordo § 5º Se o juiz considerar
cabível e as condições adequadas e inadequadas, insuficientes ou
Já as proibições descritas no item 2 e no item 3 são mais
suficientes, devolverá os autos ao abusivas as condições dispostas no
Ministério Público para sua acordo de não persecução penal,
abrangentes, pois trazem hipóteses não previstas na Resolução nº
implementação. devolverá os autos ao Ministério 181/2017, como em casos de existência de indicativo de conduta
§ 6º Se o juiz considerar incabível o Público para que seja reformulada a criminal habitual, reiterada ou profissional.
acordo, bem como inadequadas ou proposta de acordo, com
insuficientes as condições concordância do investigado e seu Vale destacar que a expressão “crime habitual”, que exige uma
celebradas, fará remessa dos autos defensor. reiteração da conduta para sua tipicidade (ex: prostituição), não se
ao procurador-geral ou órgão § 6º Homologado judicialmente o
confunde com a figura do “criminoso habitual”, sujeito que faz do
superior interno responsável por sua acordo de não persecução penal, o
crime seu meio de vida. A vedação da lei aqui se aplica ao criminoso
apreciação, nos termos da legislação juiz devolverá os autos ao Ministério
vigente, que poderá adotar as Público para que inicie sua execução habitual, portanto.
seguintes providências: perante o juízo de execução penal.
I – oferecer denúncia ou designar § 7º O juiz poderá recusar A própria lei exclui da proibição casos que envolvam “crimes
outro membro para oferecê-la; homologação à proposta que não pretéritos insignificantes”. Aqui, deve-se entender como crimes de
II – complementar as investigações atender aos requisitos legais ou menor potencial ofensivo, pois trazer para cá o princípio da
ou designar outro membro para quando não for realizada a insignificância, como parece querer a lei, seria contraditório, já que
complementá-la; adequação a que se refere o § 5º
ele, por si só, exclui a tipicidade, não havendo crime e, portanto, não
III – reformular a proposta de deste artigo.
acordo de não persecução, para
se cogitando de acordo de não persecução penal.
apreciação do investigado; No §2º constam as hipóteses em que é proibido o acordo de
não persecução penal:

www.vipjus.com.br 37
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

1)Se for cabível transação penal – em tese, infrações de menor


IV – manter o acordo de não § 8º Recusada a homologação, o juiz potencial ofensivo, que são as contravenções penais e os crimes a
persecução, que vinculará toda a devolverá os autos ao Ministério
que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos;
Instituição. Público para a análise da
§ 7º O acordo de não persecução necessidade de complementação das
2)Investigado reincidente ou se houver elementos probatórios
poderá ser celebrado na mesma investigações ou o oferecimento da que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional,
oportunidade da audiência de denúncia. exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
custódia. § 9º A vítima será intimada da 3)Ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao
§ 8º É dever do investigado homologação do acordo de não cometimento da infração em acordo de não persecução penal,
comunicar ao Ministério Público persecução penal e de seu transação penal ou suspensão condicional do processo. Para fins de
eventual mudança de endereço, descumprimento.
controle, o §12º dispõe que a celebração e o cumprimento do acordo
número de telefone ou e-mail, e § 10. Descumpridas quaisquer das
constarão na certidão de antecedentes apenas para impedir novo
comprovar mensalmente o condições estipuladas no acordo de
cumprimento das condições, não persecução penal, o Ministério acordo antes dos 5 anos (período depurador).
independentemente de notificação Público deverá comunicar ao juízo, 4)Crimes praticados contra a mulher por razões da condição de
ou aviso prévio, devendo ele, quando para fins de sua rescisão e posterior sexo feminino, seja envolvendo violência doméstica e familiar ou
for o caso, por iniciativa própria, oferecimento de denúncia. então menosprezo ou discriminação à condição de mulher
apresentar imediatamente e de § 11. O descumprimento do acordo (aplicando-se o conceito dado no §2º-A do artigo 121 do CP acerca
forma documentada eventual de não persecução penal pelo da abrangência do crime praticado “contra a mulher por razões da
justificativa para o não cumprimento investigado também poderá ser
condição de sexo feminino”)
do acordo. utilizado pelo Ministério Público
como justificativa para o eventual
não oferecimento de suspensão
condicional do processo.

www.vipjus.com.br 38
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

Dica especial - A orientação do CNPG/GNCCRIM é no


§ 9º Descumpridas quaisquer das § 12. A celebração e o cumprimento sentido de ser vedado o acordo de não persecução penal aos crimes
condições estipuladas no acordo ou do acordo de não persecução penal
hediondos sob a justificativa de não estar presente um dos
não observados os deveres do não constarão de certidão de
parágrafo anterior, no prazo e nas antecedentes criminais, exceto para
requisitos previstos no caput do artigo 28-A do CPP:
condições estabelecidas, o membro os fins previstos no inciso III do § 2º ENUNCIADO 22 (art. 28-A, § 2º, IV) - Veda-se o acordo de não
do Ministério Público deverá, se for deste artigo. persecução penal aos crimes praticados no âmbito de violência doméstica
o caso, imediatamente oferecer § 13. Cumprido integralmente o ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo
denúncia. acordo de não persecução penal, o feminino, bem como aos crimes hediondos e equiparados, pois em relação
§ 10 O descumprimento do acordo juízo competente decretará a a estes o acordo não é suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
de não persecução pelo investigado extinção de punibilidade.
também poderá ser utilizado pelo § 14. No caso de recusa, por parte do
Veja o quadro comparativo na próxima página:
membro do Ministério Público como Ministério Público, em propor o
justificativa para o eventual não acordo de não persecução penal, o
oferecimento de suspensão investigado poderá requerer a
condicional do processo. remessa dos autos a órgão superior,
§ 11 Cumprido integralmente o na forma do art. 28 deste Código.
acordo, o Ministério Público
promoverá o arquivamento da
investigação, nos termos desta
Resolução.
§ 12 As disposições deste Capítulo
não se aplicam aos delitos cometidos
por militares que afetem a
hierarquia e a disciplina.

www.vipjus.com.br 39
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

§ 13 Para aferição da pena mínima HIPÓTESES IMPEDITIVAS DO ACORDO DE NÃO


cominada ao delito, a que se refere o PERSECUÇÃO PENAL
caput, serão consideradas as causas
de aumento e diminuição aplicáveis RESOLUÇÃO Nº 181/2017 CNMP ARTIGO 28-A DO CPP
ao caso concreto.
-> Se for cabível transação penal. -> Se for cabível transação penal.
-> Dano superior a 20 salários mínimos -> Investigado reincidente ou se houver
-> Ocorrer uma das hipóteses previstas no elementos probatórios que indiquem
§2º do artigo 76 da Lei 9.099/95: a) conduta criminal habitual, reiterada ou
reincidência com condenação à pena profissional, exceto se insignificantes as
privativa de liberdade, b) ter sido o agente infrações penais pretéritas.
beneficiado nos 5 anos anteriores ao -> Ter sido o agente beneficiado nos 5
cometimento da infração com transação anos anteriores ao cometimento da
penal, c) não indicarem os antecedentes, infração, em acordo de não persecução
conduta social, personalidade, motivos e penal, transação penal ou suspensão
circunstâncias ser necessária e suficiente condicional do processo.
a medida. -> Crimes praticados contra a mulher por
-> Quando o aguardo para o cumprimento razões da condição de sexo feminino, seja
do acordo possa acarretar a prescrição. envolvendo violência doméstica e
-> Delito hediondo ou equiparado e nos familiar ou então menosprezo ou
casos de violência doméstica e familiar. discriminação à condição de mulher.
Celebração do acordo não atender ao que
seja necessário e suficiente para a
reprovação e prevenção do crime.

www.vipjus.com.br 40
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

O §4º determina seja realizada audiência com o juiz para


oitiva do investigado, na presença do defensor, a fim de verificar a
voluntariedade do acordo, semelhante ao previsto em relação à
homologação do acordo de colaboração premiada.

Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as


condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá
os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta
de acordo (§5º).

Antes da Lei 13.964/19, neste caso, o juiz deveria realizar a


remessa dos autos ao PGJ ou órgão superior interno responsável
para a adoção de uma das seguintes providências:

a)Oferecer denúncia ou designar outro membro para


oferecê-la;
b)Complementar as investigações ou designar outro membro
para complementá-la;
c)Reformular a proposta de acordo de não persecução, para
apreciação do investigado;
d)Manter o acordo de não persecução, que vinculará toda a
Instituição.

www.vipjus.com.br 41
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

Essa previsão se assemelhava ao até então estabelecido no


artigo 28 do CPP.

Como visto acima, agora os autos são devolvidos ao próprio


membro do MP responsável pela elaboração do acordo de não
persecução penal, cabendo-lhe apenas a possibilidade de reformular
a proposta, sob pena de o juízo recusar a homologação (§7º).
Assim, a palavra final quanto à manutenção ou não do acordo
não é mais do Ministério Público, mas sim do Juiz.

Havendo homologação, o Ministério Público deverá iniciar a


execução do acordo perante o juízo da execução penal (§6º), não
cabendo mais, portanto, a execução no âmbito do próprio MP.

Ainda, conforme Enunciado 25 do CNPG/GNCCRIM, o acordo


de não persecução penal não impõe penas, mas somente estabelece
direitos e obrigações de natureza negocial e as medidas acordadas
voluntariamente pelas partes não produzirão quaisquer efeitos daí
decorrentes, incluindo a reincidência.

www.vipjus.com.br 42
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

Se houver recusa à homologação, o juiz devolverá os autos


ao MP para: a) análise da necessidade de complementação das
investigações; ou b) o oferecimento da denúncia (§8º).

Obs – da decisão que negar homologação do acordo de não


persecução penal cabe recurso em sentido estrito – art. 581, XXV, do
CPP (novidade que também será analisada adiante).

Não existe mais previsão expressa sobre a possibilidade de


celebração do acordo em audiência de custódia, ponto este criticado
por alguns pelo fato da audiência de custódia não se prestar à análise
do mérito, mas tão somente à avaliação da regularidade da prisão.

O descumprimento do acordo de não persecução penal fará


com que o Ministério Público comunique ao juízo para fins de
rescisão e posterior oferecimento de denúncia (§10).

A única diferença aqui é que, anteriormente, a decisão de


rescisão do acordo partia do próprio membro do MP. Acerca deste
ponto, confira os Enunciados 26 e 27 do CNPG/GNCCRIM:

www.vipjus.com.br 43
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

ENUNCIADO 26 (ART. 28-A, § 10): Deverá constar expressamente


no termo de acordo de não persecução penal as consequências para o
descumprimento das condições acordadas, bem como o compromisso do
investigado em comprovar o cumprimento das condições,
independentemente de notificação ou aviso prévio, devendo apresentar,
imediatamente e de forma documentada, eventual justificativa para o não
cumprimento de qualquer condição, sob pena de imediata rescisão e
oferecimento da denúncia em caso de inércia (§ 10º).

ENUNCIADO 27 (ART. 28-A, § 10º): Havendo descumprimento


dos termos do acordo, a denúncia a ser oferecida poderá utilizar como
suporte probatório a confissão formal e circunstanciada do investigado
(prestada voluntariamente na celebração do acordo).

O descumprimento do acordo também pode justificar o não


oferecimento de suspensão condicional do processo (§11º),
repetindo previsão já existente na citada resolução.

O cumprimento integral do acordo passa a ser causa


extintiva da punibilidade (§13º) – antes era hipótese de
arquivamento da investigação.

www.vipjus.com.br 44
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

Sobre essa questão, confira o Enunciado 28 do


CNPG/GNCCRIM: Caberá ao juízo competente para a homologação
rescindir o acordo de não persecução penal, a requerimento do Ministério
Público, por eventual descumprimento das condições pactuadas, e
decretar a extinção da punibilidade em razão do cumprimento integral do
acordo de não persecução penal.

Se o membro do Ministério Público se recusar a celebrar o


acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer sua
remessa ao órgão superior da institução, na forma do novo artigo 28
do CPP (§14º).

Ainda, é possível aplicação do acordo de não persecução


penal em processos de competência originária, conforme acréscimo
trazido pela Lei nº 13.964/19, ao incluir o §3º no artigo 1º da Lei nº
8.038/90:

www.vipjus.com.br 45
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

“§ 3º Não sendo o caso de arquivamento e tendo o investigado


confessado formal e circunstanciadamente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro)
anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal,
desde que necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime,
nos termos do art. 28-A do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal).”

Conforme orientação do CNPG/GNCCRIM, a homologação


do acordo de não persecução penal é ato judicial de natureza
declaratória.

ENUNCIADO 24 (ART. 28-A, §§ 5º, 7º E 8º)


A homologação do acordo de não persecução penal, a ser realizada
pelo juiz competente, é ato judicial de natureza declaratória, cujo
conteúdo analisará apenas a voluntariedade e a legalidade da medida,
não cabendo ao magistrado proceder a um juízo quanto ao
mérito/conteúdo do acordo.

www.vipjus.com.br 46
Novidade - o art. 28-A do CPP (acordo de não persecução penal)

Por fim, acerca da possibilidade de aplicação do acordo de


não persecução penal para infrações penais praticadas antes da
vigência da Lei nº 13.964/19, existem três posições:
1ª corrente: não é cabível a formalização do acordo.
2ª corrente: é cabível, mesmo que o processo criminal já
tenha sido iniciado, desde que ainda não haja sentença.
3ª corrente: é cabível, desde que antes do recebimento da
denúncia. Essa é a orientação dada pelo CNPG/GNCCRIM (Conselho
Nacional de Procuradores Gerais/Grupo Nacional de Coordenadores
de Centro de Apoio Criminal):
ENUNCIADO 20: Cabe acordo de não persecução penal para
fatos ocorridos antes da vigência da Lei nº 13.964/2019, desde que não
recebida a denúncia.

www.vipjus.com.br 47
Alteração - art. 122 do CPP (restituição de coisas apreendidas)

Nesse caso, alterando a sistemática anterior, as coisas


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 apreendidas, sem prejuízo do disposto no art. 120 do CPP, serão
alienadas na forma do art. 133 do CPP, analisado à frente.
Art. 122. Sem prejuízo do Art. 122. Sem prejuízo do disposto no
disposto nos arts. 120 e 133, art. 120, as coisas apreendidas serão
Não se aguarda mais o prazo de 90 (noventa) dias, bem como
decorrido o prazo de 90 dias, alienadas nos termos do disposto no
não há mais o perdimento em favor estritamente da União e o produto
após transitar em julgado a art. 133 deste Código. (Redação dada
sentença condenatória, o juiz pela Lei nº 13.964, de 2019) do leilão não será mais recolhido ao tesouro nacional, conforme
decretará, se for caso, a perda, Parágrafo único. (Revogado). constava na regra anterior.
em favor da União, das coisas
apreendidas (art. 74, II, a e b do
Código Penal) e ordenará que
sejam vendidas em leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro
apurado será recolhido ao
Tesouro Nacional o que não
couber ao lesado ou a terceiro de
boa-fé.

www.vipjus.com.br 48
Novidade - art. 124-A do CPP (restituição de coisas apreendidas)

No caso do art. 124-A do CPP, houve apenas o acréscimo de


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 norma a regular situação específica, mas não tão incomum, de
apreensão de obras de arte, por exemplo, determinando que elas sejam
Art. 124-A. Art. 124-A. Na hipótese de decretação destinadas a museus públicos, caso não haja vítima determinada.
Sem correspondência. de perdimento de obras de arte ou de
outros bens de relevante valor cultural
ou artístico, se o crime não tiver vítima
determinada, poderá haver destinação
dos bens a museus públicos.

www.vipjus.com.br 49
Alteração - art. 133 do CPP (medidas assecuratórias)

No caput do artigo 133 do CPP, passou a constar


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 expressamente a legitimidade do Ministério Público para requerer o
perdimento, a avaliação e a venda de bens sequestrados e apreendidos,
DAS MEDIDAS DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS sanando essa omissão.
ASSECURATÓRIAS (...)
(...)
Segundo o §2º, via de regra, o destino do valor apurado com a venda
Art. 133. Transitada em julgado a
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício dos bens será o Fundo Penitenciário Nacional, e não mais ao Tesouro
sentença condenatória, o juiz, de ou a requerimento do interessado ou Nacional.
ofício ou a requerimento do do Ministério Público, determinará a
interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão
avaliação e a venda dos bens em público cujo perdimento tenha sido
leilão público. decretado.
Parágrafo único. Do dinheiro § 1º Do dinheiro apurado, será
apurado, será recolhido ao recolhido aos cofres públicos o que não
Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de
couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
boa-fé. § 2º O valor apurado deverá ser
recolhido ao Fundo Penitenciário
Nacional, exceto se houver previsão
diversa em lei especial.

www.vipjus.com.br 50
Novidade - art. 133-A do CPP (medidas assecuratórias)

O artigo 133-A do CPP traz hipótese que já era prevista na Lei


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 de Drogas (L. 11.343/06), em seu artigo 62, com alguns detalhamentos.
Agora, qualquer bem sujeito à alguma medida assecuratória
Art. 133-A. Art. 133-A O juiz poderá autorizar, pode ser utilizado pelos órgãos de segurança pública em geral,
Sem correspondência. constatado o interesse público, a
mediante autorização judicial e uma vez constatado o interesse
utilização de bem sequestrado,
público.
apreendido ou sujeito a qualquer
medida assecuratória pelos órgãos de Ainda, o §2º autoriza que outros órgãos públicos (ex: Ministério
segurança pública previstos no art. 144 Público) usem esse bem apreendido. Cuida-se de medida subsidiária,
da Constituição Federal, do sistema ou seja, deve-se priorizar o uso dos bens apreendidos ou sequestrados
prisional, do sistema socioeducativo, da pelos órgãos de segurança pública, tendo maior prioridade o órgão de
Força Nacional de Segurança Pública e segurança pública participante das ações de investigação ou repressão
do Instituto Geral de Perícia, para o da infração penal que ensejou a constrição do bem (§1º).
desempenho de suas atividades.
E o §4º, por fim, possibilita, em caso de sentença condenatória
§ 1º O órgão de segurança pública
transitada em julgado e após a decretação de perdimento, que o juízo
participante das ações de investigação
ou repressão da infração penal que determine a transferência definitiva da propriedade ao órgão público
ensejou a constrição do bem terá beneficiário ao qual foi custodiado o bem.
prioridade na sua utilização.
§ 2º Fora das hipóteses anteriores,
demonstrado o interesse público, o juiz
poderá autorizar o uso do bem pelos
demais órgãos públicos.

www.vipjus.com.br 51
Novidade - art. 133-A do CPP (medidas assecuratórias)

§ 3º Se o bem a que se refere o caput


deste artigo for veículo, embarcação ou
aeronave, o juiz ordenará à autoridade
de trânsito ou ao órgão de registro e
controle a expedição de certificado
provisório de registro e licenciamento
em favor do órgão público beneficiário,
o qual estará isento do pagamento de
multas, encargos e tributos anteriores à
disponibilização do bem para a sua
utilização, que deverão ser cobrados de
seu responsável.
§ 4º Transitada em julgado a sentença
penal condenatória com a decretação
de perdimento dos bens, ressalvado o
direito do lesado ou terceiro de boa-fé,
o juiz poderá determinar a
transferência definitiva da propriedade
ao órgão público beneficiário ao qual
foi custodiado o bem.

www.vipjus.com.br 52
Novidade - art. 157, § 5º, do CPP (da prova)

A redação do §5º do artigo 157 do CPP já estava prevista no §4º, mas


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 tal dispositivo foi vetado em 2008.
Razões do veto: “O objetivo primordial da reforma processual penal
DA PROVA DA PROVA consubstanciada, dentre outros, no presente projeto de lei, é imprimir
CAPÍTULO I CAPÍTULO I
celeridade e simplicidade ao desfecho do processo e assegurar a prestação
DISPOSIÇÕES GERAIS DISPOSIÇÕES GERAIS
jurisdicional em condições adequadas. O referido dispositivo vai de encontro
Art. 157. São inadmissíveis, Art. 157. São inadmissíveis, devendo a tal movimento, uma vez que pode causar transtornos razoáveis ao
devendo ser desentranhadas do ser desentranhadas do processo, as andamento processual, ao obrigar que o juiz que fez toda a instrução
processo, as provas ilícitas, assim provas ilícitas, assim entendidas as processual deva ser, eventualmente substituído por um outro que nem
entendidas as obtidas em obtidas em violação a normas sequer conhece o caso. Ademais, quando o processo não mais se encontra
violação a normas constitucionais ou legais. em primeira instância, a sua redistribuição não atende necessariamente ao
constitucionais ou legais. que propõe o dispositivo, eis que mesmo que o magistrado conhecedor da
(...) (...)
prova inadmissível seja afastado da relatoria da matéria, poderá ter que
SEM CORRESPONDÊNCIA § 5º O juiz que conhecer do conteúdo
proferir seu voto em razão da obrigatoriedade da decisão coligada.”
da prova declarada inadmissível não
poderá proferir a sentença ou acórdão.
Essa vedação, então, volta agora a ser prevista no CPP. No entanto,
dessa vez, não houve veto da Presidência da República.
O dispositivo disciplina a impossibilidade do juiz que tomar
conhecimento de prova ilícita proferir sentença ou acórdão.

www.vipjus.com.br 53
Novidade - art. 157, § 5º, do CPP (da prova)

Ocorre que, em decisão de 16 de janeiro de 2020, o Presidente do STF, Min.


Dias Toffoli, concedeu medida cautelar para, dentre outras medidas, suspender
a eficácia do artigo 157, §5º, do CPP. Por sua vez, no dia 22 de janeiro de 2020, o
Ministro Luiz Fux, na qualidade de relator das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305,
revogou essa decisão monocrática de Toffoli e, dentre outras medidas,
suspendeu a eficácia, até decisão final do Plenário, da alteração do juiz
sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (157, §5º, do
Código de Processo Penal). Nesse ponto, ambas as decisões estão no mesmo
sentido, qual seja a suspensão da eficácia do artigo 157, §5º, do CPP.

www.vipjus.com.br 54
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

A Lei 13.694/19 trouxe a disciplina acerca da cadeia de custódia


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 no CPP. A partir dessa inclusão na lei, a tendência é de que haja maior
rigor no tocante à regularidade da coleta de material, o que levará a
CAPÍTULO II CAPÍTULO II novos debates doutrinários e jurisprudenciais.
DO EXAME DO CORPO DE DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E
DELITO, E DAS PERÍCIAS EM DAS PERÍCIAS EM GERAL
Tal medida foi objeto de crítica por parcela da doutrina pelo fato
GERAL (...)
(...) de se entender que a cadeia de custódia é matéria infralegal,
Art. 158-A Considera-se cadeia de competindo ao Executivo a disciplina deste tema por meio de atos
SEM CORRESPONDÊNCIA custódia o conjunto de todos os regulamentares.
procedimentos utilizados para manter
e documentar a história cronológica do O artigo 158-A traz alguns conceitos, como o de cadeia de
vestígio coletado em locais ou em custódia e o de vestígio.
vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu
O artigo 158-B discorre sobre as etapas a serem seguidas em
reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia caso de constatação de vestígio.
dá-se com a preservação do local de
crime ou com procedimentos policiais Segundo o artigo 158-C, a coleta dos vestígios deverá ser
ou periciais nos quais seja detectada a realizada preferencialmente por perito oficial. Em outras palavras, é
existência de vestígio. possível que essa coleta seja realizada por perito não oficial,
§ 2º O agente público que reconhecer
adequando-se à realidade de alguns locais do país que não contam com
um elemento como de potencial
tal figura.
interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua
preservação.
www.vipjus.com.br 55
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

Alguns dispositivos descem a minúcias, como informações


§ 3º Vestígio é todo objeto ou material específicas sobre o recipiente a ser utilizado para acondicionamento do
bruto, visível ou latente, constatado ou
vestígio (artigo 158-D) e sobre o protocolo a ser observado nas
recolhido, que se relaciona à infração
penal.
centrais de custódia (artigos 158-E e 158-F).

Art. 158-B A cadeia de custódia


compreende o rastreamento do
vestígio nas seguintes etapas:
I – reconhecimento: ato de distinguir
um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova
pericial;
II – isolamento: ato de evitar que se
altere o estado das coisas, devendo
isolar e preservar o ambiente imediato,
mediato e relacionado aos vestígios e
local de crime;
III – fixação: descrição detalhada do
vestígio conforme se encontra no local
de crime ou no corpo de delito, e a sua
posição na área de exames, podendo
ser ilustrada por fotografias, filmagens
ou croqui, sendo indispensável a sua
descrição no laudo pericial produzido
pelo perito responsável pelo
atendimento;
www.vipjus.com.br 56
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

IV – coleta: ato de recolher o vestígio


que será submetido à análise pericial,
respeitando suas características e
natureza;
V – acondicionamento: procedimento
por meio do qual cada vestígio coletado
é embalado de forma individualizada,
de acordo com suas características
físicas, químicas e biológicas, para
posterior análise, com anotação da
data, hora e nome de quem realizou a
coleta e o acondicionamento;
VI – transporte: ato de transferir o
vestígio de um local para o outro,
utilizando as condições adequadas
(embalagens, veículos, temperatura,
entre outras), de modo a garantir a
manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua
posse;

www.vipjus.com.br 57
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

VII – recebimento: ato formal de


transferência da posse do vestígio, que
deve ser documentado com, no mínimo,
informações referentes ao número de
procedimento e unidade de polícia
judiciária relacionada, local de origem,
nome de quem transportou o vestígio,
código de rastreamento, natureza do
exame, tipo do vestígio, protocolo,
assinatura e identificação de quem o
recebeu;
VIII – processamento: exame pericial
em si, manipulação do vestígio de
acordo com a metodologia adequada às
suas características biológicas, físicas e
químicas, a fim de se obter o resultado
desejado, que deverá ser formalizado
em laudo produzido por perito;
IX – armazenamento: procedimento
referente à guarda, em condições
adequadas, do material a ser
processado, guardado para realização
de contraperícia, descartado ou
transportado, com vinculação ao
número do laudo correspondente;
www.vipjus.com.br 58
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

X - descarte: procedimento referente à


liberação do vestígio, respeitando a
legislação vigente e, quando pertinente,
mediante autorização judicial.

Art. 158-C A coleta dos vestígios


deverá ser realizada preferencialmente
por perito oficial, que dará o
encaminhamento necessário para a
central de custódia, mesmo quando for
necessária a realização de exames
complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no
decurso do inquérito ou processo
devem ser tratados como descrito
nesta Lei, ficando órgão central de
perícia oficial de natureza criminal
responsável por detalhar a forma do
seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais
isolados bem como a remoção de
quaisquer vestígios de locais de crime
antes da liberação por parte do perito
responsável, sendo tipificada como
fraude processual a sua realização.
www.vipjus.com.br 59
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

Art. 158-D O recipiente para


acondicionamento do vestígio será
determinado pela natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser
selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a
inviolabilidade e a idoneidade do
vestígio durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar
o vestígio, preservar suas
características, impedir contaminação e
vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de
informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto
pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.

www.vipjus.com.br 60
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

§ 4º Após cada rompimento de lacre,


deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e
a matrícula do responsável, a data, o
local, a finalidade, bem como as
informações referentes ao novo lacre
utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser
acondicionado no interior do novo
recipiente.

Art. 158-E Todos os Institutos de


Criminalística deverão ter uma central
de custódia destinada à guarda e
controle dos vestígios, e sua gestão
deve ser vinculada diretamente ao
órgão central de perícia oficial de
natureza criminal.

www.vipjus.com.br 61
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

§ 1º Toda central de custódia deve


possuir os serviços de protocolo, com
local para conferência, recepção,
devolução de materiais e documentos,
possibilitando a seleção, a classificação
e a distribuição de materiais, devendo
ser um espaço seguro e apresentar
condições ambientais que não
interfiram nas características do
vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e
a saída de vestígio deverão ser
protocoladas, consignando-se
informações sobre a ocorrência no
inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem
acesso ao vestígio armazenado deverão
ser identificadas e deverão ser
registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do
vestígio armazenado, todas as ações
deverão ser registradas,
consignando-se a identificação do
responsável pela tramitação, a
destinação, a data e horário da ação.
www.vipjus.com.br 62
Novidade - art. 158-A ao CPP (cadeia de custódia)

Art. 158-F Após a realização da perícia,


o material deverá ser devolvido à
central de custódia, devendo nela
permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de
custódia não possua espaço ou
condições de armazenar determinado
material, deverá a autoridade policial
ou judiciária determinar as condições
de depósito do referido material em
local diverso, mediante requerimento
do diretor do órgão central de perícia
oficial de natureza criminal.

www.vipjus.com.br 63
Alteração – art. 282 do CPP (medidas cautelares)

A principal alteração legal foi que, no §2º, a nova lei retirou a


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 possibilidade de o juiz decretar, de ofício, medidas cautelares. Apesar
disso, não se veda que o juiz, de ofício, novamente decrete medidas
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS DA PRISÃO, DAS MEDIDAS cautelares anteriormente impostas, caso entenda que as razões
CAUTELARES E DA LIBERDADE CAUTELARES E DA LIBERDADE
justifiquem essa decisão, nos termos do §5º do artigo 282 do CPP.
PROVISÓRIA PROVISÓRIA
CAPÍTULO I CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS DISPOSIÇÕES GERAIS Então, com a nova lei, o juiz não tem mais a iniciativa na
(...) (...) imposição de medidas cautelares, necessitando de requerimento das
partes, durante a ação penal, ou de requerimento do Ministério Público
Art. 282. As medidas cautelares Art. 282. As medidas cautelares ou representação da autoridade policial durante o curso das
previstas neste Título deverão previstas neste Título deverão ser investigações. De outro lado, tem o juiz a possibilidade de decretar, de
ser aplicadas observando-se a: aplicadas observando-se a: ofício, medida cautelar anteriormente imposta.
I - necessidade para aplicação da I - necessidade para aplicação da lei
lei penal, para a investigação ou a penal, para a investigação ou a
Apesar de alterações no §3º, não houve grandes novidades.
instrução criminal e, nos casos instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para expressamente previstos, para evitar a Agora a lei prevê expressamente qual o prazo para a parte contrária se
evitar a prática de infrações prática de infrações penais; manifestar (5 dias) sobre algum pedido de medida cautelar realizado
penais; II - adequação da medida à gravidade nos autos e reforça a necessidade de justificar concretamente a
II - adequação da medida à do crime, circunstâncias do fato e decisão em que, por razões de urgência ou perigo, excepcionalmente o
gravidade do crime, condições pessoais do indiciado ou juiz deixa de intimar a parte contrária para se manifestar.
circunstâncias do fato e acusado.
condições pessoais do indiciado
ou acusado. § 1º As medidas cautelares poderão ser
aplicadas isolada ou cumulativamente.

www.vipjus.com.br 64
Alteração – art. 282 do CPP (medidas cautelares)

Na forma como previsto no §4º, no caso do descumprimento da


§ 1º As medidas cautelares § 2º As medidas cautelares serão medida cautelar imposta, pode o juiz substituir por outra medida mais
poderão ser aplicadas isolada ou decretadas pelo juiz a requerimento
gravosa, impor cumulativamente outra(s) medida(s) ou decretar a
cumulativamente. das partes ou, quando no curso da
investigação criminal, por
prisão preventiva.
§ 2º As medidas cautelares serão representação da autoridade policial ou
decretadas pelo juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Vale observar que essa sequência não é de observância
a requerimento das partes ou, Público. obrigatória, vez que são opções dadas ao juiz.
quando no curso da investigação
criminal, por representação da § 3º Ressalvados os casos de urgência Questionamento: o descumprimento das medidas cautelares
autoridade policial ou mediante ou de perigo de ineficácia da medida, o
fixadas tipifica o crime de desobediência?
requerimento do Ministério juiz, ao receber o pedido de medida
R: Não. De acordo com os Tribunais Superiores, quando a
Público. cautelar, determinará a intimação da
parte contrária, para se manifestar no própria lei estabelece as consequências para o descumprimento de
§ 3º Ressalvados os casos de prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada determinado ato e não ressalva o crime de desobediência, é porque a
urgência ou de perigo de de cópia do requerimento e das peças lei já delimita as consequências.
ineficácia da medida, o juiz, ao necessárias, permanecendo os autos
receber o pedido de medida em juízo, e os casos de urgência ou de A própria lei estabeleceu no § 4º as consequências -
cautelar, determinará a intimação perigo deverão ser justificados e substituição, imposição cumulativa de outra medida e prisão
da parte contrária, acompanhada fundamentados em decisão que
preventiva – e não faz qualquer ressalva quanto ao crime de
de cópia do requerimento e das contenha elementos do caso concreto
peças necessárias, que justifiquem essa medida
desobediência. Portanto, implicitamente a lei afastou a possibilidade
permanecendo os autos em juízo. excepcional. de tipificação do delito.

www.vipjus.com.br 65
Alteração – art. 282 do CPP (medidas cautelares)

Por fim, o §6º traz a necessidade de justificar concretamente a


§ 4º No caso de descumprimento § 4º No caso de descumprimento de decisão que decreta a prisão preventiva, reforçando que tal medida se
de qualquer das obrigações qualquer das obrigações impostas, o
cuida da ultima ratio, ou seja, somente pode ser decretada quando
impostas, o juiz, de ofício ou juiz, mediante requerimento do
mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou
outras medidas menos gravosas sejam insuficientes ao caso concreto.
Ministério Público, de seu do querelante, poderá substituir a
assistente ou do querelante, medida, impor outra em cumulação, ou,
poderá substituir a medida, em último caso, decretar a prisão
impor outra em cumulação, ou, preventiva, nos termos do parágrafo
em último caso, decretar a prisão único do art. 312 deste Código..
preventiva (art. 312, parágrafo
único). § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido
das partes, revogar a medida cautelar
§ 5º O juiz poderá revogar a ou substituí-la quando verificar a falta
medida cautelar ou substituí-la de motivo para que subsista, bem como
quando verificar a falta de motivo voltar a decretá-la, se sobrevierem
para que subsista, bem como razões que a justifiquem.
voltar a decretá-la, se
sobrevierem razões que a
justifiquem.
§ 6º A prisão preventiva será
determinada quando não for
cabível a sua substituição por
outra medida cautelar (art. 319).

www.vipjus.com.br 66
Alteração – art. 282 do CPP (medidas cautelares)

§ 6º A prisão preventiva somente será


determinada quando não for cabível a
sua substituição por outra medida
cautelar, observado o art. 319 deste
Código, e o não cabimento da
substituição por outra medida cautelar
deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos
presentes do caso concreto, de forma
individualizada.

www.vipjus.com.br 67
Alteração – art. 283 do CPP (da prisão)

A alteração aqui não ensejou grandes repercussões. Apenas


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 substituiu a expressão “prisão temporária ou prisão preventiva” pelo
gênero “prisão cautelar”. E, em vez de “sentença condenatória”, passou a
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS DA PRISÃO, DAS MEDIDAS ser “condenação criminal”.
CAUTELARES E DA LIBERDADE CAUTELARES E DA LIBERDADE
PROVISÓRIA PROVISÓRIA
Tais alterações não acarretam mudanças práticas, continuando
CAPÍTULO I CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS DISPOSIÇÕES GERAIS ainda expresso no Código de Processo Penal a necessidade de trânsito
(...) (...) em julgado na condenação para ensejar a prisão do condenado,
alinhando-se com a mais recente posição jurisprudencial do STF. Não
Art. 283. Ninguém poderá ser Art. 283. Ninguém poderá ser preso prosperou, portanto, a previsão no projeto que dispunha sobre prisão
preso senão em flagrante delito senão em flagrante delito ou por ordem após condenação em 2ª instância.
ou por ordem escrita e escrita e fundamentada da autoridade
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência
judiciária competente, em de prisão cautelar ou em virtude de
decorrência de sentença condenação criminal transitada em
condenatória transitada em julgado.
julgado ou, no curso da
investigação ou do processo, em
virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva.

www.vipjus.com.br 68
Alteração – art. 287 do CPP (da prisão)

Nesse artigo, consta a necessidade de realização de audiência de


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 custódia no caso de indivíduo preso por força de mandado de prisão,
não se limitando a audiência de custódia, portanto, aos casos de prisão
Art. 287. Se a infração for Art. 287. Se a infração for inafiançável, em flagrante.
inafiançável, a falta de exibição a falta de exibição do mandado não
do mandado não obstará à prisão, obstará a prisão, e o preso, em tal caso,
Contudo, geralmente, o juiz da audiência de custódia não é o
e o preso, em tal caso, será será imediatamente apresentado ao
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, mesmo que expediu o mandado de prisão. Tal previsão deve gerar a
juiz que tiver expedido o para a realização de audiência de necessidade do próprio juiz que expediu o mandado realizar audiência
mandado. custódia. de custódia apenas para esse preso ou então se deve interpretar no
sentido da possibilidade de essa audiência ser realizada pelo juiz
devidamente escalado às audiências de custódia daquele dia em que for
apresentado o preso.

www.vipjus.com.br 69
Alteração - art. 310 do CPP (audiência de custódia)

A Lei nº 13.964/19 trouxe para o CPP a disciplina da audiência de


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
custódia que, até então, era prevista na Resolução nº 213 do CNJ.

DA PRISÃO EM FLAGRANTE DA PRISÃO EM FLAGRANTE


(...) (...) Consoante artigo 1º desta Resolução, a audiência de custódia se

Art. 310. Ao receber o auto de Art. 310. Ao receber o auto de prisão limitava a pessoas presas em flagrante delito:
prisão em flagrante, o juiz deverá em flagrante, o juiz deverá
fundamentadamente: fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou I - relaxar a prisão ilegal; ou Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito,
II - converter a prisão em II - converter a prisão em flagrante em independentemente da motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente
flagrante em preventiva, quando preventiva, quando presentes os
apresentada, em até 24 horas da comunicação do flagrante, à autoridade
presentes os requisitos requisitos constantes do art. 312 deste
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou judicial competente, e ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou sua
Código, e se revelarem insuficientes as medidas cautelares
prisão ou apreensão.
inadequadas ou insuficientes as diversas da prisão; ou
medidas cautelares diversas da III - conceder liberdade provisória, com
prisão; ou ou sem fiança.
Agora, de acordo com o artigo 287 do CPP já visto acima,
também deve haver audiência de custódia para presos por força de
mandado de prisão.

www.vipjus.com.br 70
Alteração - art. 310 do CPP (audiência de custódia)

Cuida-se de medida que visa a deixar expresso na lei processual


III - conceder liberdade Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo
provisória, com ou sem fiança. auto de prisão em flagrante, que o penal a determinação contida no artigo 7º, item 5, do Pacto de San José da
Parágrafo único. Se o juiz agente praticou o fato nas condições Costa Rica, in verbis:
verificar, pelo auto de prisão em constantes dos incisos I a III do caput
flagrante, que o agente praticou o do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
fato nas condições constantes de dezembro de 1940 - Código Penal, “Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à
dos incisos I a III do caput do art. poderá, fundamentadamente, conceder
presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções
23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 ao acusado liberdade provisória,
de dezembro de 1940 - Código mediante termo de comparecimento a judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta
Penal, poderá, todos os atos processuais, sob pena de
em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser
fundamentadamente, conceder revogação.
ao acusado liberdade provisória, condiciona a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.”
mediante termo de DA PRISÃO EM FLAGRANTE
comparecimento a todos os atos (...)
processuais, sob pena de O caput do artigo determina que esteja o acusado presente à tal
revogação. Art. 310. Após receber o auto de prisão audiência, bem como o seu advogado constituído ou membro da
em flagrante, no prazo máximo de até
24 (vinte e quatro) horas após a Defensoria Pública (ou advogado dativo, nos casos em que não se
realização da prisão, o juiz deverá encontrar instalada a Defensoria Pública) e o membro do Ministério
promover audiência de custódia com a
presença do acusado, seu advogado Público. Nela, deverá o juiz relaxar a prisão ilegal, converter a prisão em
constituído ou membro da Defensoria flagrante em prisão preventiva, se presentes as condições para tanto, ou
Pública e o membro do Ministério
Público, e, nessa audiência, o juiz conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
deverá, fundamentadamente:
www.vipjus.com.br 71
Alteração - art. 310 do CPP (audiência de custódia)

Na forma do §1º, se o juiz verificar pelo auto de prisão em


III - conceder liberdade I - relaxar a prisão ilegal; ou
provisória, com ou sem fiança. II - converter a prisão em flagrante em flagrante que o agente cometera o crime em alguma circunstância
Parágrafo único. Se o juiz preventiva, quando presentes os excludente de ilicitude (art. 23 do CP), deve ele determinar a sua
verificar, pelo auto de prisão em requisitos constantes do art. 312 deste
flagrante, que o agente praticou o Código, e se revelarem inadequadas ou
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
fato nas condições constantes insuficientes as medidas cautelares do processo, sob pena de revogação.
dos incisos I a III do caput do art. diversas da prisão; ou
O §2º traz três possibilidades em que, de acordo com a lei, o juiz
23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 III - conceder liberdade provisória, com
de dezembro de 1940 - Código ou sem fiança. fica proibido de conceder liberdade provisória. São elas:
Penal, poderá,
a) agente reincidente;
fundamentadamente, conceder § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de
ao acusado liberdade provisória, prisão em flagrante, que o agente b) agente integrante de organização criminosa armada ou
mediante termo de praticou o fato em qualquer das
milícia;
comparecimento a todos os atos condições constantes dos incisos I, II ou
processuais, sob pena de III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº c) agente portava arma de fogo de uso restrito.
revogação. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Então, nessas hipóteses, não sendo caso de relaxamento da prisão,
(Código Penal), poderá,
fundamentadamente, conceder ao deve haver a conversão da prisão em flagrante em preventiva. É a
acusado liberdade provisória, mediante chamada prisão ex lege.
termo de comparecimento obrigatório
a todos os atos processuais, sob pena Parcela da doutrina já tem se manifestando pela
de revogação. inconstitucionalidade deste dispositivo por configurar hipóteses de
prisão automática, sem avaliação do caso concreto (afastando a reserva
de jurisdição).
www.vipjus.com.br 72
Alteração - art. 310 do CPP (audiência de custódia)

O §3º disciplina que a autoridade que, sem motivação idônea, deixar


III - conceder liberdade § 2º Se o juiz verificar que o agente é
provisória, com ou sem fiança. reincidente ou que integra organização de realizar a audiência de custódia, responderá administrativa, civil e
Parágrafo único. Se o juiz criminosa armada ou milícia, ou que penalmente. A depender da situação concreta, a conduta da autoridade
verificar, pelo auto de prisão em porta arma de fogo de uso restrito,
flagrante, que o agente praticou o deverá denegar a liberdade provisória,
judiciária pode ser enquadrada inclusive no artigo 9º, parágrafo único,
fato nas condições constantes com ou sem medidas cautelares. inciso I ou II, 2ª parte, da Lei 13.869/19 (Lei de abuso de autoridade).
dos incisos I a III do caput do art.
23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 § 3º A autoridade que deu causa, sem
de dezembro de 1940 - Código motivação idônea, à não realização da Confira a redação deste dispositivo:
Penal, poderá, audiência de custódia no prazo
fundamentadamente, conceder estabelecido no caput deste artigo
ao acusado liberdade provisória, responderá administrativa, civil e Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta
mediante termo de penalmente pela omissão.
desconformidade com as hipóteses legais:
comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
revogação. horas após o decurso do prazo Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que,
estabelecido no caput deste artigo, a
não realização de audiência de custódia dentro de prazo razoável, deixar de:
sem motivação idônea ensejará I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
também a ilegalidade da prisão, a ser
relaxada pela autoridade competente, II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
sem prejuízo da possibilidade de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
imediata decretação de prisão
preventiva. III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente
cabível.
www.vipjus.com.br 73
Alteração - art. 310 do CPP (audiência de custódia)

Por fim, o §4º menciona outra consequência da não realização


injustificada de audiência de custódia no prazo de 24 horas: o relaxamento
da prisão em flagrante por ela se tornar ilegal, o que não prejudica imediata
decretação de prisão preventiva, se for o caso.

Apesar da mudança legal, vale frisar que, no dia 22 de janeiro de


2020, o Min. Luiz Fux (STF) concedeu medida cautelar requerida nos autos
da ADI 6305 e suspendeu a eficácia, até decisão final do Plenário, da
liberalização da prisão pela não realização da audiência de custodia no
prazo de 24 horas (artigo 310, §4°, do Código de Processo Penal). Com isso,
por ora, não configura hipótese de relaxamento de prisão a falta de
realização de audiência de custódia no prazo de 24 horas após a prisão.

www.vipjus.com.br 74
Alteração - art. 311 do CPP (prisão preventiva)

Na linha do que disposto no artigo 282 do CPP, a Lei nº


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 13.964/19 alterou o artigo 311 do CPP para retirar a parte que
autorizava o juiz decretar, de ofício, a prisão preventiva no curso da ação
Art. 311. Em qualquer fase da Art. 311. Em qualquer fase da penal.
investigação policial ou do investigação policial ou do processo
processo penal, caberá a prisão penal, caberá a prisão preventiva
preventiva decretada pelo juiz, decretada pelo juiz, a requerimento do
de ofício, se no curso da ação Ministério Público, do querelante ou
penal, ou a requerimento do do assistente, ou por representação da
Ministério Público, do querelante autoridade policial.
ou do assistente, ou por
representação da autoridade
policial.

www.vipjus.com.br 75
Alteração – art. 312 do CPP (prisão preventiva)

Com a nova redação do caput do artigo 312 do CPP, além da


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
prova da materialidade e dos indícios suficientes de autoria (fumus

Art. 312. A prisão preventiva Art. 312. A prisão preventiva poderá comissi delicti), tem-se mais um elemento para decretação da prisão
poderá ser decretada como ser decretada como garantia da ordem preventiva: perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
garantia da ordem pública, da pública, da ordem econômica, por
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou Esse elemento reforça o pressuposto do periculum libertatis, que
conveniência da instrução para assegurar a aplicação da lei penal, está consubstanciado na garantia da ordem pública, da ordem
criminal, ou para assegurar a quando houver prova da existência do
aplicação da lei penal, quando crime e indício suficiente de autoria e econômica, na conveniência da instrução criminal ou na asseguração da
houver prova da existência do de perigo gerado pelo estado de aplicação da lei penal.
crime e indício suficiente de liberdade do imputado.
Esse acréscimo trouxe uma exigência a ser concretamente
autoria. §1º A prisão preventiva também
Parágrafo único. A prisão poderá ser decretada em caso de demonstrada para que o juiz decrete a prisão preventiva de alguém.
preventiva também poderá ser descumprimento de qualquer das
Em substituição ao parágrafo único, o agora §1º traz a mesma
decretada em caso de obrigações impostas por força de
descumprimento de qualquer das outras medidas cautelares (art. 282, § previsão legal, prescrevendo ser possível a decretação de prisão
obrigações impostas por força de 4º).
preventiva em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
outras medidas cautelares (art. § 2º A decisão que decretar a prisão
282, § 4º). preventiva deve ser motivada e impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282 do CPP).
fundamentada em receio de perigo e
Já o §2º apenas enfatizou a necessidade de motivação concreta
existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a para a decretação da prisão preventiva.
aplicação da medida adotada.

www.vipjus.com.br 76
Alteração – art. 312 do CPP (prisão preventiva)

Analisando o acréscimo no caput e a redação do §2º, a decisão


deve fundar-se no receio de perigo gerado pelo estado de liberdade do
imputado E na existência concreta de fatos novos ou contemporâneos
que justifiquem a prisão preventiva.
Existência de fatos novos quer dizer a demonstração de que o
imputado tenha praticado algo recentemente que justifique a sua
segregação cautelar (ex: prática de outro crime – prisão para garantia da
ordem pública; notícia de recente ameaça à testemunha – prisão para
conveniência da instrução criminal).
Já a contemporaneidade trata da necessidade do crime
investigado ser recente. Tais condições vinham sendo exigidas pelos
Tribunais Superiores em pedidos de soltura, conforme decisão abaixo:

www.vipjus.com.br 77
Alteração – art. 312 do CPP (prisão preventiva)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.


CONDENAÇÃO. PRISÃO PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO
PROCESSUAL DETERMINADA NA SENTENÇA. RÉU QUE
RESPONDEU AO PROCESSO EM LIBERDADE. AUSÊNCIA DE FATO
NOVO APTO A RESPALDAR O ENCARCERAMENTO.
PRIMARIEDADE. AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS DO ART. 319 DO ESTATUTO PROCESSUAL PENAL.
NECESSIDADE. COAÇÃO ILEGAL PARCIALMENTE
DEMONSTRADA. RECLAMO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. A prisão antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória deve
ser tratada como medida extrema e excepcional, estando autorizada
somente quando indispensável à garantia da ordem pública ou
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, nos termos do art. 312 do Código de
Processo Penal.

www.vipjus.com.br 78
Alteração – art. 312 do CPP (prisão preventiva)

2. No caso, a negativa do direito em recorrer em liberdade foi calcada na


gravidade abstrata do delito, por elementos inerentes ao tipo penal violado.
3. As circunstâncias do fato criminoso, ocorrido em 2015, já eram
conhecidas pela autoridade judiciária desde a fase investigatória,
iniciada em 23/12/2016, e não justificaram, à época, a constrição
corporal.
4. O recorrente, de primariedade não contestada, permaneceu livre durante
toda a instrução processual, por mais de 2 (dois) anos,
apresentando-se aos atos processuais, sem notícias que tenha
causado embaraço ao andamento do feito.
5. Recurso ordinário em habeas corpus parcialmente provido para revogar a
prisão preventiva do recorrente mediante a imposição das medidas
alternativas, previstas no art. 319, incisos I, III e V, do Código de
Processo Penal.
(STJ – RHC 119.797/AC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019)

www.vipjus.com.br 79
Alteração – art. 313, § 2º, do CPP (prisão preventiva)

A norma acrescida no §2º traz expressamente vedação que já


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 vinha sendo aplicada pela jurisprudência, vez que os Tribunais não
admitem prisão preventiva: a) como medida de antecipação de pena ou
Art. 313. Art. 313. b) pelo simples fundamento da necessidade da prisão ser em
(...) (...)
decorrência do andamento das investigações ou, ainda, c) em razão do
Parágrafo único. Também será §1º Também será admitida a prisão
oferecimento da denúncia.
admitida a prisão preventiva preventiva quando houver dúvida
quando houver dúvida sobre a sobre a identidade civil da pessoa ou
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos Cuida-se de dispositivo legal que, mais uma vez, enfatiza a
quando esta não fornecer suficientes para esclarecê-la, devendo necessidade de haver fundamentação concreta idônea a realmente
elementos suficientes para o preso ser colocado imediatamente justificar uma medida excepcional como a prisão preventiva.
esclarecê-la, devendo o preso ser em liberdade após a identificação,
colocado imediatamente em salvo se outra hipótese recomendar a
liberdade após a identificação, manutenção da medida.
salvo se outra hipótese § 2º Não será admitida a decretação da
recomendar a manutenção da prisão preventiva com a finalidade de
medida. antecipação de cumprimento de pena
ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da
apresentação ou recebimento de
denúncia.

www.vipjus.com.br 80
Alteração – art. 315 do CPP (prisão preventiva)

Aqui também a Lei nº 13.964/19 realizou alterações no artigo


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 315 do CPP para destacar a necessidade de haver justificativa concreta
na decisão judicial que decreta, substitui ou denega a prisão preventiva.
Art. 315. A decisão que decretar, Art. 315. A decisão que decretar,
substituir ou denegar a prisão substituir ou denegar a prisão
O §2º reproduz o disposto no §1º do artigo 489 do CPC, ao
preventiva será sempre preventiva será sempre motivada e
trazer exemplos em que não se considera como fundamentada a decisão
motivada. fundamentada.
§ 1º Na motivação da decretação da judicial.
prisão preventiva ou de qualquer outra
cautelar, o juiz deverá indicar Em que pese localizado no capítulo que trata sobre prisão
concretamente a existência de fatos preventiva, cuida-se de dispositivo que vale não apenas para prisão
novos ou contemporâneos que preventiva, mas sim para toda e qualquer decisão dada no âmbito do
justifiquem a aplicação da medida processo penal.
adotada.
§ 2º Não se considera fundamentada
Como se verá à frente, a Lei 13.964/19 elencou como causa de
qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, nulidade processual a decisão judicial que carecer de fundamentação
que: (art. 564, V, do CPP).
I – limitar-se à indicação, à reprodução
ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida;

www.vipjus.com.br 81
Alteração – art. 315 do CPP (prisão preventiva)

A norma acrescida no §2º traz expressamente vedação que já


II – empregar conceitos jurídicos vinha sendo aplicada pela jurisprudência, vez que os Tribunais não
indeterminados, sem explicar o motivo
admitem prisão preventiva: a) como medida de antecipação de pena ou
concreto de sua incidência no caso;
III – invocar motivos que se prestariam
b) pelo simples fundamento da necessidade da prisão ser em
a justificar qualquer outra decisão; decorrência do andamento das investigações ou, ainda, c) em razão do
IV – não enfrentar todos os oferecimento da denúncia.
argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a Cuida-se de dispositivo legal que, mais uma vez, enfatiza a
conclusão adotada pelo julgador; necessidade de haver fundamentação concreta idônea a realmente
V – limitar-se a invocar precedente ou
justificar uma medida excepcional como a prisão preventiva.
enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento
se ajusta àqueles fundamentos;
VI – deixar de seguir enunciado de
súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a
existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do
entendimento.

www.vipjus.com.br 82
Alteração – art. 316 do CPP (prisão preventiva)

Como expresso nos artigos anteriores, não é mais possível ao


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 juiz decretar de ofício a prisão preventiva. Contudo, é possível a sua
revogação de ofício. E, conforme parcela da doutrina, este artigo
Art. 316. O juiz poderá revogar a Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a autoriza o juiz, de ofício, voltar a decretar a prisão preventiva caso
prisão preventiva se, no correr do pedido das partes, revogar a prisão
sobrevenham razões que a justifiquem.
processo, verificar a falta de preventiva se, no correr da
motivo para que subsista, bem investigação ou do processo, verificar a
como de novo decretá-la, se falta de motivo para que ela subsista, Afinal, na linha do que foi estabelecido pelo artigo 282 do CPP,
sobrevierem razões que a bem como novamente decretá-la, se o juiz não deixou de ter a possibilidade de decretar, de ofício, prisão
justifiquem. sobrevierem razões que a justifiquem. preventiva anteriormente decretada.
Parágrafo único. Decretada a prisão
preventiva, deverá o órgão emissor da O parágrafo único determina que o juiz que decretou a prisão
decisão revisar a necessidade de sua preventiva revise a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa)
manutenção a cada 90 (noventa) dias,
dias, devendo fazê-lo de ofício, isto é, sem precisar de provocação da
mediante decisão fundamentada, de
defesa, e de forma fundamentada, sob pena da prisão ser relaxada por
ofício, sob pena de tornar a prisão
ilegal. tornar-se ilegal.

Com isso, encerra-se a ideia de que prisão preventiva é


atemporal ou por tempo indeterminado, já que, a cada 90 (noventa) dias,
deve ela ser reavaliada pelo magistrado, seja para sua prorrogação ou
para sua revogação.

www.vipjus.com.br 83
Alteração – art. 492 do CPP (sentença)

Muito embora, como regra geral no processo penal, não seja


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
possível a execução provisória da pena, tem-se aqui, na alínea “e”, uma

Art. 492: Art. 492: possibilidade: na hipótese de condenação pelo Tribunal do Júri à pena
I – ................................................. I – .............. e) mandará o acusado igual ou superior a 15 anos.
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão
recolher-se ou recomendá-lo-á à em que se encontra, se presentes os
prisão em que se encontra, se requisitos da prisão preventiva, ou, no No entanto, o próprio §3º do mesmo artigo dispõe que o
presentes os requisitos da prisão caso de condenação a uma pena igual
preventiva; ou superior a 15 (quinze) anos de presidente do tribunal do júri pode, excepcionalmente, deixar de
reclusão, determinará a execução autorizar a execução provisória da pena, se houver questão substancial
provisória das penas, com expedição do
cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa
mandado de prisão, se for o caso, sem
prejuízo do conhecimento de recursos plausivelmente levar à revisão da condenação.
que vierem a ser interpostos;

§ 3º O presidente poderá,
Ainda, os novos §§ 4º e 5º dispõem que a apelação interposta
excepcionalmente, deixar de autorizar
a execução provisória das penas de que contra decisão condenatória do Tribunal do Júri, no caso de pena igual
trata a alínea e do inciso I do caput
ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, não terá efeito suspensivo –
deste artigo, se houver questão
substancial cuja resolução pelo tribunal sendo inclusive viabilizada sua execução provisória.
ao qual competir o julgamento possa
plausivelmente levar à revisão da
condenação.

www.vipjus.com.br 84
Alteração – art. 492 do CPP (sentença)

§ 4º A apelação interposta contra No entanto, em alguns casos previstos pela própria lei, existe a
decisão condenatória do Tribunal do possibilidade de ser concedido efeito suspensivo à apelação, quando o
Júri a uma pena igual ou superior a 15
(quinze) anos de reclusão não terá recurso: I - não tem propósito meramente protelatório; II - levanta
efeito suspensivo. questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da

§ 5º Excepcionalmente, poderá o
sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a
tribunal atribuir efeito suspensivo à 15 (quinze) anos de reclusão (redação do § 5º, acrescido pela Lei
apelação de que trata o § 4o deste
13.964/19).
artigo, quando verificado
cumulativamente que o recurso:
I – não tem propósito meramente
protelatório; e Por fim, o § 6º dispõe que o pedido de concessão de efeito
II – levanta questão substancial e que
suspensivo, que, como visto, não é automático, e sim excepcional,
pode resultar em absolvição, anulação
da sentença, novo julgamento ou poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de petição em
redução da pena para patamar inferior
separado dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da
a 15 (quinze) anos de reclusão.
sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da
tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à
compreensão da controvérsia.

www.vipjus.com.br 85
Alteração – art. 492 do CPP (sentença)

§6º O pedido de concessão de efeito


suspensivo poderá ser feito
incidentalmente na apelação ou por
meio de petição em separado dirigida
diretamente ao relator, instruída com
cópias da sentença condenatória, das
razões da apelação e de prova da
tempestividade, das contrarrazões e
das demais peças necessárias à
compreensão da controvérsia.

www.vipjus.com.br 86
Alteração – art. 564 do CPP (nulidades)

Na linha das recentes alterações ligadas à prisão no processo


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 penal, inclusive com relação à necessidade de fundamentação da
decisão, consoante dispõe o art. 315 do CPP anteriormente já analisado,
Art. 564. A nulidade ocorrerá Art. 564. A nulidade ocorrerá nos a nova lei trouxe nova causa de nulidade processual, qual seja aquela
nos seguintes casos: seguintes casos:
decorrente de decisão carente de fundamentação.

V - em decorrência de decisão carente


de fundamentação. Trata-se de hipótese subjetiva, a ser melhor definida pela
doutrina e jurisprudência, as quais devem dar o tom do que será
considerado “carente de fundamentação”, seja a ausência total de
fundamento, seja apenas a insuficiência de fundamento.

www.vipjus.com.br 87
Alteração – art. 581 do CPP (recurso em sentido estrito)

A Lei 13.964/19, conforme visto anteriormente, criou o acordo


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 de não persecução penal, que visa, dentro das hipóteses previstas, a
afastar o processo penal e oferecer alternativas ao sistema de
Art. 581. Caberá recurso, no Art. 581. Caberá recurso, no sentido prevenção penal. O inciso XXV do art. 581 do CPP traz, objetivamente,
sentido estrito, da decisão, estrito, da decisão, despacho ou
hipótese de cabimento de recurso em sentido estrito de
despacho ou sentença: sentença:
despacho/decisão/sentença que recusar homologação à proposta de
XXV - que recusar homologação à acordo de não persecução penal.
proposta de acordo de não persecução
penal, previsto no art. 28-A desta Lei.

www.vipjus.com.br 88
Alteração – art. 638 do CPP (recurso extraordinário)

Trata-se de alteração legislativa que veio em boa hora, não


ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19 porque traz novidade com repercussão prática, mas porque
expressamente passa a reconhecer legalmente o cabimento também de
Art. 638. O recurso Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial no processo penal, bem como a necessidade de se
extraordinário será processado e recurso especial serão processados e
observar, seja para sua interposição, seja para interposição de recurso
julgado no Supremo Tribunal julgados no Supremo Tribunal Federal e
extraordinário, as diretrizes presentes na Lei 8.038/90, por exemplo, e
Federal na forma estabelecida no Superior Tribunal de Justiça na
pelo respectivo regimento forma estabelecida por leis especiais, no Código de Processo Civil, que também tratam e regulam a matéria.
interno. pela lei processual civil e pelos
respectivos regimentos internos. Muito embora, na prática forense, sempre tenha sido possível a
interposição do recurso especial, bem como a invocação dos preceitos
legais pertinentes, além dos regimentos internos dos Tribunais
Superiores, a lei 13.964/19 aperfeiçoa o código de processo penal e o
atualiza nesse sentido, vez que ele fora publicado em 1941.

www.vipjus.com.br 89
Esse material faz parte dos conteúdos especiais
aos quais somente os alunos do VIPJUS, método
de estudo personalizado para concurso, têm
acesso.

Se você quer descobrir mais sobre como funciona


o método e como estudar com o VIPJUS para
conquistar a sua tão sonhada vaga no concurso
público, clique no botão abaixo!

SABER MAIS SOBRE O VIPJUS

www.vipjus.com.br

Você também pode gostar