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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

RECURSO ORDINÁRIO

Livro Eletrônico
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Recurso Ordinário

Sumário
Maria Rafaela

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Recurso Ordinário............................................................................................................................ 4
1. Recurso Ordinário no Processo do Trabalho: como fazer? O Passo a Passo.................. 4
2. Recurso Ordinário: como já Foi Cobrado na Prova da OAB?............................................... 8
3. Recurso Ordinário: Resolução da Prova Passada da OAB. . ................................................. 9
4. Recurso Ordinário: Peça Inédita e Dicas de Resolução......................................................15
5. Direito Material: Equiparação Salarial para Revisão e para Auxiliar na Resolução
de Provas Subjetivas......................................................................................................................21
6. Direito Material: Horas Extras para Revisão e para Auxiliar na Resolução de
Provas Subjetivas.......................................................................................................................... 22
7. Resolução de Questões de Provas Subjetivas Anteriores do Exame da Ordem
sobre Horas Extras e Remuneração, para Melhor Fixação e Sucesso nas Próximas
Provas............................................................................................................................................... 32
8. Resolução de Questões de Provas Subjetivas Anteriores do Exame da Ordem
sobre Rescisão do Contrato de Trabalho para Melhor Fixação e Sucesso nas
Próximas Provas............................................................................................................................ 36
Resumo.............................................................................................................................................40
Questões de Concurso..................................................................................................................42
Referências...................................................................................................................................... 45
Anexo ...............................................................................................................................................46

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Recurso Ordinário
Maria Rafaela

Apresentação
Olá, futuro (a) advogado (a)!
Tudo bem contigo? Estudando firme e forte?
Eu vou me apresentar. Meu nome é Maria Rafaela de Castro. Atualmente sou Juíza do Tra-
balho no TRT 4 Região, doutoranda em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Porto
em Portugal, professora de preparatórios e faculdades aqui no Ceará, “a Terra do Sol”, e faço
parte do time do Gran Cursos.
Registro que estou muito feliz em estar aqui escrevendo esse livro digital para você atingir
o sucesso na carreira que sonha, pois a advocacia é uma belíssima carreira para os fortes.
O mais importante da minha apresentação é te dizer que eu entendo sua dor e pressa para
ser aprovado na OAB. Também entendo que você quer o máximo de informações de forma
objetiva e clara, sem rodeios e que quer gabaritar a prova, bem como entender as nuances da
legislação. Veio ao lugar certo. Isso porque a maioria não tem muito tempo para estudar, seja
porque trabalha, faz estágio, tem aulas na faculdade, aquela preocupação com o TCC etc.
Eu te parabenizo por você estar lendo este material, pois isso significa que você foi apro-
vado na primeira fase da OAB. Então, você já está com 50% da vitória. Vamos nos dedicar
mais um pouco com a leitura dos nossos materiais, pois vai dar certo se houver compromisso
e empenho.
Eu e toda a equipe do Gran estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercícios,
respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas para que você surpre-
enda a Banca examinadora, e não o contrário.
Nesse ponto, esse material vai te ajudar a chegar ao êxito final e já estou feliz e motivada
em elaborar isso para você. Sendo assim, estude a matéria de direito do trabalho num formato
diferente.
E acredite: saber direito do trabalho é imprescindível para a sua aprovação. Não é possível
ir para as provas sem ler esse material. Então, aproveite!
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, pegue sua xícara de café (ou melhor, uma garrafa térmica gigante), o marca-
-texto, a caneta e se programe para ler tudo que preparei para você e fique ligado no curso Gran.
Por gentileza, se você curtiu essa aula, dê um feedback positivo lá no Fórum do Aluno. Se
tiver críticas construtivas, também use o fórum para melhorarmos o material, ok?
Vamos começar?
Maria Rafaela de Castro
@mrafaela_castro
@juizamariarafaela

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Recurso Ordinário
Maria Rafaela

RECURSO ORDINÁRIO
1. Recurso Ordinário no Processo do Trabalho: como fazer? O Passo a
Passo
É cabível o Recurso Ordinário diante de sentenças definitivas ou terminativas e das deci-
sões do TRT definitivas ou terminativas quando esteja atuando em sua competência originária.
Isto é, cabe recurso da sentença do Juiz de primeiro grau e de decisão em ação rescisória,
por exemplo, julgada e processada pelo TRT, pois é sua competência originária.
Esse recurso tem efeito DEVOLUTIVO AMPLO, razão pela qual o recorrente pode devolver
ao tribunal toda a matéria novamente, tanto fática como jurídica. Faz as vezes da apelação no
processo civil comum e, por isso, muitas regras são aplicadas subsidiariamente.
Possui o prazo de oito dias a contar da ciência da sentença. Quando não há concessão de
gratuidade judicial, deve-se pagar o preparo, nos termos da súmula 245 do TST, com o recolhi-
mento das custas fixadas e na realização de depósito recursal.
A finalidade do Recurso Ordinário é demonstrar a insatisfação de quem recorre e, para tal
desiderato, pode ocorrer pedido recursal em dois formatos:
(a) o recorrente requer a modificação do teor da decisão recorrida, com a explanação da
tese que deveria ser a vencedora (reforma da decisão). Por exemplo: o juiz acolheu o pedido de
horas extras, mas o recorrente que é a empresa sustenta que é o caso de aplicar as hipóteses
do artigo 62 da CLT;
(b) o recorrente requer a cassação da decisão recorrida, aduzindo que existe vícios/nuli-
dades na decisão recorrida. Exemplo: o juiz não cumpriu o devido processo legal, não opor-
tunizando o contraditório ou aceitando para valorar sue convencimento a utilização de pro-
vas ilícitas.
A legitimidade para recorrer é daquele que detém o interesse recursal, como no caso da-
quele que teve contra si uma decisão judicial ou no caso de terceiro interessado, como o Mi-
nistério Público.
Como na Justiça do Trabalho não se admite recurso das decisões interlocutórias, quando
do manejo do RO, o recorrente pode suscitar toda a sua insatisfação com as decisões inter-
locutórias.
O procedimento deve ser feito no seguinte formato: uma primeira petição escrita dirigida
ao juiz a quo (aquele que prolatou a decisão) para que ele faça um juízo prévio de admissibili-
dade e, num segundo momento, as razões recursais que, conforme o mapa mental abaixo deve
conter os seguintes dados:

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Nomes e qualificação das partes.

Razões Exposição do fato e do direito , com as razões do


recursais pedido de reforma ou de decretação da nulidade.

Pedido de nova decisão.

Reforma: modificação da decisão recorrida.


Anulação da decisão recorrida que resulta na
sua cassação.

O PULO DO GATO
Pode aqui no RO o recorrente utilizar fatos ou provas novas, aplicando-se subsidiariamente o
artigo 1014 do CPC, desde que o motivo da não apresentação anteriormente seja por motivo de
força maior. Mas, essa tese não se aplica ao terceiro interessado, como o Ministério Público.

No passo a passo, o (a) candidato (a) deve utilizar o seguinte passo para ajudar a elabora-
ção da peça:
(a) uma peça de rosto que deve ser dirigida ao juízo a quo; (perde ponto na OAB se esque-
cer essa primeira peça)
(b) uma outra peça com as razões recursais que deve ser dirigida ao Tribunal ou juízo ad
quem em que vai apontar as insurgências contra a decisão recorrida. Nesse momento, devem
ser arguidas todas as matérias de fato e de direito, e, no caso do recorrente ser o demanda-
do, devem ser reiteradas todas as preliminares que não foram arguidas. (no exame da OAB,
pela restrição de linhas, essa peça pode ser escrita logo após a primeira peça de rosto na
mesma folha).
A folha de rosto pode ser feita no seguinte modelo:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 8a Vara do Trabalho de Fortaleza – CE (exemplo de


direcionamento)

N. do processo:

HOSPITAL SÓ MÉDICOS, já qualificada nos autos do processo acima descrito, inconformada


com a respeitável sentença prolatada na Reclamação Trabalhista proposta pelo empregado RUI
DA SILVA, também já qualificado nos autos, vem tempestivamente perante Vossa Excelência,
por intermédio de seu advogado que esta subscreve, interpor:

RECURSO ORDINÁRIO,

com fundamento no art. 895, inciso I, da CLT, juntando as razões recursais, as quais requer
sejam recebidas e remetidas ao Tribunal Regional da 7a Região.( CE pertente ao TRT da 7a
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Região)

Seguem os comprovantes do recolhimento das custas e do depósito recursal.

2. REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, REQUER:

1. Requerer a intimação da parte contrária para contra-arrazoar (ou contrarrazoar) o recurso.


Nestes termos, pede deferimento,

Localidade

ADVOGADO (não assine a peça, bastando colocar o nome ADVOGADO)

A folha das razões recursais que deve ocorrer após a primeira petição acima, podem ser
redigidas observando a seguir:

Exmos. Desembargadores da Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 7a Região


(aqui estamos seguindo acima o exemplo dado – era o juízo de Fortaleza- CE, logo, o TRT
correspondente é o da 7a Região)

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

PROCESSO N..

RECORRENTE:

RECORRIDO:

Doutos Julgadores,

Merece reforma a respeitável sentença de origem, pelos argumentos de fato e de direito, a


seguir:

RESUMO DOS FATOS

Consta aqui o básico da Ação Trabalhista, do pedido, da defesa e da decisão.

PRELIMINARES

NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

(desenvolve a violação do inciso IX do art. 93 da CR/88)

NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA -

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(desenvolve o inciso LV do art. 5 º da CR/88).

DO MÉRITO

Não merece prosperar a respeitável sentença, pelas razões a seguir expostas.

ABRIR UM TÓPICO POR ASSUNTO

Rebater todos os argumentos descritos na sentença, apontando as razões da reforma da


sentença

FECHAMENTO

Pelo exposto, requer seja acolhida a preliminar de nulidade por negativa de prestação
jurisdicional, para determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem para que seja
apreciada a omissão suscitada nos embargos de declaração, bem como requer seja acolhida
a preliminar de cerceamento do direito de defesa e, em consequência, seja anulada a sentença
proferida, determinando o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem, a fim de que seja
reaberta a instrução processual e se proceda à oitiva da testemunha que não foi ouvida. Por
fim, requer que o presente recurso ordinário seja conhecido e provido.

Nestes termos, pede deferimento,

Localização

Advogado OAB/ ____________(não assine a peça)

Não se esqueça que deve encerrar com os requerimentos finais: admissibilidade do recur-
so, renovação das preliminares e, no mérito, pelo provimento do recurso.
Vamos continuar com os mapas mentais para fixar melhor o conteúdo:

Das decisões definitivas ou terminativas das Varas e


Juízos, no prazo de oito dias.
Cabimento
de RO Das decisões definitivas ou terminativas dos tribunais
regionais, em processos de sua competência originária,
no prazo de oito dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos.

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Recurso Ordinário
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Se a sentença for confirmada pelos


próprios fundamentos, a certidão
de julgamento, registrando tal
circunstância, servirá de acórdão.

Com a indicação suficiente do


processo e parte dispositiva, e das
Será imediatamente distribuído
razões de decidir do voto prevalente.
uma vez recebido no tribunal.
RO no
Terá parecer oral do representante do sumaríssimo
Devendo o relator liberá-lo no
Ministério Público presente à sessão
prazo máximo de 10 dias.
de julgamento, se este entender
necessário o parecer, com registro na
certidão.

A Secretaria do Tribunal ou Turma


colocá-lo imediatamente em pauta
para julgamento, sem revisor.

2. Recurso Ordinário: como já Foi Cobrado na Prova da OAB?


Posicionei abaixo as peças que foram cobradas nos últimos sete certames da OAB para
que você perceba a repetitividade das cobranças:

EXAME PEÇA

2021 CONTESTAÇÃO

2020 RECURSO ORDINÁRIO

2019 PETIÇÃO INICIAL

2019 CONTESTAÇÃO

2019 PETIÇÃO INICIAL

2018 RECURSO ORDINÁRIO

CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO (PEÇA


2018
UNIFICADA)

Assim, passo a analisar duas provas já cobradas pela OAB, mas a resolução veremos no
próximo capítulo da prova no ano de 2020 (XXXII exame). Perceba que no ano de 2018 foi co-
brada também.

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O examinador, na peça processual, narra fatos e quer que o candidato, primeiramente,


aponte qual a peça processual cabe na situação e, após, desenvolva a redação sobre a temáti-
ca, abordando os temas importantes.
No XXXI Exame Unificado, o examinando deveria formular o seguinte: apresentar um recur-
so ordinário por parte da sociedade RÉ, elaborando a petição de interposição ao juízo da 90ª
Vara do Trabalho de Teresina/PI e as razões recursais, ao TRT. Deverá indicar as partes (recor-
rente e recorrido), citar o Art. 895, inciso I, da CLT.
Também deveria indicar o recolhimento das custas e do depósito recursal (tal como no
exemplo modelo que colocamos acima, principalmente, quando se recorre em favor da em-
presa). Deverá ser apresentada preliminar de cerceamento de defesa pelo indeferimento da
oitiva das testemunhas da empresa, com a consequente anulação do processo e retorno à
Vara de origem para oitiva delas e prolação de nova sentença, conforme o Art. 5º, inciso LV,
da CRFB/88.
Deveria ser renovada a preliminar de inépcia em relação aos feriados, porque indicados de
forma genérica, aplicando-se o Art. 330, inciso I, ou o Art. 330, § 1º, inciso II, do CPC, ou o Art.
840, § 1º, da CLT. (devem ser novamente suscitadas todas as preliminares da empresa que não
foram acolhidas na sentença. A matéria aqui não precluiu).
Em relação à pausa alimentar, deve ser sustentado ser indevido o pagamento integral do
intervalo, mas apenas do tempo suprimido, e, ainda assim, com caráter indenizatório, sem re-
percussão em outras parcelas, na forma do Art. 71, § 4º, da CLT.
Sobre a indenização por dano extrapatrimonial, deve ser sustentado que doença degenera-
tiva não é considerada doença do trabalho, conforme previsto no Art. 20, § 1º, alínea a, da Lei
n. 8.213/91, não gerando responsabilidade do empregador. Quanto à devolução dos descontos
em dobro, o candidato deverá se insurgir contra a determinação da dobra porque não existe
previsão legal na CLT para tanto, sendo então de se observar o princípio da legalidade previsto
no Art. 5º, inciso II, da CRFB/88.
Em relação à cesta básica, deve ser sustentado que a norma coletiva não tem ultratividade,
na forma do Art. 614, § 3º, da CLT, daí porque ser indevida para a autora, pois ela foi admitida
após o término da convenção coletiva anterior. Em relação aos honorários advocatícios, deve
ser sustentado que o percentual deferido em favor do advogado da autora suplanta o limite
legal, que é de 15%, conforme o Art. 791-A, da CLT, pelo que deve ser reduzido.
E, por derradeiro, os requerimentos finais pela admissibilidade do recurso, renovação das
preliminares e, no mérito, pelo provimento do recurso.
No capítulo seguinte, vamos desenvolver a redação para ajudar a visibilidade do que deve
ser elaborado.

3. Recurso Ordinário: Resolução da Prova Passada da OAB


Como já passamos no capítulo acima, estamos tratando do Exame XXXI, do ano de 2020.

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Enunciado da questão prática:


Débora Pimenta trabalhou como auxiliar de coveiro na sociedade empresária Morada Eter-
na Ltda., de 30/03/2018 a 07/01/2019, quando foi dispensada sem justa causa, recebendo,
por último, o salário de R$ 1.250,00 mensais, conforme anotado na CTPS. Em razão disso, ela
ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade empresária. A ação foi distribuída ao ju-
ízo da 90ª Vara do Trabalho de Teresina/PI, recebendo o número 0050000-80.2019.5.22.0090.
Débora formulou vários pedidos, que assim foram julgados: o juízo declarou a incompetência
material da Justiça do Trabalho para apreciar o pedido de recolhimento do INSS do período
trabalhado; foi reconhecido que a jornada se desenvolvia de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16 horas,
com intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em interroga-
tório, sendo, então, deferido o pagamento de 15 minutos com adicional de 50%, em razão do
intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais; não foi reconhecido o salário
oficioso de mais R$ 2.000,00 alegado na petição inicial, já que o julgador entendeu não haver
prova de qualquer pagamento “por fora”; foi deferido o pagamento de horas extras pelos feria-
dos, conforme requerido pela trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e qual-
quer feriado brasileiro”, sendo rejeitada a preliminar suscitada na defesa contra a forma desse
pedido; foi deferida indenização de R$ 6.000,00 a título de dano moral por acidente do trabalho
em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora foi vítima, conforme laudos médicos
juntados aos autos; foi indeferido o pagamento de adicional noturno, já que a autora não com-
provou que houvesse enterro, ou preparação para tal fim, no período compreendido entre 22
e 5 horas; foi deferido o pagamento do vale-transporte em todo o período trabalhado, sendo
que, na instrução, o magistrado indeferiu a oitiva de duas testemunhas trazidas pela sociedade
empresária, que seriam ouvidas para provar que ela entregava o valor da passagem em espé-
cie diariamente à trabalhadora; foi julgado procedente o pedido de devolução em dobro, como
requerido na exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos, pois a preposta
reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque não continham CID (Classi-
ficação Internacional de Doenças); foi deferido o pagamento correspondente a 1 cesta básica
mensal, porque sua entrega era prevista na convenção coletiva que vigorou no ano anterior (de
janeiro de 2017 a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez que não houve es-
tipulação de uma nova norma coletiva, a anterior foi, automaticamente, prorrogada no tempo;
foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora na razão de 20% da
liquidação e, em favor do advogado da ré, no importe de 10% em relação aos pedidos julgados
improcedentes. Diante disso, na condição de advogado da ré, redija a peça prático-profissional
para a defesa dos interesses da sua cliente em juízo, ciente de que, na sentença, não havia
vício ou falha estrutural que comprometesse sua integridade. (Valor: 5,00)
Pontos a serem observados:
1) redigir a petição dirigida ao juiz a quo, qual seja, juízo da 90ª Vara do Trabalho de Teresina/PI.
2) indicar o recolhimento das custas e do depósito recursal.

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3) após, redigir a petição dirigida ao Tribunal, aduzindo, num primeiro aspecto, as duas prelimi-
nares: cerceamento de defesa pelo indeferimento da oitiva das testemunhas da empresa, com
a consequente anulação do processo e retorno à Vara de origem para oitiva delas e prolação de
nova sentença, conforme o Art. 5º, inciso LV, da CRFB/88. Deverá ser renovada a preliminar de
inépcia em relação aos feriados, porque indicados de forma genérica, aplicando-se o Art. 330,
inciso I, ou o Art. 330, § 1º, inciso II, do CPC, ou o Art. 840, § 1º, da CLT.
4) atacar os fundamentos da decisão do juiz de primeiro grau em tópicos ou no caso de restri-
ção de linhas, deixe em caixa alta o pedido que você está analisando.
5) Em relação à pausa alimentar, deve ser sustentado ser indevido o pagamento integral do
intervalo, mas apenas do tempo suprimido, e, ainda assim, com caráter indenizatório, sem re-
percussão em outras parcelas, na forma do Art. 71, § 4º, da CLT. Sobre a indenização por dano
extrapatrimonial, deve ser sustentado que doença degenerativa não é considerada doença do
trabalho, conforme previsto no Art. 20, § 1º, alínea a, da Lei n. 8.213/91, não gerando respon-
sabilidade do empregador. Quanto à devolução dos descontos em dobro, o candidato deverá
se insurgir contra a determinação da dobra porque não existe previsão legal na CLT para tanto,
sendo então de se observar o princípio da legalidade previsto no Art. 5º, inciso II, da CRFB/88.
Em relação à cesta básica, deve ser sustentado que a norma coletiva não tem ultratividade, na
forma do Art. 614, § 3º, da CLT, daí porque ser indevida para a autora, pois ela foi admitida após
o término da convenção coletiva anterior.
6) Em relação aos honorários advocatícios, deve ser sustentado que o percentual deferido em
favor do advogado da autora suplanta o limite legal, que é de 15%, conforme o Art. 791-A, da
CLT, pelo que deve ser reduzido.
7)Requerimentos finais: admissibilidade do recurso, renovação das preliminares e, no mérito,
pelo provimento do recurso.
8) Pedir que o presente apelo deve ser reconhecido vez que é adequado e foi interposto pela
parte legítima, processualmente interessada e regularmente apresentada. O recurso é tempes-
tivo pois foi interposto no no prazo legalmente previsto do art. 895 a CLT.
9) Localidade e colocar ADVOGADO, não assinando a peça. Deve constar isso nas duas petições.

Vamos ensaiar como seria na elaboração da prova. Estou colocando aqui de forma sucinta,
mas deixo consignado aquilo que deve ser aprimorado:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 90ª Vara do Trabalho de Teresina/PI

N. do processo: 0050000-80.2019.5.22.0090

sociedade empresária Morada Eterna Ltda, já qualificada nos autos do processo acima des-
crito, inconformada com a respeitável sentença prolatada na Reclamação Trabalhista proposta
pela obreira Débora Pimenta, também já qualificado nos autos, vem tempestivamente perante
Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, interpor:

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RECURSO ORDINÁRIO,

com fundamento no art. 895, inciso I, da CLT, juntando as razões recursais, as quais requer
sejam recebidas e remetidas ao Tribunal Regional da 22a Região.( PI pertente ao TRT da 22a
Região)

Seguem os comprovantes do recolhimento das custas e do depósito recursal.

2. REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, REQUER:

1. Requerer a intimação da parte contrária para contra-arrazoar (ou contrarrazoar) o recurso.


Nestes termos, pede deferimento,

Localidade
ADVOGADO (não assine a peça, bastando colocar o nome ADVOGADO)

Exmos. Desembargadores da Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 22a Região


(aqui estamos seguindo acima o exemplo dado – era o juízo de PI, logo, o TRT correspondente
é o da 22a Região)

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

PROCESSO N.. 0050000-80.2019.5.22.0090

RECORRENTE: sociedade empresária Morada Eterna Ltda

RECORRIDO: Débora Pimenta

Doutos Julgadores,

Merece reforma a respeitável sentença de origem, pelos argumentos de fato e de direito, a


seguir:

RESUMO DOS FATOS

A recorrida trabalhou como auxiliar de coveiro na sociedade empresária Morada Eterna Ltda.,
de 30/03/2018 a 07/01/2019, quando foi dispensada sem justa causa, recebendo, por último,
o salário de R$ 1.250,00 mensais, conforme anotado na CTPS.
Em razão disso, ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade empresária. A ação foi
distribuída ao juízo da 90ª Vara do Trabalho de Teresina/PI, recebendo o número 0050000-
80.2019.5.22.0090 e formulou vários pedidos, que assim foram julgados: o juízo declarou a
incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciar o pedido de recolhimento do INSS
do período trabalhado; foi reconhecido que a jornada se desenvolvia de 2ª a 6ª feira, das 10 às
16 horas, com intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em

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interrogatório, sendo, então, deferido o pagamento de 15 minutos com adicional de 50%, em


razão do intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais; não foi reconhecido o
salário oficioso de mais R$ 2.000,00 alegado na petição inicial, já que o julgador entendeu não
haver prova de qualquer pagamento “por fora”; foi deferido o pagamento de horas extras pelos
feriados, conforme requerido pela trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e
qualquer feriado brasileiro”, sendo rejeitada a preliminar suscitada na defesa contra a forma
desse pedido; foi deferida indenização de R$ 6.000,00 a título de dano moral por acidente do
trabalho em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora foi vítima, conforme laudos
médicos juntados aos autos; foi indeferido o pagamento de adicional noturno, já que a autora
não comprovou que houvesse enterro, ou preparação para tal fim, no período compreendido
entre 22 e 5 horas; foi deferido o pagamento do vale-transporte em todo o período trabalhado,
sendo que, na instrução, o magistrado indeferiu a oitiva de duas testemunhas trazidas pela
sociedade empresária, que seriam ouvidas para provar que ela entregava o valor da passa-
gem em espécie diariamente à trabalhadora; foi julgado procedente o pedido de devolução
em dobro, como requerido na exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos,
pois a preposta reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque não conti-
nham CID (Classificação Internacional de Doenças); foi deferido o pagamento correspondente
a 1 cesta básica mensal, porque sua entrega era prevista na convenção coletiva que vigorou
no ano anterior (de janeiro de 2017 a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez
que não houve estipulação de uma nova norma coletiva, a anterior foi, automaticamente, pror-
rogada no tempo; foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora na
razão de 20% da liquidação e, em favor do advogado da ré, no importe de 10% em relação aos
pedidos julgados improcedentes.

PRELIMINARES

NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA -

Nesse ponto, padece de nulidade o julgamento do 1º grau por ofensa direta ao inciso LV do
art. 5 º da CR/88.O juiz de primeiro grau se negou a ouvir as testemunhas do réu, de forma
arbitrária, não garantindo o livre desempenho do devido processo legal, da ampla defesa e do
contraditório. Conforme se observa na última ata de audiência, o juiz indeferiu a oitiva das duas
testemunhas da defesa, o que a prejudicou notadamente, em ofensa ao texto constitucional.
Diante disso, requer a nulidade da sentença nesse tocante, com a devolução dos autos para
a instância de origem, no sentido de existir a devida produção regular da prova e garantindo o
direito constitucional do contraditório.

PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL REITERADA

A recorrida, em sua peça inicial, pediu extraordinário em “todo e qualquer feriado brasileiro”. No
entanto, não descreveu quais feriados efetivamente foram laborados, sendo um pedido gené-
rico. Logo, não poderia ser acolhido. Sendo assim, apesar da alegação do recorrente em sua
contestação, o juízo a quo afrontou a legislação, julgando procedente um pedido genérico sem
qualquer discriminação de feriados e que tipo de feriado, impossibilitando até mesmo a defesa
da recorrente na ocasião. Com base nisso, requer a reanálise pelo TRT para fins de acolher
essa preliminar no tocante ao pedido de condenação em pagamento dos feriados.

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Recurso Ordinário
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DO MÉRITO

Não merece prosperar a respeitável sentença, pelas razões a seguir expostas.

PAUSA ALIMENTAR/INTERVALO INTRAJORNADA/CONDENAÇÃO INDEVIDA

O juiz de piso condenou a recorrente, indevidamente, ao pagamento de intervalo intrajornada


na sua integralidade, muito embora confessado que existia gozo de períodos pela recorrida,
e, tal fato foi desconsiderado pelo juízo quando da sentença. No entanto, não merece pros-
perar, tendo em vista ser indevido o pagamento integral do intervalo, mas apenas do tempo
suprimido (a diferença do tempo), e, ainda assim, com caráter indenizatório, sem repercussão
em outras parcelas, na forma do Art. 71, § 4º, da CLT. Logo, não há como manter condenação
sobre os reflexos em todas as verbas rescisórias, como feito na sentença.

CONDENAÇÃO EM DANO EXTRAPATRIMONIAL INDEVIDA – MERECE REFORMA

Sobre a indenização por dano extrapatrimonial, a sentença considerou a doença da recorrida


como doença do trabalho, o que não merece prosperar. Não se considerou o laudo pericial que
confirmou se tratar de doença degenerativa. Com isso, a sentença não analisou ou valorou cor-
retamente todos os meios de prova produzidos que se encontram nos autos.

Destaque-se que a doença degenerativa não é considerada doença do trabalho, conforme pre-
visto no Art. 20, § 1º, alínea a, da Lei n. 8.213/91, não gerando responsabilidade do emprega-
dor. Nesse caso, qualquer condenação é indevida, na medida em que não há previsão legal e
não se constatou qualquer exercício de abuso do poder diretivo. A doença da recorrida não se
encaixa como doença do trabalho e, por isso, sequer se configuram os pressupostos. A titulo
de princípio da eventualidade, caso mantida a condenação pelo TRT, requer a diminuição con-
siderável do quantum indenizatório, diante das difíceis condições econômicas da recorrente e
pelo exíguo período trabalhado (é possível formular pedidos sucessivos para fins de diminuir o
quantum indenizatório, por exemplo).

DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS EM DOBRO – INDEVIDOS.

Quanto à devolução dos descontos em dobro formulados na sentença, devem ser modifica-
dos, para fins de ser mantido somente a devolução de descontos simples. Isso porque não há
como prosperar a tese de dobra de valores, como já argumentado na peça contestatória, pois
não existe previsão legal na CLT para tanto, sendo então de se observar o princípio da legali-
dade previsto no Art. 5º, inciso II, da CRFB/88.

CESTA BÁSICA - INDEVIDA

O juiz a quo aplicou indevidamente o princípio da ultratividade da negociação coletiva, em des-


compasso com o atual entendimento do STF que suspendeu os alcances da súmula do TST
sobre ultratividade e, ainda, nos termos da Reforma Trabalhista. A norma coletiva, usada pelo
juiz para fundamentar a condenação da ora recorrente, não tem ultratividade, na forma do Art.

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Recurso Ordinário
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614, § 3º, da CLT, daí porque ser indevida para a autora, pois ela foi admitida após o término da
convenção coletiva anterior.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS NO PERCENTUAL DA SENTENÇA

Em relação aos honorários advocatícios, na sentença houve condenação no importe de 20%,


o que não deve ser mantido, urgindo por modificação, pois o percentual deferido em favor do
advogado da autora suplanta o limite legal, que é de 15%, conforme o Art. 791-A, da CLT, pelo
que deve ser reduzido. Pela complexidade da causa, verifica-se ser um processo com poucos
atos processuais, sugerindo-se o importe mínimo de 5%.

REQUERIMENTOS FINAIS

Pelo exposto, requer seja acolhida a preliminar de nulidade por cerceamento de defesa, para
determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem, e, em consequência, seja anulada
a sentença proferida, determinando o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem, a fim
de que seja reaberta a instrução processual e se proceda à oitiva da testemunha que não foi
ouvida. Também requer que seja acolhida a preliminar da inépcia da inicial quanto ao pedido
de feriados. Em relação aos demais pleitos, requer a modificação do julgado de 1º grau, com
a reforma da sentença do juízo de piso para que sejam julgados improcedentes os pedidos de
horas extras, danos morais,

Por fim, requer que o presente recurso ordinário seja conhecido e provido.

Nestes termos, pede deferimento,

Localização

Advogado OAB/ ____________(não assine a peça

4. Recurso Ordinário: Peça Inédita e Dicas de Resolução


Neste capítulo, trago uma questão inédita para resolvermos mais uma vez no passo a pas-
so a peça de Recurso Ordinário. Vamos lá:

001. RUI SILVA trabalhou como ENFERMEIRO NO HOSPITAL SÓ MÉDICOS, de


01/01/2019 a 02/03/2021, quando alegou rescisão indireta pela ausência de fornecimento
de EPI pelo hospital réu. Em razão disso, ele ajuizou reclamação trabalhista em face da socie-
dade empresária. A ação foi distribuída ao juízo da Vara do Trabalho Única de Barreirinhas/MA,
recebendo o número 0050000-80.2019.5.22.0090. Débora formulou vários pedidos, que assim
foram julgados: foi reconhecida a rescisão indireta, em detrimento da tese de abandono de
emprego do Hospital e não foi acolhido o pedido de reconvenção do Hospital de ressarcimento

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de R$5.000,00 pelos gastos com uma contratação imediata para ocupar a vaga deixada pelo
reclamante; foi reconhecido que a jornada se desenvolvia de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16 horas,
com intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em interroga-
tório, sendo, então, deferido o pagamento de 15 minutos com adicional de 50%, em razão do
intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais; foi deferida indenização de R$
6.000,00 a título de dano moral pelo excessivo labor a que foi submetido durante a pandemia,
e, principalmente, considerando que não teve entrega de EPI para continuar suas atividades;
foi deferido o pagamento do vale-transporte em todo o período trabalhado, muito embora haja
prova testemunhal de que o autor comparecia, na maioria dos plantões, diante de compar-
tilhamento do UBER; o juiz negou a oitiva de uma testemunha do hospital sob a alegação
de ser inimiga de Rui, pela mera afirmação de reclamante em audiência, sem demais provas
apresentadas; foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora
na razão de 20% da liquidação e, em favor do advogado da ré, no importe de 10%
em relação aos pedidos julgados improcedentes. Diante disso, na condição de advogado do
HOSPITAL SÓ MÉDICOS, redija a peça prático-profissional para a defesa dos interesses da sua
cliente em juízo, ciente de que, na sentença, não havia vício ou falha estrutural que comprome-
tesse sua integridade.

Pontos a serem ventilados

1) redigir a petição dirigida ao juiz a quo, qual seja, juízo da Vara UNICA do Trabalho de Barreirinhas/MA.
2) indicar o recolhimento das custas e do depósito recursal.
3) após, redigir a petição dirigida ao Tribunal, aduzindo, num primeiro aspecto, a preliminar: cerceamento de
defesa pelo indeferimento da oitiva das testemunhas da empresa, com a consequente anulação do processo
e retorno à Vara de origem para oitiva delas e prolação de nova sentença, conforme o Art. 5º, inciso LV, da
CRFB/88.
4) atacar os fundamentos da decisão do juiz de primeiro grau em tópicos ou no caso de restrição de linhas, deixe
em caixa alta o pedido que você está analisando.
5) Deve sustentar que o reclamante não provou o descumprimento de obrigações e, com isso, persiste a ideia de
abandono aos postos de trabalho. E, ainda, deve ser revista a sentença do juiz que não acolheu o pedido objeto
da reconvenção, apesar dos danos causados pelo trabalhador ao hospital em plena situação de pandemia. Em
relação à pausa alimentar, deve ser sustentado ser indevido o pagamento integral do intervalo, mas apenas do
tempo suprimido, e, ainda assim, com caráter indenizatório, sem repercussão em outras parcelas, na forma do
Art. 71, § 4º, da CLT, além de enfatizar que havia quarto de descanso para o reclamante fazer as pausas. Sobre
a indenização por dano extrapatrimonial, deve ser sustentado que a pandemia é uma situação de força maior,
não gerando responsabilidade do empregador que não pode ser punido pela necessidade de maiores horas
de plantão do trabalhador, pois não deu causa ao evento. A concessão de vale transporte não prospera, pois
o reclamante não ia laborar diariamente mediante o uso de transporte público coletivo. Inclusive, o juiz julgou
contra as provas, o que urge por reforma.
6) Em relação aos honorários advocatícios, deve ser sustentado que o percentual deferido em favor do advogado
da autora suplanta o limite legal, que é de 15%, conforme o Art. 791-A, da CLT, pelo que deve ser reduzido.
7)Requerimentos finais: admissibilidade do recurso, renovação das preliminares e, no mérito, pelo provimento do
recurso.
8) Pedir que o presente apelo deve ser reconhecido vez que é adequado e foi interposto pela parte legítima,
processualmente interessada e regularmente apresentada. O recurso é tempestivo pois foi interposto no no
prazo legalmente previsto do art. 895 a CLT.
9) Localidade e colocar ADVOGADO, não assinando a peça. Deve constar isso nas duas petições.

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Vamos ensaiar como seria na elaboração da prova. Estou colocando aqui de forma sucinta,
mas deixo consignado aquilo que deve ser aprimorado:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da Vara Única do Trabalho de Barreirinhas/MA

N. do processo: 0050000-80.2019.5.22.0090

HOSPITAL SÓ MÉDICOS, já qualificada nos autos do processo acima descrito, inconformada


com a respeitável sentença prolatada na Reclamação Trabalhista proposta pelo obreiro rui da
silva, também já qualificado nos autos, vem tempestivamente perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado que esta subscreve, interpor:

RECURSO ORDINÁRIO,

com fundamento no art. 895, inciso I, da CLT, juntando as razões recursais, as quais requer
sejam recebidas e remetidas ao Tribunal Regional da 16a Região.( MA pertente ao TRT da 16a
Região)

Seguem os comprovantes do recolhimento das custas e do depósito recursal.

2. REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, REQUER:

1. Requerer a intimação da parte contrária para contra-arrazoar (ou contrarrazoar) o recurso.


Nestes termos, pede deferimento,

Localidade

ADVOGADO (não assine a peça, bastando colocar o nome ADVOGADO)

Exmos. Desembargadores da Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 16a Região


(aqui estamos seguindo acima o exemplo dado – era o juízo de MA, logo, o TRT correspondente
é o da 16a Região)

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

PROCESSO N.. 0050000-80.2019.5.22.0090

RECORRENTE: hospital só médicos

RECORRIDO: rui da silva

Doutos Julgadores,

Merece reforma a respeitável sentença de origem, pelos argumentos de fato e de direito, a


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seguir:

RESUMO DOS FATOS

RUI SILVA trabalhou como ENFERMEIRO NO HOSPITAL SÓ MÉDICOS, de 01/01/2019 a


02/03/2021, quando alegou rescisão indireta pela ausência de fornecimento de EPI pelo
hospital réu. Em razão disso, ele ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade
empresária. A ação foi distribuída ao juízo da Vara do Trabalho Única de Barreirinhas/MA,
recebendo o número 0050000-80.2019.5.22.0090. Débora formulou vários pedidos, que assim
foram julgados: foi reconhecida a rescisão indireta, em detrimento da tese de abandono de
emprego do Hospital e não foi acolhido o pedido de reconvenção do Hospital de ressarcimento
de R$5.000,00 pelos gastos com uma contratação imediata para ocupar a vaga deixada
pelo reclamante; foi reconhecido que a jornada se desenvolvia de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16
horas, com intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em
interrogatório, sendo, então, deferido o pagamento de 15 minutos com adicional de 50%, em
razão do intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais; foi deferida indenização
de R$ 6.000,00 a título de dano moral pelo excessivo labor a que foi submetido durante a
pandemia, e, principalmente, considerando que não teve entrega de EPI para continuar suas
atividades; foi deferido o pagamento do vale-transporte em todo o período trabalhado, muito
embora haja prova testemunhal de que o autor comparecia, na maioria dos plantões, diante
de compartilhamento do UBER; o juiz negou a oitiva de uma testemunha do hospital sob a
alegação de ser inimiga de Rui, pela mera afirmação de reclamante em audiência, sem demais
provas apresentadas.

PRELIMINARES

NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA -

Nesse ponto, padece de nulidade o julgamento do 1º grau por ofensa direta ao inciso LV do
art. 5 º da CR/88.O juiz de primeiro grau se negou a ouvir as testemunhas do réu, de forma
arbitrária, não garantindo o livre desempenho do devido processo legal, da ampla defesa e
do contraditório. Conforme se observa na última ata de audiência, o juiz indeferiu a oitiva de
uma essencial testemunha da defesa, o que a prejudicou notadamente, em ofensa ao texto
constitucional. O juiz a quo, pela simples alegação do recorrido, sem ouvir a própria testemunha
ou demais pessoas, concluiu que havia inimizade com o recorrido, não fundamentando em que
meios de prova se valeu para fins de indeferir a oitiva de testemunha idônea para provar os
fatos elencados na peça de defesa. Diante disso, requer a nulidade da sentença nesse tocante,
com a devolução dos autos para a instância de origem, no sentido de existir a devida produção
regular da prova e garantindo o direito constitucional do contraditório.

DO MÉRITO

Não merece prosperar a respeitável sentença, pelas razões a seguir expostas.

PAUSA ALIMENTAR/INTERVALO INTRAJORNADA/CONDENAÇÃO INDEVIDA

O juiz de piso condenou a recorrente, indevidamente, ao pagamento de intervalo intrajornada


na sua integralidade, muito embora confessado que existia gozo de períodos pela recorrida, e,

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tal fato foi desconsiderado pelo juízo quando da sentença. No entanto, não merece prosperar,
tendo em vista ser indevido o pagamento integral do intervalo, mas apenas do tempo suprimido
(a diferença do tempo), e, ainda assim, com caráter indenizatório, sem repercussão em outras
parcelas, na forma do Art. 71, § 4º, da CLT. Logo, não há como manter condenação sobre
os reflexos em todas as verbas rescisórias, como feito na sentença. Além disso, o juiz não
considerou que o intervalo concedido era superior ao alegado na peça Inicial, na medida em
que o hospital dispunha de quarto de descanso para os profissionais de saúde, incluindo, o
reclamante, que tinha à sua disposição.

SOBRE A RUPTURA CONTRATULA ENTRE AS PARTES – MERECE REFORMA

O reclamante falta com a verdade na sua narrativa, na medida em que desempenhava atividade
compatível pela qual foi contratado, sendo que a ré cumpriu todas as obrigações trabalhistas,
tendo o demandante abandonado o serviço, sem qualquer justificativa, apesar de telefonemas
do hospital para do seu retorno.

Destaque-se que o motivo da ruptura contratual foi abandono de emprego, ocasião em que o
obreiro deve ser penalizado por tal conduta, principalmente, porque, quando das suas verbas
rescisórias, não incide multa de 40% do FGTS ou pagamento de aviso prévio, por exemplo.
Assim, não há como prosperar os pedidos, haja vista inexistência de prova de qualquer vício
de consentimento. Além disso, o recorrido deixou de forma injustificada de comparecer ao
serviço, sem dar qualquer satisfação ao seu superior.

Houve demonstração de que a recorrente entregava EPI aos seus funcionários e, sobretudo,
que houve, em alguns dias, problemas na aquisição de novos equipamentos, mas isso em
decorrência de uma crise em escala global, como sabido. Tratou-se de uma situação pontual
que não tem o condão suficiente para uma rescisão indireta, por ser esta uma medida extrema.
Acerca da ruptura do contrato de trabalho, não há como prosperar pleitos de verbas na
modalidade de dispensa sem justa causa ou rescisão indireta, pois está demonstrado
documentalmente que o reclamante abandonou o serviço numa situação crítica da saúde
no Brasil com a pandemia da COVID 19. Não houve irregularidade contrato de trabalho que
justificasse o abandono de emprego por parte do autor.

Com base nisso, não há direito à indenização de 40% sobre o FGTS porque a autora pediu
demissão, o que impede a pretensão, porque essa hipótese não é prevista na norma cogente,
na forma do Art. 18, § 1º, da Lei n. 8.036/90 e Art. 9º, § 1º, do Decreto 99.684/90.

CONDENAÇÃO EM DANO EXTRAPATRIMONIAL INDEVIDA – MERECE REFORMA

Sobre a indenização por dano extrapatrimonial, a sentença de primeiro grau compreendeu que
o recorrido sofreu desgaste emocional diante da carga de trabalho a que foi submetido durante
a pandemia.Sobre alegação de pedidos de danos morais, não prospera, na medida em que
o trabalhador assim como todos os profissionais de saúde tiveram carga aumentada com
excesso de trabalho em razão da pandemia da COVID 19, razão pela qual tal fato não pode ser
imputado ao empregador, pois não se pode imputar a ele uma situação de força maior. Nesse
âmbito, destaca-se que se tratou de força maior e, com isso, configura-se uma excludente de
responsabilidade civil do empregador, não podendo imputá-lo, pois não houve, em qualquer
momento, abuso do poder diretivo. Além disso, a pandemia é uma situação de força maior,

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razão pela qual exclui a responsabilidade do empregador, que, por sua vez, não gerou, direta
ou indiretamente, a situação pandêmica. A titulo de princípio da eventualidade, caso mantida
a condenação pelo TRT, requer a diminuição considerável do quantum indenizatório, diante
das difíceis condições econômicas da recorrente e pelo exíguo período trabalhado (é possível
formular pedidos sucessivos para fins de diminuir o quantum indenizatório, por exemplo).

PEDIDO RECONVENCIONAL – URGE PELA MODIFICAÇÃO NO TRIBUNAL

O abandono ao serviço de forma injustificada gerou graves prejuízos ao empregador, pois


teve que contratar às pressas terceiras pessoas, gerando um prejuízo a mais na sua folha de
pagamento de cinco mil reais. Com a situação da pandemia, e com o número de pacientes
internados em um contexto de condições adversas para toda a sociedade, o reclamante/
reconvindo simplesmente abandonou, sem qualquer justificativa, o seu plantão. Para manter a
qualidade dos serviços e as boas condições de atendimento, pois superior é o direito à saúde,
o reclamado/reconvinte teve que fazer contratações emergenciais para manter a equipe,
gerando um prejuízo ao hospital, conforme a prova documental em anexo, de cinco mil reais, o
que deve ser ressarcido pelo dano causado pelo trabalhador à recorrente.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS NO PERCENTUAL DA SENTENÇA

Em relação aos honorários advocatícios, na sentença houve condenação no importe de 20%,


o que não deve ser mantido, urgindo por modificação, pois o percentual deferido em favor do
advogado da autora suplanta o limite legal, que é de 15%, conforme o Art. 791-A, da CLT, pelo
que deve ser reduzido. Pela complexidade da causa, verifica-se ser um processo com poucos
atos processuais, sugerindo-se o importe mínimo de 5%.

REQUERIMENTOS FINAIS

Pelo exposto, requer seja acolhida a preliminar de nulidade por cerceamento de defesa, para
determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem, e, em consequência, seja anulada
a sentença proferida, determinando o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem, a fim
de que seja reaberta a instrução processual e se proceda à oitiva da testemunha que não foi
ouvida. Também requer que seja acolhida a preliminar da inépcia da inicial quanto ao pedido
de feriados. Em relação aos demais pleitos, requer a modificação do julgado de 1º grau, com
a reforma da sentença do juízo de piso para que sejam julgados improcedentes os pedidos de
horas extras, danos morais,

Por fim, requer que o presente recurso ordinário seja conhecido e provido.

Nestes termos, pede deferimento,

Localização

Advogado OAB/ ____________(não assine a peça)

Sugere-se, ainda:

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a) não use palavras ou expressões agressivas por mais grave e


“revoltante” a situação fática trazida pelo examinador. Mante-
nha-se numa linha ZEN, embora sua obrigação seja pedir tudo.
b) faça pedidos sucessivos ou subsidiários diante do princípio
da eventualidade
c) faça tópicos para cada pedido de reforma
d) saiba trabalhar bem com a ideia seja do que REFORMAR ou
ANULAR. Pois isso já é um ponto diferencial no seu recurso.
e) em grau de recurso, são duas peças
f) leia atentamente os fatos para filtrar aquilo que interessa ao
seu cliente quando da elaboração do recurso.

5. Direito Material: Equiparação Salarial para Revisão e para Auxiliar


na Resolução de Provas Subjetivas

Lembremos, também, da situação tratada pela Reforma Trabalhista da EQUIPARAÇÃO SA-


LARIAL, quando o obreiro sustenta que desempenhava a mesma função que um outro traba-
lhador (paradigma), mas era remunerado de forma inferior.
A equiparação salarial é a situação jurídica em que o trabalhador busca almeja receber sa-
lário igual àquele recebido por um colega que realize o mesmo serviço, alegando, portanto, que
desempenham as mesmas funções e que nada justificaria a diferença de salário.
O referido instituto busca garantir que o trabalhador não venha a sofrer qualquer tipo de
discriminação, além disso, tem como pilar central o princípio da isonomia salarial.
Vamos relembrar aqui os requisitos trazidos pela Reforma Trabalhista para fins de equipa-
ração, que, na prática, tornou mais difícil ao trabalhador provar:

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo
empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem
distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.
§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade
e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo
empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a
dois anos.
§ 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado
em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva,
plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão pú-
blico.
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antigui-
dade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional.

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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Recurso Ordinário
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§ 4º O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada
pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação
salarial.
§ 5º A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na
função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo
tenha obtido a vantagem em ação judicial própria
§ 6º No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além
do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no
valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social.

Denomina-se paragonado aquele obreiro que pretende a equiparação salarial e o paradig-


ma é aquele “modelo”, ou seja, o colega de trabalho que se pretender utilizar o salário para fins
de pleitear a diferença.
Logo, no momento de enfrentar as questões subjetivas e a peça prática, fique atento se
preenchem as seguintes condições: I - O paragonado não poderá ter tempo superior à 2 (dois)
anos na mesma função em relação ao paradigma; II - O paragonado não poderá ter tempo su-
perior à 4 (quatro) anos trabalhando para o mesmo empregador; III - O paragonado deverá obri-
gatoriamente trabalhar no mesmo estabelecimento comercial do paradigma; IV - O paradigma
deverá ser obrigatoriamente contemporâneo do paragonado, ficando expressamente vedado a
indicação de paradigma remoto.

6. Direito Material: Horas Extras para Revisão e para Auxiliar na Re-


solução de Provas Subjetivas

Abordamos aqui a ideia de JORNADA que, por sua vez, é o lapso de tempo por dia que o
obreiro disponibiliza sua mão de obra ao empregador. O empregado precisa disponibilizar sua
mão de obra e o poder diretivo do empregado estipula a jornada do obreiro a cada dia, respei-
tando-se os limites de tempo gasto na execução do serviço, com os de, em regra, oito horas
diárias e 44 horas semanais, sob pena de ter que pagar horas extras.
Por isso, é importante compreender a jornada. Com isso, o trabalhador cumpre sua prin-
cipal obrigação perante o empregador, ao mesmo tempo, que isso serve de parâmetro para a
fixação do seu salário. Ora, a depender do tempo gasto pelo empregado na execução de suas
atividades é fixado o salário do obreiro.
Existe aqui a ideia de preço atribuído ao tempo de disponibilidade do trabalhador na sua
jornada. Sendo assim, existe a venda da mão de obra e o tempo “vale” para fins de fixação do
valor, com os limites do artigo 7, incisos XIII e XIV da CF/88.
Então, pode ser dizer que existe uma intrínseca relação da jornada com o salário, a saúde
do próprio obreiro e sua relação de emprego. Mas não só. É preciso observar a sua direta rela-

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ção com a saúde do trabalhador. Isso porque é norma de segurança da saúde e integridade do
trabalhador fixar o limite da jornada.
O limite imposto pela CF/88 acerca das 8h diárias e 44 horas semanais está relacionado
com a ideia de manter a saúde do obreiro, pois todos precisam de pausa e descanso. Daí por-
que é imperioso atribuir um valor mais oneroso ao empregador quando se extrapola a jornada
fixada na CF/88.
Sabe-se que existe relação direta com a jornada habitualmente extenuante com o número
de acidentes de trabalho no âmbito empresarial. Ora, nesse prisma, tem-se a jornada como
assunto prioritário para a saúde do obreiro. É O CUSTO TRABALHISTA.
Isso ainda se torna mais oneroso quando o trabalhador se submete às situações de insa-
lubridade, periculosidade e noturno, com impactos biológicos no organismo do trabalhador.
Além disso, é preciso analisar a temática sob o viés das novas tecnologias que trazem for-
mas novas de controle também. Destaca-se, ainda, que isso se torna conflituoso com a alega-
ção de que o empregador não deveria pagar horas extras por não ter como controlar a jornada
do trabalhador como nos casos de teletrabalho e os que são de labor externo.
Nesse contexto, há inegável impacto financeiro da jornada tanto na saúde do obreiro, nos
gastos da empresa e também na linha infortunística (com a responsabilização do empregador
pelos acidentes do trabalho.
Um aspecto importante: qual o percentual das horas extras que deve ser pago pelo empre-
gador? Isso é muito cobrado em provas: o percentual é de 50% sobre a hora normal.
A CCT ou ACT podem estipular percentual maior que 50%, o que é aplicado em primazia da
norma mais benéfica. Sendo assim, ainda se observe que com o conflito de um percentual pela
CCT ou ACT, nos termos da Reforma Trabalhista, prevalece o que dispõe o ACT, apesar de ser
uma norma menos benéfica.
Logo, o percentual mínimo de horas extras é de 50%. Veja bem: no mínimo!

O PULO DO GATO
Importante ter em mente os incisos do artigo 7 da CF/88:

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acor-
do ou convenção coletiva de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento à do normal.

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No ano de 2020, diante da PANDEMIA DA COVID 19, houve a edição da MP 936/2020 con-
vertida em lei. Nessas edições normativas, tornou-se possível a redução da jornada proporcio-
nal ao salário, como medida de preservação do emprego.
Com isso, a legislação buscou uma solução intermediária no que se entende como Direito
do Trabalho de Emergência, para fins de possibilitar os postos de trabalho e a sobrevida das
empresas. Para tal, houve a tentativa de diminuir os encargos trabalhistas e com as regras de
isolamento social e a “diminuição” do “horário comercial”, buscou-se diminuir a jornada e pro-
porcionalmente os salários.
Foi autorizada a redução da jornada e do salário, com as seguintes condições pela Lei n.
14.020/2020 que converteu a medida provisória mencionada. Tanto a MP como a Lei insti-
tuíram o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, cujos artigos mais
relevantes são:

Art. 6º O valor do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda terá como base de
cálculo o valor mensal do seguro-desemprego a que o empregado teria direito, nos termos do art. 5º
da Lei n. 7.998, de 11 de janeiro de 1990, observadas as seguintes disposições:
I – na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário, será calculado aplicando-se sobre a
base de cálculo o percentual da redução; e
Art. 7º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º desta Lei, o empregador
poderá acordar a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário de seus empregados, de
forma setorial, departamental, parcial ou na totalidade dos postos de trabalho, por até 90 (noventa)
dias, prorrogáveis por prazo determinado em ato do Poder Executivo, observados os seguintes re-
quisitos:
I – preservação do valor do salário-hora de trabalho;
II – pactuação, conforme o disposto nos arts. 11 e 12 desta Lei, por convenção coletiva de trabalho,
acordo coletivo de trabalho ou acordo individual escrito entre empregador e empregado; e
III – na hipótese de pactuação por acordo individual escrito, encaminhamento da proposta de acor-
do ao empregado com antecedência de, no mínimo, 2 (dois) dias corridos, e redução da jornada de
trabalho e do salário exclusivamente nos seguintes percentuais:
a) 25% (vinte e cinco por cento);
b) 50% (cinquenta por cento);
c) 70% (setenta por cento).
§ 1º A jornada de trabalho e o salário pago anteriormente serão restabelecidos no prazo de 2 (dois)
dias corridos, contado da:
I – cessação do estado de calamidade pública;
II – data estabelecida como termo de encerramento do período de redução pactuado; ou
III – data de comunicação do empregador que informe ao empregado sua decisão de antecipar o fim
do período de redução pactuado.
§ 2º Durante o período de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário, a contribuição
de que tratam o art. 20 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, e o art. 28 da Emenda Constitucional
n. 103, de 12 de novembro de 2019, poderá ser complementada na forma do art. 20 desta Lei.

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§ 3º Respeitado o limite temporal do estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º desta
Lei, o Poder Executivo poderá prorrogar o prazo máximo de redução proporcional de jornada de tra-
balho e de salário previsto no caput deste artigo, na forma do regulamento.

Diferença de duração, jornada e horário: Vamos conhecer os conceitos de cada uma das
expressões. A duração tem uma conotação mais ampla, significando o lapso temporal du-
rante o contrato de trabalho. É o que temos, por exemplo, quando falamos que Chris labora
diariamente.
Em continuidade, a jornada representa a quantidade de horas laboradas pelo obreiro, ou
seja, o tempo em que ele executa suas atividades, como quando se diz que Chris trabalha 8
horas diárias ou 6 horas diárias ou digo que ele trabalha 30 horas semanais.
No caso de horário, é interessante destacar que estamos tratando do momento temporal
que o Chris, por exemplo, começa e encera seu trabalho. Nesse ponto, eu posso dizer que ele
começa a laborar às 8h e encerra às 18h.
Com esse contexto, é interessante trazer à tona o que se considera como TEMPO À DIS-
POSIÇÃO. Ou seja, quando o trabalhador laborando ou estando disponível para ser usado pela
empresa. Nesse caso, considera-se como jornada do trabalhador.
Por fim, destaque que alguns intervalos de trabalhadores SÃO CONSIDERADOS COMO
TEMPO À DISPOSIÇÃO DO TRABALHADOR, do qual se destaca o artigo 235 da CLT. Fica muito
atento (a) com esse dispositivo para fins de prova.

O PULO DO GATO
Aqui é importante conhecer os intervalos corretos das câmaras frigoríficas, muito cobrada
em provas na CLT e QUE COMPUTA O INTERVALO COMO TRABALHO EFETIVO:

Art. 253 - Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que
movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1
(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20
(vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo.
Parágrafo único. Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que
for inferior, nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministé-
rio do Trabalho, Industria e Comercio, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze
graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º (dez graus).

Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição


do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada. O tempo à disposição do empregador se configura dentro da jornada e se compu-
ta como tempo laborado.

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 Obs.: Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e


estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestan-
do serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.

A Reforma Trabalhista trouxe situações em que não se computa como TEMPO À DISPOSI-
ÇÃO, como o artigo 4, §2º, da CLT do qual é importante memorizar para as provas:

§ 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como perío-
do extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos
previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria,
buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáti-
cas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades
particulares, entre outras:
I – práticas religiosas;
II – descanso;
III – lazer;
IV – estudo;
V – alimentação;
VI – atividades de relacionamento social;
VII – higiene pessoal;
VIII – troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.

Quanto à composição da jornada temos o tempo efetivamente trabalhado que é aquele em


que o trabalhador está executando de forma ativa suas atividades compactadas no contrato
de trabalho. É o componente mais perceptível. Mas, há também o componente que já vimos
anteriormente como tempo à disposição.
É aquele que, muito embora o obreiro não esteja ativamente fazendo algo, já está a dispo-
sição de fazer algo caso seja a vontade do seu empregador. Ocorre, por exemplo, quando o
empregado está no banheiro da empresa, pois é obrigatório vestir o uniforme quando estiver
no âmbito empresarial. Isso é muito comum nas empresas do ramo alimentício e hospitalar.
A reforma trabalhista fez uma restrição acerca do que seja tempo a disposição e o resulta-
do foi enxugar o artigo 4 da CLT.
De acordo com o artigo 4º da CLT, considera-se como de serviço efetivo o período em que
o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo
disposição especial expressamente consignada.
Não será considerado tempo à disposição do empregador, nem computado como perío-
do extraordinário, se, por escolha própria, o empregado permanecer no local de trabalho para
buscar proteção pessoal. Isso em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições
climáticas.

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Também não será considerado como tempo à disposição do empregador o desenvolvi-


mento de atividades particulares. Entre elas, práticas religiosas, descanso, lazer, alimenta-
ção e estudo.
Por fim, o artigo 4º da CLT determina que o tempo gasto na troca de roupa ou uniforme,
caso não haja obrigatoriedade de realização da tarefa na empresa, não será considerado como
à disposição do empregador.
Aqui temos também a situação do deslocamento interno nos termos das súmulas 366 e
429 do TST que transcrevo pela sua importância:

Súmula n. 366 do TST


CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCE-
DEM A JORNADA DE TRABALHO. Não serão descontadas nem computadas como jor-
nada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco
minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite,
será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois
configurado tempo à disposição do empregador, não importando as atividades desen-
volvidas pelo empregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene
pessoal, etc).
Súmula 429 do TST:
TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT. PERÍODO DE DESLOCAMENTO
ENTRE A PORTARIA E O LOCAL DE TRABALHO. Considera-se à disposição do emprega-
dor, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do trabalhador entre
a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de 10 (dez) minutos
diários.

O PULO DO GATO
De acordo com a súmula 429 do TST, considera-se à disposição do empregador o tempo ne-
cessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho,
desde que supere o limite de dez minutos diários.

Importante assinalar aqui o tempo residual da marcação do cartão de ponto nos termos
do artigo 58 da CLT. Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as
variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite
máximo de dez minutos diários.
A Reforma Trabalhista também suprimiu as horas in itinere, na medida em que ficou esti-
pulado na CLT que o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva
ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de

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transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho,
por não ser tempo à disposição do empregador.
Não haverá distinção entre empregados e interessados, e a participação em lucros e co-
missões, salvo em lucros de caráter social- O salário-hora normal, no caso de empregado men-
salista, será obtido dividindo-se o salário mensal correspondente à duração do trabalho por 30
(trinta) vezes o número de horas dessa duração.
Sendo o número de dias que for inferior a 30 (trinta), adotar-se-á para o cálculo, em lugar
desse número, o de dias de trabalho por mês.
No caso do empregado diarista, o salário-hora normal será obtido dividindo-se o salário
diário correspondente à duração do trabalho, estabelecido no art. 58 da CLT, pelo número de
horas de efetivo trabalho.

 Obs.: Apesar da exclusão das horas in itinere pela CLT, existe a possibilidade de sua regu-
lamentação mediante instrumentos normativos como acordo ou convenção coletiva.

Ressalte-se que há certa proteção do trabalhador quando recebe habitualmente horas ex-
tras e deixa de receber de repente pelo seu empregador. Lembre-se de que o TST tem súmula
a respeito da indenização pela supressão, qual seja, a de número 291:

HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. INDENIZAÇÃO. A supressão total ou


parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com habitualidade, durante
pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente
ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente, para cada ano ou
fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal.
O cálculo observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses ante-
riores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão.

Sobre a jornada do trabalhador menor, considera-se menor para os efeitos da CLT o traba-
lhador de quatorze até dezoito anos.
A duração do trabalho do aprendiz não excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a
prorrogação e a compensação de jornada.
O limite previsto poderá ser de até oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem
completado o ensino fundamental, se nelas forem computadas as horas destinadas à apren-
dizagem teórica.
Ao menor de 18 (dezoito) anos é vedado o trabalho noturno, considerado este o que for
executado no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) e as 5 (cinco) horas.

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 Obs.: Aos menores de 18 anos são vedados os trabalhos na condição de doméstico, bem
como em locais insalubres, perigosos e noturnos, e em locais ou serviços prejudiciais
à sua moralidade.

Os infratores das disposições ficam sujeitos à multa de valor igual a 1 (um) salário mínimo
regional, aplicada tantas vezes quantos forem os menores empregados em desacordo com a
lei, não podendo, todavia, a soma das multas exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, salvo
no caso de reincidência em que esse total poderá ser elevado ao dobro.
É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de resci-
são do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos
seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe
for devida.
Existem dois critérios importantes para a fixação da jornada que é o tempo de prontidão e
o regime de sobreaviso. Ambos se referem à situação dos ferroviários, nos termos dos pará-
grafos 1, 2 e 3, do art. 244 da CLT, que assim dispõe:

§ 1º Considera-se «extranumerário» o empregado não efetivo, candidato efetivação, que se apre-


sentar normalmente ao serviço, embora só trabalhe quando for necessário. O extranumerário só
receberá os dias de trabalho efetivo.
§ 2º Considera-se de “sobreaviso” o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguar-
dando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de “sobreaviso” será, no máxi-
mo, de vinte e quatro horas, As horas de “sobreaviso”, para todos os efeitos, serão contadas à razão
de 1/3 (um terço) do salário normal.
§ 3º Considera-se de “prontidão” o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando
ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para
todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal.

No tempo de prontidão, o trabalhador FICA NAS DEPENDÊNCIAS DA EMPRESA aguardan-


do ordens. Por isso que a sua escala deve ser mais rápida que a do sobreaviso. A escala na
prontidão é de 12 HORAS. O trabalhador pode executar tarefas ou não, mas o certo é que está
à disposição do empregador e, por isso, seu “tempo” é remunerado na proporção de 2/3 do
salário hora normal. Isso acontece muito com a equipe de hospitais, por exemplo, além dos
ferroviários.
Na jornada de prontidão, a CLT traz informação importante quanto ao intervalo. Quando, no
estabelecimento ou dependência em que se achar o empregado, houver facilidade de alimen-
tação, as doze horas de prontidão, a que se refere o parágrafo anterior, poderão ser contínuas.
Quando não existir essa facilidade, depois de seis horas de prontidão, haverá sempre um in-
tervalo de uma hora para cada refeição, que não será, nesse caso, computada como de serviço.
No que se refere ao SOBREAVISO, o trabalhador pode estar na sua casa à espera ou aguar-
dando um chamado do seu empregador. A sua escala pode ser de 24 HORAS e receberá por

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isso o importe de 1/3 só salário hora normal. Essas normas já foram estendidas aos eletricitá-
rios, por exemplo.
Com isso, é importante trazer a distinção do TEMPO DE PRONTIDÃO E DO TEMPO DE
SOBREAVISO.
Uma pergunta importante na teoria e prática jurisprudencial é saber se podem ser apli-
cadas esses critérios para qualquer atividade no Brasil. GODINHO (2020;1058) sustenta que
existe entendimento forte nos dois sentidos na jurisprudência brasileira, sem ainda ter uma
posição 100% segura.
Com isso, GODINHO sustentou que há argumentos fortes de que deveria ser aplicado o ar-
tigo 244 da CLT em sua integralidade DE FORMA IRRESTRITA ou se deveria restringir somente
para os ferroviários.
Então, o que responder na prova? A resposta mais segura é seguir a literalidade da súmula
428 do TST que eu já coloquei para você conhecer, interpretar e memorizar. Não houve fixação
na jurisprudência nem para uma corrente nem para a outra.
GODINHO (2020;1059), a meu ver, confere a conclusão para ser aplicada na prova objetiva
que transcrevo aqui para você ficar atualizado:

De todo modo, anote-se que, independentemente de se acatar (ou não) a incidência analógica do
preceito enfocado, é importante resguardar-se uma conclusão: após chamado ao serviço por telefo-
ne celular, pagers, BIP, o obreiro que atenda à convocação e compareça ao local de trabalho passa,
automaticamente, a ficar à disposição do empregador, prestando horas normais de serviço (ou ho-
ras extras, se for o caso) – e não mais horas de sobreaviso ou de prontidão (artigo 4, CLT).

Conhecendo os principais aspectos dessa jornada e, principalmente, as diferenças con-


ceituais e prática de sobreaviso, prontidão, extranumerário, é importante também que você
conheça as ferramentas conhecidas pela jurisprudência do TST para fins de verificar no caso
concreto a existência de um controle do empregador além da sua jornada.
Nesse ponto, a jurisprudência enfrenta o uso de “Bips, pagers, telefones celulares e outros
instrumentos de comunicação”. É o que nos mostra a súmula 428 do TST:

Súmula n. 428 do TST


SOBREAVISO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT
I – O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao
empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso.
II – Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle
patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plan-
tão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante
o período de descanso.

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Por fim, surge um questionamento: o recebimento contínuo das horas extras se incorpora
definitivamente na base salarial? Melhorando a pergunta: Se Camila recebe horas extras
de forma habitual durante 2, 3 anos e, de repente, o empregador não precisa que ela con-
tinue laborando de forma extraordinária, haverá possibilidade de simplesmente o empre-
gador dela suprimir de vez? Ou ela tem direito adquirido diante da habitualidade do valor
dessas horas extras?

Esses questionamentos serão comuns nesse período de pandemia em que as empresas


tiveram necessidade de reduzir jornadas dos funcionários até pela restrição de horários de
atendimento/funcionamento.

Então, haverá possibilidade de suprimir de imediato?

Pela linha do TST, depende do período que o trabalhador habitualmente prestou horas ex-
tras ao empregador. Isso é muito cobrado nas provas objetivas. Tudo levando em considera-
ção A HABITUALIDADE E A EVENTULIDADE DE SUA INCIDÊNCIA.
Lembre-se de que as horas extras também incidem reflexos sobre as demais verbas do tra-
balhador. Foi o que já estudamos em livros anteriores acerca da TEORIA DA EXPANSÃO CIRCU-
LAR DOS SALÁRIOS, quando existe reflexo das horas extras, por exemplo, nos recolhimentos
de FGTS, décimo terceiro salário etc.
Para isso, há também entendimento sumulado do TST que responde ao questionamento
pela Súmula 291 do TST:

Súmula n. 291 do TST


HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. INDENIZAÇÃO.
A supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com
habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à inde-
nização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcial-
mente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço
acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares nos últi-
mos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra do dia
da supressão.

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7. Resolução de Questões de Provas Subjetivas Anteriores do Exame da


Ordem sobre Horas Extras e Remuneração, para Melhor Fixação e Su-
cesso nas Próximas Provas

7.1. Jorge Souza atua como auxiliar de produção em uma indústria alimentícia, recebendo dois
salários-mínimos mensais. Ainda com o contrato em vigor, Jorge ajuizou, no ano de 2020, re-
clamação trabalhista contra o empregador, requerendo o pagamento de insalubridade em grau
mínimo, pois afirmou existir, no seu local de trabalho, um agente agressor à sua saúde. Desig-
nada audiência, as partes compareceram, e o juiz verificou que não era possível a conciliação.
Então, o magistrado determinou de ofício a realização de prova pericial e que a sociedade em-
presária antecipasse os honorários do perito, afirmando que não reconsideraria tal comando.
Considerando a situação retratada, os ditames da CLT e o entendimento consolidado do TST,
responda às indagações a seguir.
a) Como advogado da sociedade empresária, que medida imediata você adotaria para evitar a
antecipação dos honorários periciais? Justifique. (Valor: 0,65)
b) Se a perícia confirmasse a insalubridade e, na sentença, o juiz condenasse a reclamada ao
pagamento do adicional desejado, na razão de 10% sobre o salário contratual do reclamante,
que tese jurídica você adotaria no recurso, em defesa da empresa, para diminuir a condena-
ção? Justifique. (Valor: 0,60)

a) Não se admite agravo de instrumento ou retido das decisões interlocutórias na Justiça do


Trabalho. Portanto, se não há previsão de recursos, e, como a empresa precisa, de forma ime-
diata, neutralizar os efeitos da decisão, tem-se a situação de interposição do Mandado de
Segurança. Inclusive, esse é o entendimento do TST, principalmente, porque já há precedentes
naquela Corte, destacando-se o julgado no RO-518-66.2017.5.11.0000. o TST já consolidou
entendimento sobre a ilegalidade da exigência de depósito prévio para o custeio de perícia
(Orientação Jurisprudencial 98 da SDI-2). E a Reforma Trabalhista acrescentou o parágrafo
3º ao artigo 790-B da CLT, com a mesma tese contida na OJ 98. Além disso, só para fins de
maiores esclarecimentos, a Instrução Normativa 27 do TST faculta ao juiz exigir o depósito
prévio, mas ressalva as demandas decorrentes da relação de emprego. Logo, não é possível a
exigência de depósito prévio dos honorários periciais.
b) A decisão do Magistrado está equivocada, cabendo no Recurso Ordinário sustentar que
a base de cálculo não é o salário contratual, mas sim o salário mínimo vigente. No entanto,
registre-se entendimento de 2021 do TST que, embora o Supremo Tribunal Federal tenha es-
tabelecido que a base de cálculo para o adicional de insalubridade é o salário mínimo, pode
haver exceções a essa regra, como, por exemplo, nos casos em que o adicional é desde o início
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da relação trabalhista calculado tendo o salário-base como parâmetro, conforme o TST. De


qualquer forma, a tese pode ser encampada no sentido de que o salário contratual não seria o
parâmetro, o que diminuiria o quantum da condenação. Mas sim o salário-mínimo, com base
na orientação do Supremo Tribunal Federal.

7.2. Ribamar trabalhou como atendente de loja na sociedade empresária Rei do Super Açaí
Ltda., de 06/02/2019 a 03/11/2021, quando foi desligado da sociedade. Ribamar não recebeu
qualquer indenização e, em razão disso, ele procurou você, como advogado(a), para requerer
judicialmente o pagamento das verbas da saída e horas extras. Ajuizada a reclamação traba-
lhista, a sociedade empresária apresentou contestação, afirmando que o motivo da extinção
do contrato foi força maior, pois ela sofreu muito com a pandemia de Covid-19, de modo que
a indenização, se cabível, deveria ser paga pela metade. Para ilustrar a situação, a ré informou
que, dos 12 empregados que a sociedade empresária possuía à época dos fatos, atualmente,
só restavam 5 funcionários. Para provar a alegação, exibiu as fichas de registro de seus empre-
gados, que confirmam o alegado, mas não juntou controles de ponto do reclamante. Conside-
rando os fatos narrados, a previsão legal e o entendimento consolidado do TST, responda aos
itens a seguir.
a) Que argumento você apresentaria, em réplica, para tentar descaracterizar a tese de força
maior? Justifique. (Valor: 0,65)
b) De quem seria o ônus da prova de comprovar a jornada de trabalho e por qual razão? Justi-
fique. (Valor: 0,60)

a) Na defesa dos interesses do reclamante, deve-se sustentar que não se aplica a tese de força
maior porque não houve extinção do estabelecimento ou da empresa, como exige o Art. 502
da CLT. O dispositivo é claro em relação às hipóteses em que se aplica essa situação excep-
cional de rescisão do contrato de trabalho. A força maior só existe quando a empresa tem a
inviabilidade da sua atividade econômica e não pode ser usada quando existe mera redução
do quadro de funcionários.
b) O ônus da prova será do empregado, porque a reclamada contava com menos de 20 em-
pregados, sendo, então, desnecessário que ela mantivesse controle escrito dos horários de
entrada e saída deles, conforme o Art. 74, § 2º, da CLT. No caso em liça, cabe ao autor fazer
uso de qualquer meio de prova para tais fins. Não há situação de inversão do ônus da prova.
Perceba-se que antes eram apenas 10 funcionários, mas houve alteração na CLT, para o limite
de 20 funcionários por estabelecimento.
7.3. Rezende, contratado em 05/04/2019 como cozinheiro no restaurante Paladar Supremo
Ltda, trabalhava de segunda a sexta-feira, das 16h às 00h, sem intervalo. Em 04/09/2019,

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Rezende foi dispensado sem justa causa e ajuizou reclamação trabalhista postulando o paga-
mento de 1 hora diária com adicional de 50%, em razão do intervalo para refeição não conce-
dido, além da integração dessa hora com adicional de 50% ao 13º salário, às férias, ao FGTS
e ao repouso semanal remunerado. Considerando a situação apresentada e os termos da CLT,
responda aos itens a seguir.
a) Caso você fosse contratado pela empresa, que reconhece não ter concedido o intervalo para
refeição, que tese jurídica você poderia advogar em defesa dos interesses da reclamada para
reduzir eventual condenação? (Valor: 0,65)
b) Caso a reclamação trabalhista proposta por Rezende não identificasse nenhum valor, mas
apenas a indicação dos direitos que ele postulava, que preliminar você advogaria em favor da
empresa? (Valor: 0,60)

Seria importante você trazer para o examinador o conceito do intervalo intrajornada e as con-
sequências da sua supressão, principalmente as mudanças da Reforma Trabalhista, sobretudo
acerca da natureza indenizatória. Na sequência, a tese a ser apresentada é a de que o interva-
lo para refeição devido, após o advento da Lei n. 13.467/2017, tem natureza indenizatória e,
assim, não gera reflexo em outros direitos, conforme prevê o Art. 71, § 4º, da CLT. No item b,
sugiro que você fale que, na defesa dos interesses da empresa, deverá ser suscitada preliminar
de inépcia para extinção do processo sem resolução do mérito porque não houve indicação
do valor na petição inicial, em desacordo com o que determina o Art. 840, §§ 1º ou 3º, da CLT,
Art. 852-B, I ou § 1º, da CLT, Art. 330, I ou § 1º, I ou II, do CPC ou Art. 337, IV, do CPC. O TST
tem um entendimento particular sobre isso a partir de 2020, mas você pode usar o argumento
supracitado.

7.4. Carlos trabalha abastecendo veículos em um posto de gasolina. A norma coletiva de sua
categoria, assim como o regulamento interno da empresa empregadora, prevê que o pagamen-
to realizado por clientes por meio de cheques não é recomendável, mas, se isso for inevitável,
o funcionário deverá anotar a placa do veículo, o número de telefone e a identidade do cliente.
Ocorre que, em determinado dia, com o posto lotado, Carlos não procedeu dessa forma e abas-
teceu dois veículos de uma mesma família. Entretanto, o cheque utilizado para pagamento
não tinha suficiência de fundos, razão pela qual o empregador descontou os valores, de forma
parcelada, do salário de Carlos. Carlos ajuizou ação trabalhista pelo rito ordinário, cobrando
os valores descontados. A ação foi julgada improcedente em primeira instância, mas, em grau
de recurso, a decisão foi reformada e o pedido julgado procedente. Admitindo-se que a última
decisão não tenha qualquer vício formal, responda aos itens a seguir.
a) Na tentativa de restabelecer a decisão originária e manter a validade dos descontos, que
medida jurídica você deverá adotar? (Valor: 0,65)
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b) Na hipótese, que tese jurídica você, como advogado(a) da empresa, deve sustentar acerca
dos descontos salariais? (Valor: 0,60)

a) Na elaboração deve responder, primeiramente, acerca dos recursos cabíveis na Justiça do


Trabalho, relacionado ao processo do trabalho. Com isso, essa introdução levará o examina-
dor a perceber que você conhece o teor dos recursos cabíveis e as situações. Ao fim dessa
introdução, deverá responder que, no caso da questão, será interposto recurso de revista, nos
termos do Art. 896 da CLT.
b) Quando responder, deve posicionar sobre a possibilidade de descontos salariais, enfatizan-
do que há situações expressas sobre tal condição nos holerites pelo empregador. Na sequên-
cia, você deverá sustentará que o desconto é lícito, nos termos da OJ 251 da SDI I, do TST, e/
ou do Art. 7º, inciso XXVI da CRFB, uma vez que houve culpa do empregado ao não observar
os comandos da norma coletiva.
7.5. Roberto trabalhava em uma indústria de cigarros. Além do salário mensal, recebia cerca
de 50 pacotes de cigarros variados por mês. Ao ser dispensado, Roberto ajuizou reclamação
trabalhista pleiteando a integração do valor dos cigarros à sua remuneração, para todos os
efeitos. No dia e na hora designados para a audiência, o reclamante estava presente e assisti-
do; já o preposto não compareceu, e apenas o advogado da ré estava presente. É certo que a
procuração, a defesa e os documentos já estavam nos autos. O advogado do autor requereu a
revelia e a exclusão da contestação e dos documentos do processo. Diante do enunciado, na
qualidade de advogado da ré, responda aos itens a seguir.
a) O que você deverá alegar acerca do requerimento formulado por seu ex adverso sobre a
defesa e os documentos? Fundamente. (Valor: 0,65)
b) O que você deverá alegar na defesa da sua cliente quanto ao pedido de integração do valor
da utilidade fornecida? Fundamente. (Valor: 0,60)

a) Deverá ser alegado que a contestação e os documentos deverão ser aceitos mesmo na au-
sência do preposto, nos termos do Art. 844, § 5º, da CLT. Informar que houve alteração desse
procedimento com a Reforma Trabalhista.
b) Na elaboração da resposta, deve fazer menção sobre o salário utilidade e a tratativa do tema
na CLT. Deverá alegar que dada a nocividade à saúde, o cigarro não constitui salário utilidade,
nos termos da Súmula n. 367, inciso II, do TST. Então, é importante trazer à baila o teor exato
da súmula do TST.

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8. Resolução de Questões de Provas Subjetivas Anteriores do Exame da


Ordem sobre Rescisão do Contrato de Trabalho para Melhor Fixação e
Sucesso nas Próximas Provas

8.1. Clotilde foi contratada, em 10/12/2019, pela sociedade empresária Viação Pontual Ltda.,
a título de experiência, por 45 dias, recebendo o valor correspondente a 1,5 salário mínimo por
mês. Passado o prazo de 45 dias e não tendo Clotilde mostrado um bom desempenho no servi-
ço, a empregadora resolveu não dar prosseguimento ao contrato, que foi extinto no seu termo
final. Ocorre que o ex-empregador não pagou à Clotilde as verbas relativas ao rompimento con-
tratual, o que a levou a ajuizar reclamação trabalhista pedindo justamente essas verbas, que
foram liquidadas na inicial e alcançaram o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Na sentença,
e seguindo os pedidos formulados, considerando, ainda, que a sociedade empresária reconhe-
ceu que não pagou qualquer verba por estar em dificuldades financeiras, o juiz julgou proce-
dente o pedido e condenou a sociedade empresária ao pagamento de aviso prévio, 13º salário
proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, saldo salarial de 15 dias e honorários
advocatícios de 10% sobre o valor da execução, conforme rol de pedidos formulados na de-
manda. Diante da narrativa apresentada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir.
a) Caso você fosse contratado(a) pela sociedade empresária, que tese de mérito apresentaria
no recurso ordinário em relação ao objeto da condenação para tentar reduzi-lo? Justifique.
(Valor: 0,65)
b) Caso fosse necessário, quantas testemunhas, no máximo, a sociedade empresária poderia
conduzir à audiência na reclamação trabalhista de Clotilde? Justifique. (Valor: 0,60)

a) Aborde a diferença do conceito e consequências jurídicas do contrato por prazo indetermi-


nado e determinado. Dentre este último, trate das espécies e aprofunde na ideia do contrato
de experiência, com ênfase na CLT. A tese defensiva é a de que na extinção de contrato a
termo, como é o caso do contrato de experiência, não é devido o pagamento do aviso prévio,
conforme Art. 487 da CLT, pois o contrato foi encerrado no termo final previsto. Faça menção
da exceção da cláusula assecuratória de direito recíproco, que não é o caso da questão, para
“conquistar de vez o coração do examinador”.
b) Explique, rapidamente para o examinador, a diferença entre o rito sumaríssimo, sumário
e ordinário. Por fim, diga que, uma vez que o valor dos pedidos submete a causa ao procedi-
mento sumaríssimo, a sociedade empresária poderia conduzir, no máximo, duas testemunhas,
conforme o Art. 852-H, § 2º, da CLT.

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O PULO DO GATO
Não adianta fazer respostas muito longas para não passar a ideia ao examinador de que você
está enrolando para não responder. Mas também não responda muito diretamente, sem pas-
sar para ele uma pequena noção do assunto, demonstrando seu conhecimento. A grande dica
é o velho clichê do equilíbrio. Passe um pouco de conceitos, mas não se alongue tanto, pois
você ser mal interpretado pelo examinador. Então, as dicas nas respostas da prova de 2021
dão um “caminho das pedras” de como deveria ser a redação das questões subjetivas. Espero
muito ter ajudado.
8.2. Érica é empregada da sociedade empresária Laticínios Leite Bom Ltda., na qual exerce a
função de auxiliar de estoque e recebe a importância correspondente a 1,5 salário-mínimo por
mês. Desejando tornar-se microempreendedora individual para realizar venda de bolos e tortas
por conta própria, Érica pediu demissão e começou a fazer cursos de confeitaria. Ocorre que,
30 dias após, Érica descobriu que estava grávida e, pelo laudo de ultrassonografia, verificou
que já estava grávida antes mesmo de seu desligamento. Então, Érica ajuizou, de imediato,
reclamação trabalhista pleiteando sua reintegração ao emprego, em razão da estabilidade, in-
clusive com pedido de tutela provisória. Considerando a situação de fato e o que dispõe a CLT,
responda às indagações a seguir.
a) Caso você fosse contratado pela sociedade empresária, que tese jurídica apresentaria na
defesa contra o pedido de reintegração? (Valor: 0,65)
b) Caso Érica viesse a ser vencedora na causa e abandonasse o processo na fase de exe-
cução por 25 meses, mesmo tendo sido intimada pelo juízo a manifestar-se nos autos, que
tese você, como advogado(a) da sociedade empresária, apresentaria em favor do seu cliente?
(Valor: 0,60)

a) Na elaboração da questão, deve dizer sobre a previsão da garantia provisória no emprego e


afirmar que tal garantia não é absoluta, servindo para fins de proteção do nascituro. No entan-
to, essa proteção tem limites, podendo haver dispensa da obreira por justa causa, com pedido
de demissão (renúncia do direito pela empregadora por diversos motivos, sem configuração de
qualquer vício de consentimento) e, ainda, no caso de culpa recíproca. O que não pode ocorrer
é situação de dispensa sem justa causa. A tese a ser apresentada é a de que não houve dispen-
sa sem justa causa, que é o ato do empregador vedado no caso da gravidez, mas, sim, pedido
de demissão, que não encontra óbice no Art. 10, inciso II, alínea b, do ADCT.
b) Na elaboração da resposta, deve fazer uma alusão rápida sobre a prescrição no processo
do trabalho e sobre a polêmica que existia antes da Reforma Trabalhista, sendo que o tema
passou a ser pacificado com a Reforma, ocasião em que se admite a prescrição intercorrente.

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Com isso, na defesa dos interesses da empresa, deverá ser suscitada a prescrição intercorren-
te, pois o processo ficou paralisado por mais de 2 anos, na forma do Art. 11-A da CLT.

8.3. Reginaldo trabalha como operador de telemarketing atendendo no número de telefone


do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) de seu empregador, tendo sido admitido em
22/03/2018. Uma vez que Reginaldo trabalha apenas com recepção de ligação telefônica, o
empregador determinou, desde o início do contrato, que Reginaldo trabalhasse em seu próprio
domicílio, local onde o empregador instalou uma pequena central para a recepção dos telefo-
nemas, bem como um computador para que Reginaldo pudesse registrar, no sistema da em-
presa, as reclamações e sugestões dos clientes. Em janeiro de 2020, Reginaldo pediu demis-
são. Diante da narrativa apresentada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir.
a) Se Reginaldo ajuizasse reclamação trabalhista logo após a ruptura contratual, postulando
horas extras, alegando que trabalhava 10 horas diárias sem intervalo, que tese jurídica de mé-
rito você, como advogado(a) da empresa, apresentaria em favor da reclamada? Justifique.
(Valor: 0,65)
b) Caso você fosse contratado como advogado(a) por Reginaldo e o pedido de horas extras
tivesse sido julgado totalmente improcedente, com imposição de custas e honorários advoca-
tícios, sem que o juiz tivesse apreciado o pedido de gratuidade de justiça formulado na inicial,
que medida você adotaria para sanar a omissão? Justifique. (Valor: 0,60)

a) Aqui você pode trazer ao examinar um resumo da questão do teletrabalho. A tese a ser apre-
sentada é a de que o teletrabalhador está excluído do limite de jornada e, consequentemente,
não tem direito ao pagamento de horas extras, conforme previsão contida no Art. 62, inciso
III, da CLT.
b) Diante da omissão do juiz na apreciação do pedido de gratuidade de justiça, a medida
a ser adotada seria a oposição de embargos de declaração para supri-la, na forma do Art.
897-A da CLT.

8.4. A massa falida de Biscoitos da Serra Ltda. teve de romper os contratos de trabalho de
todos os seus empregados quando da quebra judicial, porque o juízo estadual determinou o
fechamento e lacre do estabelecimento principal e das filiais. Logo após, um dos empregados
ajuizou reclamação trabalhista postulando as verbas da extinção contratual, e, na sentença, o
juiz condenou a massa falida ao pagamento de aviso prévio, do 13º salário proporcional, das
férias proporcionais acrescidas de 1/3, da entrega das guias para saque do FGTS, dos formu-
lários do seguro-desemprego e das multas do Art. 467 e do Art. 477, ambos da CLT. Conside-
rando a situação posta, os termos da CLT e o entendimento consolidado do TST, responda às
indagações a seguir.

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a) Há parcela(s) objeto da condenação que possa(m) ser questionada(s) em razão da condi-


ção de massa falida da ex-empregadora? (Valor: 0,65)
b) Você é contratado(a) pela massa falida para interpor recurso contra a sentença, e este teve
o seguimento negado, sob a alegação de deserção. Que medida jurídica você adotaria para
tentar reverter essa decisão? (Valor: 0,60)

a) O cerne da questão é que a ré é uma massa falida e, portanto, algumas consequências jurí-
dicas advêm disso. Um desses efeitos seria sobre a incidência das multas do Art. 467 e do Art.
477, ambos da CLT, que não são devidas, em razão da extinção do contrato pela falência, na
forma da Súmula n. 388 do TST.
b) Para fins de destrancar recursos, deve-se manejar o Agravo de Instrumento, na forma do
Art. 897, alínea b, da CLT. A pergunta aqui foi muito objetiva, não precisando de mais delongas
do(a) candidato(a).

8.5. Cláudio é motorista de ônibus da Viação Ponto a Ponto Ltda. desde 20/03/2018. Nos úl-
timos 3 meses, Cláudio, descumprindo deliberadamente cláusula específica do seu contrato
de trabalho, passou a dirigir em alta velocidade, bem como a não respeitar sinais vermelhos, o
que acarretou numerosas multas por infrações de trânsito. Cláudio foi notificado pela autori-
dade competente de que perdera a habilitação para dirigir veículos. A empresa consultou você,
como advogado(a), sobre a medida que deveria adotar em relação ao contrato de Cláudio,
considerando que não tem interesse em mantê-lo como empregado.
a) Qual a orientação jurídica que você daria? Fundamente. (Valor: 0,60)
b) Na hipótese de Cláudio ser dirigente sindical, que medida jurídica processual você deverá
adotar para implementar a dispensa do empregado? (Valor: 0,65)

a) Cláudio descumpriu as regras do contrato de trabalho, causando prejuízo ao empregador.


Este se vale do seu poder diretivo, razão pela qual pode aplicar a penalidade máxima e, portan-
to, deverá ser recomendada a dispensa por justa causa, na forma do Art. 482, letra m, da CLT.
b) Para fins de regularizar a situação da dispensa por justa causa do dirigente sindical que, por
sua vez, é uma garantia provisória no emprego, deve-se ajuizar inquérito judicial para apuração
de falta grave, na forma do Art. 494, ou do Art. 543, § 3º, ou do Art. 853, todos da CLT.

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RESUMO
1) Importante ter em mente os incisos do artigo 7 da CF/88:

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção cole-
tiva de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal.

2) Considera-se menor para os efeitos da CLT o trabalhador de quatorze até dezoito anos.
A duração do trabalho do aprendiz não excederá seis horas diárias, sendo vedadas a prorroga-
ção e a compensação de jornada. O limite previsto poderá ser de até oito horas diárias para os
aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem computadas as
horas destinadas à aprendizagem teórica.
3) No tempo de prontidão, o trabalhador FICA NAS DEPENDÊNCIAS DA EMPRESA, aguar-
dando ordens. Por isso que a sua escala deve ser mais rápida que a do sobreaviso. A escala
na prontidão é de 12 HORAS. O trabalhador pode executar tarefas ou não, mas o certo é que
está à disposição do empregador e, por isso, seu “tempo” é remunerado na proporção de 2/3
do salário hora normal.
4) Na jornada de prontidão, a CLT traz informação importante quanto ao intervalo. Quan-
do, no estabelecimento ou dependência em que se achar o empregado, houver facilidade de
alimentação, as doze horas de prontidão a que se refere o parágrafo anterior poderão ser con-
tínuas. Quando não existir essa facilidade, depois de seis horas de prontidão, haverá sempre
um intervalo de uma hora para cada refeição, que não será, nesse caso, computada como
de serviço.
5) No que se refere ao SOBREAVISO, o trabalhador pode estar na sua casa à espera ou
aguardando um chamado do seu empregador. A sua escala pode ser de 24 HORAS e receberá
por isso o importe de 1/3 só salário hora normal. Essas normas já foram estendidas aos eletri-
citários, por exemplo.
6) Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle pa-
tronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou
equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período
de descanso.
7) A supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com
habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização
correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente, para cada
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ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal.
O cálculo observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses anteriores
à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (EXAME XXVII) Vitor e Vitória trabalham como vigilantes na mesma agência do Banco Ci-
frão S.A. Ele é vigilante terceirizado e ela é vigilante contratada diretamente pelo banco. Ambos
trabalham em escala de 12 x 36 horas, conforme acertado na convenção coletiva da categoria.
De acordo com a situação apresentada e com os termos da CLT, responda aos itens a seguir.
a) Os empregados citados integram a categoria dos bancários? Justifique. (Valor: 0,65)
b) Em eventual reclamação trabalhista, com pedido de adicional de periculosidade não pago
a ambos os empregados durante o contrato, deveria ser realizada prova pericial? Justifique.
(Valor: 0,60)

a) Nessa resposta, você deve elaborar a peça aduzindo o conceito de categoria profissional
diferenciada e, no caso em concreto, estipular que quando se é de categoria diferenciada, exis-
tem regras específicas a serem seguidas. No caso em concreto, você tem que responder que
nenhum deles é bancário, porque o vigilante integra categoria profissional diferenciada, confor-
me o Art. 511, § 3º, da CLT e a Súmula 257 do TST.
b) Você já inicia dizendo que não é obrigatória a perícia técnica toda vez que houver pedido de
adicional de periculosidade e de insalubridade e, aí, no caso prático, você arremata dizendo ser
desnecessária a realização de perícia, porque o vigilante tem direito ao adicional de periculo-
sidade em razão de preceito legal, conforme o Art. 193, inciso II, da CLT e Anexo III da NR 16,
incluído pela Portaria 1.855/2013.

002. (EXAME XXVII) Patrícia foi empregada em uma sociedade empresária de gerenciamento
de franquias por 8 anos. Inicialmente trabalhou em Maceió/AL e, pelo bom trabalho realizado
ao longo do tempo, foi promovida a um cargo de confiança e transferida para São Paulo/SP,
com todas as despesas custeadas pela sociedade empresária. Patrícia mudou-se com a fa-
mília, comprou um imóvel, matriculou seus filhos numa boa escola paulista e permaneceu em
São Paulo por 5 anos. Ao final desse período, a sociedade empresária, afetada pela crise eco-
nômica, encerrou suas atividades em 10/10/2018, o que acarretou a dispensa da funcionária.
Após a dispensa, Patrícia mudou-se para o Rio de Janeiro, local onde ingressou com ação tra-
balhista requerendo o pagamento do adicional de transferência pelo período em que trabalhou
em São Paulo. Considerando o caso narrado, como advogado(a) da sociedade empresária,
responda aos itens a seguir.
a) Sabendo que a sociedade empresária não possui qualquer unidade no Rio de Janeiro e que
nunca manteve atividade nesse local, qual a medida processual que você deverá adotar em re-
lação ao ajuizamento da ação trabalhista nessa unidade da Federação? Justifique. (Valor: 0,65)
b) Com relação ao pedido da ação, o que você deverá sustentar em defesa? Justifique.
(Valor: 0,60)

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a) No caso em concreto, a reclamante nunca prestou serviços ou foi contratada no Rio de Ja-
neiro. A empresa, então, deverá ser apresentada exceção de incompetência territorial, na forma
do Art. 800 da CLT.
b) No caso em comento, deve-se fazer a distinção conceitual e de consequências jurídicas
entre transferência definitiva e provisória. No caso da questão, é definitiva. Deverá ser alegado
o não cabimento do adicional de transferência, por esta ser definitiva, conforme o Art. 469, §
3º, da CLT e OJ 113 do TST.

003. (EXAME XXVII) Ronaldo foi acusado de ato de indisciplina no ambiente da empresa em
que trabalha. Em razão dessa acusação, foi suspenso por 60 dias. Ronaldo procurou você
como advogado(a) para uma consulta, enquanto ainda estava suspenso, aduzindo que não
pretendia continuar trabalhando na empresa. A partir dos dados apresentados, responda aos
itens a seguir.
a) Qual a consequência jurídica contratual prevista em lei para a punição imposta a Ronaldo?
Justifique. (Valor: 0,65) B) Em caso de indeferimento dos pedidos formulados por Ronaldo em
reclamação trabalhista, qual a medida jurídica a ser adotada? Fundamente. (Valor: 0,60)

a) No caso da questão, percebe-se claramente que houve um abuso do poder punitivo pelo
prazo da suspensão do trabalhador. A punição de suspensão por mais de 30 dias importa na
rescisão injusta do contrato de trabalho, com base no Art. 474 da CLT e, no caso em comento,
foi de 60 dias.
b) Como se trata de sentença, deverá ser interposto recurso ordinário, com base no Art. 895,
inciso I, da CLT.

004. (EXAME XXVII) Em determinada reclamação trabalhista, o autor, um ex-empregado, ques-


tionou o desconto mensal, a título de contribuição social, previsto na convenção coletiva de
sua categoria, que vigorou no ano de 2018 e que foi juntada com a petição inicial. O reclamante
manifestou seu entendimento de que essa cláusula normativa é abusiva e ilegal, devendo ser
anulada e, consequentemente, devolvido o valor que lhe foi descontado. Ele requereu, no rol
de pedidos, a nulidade da cláusula em comento e a devolução da subtração efetivada sob a
rubrica “contribuição social”. Diante da situação retratada e dos ditames da CLT, responda aos
itens a seguir.
a) Qual o prazo máximo de vigência de uma convenção coletiva de trabalho?(Valor: 0,65)
b) Se a ação em questão fosse proposta exclusivamente contra a empresa, que tese processu-
al você, contratado(a) pela empresa, deveria apresentar? Justifique.(Valor: 0,60)

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a) Essa primeira pergunta é a literalidade do texto legal. Uma convenção coletiva de trabalho
tem vigência máxima de dois anos, conforme o Art. 614, § 3º, da CLT.
b) Explicar o que é litisconsórcio necessário, pois faz da resposta, na medida em que a tese a
ser apresentada é a de que a participação dos sindicatos de classe na demanda se faz obriga-
tória, como litisconsortes necessários, na forma do Art. 611-A, § 5º, da CLT.

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REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2011.

Bernardes, Felipe. Manual de processo do trabalho. 3a edição. Salvador: Juspodivm, 2021.

BRASIL. Código Civil Brasileiro. Brasília: Senado, 2002.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho (1943). Consolidação das Leis do Trabalho. Brasí-
lia: Senado, 1943.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado,


1988.

BRASIL. LEI COMPLEMENTAR N. 150 DE 01.06.2015 (REGULAMENTA O TRABALHADOR DO-


MÉSTICO).

BRASIL. LEI 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973. ESTATUTO DO ÍNDIO

brasil. LEI N. 5.889, DE 8 DE JUNHO DE 1973. lei do trabalhador rural.

______Supremo Tribunal Federal. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.stf.jus.br

_______Tribunal Superior do Trabalho. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.tst.


jus.br

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11ª Ed. São Paulo: Editora Método, 2015.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª Ed. São Paulo: Editora LTr, 2019.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil: Com
os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: Editora LTr, 2017

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 16. Ed. São Paulo: LTr,
2018.

PEREIRA, Leone. Prática trabalhista. 9ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

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ANEXO
Íntegra da prova do exame XXXI da OAB (2020)

PEÇA PROCESSUAL
Débora Pimenta trabalhou como auxiliar de coveiro na sociedade empresária Morada Eterna
Ltda., de 30/03/2018 a 07/01/2019, quando foi dispensada sem justa causa, recebendo, por
último, o salário de R$ 1.250,00 mensais, conforme anotado na CTPS. Em razão disso, ela
ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade empresária. A ação foi distribuída ao ju-
ízo da 90ª Vara do Trabalho de Teresina/PI, recebendo o número 0050000-80.2019.5.22.0090.
Débora formulou vários pedidos, que assim foram julgados: o juízo declarou a incompetência
material da Justiça do Trabalho para apreciar o pedido de recolhimento do INSS do período
trabalhado; foi reconhecido que a jornada se desenvolvia de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16 horas,
com intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em interroga-
tório, sendo, então, deferido o pagamento de 15 minutos com adicional de 50%, em razão do
intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais; não foi reconhecido o salário
oficioso de mais R$ 2.000,00 alegado na petição inicial, já que o julgador entendeu não haver
prova de qualquer pagamento “por fora”; foi deferido o pagamento de horas extras pelos feria-
dos, conforme requerido pela trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e qual-
quer feriado brasileiro”, sendo rejeitada a preliminar suscitada na defesa contra a forma desse
pedido; foi deferida indenização de R$ 6.000,00 a título de dano moral por acidente do trabalho
em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora foi vítima, conforme laudos médicos
juntados aos autos; foi indeferido o pagamento de adicional noturno, já que a autora não com-
provou que houvesse enterro, ou preparação para tal fim, no período compreendido entre 22
e 5 horas; foi deferido o pagamento do vale-transporte em todo o período trabalhado, sendo
que, na instrução, o magistrado indeferiu a oitiva de duas testemunhas trazidas pela sociedade
empresária, que seriam ouvidas para provar que ela entregava o valor da passagem em espé-
cie diariamente à trabalhadora; foi julgado procedente o pedido de devolução em dobro, como
requerido na exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos, pois a preposta
reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque não continham CID (Classi-
ficação Internacional de Doenças); foi deferido o pagamento correspondente a 1 cesta básica
mensal, porque sua entrega era prevista na convenção coletiva que vigorou no ano anterior (de
janeiro de 2017 a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez que não houve es-
tipulação de uma nova norma coletiva, a anterior foi, automaticamente, prorrogada no tempo;
foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora na razão de 20% da
liquidação e, em favor do advogado da ré, no importe de 10% em relação aos pedidos julgados
improcedentes. Diante disso, na condição de advogado da ré, redija a peça prático-profissional

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para a defesa dos interesses da sua cliente em juízo, ciente de que, na sentença, não havia
vício ou falha estrutural que comprometesse sua integridade. (Valor: 5,00)
Carlos trabalha abastecendo veículos em um posto de gasolina. A norma coletiva de sua cate-
goria, assim como o regulamento interno da empresa empregadora, preveem que o pagamento
realizado por clientes por meio de cheques não é recomendável, mas, se isso for inevitável, o
funcionário deverá anotar a placa do veículo, o número de telefone e a identidade do cliente.
Ocorre que, em determinado dia, com o posto lotado, Carlos não procedeu dessa forma e abas-
teceu dois veículos de uma mesma família. Entretanto, o cheque utilizado para pagamento
não tinha suficiência de fundos, razão pela qual o empregador descontou os valores, de forma
parcelada, do salário de Carlos. Carlos ajuizou ação trabalhista pelo rito ordinário, cobrando
os valores descontados. A ação foi julgada improcedente em primeira instância, mas, em grau
de recurso, a decisão foi reformada e o pedido julgado procedente. Admitindo-se que a última
decisão não tenha qualquer vício formal, responda aos itens a seguir.
a) Na tentativa de restabelecer a decisão originária e manter a validade dos descontos, que
medida jurídica você deverá adotar? (Valor: 0,65)
b) Na hipótese, que tese jurídica você, como advogado(a) da empresa, deve sustentar acerca
dos descontos
salariais? (Valor: 0,60)
Érica é empregada da sociedade empresária Laticínios Leite Bom Ltda., na qual exerce a fun-
ção de auxiliar de estoque e recebe a importância correspondente a 1,5 salário-mínimo por
mês. Desejando tornar-se microempreendedora individual para realizar venda de bolos e tortas
por conta própria, Érica pediu demissão e começou a fazer cursos de confeitaria. Ocorre que,
30 dias após, Érica descobriu que estava grávida e, pelo laudo de ultrassonografia, verificou
que já estava grávida antes mesmo de seu desligamento. Então, Érica ajuizou, de imediato,
reclamação trabalhista pleiteando sua reintegração ao emprego, em razão da estabilidade, in-
clusive com pedido de tutela provisória. Considerando a situação de fato e o que dispõe a CLT,
responda às indagações a seguir.
a) Caso você fosse contratado pela sociedade empresária, que tese jurídica apresentaria na
defesa contra o pedido de reintegração? (Valor: 0,65)
b) Caso Érica viesse a ser vencedora na causa e abandonasse o processo na fase de exe-
cução por 25 meses, mesmo tendo sido intimada pelo juízo a manifestar-se nos autos, que
tese você, como advogado(a) da sociedade empresária, apresentaria em favor do seu cliente?
(Valor: 0,60)
Reginaldo trabalha como operador de telemarketing atendendo no número de telefone do Ser-
viço de Atendimento ao Cliente (SAC) de seu empregador, tendo sido admitido em 22/03/2018.
Uma vez que Reginaldo trabalha apenas com recepção de ligação telefônica, o empregador
determinou, desde o início do contrato, que Reginaldo trabalhasse em seu próprio domicílio,
local onde o empregador instalou uma pequena central para a recepção dos telefonemas, bem

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como um computador para que Reginaldo pudesse registrar, no sistema da empresa, as recla-
mações e sugestões dos clientes. Em janeiro de 2020, Reginaldo pediu demissão. Diante da
narrativa apresentada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir.
a) Se Reginaldo ajuizasse reclamação trabalhista logo após a ruptura contratual, postulando
horas extras, alegando que trabalhava 10 horas diárias sem intervalo, que tese jurídica de mé-
rito você, como advogado(a) da empresa, apresentaria em favor da reclamada? Justifique.
(Valor: 0,65)
b) Caso você fosse contratado como advogado(a) por Reginaldo e o pedido de horas extras
tivesse sido julgado totalmente improcedente, com imposição de custas e honorários advoca-
tícios, sem que o juiz tivesse apreciado o pedido de gratuidade de justiça formulado na inicial,
que medida você adotaria para sanar a omissão? Justifique. (Valor: 0,60)
Roberto trabalhava em uma indústria de cigarros. Além do salário mensal, recebia cerca de 50
pacotes de cigarros variados por mês. Ao ser dispensado, Roberto ajuizou reclamação traba-
lhista pleiteando a integração do valor dos cigarros à sua remuneração, para todos os efeitos.
No dia e na hora designados para a audiência, o reclamante estava presente e assistido; já o
preposto não compareceu, e apenas o advogado da ré estava presente. É certo que a procura-
ção, a defesa e os documentos já estavam nos autos. O advogado do autor requereu a revelia e
a exclusão da contestação e dos documentos do processo. Diante do enunciado, na qualidade
de advogado da ré, responda aos itens a seguir.
a) O que você deverá alegar acerca do requerimento formulado por seu ex adverso sobre a
defesa e os documentos? Fundamente. (Valor: 0,65)
b) O que você deverá alegar na defesa da sua cliente quanto ao pedido de integração do valor
da utilidade fornecida? Fundamente. (Valor: 0,60)

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Juíza do trabalho substituta da 7ª Região. Doutoranda em Direito pela Universidade do Porto/Portugal.


Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade do Porto/Portugal. Professora de cursos de pós-gradua-
ção na Universidade de Fortaleza - Unifor. Palestrante. Professora convidada da Escola Judicial do TRT 7ª
Região. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Professora de cursos preparatórios
para concursos públicos. Formadora da Escola de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Cargos desempenhados: foi juíza do trabalho substituta no TRT 14ª Região, promotora de justiça titular do
MPRO, analista judiciária do TJCE; professora concursada do quadro permanente na Universidade Federal
de Rondônia; professora concursada temporária na Universidade Federal do Ceará. Aprovada em outros
concursos públicos. Autora de artigos científicos publicados.

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