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Perícia Trabalhista

Perícia Trabalhista
Profª. Márcia de Souza Montanholi

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Perícia Trabalhista

1. Estrutura da Justiça do Trabalho

2. Noções de Processo do Trabalho

3. Perícia Contábil em Cálculos Trabalhistas

4. Período Trabalhado

5. Prescrição

6. Sentença de liquidação
6.1. Liquidação por cálculos
Sumário 6.2. Liquidação por arbitramento
6.3. Liquidação por artigos

7. Oficina de cálculos

8. Remuneração e Salário
8.1. Salário
8.2. Salário mínimo
8.3. Salário mínimo regional
8.4. Salário-base
8.5. Piso salarial
8.6. Salário profissional
8.7. Salário normativo
8.8. Remuneração (formação da base de cálculo)
8.9. Salário-utilidade ou in natura
8.10. Reflexo no salário rural, caso seja fornecida
moradia sem o contrato da habitação

9. Jornada de Trabalho
9.1. Salário-hora e jornada mensal
9.2. Regime de Sobreaviso
9.3. Banco de horas
9.4. Abono
9.5. Diárias e ajuda de custo
9.6. Gorjetas
9.7. Comissões

10. Hora Extra


10.1. Formas de apuração do número de horas extras
10.2. Formas de cálculos Horas Extras Diárias
10.3. Média de horas extras
10.3.1. Fórmulas de cálculos
10.3.2. Composição do valor de hora extra
10.3.3. Formas de cálculos
10.4. Reflexos das horas-extras
10.4.1. Sobre as férias
10.4.2. Sobre o 13° salário
10.4.3. Sobre o repouso semanal remunerado
10.4.4. Fórmula prática para encontrar o reflexo sobre o RSR

11. Repouso Semanal Remunerado – RSR

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11.1. Formas e fórmulas de cálculos para o RSR

12. Hora Noturna


12.1. Horas noturnas do trabalhador rural
12.2. Horário reduzido
12.3. Formas para apurar o número de horas noturnas
12.4. Adicional noturno e valor da hora noturna
12.4.1. Formas e fórmulas de cálculos

13. Adicional de Insalubridade


13.1. Formas e fórmulas de cálculos

14. Adicional de Periculosidade


14.1. Formas de cálculos

15. Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina


15.1. Décimo terceiro salário integral
15.2. Décimo terceiro salário proporcional
15.3. Primeira parcela
15.3.1. Formas e fórmulas de cálculos da primeira parcela
15.4. Segunda parcela
15.4.1. Formas e fórmulas de cálculos da segunda parcela

16. Férias
16.1. Férias proporcionais
16.2. Férias indenizadas na rescisão do contrato de trabalho
16.3. Remuneração das férias
16.4. Um terço (1/3) constitucional
16.5. Abono pecuniário de férias
16.6. Fórmulas de cálculos

17. Adicional por Tempo de Serviço

18. Prêmios, Abonos e Gratificações

19. Participação nos Lucros

20. Auxílio-alimentação

21. Vale-transporte

22. Salário-família
22.1. Fórmula de cálculo

23. Salário-maternidade

24. Ajuda de Custo

25. Adicional de Transferência

26. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço-FGTS

27. Verbas Rescisórias


27.1. Aviso-prévio
27.2. Acréscimo sobre o FGTS - Multa Rescisória
27.3. Multa do artigo 477 da CLT

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27.4. Multa do artigo 467 da CLT

28. Seguro-desemprego

29. Contribuição fiscal - Imposto de Renda


29.1. Contribuição previdenciária – INSS
29.2. Contribuição Previdenciária Patronal

30. Empregados Domésticos

31. Atualização de Débitos Trabalhistas

32. CORREÇÃO MONETÁRIA

33. Época própria

34. Juros de mora no cálculo judicial trabalhista


34.1. Modalidades de juros
34.2. Juros simples de 0,5% ao mês
34.3. Juros capitalizados de 1,0% ao mês
34.4. Consolidação
34.5. Juros em ações contra empresas em processo de recuperação judicial
e em processo falimentar

35. Algumas dicas para proceder aos Cálculos Trabalhistas


35.1. Conversão do sistema horário para o sistema decimal
35.2. Exemplo de apuração para contagem de horas extras, inclusive as intrajornadas,
considerando uma jornada de 8 horas diárias com uma hora de intervalo.

36. Questões genéricas no processo trabalhista


36.1. Perícias
36.2. Habilitação profissional
36.3. Honorários periciais
36.4. Impugnação de cálculos
36.5. Descontos salariais

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Vamos iniciar nossa disciplina, falando um pouco da O Tribunal Superior do Trabalho é o Órgão máximo
Justiça do Trabalho, como é o seu funcionamento, sua da Justiça do Trabalho e na maior parte das vezes decide
estrutura, e também conhecer um pouco do processo em grau de recurso questões relacionadas à matéria
trabalhista, como ele se inicia e como tramita dentro de direito, que possam acarretar violação à legislação
do Tribunal Regional do Trabalho. Federal ou que representem divergência jurisprudencial
entre os tribunais.
1. Estrutura da Justiça do
Trabalho: 2. Noções de Processo do Tra-
balho
De forma bem objetiva, vamos apresentar diversas
fases de uma demanda trabalhista típica, desde o
ajuizamento da petição inicial até a expropriação de
bens para satisfação do crédito reconhecido.

Processo de conhecimento – Fase no primeiro grau.

Petição inicial – o reclamante (ou réu como pode


também ser denominado) formula a pretensão e a
Primeiro grau – Varas do Trabalho (ou Juiz de Direito
fundamenta.
investido de jurisdição trabalhista nas localidades em
que inexista Vara do Trabalho).
É a petição inicial que dá início ao processo.

Segundo grau – Tribunais Regionais do Trabalho. O Juiz não pode deferir além do pedido e é por
tal motivo que o conteúdo da petição inicial muitas
Os TRTs podem ser divididos em turmas e seções
vezes pode ser importante para interpretar o que foi
especializadas. decidido e o que deve ser calculado.

O TRT da 9ª Região, por exemplo, é composto Resposta – o reclamado (ou réu) pode contestar
atualmente por cinco turmas e uma seção especializada. o pedido, como também reconhecer em parte ou
Esta seção é responsável pelo julgamento dos recursos integralmente o alegado na inicial. Pode ainda
incidentes sobre a execução. apresentar uma nova demanda proposta pela
reclamada em face do reclamante.
Terceiro grau: Tribunal Superior do Trabalho, também
dividida em turmas e seções especializadas. No processo do trabalho a resposta do réu é
apresentada na primeira audiência, que pode ser
As Varas Trabalhistas acolhem a demanda trabalhista “una”, ou seja, em que se produz de imediato toda a
típica, um trabalhador que formula um pedido condenatório prova necessária, com encerramento da instrução e,
em face de um tomador de serviços, que passa pelos demais muitas vezes, a prolação da sentença.
graus de jurisdição em caso de interposição de recurso.
Instrução processual – após a contestação as
Os Tribunais Regionais do Trabalho possuem como mais partes oferecem os elementos de prova que entendam
frequente atribuição o julgamento dos recursos interpostos necessários para demonstrar a veracidade de suas
contra as decisões proferidas pelas Varas do Trabalho. alegações. Cabe aqui uma distinção: podem existir

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controvérsias (dissensões entre as partes) no que se Assim, primeiro os julgadores “conhecem” ou “não
refere a fatos ou apenas à interpretação jurídica dos conhecem” o recurso interposto, o que na primeira
fatos. No primeiro caso, diz-se que há “matéria de hipótese significa que foram observadas todos os
fato” e no segundo que se trata de “matéria de direito”. requisitos do recurso, o que está apto para análise.
Na instrução são oferecidos apenas os elementos de Na segunda hipótese, nem se analisará o mérito do
recurso. Caso se “conheça” do recurso, passa-se
prova relacionados com matéria de fato
imediatamente ao julgamento do mérito, ou seja, das
alegações do recorrente.
A instrução no processo do trabalho, quase
sempre consiste na tomada do depoimento das partes
Processo de conhecimento – Fase no terceiro
em audiência e na inquirição de testemunhas (cujos
grau
depoimentos são registrados em ata), mas também
podem ser realizados outros tipos de prova, como Da decisão da turma do tribunal cabe o “recurso
a prova pericial (contábil, de insalubridade e/ou de revista”, caso o recorrente ofereça demonstração
periculosidade). de que há divergência com relação a acórdão daquele
ou de outro tribunal ou ainda em relação a acórdão da
Sentença – todo o processo de conhecimento Seção Especializada em Dissídios Individuais do TST.
trabalhista visa à prolação de uma sentença pelo Juiz
do Trabalho. O Juízo, diante do pedido formulado na Esse recurso é apreciado por Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, e o processamento é similar ao
inicial, aprecia os fundamentos e as provas oferecidas
do recurso ordinário, ou seja: o recurso de revista é
por ambas as partes e profere uma decisão.
submetido a parecer do Ministério Público, depois é
distribuído a relator e revisor e julgado por uma das
Processo de Conhecimento – Fase no
Turmas.
segundo grau:

Depois que entendemos um pouco sobre o TRT


Uma ou ambas as partes, caso discordem total
e o processo trabalhista, vamos entender como
ou parcialmente do conteúdo da sentença, podem
funciona e onde se inicia o trabalho do perito contábil
requerer a sua reforma perante o TRT. Nesse caso, é nos processos trabalhistas, que pode ser na fase de
cabível o denominado “recurso ordinário”. Apresentado instrução ou nos cálculos em liquidação de sentença.
o recurso no prazo de oito dias, a parte contrária é
intimada para apresentar contra razões também em
oito dias (CLT, art. 900). Após, os autos são enviados
3. Perícia Contábil em Cálculos
ao tribunal para que seja apreciado o recurso.
Trabalhistas
Outro aspecto a ser notado é que, antes de analisar
os pontos centrais do recurso, os juízes verificam O Perito pode ser nomeado pelo Juiz em dois
se ele é processualmente admissível, ou seja, se momentos do processo trabalhista:

é tempestivo, se as custas foram recolhidas, se foi


Na fase de instrução - indispensável para
efetuado o depósito recursal, se o advogado assinou
auxiliar o Juiz no correto entendimento acerca do
a petição, se ele possui procuração do recorrente etc. pedido formulado e sua efetiva legitimidade e, nos
Essa análise preliminar, na terminologia jurídica adotada cálculos de liquidação de sentença, esses são
nos acórdãos, recebe o nome de “conhecimento do
recurso”.

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elaborados das mais distintas formas, obedecendo à Depois de enterdermos um pouco sobre o TRT
interpretação exímia da sentença. e os processos trabalhistas, vamos dar início ao
entendimento da elaboração dos cálculos, para
Ao elaborar cálculos de liquidação trabalhista, tanto, dependemos do período que serão efetuados
a primeira dúvida que surge é a possibilidade de os mesmos, envolvendo o período trabalhado pelo
interpretar a sentença, bem como o alcance e os empregado e a prescrição que será prolatada em
limites de tal interpretação. sentença.

A sentença em realidade é um complexo raciocínio


lógico que não se limita ao esquema silogístico e
assume por vezes caráter falacioso e extralógico, 4. Período trabalhado
mas sempre acompanhado de adesão a valores.
Na maioria das demandas trabalhistas, não há
As decisões judiciais são tomadas muito mais em divergência entre a inicial e a contestação no que
função da experiência pessoal de cada julgador do diz respeito às datas de admissão e demissão, de
que de uma regra formal e impessoal de raciocínio, maneira que delimitar o período de trabalho não
pois não existem fórmulas imutáveis conducentes de gera maiores dificuldades ao se realizar os cálculos
uma decisão justa. em liquidação de sentença. Se existem divergências
entre as partes, a sentença geralmente fixa as datas
O Juiz não julga a favor ou contra a lei, mas de de admissão e demissão do empregado.
acordo com o que pensa que a lei é.
O que pode ocorrer em relação ao período de
Por igual motivo, e também porque a sentença trabalho, é a divergência entre a data de admissão
chega aos seus destinatários pela linguagem, o perito, e demissão na inicial e outras datas para admissão
ao efetuar seu trabalho, o faz com base naquilo que e saída do empregado na contestação redigida
entende ter sido decidido. pela reclamada; caso a sentença também não se
manifeste em relação à data correta para realização
Uma fictícia “simplicidade do processo trabalhista” dos cálculos, temos duas possibilidades para utilizar;
conduz grande número de pessoas a pensar que a uma delas seria verificar a anotação da data de
realização de cálculos de liquidação trabalhista seja demissão na CTPS do empregado, caso não haja esta
tarefa elementar e meramente aritmética: basta anotação, devemos solicitar ao Juiz a informação do
seguir cegamente a conclusão da sentença e realizar período.
algumas poucas operações matemáticas.
Outro item que necessita ser observado na
Ainda que por vezes as sentenças trabalhistas elaboração dos cálculos é o aviso-prévio, caso tenha
característica de simplicidade, de modo a facilitar a sido trabalhado ou indenizado, teremos que projetá-
realização dos cálculos, cada vez mais as partes se lo como integrante do tempo de serviço para todos
deparam com decisões de considerável complexidade. os efeitos de cálculos.

Conclui-se que o Perito, ao iniciar seu trabalho, Segue exemplo:


necessariamente faz uma interpretação do que foi
decidido, uma vez que outro caminho não seria Data de admissão: 01/06/2001
possível, pois o comando decisório lhe vem apenas
por meio de linguagem escrita, tanto a direta Data de Demissão: 12/12/2002
(expressa) como a indireta (implícita).

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Reajuste Salarial a partir de 01/01/2003: 20%

Salário de dezembro de 2002: R$ 1.000,00

Aviso-prévio indenizado: 30 dias

Salário de janeiro/2003: R$ 1.200,00

De acordo com os dados acima, vamos verificar quanto o empregado deveria receber a título de aviso-
prévio, férias proporcionais e 13º salário de 2002, já que o aviso-prévio deverá compor o tempo de serviço
para os cálculos.
Aviso-prévio Salário-Base R$ Dias Devido R$
Mês/Ano Dez/02 1.000,00 20 666,66
Jan/03 1.200,00 10 400,00
Valor Devido 1.066,66

Férias Proporcionais Salário-Base R$ Proporção Devido R$


Mês/Ano Jan/03 1.200,00 7/12 700,00
1/3 233,33
Valor Devido 933,33

Férias Proporcionais Salário-Base R$ Proporção Devido R$


Valor Devido Dez/02 1.000,00 12/12 1.000,00

Em termos legais, o artigo 11, da CLT, modificado


pela Emenda Constitucional 28/00 e pela Lei 9.658/98
5. Prescrição
assim dispõe:

Existem prescrições dos direitos trabalhistas, ainda


que legítimos, em vista de terem sido demandados Art. 11. O direito de ação quanto a créditos
após o prazo fatal previsto em lei. Assim, inicialmente, resultantes das relações de trabalho prescreve:
cabe observar como esta prescrição é tratada pela
doutrina trabalhista. Para Valentin Carrion (2008, p.
I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até
75):
o limite de dois anos após a extinção do contrato.

Prescrição é a perda do direito à ação, pelo


II - em dois anos, após a extinção do contrato,
transcurso do tempo, em razão de seu titular
para o trabalhador rural.
não o ter exercido. E a extinção de uma ação
ajuizável, ao contrário, na decadência, o que
se perde é o próprio direito e não apenas a § 1º O disposto neste artigo não se aplica
faculdade de propor a ação. às ações que tenham por objeto anotações para

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Perícia Trabalhista

fins de prova junto à Previdência Social (red. art., Em termos práticos, a prescrição constitui-se em
inc. e §, L. 9.658/98). salvaguarda do empregador, porquanto este está
livre de qualquer ônus financeiro no período anterior
aos cinco anos do prazo revisional.
Até 04.10.1988, com base na antiga redação do
art. 11 da CLT, o período revisional era de dois anos, Exemplo 1:
contados retroativamente da data do ajuizamento da
reclamação trabalhista e não do término do contrato. Admissão: 10.05.1984
Ademais, prescrevia em dois anos o direito de
pleitear em juízo a reparação de ato lesivo ao direito Demissão: 20.10.1991
do trabalhador.
Reclamatória: 20.11.1991
A partir de 05.10.1988 em diante, com base
Período revisional: 20.11.1986 (início do período não
na Constituição Federal de 88, art. 7.°, o período
prescrito e dilatado pela CF/88 até 20.10.1990 (data da
revisional foi ampliado para até cinco anos,
rescisão contratual). Perda: um ano e um mês.
contados retroativamente da data do ajuizamento
da reclamação trabalhista, e não do término do
Exemplo 2:
contrato. É importante ressaltar que permaneceu
inalterado o prazo de dois anos para proposição Admissão: 15.10.1995
da reclamação trabalhista, sob pena de prescrição.
Em se tratando de contrato de trabalho envolvendo Demissão: 25.10.2007
trabalhador rural, a reclamação trabalhista poderia
abranger todo o período trabalhado, porquanto não Reclamatória: 10.01.2008
era atingido pela prescrição. A Ementa Constitucional
n.° 28/2000 nivelou a situação do trabalhador rural Período revisional: 10.01.2003 (início do período
ao urbano, impondo-lhe as mesmas restrições em não prescrito) até 25.10.2007 (data da rescisão
relação ao período prescrito de cinco anos. contratual). Perda: dois meses e 16 dias

Como exemplo de como o instituto da prescrição


é visto pela jurisprudência trabalhista, em particular 6. Sentença de liquidação
após a CF/88, é elucidativa a ementa da lavra do
saudoso juiz do TRT da 9.a Região.
A liquidação constitui pressuposto essencial
para que a sentença se torne exequível,
PRESCRIÇÃO: A Constituição Federal vigente pois é por intermédio dela que se irá fixar,
amplia a prescrição dos créditos trabalhistas quantitativamente, a obrigação decorrente do
a cinco anos dentro do vínculo empregatício, título executivo judicial. Sem a liquidação quando
enquanto que, rompido o contrato de trabalho, o fosse necessária, nem o credor saberia quanto
obreiro terá dois anos, para postular sobre cinco teria para receber nem o devedor quanto teria de
anos, computados nestes, tanto o período em pagar. Daí a importância e a imprescindibilidade
que vigia o pacto laboral, como aquele em que dessa fase de quantificação da dívida, sempre
transcorreu após. (TRT-PR-RO 7.466/2000 - Ac. que a sentença limitar-se a declarar a existência
29.996/2001-2000 - Rei. Juiz Roberto Dala Barba do direito em prol do credor sem, todavia, fixar-
- DJPR 09/11//01). lhe o valor correspondente (PONT, 2010, p. 35).

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De acordo com os elementos existentes nos § 5.° 0 Ministro de Estado da Fazenda


autos, em particular quando se tratar de sentença poderá, mediante ato fundamentado, dispensar
condenatória, o sistema processual trabalhista prevê a manifestação da União quando o valor total das
três modalidades de liquidação. A CLT dispõe: verbas que integram o salário-de-contribuição,
na forma do art. 28 da Lei n.° 8.212, de 24
de julho de 1991, ocasionar perda de escala
Art. 879. Sendo ilíquida a sentença decorrente da atuação do órgão jurídico (red. L.
exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua 11.457/07).
liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
arbitramento ou por artigos.

6.1. Liquidação por cálculos


§ 1.° Na liquidação, não se poderá modificar,
ou inovar, a sentença liquidan-da, nem discutir Será feita a liquidação por cálculos quando o
matéria pertinente à causa principal. montante da condenação depender de operações
aritméticas. A liquidação por cálculos se inicia a partir
do momento em que a sentença transitou em julgado,
§ 1.°A. A liquidação abrangerá, também, o
ou que os recursos interpostos já foram objeto
cálculo das contribuições previdenciárias devidas.
de processamento e julgamento pelas instâncias
próprias (TRT ou TST). Para que a liquidação por
§ 1.°-B. As partes deverão ser previamente cálculos se efetive, a sentença deve conter todos
intimadas para a apresentação do cálculo os elementos necessários à fixação quantitativa da
de liquidação, inclusive da contribuição obrigação, além de que estarem presentes nos autos,
previdenciária incidente (§§1º-A e 1º-B, red. L.
informações complementares e indispensáveis como
10.035/00).
comprovantes de pagamentos, registros de jornadas
de trabalho, convenções ou acordos coletivos de
§ 2.° Elaborada a conta e tornada líquida, o trabalho, etc.
Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de
10 (dez) dias para impugnação fundamentada Alguns Tribunais possuem estruturas centralizadas
com a indicação dos itens e valores objeto da (Secretarias ou Serviços) para a realização de
discordância, sob pena de preclusão. cálculos, como ocorre nos TRTs da 3ª Região/MG
e da 10ª Região/DF. Em outros, a elaboração dos
cálculos é feita por servidores lotados em cada Vara
§ 3.° Elaborada a conta pelas partes ou
do Trabalho. Uma terceira forma consiste em enviar
pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho,
o juiz procederá à intimação da União para os autos diretamente para calculistas externos ao
manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob quadro de servidores, denominados de peritos, que
pena de preclusão (red. L. 11.457/07). se incumbirão da realização dos cálculos. Um quarto
modelo é o adotado pelo TRT da 9ª Região/PR pelo
qual a realização dos cálculos é de responsabilidade
§ 4.° A atualização do crédito devido
das partes (Provimento 04/86), e somente se esses
à Previdência Social observará os critérios
mostrarem-se imprestáveis serão encaminhados aos
estabelecidos na legislação previdenciária (§§ 3º
e 4º, red. L. 10.035/00). peritos para a devida adequação ao comando da
sentença.

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Perícia Trabalhista

6.2. Liquidação por arbitramento o credor) articular, em sua petição, aquilo que
deve ser liquidado, ou seja, indicar, um a um,
A liquidação da sentença será feita por arbitramento os diversos pontos que constituirão objeto da
quando assim houver sido determinado pela sentença quantificação, concluindo por pedir, segundo
ou ajustado pelas partes, ou quando a natureza do Leite Velho, “quantia, quantidade e qualidades
certas”. Provecta, todavia, a lição de Pontes
objeto de liquidação o exigir. Arbitramento constitui,
de Miranda no sentido de que “Se só se falou
portanto, exame ou vistoria pericial, cuja finalidade
de liquidação por artigos sem se lançarem os
reside em apurar o quantum correspondente à
artigos, não há senão a interpretação de que o
obrigação que deve ser satisfeita pelo devedor, e que
autor da ação supôs ser supérflua a articulação,
exige conhecimentos especializados de um perito de modo que, se o juiz tem dúvida a respeita dos
cuja cognição técnica ou científica foge à percepção itens tidos por implícitos, deve intimar o autor
comum. Sendo típica modalidade pericial, podem as para que preste os esclarecimentos suficientes,
partes indicar assistentes técnicos e formular quesitos, para que se prove o fato alegado, ou se provem
atendidas as disposições do CPC. os fatos alegados, a falta daria ensejo à nulidade
não cominada (PONT, 2010, p.38).
Dentre as hipóteses de liquidação por arbitramento
se insere aquela em que a sentença mesmo Por fim, a liquidação por artigos não tem por
reconhecendo o vínculo empregatício pleiteado na finalidade a produção de uma sentença condenatória,
inicial, se vê impossibilitada de fixar o valor do salário pressuposto da liquidação e da execução, mas de
a ser pago durante o período da vigência do contrato, uma sentença declaratória de uma quantia devida.
por absoluta falta de elementos nos autos. Nesse caso,
a única solução plausível estaria no arbitramento, sob
a responsabilidade de perito designado para tal. 7. Oficina de cálculos
Apresentado o laudo, as partes terão prazo (10 Estes cálculos têm por objetivo nivelar
dias) para se manifestarem sobre o mesmo, sob pena conhecimentos aritméticos básicos para que os cálculos
de preclusão. Todavia, o Juiz não ficará vinculado ao judiciais trabalhistas sejam mais bem entendidos.
laudo, podendo formar sua convicção jurídica com
Porcentual Número índice Metodologia
base em outros elementos, fatos ou circunstâncias
10% 1,10 10/100 +1
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas
20% 1,20 20/100 +1
partes, adotando o princípio da persuasão racional do
50% 1,50 50/100 +1
julgador de que trata o CPC (PONT, 2010, p.37).
100% 2,00 100/100 +1
200% 3,00 200/100 + 1
1.000% 11,00 1000/100 +1
6.3. Liquidação por artigos
a) Cálculo de variação porcentual
A opção pela liquidação por artigos se dará quando
houver necessidade de alegar ou provar fatos novos,
(61,21% de R$ 3.000,00) = 3.000 x 0,6121 = R$
com o objetivo de quantificar o valor da condenação,
1.836,30
ou ainda de individualizar o seu objeto.

b) Cálculo de acréscimo porcentual

Denomina-se por artigos a essa modalidade


(61,21% sobre R$ 3.000,00) = R$ 3.000,00 x
de liquidação porque incumbe à parte (em geral,
1,6121 = R$ 4.836,30

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c) Cálculo de subtração porcentual

(3.000,00 menos 61,21%) = R$ 3.000,00 * 1,6121 = R$ 1.860,93

Adição de 2 porcentuais: transformar em coeficientes e multiplicar um pelo outro: 20% + 50% → 1,20
x 1,50 = 1,80 = 80%

Subtração de 2 porcentuais: transformar em coeficientes e dividir um pelo outro: 50% - 20% → 1,50
÷ 1,20 = 1,25 = 25%

Acumulação de porcentuais
Ano/Mês IPCA(%) Coeficiente Acumulação Coef. acumulado
01/2008 0,54% 1,0054 1,0054 x 1,00 = 1,0054
02/2008 0,49% 1,0049 1,0054 x 1,0049 = 1,0103
03/2008 0,48% 1,0048 1,0103 x 1,0048 = 1,0152
04/2008 0,55% 1,0055 1,0152 x 1,0055 = 1,0208

05/2008 0,79% 1,0079 1,0208 x 1,0079 = 1,0288


06/2008 0,74% 1,0074 1,0288 x 1,0074 = 1,0364
07/2008 0,53% 1,0053 1,0364 x 1,0053 = 1,0419
08/2008 0,28% 1,0028 1,0419 x 1,0028 = 1,0448
09/2008 0,26% 1,0026 1,0448 x 1,0026 = 1,0476
10/2008 0,45% 1,0045 1,0476 x 1,0045 = 1,0523
11/2008 0,36% 1,0036 1,0523 x 1,0036 = 1,0561
12/2008 0,28% 1,0028 1,0561 x 1,0028 = 1,0590

8.2. Salário mínimo


8. Remuneração e Salário
Salário mínimo é o menor salário fixado por lei,
É importante entendermos o conceito de salário,
abaixo do qual nenhum trabalhador que trabalhe
pois, é através deles que nos baseamos para elaborar
em horários e condições normais poderá ser
os cálculos trabalhistas.
remunerado, conforme estabelece o inciso IV do art.
7o da Constituição Federal/88 e outros dispositivos
legais, como o art. 76 da CLT.
8.1. Salário

O salário é a contraprestação paga diretamente


pelo empregador ao trabalhador, por serviços 8.3. Salário mínimo regional
prestados.
O salário mínimo regional foi instituído pela Lei
O salário mensal engloba o pagamento dos dias Complementar n° 103/2000 art. 1º, essa lei autoriza
trabalhados e dos dias de repouso e feriados (Dec. os estados e o Distrito Federal instituirem mediante
n.° 605/49, art. 7°, § 2°). lei de iniciativa do Poder Executivo, o piso salarial de

12
Perícia Trabalhista

que trata o art. 7º, inciso V da Contituição Federal, 8.8. Remuneração (formação da
para os empregados que não tenham piso salarial base de cálculo)
definido por lei federal, convenção ou acordo coletivo
de trabalho. A quantificação da remuneração do empregado
tem por finalidade possibilitar a apuração das horas
O Salário Mínimo Regional não pode ser extras, 13° salário, férias, diferenças salariais e
confundido com o Salário Mínimo Nacional, uma vez verbas rescisórias.
que este continuará sendo fixado por lei Federal,
nacionalmente unificado, servindo de piso salarial Sua previsão legal está assegurada no art. 457, da
nos estados nos quais não há o piso regional. CLT, que dispõe:

8.4. Salário-base Art. 457. Compreendem-se na remuneração


do empregado, para todos os efeitos legais, além
O salário fixo contratado, também chamado do salário devido, as gorjetas que receber.
de salário contratual, é pago diretamente pelo
empregador, podendo corresponder ao valor do salário
§ 1º Integram o salário não só a importância
mínimo, ou ser superior a ele, ou ainda equivaler ao
fixa estipulada, como também as comissões,
piso salarial da categoria profissional.
percentagens, gratificações ajustadas, diárias
para viagens e abonos pagos pelo empregador.

8.5. Piso salarial


§ 2º Não se incluem nos salários as ajudas
E o valor mínimo que um trabalhador de de custo, assim como as diárias para viagem que
determinada categoria profissional pode receber, não excedam de cinquenta por cento do salário
geralmente delimitado por leis ou normas coletivas percebido pelo empregado (art. e §§ 1º e 2º,
da categoria. red. L. 1.999/53).

§ 3º Considera-se gorjeta não só a


8.6. Salário profissional
importância espontaneamente dada pelo cliente
ao empregado, como também aquela que for
E um parâmetro salarial estabelecido por leis que
cobrada pela empresa ao cliente, como adicional
regulamentam atividades profissionais específicas,
nas contas, a qualquer título, e destinada à
tais como médicos (Lei 3.999/61), engenheiros (Lei
distribuição aos empregados.
4.950-A/66), advogados (Lei 8.906/94), dentistas
(Lei 5.081/66) etc.
A remuneração pode estar composta de salário +
comissão + anuênios + adicional (periculosidade ou
8.7. Salário normativo insalubridade, etc.) + gratificação de função etc.

É o valor salarial estabelecido em sentença Exemplo:


normativa, convenções ou acordos coletivos para
trabalhadores de determinada categoria. Salário básico R$ 465,00

13
Perícia Trabalhista

Gratificação de chefia (5% s/ básico) R$ 23,25 de trabalho para a prestação dos respectivos
serviços.
Gratificação de tempo
de serviço (1,0 % a.a) R$ 46,50
- educação em estabelecimento de ensino
Remuneração R$ 534,75 próprio ou de terceiros, compreendendo os
valores relativos à matrícula, mensalidade,
Carga horária: 220 horas/mês
anuidade, livros e material didático.

Adicional de hora extra: 50% (1,50)

- transporte destinado para o deslocamento


Valor hora extra: R$ 534,75 x 1,50 / 220 = R$ 3,65
até o trabalho e retorno, em percurso servido ou
não por transporte público.

8.9. Salário-utilidade ou in natura


- assistência médica, hospitalar e
Salário-utilidade ou in natura é o mesmo que
odontológica, prestado diretamente ou mediante
salário em espécie e refere-se ao fornecimento
seguro saúde.
de alimentação, moradia e outras utilidades pelo
empregador. Pode fazer parte tanto do salário
do trabalhador que ganhe salário mínimo como
- seguros de vida e de acidentes pessoais.
dos salários maiores, desde que não ultrapasse o
percentual de 70%, já que 30% deverão ser pagos
em dinheiro, de acordo com o parágrafo único do art.
- previdência privada.
82 da CLT.

Dispõe o art. 458 da CLT:


§ 3º a habitação e a alimentação fornecidas
como salário-utilidade deverão atender aos
fins a que se destinam e não poderão exceder,
Além do pagamento em dinheiro,
compreende-se no salário para todos os efeitos respectivamente, a 25% e 20% do salário
legais, a alimentação, habitação, vestuário ou contratual (Lei 8.860/94).
outras prestações in natura que a empresa,
por força do contrato ou do costume, fornecer
habitualmente ao empregado. Em caso algum § 4º tratando-se de habitação coletiva, o
será permitido o pagamento com bebidas valor da habitação do salário-utilidade a ela
alcoólicas ou drogas nocivas. correspondente será obtido mediante a divisão
do justo valor pelo número de co-ocupantes,
sendo vedada, em qualquer hipótese, a utilização
§ 2º não serão considerados como salário,
da mesma unidade residencial por mais de uma
para os efeitos previstos neste artigo, as
seguintes utilidades: família.

- vestuário, equipamentos e outros acessórios A Súmula 367 do TST tem a seguinte redação
fornecidos ao empregado e utilizados no local sobre salário in natura:

14
Perícia Trabalhista

I - A habitação, a energia elétrica e veículos 8.10. Reflexo no salário rural, caso


fornecidos pelo empregador ao empregado,
seja fornecida moradia sem o
quando indispensáveis para a realização do
contrato da habitação:
trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no
caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado a) Valor integrará o salário:
também em atividades particulares.
Piso salarial: R$ 500,00

II - O cigarro não se considera salário utilidade Moradia (20%): R$ 100,00


em face de sua nocividade à saúde.
Salário mensal: R$ 600,00

Em se tratando de empregado rural, ou rurícola,


existe legislação específica que rege o seu contrato
b) Para que o valor da moradia não integre o
de trabalho.
salário, deve constar no recibo de pagamento o
desconto:
A Lei 5.889/73, que estatui as normas reguladoras
do trabalho rural, estabelece os percentuais de até Piso salarial: R$ 500,00
20% para moradia e de 25% para alimentação,
invertendo os percentuais em comparação ao urbano. Desconto da moradia (20%): R$ 100,00

A Lei 9.300, de 29 de agosto de 1996, altera a Saldo líquido de salário: R$ 400,00


Lei 5.889/73, incluindo em seu art. 9º o § 5º, com a
seguinte redação:
9. Jornada de Trabalho
A cessão pelo empregador, de moradia e de
sua infra-estrutura básica, assim como bens
9.1. Salário-hora e jornada mensal
destinados à produção para sua subsistência
e de sua família, não integram o salário do Para a apuração de qualquer verba salarial, é
trabalhador rural, desde que caracterizados necessário conhecer o valor do salário-hora e, para
como tais, em contrato escrito celebrado entre as conhecer o valor da hora, precisamos saber qual
parte, com testemunhas e notificação obrigatória a jornada mensal do trabalhador, pois a relação é
ao respectivo sindicato de trabalhadores rurais. direta entre elas.

A jornada, referida no art. 7º, XIII, da CF/88,


Assim, na forma da lei, quando o empregador de 220 horas mensais é a mais usual, limitando a
rural fornecer moradia, se houver em suas mãos um jornada semanal em 44 horas que, divididas pelos
contrato dessa natureza, estará descaracterizado o seis dias úteis, resultam em 7,333 horas-dia x 30 dias
(incluídos os dias de repouso) = 220 horas.
salário em espécie, e o valor salarial permanecerá
inalterado.

15
Perícia Trabalhista

É muito comum também a jornada mensal de 180 Na hora do cálculo, a rigor, não se aplica o §1º
horas, que corresponde a seis horas diárias, assim do art. 73 da CLT – a hora do trabalho noturno será
como a de 120 horas, correspondentes a cinco horas computada como de 52’ e 30’. Para o cálculo da hora
diárias, e outras que devem estar convencionadas de sobreaviso, só se na sentença vier determinado.
nas normas coletivas da categoria do empregado.
Seu cálculo deve ser desdobrado em duas partes:
Quase todas as abordagens exemplificativas têm na primeira, apura-se o número de horas destinadas
como parâmetro a jornada de 220 horas. ao sobreaviso e, na segunda, o valor devido a esse
título.
É utilizado como divisor, o número decimal 7,33,
equivalente a 07h20min, porque as máquinas de
calcular estão reguladas para o sistema numérico
decimal, diferentemente do sistema horário.
9.3. Banco de horas

As horas trabalhadas em excesso por um dia,


220h - 30 dias = 7,33h dia (inserido o RSR)
podem ser compensadas com a diminuição em outro,
44h semanais / seis dias úteis (segunda a sábado) segundo a nova redação dada ao § 2o do art. 59 da
= 7,33h dia CLT.

Os meses não têm o mesmo número de dias, e Por meio de acordo ou convenção coletiva, as
os dias da semana, em relação aos dias do mês, são empresas poderão deixar de pagar horas extras por
variáveis; foi elaborada a seguinte jornada mensal um período de até um ano (12 meses), desde que
em relação às horas trabalhadas, apenas para não deixe de fazer a compensação, e que esta não
exemplificar a jornada legal de 220 horas: exceda o limite máximo de 10 horas diárias e 44
horas semanais.
24 dias = quatro semanas (44h) de seis dias úteis
= 176h A lei faculta a compensação de horários e a
redução da jornada mediante acordo ou convenção
+ quatro domingos (RSR) x 7,33h = 29,32h
coletiva de trabalho, consentindo que o empregador
opte por outro horário alternativo, desde que este
+ dois dias x 7,33h = 14,67h
não ultrapasse duas horas suplementares diárias,
30 dias = 220 h perfazendo no máximo 10 horas diárias e 44 semanais.

Essa flexibilização permite que nos momentos de

9.2. Regime de Sobreaviso pouca atividade das empresas, haja uma redução
da jornada sem reduzir os salários dos empregados,
O regime de sobreaviso nada mais é do que a ficando um crédito em horas para os períodos em
permanência em casa, no aguardo de chamado para que a atividade acelerar, ou vice-versa.
o serviço. Cada escala de sobreaviso corresponderá
ao máximo de 24 horas, sendo que as horas de Se o sistema for implantado em um período
sobreaviso serão contadas à razão de 1/3 do valor de muita atividade, a jornada aumentada será
hora. Sua definição encontra-se no art. 244, § 2º da compensada com folgas ou redução em outra época,
CLT. desde que dentro do período de um ano.

16
Perícia Trabalhista

9.4. Abono quando o valor das diárias, no mês, for superior


à metade do salário mensal. (Res. TST10/93, DJ,
O art. 457, da CLT, dispõe que o abono se inclui 29.11.93)
dentre as parcelas que comporão a remuneração do
empregado. Entretanto, a natureza desses abonos,
bem como a periodicidade com que são pagos, é que No que diz respeito à ajuda de custo, este
determinará ou não essa integração. pagamento é efetuado para cobrir despesas de
viagem efetuadas pelo empregado, e adquirem
Cabe salientar, todavia, que em certos casos, caráter apenas indenizatório, como podemos verificar
embora seja regular a percepção de abonos, os na posição jurisprudencial a seguir:
mesmos podem não se incorporar à remuneração,
em face à vedação explícita da norma legal. A natureza da parcela ajuda de custo seja ela
“especial”, ou qualquer outra, como por exemplo,
Exemplo dessa situação é encontrado na Lei n.°
ajuda de custo a título de ressarcimento pelas
8.178/91 que em seu art. 9º disciplina que a política
despesas com combustível, não se inclui ou integra,
salarial, no período de 1º de março a 31 de agosto
jamais, a remuneração, do obreiro nos termos do §
de 1991, se restringirá à concessão de abonos,
2° do art. 457 da CLT.
sem que sejam incorporados, a qualquer título, aos
salários, nem às rendas mensais dos beneficiários da
O próprio nome da parcela em questão “ajuda de
Previdência Social, não estando sujeitos a quaisquer
custos” e “especial” já revela seu caráter excepcional,
incidências de caráter tributário ou previdenciário.
eventual e, naturalmente, uma forma de indenização
Por consequência, não há que se falar em reflexos ou ressarcimento do empregado por parte do
desses abonos em 13° salário, férias, repouso empregador (TST-RR 239455/96.2 - Rei. Min. Nelson
semanal remunerado, aviso-prévio etc. Dahia-ac. 5.a T 2.618/96).

Por fim, ajuda de custo não integra a remuneração,


9.5. Diárias e ajuda de custo exceto quando seu valor ultrapassar a 50% do salário.

De acordo com o art. 457, da CLT, as diárias e


da ajuda de custo não fazem parte da parcela de 9.6. Gorjetas
natureza remuneratória, desde que não ultrapassem
de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido, De acordo com o art. 457, da CLT, as gorjetas
pois são revestidas de caráter indenizatório. integram a remuneração do empregado para todos os
efeitos legais. Vale destacar que o conceito de gorjeta
As diárias são disciplinadas pela Súmula 318, do abrange não apenas a importância espontaneamente
TST:
dada pelo cliente ao empregado, como também
aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como
DIÁRIAS. INTEGRAÇÃO. SALÁRIO MENSAL.
adicional nas contas, a qualquer título, e destinada à
Tratando-se de empregado mensalista, a distribuição aos empregados (§ 3.°).
integração das diárias no salário deve ser feita
tomando-se por base o salário mensal por Esse é o entendimento ratificado pelo C. TST,
ele percebido e não o valor do dia de salário, através da Súmula 354, embora se deva atentar para
somente sendo devida a referida integração as limitações impostas aos reflexos da referida verba.

17
Perícia Trabalhista

Por fim, a gorjeta, para ser integrada à abordagens anteriores, cuja jornada diária observada
remuneração, deverá ser especificada junto com o era de 7h20min.
salário pela estimativa de seu valor, de acordo com o
disposto no § l.°do art. 29, da CLT. A jornada diária poderá ser acrescida de, no
máximo, duas horas, mediante contrato escrito entre
as partes ou acordo coletivo da categoria, devendo
9.7. Comissões o empregador pagar, obrigatoriamente, como horas
extras as horas trabalhadas que excederem a jornada
Comissão é um percentual calculado sobre o normal.
montante da venda de um bem ou serviço e que,
sendo habituais, passam a integrar a remuneração Nos casos de compensação de horário, não poderá
ser ultrapassado o limite de duas horas diárias
para todos os efeitos legais, repercutindo em “RSR”,
suplementares, sob pena de pagar o adicional sobre
férias, 13° salário, aviso-prévio etc.
o tempo excedente.
A apuração das comissões, entretanto, nem
Não serão descontadas nem computadas como
sempre é feita de forma transparente, sendo comum
jornada extraordinária as variações de horário no
a discriminação, no contracheque, apenas do valor
registro do ponto, as quais não excederem cinco
relativo ao salário-base convencional, vez que a
minutos, observando-se o limite máximo de dez
parcela relativa às comissões ou é lançada a menor,
minutos diários (§ 1º do art. 58 da CLT, com redação
ou simplesmente é paga “por fora”, vale dizer, não
da Lei 10.243/01).
integrando a remuneração, com nítidos prejuízos à
previdência, ao FGTS e ao erário público.
Também são considerados horas extras o tempo
de intervalo obrigatório intrajornada para refeição e
Nessas ocasiões, a sentença pode fixar outros
repouso e o período mínimo legal entre duas jornadas,
parâmetros.
quando não respeitados; as horas de percurso ou
in itinere, quando ultrapassarem a jornada legal;
e ainda as horas noturnas excedentes quando da
10. Hora Extra inobservância do horário reduzido.

É considerada hora extra a hora trabalhada É pacífico, na legislação e na jurisprudência, que


que extrapola a jornada legal de trabalho diário os adicionais de hora noturna, de periculosidade e
ou semanal. A prorrogação da jornada de trabalho insalubridade incidam sobre as horas extras. Contudo,
vem disposta no art. 59 da CLT, com alterações pelo há muita divergência quanto à forma de estabelecer
art. 7º da CF/88, e regulamentada por legislação o valor da hora sobre o qual incidiria o adicional de
complementar. hora extra.

A duração do trabalho, para a maioria dos Uma corrente sustenta que a referência às
trabalhadores, é de oito horas diárias e 44 horas horas extras tem relação com o número de horas
semanais, conforme art. 7º , XIII, da CF/88. Para a trabalhadas além da jornada normal, e não com o
contagem da quantidade de horas trabalhadas na valor dessas horas e que, portanto, todos os adicionais
jornada de 220 horas mensais são, efetivamente, de natureza salarial seriam calculados sobre o valor
consideradas as oito horas de segunda a sexta da hora normal para evitar o efeito cascata: adicional
e quatro horas aos sábados, diferentemente das sobre adicional. Já a outra corrente entende que o

18
Perícia Trabalhista

adicional de hora extra, deve recair sobre o valor da 30 dias = 75 horas extras mensais (já com integração
hora normal, já acrescida das parcelas de natureza no RSR).
salarial.
Pode acontecer de o horário não extrapolar as
Hoje, em razão das fundamentações jurídicas horas normais diárias, mas extrapolar o horário
encontradas nos enunciados do TST, essa questão normal semanal, limitado pelo art. 7o, XIII, da CF/88.
está praticamente superada, especialmente pelo Assim, por exemplo, o empregado que trabalha de
estabelecido na Súmula 264 e pela nova redação da segunda-feira a sábado durante 8 horas diárias,
Orientação Jurisprudencial nº 47 da SDI (Seção de trabalha 48 horas semanais, já que:
Dissídios Individuais), nos seguintes termos: “A base
de cálculo da hora extra é o resultado da soma do Seis dias x 8h = 48h.
salário contratual mais o adicional de insalubridade
Subtraindo-se das 48h trabalhadas as 44h normais,
[...]”, que vem corroborar a segunda interpretação.
têm-se quatro horas extras semanais.

10.1. Formas de apuração do


10.2. Formas de cálculos de horas
número de horas extras
extras diárias
Para calcular o número de horas extras diárias,
Horas trabalhadas no dia - jornada diária normal;
deve-se somar o número de horas trabalhadas no dia
Horas Extras Semanais = horas trabalhadas na semana
e deduzi-lo da jornada normal diária.
- jornada semanal normal; Horas Extras Mensais =
Para o cálculo do número de horas extras mensais, horas extras diárias x 30 dias (já com integração nos
no caso de um empregado que trabalhe sempre a RSR).
mesma quantidade diária, não existe dificuldade:
Horas Extras Mensais = horas extras diárias
basta multiplicá-las pelo número de dias do mês e ter-
efetivamente trabalhadas + as horas correspondentes
se-á a quantidade mensal, inclusive com integração
ao RSR (obtidas dividindo o montante dessas
nos RSR (Repousos Semanais Remunerados). Nesse
horas extras pelo número de dias úteis do mês e
caso, para um resultado mais exato, é considerado o
multiplicado pelo número de domingos e feriados
número de dias do mês: 28, 30 ou 31.
existentes no mês).

Para calcular o horário suplementar efetivamente


Exemplo: 40 horas extras trabalhadas no mês
trabalhado, multiplica-se o número de horas extras
diárias pelo número de dias úteis no mês.
RSR = 40 horas extras ÷ 25 dias úteis =

Exemplo: Um empregado que trabalha todos os


1, 6 hora extra/dia x 5 dias (4 domingos e 1
dias das 6h às 18h, com 1h30min de intervalo para o
feriado) =
almoço, labora 2h30min extras por dia. Esse cálculo
pode ser equacionado da seguinte forma: 8 horas de RSR

Das 6h às 18h = 12h trabalhadas diminuir 1h30min 40 horas extras mensais + 8 horas RSR =
de intervalo = 10h30min diminuir 8h da jornada
normal = 2h30min de horas extras 2,5 horas extras x 48 horas (total de horas extras no mês)

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Perícia Trabalhista

10.3. Média de horas extras trabalho de diversas categorias profissionais. Casos


de necessidade, ou para terminar serviços inadiáveis,
Para o cômputo das horas extras quando a estipulando um acréscimo de 50% nas duas primeiras
quantidade de horas extras diária não for fixa e para horas extras do dia e de 100% nas horas excedentes
o cálculo dos direitos a que o empregado faz jus, a essas.
relativos ao décimo terceiro salário, férias, FGTS e
integração no RSR, é necessário obter-se a média de
horas extras. 10.3.1. Fórmulas de cálculos

Há diversos procedimentos para os cálculos, mas Valor de adicional de hora extra =


é de consenso que, para se obter a média de um
período, mesmo que não tenha havido trabalho Salário-hora normal R$ 4,44 x 50% = R$ 2,22
em horário extraordinário durante todos os dias do
mesmo, o número de horas extras deverá ser dividido Valor do adicional de hora extra em domingo
pelos dias úteis do respectivo período. trabalhado =

O método mais simples para apurar a média R$ 4,44x 100% = R$4,44


mensal, quando o empregado cumpre horas extras
Valor de adicional de hora extra no mês =
em horários variáveis ou em dias alternados, é
somar as horas efetivamente trabalhadas no mês
R$ 4,44 x 40 horas extras trabalhadas/mês =
e dividi-las pelo número de dias úteis do respectivo
mês. Quando se tem como ponto de partida apenas R$ 177,60 x 50% = R$ 88,80
o número de horas extras trabalhadas na semana,
deve-se determinar a média diária, dividindo-o
pelos seis dias úteis semanais; a multiplicação 10.3.2. Composição do
dessa média diária por 30 resultará na média mensal. valor de hora extra

Outra fórmula bastante utilizada para encontrar Obtém-se o valor de hora extra, somando-se
a média mensal é a multiplicação do número de o valor da hora normal ao adicional sobre a hora
horas extras semanais pelo número de semanas suplementar trabalhada, de forma que, multiplicando-
que compõem o mês. Para efeito desse cálculo, o se o número de horas extras trabalhadas no período
mês possui 4,2857 semanas (30 dias do mês ÷ 7 pelo valor da hora, mais o adicional estabelecido,
dias da semana). Assim, a média de horas extras resulte no montante do valor de horas extras no
mensais de um trabalhador que cumpra quatro horas período. A hora extra é composta do salário-base ou
suplementares na semana, multiplicado por 4,2857 contratual, acrescido de todas as parcelas salariais e
semanas, é igual a 17,14 horas. adicionais previstos em lei, acordos, convenções ou
outros instrumentos normativos.
Seu valor é obtido multiplicando-se o salário-hora
pelo percentual estabelecido. A percentagem mínima
do adicional de hora extra, conforme o art. 7o, XVI, da 10.3.3. Formas de cálculos
CF/88, é de 50% sobre o valor da hora normal e de
100% nas horas extras trabalhadas em domingos e Valor da hora extra:
feriados, embora existam percentuais diferenciados,
estipulados em dissídios e convenções coletivas de Salário-hora + Adicional de 50%

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Perícia Trabalhista

Salário-hora (R$ 20,00) x 1,50 = R$ 30,00 10.4.2. Sobre o 13° salário

Valor da hora extra em domingo: Segundo a Súmula 45 do TST, a remuneração do


serviço suplementar habitualmente prestado integra
Salário-hora (R$ 20,00) + Adicional de 100% = o cálculo da gratificação natalina prevista na Lei
R$ 40,00 4.090/62.

Valor horas extras-dia: Como a lei não define a habitualidade, há


entendimentos no sentido de que esta deva ser
Salário Mensal + 50% + 220 horas x horas extras
caracterizada pelo trabalho de, pelo menos, seis
ao dia Valor horas extras-mês:
meses, considerando o período de um ano, ou de

Nº horas extras no mês x valor-hora normal + 50% do período trabalhado, se for inferior a um ano.

50%
Para efeito de valor, apura-se a média de horas

Salário Mensal x 1,5 220h x número de horas extras trabalhadas considerando o período do ano

extras trabalhada civil, multiplicando-a pelo valor da hora de dezembro


ou do mês da rescisão, acrescentando o percentual
correspondente.

10.4. Reflexos das horas-extras


Deve ser encontrada a média de horas extras
O reflexo das horas-extras em outras verbas dos últimos 12 meses trabalhados, ou dos meses
trabalhistas, como repouso semanal remunerado, trabalhados no caso de o empregado não ter ainda
férias, 13° salário, aviso-prévio, gratificações etc, não completado um ano de serviço, multiplicando-a pelo
encontra respaldo na legislação comum. valor da hora extra no mês da rescisão.

A possibilidade fática de sua concessão é dada


10.4.3. Sobre o repouso
pela jurisprudência que, grosso modo, consagrou
entendimento no seguinte sentido: em havendo semanal remunerado
habitualidade no labor extraordinário, essas horas-
extras No cálculo do repouso remunerado, são computadas
as horas extras habitualmente prestadas (Súmula
172 do TST). O reflexo das horas extras sobre o
10.4.1. Sobre as férias repouso corresponderá ao número de domingos e
feriados existentes no mês, multiplicados pela jornada
O art. 142 da CLT, caput e § 5 , reconhece o
o
extraordinária diária; para que as horas de reflexo
reflexo das horas extras no pagamento de férias sobre o RSR fiquem inseridas na totalidade de horas
com a incidência de 1/3 constitucional. Para efeito extras mensais, as horas extras diárias devem ser
do valor, apura-se a média mensal das horas extras multiplicadas por 30.
dos 12 meses do período aquisitivo, ou dos meses
trabalhados se não completou um ano, multiplicando-a Se o número de horas extras for variável, é
pelo valor da hora extra da época da concessão de necessário obter a média diária, para possibilitar estes
férias ou rescisão de contrato. cálculos.

21
Perícia Trabalhista

10.4.4. Fórmula prática para Essa vantagem, porém, não tem sido concedida pela
encontrar o reflexo sobre o RSR jurisprudência, se o empregado teve seu descanso
em outro dia da semana, porque a CF/88 prevê o
Considerando que o mês teve 25 dias úteis e cinco descanso semanal remunerado preferencialmente
dias entre domingos e feriados e que um trabalhador aos domingos, mas não obrigatoriamente.
laborou duas horas extras por dia, os cálculos são os
seguintes: O pagamento do trabalho aos domingos e feriados
é remunerado com acréscimo de 100%, ou seja, o
2 horas extras diárias x 5 domingos = 10h RSR valor do RSR acaba sendo triplo, porque os dias de
Total de horas extras efetivamente trabalhadas no repouso já estão incluídos na remuneração mensal.
mês = 50h 25 dias úteis x 5 dias domingos e feriados Existe jurisprudência sobre o assunto (Súmula 146
= 10 horas (reflexo sobre RSR) 50x5-25 = 10 horas do TST).
s/RSR
Na forma do art. 6o da Lei 605/49, regulamentado
Para obter o valor: Valor da hora extra x 10h de pelo art. 11 do Decreto 27.048/49, só será devido o
reflexo RSR Valor das horas extras trabalhadas no repouso quando o empregado cumprir toda a jornada
mês - 25 dias úteis x 5 domingos e feriados correspondente; se houver falta injustificada durante
a semana, não será devido o pagamento do RSR.
Há controvérsias quanto a esse entendimento, mas
decisões têm sido favoráveis ao desconto, no sentido
11. Repouso Semanal
de que não há perda do direito ao dia de folga, mas
Remunerado - RSR da remuneração a ele correspondente.

É um direito constitucional, previsto no art. De acordo com a Súmula 172 do TST, no cálculo do
67 da CLT, que assegura a todo empregado RSR são computadas as horas extras habitualmente
um repouso semanal remunerado de 24 horas, prestadas (ver item - Reflexos de Horas Extras).
preferencialmente aos domingos, embora abranja
também os dias feriados, civis e religiosos, conforme
o art. 70 da CLT. 11.1. Formas e fórmulas de cálculos
para o RSR
O valor do RSR corresponde a uma diária da
remuneração, incluídas as horas extras, gratificações, Empregado que recebe por mês quando
gorjetas e adicionais. Via de regra, na remuneração o valor relativo aos RSR não foi incluído na
de quem recebe por mês, quinzena ou semana, já remuneração: divide-se o valor do salário mensal
está incluído o pagamento dos RSR. pelo número de dias úteis do mês e multiplica-se pelo
número de dias de repousos existentes no respectivo
Nas atividades em que não for possível, em virtude
mês, da seguinte maneira:
das exigências técnicas das empresas, a suspensão
do trabalho, nos dias feriados civis e religiosos e 30 dias - 6 dias (domingos e feriados) = 24 dias
quando o empregado não tiver, ao menos, um dia úteis
de descanso na semana, fará jus ao recebimento
do RSR de forma dobrada: um pagamento porque RSR = Salário R$ 1.200,00 ÷ 24 = R$ 50,00
a ele faz jus sem trabalhar (geralmente incluído
na remuneração mensal); outro, porque trabalhou. RSR Mensal = R$ 50,00 x 6 = R$ 300,00

22
Perícia Trabalhista

Esse valor também pode ser obtido por meio de RSR do Professor que recebe por hora-aula:
um percentual, utilizando a seguinte fórmula: um caso particular de remuneração do repouso é o do
professor que recebe por hora-aula. Segundo a Súmula
RSR = 30 dias - 6 dias (domingos e feriados) = 24 351 do TST e o art. 320 da CLT, o professor que recebe
dias (24%) o salário mensal com base em horas-aula tem direito
ao acréscimo de 1/6 a título de RSR, considerando-se,
6 dias repouso ÷ 24% = 25 (25%)
para esse fim, o mês com quatro semanas e meia. Os
dias feriados não são considerados neste cálculo.
RSR Mensal = Salário R$ 1.200,00 x 25% = R$
300,00
Valor da hora-aula = R$ 45,00

Carga horária = 20 horas semanais x 4,5 semanas


= 90 horas
Empregado que recebe por hora: obtém-se
o valor do RSR multiplicando o valor da hora pelo
Valor horas-aulas/mês = 90 x 45,00 = R$ 4.050,00
número de horas trabalhadas na jornada normal
diária, ou pela média de horas trabalhadas na
Valor Mensal do RSR = (4.050,00 ÷ 6) R$ 675,00
semana.

RSR = Salário hora x 7,33 horas


A maioria das fórmulas de cálculos supracitadas
Empregado que recebe por semana: o valor
refere-se ao valor correspondente a um dia de
do RSR é o resultado do valor da semana dividido
repouso (RSR). Para saber o valor mensal, deve-se
por seis.
multiplicar o valor do RSR pelo número de domingos
e feriados existentes no mês.
RSR = Salário Semanal ÷ 6 dias úteis

12. Hora Noturna


Empregado que ganha por comissões,
tarefas ou produção: se ele recebe por semana, A Constituição Federal, art. 7º, IX, garante a
divide-se o produto da semana por seis e ter-se-á o remuneração do trabalho noturno superior à do
valor do RSR; se recebe por quinzena ou mês, divide- diurno: “São direitos dos trabalhadores urbanos e
se o produto por 15 ou 30 dias, respectivamente. rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social, remuneração do trabalho noturno
RSR do comissionista =
superior à do diurno”.

Valor das comissões no mês ÷ dias úteis do mês


Para o trabalho urbano, o artigo 73 da CLT
considera noturno o trabalho executado entre as 22
RSR do empregado por produção ou tarefa =
horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. A hora
Produção no mês ÷ dias úteis do mês noturna, além de ser reduzida para 52 minutos e 30
segundos, deve ser remunerada com o valor da hora
normal acrescida de 20%.

23
Perícia Trabalhista

A duração legal da hora noturna, de 52 minutos que o trabalhador obtém com a hora reduzida, tem-
e 30 segundos, é uma ficção jurídica que deve se:
ser levada em consideração no cálculo das horas
noturnas, constituindo vantagem suplementar, sem A hora normal tem 3.600 segundos (60 x 60”)
dispensar o adicional sobre as mesmas.
A hora noturna tem 3.150” (52’ x 60” + 30”)

Ainda de acordo com o artigo acima referido, para os


Diferença = 450” ÷ 60› = 7min30s, ou 7,5 minutos
horários mistos, assim chamados os que compreendem
por hora
horários diurnos e noturnos, aplicam-se às horas de
trabalho noturno as disposições suprarreferidas. Sete minutos e 30 segundos correspondem a
7,5 nos cálculos, em função do sistema numérico
decimal.
12.1. Horas noturnas do
trabalhador rural
Logo:
A hora noturna do setor rural difere da do urbano,
no tocante à duração, adicional e horário. A Lei Horário normal = 60 minutos... 22:00h às 5:00h
5.889/73, art. 7o, que regulamenta o trabalho do = 7:00 horas horário noturno = 52:30 minutos ...
rurícola, considera trabalho noturno o executado das 22:00h às 5:00h = 8:00 horas
21 horas de um dia às 5 horas do dia seguinte, para
a lavoura, e das 20 às 4 horas do dia seguinte, para Para saber qual o número de horas noturnas de
a pecuária. E garante o adicional noturno de 25% um empregado que trabalhe das 22 às 2 horas da
sobre a remuneração da hora diurna. manhã, pode-se fazer a proporcionalidade, aplicando
a seguinte regra de três:
A lei supracitada e o Decreto 73.626/74 são
omissos quanto à redução do horário noturno ao Em sete horas trabalhadas — ele ganha uma hora
trabalhador rural; portanto, o horário reduzido não é (60min)

aplicável na atividade rural.


Em quatro horas trabalhadas — ele ganha X

Logo, quatro x 60min ÷ 7 = 34,29 (minutos a


12.2. Horário reduzido que o trabalhador tem direito pelo benefício da hora
noturna reduzida).
A hora normal tem 60 minutos; na hora noturna
reduzida, são considerados 52 minutos e 30 segundos.
Dessa forma, das 22 horas até as 5 horas, o trabalhador
urbano terá cumprido sete horas. Sendo beneficiado Este resultado, em minutos, deverá ser somado
pelo horário reduzido, seu trabalho equivalerá a uma às horas noturnas inteiras trabalhadas; no exemplo
jornada de oito horas noturnas, ganhando uma hora acima, o trabalhador faz jus a 4h e 35min,
arredondados.
em cada período noturno trabalhado.

Também pode-se dividir o número de horas-relógio


Fazendo um comparativo entre a jornada diurna e
trabalhadas por 52,50 (52,30›) e multiplicar por 60›:
a noturna em minutos, para demonstrar a vantagem

24
Perícia Trabalhista

3h ÷ 52,5 x 60 = 3,43 Após efetuar a equivalência entre as horas noturnas


reduzidas e as horas normais, podem-se aplicar as
(o resultado será sempre no sistema decimal) seguintes fórmulas para encontrar a quantidade de
horas:
Para fazer a conversão dos minutos para horas-
relógio, já que o número inteiro da hora permanece Horas Noturnas Semanais:
inalterado.
Nº de horas noturnas diárias x 6 dias úteis/semana
Pode-se ainda achar a equivalência entre hora (sem integração do RSR).
reduzida e hora normal através do percentual
correspondente a esta, acrescido à hora reduzida: Nº de horas noturnas diárias x 7 dias úteis/semana
(com integração do RSR).
60 minutos ÷ 52,50 minutos = 1,142857

Logo, 7 horas noturnas + 14,2857% = 8 horas

12.3. Formas para apurar o número


de horas noturnas

Quando se tratar de trabalhador urbano, para


realizar corretamente esta operação, é necessário
que seja encontrada a equivalência entre as horas
noturnas reduzidas e as horas normais.
Horas Noturnas Mensais:
Exemplo: Apuração do número de horas noturnas
Nº de horas noturnas diárias x 30 dias (com
no mês, considerando trabalho noturno prestado em
integração no RSR).
quatro dias semanais, no horário das 17:00h de um
dia a 1:00h do dia seguinte. Nº de horas noturnas diárias x nº de dias úteis/
mês (sem integração no RSR).
Nº de horas noturnas diárias:
Nº horas trabalhadas na semana x 4,285714
3 horas (22:00 à 1:00h) x 1,142857 = 3,4285 semanas do mês (incluídos os RSR).

Nº de horas noturnas semanais: 3,4285 diárias x Horas noturnas mensais quando variáveis:
4 dias = 13,71
Somam-se as horas noturnas trabalhadas no mês,
Nº de horas noturnas mensal: 13,71 semanais x dividindo-as pelos dias úteis e multiplicando por 30
4,285714* = 58,76 (sistema decimal) (incluídos os RSR).

* 4,285714 representa o número de semanas do 12.4. Adicional noturno e valor da


mês hora noturna

Nº de horas noturnas mensal: 58:45 horas Adicional noturno é o acréscimo sobre as horas
(sistema horário) noturnas trabalhadas. O valor do adicional é

25
Perícia Trabalhista

encontrado através da multiplicação do percentual Exemplo:


sobre o salário-hora normal. O adicional devido ao
trabalhador urbano é de 20% e ao rural, de 25%, Horas noturnas trabalhadas: sete horas
podendo seguir outra percentagem estipulada em
normas coletivas de algumas categorias profissionais. Valor da hora normal: R$ 10,00

O valor da hora noturna é a soma do adicional Valor das horas noturnas =


mais o valor da hora normal.
(7h + 14,2857%) x (R$ 10,00 + 20%) = R$ 96,00

ou 7h x R$ 10,00 x 1, 371428 = R$ 96,00


12.4.1. Formas e fórmulas de cálculos
Ou, ainda, 7h x R$ 10,00 + 37,1428% = R$ 96,00

a) Calcular sobre o valor da hora normal o


percentual do adicional noturno:
c) quando a hora noturna extrapolar a jornada
normal, será devido, além do adicional noturno,
Adicional noturno urbano = Valor Hora Normal +
o adicional de hora extra e, na esteira da forma
20%
anterior, basta acrescentar o valor correspondente ao
Adicional noturno rural = Valor Hora Normal + respectivo adicional de hora extra, no caso, 50%, ou
25% outro percentual:

b) Encontrado o valor da hora noturna, multiplicar 1,50 x 1,20 x 1,142857 = 2,05714 ou 105,71%
pela quantidade de horas noturnas trabalhadas e em
7 horas x R$ 10,00 x 2,05714 = R$ 144,00
relação a estas, no caso de trabalhador urbano,
deve ter sido feita a equivalência entre horas
Ou 7 horas x R$ 10,00 + 105,71% = R$ 144,00
normais e reduzidas:

Valor da Hora Noturna x quantidade de horas


trabalhadas. 13. Adicional de Insalubridade
(a + b) Uma forma prática de traduzir a hora O adicional de insalubridade previsto no art. 189
noturna para a normal e, ao mesmo tempo, encontrar da CLT e constante no art. 7o, inc. XXIII, da CF/88,
o valor da hora noturna já com o adicional, é aplicar está relacionado com o tipo de serviço que pode
o percentual 37,1428% sobre o produto do número causar prejuízo à saúde do trabalhador e com o
de horas noturnas pelo valor-hora normal. Esse ambiente onde labora.
percentual engloba o adicional noturno e o acréscimo
sobre a hora reduzida. É considerada insalubre a atividade exercida
que, por sua natureza, condição, método e local
Hora normal = hora reduzida + 14,2857% de trabalho, exponha o trabalhador a agentes nocivos
a sua saúde, acima dos limites de tolerância fixados,
Adicional noturno = valor hora normal + 20% em razão da natureza, da intensidade e do tempo
de exposição aos seus efeitos. O trabalho insalubre
Logo, 1,142857 x 1,20 = 1,371428 ou 37,1428% está classificado de acordo com as normas previstas

26
Perícia Trabalhista

na Portaria n° 3.214/78 do Ministério do Trabalho, previsto em lei (médicos, dentistas, engenheiros,


quando o adicional de insalubridade for requerido advogados, etc.), sobre o qual o adicional é calculado,
através de processo judicial, é necessária perícia e de algumas categorias profissionais que possuem
técnica por profissional competente e devidamente instrumento normativo fixando piso salarial para base
registrado no Ministério do Trabalho e Emprego. de cálculo de insalubridade.

Os empregados que trabalham em condições Diante da insegurança jurídica pela indefinição da


insalubres têm assegurada a percepção de adicional, base de cálculo para o adicional de insalubridade, o
não importando o salário que recebem (art. 192 da Tribunal Superior do Trabalho tem se manifestado
CLT). Há três graus de insalubridade: máximo, médio em vários acórdãos, pela continuidade do Salário
e mínimo, correspondendo ao valor adicional de Mínimo como indexador, enquanto não for superada
40%, 20% e 10%, respectivamente. A jurisprudência a inconstitucionalidade por meio de legislação.
consolidada do Tribunal Superior do Trabalho
estabelecia o salário mínimo como base de cálculo De forma que, nos casos em que não existe salário
do adicional de insalubridade, nos casos em que profissional, a base adotada continua sendo o Salário
não houvesse previsão de salário profissional para a Mínimo, porém, deve-se atentar para o fato de que,
categoria do empregado, conforme a Súmula nº 17 do a qualquer momento, poderão surgir novas diretrizes
TST e ainda a antiga redação da Súmula nº 228 que a respeito dos critérios para este cálculo, portanto, é
estipulava: “O percentual do adicional de insalubridade prudente sempre consultar a jurisprudência no site
incide sobre o salário mínimo de que cogita o art. 76 www.tst.jus.br.
da CLT, salvo as hipóteses previstas na Súmula n° 17”.
O adicional de insalubridade integra a remuneração
Em 9 de maio de 2008, o Supremo Tribunal Federal do empregado para o cálculo dos direitos trabalhistas.
editou a Súmula Vinculante nº 04, com o seguinte
teor: Se um empregado trabalhar em serviço insalubre
Salvo nos casos previstos na Constituição, e perigoso, deverá optar ou pelo adicional de
o salário mínimo não pode ser usado como insalubridade, ou pelo de periculosidade, conforme
indexador de base de cálculo da vantagem de lhe convier, pois estes não podem ser acumulados.
servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.

13.1. Formas e fórmulas de cálculos


Para adequar a jurisprudência trabalhista ao
decidido pelo STF, o TST cancelou a Súmula n° 17 Adicional de Insalubridade Grau máximo = Base
e reformulou a Súmula nº 228, cuja redação passou de cálculo x 40% Grau Médio = Base de cálculo x
a ser:
20% Grau mínimo = Base de cálculo x 10%
A partir de 9 de maio de 2008, data da
publicação da Súmula Vinculante n° 4 do Supremo
Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será
calculado sobre o salário básico, salvo critério 14. Adicional de
mais vantajoso fixado em instrumento coletivo.
Periculosidade
A partir de então, surgiram divergências a respeito O adicional de periculosidade é pago ao
da nova redação dada à Súmula 228 do TST, exceto nos empregado que trabalha em serviços que oferecem
casos de categorias que possuem salário profissional perigo à vida. São consideradas atividades ou

27
Perícia Trabalhista

operações perigosas, na forma da regulamentação e os aposentados, tendo como base a remuneração ou o


aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, valor da aposentadoria.
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
contato permanente com inflamáveis ou explosivos, em Para efeito desse cálculo, leva-se em conta o ano
condições de risco acentuado. civil (janeiro a dezembro). O 13° salário corresponde à
gratificação de 1/12 da remuneração devida em dezembro,
A caracterização e a classificação de insalubridade por mês de serviço, do ano correspondente. A fração igual
ou periculosidade, segundo normas do Ministério do ou superior a 15 dias de trabalho será equivalente ao mês
integral.
Trabalho, serão feitas por meio de perícia a cargo
de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho,
No cálculo do 13° salário, sempre será integrado o
registrados no Ministério do Trabalho.
tempo de aviso-prévio indenizado ou trabalhado.

O empregado que trabalha em condições de O décimo terceiro salário é constituído, além do salário
periculosidade recebe um adicional de 30% sobre o contratual, as horas extras habitualmente prestadas, os
salário contratual, não incidindo esse percentual sobre adicionais, as gratificações, enfim, todas as parcelas de
outros adicionais, ou sobre gratificações, prêmios e natureza salarial pelo seu duodécimo.
participação nos lucros da empresa.
Poderá ser requerido pelo empregado adiantamento
E importante salientar que o adicional de da primeira parcela do décimo terceiro, por concessão das
periculosidade é de 30% sobre o salário-base. férias, desde que solicitado por escrito no mês de janeiro.

Em relação aos eletricitários, o cálculo do adicional de


periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade 15.1. Décimo terceiro salário
das parcelas de natureza salarial (Enunciado 191 do integral
TST).
O empregado que trabalha o ano todo, de janeiro a
dezembro, faz jus ao décimo terceiro salário integral:
14.1. Formas de cálculos 12/12 (doze, doze avos), ou seja, uma remuneração
integral do ano, devida conforme o valor do mês de
Adicional de Periculosidade = Salário Base x 30% dezembro.
Cálculo de Salário Mensal com Periculosidade Salário
Base = R$ 800,00 + 30% = R$ 1.040,00 13º integral = remuneração mensal

15.2. Décimo terceiro salário


15. Décimo Terceiro Salário ou proporcional
gratificação natalina
O empregado que não trabalhou o ano todo,
O art. 7º, inciso VIII, da Constituição Federal, ou porque foi admitido no correr do ano, ou
estabeleceu a expressão «décimo terceiro salário» porque teve rescisão de contrato sem justa
para a gratificação natalina. Foi instituído pela Lei causa, ou ainda porque houve meses em que
4.090/62 e complementado pela Lei 4.749/65. faltou mais de 15 dias injustificadamente, terá
Abrange, inclusive, o trabalhador avulso, o doméstico direito ao décimo terceiro salário proporcional aos

28
Perícia Trabalhista

meses trabalhados no ano. Como exemplo, um 1ª Parcela = 375,00 ÷ 2 = R$ 187,50


empregado que foi admitido em 1 de outubro,
o

em dezembro fará jus a 3/12 de décimo terceiro; Salário Variável do empregado admitido em
o que foi admitido em cinco de janeiro, tendo 12/08/2008
rescindido o contrato em 18 de abril (computado
(três meses até outubro)
o aviso-prévio), perceberá 4/12 a título de décimo
salário, e o empregado que teve seu contrato
Agosto .............. R$ 400,00
vigorando de janeiro a dezembro, mas em maio
faltou injustificadamente por 18 dias, fará jus a Setembro........ R$ 500,00
11/12 de décimo salário.
Outubro ............ R$ 500,00
13º proporcional = remuneração mensal ÷12
meses X nº de meses trabalhados. Total ................. R$ 1.400,00

Média Mensal = 1.400,00 ÷ 3 meses = R$ 466,66


15.3. Primeira parcela
1/12 da Média mensal = 466,66 ÷ 12 = R$ 38,88
A primeira parcela deve ser paga até 30 de
13º salário = 38,88 x 3 meses = R$ 116,66
novembro do ano em curso, salvo se paga por
ocasião das férias. Essa parcela não sofrerá descontos
1ª parcela = 116,66 ÷ 2 = R$ 58,33
previdenciários e fiscais.

O valor será a metade da remuneração do mês


anterior ao pagamento, de forma que, se for receber 15.4. Segunda parcela
em abril por ocasião das férias, o valor corresponderá
A segunda parcela deve ser paga até 20 de
a 50% do salário de março. A base é sempre o mês
dezembro do ano em curso, e seu valor corresponde
anterior ou o último salário. Quando o empregado
a 50% do salário do mês de dezembro, se o
recebe remuneração variável, paga-se, em novembro,
empregado trabalhou de janeiro a dezembro. Nessa
a metade da média mensal dos valores recebidos até
parcela serão descontadas as contribuições fiscais
o mês de outubro.
e previdenciárias que incidem sobre o valor do
décimo terceiro salário integral, ou seja, da
primeira e da segunda parcelas.
15.3.1. Formas e fórmulas de
cálculos da primeira parcela
Se o empregado recebe remuneração variável,
deverá ser feita a média do salário mensal de janeiro
Empregado Mensalista admitido em 27/06/2008
a novembro, obtendo-se 1/11, ou do mês em que foi
(cinco meses até novembro) admitido até novembro, e o pagamento de 50% deste
valor deverá ser efetuado até 20 de dezembro. Até
Salário Mensal R$ 900,00 ÷ 12 meses = R$ 75,00 o dia 10 de janeiro do ano seguinte, o empregador
(1/12) deverá acertar a diferença correspondente a 1/12
da segunda parcela, pagando ou compensando o
13º salário = 75,00 x 5 meses = R$ 375,00 respectivo valor.

29
Perícia Trabalhista

Existem salários compostos de parte variável e Diferença a receber até 10 de janeiro = R$ 516,66
parte fixa; nesses casos, utilizam-se os dois critérios: - R$ 500,00 = R$ 16,66.
para a parte variável, procura-se a média dos
meses trabalhados, divide-se por 12 e multiplica-
16. Férias
se pelo número de meses trabalhados, dividindo-se
o resultado por dois; para a parte fixa, encontra- A cada 12 meses de vigência do contrato de
se 1/12 do salário de dezembro, multiplica-se pelo trabalho (período aquisitivo), o empregado tem
número de meses trabalhados, dividindo-se por direito a um período de férias com, pelo menos, um
dois, ou simplesmente, 50% do salário de dezembro terço (1/3) a mais da remuneração, dentro do período
quando o empregado trabalhou desde janeiro. concessivo (12 meses após o período aquisitivo). O
período de gozo de férias é de 30 dias, sem prejuízo
da remuneração, na seguinte proporção:
15.4.1. Formas e fórmulas de • 30 (trinta) dias corridos, quando não houver
cálculos da segunda parcela faltado ao serviço mais de cinco dias.
• 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando
Empregado Mensalista que trabalhou o ano houver tido de seis a 11 (onze) faltas.
todo: • 18 (dezoito) dias corridos, quando houver
tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas.
2ª parcela do 13º Salário = Salário de
• 12 (doze) dias corridos, quando houver tido
Dezembro ÷ 2 de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas (art. 130, incisos I a IV, da CLT).

Observa-se que as faltas a serem consideradas


Empregado com salário variável, cujo total dos
são apenas as injustificadas, pois as ausências
salários de janeiro a novembro foi R$ 5.400,00.
consideradas legais não acarretam a redução das
férias. Não são considerados também, para esse
Média mensal = R$ 5.500,00 ÷ 11 = R$ 500,00
efeito, os atrasos e as faltas de meio expediente,
(1/11)
tampouco aquelas ausências que, embora

A 2ª Parcela somada à 1ª Parcela deverá totalizar injustificadas, tenham sido abonadas pela empresa.

R$ 500,00.
É vedado descontar, do período de férias, as faltas
do empregado ao serviço.
Em dezembro, a comissão desse empregado foi
de R$ 700,00.
Perderá o direito a férias o empregado que,
durante o ano (período aquisitivo):
Total recebido no ano = R$ 5.500,00 + R$ 700,00
= R$ 6.200,00
• Permanecer em licença remunerada por
Média Mensal do ano = R$ 6.200,00 ÷ 12 meses mais de 30 dias.
= R$ 516,66 • Deixar de trabalhar por mais de 30 dias,
com percepção de salários, em decorrência
Valor do 13º pago em 20 de dezembro = R$ de paralisação parcial ou total dos serviços
500,00 da empresa.

30
Perícia Trabalhista

• Pedir demissão e não for readmitido dentro Em determinados casos, as férias poderão ser
de sessenta dias subsequentes a sua saída. concedidas em dois períodos, nenhum dos quais
• Tiver recebido da Previdência Social por poderá ter menos de dez dias corridos.
acidente de trabalho ou auxílio-doença por
mais de 180 dias. 16.1. Férias proporcionais
Nos casos de regimes de trabalho a tempo parcial, O empregado terá direito a perceber o valor das
o empregado terá direito a férias após cada período férias proporcionais em todas as modalidades de
de doze meses de vigência do contrato de trabalho, rescisão do contrato de trabalho, salvo, na despedida
na seguinte proporção: por justa causa.

I - Dezoito dias, para a duração do trabalho As férias proporcionais são calculadas na base de
semanal superior a vinte e duas horas, até vinte e 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14
cinco horas. dias (computa-se como mês integral), de acordo
com a proporcionalidade estabelecida no art. 130 da
II - Dezesseis dias, para a duração do trabalho CLT.
semanal superior a vinte horas, até vinte e duas
horas. O período de aviso-prévio integra o tempo de
serviço para efeito das férias, seja trabalhado ou
III - Quatorze dias, para a duração do trabalho indenizado.
semanal superior a quinze horas, até vinte horas.

IV - Doze dias, para a duração do trabalho semanal


16.2. Férias indenizadas na rescisão
superior a dez horas, até quinze horas. do contrato de trabalho

V - Dez dias, para a duração do trabalho semanal O empregado que for despedido por justa causa
superior a cinco horas, até dez horas. não terá direito a férias proporcionais. Terão direito
ao seu recebimento apenas aqueles que forem
VI - Oito dias, para a duração do trabalho semanal despedidos sem justa causa, ou aqueles cujo contrato
igual ou inferior a cinco horas. a termo se extinguir.

Na modalidade de jornada a tempo parcial, quando Em relação às férias não gozadas, o empregado
houver mais de sete faltas injustificadas durante o deverá receber indenização em qualquer tipo de
período aquisitivo, o período de férias será reduzido rescisão de contrato, sejam elas simples, quando
pela metade (art. 130-A da CLT). dentro do período aquisitivo, ou em dobro, no caso
de já ter ultrapassado o período aquisitivo, ou seja,
O período de férias será computado, para todos os mais de 12 meses após o período aquisitivo.
efeitos, como tempo de serviço.
16.3. Remuneração das férias
A lei faculta ao empregador o direito de marcar
a época das férias aos empregados, desde que esse O pagamento das férias deve ser acrescido de um
período concessivo não ultrapasse o limite de doze terço (1/3) sobre a remuneração normal, conforme
meses subsequentes à data da aquisição. Após esse disposto no inciso XVII do art. 7º da CF/88. Todas as
prazo, o pagamento das férias deverá ser pago em verbas constantes do salário integram o cálculo para
dobro. o pagamento das férias.

31
Perícia Trabalhista

O cálculo do valor das férias é facilitado, já que o das férias já acrescidas de um terço, conforme
art. 142 da CLT diz que a remuneração será a da data previsto no art. 143 da CLT.
da concessão, e a Súmula 7 do TST dispõe que a
indenização pelo não deferimento das férias no tempo Por exemplo: um empregado com direito a férias
oportuno será calculada com base na remuneração de 30 dias poderá optar entre descansar todo o
devida ao empregado à época da reclamação ou, se período ou, no caso de requerer o abono pecuniário,
for o caso, a da extinção do contrato. Assim, não é descansar durante apenas 20 dias, devendo
necessário calcular o valor sobre a remuneração da trabalhar os outros 10 dias, pelos quais receberá o
época e atualizá-lo. valor correspondente ao salário dos 10 dias, mais o
adicional de um terço, o chamado Abono Pecuniário
Se o empregador demorar dois anos para conceder de Férias.
as férias ao empregado, ele pagará com o salário da
época da concessão. Em caso de rescisão, o salário O abono deverá ser requerido pelo empregado,
utilizado para o cálculo será o da rescisão. por escrito, até 15 dias antes do término do período
aquisitivo. O pagamento do abono em questão
Quando o salário for variável ou por tarefa, será
deverá ser discriminado no recibo de férias e pago
feita a média do período aquisitivo; quando o salário
na mesma ocasião. Já o saldo dos dias trabalhados
for por percentagem ou comissão, será apurada a
deverá ser pago junto com a folha de pagamento do
média percebida pelo empregado no período de
mês competente.
aquisição do período de férias. Para obter o valor das
férias integrais, acrescenta-se um terço ao salário da
época da concessão ou da indenização.
16.6. Fórmulas de cálculos
Para obter o valor das férias proporcionais, toma-
se a remuneração mensal da época do pagamento Férias Integrais = Remuneração Mensal
(geralmente rescisão), divide-se por doze e multiplica- +1/3
se pelo número de meses trabalhados inteiros, ou em
fração igual ou superior a 15 dias, e acrescenta-se Férias Proporcionais = Remuneração ÷ 12 x (nº
um terço. meses trabalhados) + 1/3.

Proporcionalidade das faltas não justificadas


sobre as férias: Período do contrato de trabalho de
16.4. Um terço constitucional
15.02.2008 a 19.10.2008 (oito meses), tendo sete
Assegura a Constituição Federal (art. 7º, XVII) faltas não justificadas no período, resultando em 24
o pagamento de um terço a mais do que o salário dias de férias (art. 130 CLT)
normal, por ocasião das férias, sejam elas integrais,
proporcionais ou em dobro, gozadas ou indenizadas. Salário R$ 600,00

Valor das férias proporcionais correspondentes a


8/12 =
16.5. Abono pecuniário de férias
R$ 600,00 ÷ 30 dias = R$ 20,00 p/dia
É facultado ao empregado converter um
terço do seu período de férias em abono
20,00 x 24 dias = R$ 480,00 ÷ 12 meses = R$
pecuniário, no valor correspondente à remuneração
40,00 (1/12)

32
Perícia Trabalhista

R$ 40,00 x 8 meses = R$ 320,00 + 1/3 habitualidade no pagamento, fica margem para


interpretações contrárias.
Abono Pecuniário de Férias:
As gratificações, geralmente, estão vinculadas
Salário mensal = R$ 600,00 (R$ 20,00/ dia) aos resultados positivos da empresa, e não ao
desempenho do empregado. Podem ser: ou ajustadas
Valor dos 20 dias de férias gozadas: contratualmente, ou decorrentes da liberalidade do
empregador, ou constam das normas coletivas da
R$ 20,00 x 20 dias + 1/3 = R$ 533,33 categoria. Seu pagamento pode ser esporádico ou
habitual, em quantia fixa ou variável, a todos ou a
Valor do abono pecuniário:
determinados empregados.

R$ 20,00 x 10 + 1/3 = R$ 266,66


Quanto à natureza salarial dos abonos, prêmios
e gratificações, se estas forem contratuais e houver
O saldo dos 10 dias será pago via folha de
habitualidade, não existe dúvida de que integram o
pagamento.
salário; quando, porém, o pagamento for eventual,
motivado por liberalidade e sem ajuste anterior, a
doutrina entende que não existe natureza salarial,
17. Adicional por Tempo de porque esta pressupõe periodicidade, uniformidade e
habitualidade no pagamento.
Serviço
Está previsto nas normas coletivas de determinadas
categorias que a cada ano o trabalhador tem direito a 19. Participação nos Lucros
1% de acréscimo sobre o salário-base, dependendo
das disposições normativas. Esse adicional também É um valor distribuído aos empregados, referente
se denomina anuênio, decénio, triênio, quinquênio, a um percentual dos resultados positivos obtidos na
conforme o caso. Integra o salário para todos os empresa; não é verba salarial e só ocorre quando há
efeitos legais. lucro.

18. Prêmios, Abonos e 20. Auxílio-alimentação


Gratificações O auxílio-alimentação fornecido de acordo com
as determinações da Lei 6.321/76, que instituiu
Os prêmios são vinculados a comportamentos e o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT),
resultados de ordem pessoal do empregado. E um mesmo não sendo gratuito, não é considerado
suplemento salarial conferido pela liberalidade do salário-utilidade, tampouco incorpora a remuneração
empregador, mas também podem estar deliberados do empregado. Há entendimentos jurisprudenciais
nas normas da categoria. que consideram este um pagamento de natureza
indenizatória, e não salarial.
O abono consiste num adiantamento em dinheiro,
numa antecipação salarial ou num valor extra Sempre que não observada a Lei n° 6.321/76,
concedido ao empregado. De acordo com o art. 457, aplica-se o disposto no Enunciado n° 241 do TST:
§ 1º, da CLT, integra o salário, porém, se não houver

33
Perícia Trabalhista

“Salário-utilidade - Alimentação: O valor para nº 15/92 da Secretaria de Fiscalização do Trabalho,


refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, prevalece a orientação de que a base de cálculo é o
tem caráter salarial, integrando a remuneração do salário básico mensal, independentemente dos dias
empregado, para todos os efeitos legais”. trabalhados, salvo disposição diferente em sentenças
ou normas coletivas.
O auxílio-alimentação concedido espontaneamente
pelo empregador integra o salário do empregado.
Mesmo que haja acordo coletivo ou adesão ao PAT,
o caráter salarial não muda para os empregados que
22. Salário-família
recebiam o benefício antes das novas regras, pois
É um benefício da Previdência Social devido
já havia sido incorporado ao salário. O pagamento
ao empregado urbano e rural em atividade (exceto
em espécie, cobrado (descontado) do trabalhador,
ao doméstico), ou avulso, que receba até um teto
é considerado salário-utilidade, integrando a base
limitado pelo governo. Deve ser pago na proporção
salarial.
de uma quota de valor fixo em relação a cada filho
menor de 14 anos, ou inválido, mensalmente, sem
limite de número de filhos. O enteado e o menor
21. Vale-transporte sem recursos também têm direito a ele, nas mesmas
condições, quando o segurado for tutor. Esse
Foi instituído pela Lei 7.418/85 e regulamentado benefício tem características especiais por funcionar
pelo Decreto 95.247/87. Trata-se de um benefício
em regime de compensação, uma vez que o
fornecido pelo empregador, antecipadamente, para
empregador paga o valor correspondente ao salário-
que o trabalhador possa se deslocar da residência
família aos empregados e depois o desconta do total
para o trabalho e vice-versa.
das contribuições que deve recolher à Previdência.
Quando o pai e a mãe são segurados, o salário-
O vale-transporte é utilizável nos meios de transportes
família é devido aos dois.
coletivos públicos: urbanos, intermunicipais ou
interestaduais com características de urbano.
O valor do salário-família é fixo, reajustado
periodicamente pelo governo. É devido durante todo
O vale-transporte, concedido na forma da lei, não
o período do contrato e em qualquer tipo de rescisão,
se constitui em salário, não sendo, portanto, tributável
não se caracterizando verba salarial. Se a admissão
sob qualquer aspecto.
ou demissão ocorrer no decurso do mês, o salário-
O valor do vale-transporte será rateado da seguinte família será pago na proporção dos dias trabalhados.
forma: Para o trabalhador avulso, a quota será integral,
independentemente do total de dias trabalhados.
Trabalhador = desconta até 6% do seu salário-base
O benefício será encerrado quando o (a) filho (a)
Empregador = o que exceder aos 6% do salário- completar 14 anos.
base do empregado.
O valor do salário-família, desde 10/01/2013, é de
Por haver um entendimento de que ele deveria ser R$ 33,16, para quem ganha até R$ 646,55, e de R$
calculado sobre o salário proporcional aos dias úteis 23,36 para o empregado que recebe salário de R$
trabalhados, surgiram divergências quanto à base 646,55 até R$ 971,78 (Portaria Interministerial MPS/
de cálculo para esse benefício. Mas, no Parecer MTb MF nº 15).

34
Perícia Trabalhista

22.1. Fórmula de cálculo 25. Adicional de Transferência


Salário-Familia = Valor-quota X nº de filhos O adicional de transferência é um tipo de ajuda
menores de 14 anos ou inválidos. de custo, previsto no § 3o do art. 469 da CLT. O
adicional é de, no mínimo, 25% do salário, enquanto
durar a transferência. O “salário” a que se refere não
especifica se é salário-base ou remuneração total,
23. Salário-maternidade
dando margem a divergências, mas, pelas definições

É um benefício da Previdência Social con­ adotadas neste estudo sobre verbas salariais, fica
bem claro que o adicional se refere ao salário-base
cedido a toda gestante e mães adotivas seguradas,
mais as parcelas de natureza salarial.
inclusive empregada doméstica e trabalhadora avulsa.
É pago pelo INSS pelo período de 120 dias, durante
a licença-maternidade, através da rede bancária
conveniada ou empresa à segurada, com a devida 26. Fundo de Garantia por
compensação do valor, conforme a Lei 10.710, de Tempo de Serviço-FGTS
5.ago.2003.
O FGTS foi instituído pela Lei 5.107/66. É um direito
O valor do salário-maternidade corresponde a constitucional direcionado aos empregados urbanos e
uma renda mensal igual à remuneração da segurada. rurais, na forma do art. 7o, III, da CF/88, disciplinado
Também é pago o 13º salário relativo ao período de pela Lei 8.036/90 e pelo Decreto 99.684/90. Todo
licença. empregado admitido a partir da Constituição de 1988
tem direito aos depósitos do FGTS, obrigatoriamente,
Durante o período de licença, o empregador assim como aqueles que por ele optaram antes da
deverá recolher o FGTS e pagar ao INSS o valor CF/88. A finalidade da criação desse benefício foi
relativo à contribuição que lhe cabe sobre o salário substituir a indenização por tempo de serviço e
da segurada. eliminar a estabilidade do empregado.

Consiste em um percentual incidente sobre


a remuneração do empregado, o qual deve ser
24. Ajuda de Custo depositado pelo empregador em uma conta especial
da Caixa Econômica Federal, em nome do empregado,
Segundo o Tribunal Superior do Trabalho, a ajuda
até o 7° dia de cada mês subsequente ao mês vencido.
de custo tem natureza indenizatória, nunca salarial; é
Este fundo também garante uma multa indenizatória
paga de uma só vez, para atender a certas despesas
em determinados casos de rescisão do contrato de
eventuais. As ajudas de custo mais comuns são as trabalho. Da multa rescisória do FGTS trataremos a
relativas a transferências e diárias para viagem, seguir, nas Verbas Rescisórias.
devendo ser levadas em conta nos cálculos somente
para efeito de indenização. Os depósitos mensais correspondem ao valor de
8% sobre a remuneração do empregado, sendo que
As diárias para viagem são consideradas ajuda de em contratos de aprendizagem e em alguns casos
custo quando não ultrapassam 50% do salário; após de contrato de trabalho por prazo determinado, a
esse limite, passam a incorporar o salário. alíquota é de 2%.

35
Perícia Trabalhista

Durante todo o período de vigência do contrato por diversas causas: pedido de dispensa, acordo,
de trabalho, deverá ser recolhido mensalmente o dispensa por justa causa, dispensa sem justa causa,
valor relativo ao FGTS, inclusive durante a dispensa término de contrato etc.
para tratamento de saúde de até 15 dias, licença por
acidente de trabalho, licença-maternidade, licença- A homologação é obrigatória no caso de
paternidade, prestação de serviço militar, férias e empregados com mais de 12 meses de serviços
demais casos de ausências remuneradas. prestados quando da rescisão do contrato. A
homologação compreende a assistência, por parte
A nova Lei Complementar 123/06, relativa do sindicato de classe do empregado ou órgão do
ao tratamento diferenciado às microempresas e Ministério do Trabalho, no ato rescisório.
empresas de pequeno porte, dispõe no seu art. 53,
inciso IV, sobre o benefício da dispensa do pagamento O pagamento das parcelas devidas a título de
das contribuições sociais instituídas pelos arts. 1o e rescisão contratual, exceto prescrição mais favorável
2o da Lei Complementar n° 110, de 29 de junho de prevista em normas coletivas, deverá obedecer ao
2001. seguinte prazo para pagamento:
• Até o primeiro dia útil imediato ao término
Os valores do FGTS que não foram recolhidos na do contrato após o cumprimento do aviso.
época devida serão calculados tomando por base o • Até o décimo dia, contado a partir da data
valor da remuneração do mês em atraso, aplicando da notificação da demissão sem aviso-
sobre esse valor o percentual de incidência e, prévio, da indenização ou dispensa do
posteriormente, corrigindo os valores por meio de seu cumprimento. Se o décimo dia
índices fornecidos pela Caixa Econômica Federal pelo recair em sábado, domingo ou feriado,
site http://www.caixa.gov.br/fgts/downl_index.asp. o vencimento será antecipado para o dia útil
imediatamente anterior.
Os recolhimentos mensais deverão ser feitos nas
agências da Caixa Econômica Federal, órgão gestor O tipo de verbas devidas na rescisão é determinado,
do FGTS, e serão efetuados por meio eletrônico. de modo geral, pelo motivo da rescisão contratual
e pelo tempo de serviço do empregado, conforme
As parcelas que integram ou não a remuneração considerações a seguir:
para efeito de incidência do FGTS estão relacionadas • Verbas devidas na dispensa por justa causa
na tabela de incidência encontrada no Anexo A.
Menos de um ano: saldo de salário; FGTS
O levantamento dos depósitos de FGTS depende mês rescisão. Mais de um ano: férias vencidas;
do tipo de rescisão do contrato e de algumas situações 1/3 sobre férias; saldo de salário; FGTS mês
específicas. rescisão.
• Verbas devidas na dispensa sem justa causa

Menos de um ano: aviso-prévio; saldo de


27. Verbas Rescisórias
salário; salário-família; 13° salário proporcional;
A rescisão do contrato de trabalho se dá na férias proporcionais; 1/3 sobre férias; FGTS mês
demissão do empregado e deve ser efetivada rescisão; multa 40% sobre depósitos do FGTS.
mediante o TRCT (Termo de Rescisão do Contrato de
Trabalho), documento padronizado e obrigatório, de Mais de um ano: aviso-prévio; 13° salário
acordo com a legislação em vigor. A demissão se dará proporcional; férias proporcionais; férias vencidas;

36
Perícia Trabalhista

1/3 sobre férias; saldo de salário; FGTS mês rescisão; O aviso-prévio é concedido na proporção de 30
multa 40% sobre depósitos do FGTS. dias aos empregados mensalistas que tenham até um
ano de serviço na mesma empresa e, segundo o art.
• Verbas devidas no pedido de dispensa 1o, do momento em que a relação contratual supere
pelo empregado (o empregado deverá dar um ano na mesma empresa, três dias ao tempo do
aviso-prévio ao empregador). aviso-prévio por ano trabalhado, até o máximo de 60
(sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 dias.
Menos de um ano: saldo de salário; salário-
famflia; 13° proporcional; férias proporcionais; FGTS O aviso-prévio pode ser trabalhado ou indenizado
mês rescisão. e sempre integra o tempo de serviço para todos os
efeitos legais.
Mais de um ano: saldo de salário; salário-famflia;
13° proporcional; férias vencidas; férias proporcionais; No aviso-prévio trabalhado, o empregado poderá
1/3 sobre férias; FGTS mês da rescisão. optar por cumprir a jornada diária com redução de
duas horas, ou cumprir a jornada normal e nos últimos
dias deixar de comparecer por sete dias corridos, ou
• Verbas devidas na rescisão indireta
(justa causa motivada pelo empregador). um dia no caso de receber por semana, sem prejuízo
na sua remuneração. Em relação à proporcionalidade
Menos de um ano: saldo de salário; salário- da redução da jornada, a Lei 12.506/11 em nada
família; aviso-prévio; 13° salário proporcional; férias modificou, de modo que continua em vigência a
proporcionais; 1/3 sobre férias; FGTS mês rescisão; mesma redução prevista no art. 488 da CLT.
multa 40% sobre depósitos do FGTS.
O aviso-prévio será indenizado quando uma das
Mais de um ano: saldo de salário; salário- partes resolver rescindir bruscamente o contrato,
família; aviso-prévio; 13° salário proporcional; férias não atendendo ao dispositivo legal de notificar a
proporcionais; férias vencidas; 1/3 sobre férias; FGTS outra com antecedência de 30 dias, o que implica
mês da rescisão; multa 40% sobre depósitos do FGTS. a indenização correspondente. Sendo iniciativa do
empregador a dispensa do trabalho, caberá a ele
indenizar o empregado com o valor correspondente
27.1. Aviso-prévio à remuneração do período de aviso-prévio; sendo
iniciativa do empregado, assiste ao empregador
O aviso-prévio de que trata o Capítulo VI do Título o direito de descontar esse valor por ocasião da
IV da Consolidação das Leis do Trabalho, é um quitação das verbas rescisórias.
direito essencialmente rescisório, sendo devido,
nos contratos por prazo indeterminado, a partir do O empregado faz jus ao aviso-prévio nos casos
momento em que uma das partes notifica a outra de despedida sem justa causa, rescisão indireta,
sobre a rescisão, com a antecedência mínima de 30 extinção da empresa sem força maior, falência
dias, na forma do art. 487, inciso II, da CLT, e art. 7o, ou concordata e também nos contratos por prazo
inciso XXI, da CF/88. determinado que contenham cláusula assecuratória
do direito de rescisão antecipada.
A Lei 12.506, de 11/10/2011, regulamentou o
aviso-prévio beneficiando os trabalhadores com O cálculo é direcionado para o aviso-prévio
bastante tempo de casa. indenizado, já que o trabalhado transcorre como mês

37
Perícia Trabalhista

normal, pois a redução da carga horária não altera a função dos vários planos econômicos havidos no
remuneração mensal. país, aumentou os percentuais relativos ao depósito
mensal em 0,5%, passando de 8 para 8,5%, e a multa
O pagamento do aviso-prévio trabalhado ou rescisória, em dez pontos percentuais, passando
indenizado está sujeito à contribuição para o FGTS, de 40% para 50%. No entanto, esses acréscimos
conforme Súmula 305 do TST e Instrução Normativa percentuais, devidos pelo empregador a título
nº 3, de 26.06.1996. de contribuição social, deveriam incorporar-
se ao Fundo e não seriam vinculados à conta do
O valor corresponde ao salário-base ou contratual, empregado, podendo este, se fosse o caso, vir a
acrescido de todas as parcelas salariais habituais, ser beneficiário dos créditos de complementação de
como horas extras, adicionais e gratificações, pela atualização monetária. Os valores que, efetivamente,
média dos últimos 12 meses. continuaram sendo direcionados à conta vinculada
eram de 8%, e o acréscimo rescisório, de 40%.
O aviso-prévio denominado «cumprido em casa»
nada mais é do que uma flexibilização do aviso-
prévio indenizado, durante o qual o empregado
27.3. Multa do artigo 477 da CLT
fica dispensado do trabalho pelo tempo que a ele
corresponderia, porém, seu pagamento é feito ao
O art. 477 da CLT, no § 6o, estipula prazo para
final do respectivo período.
pagamento das parcelas constantes do direito
rescisório:
• Até o primeiro dia útil imediato ao término
27.2. Acréscimo sobre o FGTS - do contrato após o cumprimento do aviso.
Multa Rescisória • Até o décimo dia, contado a partir da data da
notificação da demissão sem aviso-prévio,
O depósito mensal do FGTS não é um direito aviso-prévio indenizado ou dispensa do seu
rescisório, tampouco o levantamento, já que, cumprimento.
conforme disposto na Lei 8.036/90 e no Decreto
99.684/90, em muitos casos é facultado o saque, Se o empregador não cumprir esses prazos,
independentemente de rescisão contratual. Porém, estará sujeito a uma multa no valor de um salário do
o acréscimo sobre os depósitos corresponde a um empregado, devidamente atualizado.
direito efetivamente rescisório.
Esse artigo não especifica se se trata de salário
O acréscimo sobre o FGTS é devido pelo contratual ou deste acrescido das verbas salariais,
empregador na rescisão do contrato de trabalho, o que pode dar margem a divergências. Na prática,
dependendo do modo como se deu a rescisão. Seu porém, observa-se que é usual considerar o salário-
valor é calculado, aplicando-se uma percentagem base (contratual).
sobre o montante de todos os depósitos efetuados
na conta vinculada durante o contrato de trabalho
(conforme extrato de FGTS), inclusive sobre os 27.4. Multa do artigo 467 da CLT
depósitos já sacados, e ainda sobre os depósitos do
mês da rescisão e do mês anterior. Com a edição da Lei 10.272, de 5 de setembro de
2001, a penalidade prevista no art. 467, que exigia
A Lei Complementar nº 110, de 29.jun.2001, com o pagamento em dobro dos salários incontroversos,
a finalidade de ressarcir as perdas monetárias em passou a ser de 50% sobre a parte incontroversa.

38
Perícia Trabalhista

Essa multa é aplicada quando houver reclamatória Para efetuar o encaminhamento, é necessário que
trabalhista em que existam divergências sobre o o empregador tenha fornecido na rescisão, além do
valor das verbas rescisórias. Na data da audiência, TRCT (Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho),
o empregador é obrigado a pagar ao empregado o documento de Comunicação de Dispensa (CD) e o
a parte incontroversa das parcelas rescisórias, sob Requerimento de Seguro-Desemprego (SD).
pena de pagá-las com um acréscimo de 50%. Esse
acréscimo incidirá sobre o aviso-prévio, férias pagas O Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho,
na rescisão, 13° salário da rescisão, saldo de salários para contratos de mais de 12 meses, deverá ter sido
e 40% do FGTS.
homologado por órgão do Ministério do Trabalho ou
sindicatos.
O valor é tributável, porém não sofre dedução
previdenciária.
O benefício de seguro-desemprego será concedido
ao trabalhador desempregado por um período
máximo variável de três a cinco parcelas, de forma
28. Seguro-desemprego contínua ou alterada, a cada período aquisitivo de 16
meses, conforme segue:
O seguro-desemprego é regido, atualmente, pela
Lei 7.998/90, com alterações introduzidas pela Lei
8.900/94, e visa a promover assistência financeira
• Três parcelas, se o empregado comprovar
temporária aos trabalhadores desempregados em
vínculo empregatício de seis a 11 meses,
virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a
nos últimos 36 meses.
indireta.
• Quatro parcelas, se o empregado comprovar
O período para o trabalhador inscrito no FGTS vínculo empregatício de 12 a 23 meses, no
requerer o seguro-desemprego estende-se do 7o ao período de referência.
120° dia a partir da data da demissão, sendo que o • Cinco parcelas, se o empregado comprovar
empregado doméstico tem até 90 dias. As condições vínculo empregatício de, no mínimo, 24
exigidas para a habilitação a esse seguro são: meses, no período de referência (SANTOS,
2011, p. 400).

• Ter recebido salários consecutivos pelo Mesmo preenchendo uma das condições referidas
período de seis meses imediatos à data da
nos itens supracitados, para fazer jus ao benefício
dispensa.
é fundamental que o trabalhador permaneça em
• Ter possuído vínculo empregatício com
situação de desemprego.
pessoa jurídica ou pessoa física equiparada
à jurídica durante pelo menos seis meses,
A apuração do valor da parcela terá como base a
nos últimos 36 meses que antecederam a
média dos últimos três meses de salários recebidos
data da dispensa.
no último vínculo empregatício; se o trabalhador, em
• Não estar em gozo de benefício
previdenciário, exceto auxílio-acidente e vez dos três salários do referido vínculo, recebeu
pensão por morte. apenas dois salários, a apuração se dará pela média
• Não possuir renda própria de qualquer dos dois; ou, se houver recebido apenas um salário
natureza, suficiente para a sua manutenção integral no período, será este o considerado para
e a de sua família. cálculo do valor da parcela.

39
Perícia Trabalhista

O valor de referência, no requerimento do • Uma jornada normal de trabalho, se o


seguro-desemprego, deverá ser o equivalente ao pagamento ao empregado for feito por
que o trabalhador percebe no período de um mês, unidade de tempo.
devendo ser encontrado este montante, quando a • 1 /30 da quantia percebida no mês anterior,
remuneração for diária, semanal ou quinzenal. se a remuneração for paga por mês, tarefa,
empreitada ou comissão (art. 582, Lei
Para cálculo do seguro, é considerado como 6.386/76).
último salário o valor recebido no mês da dispensa
que consta no campo Maior Remuneração, no TRCT. O recolhimento obedecerá ao sistema de guias, de
acordo com as instruções expedidas pelo Ministério
Valores vigentes a partir de janeiro de 2013 até o do Trabalho, e o pagamento será efetuado na Caixa
próximo aumento de salário:
Econômica Federal ou no Banco do Brasil.

• Até R$ 1.090,43, multiplica-se o salário De acordo com o art. 545 da CLT, os empregadores
médio dos últimos três meses pelo fator 0,8 ficam obrigados a descontar, na folha de pagamento
(80%). dos seus empregados associados, desde que por eles
• Mais de R$ 1090,44 até R$ 1.817,56, aplica- devidamente autorizadas, as demais contribuições
se, até o limite do inciso anterior, a regra devidas ao sindicato, salvo quanto à contribuição
nele contida e, no que exceder, o fator 0,5 sindical cujo desconto independe dessa formalidade.
(50%), somando-se os resultados.
• Acima de R$ 1.817,56, o valor do benefício As demais contribuições que poderão ser cobradas
será R$ 1.235,91, invariavelmente. pelos sindicatos são:
• O valor da parcela não poderá ser inferior ao
salário mínimo (ROCHA, 2014, p. 76).
• Mensalidade Sindical: é devida pelo
Existem categorias especiais de trabalhadores empregado associado e descontada em folha.
que têm regulamentações diferenciadas para o • Contribuição Confederativa: a CF/88 não
recebimento do seguro-desemprego. E o caso fixa parâmetros sobre essa contribuição; em
dos pescadores artesanais, devido à singularidade decisão do STF, será devida somente pelos
decorrente da época da piracema, os quais são regidos associados.
pela Lei 8.287/91, e dos empregados domésticos, • Taxa Assistencial ou Contribuição Assistencial:
para os quais, segundo a Lei 10.208, de 23 de março é inserida pelas entidades sindicais nos
de 2001, o seguro-desemprego será concedido ao instrumentos normativos da categoria, e
empregado inscrito no FGTS que tiver trabalhado os valores deverão ser recolhidos pelos
por um período mínimo de quinze meses nos últimos empregados ou empregadores por elas
24 meses contados da dispensa sem justa causa. E representados.
o valor do benefício, quando deferido, corresponde
a três parcelas no valor de um salário mínimo cada A Lei Complementar 123/06, relativa ao tratamento
uma, chamada de imposto sindical, relativa a um dia dispensado às microempresas e empresas de pequeno
de trabalho de todos os empregados, qualquer que porte, dispõe no art. 53, inciso II, a dispensa do
seja a forma da remuneração. Considera-se um dia pagamento das contribuições sindicais de que trata
de trabalho: a Seção I do Capítulo III do Título V da Consolidação

40
Perícia Trabalhista

das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Esse benefício é
válido por até três anos-calendário.

29. Contribuição fiscal - Imposto de Renda


O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), a ser descontado sobre os rendimentos do trabalho
assalariado, pago por pessoas físicas ou jurídicas, bem como sobre os demais rendimentos percebidos por
pessoas físicas os quais não estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte, pagos por pessoas jurídicas,
será calculado com base nas tabelas progressivas de valores divulgadas pela Secretaria da Receita Federal.

A tributação do imposto de renda sobre os rendimentos do trabalho assalariado pago incide sobre as
verbas e os rendimentos relacionados na tabela de incidência encontrada no Anexo A deste trabalho.

O IRRF sobre a gratificação de natal (13° salário) deverá ser tributado na sua integralidade (valor da 1a e
da 2a parcelas), na época da quitação da última parcela e em separado dos demais rendimentos, por sofrer
tributação exclusiva na fonte. Da mesma forma, sofre tributação exclusiva na fonte a importância recebida
pelos trabalhadores a título de participação nos lucros, na forma da Lei 10.101/2000.

Também deve ser tributado em separado dos demais rendimentos o valor relativo às férias, acrescido do
terço constitucional, inclusive quando pago em dobro.

Tabela mensal para o exercício de 2013.


Base de Cálculo em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do Imposto em R$
Até 1.637,11 - -
De 1.637,12 até 2.453,50 7,5 122,78
De 2.453,51 até 3.271,38 15 306,80
De 3.271,39 até 4.087,65 22,5 552,15
Acima de 4.087,65 27,5 756,53
Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/contribfont2012a2015.htm.

Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência de imposto, poderão ser deduzidas:


• As importâncias pagas a título de pensão alimentícia, em face das normas do Direito de Família,
quando em cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, inclusive a
prestação de alimentos provisionais.
• A quantia equivalente a R$ 171,97 por dependente.
• As contribuições para a Previdência Social da União (INSS), dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
• As contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no Brasil e as contribuições
para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual (FAPI), cujo ônus tenha sido do contribuinte,
destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social, no caso
de trabalhador com vínculo empregatício ou de administradores.

41
Perícia Trabalhista

• R$ 1.711,97 por aposentadoria e pensão A Lei 8.212/91 dispõe sobre a organização da


paga pela previdência pública ou privada, Seguridade Social, institui Plano de Custeio e dá
por qualquer pessoa jurídica de direito outras providências, segundo o disposto no art. 33:
público interno, ou por entidade de
previdência complementar, a partir do mês
A Secretaria da Receita Federal do Brasil
que o segurado completar 65 anos. compete planejar, executar, acompanhar e
avaliar as atividades relativas à tributação,
Para calcular o valor a pagar, após selecionar à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e
as verbas incidentes e, se for o caso, descontar ao recolhimento das contribuições sociais
os itens supracitados, deve-se aplicar a alíquota previstas no parágrafo único do art. 11
correspondente e, em seguida, a parcela a deduzir, desta Lei, das contribuições incidentes a
título de substituição e das devidas a outras
de acordo com a tabela anterior. Por exemplo, para
entidades e fundos (Redação dada pela Lei n°
calcular o IR de um contribuinte que tiver rendimento
11.941, de 2009).
tributável de R$ 3.000,00 por mês, utiliza-se a
alíquota de 15% e deduz-se a parcela permitida por
lei, cujo valor é de R$ 306,80. Assim, o imposto a A base percentual para a contribuição de cada
pagar será de R$ 143,20. segurado empregado ao Instituto Nacional do Seguro
Social é de 8%, 9% e 11%, dependendo do valor do
O imposto de renda não recolhido no prazo legal salário de contribuição determinado pela Previdência
deverá ser atualizado com os acréscimos legais Social. Esse valor incide sobre as verbas de natureza
previstos na legislação tributária, ou seja, à aplicação salarial que o empregado perceber, e deve ser
descontado na folha de pagamento.
de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) até o
Quando a remuneração do segurado empregado
mês anterior ao pagamento, mais juros de 1% no mês for proporcional aos dias ou horas trabalhados, a
do pagamento e à multa de 0,33% ao dia, limitada a contribuição incidirá sobre o que efetivamente lhe
20%. A Secretaria da Receita Federal, na página inicial for pago, observado o limite mínimo da contribuição
do site www.receita.fazenda.gov.br, disponibiliza (um salário mínimo). No caso de ocorrer mais de
mensalmente a taxa SELIC e a tabela prática com um vínculo empregatício, as remunerações deverão
os coeficientes a serem aplicados diretamente sobre ser somadas para um perfeito enquadramento na
os valores dos tributos e contribuições federais em tabela de contribuições, respeitando sempre o teto
atraso. de contribuição.

Ao valor referente ao 13° salário deve ser aplicada


a alíquota da tabela de contribuição, em separado do
29.1. Contribuição previdenciária - valor correspondente ao salário mensal, não devendo
INSS essas verbas ser somadas para o enquadramento na
tabela.
Todos os trabalhadores empregados com carteira
assinada, sejam trabalhadores temporários, diretores- Há um limite máximo para o desconto do INSS;
empregados, trabalhadores domésticos ou avulsos, quando o salário de contribuição do empregado
for superior a esse limite ou teto de contribuição, o
devem contribuir para a Previdência Social com um
valor descontado será limitado ao teto estipulado.
valor percentual sobre sua remuneração.

42
Perícia Trabalhista

Esse limite máximo vale apenas para a contribuição § 1o A multa de que trata este artigo será
do empregado. A empresa recolhe a contribuição calculada a partir do primeiro dia subsequente
previdenciária sobre o total da folha de salários. ao do vencimento do prazo previsto para o
pagamento do tributo ou da contribuição até o
O recolhimento dos valores ao INSS se dará dia em que ocorrer o seu pagamento.
por meio de aplicativos eletrônicos disponibilizados
nos bancos conveniados ou pela Internet. Aos
recolhimentos dos valores vencidos a partir da § 2o O percentual de multa a ser aplicado
fica limitado a vinte por cento.
competência de dezembro de 2008, serão aplicados
aos valores históricos juros equivalentes à Taxa
Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de
§ 3o Sobre os débitos a que se refere este
Custódia (SELIC), aplicados desde o primeiro dia
artigo incidirão juros de mora calculados à taxa
do segundo mês subsequente ao do vencimento
a que se refere o § 3o do art. 5o da Lei 9.716/98,
do prazo previsto para o pagamento do tributo a partir do primeiro dia do mês subsequente
ou contribuição, até o último dia do mês anterior ao vencimento do prazo até o mês anterior ao
ao do pagamento, mais 1% no mês que ocorrer o do pagamento e de um por cento no mês de
pagamento, e de multa de mora, calculada à taxa de pagamento.
0,33% por dia de atraso, limitada ao percentual de
20%, conforme dispõe a Lei 8.212/91, art. 35:
A tabela vigente a partir de 1º de janeiro de
2013, até o próximo aumento do salário mínimo,
Os débitos com a União decorrentes das para segurados empregados, inclusive domésticos e
contribuições sociais previstas nas alíneas a, trabalhadores avulsos, é a seguinte:
b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das
contribuições instituídas a título de substituição Salário de Alíquota para fins de
contribuição (R$) recolhimento ao INSS (%)
e das contribuições devidas a terceiros, assim
Até R$ 1.247,70 8,00
entendidas outras entidades e fundos, não De R$ 1.247,71 a 9,00
pagos nos prazos previstos em legislação, serão R$ 2.079,50 11,00
acrescidos de multa de mora e juros de mora, De R$ 2.079,51 a
R$ 4.159,00
nos termos do art. 61 da Lei n° 9.430, de 27 de
Fonte: http://www.previdencia.gov.br/tabela-de-contribuio-
dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei n° mensal/.
11.941, de 2009).

29.2. Contribuição Previdenciária


O art. 61 da Lei 9.430/96 determina: Patronal

A contribuição da parte empregadora não está


Os débitos para com a União, decorrentes sujeita a qualquer limitação sobre os valores da
de tributos e contribuições administrados folha de pagamento, isto é, dentro das parcelas que
pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos integram o salário de contribuição não existe teto
geradores ocorrerem a partir de 1o de janeiro máximo para o recolhimento patronal.
de 1997, não pagos nos prazos previstos na
legislação específica, serão acrescidos de multa Sendo o empregador pessoa jurídica, a parte
de mora, calculada à taxa de trinta e três devida pela empresa pode variar:
centésimos por cento, por dia de atraso.

43
Perícia Trabalhista

• De acordo com a relação de atividades em receita bruta anual inferior ao teto estipulado para
que estão enquadradas na Classificação enquadramento no Simples Nacional.
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
• De acordo com os percentuais previdenciários
(empresas geralmente 20%, bancos 22,5%)
e de terceiros, estabelecidos pelos códigos
30. Empregados domésticos
FPAS (Fundo de Previdência e Assistência
Esse tipo de vínculo empregatício tem
Social).
características próprias, merecendo, por isso, uma
• De acordo com o enquadramento no Risco
abordagem especial.
Ambiental do Trabalho - RAT (1%, 2% ou
3%). Com a aprovação da Emenda Constitucional n°
72, que ocorreu em 02/04/2013, os trabalhadores
Sendo pessoa física, o empregador contribui com
domésticos passaram a ter novos direitos que se
a alíquota de 12% sobre o salário de contribuição
incorporaram aos outros anteriormente previstos
do empregado. No caso específico do produtor rural,
na Lei 5.859/72, em outras Leis e na própria
o empregador contribui sobre as verbas incidentes
Constituição. Alguns direitos aprovados independem
da folha de pagamento com a alíquota de 2,7%,
de regulamentação e, por este motivo, entraram em
somente a título de terceiros (outras entidades),
vigor imediatamente. Outros ainda dependem de
porque sua contribuição previdenciária se dá através
regulamentação, o que deve ocorrer com a publicação
de uma percentagem sobre a comercialização de seus
de uma lei específica, cujo projeto está em discussão
produtos. Deve, porém, descontar e recolher ao INSS
no Congresso Nacional.
as contribuições dos empregados ou contribuintes
individuais que lhe prestem serviços, nos mesmos É considerado empregado doméstico aquele que
prazos e segundo as mesmas normas aplicadas às presta serviço de natureza contínua a pessoa ou
empresas em geral. família, no âmbito residencial desta, em atividades
sem fins lucrativos ou de natureza não econômica.
As obrigações da empresa, em relação aos
Assim, motorista particular, jardineiro, passadeira,
contribuintes individuais que lhe prestam serviço, são
cozinheira, arrumadeira, babá, enfermeira particular,
abordadas no capítulo seguinte.
dama de companhia, governanta etc. estão incluídos
nessa categoria, desde que trabalhem, em caráter
As empresas cadastradas no SIMPLES estão
continuado, em uma residência.
isentas da contribuição patronal ao INSS, sendo
obrigadas apenas ao recolhimento da contribuição
Com a regulamentação da profissão, o
referente à parte dos empregados, a qual será
empregado doméstico passou à categoria de
igual ao das demais empresas, conforme art. 20, §
contribuinte obrigatório para a Previdência Social.
2o, da Lei 8.620/93.
A contribuição do empregado dependerá de sua
faixa salarial, mediante a aplicação da alíquota
A Lei Complementar 123, de 14 de dezembro
correspondente, conforme tabela em vigor. A
de 2006, estabelece normas gerais relativas ao
contribuição do empregador doméstico é de 12% do
tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado
salário de contribuição do empregado. Compete ao
às microempresas e empresas de pequeno porte,
empregador efetuar o recolhimento até o 15° dia do
no que se refere às obrigações previdenciárias e
mês subsequente.
trabalhistas, que é concedido ao empresário com

44
Perícia Trabalhista

A Lei 11.324/06 altera as Leis 9.250/95 e 5.859/72 a critério do empregador e deverá ser
e revoga o art. 5o da Lei 605/49, apresentando em concedido nos 12 meses subsequentes à
sua redação as seguintes alterações: data em que o empregado tiver adquirido
o direito (artigos 134 e 136 da CLT). O
empregado poderá requerer a conversão
O empregador doméstico poderá recolher de 1 /3 das férias em abono pecuniário
a contribuição do segurado empregado a seu (transformar em dinheiro dez dias das
serviço e a parcela a seu cargo, relativas à férias), desde que o faça até 15 dias antes
competência de novembro até o dia 20 de
do término do período aquisitivo (artigo 143
dezembro, juntamente com a contribuição
da CLT). O pagamento da remuneração das
referente ao 13° (décimo terceiro) salário,
férias será efetuado até dois dias antes do
utilizando-se de um único documento de
início do respectivo período de gozo (artigo
arrecadação.
145 da CLT).
• Férias Proporcionais. O empregado que pede
É vedado ao empregador doméstico efetuar demissão antes de completar 12 meses de
descontos no salário do empregado por fornecimento serviço tem direito ao período de férias
de alimentação, vestuário, higiene ou moradia. proporcionais, assim como no término do
contrato de trabalho, independentemente
Poderão ser descontadas as despesas com moradia, da forma de desligamento, mesmo que
quando essa se referir a local diverso da residência incompleto o período aquisitivo de 12 meses,
em que ocorrer a prestação de serviço, e desde será devida remuneração equivalente às
que essa possibilidade tenha sido expressamente férias proporcionais.
acordada entre as partes. • Licença à gestante, sem prejuízo do emprego
e do salário, com duração de 120 dias (o
As despesas acima mencionadas não têm natureza pagamento será efetuado diretamente pela
salarial nem se incorporam à remuneração para Previdência Social após o atendimento
quaisquer efeitos. agendado pelo site http://agencia.
previdencia.gov.br/e-aps/servico/358;
Em síntese, os direitos assegurados por lei ao durante esse período, o empregador deverá
empregado doméstico são: recolher apenas a parcela de contribuição a
• Registro em carteira. seu encargo).
• Salário mínimo ou piso estadual fixado em • Estabilidade provisória no emprego desde
lei superior ao salário mínimo. a confirmação da gravidez até cinco meses
• Irredutibilidade de salário. após o parto, a estabilidade ocorre, inclusive,
• 13° salário. durante o contrato de experiência.
• Repouso semanal remunerado, • Licença-paternidade de cinco dias.
preferencialmente aos domingos. • Aviso-prévio.
• Feriados civis e religiosos, sem prejuízo de sua • Vale-transporte, podendo ser descontado até
remuneração; caso prestar serviço, deverá 6% de seu salário, a este título; o restante
ser remunerado em dobro ou receber folga deverá ser suportado pelo empregador.
compensatória em outro dia da semana. • Jornada de trabalho de até 44 horas semanais
• Férias anuais remuneradas de 30 dias, e, no máximo, oito horas diárias. Jornadas
com pelo menos 1/3 de acréscimo na inferiores desde que sejam expressamente
remuneração. O período de férias ficará

45
Perícia Trabalhista

ajustadas e especificadas em contrato e poderão fazer jus ao seguro-desemprego os


anotadas na Carteira de Trabalho. empregados domésticos cujos empregadores
• Horas Extras - O adicional respectivo será tenham optado por recolher o FGTS.
de, no mínimo, 50% do valor da hora normal
(artigo 7o, parágrafo único, da Constituição Para mais detalhes sobre direitos dos trabalhadores
Federal). Como não há a obrigatoriedade da domésticos e acompanhar a respeito dos
adoção do controle individual de frequência, recolhimentos obrigatórios referentes à categoria, o
a jornada deve ser especificada no contrato governo disponibilizou o site www.esocial.gov.br.
de trabalho, mas é aconselhável que seja
adotado documento consignando o horário
praticado. Se houver horas extras, essa
condição deve constar de acordo para
31. Atualização de Débitos
prorrogação de horário (no máximo duas Trabalhistas
horas diárias). O fato de o empregado dormir
no emprego não implica necessariamente As verbas decorrentes da condenação são
trabalho extraordinário. Se houver a constituídas pelo valor principal e pelo FGTS, além
solicitação de serviços serão devidos os das contribuições previdenciárias, imposto de renda,
adicionais respectivos (horas extraordinárias honorários e despesas processuais. O crédito principal
e/ou noturnas). Os intervalos concedidos e o FGTS correspondem às verbas deferidas ao
pelo empregador, não previstos em lei, são reclamante. Após a apuração das mesmas, os valores
considerados “tempo à disposição”, por encontrados deverão ser devidamente atualizados, a
isso, devem ser remunerados como serviço
fim de ressarcirem as perdas sofridas pelo empregado
extraordinário.
que não recebeu o pagamento na época devida. A
atualização dos débitos trabalhistas envolve, além da
Encontra-se no Congresso Federal projeto de lei
correção monetária, também a aplicação de juros.
para regulamentar outros direitos estendidos ao
empregado doméstico, dentre eles:
Os juros de mora e a correção monetária incluem-
• FGTS - Enquanto as novas regras com a
se na liquidação, ainda que estejam omissos no
regulamentação da Emenda Constitucional
pedido inicial ou não expressos na condenação
não estão vigorando, ainda é facultativo o
(Súmula 211 /TST).
recolhimento do FGTS. Com a opção pelo
recolhimento do FGTS, o empregador
depositará mensalmente, em favor do
empregado, o valor correspondente a 8% 32. Correção Monetária
calculados com base na sua remuneração.
Saiba mais acessando o link: http://www. A incidência da correção monetária nos débitos
caixa.gov.br/fgts/trabalhador_domestico. trabalhistas foi introduzida pelo Decreto-Lei n° 75/66
asp. e atualmente é regida pelo art. 39 da Lei 8.177/91. A
• Remuneração do trabalho noturno superior correção monetária tem como finalidade a proteção
ao diurno. dos valores contra o processo inflacionário, devolvendo
• Salário-Família. à moeda o poder aquisitivo que tinha na época do
• Intervalo para refeição e/ou descanso. pagamento não efetuado. Contudo, nos últimos
• Seguro-Desemprego - até que seja tempos, existem meses em que a correção tem sido
regulamentada a EC 72/2013, somente
zero em consequência dos períodos nos quais os

46
Perícia Trabalhista

valores da Taxa SELIC ficam em patamares inferiores primeiro dia útil posterior à data em que habitualmente
a 0,5%, o que equivaleria à TR negativa. era ou deveria ter sido efetivado o pagamento, seja
no mês de competência, seja no mês subsequente.
A correção monetária deve incidir a partir do Outrossim, deve-se levar em conta a data do
vencimento da obrigação, ou seja, a partir do pagamento que está prevista em lei, a norma coletiva,
momento em que o direito se tornaria exigível. ou o contrato (tácito ou escrito). Consequentemente,
Porém, muita controvérsia foi levantada a respeito da
o Fator de Atualização a ser aplicado deverá ser o do
época do vencimento da obrigação quanto às verbas
dia seguinte à data da exigibilidade do direito.
salariais, já que a data dos direitos rescisórios é,
definitivamente, a da rescisão.
O sistema de correção monetária, na justiça
trabalhista, passou por diversas alterações desde que
Com amparo na faculdade concedida ao empregador
foi introduzido. Na época de grande inflação, a fim
pelo art. 459 da CLT, que possibilita o pagamento
de não deteriorarem o valor aquisitivo da moeda, os
dos salários até o 5o dia útil do mês subsequente ao
indexadores eram continuamente alterados.
vencido, as verbas salariais somente se tornariam
devidas a partir do mês subsequente ao da prestação
O último indexador adotado foi a TR (Taxa
de serviços; portanto, a época própria para incidir
Referencial), prefixada em 1991 (Lei 8.177/91),
correção seria o primeiro dia útil do mês posterior ao
da prestação de serviço. modificada pela alteração da moeda em 1994 e
atualmente ainda em vigor. São índices mensais
Entretanto, uma corrente jurisprudencial discorda divulgados pelo Banco Central, que representam um
desse entendimento, defendendo a aplicação da percentual prefixado da correção monetária estimada
correção a partir do mês da efetiva prestação de para o período, com base na taxa inflacionária
serviços, o mês em que foi gerado o direito material, verificada no período imediatamente anterior.
principalmente nos casos nos quais os salários eram
percebidos dentro do próprio mês. Os índices de débitos trabalhistas correspondem
a estes valores estabelecidos pelo governo, de forma
Para pacificar essas divergências, em novembro que o índice para o dia 1o de setembro, por exemplo,
de 2002 foi aprovada a revisão da Súmula 13, sendo com base no valor da TR fixada em 1o de agosto,
editada a Súmula 21 do TRT - 4a Região, com a reflita a correção do mês de agosto.
seguinte redação:
Sempre que for necessário corrigir valores de
Atualização monetária. Débitos trabalhistas. várias épocas, é aconselhável utilizar as tabelas de
Revisão da Súmula 13. Os débitos trabalhistas correção monetária trabalhistas, confeccionadas
sofrem atualização monetária pró-rata die a mensalmente pelo Conselho Superior da Justiça
partir do dia imediatamente posterior à data de
do Trabalho (CSJT) e pelos Tribunais Regionais do
seu vencimento, considerando-se esta a prevista
Trabalho. Elas englobam, em um só índice, todas
em norma legal ou, quando mais benéfica ao
as variações de correção monetária trabalhista,
empregado, a fixada em cláusula contratual,
ainda que tácita, ou norma coletiva. adotadas ao longo do tempo, inclusive as variações
da moeda, facilitando muito o trabalho do executor
dos cálculos. Sem a utilização dessas tabelas, seria
Bem mais abrangente que a antecessora, a uma tarefa árdua, que exigiria milhares de cálculos,
súmula supracitada enseja o entendimento de que corrigir valores de condenações que concedam
o vencimento da obrigação deverá ser sempre no diferenças salariais durante vários anos, uma vez que

47
Perícia Trabalhista

elas devem obedecer a diversas formas de correção e tarde, pela Lei n.° 7.855/89, segundo o qual os salários
alterações de moeda. não pagos no 10° dia e 5° dia útil do mês subsequente
ao vencido, respectivamente, devem sofrer a incidência
As tabelas de atualização de débitos trabalhistas de correção monetária. Partindo desse princípio legal, e
contemplam cumulativamente a variação das ORTNs, segundo essa ótica, a correção monetária somente seria
OTNs, Poupança e TRs, e traduzem a inflação devida quando o débito se tornasse exigível.
projetada para o período vindouro, constituindo
índices mensais ou diários, nos termos da legislação Assim, considerando que o indexador atual dos
aplicável (Lei 6.423/77, Lei 6.899/81, Decreto débitos judiciais trabalhistas é a Taxa Referencial (TR),
2.322/87, Lei 7.738/89, Lei 8.177/91, Lei 8.660/93 instituída pela Lei n.° 8.177/91 e convalidada pelas Leis
e Lei 8.880/94, Resolução BACEN 2.097/94,
n.° 8.666/93 e n.° 8.880/94, pré-fixada no início de cada
Lei 9.069/95 e, finalmente, Lei 10.192/01), nos
mês pelo Banco Central, tem sido consensual que o
respectivos períodos, conforme especificado a seguir:
índice (fator) a ser utilizado nos cálculos de liquidação
é o do mês subsequente ao de referência, vale dizer,
salário referente a outubro será corrigido com o índice
• De janeiro/85 a fevereiro/86
índices ORTN. de novembro e, assim, sucessivamente. Entretanto, em
• De março/86 a janeiro/89 relação às verbas rescisórias, férias, gratificação natalina
índices OTN. e outras em que há previsão de exigibilidade específica
• De fevereiro/89 a janeiro/91 em lei, o índice de atualização será o do próprio mês.
índices de poupança. Ademais, vale ressaltar que, após a elaboração da conta
• A partir de fevereiro/91 de liquidação, e em não sendo esta quitada, as futuras
índices TR. atualizações dar-se-ão do mês do cálculo original até o
• A partir de julho/ 93 momento da atualização.
índices TR (mensal).
A incidência de correção monetária sobre os
Em novembro de 2005, visando à padronização débitos trabalhistas, que durante um longo período foi
dos critérios adotados pelos vários Tribunais Regionais responsável por parcela considerável dos embargos à
para a correção de valores, o Conselho Superior da execução e agravos de petição impetrados pelas partes,
Justiça do Trabalho aprovou a Tabela Única para deixou de assumir um papel relevante nas polêmicas
Atualização de Débitos Trabalhistas, com vigência a doutrinárias que se estabelecem no curso de uma
partir de novembro/05 (Resolução n° 08/2005), em reclamação trabalhista. Para isso, em muito contribuiu a
substituição a todas as demais tabelas publicadas unificação de critérios de correção monetária, em face a
pelos Tribunais Regionais do Trabalho. A Tabela consolidação da Tabela Única de atualização e Conversão
Única pode ser obtida através dos sites do Conselho
de Débitos Trabalhistas, sobejamente comentada ao
Superior da Justiça do Trabalho, Tribunal Superior do
longo desta Parte 3.
Trabalho e Tribunais Regionais.
Mas em que pese a desejada pacificação acerca dos
critérios de correção monetária, é pertinente destacar
33. Época própria que, por força do disposto no art. 39 da Lei nº8.177, de
1.fev.1991, a Taxa Referencial (TR), passou a ser adotada
De forma majoritária, os doutrinadores e a como indexador da Tabela Única acima referida, muito
jurisprudência, têm transferido para o processo embora tenha sido concebida, originalmente, como
trabalhista o conceito erigido pelo DL n.° 75/66 e, mais uma taxa de juros, condição esta descaracterizada pela

48
Perícia Trabalhista

prática, a ponto de sua condição de indexador monetário sendo devidos em qualquer hipótese, pois de acordo
ter sido reconhecida pelo próprio STF. com a Súmula 254, do STF, “incluem-se os juros
moratórios na liquidação, embora omisso o pedido
Todavia, mesmo não havendo dúvidas sobre a inicial ou a condenação”.
condição de indexador de que se reveste a TRT, sua
utilização vem causando expressivos prejuízos ao Por outro lado, para que essa punição se efetive
patrimônio jurídico a todos quanto demandam e têm é imperativo que a parcela dos juros incida sobre o
seus pleitos reconhecidos pela Justiça do Trabalho. capital corrigido. A propósito, essa linha de raciocínio
se harmoniza com a jurisprudência do TST, que,
A referência acima se sustenta no fato de que a TR em seu Enunciado 200, dispõe: “Os juros de mora
não se constitui em um índice de correção monetária. incidem sobre a importância da condenação já
Ao contrário, trata-se de um instrumento de política corrigida monetariamente”. Portanto, é incorreta a
monetária utilizado pelo governo federal para regular condenação que determina a incidência de “juros e
a liquidez do meio circulante, para o que reduz ou correção monetária”, nessa ordem.
amplia o fator de correção da poupança sempre que,
respectivamente, desejar «enxugar» ou ampliar o Quanto ao marco inicial para a contagem dos
volume de reais em circulação na economia. juros, ele está disciplinado pela CLT, que prevê:

Art. 833. Não pagando o executado, nem


A título de exemplo, enquanto que o IPCA, adotado
garantindo a execução, seguir-se-á a penhora
como índice oficial de inflação pelo Governo Federal,
de bens, tantos quanto bastem ao pagamento
acumulou entre os anos de 2001 e 2008 a taxa de
da importância da condenação, acrescida de
71,84%, a TR não superou os 21,21%, o que se resulta, custas e juros, sendo estes, em qualquer caso,
somente neste período, em uma defasagem da ordem devidos a partir da data em que for ajuizada a
de 41,77%. Agravando essa situação, no transcorrer do reclamação inicial.
ano de 2009, a perda se acentuou, pois nos meses de
setembro, outubro e novembro o Banco Central fixou a
Todavia, em se tratando de empresas submetidas
TR em zero.
aos regimes de intervenção ou liquidação extrajudicial,
a Súmula 304 do TST assim dispõe:
Diante da inquestionável perda que a adoção da TR
como «indexador» dos débitos trabalhistas determina, é
Os débitos trabalhistas das entidades
de se perguntar até quando os sindicatos profissionais
submetidas aos regimes de intervenção ou
e os operadores do direito que lhes prestam assistência liquidação extrajudicial estão su­
jei­
tos à
ficarão passíveis diante desse verdadeiro «assalto» correção monetária des­
de o respectivo
praticado aos direitos dos trabalhadores, que na forma vencimento até seu efetivo pagamento,
atual de correção monetária não conseguem ter seus sem interrupção ou suspensão, não incidindo,
créditos trabalhistas minimamente preservados. entretanto, sobre tais débitos, juros de mora.
(Res. TST 2/92, DJ, 05.11.92) (Revisão da
Súmula 284)

34. Juros de mora no cálculo


judicial trabalhista 34.1. Modalidades de juros

Os juros de mora, no âmbito do processo É oportuno lembrar que os juros de mora incidentes
trabalhista, têm caráter indenizatório (ou punitivo), no cálculo trabalhista nem sempre foram aplicados

49
Perícia Trabalhista

com base em regras próprias, pois até fevereiro/87, quando da edição do Decreto-Lei n.° 2.322/87, adotava-
se, subsidiariamente, a taxa de juros fixada pelo antigo Código Civil, ou seja, 0,5% ao mês, de tal modo que,
dependendo da época do ajuizamento da ação, em um determinado cálculo podem estar presentes até três
modalidades de juros, como será demonstrado posteriormente.

34.2. Juros simples de 0,5% ao mês

Para o cálculo dos juros simples de 0,5% ao mês ou 6% ao ano, basta multiplicar o número de
meses por 0,5. Exemplificando: oito meses corresponde à taxa de 4% (8 x 0,5 = 4).

Um cálculo mais exato, expresso em dias, pode ser obtido a partir da aplicação da fórmula abaixo:

Juros (0,5% ao mês) = K x N.° de Dias


6.000

Onde:

K = principal corrigido.

N° de dias = o período que se inicia na data do ajuizamento da reclamação até o dia do


cálculo, caso esse não seja posterior a 26.02.87, a partir de onde passa a vigorar outro critério de
juros.

6.000 = artifício que permite a obtenção, em dias, da taxa de 6% ao ano.

Alternativa: dividir o número de dias apurados por 60.

34.3. Juros capitalizados de 1,0% ao mês

A partir de 27.02.87, com a publicação do DL n.° 2.322/87, os juros de mora no cálculo trabalhista
passaram a ter regra própria, abandonando-se, a partir desta data, a taxa de 0,5% até então utilizada,
devendo ser observado, contudo, que até 26.02.87, o cálculo de juros deve obedecer ao critério anterior, ou
seja, 0,5% ao mês, simples.

Com a nova regra, alterou-se a forma de cálculos dos juros, cuja taxa passou a ser de 1% ao mês,
capitalizados. Cumpre ressaltar, ainda, que as disposições do Decreto-Lei n.° 2.322/87 perduraram de 27.02.87
até 03.03.91, ou seja, o equivalente a 48 meses, de acordo com os porcentuais e meses relacionados na
tabela abaixo.

Juros Capitalizados a 1% ao mês


Número de Taxa (%) Número de Taxa (%) Número de Taxa (%)
meses meses meses
01 1,00 21 23,23 41 50,37
02 2,01 22 24,47 42 51,87

50
Perícia Trabalhista

03 3,03 23 25,71 43 53,39


04 4,06 24 26,97 44 54,92
05 5,10 25 28,24 45 56,17
06 6,15 26 29,52 46 58,04
07 7,21 27 30,81 47 59,62
08 8,28 28 32,12 48 61,21
09 9,36 29 33,44 49 62,83
10 10,46 30 34,78 50 64,46
11 11,56 31 36,13 51 66,10
12 12,68 32 37,49 52 67,76
13 13,80 33 38,86 53 69,43
14 14,91 34 40,25 54 71,13
15 16,09 35 41,65 55 72,48
16 17,25 36 43,07 56 74,57
17 18,42 37 44,50 57 76,32
18 19,61 38 45,95 58 78,08
19 20,81 39 47,41 59 79,86
20 22,01 40 48,88 60 81,66

Juros simples de 1% ao mês Onde:

Na edição da MP n° 294/91, que instituiu a K = principal corrigido.


TRD, não havia no citado texto legal qualquer
referência a juros trabalhistas. Esses somente N° de dias = o período que se inicia na data da
integraram a norma legal a partir da Lei n° vigência da Lei n.° 8.177/91 (04.03.91) ou do
8.177/91 (Art. 39, parágrafo único), cuja ajuizamento da ação, até a data da efetivação
publicidade se deu em 04.03.91. Desta forma, do cálculo; 3.000 = Artifício para obtenção, em
e a partir da data referida, os juros passaram dias, da taxa anual de 12% ao ano.
a ser contados à razão de 1% ao mês, simples.
Aqui cabe a mesma ressalva já formulada no Alternativa: dividir o número de dias
item anterior, no sentido de que até a vigência apurados por 30.
da Lei 8.177/91, prevalecem as orientações
emanas do DL 2.322/87. A fórmula para o
cálculo é dada abaixo: 34.4. Consolidação

Como simulação, consideremos uma ação


ajuizada em 1° de agosto de 1986, portanto, dentro
Juros (1,0% ao mês) = K x N.° de dias
do período de vigência do critério de juros simples de
3.000
0,5% ao mês. Consideremos, ainda, que o cálculo de

51
Perícia Trabalhista

liquidação tenha sido efetuado com projeção até 30 de setembro de 2006, sob a égide da Lei n.° 8.177/91,
e os juros de 1% ao mês, simples, pro rata die. Consideremos, por fim, que o principal atualizado atingiu a
casa dos R$ 25.000,00 em 30.09.06:

Principal atualizado (K) em 30.09.06 R$ 25.000,00


Juros de 0,5% ao mês (de 01.08.86 a R$ 870,00
26.02.87 = 209 dias = 3,48 %)
Juros de 1,0% ao mês capitalizados (de 27.02.87 R$ 15.302,50
a 03.03.91 = 48 meses = 61,21 %)
Juros de 1,0% ao mês (de 04.03.91 a R$ 47.407,50
30.09.06 = 5.689 dias) = 189,63 %
Total R$ 88.580,00

Detalhamento dos cálculos:

Juros de 0,5% ao mês = 25.000,00 x 0,03480 = R$ 870,00

Juros de 1,0% capitalizados = 25.000,00 x 0,6121 = R$ 15.302,50

Juros de 1,0% simples = 25.000,00 x 1,8963 = R$ 47.407,50

Assim, dependendo do período de abrangência do cálculo, é possível a convivência com até três critérios
de juros. É preciso atentar, contudo, que em nenhuma hipótese a incidência desses juros pode ser cumulativa
com a parcela do principal atualizado acrescida de uma das parcelas de juros. A incidência deverá ser
somente sobre o capital, evitando a incorreta sobreposição de «juros sobre juros».

34.5. Juros em ações contra empresas em processo de recuperação


judicial e em processo falimentar

Com a publicação da Lei n° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, conhecida como «Nova Lei de Falências»,
terão que ser levadas em conta as novas regras que regem as empresas que se encontram nesta situação
especial. Neste sentido, o art. 124 da referida Lei dispõe: “Contra a massa falida não são exigíveis juros
vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para
o pagamento dos credores subordinados”.

Entretanto, tal beneplácito da norma legal não se estende à empresa subsidiária à empresa falida,
contra a qual se aplicam as regras previstas no art. 39 da Lei 8.177/91, anteriormente referida, como se
depreende da leitura do texto inscrito na Orientação Jurisprudencial 137, oriunda da Seção Especializada do
TRT da 9a Região, como segue:

0J EX SE - 137: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA À DE MASSA FALIDA. JUROS DE MORA. Processando-


se a execução diretamente contra o responsável subsidiário (empresa não falida), consoante decisão
transitada em julgado, não se cogita de aplicação de norma atinente ao regime falimentar, incidindo, assim,

52
Perícia Trabalhista

os juros de mora em conformidade ao artigo 883 civil; e do aviso-prévio, os últimos 12 meses, ou os


da CLT. Sem divergência, APROVADA. (RA/SE meses trabalhados se não completado um ano.
1/2004. DJPR 14.05.04)
Para apuração da maioria das verbas trabalhistas,
deve-se partir do salário-hora e, para estabelecer o
valor, é preciso conhecer a jornada de trabalho e o
35. Algumas dicas para salário mensal do empregado.
proceder aos Cálculos
Quando se tratar de trabalho noturno e diurno,
Trabalhistas será necessário delimitar exatamente o período
do horário noturno, dando às horas noturnas o
tratamento pertinente.

“Os bancários merecem um tratamento diferenciado


pelas peculiaridades existentes nas normas de sua
categoria profissional, e a jurisprudência retrata isso
nas súmulas atualizadas a esse respeito relacionadas
ao final deste livro” (ROCHA, 2014, p. 116).

A apresentação dos cálculos trabalhistas ao juízo


deve conter duas partes essenciais: a «memória»,
com os detalhes da apuração das verbas deferidas,
A primeira providência é consultar a legislação que pode ser demonstrada através de planilhas e
programas de cálculos disponíveis no mercado, e o
vigente, os contratos e as normas coletivas da
«resumo geral», que deve ser padronizado, facilitando
categoria que norteiam o contrato de trabalho em
as consultas e atualizações pelos interessados e pelos
questão, além de buscar subsídios na jurisprudência
servidores da justiça (modelo de resumo de cálculo
(súmulas, orientações jurisprudenciais, precedentes
no Anexo B).
normativos), não esquecendo que os cálculos de
liquidação devem obedecer ao comando das sentenças
e acórdãos judiciais. 35.1. Conversão do sistema horário
para o sistema decimal
É fundamental ter acesso aos documentos,
índices, tabelas e calendários das respectivas Para a contagem do número (quantidade) de horas
épocas, assim como definir as verbas salariais que quando envolve minutos, é necessário processar a
servirão de base para os cálculos; a quantidade de transformação para um número de base decimal,
horas extras; a jornada de trabalho; o período da isso porque o sistema sexagesimal utilizado para
condenação (delimitar datas de referência para cada horas não é compatível com o sistema numérico das
verba salarial). calculadoras, não sendo possível, simplesmente,
multiplicar 1:30 h pelo valor da hora (note-se que a
Quanto ao período de referência para cálculos de hora é representada diferentemente de um número
férias, devem ser considerados os meses dentro do decimal, o qual, quando não inteiro, é evidenciado
período aquisitivo; para cálculos de décimo terceiro com vírgula). Mesmo que se fizesse a operação de
salário, leva-se em conta o número de meses do ano 1,30 multiplicado pelo valor da hora, o resultado não

53
Perícia Trabalhista

corresponderia à hora e meia suprarreferida. Para


que essa correlação se dê de forma correta, aplica-se • 2º passo: calcular o total de horas
a seguinte regra de três em relação aos minutos, já trabalhadas (em nº decimal), deduzindo a
que a hora cheia permanece como número inteiro: hora da entrada da hora da saída:

60 minutos = 1 hora 12,16 - 07,76 = 4,40

30 minutos = X 17,80 - 12,83 = 4,97

X = 30min. x 1 ÷ 60 ou 30 ÷ 60 = 0,50
Total = 9,37 (nº decimal)

Portanto, 1:30 h equivale a 1,50

• 3º passo: deduzir a jornada diária da


Tomando como exemplo 7 horas e 20 minutos,
tem-se: trabalhada:

7:20 h = 7 inteiro e (20min.÷ 60 = 0,33) = 7,33 9,37 - 8h = 1,37

A conversão inversa, da base decimal para a


sexagesimal, se dá ao contrário: • 4º passo: transformar novamente a parte
decimal em minutos:
0,50 x 0,60 = 0:30 min.
1,37 (0,37 x 0,60min. = 0,22min.) = 1 hora e 22
Ou: 0,50 x 60 min. ÷ 100 - 0:30 min. min. extras

35.2. Exemplo de apuração para


36. Questões genéricas no
contagem de horas extras, inclusive
as intrajornadas, considerando uma processo trabalhista
jornada de oito horas diárias com
uma hora de intervalo
36.1. Perícias

• Entrada - Saída A perícia de que tratam os arts. 420 e seguintes


• 07:46h 12:10h do CPC, subsidiariamente adotados pelo processo do
• 12:50h 17:48h trabalho, é aquela realizada na fase de conhecimento
• 1º passo: converter os minutos em números ou instrução processual. Pode estar voltada a
decimais: detectar condições insalubres, e aí será realizada por
médico do trabalho, do quadro próprio do Ministério
Entrada - Saída do Trabalho ou por ele credenciado. Se, no entanto, o
objeto da perícia for a verificação de periculosidade, a
46min. 60min. = 0,7610min. - 60min. = 0,16
mesma será executada por engenheiro de segurança,
50min. + 60min. = 0,83 48min. 60min. = 0,80 igualmente dos quadros do Ministério do Trabalho ou
credenciado.

54
Perícia Trabalhista

Dentre as demais provas periciais, denominadas Em geral, é aceito que profissionais de formação
equivocadamente de contábeis, as mais comuns académica distinta possam realizar perícias e cálculos,
destinam-se a elaborar evoluções salariais e a apurar respeitadas as habilitações de cada profissional e as
eventuais diferenças. Também podem ter por objetivo especificidades do processo.
apurar o valor exato de comissões sobre vendas e
compará-las aos valores pagos a esse título, dentre
outras averiguações. 36.3. Honorários periciais

O equívoco na designação acima referida é evidente, No trabalho pericial propriamente dito, é comum o
pois levantamentos sobre salários e comissões, por juízo da execução determinar às partes que efetuem
certo que não se constituem em atos contábeis. adiantamento de parcela dos honorários estimados
Ademais, o nome contábil está ligado à antiga figura pelo expert, de modo que esse possa fazer frente
do “contador do juízo”, cuja função raramente foi às despesas com viagens, quando necessário, por
desempenhada por profissional com curso superior exemplo. Ao final da perícia, o seu pagamento ou sua
em ciências contábeis. Ao contrário, e em regra, complementação, recairá sobre a parte sucumbente.
dela se desincumbiram servidores experientes, mas
Todavia, na hipótese em que a sucumbência
sem formação acadêmica, o que não lhes retirava o
recaia sobre o reclamante, e este for beneficiário
mérito e o brilho da tarefa executada.
de assistência judiciária gratuita, também a perícia
De toda forma, hoje é cada vez mais frequente, deverá ser realizada sem ônus, conforme a Lei n.°
dada a complexidade e abrangência das reclamações 10.537, de 27 de agosto de 2002, que trata da
cobrança de custas e emolumentos na Justiça do
trabalhistas, o juiz necessitar de provas periciais que
Trabalho e que, dentre outras providências, acresce
se destinam a demonstrar a existência de fato ou
o art. 790-B, à CLT, que dispõe: “A responsabilidade
de situações técnicas que exigem conhecimentos
pelo pagamento dos honorários periciais é da parte
específicos, com a finalidade de ajudar-lhe a formar
sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se
convicção a respeito da controvérsia estabelecida pelas
beneficiária de justiça gratuita”.
partes.

Aqui há que se ter o cuidado para não haver conflito


com o disposto na Instrução Normativa n° 20/2002,
36.2. Habilitação profissional do C. TST, que dispõe sobre os procedimentos
para o recolhimento de custas e emolumentos no
Alguns pré-requisitos precisam ser observados âmbito da Justiça do Trabalho (baseada na Lei n.°
para o exercício de perito judicial trabalhista. O 10.537/2002, que alterou os arts. 789 e 790, da CLT),
primeiro é o registro profissional junto aos Conselhos e fixa em 0,5%, até o limite de R$ 638,46, o valor
de Economia, Contabilidade e Administração. O a ser cobrado por ocasião de cálculos de liquidação
segundo requisito é o cadastramento do profissional de sentença. Esse limite aplica-se, tão-somente,
na Secretaria de cada Vara do Trabalho em que ao trabalho realizado pelos «calculistas» das Varas,
pretenda atuar, o qual deve estar acompanhado de que não podem ser confundidos com os experts
currículo que comprove sua habilitação e qualificação designados pelo Juízo para a elaboração de cálculos.
para o exercício da atividade - obtidas em cursos Cabe esclarecer que esse valor limite não é recolhido
promovidos e certificados pelas próprias entidades em favor do servidor público que atua na função de
de representação profissional e/ou por instituições “calculista”, mas em favor da União, através de guia
de ensino superior. DARF em código próprio.

55
Perícia Trabalhista

Entretanto, quando se tratar de honorários do AGRAVO DE PETIÇÃO. HONORÁRIOS


perito que tenha sido designado para a elaboração PERICIAIS. JUROS DE MORA. Os juros de
de cálculos, como ainda ocorre na 9a Região, o mora representam uma punição ao devedor
Juiz arbitrará seu valor em função do volume, da pelos prejuízos decorrentes da mora que deu
natureza, da complexidade e da qualidade do trabalho causa e não se confundem com a correção ou
atualização monetária, que visa a recompor a
realizado, assim como do tempo despendido para a
expressão nominal da moeda, garantindo-lhe
sua execução e, nessa hipótese, não está restrito
a manutenção do poder aquisitivo da época
ao limite fixado pela IN 20/2002, do TST. Embora
em que o crédito era exigível. Os honorários
esse não devesse ser um critério para fixação dos
periciais, que constituem autêntica despesa
honorários, uma vez que um cálculo de valor elevado judicial, são atualizáveis como qualquer outro
não significa necessariamente tratar-se de um débito resultante de decisão judicial, nos moldes
processo complexo, sendo a recíproca igualmente da Lei 6.899/81, mas não sofrem a incidência
verdadeira, há que se reconhecer que o montante de juros de mora. Inteligência do Precedente n°
apurado acaba por influenciar o valor dos honorários. 198 da SDI/TST (TRT 3.a R. - 2T - AP/3442/01
(RO/4470/96) - Rei. Juíza Alice Monteiro de
De toda forma, o Juiz não está obrigado a Barros - DJMG 22/082001, P. 21).
homologar o valor de honorários pretendido pelo perito
e, tampouco, submetido às tabelas de honorários
editadas por associações de peritos ou conselhos Além de não incidirem juros na atualização dos
profissionais, ainda que se possa argumentar que honorários periciais, também esses não estão sujeitos
essas, em regra, são elaboradas a partir de critérios à contribuição previdenciária, de acordo com o que
objetivos e com razoável bom senso. dispõe a Instrução Normativa nº 100/2003, do MPAS:
“Os honorários periciais pagos aos peritos judiciais
É importante observar que os honorários não caracterizam fato gerador de contribuições
periciais, em regra fixados em valores líquidos, previdenciárias, pois decorrem de serviços prestados
serão corrigidos desde a data do arbitramento à Justiça, constituindo ónus processual, para as
dos mesmos pelo Juízo da Execução. Todavia, partes que os suportam”.
essa atualização restringe-se à aplicação da
correção monetária, não incidindo juros de Por outro lado, no que diz respeito ao Imposto de
mora, devidos apenas ao titular da ação, o Renda de Pessoa Física, os valores pagos a título de
reclamante, de acordo com o que dispõe a honorários periciais (Art. 45, inciso VIII e Art. 718
Orientação Jurisprudencial 198, da SDI-1 do do Dec. n.° 3.000/1999 e Art. 28 da Lei n.° 10.833,
TST: de 29/12/2003) não estão isentos. Em decorrência,
se os valores pagos forem iguais ou superiores a
R$ 1.434,60 (segundo a Tabela fixada pela Lei n.°
Diferentemente da correção aplicada aos 11.482, de 31 de maio de 2007, para o ano-calendário
débitos trabalhistas, que têm caráter de 2009), estarão sujeitos ao recolhimento para IRPF.
alimentar, a atualização monetária dos
honorários periciais é fixada pelo art. 1° da Lei Cabe, ainda, uma breve referência à figura do
n.° 6.899/81, aplicável a débitos resultantes de assistente Técnico, expert indicado pela parte para ser
decisões judiciais (DJ, 08.11.00).
seu observador e defender seus interesses junto ao
perito designado pelo Juízo. Quanto à remuneração
do assistente, assim se posiciona o TST: “Súmula 341.
Também é oportuna a transcrição da ementa
HONORÁRIOS PERICIAIS. ASSISTENTE TÉCNICO. A
oriunda do TRT da 3a Região acerca do mesmo tema:

56
Perícia Trabalhista

Indicação do perito assistente é faculdade da parte, de “tabu” no âmbito trabalhista. Nesse sentido,
a qual deve responder pelos respectivos honorários, não raras vezes, descontos salariais legitimamente
ainda que vencedora no objeto da perícia” (Res. TST efetuados com base em autorização expressa do
44/95, DJ, 22.03.95). empregado, eram “devolvidos” por ocasião de ação
trabalhista, por conta de alegações de coação e
outros vícios, mesmo quando comprovadamente o
36.4. Impugnação de cálculos reclamante havia se beneficiado de planos de seguro,
de saúde e outros similares.
Com a edição da Lei n.° 8.432, de 11.06.92, que deu
nova redação ao art. 797, § 1°, da CLT, a impugnação Embora não tenha relação direta com a questão,
além do art. 462, a Súmula 187, do TST, era invocada
de cálculos não pode mais se basear em
como fonte legal “subsidiária” para a pretensão de
alegações genéricas, que em épocas pretéritas
ter os descontos estornados, ao dispor: “A correção
eram suficientes para obstruir o curso normal da
monetária não incide sobre o débito do trabalhador
execução. A partir da edição do citado diploma
reclamante”.
legal, essas ações procrastinatórias passaram
a ser dificultadas, a partir da exigência que o
Muito embora o texto sumular seja bastante claro,
mesmo impõe, ou seja, que os valores objeto
uma expressiva corrente doutrinária já defendia, e
de impugnação sejam claramente delimitados e/ou
com razão, em nosso entendimento, que a aplicação
representados por contas alternativas.
deste dispositivo deveria ser feita com equidade,
mesmo quando se tratasse de débitos de cunho
Ademais, posição mais recente da Justiça do Trabalho,
eminentemente salarial, como adiantamentos e
baseada nas disposições da Lei n° 10.035/2000, vem
similares, uma vez que o débito do empregador
estabelecendo limites à impugnação a qualquer
era (e é) atualizado de forma integral, vale dizer,
tempo, como podemos perceber na Orientação
com incidência de correção monetária e juros de
Jurisprudencial abaixo transcrita:
mora. Assim, por ocasião da rescisão do contrato
de trabalho, seria justo que o empregador pudesse
atualizar essa dívida, em particular quando essa
0J EX SE-03. AGRAVO DE PETIÇÃO. AUSÊNCIA
rescisão é de iniciativa do empregado.
DE IMPUGNAÇÃO DO CÁLCULO DA PARTE
CONTRÁRIA. Após a Lei n.° 10.035/00 (DOU 26-
Contudo, a Súmula abaixo transcrita parece ter
10-00), sendo intimada e não se manifestando
restabelecido o bom senso:
sobre os cálculos da adversa, ocorre preclusão.
Sem divergência. APROVADA. (RA/SE 1/2004.
DJPR 14.05.04)
Súmula 342. DESCONTOS SALARIAIS.
LEGALIDADE. Descontos salariais efetuados
pelo empregador, com a autorização prévia e
36.5. Descontos salariais por escrito do empregado, para ser integrado
em planos de assistência odontológica, médico-
Tendo por base as disposições do art. 462, da hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou
CLT, que veda ao empregador efetuar qualquer de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-
desconto do empregado, salvo quando resultar de associativa de seus trabalhadores, em seu
adiantamentos, de dispositivo da lei ou de contrato benefício, e de seus dependentes, não afrontam
coletivo, a questão que envolve o desconto salarial, o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar
demonstrada a existência de coação ou outro
durante muito tempo, foi tratada como uma espécie

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Perícia Trabalhista

defeito que vicie o ato jurídico. (Res. TST 47/94, OLIVA, CCG. Cálculos de liquidação de sentença
DJ, 20.04.95) no processo de execução trabalhista, São Paulo:
LTR, 2013.

O bom senso a que nos referimos está igualmente ORNELAS, MMG. Perícia Contábil. 5ª ed. São
estampado na ementa abaixo: Paulo, Atlas, 2011.

PONT, JV. Cálculos Judiciais Trabalhistas


DESCONTOS SALARIAIS. SEGURO DE VIDA (Teoria e Prática). 13ª ed. rev. e atual. Curitiba: Rosa
E CONVÉNIO ODONTOLÓGICO. AUTORIZAÇÃO Negra, 2010.
DO EMPREGADO. INCIDÊNCIA DOS TERMOS
DA SÚMULA N.° 342, DO C. TST. Os descontos Rocha, GM. Cálculos Trabalhistas para rotinas,
salariais efetuados pelo empregador neste caso
liquidação de sentenças e atualização de débitos
concreto, em que cotam autorização prévia e por
judiciais, 5ª ed. rev. atual., Porto Alegre: Livraria do
escrito do empregado, não afrontam o disposto
Advogado, 2014.
no art. 462, da CLT, salvo se, como anotado na
Súmula n.° 342, do C. TST, for provado algum
Santos, José Aparecido dos, Curso de Cálculos de
defeito que vicie o ato. Não há que se falar em
liquidação trabalhista. 2ª ed., 3ª. reimpr., Curitiba:
ofensa ao art. 462, da CLT, visto não ter sido
Juruá, 2011.
demonstrada a existência de qualquer vício de
consentimento. Recurso patronal provido para
excluir a condenação relativa à devolução dos
descontos efetuados nos salários do autor a
título de seguro de vida e convénio odontológico
Sites para atualização de índices e possíveis
(TRT-PR-00511 -2007-073-09-00=7-ACO-04271 consultas:
-2009-4.3 TURMA. Relator: Sueli Gil El-Raflhi.
Publicado no DJPR em 10.02.2009). www.receita.fazenda.gov.br

www.mpas.gov.br

37. Referências bibliográficas www.mte.gov.br

ALBERTO, VLP. Perícia Contábil. 4ª ed. São Paulo: www.tst.gov.br


Atlas, 2007.
www.caixa.gov.br
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação
das Leis do Trabalho. 33ª ed. São Paulo: Saraiva, www.trt4.gov.br
2008.
www.abrh/rs.com.br
LOPES DE SÁ, A. Perícia Contábil. 10ª ed. São
Paulo: Atlas, 2011. www.esocial.gov.br

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