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Perícia Trabalhista
Profª. Márcia de Souza Montanholi
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Perícia Trabalhista
4. Período Trabalhado
5. Prescrição
6. Sentença de liquidação
6.1. Liquidação por cálculos
Sumário 6.2. Liquidação por arbitramento
6.3. Liquidação por artigos
7. Oficina de cálculos
8. Remuneração e Salário
8.1. Salário
8.2. Salário mínimo
8.3. Salário mínimo regional
8.4. Salário-base
8.5. Piso salarial
8.6. Salário profissional
8.7. Salário normativo
8.8. Remuneração (formação da base de cálculo)
8.9. Salário-utilidade ou in natura
8.10. Reflexo no salário rural, caso seja fornecida
moradia sem o contrato da habitação
9. Jornada de Trabalho
9.1. Salário-hora e jornada mensal
9.2. Regime de Sobreaviso
9.3. Banco de horas
9.4. Abono
9.5. Diárias e ajuda de custo
9.6. Gorjetas
9.7. Comissões
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16. Férias
16.1. Férias proporcionais
16.2. Férias indenizadas na rescisão do contrato de trabalho
16.3. Remuneração das férias
16.4. Um terço (1/3) constitucional
16.5. Abono pecuniário de férias
16.6. Fórmulas de cálculos
20. Auxílio-alimentação
21. Vale-transporte
22. Salário-família
22.1. Fórmula de cálculo
23. Salário-maternidade
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28. Seguro-desemprego
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Vamos iniciar nossa disciplina, falando um pouco da O Tribunal Superior do Trabalho é o Órgão máximo
Justiça do Trabalho, como é o seu funcionamento, sua da Justiça do Trabalho e na maior parte das vezes decide
estrutura, e também conhecer um pouco do processo em grau de recurso questões relacionadas à matéria
trabalhista, como ele se inicia e como tramita dentro de direito, que possam acarretar violação à legislação
do Tribunal Regional do Trabalho. Federal ou que representem divergência jurisprudencial
entre os tribunais.
1. Estrutura da Justiça do
Trabalho: 2. Noções de Processo do Tra-
balho
De forma bem objetiva, vamos apresentar diversas
fases de uma demanda trabalhista típica, desde o
ajuizamento da petição inicial até a expropriação de
bens para satisfação do crédito reconhecido.
Segundo grau – Tribunais Regionais do Trabalho. O Juiz não pode deferir além do pedido e é por
tal motivo que o conteúdo da petição inicial muitas
Os TRTs podem ser divididos em turmas e seções
vezes pode ser importante para interpretar o que foi
especializadas. decidido e o que deve ser calculado.
O TRT da 9ª Região, por exemplo, é composto Resposta – o reclamado (ou réu) pode contestar
atualmente por cinco turmas e uma seção especializada. o pedido, como também reconhecer em parte ou
Esta seção é responsável pelo julgamento dos recursos integralmente o alegado na inicial. Pode ainda
incidentes sobre a execução. apresentar uma nova demanda proposta pela
reclamada em face do reclamante.
Terceiro grau: Tribunal Superior do Trabalho, também
dividida em turmas e seções especializadas. No processo do trabalho a resposta do réu é
apresentada na primeira audiência, que pode ser
As Varas Trabalhistas acolhem a demanda trabalhista “una”, ou seja, em que se produz de imediato toda a
típica, um trabalhador que formula um pedido condenatório prova necessária, com encerramento da instrução e,
em face de um tomador de serviços, que passa pelos demais muitas vezes, a prolação da sentença.
graus de jurisdição em caso de interposição de recurso.
Instrução processual – após a contestação as
Os Tribunais Regionais do Trabalho possuem como mais partes oferecem os elementos de prova que entendam
frequente atribuição o julgamento dos recursos interpostos necessários para demonstrar a veracidade de suas
contra as decisões proferidas pelas Varas do Trabalho. alegações. Cabe aqui uma distinção: podem existir
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controvérsias (dissensões entre as partes) no que se Assim, primeiro os julgadores “conhecem” ou “não
refere a fatos ou apenas à interpretação jurídica dos conhecem” o recurso interposto, o que na primeira
fatos. No primeiro caso, diz-se que há “matéria de hipótese significa que foram observadas todos os
fato” e no segundo que se trata de “matéria de direito”. requisitos do recurso, o que está apto para análise.
Na instrução são oferecidos apenas os elementos de Na segunda hipótese, nem se analisará o mérito do
recurso. Caso se “conheça” do recurso, passa-se
prova relacionados com matéria de fato
imediatamente ao julgamento do mérito, ou seja, das
alegações do recorrente.
A instrução no processo do trabalho, quase
sempre consiste na tomada do depoimento das partes
Processo de conhecimento – Fase no terceiro
em audiência e na inquirição de testemunhas (cujos
grau
depoimentos são registrados em ata), mas também
podem ser realizados outros tipos de prova, como Da decisão da turma do tribunal cabe o “recurso
a prova pericial (contábil, de insalubridade e/ou de revista”, caso o recorrente ofereça demonstração
periculosidade). de que há divergência com relação a acórdão daquele
ou de outro tribunal ou ainda em relação a acórdão da
Sentença – todo o processo de conhecimento Seção Especializada em Dissídios Individuais do TST.
trabalhista visa à prolação de uma sentença pelo Juiz
do Trabalho. O Juízo, diante do pedido formulado na Esse recurso é apreciado por Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, e o processamento é similar ao
inicial, aprecia os fundamentos e as provas oferecidas
do recurso ordinário, ou seja: o recurso de revista é
por ambas as partes e profere uma decisão.
submetido a parecer do Ministério Público, depois é
distribuído a relator e revisor e julgado por uma das
Processo de Conhecimento – Fase no
Turmas.
segundo grau:
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elaborados das mais distintas formas, obedecendo à Depois de enterdermos um pouco sobre o TRT
interpretação exímia da sentença. e os processos trabalhistas, vamos dar início ao
entendimento da elaboração dos cálculos, para
Ao elaborar cálculos de liquidação trabalhista, tanto, dependemos do período que serão efetuados
a primeira dúvida que surge é a possibilidade de os mesmos, envolvendo o período trabalhado pelo
interpretar a sentença, bem como o alcance e os empregado e a prescrição que será prolatada em
limites de tal interpretação. sentença.
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De acordo com os dados acima, vamos verificar quanto o empregado deveria receber a título de aviso-
prévio, férias proporcionais e 13º salário de 2002, já que o aviso-prévio deverá compor o tempo de serviço
para os cálculos.
Aviso-prévio Salário-Base R$ Dias Devido R$
Mês/Ano Dez/02 1.000,00 20 666,66
Jan/03 1.200,00 10 400,00
Valor Devido 1.066,66
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fins de prova junto à Previdência Social (red. art., Em termos práticos, a prescrição constitui-se em
inc. e §, L. 9.658/98). salvaguarda do empregador, porquanto este está
livre de qualquer ônus financeiro no período anterior
aos cinco anos do prazo revisional.
Até 04.10.1988, com base na antiga redação do
art. 11 da CLT, o período revisional era de dois anos, Exemplo 1:
contados retroativamente da data do ajuizamento da
reclamação trabalhista e não do término do contrato. Admissão: 10.05.1984
Ademais, prescrevia em dois anos o direito de
pleitear em juízo a reparação de ato lesivo ao direito Demissão: 20.10.1991
do trabalhador.
Reclamatória: 20.11.1991
A partir de 05.10.1988 em diante, com base
Período revisional: 20.11.1986 (início do período não
na Constituição Federal de 88, art. 7.°, o período
prescrito e dilatado pela CF/88 até 20.10.1990 (data da
revisional foi ampliado para até cinco anos,
rescisão contratual). Perda: um ano e um mês.
contados retroativamente da data do ajuizamento
da reclamação trabalhista, e não do término do
Exemplo 2:
contrato. É importante ressaltar que permaneceu
inalterado o prazo de dois anos para proposição Admissão: 15.10.1995
da reclamação trabalhista, sob pena de prescrição.
Em se tratando de contrato de trabalho envolvendo Demissão: 25.10.2007
trabalhador rural, a reclamação trabalhista poderia
abranger todo o período trabalhado, porquanto não Reclamatória: 10.01.2008
era atingido pela prescrição. A Ementa Constitucional
n.° 28/2000 nivelou a situação do trabalhador rural Período revisional: 10.01.2003 (início do período
ao urbano, impondo-lhe as mesmas restrições em não prescrito) até 25.10.2007 (data da rescisão
relação ao período prescrito de cinco anos. contratual). Perda: dois meses e 16 dias
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6.2. Liquidação por arbitramento o credor) articular, em sua petição, aquilo que
deve ser liquidado, ou seja, indicar, um a um,
A liquidação da sentença será feita por arbitramento os diversos pontos que constituirão objeto da
quando assim houver sido determinado pela sentença quantificação, concluindo por pedir, segundo
ou ajustado pelas partes, ou quando a natureza do Leite Velho, “quantia, quantidade e qualidades
certas”. Provecta, todavia, a lição de Pontes
objeto de liquidação o exigir. Arbitramento constitui,
de Miranda no sentido de que “Se só se falou
portanto, exame ou vistoria pericial, cuja finalidade
de liquidação por artigos sem se lançarem os
reside em apurar o quantum correspondente à
artigos, não há senão a interpretação de que o
obrigação que deve ser satisfeita pelo devedor, e que
autor da ação supôs ser supérflua a articulação,
exige conhecimentos especializados de um perito de modo que, se o juiz tem dúvida a respeita dos
cuja cognição técnica ou científica foge à percepção itens tidos por implícitos, deve intimar o autor
comum. Sendo típica modalidade pericial, podem as para que preste os esclarecimentos suficientes,
partes indicar assistentes técnicos e formular quesitos, para que se prove o fato alegado, ou se provem
atendidas as disposições do CPC. os fatos alegados, a falta daria ensejo à nulidade
não cominada (PONT, 2010, p.38).
Dentre as hipóteses de liquidação por arbitramento
se insere aquela em que a sentença mesmo Por fim, a liquidação por artigos não tem por
reconhecendo o vínculo empregatício pleiteado na finalidade a produção de uma sentença condenatória,
inicial, se vê impossibilitada de fixar o valor do salário pressuposto da liquidação e da execução, mas de
a ser pago durante o período da vigência do contrato, uma sentença declaratória de uma quantia devida.
por absoluta falta de elementos nos autos. Nesse caso,
a única solução plausível estaria no arbitramento, sob
a responsabilidade de perito designado para tal. 7. Oficina de cálculos
Apresentado o laudo, as partes terão prazo (10 Estes cálculos têm por objetivo nivelar
dias) para se manifestarem sobre o mesmo, sob pena conhecimentos aritméticos básicos para que os cálculos
de preclusão. Todavia, o Juiz não ficará vinculado ao judiciais trabalhistas sejam mais bem entendidos.
laudo, podendo formar sua convicção jurídica com
Porcentual Número índice Metodologia
base em outros elementos, fatos ou circunstâncias
10% 1,10 10/100 +1
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas
20% 1,20 20/100 +1
partes, adotando o princípio da persuasão racional do
50% 1,50 50/100 +1
julgador de que trata o CPC (PONT, 2010, p.37).
100% 2,00 100/100 +1
200% 3,00 200/100 + 1
1.000% 11,00 1000/100 +1
6.3. Liquidação por artigos
a) Cálculo de variação porcentual
A opção pela liquidação por artigos se dará quando
houver necessidade de alegar ou provar fatos novos,
(61,21% de R$ 3.000,00) = 3.000 x 0,6121 = R$
com o objetivo de quantificar o valor da condenação,
1.836,30
ou ainda de individualizar o seu objeto.
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Adição de 2 porcentuais: transformar em coeficientes e multiplicar um pelo outro: 20% + 50% → 1,20
x 1,50 = 1,80 = 80%
Subtração de 2 porcentuais: transformar em coeficientes e dividir um pelo outro: 50% - 20% → 1,50
÷ 1,20 = 1,25 = 25%
Acumulação de porcentuais
Ano/Mês IPCA(%) Coeficiente Acumulação Coef. acumulado
01/2008 0,54% 1,0054 1,0054 x 1,00 = 1,0054
02/2008 0,49% 1,0049 1,0054 x 1,0049 = 1,0103
03/2008 0,48% 1,0048 1,0103 x 1,0048 = 1,0152
04/2008 0,55% 1,0055 1,0152 x 1,0055 = 1,0208
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que trata o art. 7º, inciso V da Contituição Federal, 8.8. Remuneração (formação da
para os empregados que não tenham piso salarial base de cálculo)
definido por lei federal, convenção ou acordo coletivo
de trabalho. A quantificação da remuneração do empregado
tem por finalidade possibilitar a apuração das horas
O Salário Mínimo Regional não pode ser extras, 13° salário, férias, diferenças salariais e
confundido com o Salário Mínimo Nacional, uma vez verbas rescisórias.
que este continuará sendo fixado por lei Federal,
nacionalmente unificado, servindo de piso salarial Sua previsão legal está assegurada no art. 457, da
nos estados nos quais não há o piso regional. CLT, que dispõe:
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Gratificação de chefia (5% s/ básico) R$ 23,25 de trabalho para a prestação dos respectivos
serviços.
Gratificação de tempo
de serviço (1,0 % a.a) R$ 46,50
- educação em estabelecimento de ensino
Remuneração R$ 534,75 próprio ou de terceiros, compreendendo os
valores relativos à matrícula, mensalidade,
Carga horária: 220 horas/mês
anuidade, livros e material didático.
- vestuário, equipamentos e outros acessórios A Súmula 367 do TST tem a seguinte redação
fornecidos ao empregado e utilizados no local sobre salário in natura:
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É muito comum também a jornada mensal de 180 Na hora do cálculo, a rigor, não se aplica o §1º
horas, que corresponde a seis horas diárias, assim do art. 73 da CLT – a hora do trabalho noturno será
como a de 120 horas, correspondentes a cinco horas computada como de 52’ e 30’. Para o cálculo da hora
diárias, e outras que devem estar convencionadas de sobreaviso, só se na sentença vier determinado.
nas normas coletivas da categoria do empregado.
Seu cálculo deve ser desdobrado em duas partes:
Quase todas as abordagens exemplificativas têm na primeira, apura-se o número de horas destinadas
como parâmetro a jornada de 220 horas. ao sobreaviso e, na segunda, o valor devido a esse
título.
É utilizado como divisor, o número decimal 7,33,
equivalente a 07h20min, porque as máquinas de
calcular estão reguladas para o sistema numérico
decimal, diferentemente do sistema horário.
9.3. Banco de horas
Os meses não têm o mesmo número de dias, e Por meio de acordo ou convenção coletiva, as
os dias da semana, em relação aos dias do mês, são empresas poderão deixar de pagar horas extras por
variáveis; foi elaborada a seguinte jornada mensal um período de até um ano (12 meses), desde que
em relação às horas trabalhadas, apenas para não deixe de fazer a compensação, e que esta não
exemplificar a jornada legal de 220 horas: exceda o limite máximo de 10 horas diárias e 44
horas semanais.
24 dias = quatro semanas (44h) de seis dias úteis
= 176h A lei faculta a compensação de horários e a
redução da jornada mediante acordo ou convenção
+ quatro domingos (RSR) x 7,33h = 29,32h
coletiva de trabalho, consentindo que o empregador
opte por outro horário alternativo, desde que este
+ dois dias x 7,33h = 14,67h
não ultrapasse duas horas suplementares diárias,
30 dias = 220 h perfazendo no máximo 10 horas diárias e 44 semanais.
9.2. Regime de Sobreaviso pouca atividade das empresas, haja uma redução
da jornada sem reduzir os salários dos empregados,
O regime de sobreaviso nada mais é do que a ficando um crédito em horas para os períodos em
permanência em casa, no aguardo de chamado para que a atividade acelerar, ou vice-versa.
o serviço. Cada escala de sobreaviso corresponderá
ao máximo de 24 horas, sendo que as horas de Se o sistema for implantado em um período
sobreaviso serão contadas à razão de 1/3 do valor de muita atividade, a jornada aumentada será
hora. Sua definição encontra-se no art. 244, § 2º da compensada com folgas ou redução em outra época,
CLT. desde que dentro do período de um ano.
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Perícia Trabalhista
Por fim, a gorjeta, para ser integrada à abordagens anteriores, cuja jornada diária observada
remuneração, deverá ser especificada junto com o era de 7h20min.
salário pela estimativa de seu valor, de acordo com o
disposto no § l.°do art. 29, da CLT. A jornada diária poderá ser acrescida de, no
máximo, duas horas, mediante contrato escrito entre
as partes ou acordo coletivo da categoria, devendo
9.7. Comissões o empregador pagar, obrigatoriamente, como horas
extras as horas trabalhadas que excederem a jornada
Comissão é um percentual calculado sobre o normal.
montante da venda de um bem ou serviço e que,
sendo habituais, passam a integrar a remuneração Nos casos de compensação de horário, não poderá
ser ultrapassado o limite de duas horas diárias
para todos os efeitos legais, repercutindo em “RSR”,
suplementares, sob pena de pagar o adicional sobre
férias, 13° salário, aviso-prévio etc.
o tempo excedente.
A apuração das comissões, entretanto, nem
Não serão descontadas nem computadas como
sempre é feita de forma transparente, sendo comum
jornada extraordinária as variações de horário no
a discriminação, no contracheque, apenas do valor
registro do ponto, as quais não excederem cinco
relativo ao salário-base convencional, vez que a
minutos, observando-se o limite máximo de dez
parcela relativa às comissões ou é lançada a menor,
minutos diários (§ 1º do art. 58 da CLT, com redação
ou simplesmente é paga “por fora”, vale dizer, não
da Lei 10.243/01).
integrando a remuneração, com nítidos prejuízos à
previdência, ao FGTS e ao erário público.
Também são considerados horas extras o tempo
de intervalo obrigatório intrajornada para refeição e
Nessas ocasiões, a sentença pode fixar outros
repouso e o período mínimo legal entre duas jornadas,
parâmetros.
quando não respeitados; as horas de percurso ou
in itinere, quando ultrapassarem a jornada legal;
e ainda as horas noturnas excedentes quando da
10. Hora Extra inobservância do horário reduzido.
A duração do trabalho, para a maioria dos Uma corrente sustenta que a referência às
trabalhadores, é de oito horas diárias e 44 horas horas extras tem relação com o número de horas
semanais, conforme art. 7º , XIII, da CF/88. Para a trabalhadas além da jornada normal, e não com o
contagem da quantidade de horas trabalhadas na valor dessas horas e que, portanto, todos os adicionais
jornada de 220 horas mensais são, efetivamente, de natureza salarial seriam calculados sobre o valor
consideradas as oito horas de segunda a sexta da hora normal para evitar o efeito cascata: adicional
e quatro horas aos sábados, diferentemente das sobre adicional. Já a outra corrente entende que o
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Perícia Trabalhista
adicional de hora extra, deve recair sobre o valor da 30 dias = 75 horas extras mensais (já com integração
hora normal, já acrescida das parcelas de natureza no RSR).
salarial.
Pode acontecer de o horário não extrapolar as
Hoje, em razão das fundamentações jurídicas horas normais diárias, mas extrapolar o horário
encontradas nos enunciados do TST, essa questão normal semanal, limitado pelo art. 7o, XIII, da CF/88.
está praticamente superada, especialmente pelo Assim, por exemplo, o empregado que trabalha de
estabelecido na Súmula 264 e pela nova redação da segunda-feira a sábado durante 8 horas diárias,
Orientação Jurisprudencial nº 47 da SDI (Seção de trabalha 48 horas semanais, já que:
Dissídios Individuais), nos seguintes termos: “A base
de cálculo da hora extra é o resultado da soma do Seis dias x 8h = 48h.
salário contratual mais o adicional de insalubridade
Subtraindo-se das 48h trabalhadas as 44h normais,
[...]”, que vem corroborar a segunda interpretação.
têm-se quatro horas extras semanais.
Das 6h às 18h = 12h trabalhadas diminuir 1h30min 40 horas extras mensais + 8 horas RSR =
de intervalo = 10h30min diminuir 8h da jornada
normal = 2h30min de horas extras 2,5 horas extras x 48 horas (total de horas extras no mês)
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Perícia Trabalhista
Outra fórmula bastante utilizada para encontrar Obtém-se o valor de hora extra, somando-se
a média mensal é a multiplicação do número de o valor da hora normal ao adicional sobre a hora
horas extras semanais pelo número de semanas suplementar trabalhada, de forma que, multiplicando-
que compõem o mês. Para efeito desse cálculo, o se o número de horas extras trabalhadas no período
mês possui 4,2857 semanas (30 dias do mês ÷ 7 pelo valor da hora, mais o adicional estabelecido,
dias da semana). Assim, a média de horas extras resulte no montante do valor de horas extras no
mensais de um trabalhador que cumpra quatro horas período. A hora extra é composta do salário-base ou
suplementares na semana, multiplicado por 4,2857 contratual, acrescido de todas as parcelas salariais e
semanas, é igual a 17,14 horas. adicionais previstos em lei, acordos, convenções ou
outros instrumentos normativos.
Seu valor é obtido multiplicando-se o salário-hora
pelo percentual estabelecido. A percentagem mínima
do adicional de hora extra, conforme o art. 7o, XVI, da 10.3.3. Formas de cálculos
CF/88, é de 50% sobre o valor da hora normal e de
100% nas horas extras trabalhadas em domingos e Valor da hora extra:
feriados, embora existam percentuais diferenciados,
estipulados em dissídios e convenções coletivas de Salário-hora + Adicional de 50%
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Perícia Trabalhista
Nº horas extras no mês x valor-hora normal + 50% do período trabalhado, se for inferior a um ano.
50%
Para efeito de valor, apura-se a média de horas
Salário Mensal x 1,5 220h x número de horas extras trabalhadas considerando o período do ano
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Perícia Trabalhista
10.4.4. Fórmula prática para Essa vantagem, porém, não tem sido concedida pela
encontrar o reflexo sobre o RSR jurisprudência, se o empregado teve seu descanso
em outro dia da semana, porque a CF/88 prevê o
Considerando que o mês teve 25 dias úteis e cinco descanso semanal remunerado preferencialmente
dias entre domingos e feriados e que um trabalhador aos domingos, mas não obrigatoriamente.
laborou duas horas extras por dia, os cálculos são os
seguintes: O pagamento do trabalho aos domingos e feriados
é remunerado com acréscimo de 100%, ou seja, o
2 horas extras diárias x 5 domingos = 10h RSR valor do RSR acaba sendo triplo, porque os dias de
Total de horas extras efetivamente trabalhadas no repouso já estão incluídos na remuneração mensal.
mês = 50h 25 dias úteis x 5 dias domingos e feriados Existe jurisprudência sobre o assunto (Súmula 146
= 10 horas (reflexo sobre RSR) 50x5-25 = 10 horas do TST).
s/RSR
Na forma do art. 6o da Lei 605/49, regulamentado
Para obter o valor: Valor da hora extra x 10h de pelo art. 11 do Decreto 27.048/49, só será devido o
reflexo RSR Valor das horas extras trabalhadas no repouso quando o empregado cumprir toda a jornada
mês - 25 dias úteis x 5 domingos e feriados correspondente; se houver falta injustificada durante
a semana, não será devido o pagamento do RSR.
Há controvérsias quanto a esse entendimento, mas
decisões têm sido favoráveis ao desconto, no sentido
11. Repouso Semanal
de que não há perda do direito ao dia de folga, mas
Remunerado - RSR da remuneração a ele correspondente.
É um direito constitucional, previsto no art. De acordo com a Súmula 172 do TST, no cálculo do
67 da CLT, que assegura a todo empregado RSR são computadas as horas extras habitualmente
um repouso semanal remunerado de 24 horas, prestadas (ver item - Reflexos de Horas Extras).
preferencialmente aos domingos, embora abranja
também os dias feriados, civis e religiosos, conforme
o art. 70 da CLT. 11.1. Formas e fórmulas de cálculos
para o RSR
O valor do RSR corresponde a uma diária da
remuneração, incluídas as horas extras, gratificações, Empregado que recebe por mês quando
gorjetas e adicionais. Via de regra, na remuneração o valor relativo aos RSR não foi incluído na
de quem recebe por mês, quinzena ou semana, já remuneração: divide-se o valor do salário mensal
está incluído o pagamento dos RSR. pelo número de dias úteis do mês e multiplica-se pelo
número de dias de repousos existentes no respectivo
Nas atividades em que não for possível, em virtude
mês, da seguinte maneira:
das exigências técnicas das empresas, a suspensão
do trabalho, nos dias feriados civis e religiosos e 30 dias - 6 dias (domingos e feriados) = 24 dias
quando o empregado não tiver, ao menos, um dia úteis
de descanso na semana, fará jus ao recebimento
do RSR de forma dobrada: um pagamento porque RSR = Salário R$ 1.200,00 ÷ 24 = R$ 50,00
a ele faz jus sem trabalhar (geralmente incluído
na remuneração mensal); outro, porque trabalhou. RSR Mensal = R$ 50,00 x 6 = R$ 300,00
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Perícia Trabalhista
Esse valor também pode ser obtido por meio de RSR do Professor que recebe por hora-aula:
um percentual, utilizando a seguinte fórmula: um caso particular de remuneração do repouso é o do
professor que recebe por hora-aula. Segundo a Súmula
RSR = 30 dias - 6 dias (domingos e feriados) = 24 351 do TST e o art. 320 da CLT, o professor que recebe
dias (24%) o salário mensal com base em horas-aula tem direito
ao acréscimo de 1/6 a título de RSR, considerando-se,
6 dias repouso ÷ 24% = 25 (25%)
para esse fim, o mês com quatro semanas e meia. Os
dias feriados não são considerados neste cálculo.
RSR Mensal = Salário R$ 1.200,00 x 25% = R$
300,00
Valor da hora-aula = R$ 45,00
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Perícia Trabalhista
A duração legal da hora noturna, de 52 minutos que o trabalhador obtém com a hora reduzida, tem-
e 30 segundos, é uma ficção jurídica que deve se:
ser levada em consideração no cálculo das horas
noturnas, constituindo vantagem suplementar, sem A hora normal tem 3.600 segundos (60 x 60”)
dispensar o adicional sobre as mesmas.
A hora noturna tem 3.150” (52’ x 60” + 30”)
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Perícia Trabalhista
Nº de horas noturnas semanais: 3,4285 diárias x Horas noturnas mensais quando variáveis:
4 dias = 13,71
Somam-se as horas noturnas trabalhadas no mês,
Nº de horas noturnas mensal: 13,71 semanais x dividindo-as pelos dias úteis e multiplicando por 30
4,285714* = 58,76 (sistema decimal) (incluídos os RSR).
Nº de horas noturnas mensal: 58:45 horas Adicional noturno é o acréscimo sobre as horas
(sistema horário) noturnas trabalhadas. O valor do adicional é
25
Perícia Trabalhista
b) Encontrado o valor da hora noturna, multiplicar 1,50 x 1,20 x 1,142857 = 2,05714 ou 105,71%
pela quantidade de horas noturnas trabalhadas e em
7 horas x R$ 10,00 x 2,05714 = R$ 144,00
relação a estas, no caso de trabalhador urbano,
deve ter sido feita a equivalência entre horas
Ou 7 horas x R$ 10,00 + 105,71% = R$ 144,00
normais e reduzidas:
26
Perícia Trabalhista
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Perícia Trabalhista
O empregado que trabalha em condições de O décimo terceiro salário é constituído, além do salário
periculosidade recebe um adicional de 30% sobre o contratual, as horas extras habitualmente prestadas, os
salário contratual, não incidindo esse percentual sobre adicionais, as gratificações, enfim, todas as parcelas de
outros adicionais, ou sobre gratificações, prêmios e natureza salarial pelo seu duodécimo.
participação nos lucros da empresa.
Poderá ser requerido pelo empregado adiantamento
E importante salientar que o adicional de da primeira parcela do décimo terceiro, por concessão das
periculosidade é de 30% sobre o salário-base. férias, desde que solicitado por escrito no mês de janeiro.
28
Perícia Trabalhista
em dezembro fará jus a 3/12 de décimo terceiro; Salário Variável do empregado admitido em
o que foi admitido em cinco de janeiro, tendo 12/08/2008
rescindido o contrato em 18 de abril (computado
(três meses até outubro)
o aviso-prévio), perceberá 4/12 a título de décimo
salário, e o empregado que teve seu contrato
Agosto .............. R$ 400,00
vigorando de janeiro a dezembro, mas em maio
faltou injustificadamente por 18 dias, fará jus a Setembro........ R$ 500,00
11/12 de décimo salário.
Outubro ............ R$ 500,00
13º proporcional = remuneração mensal ÷12
meses X nº de meses trabalhados. Total ................. R$ 1.400,00
29
Perícia Trabalhista
Existem salários compostos de parte variável e Diferença a receber até 10 de janeiro = R$ 516,66
parte fixa; nesses casos, utilizam-se os dois critérios: - R$ 500,00 = R$ 16,66.
para a parte variável, procura-se a média dos
meses trabalhados, divide-se por 12 e multiplica-
16. Férias
se pelo número de meses trabalhados, dividindo-se
o resultado por dois; para a parte fixa, encontra- A cada 12 meses de vigência do contrato de
se 1/12 do salário de dezembro, multiplica-se pelo trabalho (período aquisitivo), o empregado tem
número de meses trabalhados, dividindo-se por direito a um período de férias com, pelo menos, um
dois, ou simplesmente, 50% do salário de dezembro terço (1/3) a mais da remuneração, dentro do período
quando o empregado trabalhou desde janeiro. concessivo (12 meses após o período aquisitivo). O
período de gozo de férias é de 30 dias, sem prejuízo
da remuneração, na seguinte proporção:
15.4.1. Formas e fórmulas de • 30 (trinta) dias corridos, quando não houver
cálculos da segunda parcela faltado ao serviço mais de cinco dias.
• 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando
Empregado Mensalista que trabalhou o ano houver tido de seis a 11 (onze) faltas.
todo: • 18 (dezoito) dias corridos, quando houver
tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas.
2ª parcela do 13º Salário = Salário de
• 12 (doze) dias corridos, quando houver tido
Dezembro ÷ 2 de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas (art. 130, incisos I a IV, da CLT).
A 2ª Parcela somada à 1ª Parcela deverá totalizar injustificadas, tenham sido abonadas pela empresa.
R$ 500,00.
É vedado descontar, do período de férias, as faltas
do empregado ao serviço.
Em dezembro, a comissão desse empregado foi
de R$ 700,00.
Perderá o direito a férias o empregado que,
durante o ano (período aquisitivo):
Total recebido no ano = R$ 5.500,00 + R$ 700,00
= R$ 6.200,00
• Permanecer em licença remunerada por
Média Mensal do ano = R$ 6.200,00 ÷ 12 meses mais de 30 dias.
= R$ 516,66 • Deixar de trabalhar por mais de 30 dias,
com percepção de salários, em decorrência
Valor do 13º pago em 20 de dezembro = R$ de paralisação parcial ou total dos serviços
500,00 da empresa.
30
Perícia Trabalhista
• Pedir demissão e não for readmitido dentro Em determinados casos, as férias poderão ser
de sessenta dias subsequentes a sua saída. concedidas em dois períodos, nenhum dos quais
• Tiver recebido da Previdência Social por poderá ter menos de dez dias corridos.
acidente de trabalho ou auxílio-doença por
mais de 180 dias. 16.1. Férias proporcionais
Nos casos de regimes de trabalho a tempo parcial, O empregado terá direito a perceber o valor das
o empregado terá direito a férias após cada período férias proporcionais em todas as modalidades de
de doze meses de vigência do contrato de trabalho, rescisão do contrato de trabalho, salvo, na despedida
na seguinte proporção: por justa causa.
I - Dezoito dias, para a duração do trabalho As férias proporcionais são calculadas na base de
semanal superior a vinte e duas horas, até vinte e 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14
cinco horas. dias (computa-se como mês integral), de acordo
com a proporcionalidade estabelecida no art. 130 da
II - Dezesseis dias, para a duração do trabalho CLT.
semanal superior a vinte horas, até vinte e duas
horas. O período de aviso-prévio integra o tempo de
serviço para efeito das férias, seja trabalhado ou
III - Quatorze dias, para a duração do trabalho indenizado.
semanal superior a quinze horas, até vinte horas.
V - Dez dias, para a duração do trabalho semanal O empregado que for despedido por justa causa
superior a cinco horas, até dez horas. não terá direito a férias proporcionais. Terão direito
ao seu recebimento apenas aqueles que forem
VI - Oito dias, para a duração do trabalho semanal despedidos sem justa causa, ou aqueles cujo contrato
igual ou inferior a cinco horas. a termo se extinguir.
Na modalidade de jornada a tempo parcial, quando Em relação às férias não gozadas, o empregado
houver mais de sete faltas injustificadas durante o deverá receber indenização em qualquer tipo de
período aquisitivo, o período de férias será reduzido rescisão de contrato, sejam elas simples, quando
pela metade (art. 130-A da CLT). dentro do período aquisitivo, ou em dobro, no caso
de já ter ultrapassado o período aquisitivo, ou seja,
O período de férias será computado, para todos os mais de 12 meses após o período aquisitivo.
efeitos, como tempo de serviço.
16.3. Remuneração das férias
A lei faculta ao empregador o direito de marcar
a época das férias aos empregados, desde que esse O pagamento das férias deve ser acrescido de um
período concessivo não ultrapasse o limite de doze terço (1/3) sobre a remuneração normal, conforme
meses subsequentes à data da aquisição. Após esse disposto no inciso XVII do art. 7º da CF/88. Todas as
prazo, o pagamento das férias deverá ser pago em verbas constantes do salário integram o cálculo para
dobro. o pagamento das férias.
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Perícia Trabalhista
O cálculo do valor das férias é facilitado, já que o das férias já acrescidas de um terço, conforme
art. 142 da CLT diz que a remuneração será a da data previsto no art. 143 da CLT.
da concessão, e a Súmula 7 do TST dispõe que a
indenização pelo não deferimento das férias no tempo Por exemplo: um empregado com direito a férias
oportuno será calculada com base na remuneração de 30 dias poderá optar entre descansar todo o
devida ao empregado à época da reclamação ou, se período ou, no caso de requerer o abono pecuniário,
for o caso, a da extinção do contrato. Assim, não é descansar durante apenas 20 dias, devendo
necessário calcular o valor sobre a remuneração da trabalhar os outros 10 dias, pelos quais receberá o
época e atualizá-lo. valor correspondente ao salário dos 10 dias, mais o
adicional de um terço, o chamado Abono Pecuniário
Se o empregador demorar dois anos para conceder de Férias.
as férias ao empregado, ele pagará com o salário da
época da concessão. Em caso de rescisão, o salário O abono deverá ser requerido pelo empregado,
utilizado para o cálculo será o da rescisão. por escrito, até 15 dias antes do término do período
aquisitivo. O pagamento do abono em questão
Quando o salário for variável ou por tarefa, será
deverá ser discriminado no recibo de férias e pago
feita a média do período aquisitivo; quando o salário
na mesma ocasião. Já o saldo dos dias trabalhados
for por percentagem ou comissão, será apurada a
deverá ser pago junto com a folha de pagamento do
média percebida pelo empregado no período de
mês competente.
aquisição do período de férias. Para obter o valor das
férias integrais, acrescenta-se um terço ao salário da
época da concessão ou da indenização.
16.6. Fórmulas de cálculos
Para obter o valor das férias proporcionais, toma-
se a remuneração mensal da época do pagamento Férias Integrais = Remuneração Mensal
(geralmente rescisão), divide-se por doze e multiplica- +1/3
se pelo número de meses trabalhados inteiros, ou em
fração igual ou superior a 15 dias, e acrescenta-se Férias Proporcionais = Remuneração ÷ 12 x (nº
um terço. meses trabalhados) + 1/3.
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Perícia Trabalhista
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Perícia Trabalhista
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Perícia Trabalhista
É um benefício da Previdência Social con adotadas neste estudo sobre verbas salariais, fica
bem claro que o adicional se refere ao salário-base
cedido a toda gestante e mães adotivas seguradas,
mais as parcelas de natureza salarial.
inclusive empregada doméstica e trabalhadora avulsa.
É pago pelo INSS pelo período de 120 dias, durante
a licença-maternidade, através da rede bancária
conveniada ou empresa à segurada, com a devida 26. Fundo de Garantia por
compensação do valor, conforme a Lei 10.710, de Tempo de Serviço-FGTS
5.ago.2003.
O FGTS foi instituído pela Lei 5.107/66. É um direito
O valor do salário-maternidade corresponde a constitucional direcionado aos empregados urbanos e
uma renda mensal igual à remuneração da segurada. rurais, na forma do art. 7o, III, da CF/88, disciplinado
Também é pago o 13º salário relativo ao período de pela Lei 8.036/90 e pelo Decreto 99.684/90. Todo
licença. empregado admitido a partir da Constituição de 1988
tem direito aos depósitos do FGTS, obrigatoriamente,
Durante o período de licença, o empregador assim como aqueles que por ele optaram antes da
deverá recolher o FGTS e pagar ao INSS o valor CF/88. A finalidade da criação desse benefício foi
relativo à contribuição que lhe cabe sobre o salário substituir a indenização por tempo de serviço e
da segurada. eliminar a estabilidade do empregado.
35
Perícia Trabalhista
Durante todo o período de vigência do contrato por diversas causas: pedido de dispensa, acordo,
de trabalho, deverá ser recolhido mensalmente o dispensa por justa causa, dispensa sem justa causa,
valor relativo ao FGTS, inclusive durante a dispensa término de contrato etc.
para tratamento de saúde de até 15 dias, licença por
acidente de trabalho, licença-maternidade, licença- A homologação é obrigatória no caso de
paternidade, prestação de serviço militar, férias e empregados com mais de 12 meses de serviços
demais casos de ausências remuneradas. prestados quando da rescisão do contrato. A
homologação compreende a assistência, por parte
A nova Lei Complementar 123/06, relativa do sindicato de classe do empregado ou órgão do
ao tratamento diferenciado às microempresas e Ministério do Trabalho, no ato rescisório.
empresas de pequeno porte, dispõe no seu art. 53,
inciso IV, sobre o benefício da dispensa do pagamento O pagamento das parcelas devidas a título de
das contribuições sociais instituídas pelos arts. 1o e rescisão contratual, exceto prescrição mais favorável
2o da Lei Complementar n° 110, de 29 de junho de prevista em normas coletivas, deverá obedecer ao
2001. seguinte prazo para pagamento:
• Até o primeiro dia útil imediato ao término
Os valores do FGTS que não foram recolhidos na do contrato após o cumprimento do aviso.
época devida serão calculados tomando por base o • Até o décimo dia, contado a partir da data
valor da remuneração do mês em atraso, aplicando da notificação da demissão sem aviso-
sobre esse valor o percentual de incidência e, prévio, da indenização ou dispensa do
posteriormente, corrigindo os valores por meio de seu cumprimento. Se o décimo dia
índices fornecidos pela Caixa Econômica Federal pelo recair em sábado, domingo ou feriado,
site http://www.caixa.gov.br/fgts/downl_index.asp. o vencimento será antecipado para o dia útil
imediatamente anterior.
Os recolhimentos mensais deverão ser feitos nas
agências da Caixa Econômica Federal, órgão gestor O tipo de verbas devidas na rescisão é determinado,
do FGTS, e serão efetuados por meio eletrônico. de modo geral, pelo motivo da rescisão contratual
e pelo tempo de serviço do empregado, conforme
As parcelas que integram ou não a remuneração considerações a seguir:
para efeito de incidência do FGTS estão relacionadas • Verbas devidas na dispensa por justa causa
na tabela de incidência encontrada no Anexo A.
Menos de um ano: saldo de salário; FGTS
O levantamento dos depósitos de FGTS depende mês rescisão. Mais de um ano: férias vencidas;
do tipo de rescisão do contrato e de algumas situações 1/3 sobre férias; saldo de salário; FGTS mês
específicas. rescisão.
• Verbas devidas na dispensa sem justa causa
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Perícia Trabalhista
1/3 sobre férias; saldo de salário; FGTS mês rescisão; O aviso-prévio é concedido na proporção de 30
multa 40% sobre depósitos do FGTS. dias aos empregados mensalistas que tenham até um
ano de serviço na mesma empresa e, segundo o art.
• Verbas devidas no pedido de dispensa 1o, do momento em que a relação contratual supere
pelo empregado (o empregado deverá dar um ano na mesma empresa, três dias ao tempo do
aviso-prévio ao empregador). aviso-prévio por ano trabalhado, até o máximo de 60
(sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 dias.
Menos de um ano: saldo de salário; salário-
famflia; 13° proporcional; férias proporcionais; FGTS O aviso-prévio pode ser trabalhado ou indenizado
mês rescisão. e sempre integra o tempo de serviço para todos os
efeitos legais.
Mais de um ano: saldo de salário; salário-famflia;
13° proporcional; férias vencidas; férias proporcionais; No aviso-prévio trabalhado, o empregado poderá
1/3 sobre férias; FGTS mês da rescisão. optar por cumprir a jornada diária com redução de
duas horas, ou cumprir a jornada normal e nos últimos
dias deixar de comparecer por sete dias corridos, ou
• Verbas devidas na rescisão indireta
(justa causa motivada pelo empregador). um dia no caso de receber por semana, sem prejuízo
na sua remuneração. Em relação à proporcionalidade
Menos de um ano: saldo de salário; salário- da redução da jornada, a Lei 12.506/11 em nada
família; aviso-prévio; 13° salário proporcional; férias modificou, de modo que continua em vigência a
proporcionais; 1/3 sobre férias; FGTS mês rescisão; mesma redução prevista no art. 488 da CLT.
multa 40% sobre depósitos do FGTS.
O aviso-prévio será indenizado quando uma das
Mais de um ano: saldo de salário; salário- partes resolver rescindir bruscamente o contrato,
família; aviso-prévio; 13° salário proporcional; férias não atendendo ao dispositivo legal de notificar a
proporcionais; férias vencidas; 1/3 sobre férias; FGTS outra com antecedência de 30 dias, o que implica
mês da rescisão; multa 40% sobre depósitos do FGTS. a indenização correspondente. Sendo iniciativa do
empregador a dispensa do trabalho, caberá a ele
indenizar o empregado com o valor correspondente
27.1. Aviso-prévio à remuneração do período de aviso-prévio; sendo
iniciativa do empregado, assiste ao empregador
O aviso-prévio de que trata o Capítulo VI do Título o direito de descontar esse valor por ocasião da
IV da Consolidação das Leis do Trabalho, é um quitação das verbas rescisórias.
direito essencialmente rescisório, sendo devido,
nos contratos por prazo indeterminado, a partir do O empregado faz jus ao aviso-prévio nos casos
momento em que uma das partes notifica a outra de despedida sem justa causa, rescisão indireta,
sobre a rescisão, com a antecedência mínima de 30 extinção da empresa sem força maior, falência
dias, na forma do art. 487, inciso II, da CLT, e art. 7o, ou concordata e também nos contratos por prazo
inciso XXI, da CF/88. determinado que contenham cláusula assecuratória
do direito de rescisão antecipada.
A Lei 12.506, de 11/10/2011, regulamentou o
aviso-prévio beneficiando os trabalhadores com O cálculo é direcionado para o aviso-prévio
bastante tempo de casa. indenizado, já que o trabalhado transcorre como mês
37
Perícia Trabalhista
normal, pois a redução da carga horária não altera a função dos vários planos econômicos havidos no
remuneração mensal. país, aumentou os percentuais relativos ao depósito
mensal em 0,5%, passando de 8 para 8,5%, e a multa
O pagamento do aviso-prévio trabalhado ou rescisória, em dez pontos percentuais, passando
indenizado está sujeito à contribuição para o FGTS, de 40% para 50%. No entanto, esses acréscimos
conforme Súmula 305 do TST e Instrução Normativa percentuais, devidos pelo empregador a título
nº 3, de 26.06.1996. de contribuição social, deveriam incorporar-
se ao Fundo e não seriam vinculados à conta do
O valor corresponde ao salário-base ou contratual, empregado, podendo este, se fosse o caso, vir a
acrescido de todas as parcelas salariais habituais, ser beneficiário dos créditos de complementação de
como horas extras, adicionais e gratificações, pela atualização monetária. Os valores que, efetivamente,
média dos últimos 12 meses. continuaram sendo direcionados à conta vinculada
eram de 8%, e o acréscimo rescisório, de 40%.
O aviso-prévio denominado «cumprido em casa»
nada mais é do que uma flexibilização do aviso-
prévio indenizado, durante o qual o empregado
27.3. Multa do artigo 477 da CLT
fica dispensado do trabalho pelo tempo que a ele
corresponderia, porém, seu pagamento é feito ao
O art. 477 da CLT, no § 6o, estipula prazo para
final do respectivo período.
pagamento das parcelas constantes do direito
rescisório:
• Até o primeiro dia útil imediato ao término
27.2. Acréscimo sobre o FGTS - do contrato após o cumprimento do aviso.
Multa Rescisória • Até o décimo dia, contado a partir da data da
notificação da demissão sem aviso-prévio,
O depósito mensal do FGTS não é um direito aviso-prévio indenizado ou dispensa do seu
rescisório, tampouco o levantamento, já que, cumprimento.
conforme disposto na Lei 8.036/90 e no Decreto
99.684/90, em muitos casos é facultado o saque, Se o empregador não cumprir esses prazos,
independentemente de rescisão contratual. Porém, estará sujeito a uma multa no valor de um salário do
o acréscimo sobre os depósitos corresponde a um empregado, devidamente atualizado.
direito efetivamente rescisório.
Esse artigo não especifica se se trata de salário
O acréscimo sobre o FGTS é devido pelo contratual ou deste acrescido das verbas salariais,
empregador na rescisão do contrato de trabalho, o que pode dar margem a divergências. Na prática,
dependendo do modo como se deu a rescisão. Seu porém, observa-se que é usual considerar o salário-
valor é calculado, aplicando-se uma percentagem base (contratual).
sobre o montante de todos os depósitos efetuados
na conta vinculada durante o contrato de trabalho
(conforme extrato de FGTS), inclusive sobre os 27.4. Multa do artigo 467 da CLT
depósitos já sacados, e ainda sobre os depósitos do
mês da rescisão e do mês anterior. Com a edição da Lei 10.272, de 5 de setembro de
2001, a penalidade prevista no art. 467, que exigia
A Lei Complementar nº 110, de 29.jun.2001, com o pagamento em dobro dos salários incontroversos,
a finalidade de ressarcir as perdas monetárias em passou a ser de 50% sobre a parte incontroversa.
38
Perícia Trabalhista
Essa multa é aplicada quando houver reclamatória Para efetuar o encaminhamento, é necessário que
trabalhista em que existam divergências sobre o o empregador tenha fornecido na rescisão, além do
valor das verbas rescisórias. Na data da audiência, TRCT (Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho),
o empregador é obrigado a pagar ao empregado o documento de Comunicação de Dispensa (CD) e o
a parte incontroversa das parcelas rescisórias, sob Requerimento de Seguro-Desemprego (SD).
pena de pagá-las com um acréscimo de 50%. Esse
acréscimo incidirá sobre o aviso-prévio, férias pagas O Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho,
na rescisão, 13° salário da rescisão, saldo de salários para contratos de mais de 12 meses, deverá ter sido
e 40% do FGTS.
homologado por órgão do Ministério do Trabalho ou
sindicatos.
O valor é tributável, porém não sofre dedução
previdenciária.
O benefício de seguro-desemprego será concedido
ao trabalhador desempregado por um período
máximo variável de três a cinco parcelas, de forma
28. Seguro-desemprego contínua ou alterada, a cada período aquisitivo de 16
meses, conforme segue:
O seguro-desemprego é regido, atualmente, pela
Lei 7.998/90, com alterações introduzidas pela Lei
8.900/94, e visa a promover assistência financeira
• Três parcelas, se o empregado comprovar
temporária aos trabalhadores desempregados em
vínculo empregatício de seis a 11 meses,
virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a
nos últimos 36 meses.
indireta.
• Quatro parcelas, se o empregado comprovar
O período para o trabalhador inscrito no FGTS vínculo empregatício de 12 a 23 meses, no
requerer o seguro-desemprego estende-se do 7o ao período de referência.
120° dia a partir da data da demissão, sendo que o • Cinco parcelas, se o empregado comprovar
empregado doméstico tem até 90 dias. As condições vínculo empregatício de, no mínimo, 24
exigidas para a habilitação a esse seguro são: meses, no período de referência (SANTOS,
2011, p. 400).
• Ter recebido salários consecutivos pelo Mesmo preenchendo uma das condições referidas
período de seis meses imediatos à data da
nos itens supracitados, para fazer jus ao benefício
dispensa.
é fundamental que o trabalhador permaneça em
• Ter possuído vínculo empregatício com
situação de desemprego.
pessoa jurídica ou pessoa física equiparada
à jurídica durante pelo menos seis meses,
A apuração do valor da parcela terá como base a
nos últimos 36 meses que antecederam a
média dos últimos três meses de salários recebidos
data da dispensa.
no último vínculo empregatício; se o trabalhador, em
• Não estar em gozo de benefício
previdenciário, exceto auxílio-acidente e vez dos três salários do referido vínculo, recebeu
pensão por morte. apenas dois salários, a apuração se dará pela média
• Não possuir renda própria de qualquer dos dois; ou, se houver recebido apenas um salário
natureza, suficiente para a sua manutenção integral no período, será este o considerado para
e a de sua família. cálculo do valor da parcela.
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Perícia Trabalhista
• Até R$ 1.090,43, multiplica-se o salário De acordo com o art. 545 da CLT, os empregadores
médio dos últimos três meses pelo fator 0,8 ficam obrigados a descontar, na folha de pagamento
(80%). dos seus empregados associados, desde que por eles
• Mais de R$ 1090,44 até R$ 1.817,56, aplica- devidamente autorizadas, as demais contribuições
se, até o limite do inciso anterior, a regra devidas ao sindicato, salvo quanto à contribuição
nele contida e, no que exceder, o fator 0,5 sindical cujo desconto independe dessa formalidade.
(50%), somando-se os resultados.
• Acima de R$ 1.817,56, o valor do benefício As demais contribuições que poderão ser cobradas
será R$ 1.235,91, invariavelmente. pelos sindicatos são:
• O valor da parcela não poderá ser inferior ao
salário mínimo (ROCHA, 2014, p. 76).
• Mensalidade Sindical: é devida pelo
Existem categorias especiais de trabalhadores empregado associado e descontada em folha.
que têm regulamentações diferenciadas para o • Contribuição Confederativa: a CF/88 não
recebimento do seguro-desemprego. E o caso fixa parâmetros sobre essa contribuição; em
dos pescadores artesanais, devido à singularidade decisão do STF, será devida somente pelos
decorrente da época da piracema, os quais são regidos associados.
pela Lei 8.287/91, e dos empregados domésticos, • Taxa Assistencial ou Contribuição Assistencial:
para os quais, segundo a Lei 10.208, de 23 de março é inserida pelas entidades sindicais nos
de 2001, o seguro-desemprego será concedido ao instrumentos normativos da categoria, e
empregado inscrito no FGTS que tiver trabalhado os valores deverão ser recolhidos pelos
por um período mínimo de quinze meses nos últimos empregados ou empregadores por elas
24 meses contados da dispensa sem justa causa. E representados.
o valor do benefício, quando deferido, corresponde
a três parcelas no valor de um salário mínimo cada A Lei Complementar 123/06, relativa ao tratamento
uma, chamada de imposto sindical, relativa a um dia dispensado às microempresas e empresas de pequeno
de trabalho de todos os empregados, qualquer que porte, dispõe no art. 53, inciso II, a dispensa do
seja a forma da remuneração. Considera-se um dia pagamento das contribuições sindicais de que trata
de trabalho: a Seção I do Capítulo III do Título V da Consolidação
40
Perícia Trabalhista
das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Esse benefício é
válido por até três anos-calendário.
A tributação do imposto de renda sobre os rendimentos do trabalho assalariado pago incide sobre as
verbas e os rendimentos relacionados na tabela de incidência encontrada no Anexo A deste trabalho.
O IRRF sobre a gratificação de natal (13° salário) deverá ser tributado na sua integralidade (valor da 1a e
da 2a parcelas), na época da quitação da última parcela e em separado dos demais rendimentos, por sofrer
tributação exclusiva na fonte. Da mesma forma, sofre tributação exclusiva na fonte a importância recebida
pelos trabalhadores a título de participação nos lucros, na forma da Lei 10.101/2000.
Também deve ser tributado em separado dos demais rendimentos o valor relativo às férias, acrescido do
terço constitucional, inclusive quando pago em dobro.
41
Perícia Trabalhista
42
Perícia Trabalhista
Esse limite máximo vale apenas para a contribuição § 1o A multa de que trata este artigo será
do empregado. A empresa recolhe a contribuição calculada a partir do primeiro dia subsequente
previdenciária sobre o total da folha de salários. ao do vencimento do prazo previsto para o
pagamento do tributo ou da contribuição até o
O recolhimento dos valores ao INSS se dará dia em que ocorrer o seu pagamento.
por meio de aplicativos eletrônicos disponibilizados
nos bancos conveniados ou pela Internet. Aos
recolhimentos dos valores vencidos a partir da § 2o O percentual de multa a ser aplicado
fica limitado a vinte por cento.
competência de dezembro de 2008, serão aplicados
aos valores históricos juros equivalentes à Taxa
Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de
§ 3o Sobre os débitos a que se refere este
Custódia (SELIC), aplicados desde o primeiro dia
artigo incidirão juros de mora calculados à taxa
do segundo mês subsequente ao do vencimento
a que se refere o § 3o do art. 5o da Lei 9.716/98,
do prazo previsto para o pagamento do tributo a partir do primeiro dia do mês subsequente
ou contribuição, até o último dia do mês anterior ao vencimento do prazo até o mês anterior ao
ao do pagamento, mais 1% no mês que ocorrer o do pagamento e de um por cento no mês de
pagamento, e de multa de mora, calculada à taxa de pagamento.
0,33% por dia de atraso, limitada ao percentual de
20%, conforme dispõe a Lei 8.212/91, art. 35:
A tabela vigente a partir de 1º de janeiro de
2013, até o próximo aumento do salário mínimo,
Os débitos com a União decorrentes das para segurados empregados, inclusive domésticos e
contribuições sociais previstas nas alíneas a, trabalhadores avulsos, é a seguinte:
b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das
contribuições instituídas a título de substituição Salário de Alíquota para fins de
contribuição (R$) recolhimento ao INSS (%)
e das contribuições devidas a terceiros, assim
Até R$ 1.247,70 8,00
entendidas outras entidades e fundos, não De R$ 1.247,71 a 9,00
pagos nos prazos previstos em legislação, serão R$ 2.079,50 11,00
acrescidos de multa de mora e juros de mora, De R$ 2.079,51 a
R$ 4.159,00
nos termos do art. 61 da Lei n° 9.430, de 27 de
Fonte: http://www.previdencia.gov.br/tabela-de-contribuio-
dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei n° mensal/.
11.941, de 2009).
43
Perícia Trabalhista
• De acordo com a relação de atividades em receita bruta anual inferior ao teto estipulado para
que estão enquadradas na Classificação enquadramento no Simples Nacional.
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
• De acordo com os percentuais previdenciários
(empresas geralmente 20%, bancos 22,5%)
e de terceiros, estabelecidos pelos códigos
30. Empregados domésticos
FPAS (Fundo de Previdência e Assistência
Esse tipo de vínculo empregatício tem
Social).
características próprias, merecendo, por isso, uma
• De acordo com o enquadramento no Risco
abordagem especial.
Ambiental do Trabalho - RAT (1%, 2% ou
3%). Com a aprovação da Emenda Constitucional n°
72, que ocorreu em 02/04/2013, os trabalhadores
Sendo pessoa física, o empregador contribui com
domésticos passaram a ter novos direitos que se
a alíquota de 12% sobre o salário de contribuição
incorporaram aos outros anteriormente previstos
do empregado. No caso específico do produtor rural,
na Lei 5.859/72, em outras Leis e na própria
o empregador contribui sobre as verbas incidentes
Constituição. Alguns direitos aprovados independem
da folha de pagamento com a alíquota de 2,7%,
de regulamentação e, por este motivo, entraram em
somente a título de terceiros (outras entidades),
vigor imediatamente. Outros ainda dependem de
porque sua contribuição previdenciária se dá através
regulamentação, o que deve ocorrer com a publicação
de uma percentagem sobre a comercialização de seus
de uma lei específica, cujo projeto está em discussão
produtos. Deve, porém, descontar e recolher ao INSS
no Congresso Nacional.
as contribuições dos empregados ou contribuintes
individuais que lhe prestem serviços, nos mesmos É considerado empregado doméstico aquele que
prazos e segundo as mesmas normas aplicadas às presta serviço de natureza contínua a pessoa ou
empresas em geral. família, no âmbito residencial desta, em atividades
sem fins lucrativos ou de natureza não econômica.
As obrigações da empresa, em relação aos
Assim, motorista particular, jardineiro, passadeira,
contribuintes individuais que lhe prestam serviço, são
cozinheira, arrumadeira, babá, enfermeira particular,
abordadas no capítulo seguinte.
dama de companhia, governanta etc. estão incluídos
nessa categoria, desde que trabalhem, em caráter
As empresas cadastradas no SIMPLES estão
continuado, em uma residência.
isentas da contribuição patronal ao INSS, sendo
obrigadas apenas ao recolhimento da contribuição
Com a regulamentação da profissão, o
referente à parte dos empregados, a qual será
empregado doméstico passou à categoria de
igual ao das demais empresas, conforme art. 20, §
contribuinte obrigatório para a Previdência Social.
2o, da Lei 8.620/93.
A contribuição do empregado dependerá de sua
faixa salarial, mediante a aplicação da alíquota
A Lei Complementar 123, de 14 de dezembro
correspondente, conforme tabela em vigor. A
de 2006, estabelece normas gerais relativas ao
contribuição do empregador doméstico é de 12% do
tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado
salário de contribuição do empregado. Compete ao
às microempresas e empresas de pequeno porte,
empregador efetuar o recolhimento até o 15° dia do
no que se refere às obrigações previdenciárias e
mês subsequente.
trabalhistas, que é concedido ao empresário com
44
Perícia Trabalhista
A Lei 11.324/06 altera as Leis 9.250/95 e 5.859/72 a critério do empregador e deverá ser
e revoga o art. 5o da Lei 605/49, apresentando em concedido nos 12 meses subsequentes à
sua redação as seguintes alterações: data em que o empregado tiver adquirido
o direito (artigos 134 e 136 da CLT). O
empregado poderá requerer a conversão
O empregador doméstico poderá recolher de 1 /3 das férias em abono pecuniário
a contribuição do segurado empregado a seu (transformar em dinheiro dez dias das
serviço e a parcela a seu cargo, relativas à férias), desde que o faça até 15 dias antes
competência de novembro até o dia 20 de
do término do período aquisitivo (artigo 143
dezembro, juntamente com a contribuição
da CLT). O pagamento da remuneração das
referente ao 13° (décimo terceiro) salário,
férias será efetuado até dois dias antes do
utilizando-se de um único documento de
início do respectivo período de gozo (artigo
arrecadação.
145 da CLT).
• Férias Proporcionais. O empregado que pede
É vedado ao empregador doméstico efetuar demissão antes de completar 12 meses de
descontos no salário do empregado por fornecimento serviço tem direito ao período de férias
de alimentação, vestuário, higiene ou moradia. proporcionais, assim como no término do
contrato de trabalho, independentemente
Poderão ser descontadas as despesas com moradia, da forma de desligamento, mesmo que
quando essa se referir a local diverso da residência incompleto o período aquisitivo de 12 meses,
em que ocorrer a prestação de serviço, e desde será devida remuneração equivalente às
que essa possibilidade tenha sido expressamente férias proporcionais.
acordada entre as partes. • Licença à gestante, sem prejuízo do emprego
e do salário, com duração de 120 dias (o
As despesas acima mencionadas não têm natureza pagamento será efetuado diretamente pela
salarial nem se incorporam à remuneração para Previdência Social após o atendimento
quaisquer efeitos. agendado pelo site http://agencia.
previdencia.gov.br/e-aps/servico/358;
Em síntese, os direitos assegurados por lei ao durante esse período, o empregador deverá
empregado doméstico são: recolher apenas a parcela de contribuição a
• Registro em carteira. seu encargo).
• Salário mínimo ou piso estadual fixado em • Estabilidade provisória no emprego desde
lei superior ao salário mínimo. a confirmação da gravidez até cinco meses
• Irredutibilidade de salário. após o parto, a estabilidade ocorre, inclusive,
• 13° salário. durante o contrato de experiência.
• Repouso semanal remunerado, • Licença-paternidade de cinco dias.
preferencialmente aos domingos. • Aviso-prévio.
• Feriados civis e religiosos, sem prejuízo de sua • Vale-transporte, podendo ser descontado até
remuneração; caso prestar serviço, deverá 6% de seu salário, a este título; o restante
ser remunerado em dobro ou receber folga deverá ser suportado pelo empregador.
compensatória em outro dia da semana. • Jornada de trabalho de até 44 horas semanais
• Férias anuais remuneradas de 30 dias, e, no máximo, oito horas diárias. Jornadas
com pelo menos 1/3 de acréscimo na inferiores desde que sejam expressamente
remuneração. O período de férias ficará
45
Perícia Trabalhista
46
Perícia Trabalhista
valores da Taxa SELIC ficam em patamares inferiores primeiro dia útil posterior à data em que habitualmente
a 0,5%, o que equivaleria à TR negativa. era ou deveria ter sido efetivado o pagamento, seja
no mês de competência, seja no mês subsequente.
A correção monetária deve incidir a partir do Outrossim, deve-se levar em conta a data do
vencimento da obrigação, ou seja, a partir do pagamento que está prevista em lei, a norma coletiva,
momento em que o direito se tornaria exigível. ou o contrato (tácito ou escrito). Consequentemente,
Porém, muita controvérsia foi levantada a respeito da
o Fator de Atualização a ser aplicado deverá ser o do
época do vencimento da obrigação quanto às verbas
dia seguinte à data da exigibilidade do direito.
salariais, já que a data dos direitos rescisórios é,
definitivamente, a da rescisão.
O sistema de correção monetária, na justiça
trabalhista, passou por diversas alterações desde que
Com amparo na faculdade concedida ao empregador
foi introduzido. Na época de grande inflação, a fim
pelo art. 459 da CLT, que possibilita o pagamento
de não deteriorarem o valor aquisitivo da moeda, os
dos salários até o 5o dia útil do mês subsequente ao
indexadores eram continuamente alterados.
vencido, as verbas salariais somente se tornariam
devidas a partir do mês subsequente ao da prestação
O último indexador adotado foi a TR (Taxa
de serviços; portanto, a época própria para incidir
Referencial), prefixada em 1991 (Lei 8.177/91),
correção seria o primeiro dia útil do mês posterior ao
da prestação de serviço. modificada pela alteração da moeda em 1994 e
atualmente ainda em vigor. São índices mensais
Entretanto, uma corrente jurisprudencial discorda divulgados pelo Banco Central, que representam um
desse entendimento, defendendo a aplicação da percentual prefixado da correção monetária estimada
correção a partir do mês da efetiva prestação de para o período, com base na taxa inflacionária
serviços, o mês em que foi gerado o direito material, verificada no período imediatamente anterior.
principalmente nos casos nos quais os salários eram
percebidos dentro do próprio mês. Os índices de débitos trabalhistas correspondem
a estes valores estabelecidos pelo governo, de forma
Para pacificar essas divergências, em novembro que o índice para o dia 1o de setembro, por exemplo,
de 2002 foi aprovada a revisão da Súmula 13, sendo com base no valor da TR fixada em 1o de agosto,
editada a Súmula 21 do TRT - 4a Região, com a reflita a correção do mês de agosto.
seguinte redação:
Sempre que for necessário corrigir valores de
Atualização monetária. Débitos trabalhistas. várias épocas, é aconselhável utilizar as tabelas de
Revisão da Súmula 13. Os débitos trabalhistas correção monetária trabalhistas, confeccionadas
sofrem atualização monetária pró-rata die a mensalmente pelo Conselho Superior da Justiça
partir do dia imediatamente posterior à data de
do Trabalho (CSJT) e pelos Tribunais Regionais do
seu vencimento, considerando-se esta a prevista
Trabalho. Elas englobam, em um só índice, todas
em norma legal ou, quando mais benéfica ao
as variações de correção monetária trabalhista,
empregado, a fixada em cláusula contratual,
ainda que tácita, ou norma coletiva. adotadas ao longo do tempo, inclusive as variações
da moeda, facilitando muito o trabalho do executor
dos cálculos. Sem a utilização dessas tabelas, seria
Bem mais abrangente que a antecessora, a uma tarefa árdua, que exigiria milhares de cálculos,
súmula supracitada enseja o entendimento de que corrigir valores de condenações que concedam
o vencimento da obrigação deverá ser sempre no diferenças salariais durante vários anos, uma vez que
47
Perícia Trabalhista
elas devem obedecer a diversas formas de correção e tarde, pela Lei n.° 7.855/89, segundo o qual os salários
alterações de moeda. não pagos no 10° dia e 5° dia útil do mês subsequente
ao vencido, respectivamente, devem sofrer a incidência
As tabelas de atualização de débitos trabalhistas de correção monetária. Partindo desse princípio legal, e
contemplam cumulativamente a variação das ORTNs, segundo essa ótica, a correção monetária somente seria
OTNs, Poupança e TRs, e traduzem a inflação devida quando o débito se tornasse exigível.
projetada para o período vindouro, constituindo
índices mensais ou diários, nos termos da legislação Assim, considerando que o indexador atual dos
aplicável (Lei 6.423/77, Lei 6.899/81, Decreto débitos judiciais trabalhistas é a Taxa Referencial (TR),
2.322/87, Lei 7.738/89, Lei 8.177/91, Lei 8.660/93 instituída pela Lei n.° 8.177/91 e convalidada pelas Leis
e Lei 8.880/94, Resolução BACEN 2.097/94,
n.° 8.666/93 e n.° 8.880/94, pré-fixada no início de cada
Lei 9.069/95 e, finalmente, Lei 10.192/01), nos
mês pelo Banco Central, tem sido consensual que o
respectivos períodos, conforme especificado a seguir:
índice (fator) a ser utilizado nos cálculos de liquidação
é o do mês subsequente ao de referência, vale dizer,
salário referente a outubro será corrigido com o índice
• De janeiro/85 a fevereiro/86
índices ORTN. de novembro e, assim, sucessivamente. Entretanto, em
• De março/86 a janeiro/89 relação às verbas rescisórias, férias, gratificação natalina
índices OTN. e outras em que há previsão de exigibilidade específica
• De fevereiro/89 a janeiro/91 em lei, o índice de atualização será o do próprio mês.
índices de poupança. Ademais, vale ressaltar que, após a elaboração da conta
• A partir de fevereiro/91 de liquidação, e em não sendo esta quitada, as futuras
índices TR. atualizações dar-se-ão do mês do cálculo original até o
• A partir de julho/ 93 momento da atualização.
índices TR (mensal).
A incidência de correção monetária sobre os
Em novembro de 2005, visando à padronização débitos trabalhistas, que durante um longo período foi
dos critérios adotados pelos vários Tribunais Regionais responsável por parcela considerável dos embargos à
para a correção de valores, o Conselho Superior da execução e agravos de petição impetrados pelas partes,
Justiça do Trabalho aprovou a Tabela Única para deixou de assumir um papel relevante nas polêmicas
Atualização de Débitos Trabalhistas, com vigência a doutrinárias que se estabelecem no curso de uma
partir de novembro/05 (Resolução n° 08/2005), em reclamação trabalhista. Para isso, em muito contribuiu a
substituição a todas as demais tabelas publicadas unificação de critérios de correção monetária, em face a
pelos Tribunais Regionais do Trabalho. A Tabela consolidação da Tabela Única de atualização e Conversão
Única pode ser obtida através dos sites do Conselho
de Débitos Trabalhistas, sobejamente comentada ao
Superior da Justiça do Trabalho, Tribunal Superior do
longo desta Parte 3.
Trabalho e Tribunais Regionais.
Mas em que pese a desejada pacificação acerca dos
critérios de correção monetária, é pertinente destacar
33. Época própria que, por força do disposto no art. 39 da Lei nº8.177, de
1.fev.1991, a Taxa Referencial (TR), passou a ser adotada
De forma majoritária, os doutrinadores e a como indexador da Tabela Única acima referida, muito
jurisprudência, têm transferido para o processo embora tenha sido concebida, originalmente, como
trabalhista o conceito erigido pelo DL n.° 75/66 e, mais uma taxa de juros, condição esta descaracterizada pela
48
Perícia Trabalhista
prática, a ponto de sua condição de indexador monetário sendo devidos em qualquer hipótese, pois de acordo
ter sido reconhecida pelo próprio STF. com a Súmula 254, do STF, “incluem-se os juros
moratórios na liquidação, embora omisso o pedido
Todavia, mesmo não havendo dúvidas sobre a inicial ou a condenação”.
condição de indexador de que se reveste a TRT, sua
utilização vem causando expressivos prejuízos ao Por outro lado, para que essa punição se efetive
patrimônio jurídico a todos quanto demandam e têm é imperativo que a parcela dos juros incida sobre o
seus pleitos reconhecidos pela Justiça do Trabalho. capital corrigido. A propósito, essa linha de raciocínio
se harmoniza com a jurisprudência do TST, que,
A referência acima se sustenta no fato de que a TR em seu Enunciado 200, dispõe: “Os juros de mora
não se constitui em um índice de correção monetária. incidem sobre a importância da condenação já
Ao contrário, trata-se de um instrumento de política corrigida monetariamente”. Portanto, é incorreta a
monetária utilizado pelo governo federal para regular condenação que determina a incidência de “juros e
a liquidez do meio circulante, para o que reduz ou correção monetária”, nessa ordem.
amplia o fator de correção da poupança sempre que,
respectivamente, desejar «enxugar» ou ampliar o Quanto ao marco inicial para a contagem dos
volume de reais em circulação na economia. juros, ele está disciplinado pela CLT, que prevê:
Os juros de mora, no âmbito do processo É oportuno lembrar que os juros de mora incidentes
trabalhista, têm caráter indenizatório (ou punitivo), no cálculo trabalhista nem sempre foram aplicados
49
Perícia Trabalhista
com base em regras próprias, pois até fevereiro/87, quando da edição do Decreto-Lei n.° 2.322/87, adotava-
se, subsidiariamente, a taxa de juros fixada pelo antigo Código Civil, ou seja, 0,5% ao mês, de tal modo que,
dependendo da época do ajuizamento da ação, em um determinado cálculo podem estar presentes até três
modalidades de juros, como será demonstrado posteriormente.
Para o cálculo dos juros simples de 0,5% ao mês ou 6% ao ano, basta multiplicar o número de
meses por 0,5. Exemplificando: oito meses corresponde à taxa de 4% (8 x 0,5 = 4).
Um cálculo mais exato, expresso em dias, pode ser obtido a partir da aplicação da fórmula abaixo:
Onde:
K = principal corrigido.
A partir de 27.02.87, com a publicação do DL n.° 2.322/87, os juros de mora no cálculo trabalhista
passaram a ter regra própria, abandonando-se, a partir desta data, a taxa de 0,5% até então utilizada,
devendo ser observado, contudo, que até 26.02.87, o cálculo de juros deve obedecer ao critério anterior, ou
seja, 0,5% ao mês, simples.
Com a nova regra, alterou-se a forma de cálculos dos juros, cuja taxa passou a ser de 1% ao mês,
capitalizados. Cumpre ressaltar, ainda, que as disposições do Decreto-Lei n.° 2.322/87 perduraram de 27.02.87
até 03.03.91, ou seja, o equivalente a 48 meses, de acordo com os porcentuais e meses relacionados na
tabela abaixo.
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Perícia Trabalhista
51
Perícia Trabalhista
liquidação tenha sido efetuado com projeção até 30 de setembro de 2006, sob a égide da Lei n.° 8.177/91,
e os juros de 1% ao mês, simples, pro rata die. Consideremos, por fim, que o principal atualizado atingiu a
casa dos R$ 25.000,00 em 30.09.06:
Assim, dependendo do período de abrangência do cálculo, é possível a convivência com até três critérios
de juros. É preciso atentar, contudo, que em nenhuma hipótese a incidência desses juros pode ser cumulativa
com a parcela do principal atualizado acrescida de uma das parcelas de juros. A incidência deverá ser
somente sobre o capital, evitando a incorreta sobreposição de «juros sobre juros».
Com a publicação da Lei n° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, conhecida como «Nova Lei de Falências»,
terão que ser levadas em conta as novas regras que regem as empresas que se encontram nesta situação
especial. Neste sentido, o art. 124 da referida Lei dispõe: “Contra a massa falida não são exigíveis juros
vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para
o pagamento dos credores subordinados”.
Entretanto, tal beneplácito da norma legal não se estende à empresa subsidiária à empresa falida,
contra a qual se aplicam as regras previstas no art. 39 da Lei 8.177/91, anteriormente referida, como se
depreende da leitura do texto inscrito na Orientação Jurisprudencial 137, oriunda da Seção Especializada do
TRT da 9a Região, como segue:
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Perícia Trabalhista
53
Perícia Trabalhista
X = 30min. x 1 ÷ 60 ou 30 ÷ 60 = 0,50
Total = 9,37 (nº decimal)
54
Perícia Trabalhista
Dentre as demais provas periciais, denominadas Em geral, é aceito que profissionais de formação
equivocadamente de contábeis, as mais comuns académica distinta possam realizar perícias e cálculos,
destinam-se a elaborar evoluções salariais e a apurar respeitadas as habilitações de cada profissional e as
eventuais diferenças. Também podem ter por objetivo especificidades do processo.
apurar o valor exato de comissões sobre vendas e
compará-las aos valores pagos a esse título, dentre
outras averiguações. 36.3. Honorários periciais
O equívoco na designação acima referida é evidente, No trabalho pericial propriamente dito, é comum o
pois levantamentos sobre salários e comissões, por juízo da execução determinar às partes que efetuem
certo que não se constituem em atos contábeis. adiantamento de parcela dos honorários estimados
Ademais, o nome contábil está ligado à antiga figura pelo expert, de modo que esse possa fazer frente
do “contador do juízo”, cuja função raramente foi às despesas com viagens, quando necessário, por
desempenhada por profissional com curso superior exemplo. Ao final da perícia, o seu pagamento ou sua
em ciências contábeis. Ao contrário, e em regra, complementação, recairá sobre a parte sucumbente.
dela se desincumbiram servidores experientes, mas
Todavia, na hipótese em que a sucumbência
sem formação acadêmica, o que não lhes retirava o
recaia sobre o reclamante, e este for beneficiário
mérito e o brilho da tarefa executada.
de assistência judiciária gratuita, também a perícia
De toda forma, hoje é cada vez mais frequente, deverá ser realizada sem ônus, conforme a Lei n.°
dada a complexidade e abrangência das reclamações 10.537, de 27 de agosto de 2002, que trata da
cobrança de custas e emolumentos na Justiça do
trabalhistas, o juiz necessitar de provas periciais que
Trabalho e que, dentre outras providências, acresce
se destinam a demonstrar a existência de fato ou
o art. 790-B, à CLT, que dispõe: “A responsabilidade
de situações técnicas que exigem conhecimentos
pelo pagamento dos honorários periciais é da parte
específicos, com a finalidade de ajudar-lhe a formar
sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se
convicção a respeito da controvérsia estabelecida pelas
beneficiária de justiça gratuita”.
partes.
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Perícia Trabalhista
56
Perícia Trabalhista
Indicação do perito assistente é faculdade da parte, de “tabu” no âmbito trabalhista. Nesse sentido,
a qual deve responder pelos respectivos honorários, não raras vezes, descontos salariais legitimamente
ainda que vencedora no objeto da perícia” (Res. TST efetuados com base em autorização expressa do
44/95, DJ, 22.03.95). empregado, eram “devolvidos” por ocasião de ação
trabalhista, por conta de alegações de coação e
outros vícios, mesmo quando comprovadamente o
36.4. Impugnação de cálculos reclamante havia se beneficiado de planos de seguro,
de saúde e outros similares.
Com a edição da Lei n.° 8.432, de 11.06.92, que deu
nova redação ao art. 797, § 1°, da CLT, a impugnação Embora não tenha relação direta com a questão,
além do art. 462, a Súmula 187, do TST, era invocada
de cálculos não pode mais se basear em
como fonte legal “subsidiária” para a pretensão de
alegações genéricas, que em épocas pretéritas
ter os descontos estornados, ao dispor: “A correção
eram suficientes para obstruir o curso normal da
monetária não incide sobre o débito do trabalhador
execução. A partir da edição do citado diploma
reclamante”.
legal, essas ações procrastinatórias passaram
a ser dificultadas, a partir da exigência que o
Muito embora o texto sumular seja bastante claro,
mesmo impõe, ou seja, que os valores objeto
uma expressiva corrente doutrinária já defendia, e
de impugnação sejam claramente delimitados e/ou
com razão, em nosso entendimento, que a aplicação
representados por contas alternativas.
deste dispositivo deveria ser feita com equidade,
mesmo quando se tratasse de débitos de cunho
Ademais, posição mais recente da Justiça do Trabalho,
eminentemente salarial, como adiantamentos e
baseada nas disposições da Lei n° 10.035/2000, vem
similares, uma vez que o débito do empregador
estabelecendo limites à impugnação a qualquer
era (e é) atualizado de forma integral, vale dizer,
tempo, como podemos perceber na Orientação
com incidência de correção monetária e juros de
Jurisprudencial abaixo transcrita:
mora. Assim, por ocasião da rescisão do contrato
de trabalho, seria justo que o empregador pudesse
atualizar essa dívida, em particular quando essa
0J EX SE-03. AGRAVO DE PETIÇÃO. AUSÊNCIA
rescisão é de iniciativa do empregado.
DE IMPUGNAÇÃO DO CÁLCULO DA PARTE
CONTRÁRIA. Após a Lei n.° 10.035/00 (DOU 26-
Contudo, a Súmula abaixo transcrita parece ter
10-00), sendo intimada e não se manifestando
restabelecido o bom senso:
sobre os cálculos da adversa, ocorre preclusão.
Sem divergência. APROVADA. (RA/SE 1/2004.
DJPR 14.05.04)
Súmula 342. DESCONTOS SALARIAIS.
LEGALIDADE. Descontos salariais efetuados
pelo empregador, com a autorização prévia e
36.5. Descontos salariais por escrito do empregado, para ser integrado
em planos de assistência odontológica, médico-
Tendo por base as disposições do art. 462, da hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou
CLT, que veda ao empregador efetuar qualquer de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-
desconto do empregado, salvo quando resultar de associativa de seus trabalhadores, em seu
adiantamentos, de dispositivo da lei ou de contrato benefício, e de seus dependentes, não afrontam
coletivo, a questão que envolve o desconto salarial, o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar
demonstrada a existência de coação ou outro
durante muito tempo, foi tratada como uma espécie
57
Perícia Trabalhista
defeito que vicie o ato jurídico. (Res. TST 47/94, OLIVA, CCG. Cálculos de liquidação de sentença
DJ, 20.04.95) no processo de execução trabalhista, São Paulo:
LTR, 2013.
O bom senso a que nos referimos está igualmente ORNELAS, MMG. Perícia Contábil. 5ª ed. São
estampado na ementa abaixo: Paulo, Atlas, 2011.
www.mpas.gov.br
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