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SUMÁRIO
1.1 Conceitos
A ação de procedimento comum é uma peça mais simples, na sua estrutura, totalmente
regulada pelo CPC.
Para fins de facilitar o estudo do candidato, costumamos utilizar a seguinte regra: O nome
da ação é o nome do pedido. Como sempre, na ação de procedimento comum, será feito um
esquema prévio ao início da peça e, nesse esquema, já resta definido qual é o pedido, então, o
nome da ação vai ser o nome do ou dos pedidos. Assim, se o autor quiser uma indenização a
ação vai se chamar ação indenizatória, ou ação de indenização; se ele quiser uma anulação, vai
se chamar ação anulatória, ou ação de anulação; se ele quiser os dois, a ação via se chamar
ação anulatória com pedido de indenização; se ele quiser anular, mas pedir antecipação de
tutela, a ação vai ser anulatória com pedido de antecipação de tutela e assim sucessivamente.
Nas ações de procedimento comum, havendo a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo é possível o pedido de concessão da tutela de
urgência, ou seja, a antecipação dos efeitos da tutela, que nada mais é do que adiantar o
provimento jurisdicional para evitar o prejuízo ao autor da ação. O CPC também prevê a tutela
de evidência, em situações regulamentadas.
A princípio, deve-se começar com a peça base, sem nenhum requisito de tutela de
urgência ou evidência. Para isso o aluno deve abrir o CPC, no art. 319 e grifar. Pronto! Está
pronta a petição inicial. Com efeito, a sua petição inicial está prevista no art. 319, do CPC, que
determina todos os requisitos a serem observados pela a petição inicial tem que conter: o juízo
(a quem ela é endereçada), as partes (autor e réu), os fatos, o fundamento jurídico, pedido, valor
da causa, prova (produção de todos os meios de prova admitidos em direito) e a juntada dos
documentos necessários, além da opção do autor pela realização ou não da audiência de
conciliação.
Além dos que constam no art. 319, do CPC, tem o pedido de condenação em custas e
honorários. Para evitar que o aluno se esqueça, deve-se fazer uma remissão no art. 319, do
CPC. No final do último inciso, deve-se colocar: vide art. 85, do CPC, pois é este artigo que trata
dos honorários.
Em relação ao endereçamento, as ações de procedimento comum não têm prerrogativa
de foro, ou seja, em Processo Civil, nestes casos, não há prerrogativa de foro, de acordo com o
réu da ação. Então, independente de quem seja o autor ou o réu, a ação tramita sempre em juízo
singular.
Ou seja, existem duas únicas possibilidades: ou a ação é proposta na justiça estadual, ou
a ação é proposta na justiça federal. A justiça estadual é regra. A justiça federal é exceção, nas
hipóteses previstas no art. 109 da CF/88.
Cumpre destacar as situações mais comuns de competência da justiça federal nas provas
de direito administrativo. A princípio, a justiça federal é competente em todas as hipóteses
previstas no art. 109, da CF/88. Este artigo define a competência da justiça federal.
Normalmente, o que interessa, para fins de prova, é o art. 109, I, da Cf/88. Esse dispositivo
define que: compete à justiça federal julgar as ações em que esteja no polo ativo ou passivo a
União, suas autarquias, suas fundações públicas e suas empresas públicas. As outras pessoas
integrantes da administração pública não deslocam competência para a justiça federal. Então,
nas ações contra estados, municípios e Sociedades de economia mista (mesmo que federal), a
competência é da justiça estadual.
Órgão tem CNPJ? Sim, vinculado ao CNPJ da pessoa jurídica, conforme Instrução
Normativa 2.119/2022 da Receita Federal do Brasil. Mas é meramente para fins de organização
tributária, os órgãos continuam sendo despersonalizados e, como regra, hierarquicamente
subordinados à pessoa jurídica a qual estão ligados.
Quatro teorias foram criadas na tentativa de explicar como a atuação do agente público é
atribuída ao Estado. Segundo a teoria do órgão público, de Di Pietro:
a) Teoria do mandato: através de um contrato, o agente público é mandatário da pessoa
jurídica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, que não tem vontade
própria, pode outorgar o mandato. Além da relação do agente com o estado não ser
contratual.
b) Teoria da representação: o agente público é representante do Estado por força de lei;
equipara-se o agente à figura do tutor ou curador, que representam os incapazes; a
teoria também foi criticada, quer por equiparar a pessoa jurídica ao incapaz, quer por
implicar a ideia de que o Estado confere representantes a si mesmo, quando não é isso
o que ocorre na tutela e curatela; além disso, essa teoria, da mesma forma que a
anterior, teria outro inconveniente: quando o representante ou mandatário
ultrapassasse os poderes da representação, a pessoa jurídica não responderia por
esses atos perante terceiros prejudicados.
c) Teoria do órgão: a pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos órgãos, de
tal modo que quando os agentes que os compõem manifestam a sua vontade, é como
se o próprio Estado o fizesse; substitui-se a ideia de representação pela de imputação.
Teoria da imputação volitiva, de Otto Gierke, criada na Alemanha. Quando o agente
atua nessa qualidade, a sua atuação se confunde com o próprio Estado, imputando a
ele a atuação. Essa é a teoria mais aceita.
d) Teoria da identidade: seria primeira teoria existente, onde o órgão é o próprio agente
público. Entretanto essa concepção implicaria em concluir que a morte do agente
público implicaria na extinção do órgão.
Os órgãos também são classificados pela doutrina do direito administrativo. Podem ser
classificados conforme a esfera de atuação, posição estatal, estrutura, a composição ou o tipo
de atividade. Vários são os critérios para classificar os órgãos públicos. Aqui os critérios e a
forma de classificação exposto são aqueles mais cobrados em provas:
OBSERVAÇÕES:
E o Ministério Público? Algumas doutrinas classificam como autônomo: como a doutrinadora Di
Pietro. Outros classificam como órgão independente. Na Lei 8.112/90 ele é elevado ao status de Poder
do Estado, separado e independente.
A Lei nº 9.784/1999, em seu artigo 1º, §2º, inciso II, conceitua a entidade como unidade
de atuação dotada de personalidade jurídica própria. O Decreto-lei nº 200/1967, no artigo 6º,
refere que a descentralização tem natureza jurídica de princípio fundamental da organização
administrativa.
Esse conjunto de pessoas jurídicas autônoma recebe o nome de Administração Pública
Indireta ou Descentralizada. Segundo Di Pietro (2022), “Administração Indireta, no artigo 4º do
Decreto-lei nº 200/67, significa o conjunto de pessoas jurídicas, de direito público ou privado,
criadas ou autorizadas por lei, para o desempenho de atividades assumidas pelo Estado, como
serviços públicos ou a título de intervenção no domínio econômico”.
Essa descentralização pode ocorrer de duas formas:
• Outorga (ou descentralização por serviços, funcional ou técnica): ocorre através da
criação ou autorização da criação de entidades da administração indireta que vão
prestar o serviço (geralmente) por prazo indeterminado. Aqui ocorre a transferência da
titularidade e execução.
• Delegação (ou descentralização por colaboração, ou delegação negocial):
transferência para que uma pessoa delegada possa exercer a execução do serviço,
sob fiscalização do Estado. Quando realizada por contrato, é sempre por tempo
determinado. Na delegação, só transfere a execução, através da concessão ou da
permissão (artigo 11 e 12, do Decreto-lei nº 200/67).
As entidades que formam a Administração Indireta são de natureza de direito público ou
de direito privado:
Autarquias
Natureza jurídica
O artigo 37, inciso XIX, da Constituição Federal explica como será a criação de cada uma
dessas entidades administrativas da administração indireta, ele refere: “somente por lei
específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação”. As subsidiárias das estatais também dependem de autorização
legislativa, segundo o inciso sequente: “XX - depende de autorização legislativa, em cada caso,
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada”.
Modo de criação
De acordo com o Decreto Lei 200/1967, que dispõe sobre a organização administrativa
Federal, alguns princípios são aplicados às atividades da Administração Federal:
▪ Planejamento: promover o desenvolvimento econômico-social do país e a segurança
nacional.
▪ Coordenação: atividades, em especial, a execução de planos e programas de governo
serão objeto de permanente coordenação. No nível superior da Administração Federal,
a coordenação será assegurada por meio de reuniões do Ministério, reuniões de
Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de incumbência
coordenadora a um dos Ministros de Estado, funcionamento das Secretarias-Gerais e
coordenação central dos sistemas de atividades auxiliares.
▪ Descentralização: deve ser posta em prática em três planos principais:
• dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de
direção do de execução;
• da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam
devidamente aparelhadas e mediante convênio;
• da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões.
▪ Delegação de competência: É facultado ao Presidente da República, aos Ministros de
Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal delegar competência para
a prática de atos administrativos, conforme se dispuser em regulamento. Será utilizada
como instrumento de descentralização administrativa, com o objetivo de assegurar
maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos,
pessoas ou problemas a atender. Atenção: O ato de delegação deve indicar com
precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições objeto de
delegação.
▪ Controle:
• o controle, pela chefia competente, da execução dos programas e da observância
das normas que governam a atividade específica do órgão controlado;
• o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas
gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares;
• o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos
órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria.
1) Outorga (ou descentralização por serviços, funcional ou técnica): Aqui ocorre a transferência
da titularidade e execução por lei. Características:
o Personalidade jurídica
o Capacidade de autoadministração
o Patrimônio próprio
o Princípio da especialidade
o Sujeição a controle ou tutela, exercido nos limites da lei.
2) Delegação (ou descentralização por colaboração, ou delegação negocial): transferência da
execução por contrato ou ato unilateral para pessoa física ou jurídica. Na delegação, só transfere
a execução.
OBSERVAÇÕES:
Tem doutrina que defende que a outorga só ocorre às pessoas jurídicas de direito público,
mediante lei. Já a delegação ocorre por contrato ou lei para as pessoas jurídicas de direito privado.
Assim, a delegação seria a descentralização para empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações, concessionárias, permissionárias e autorizatárias.
2.4 Autarquias
Conforme dispõe o artigo 5º, inciso I, do Decreto Lei 200/1967, a autarquia é “o serviço
autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada”.
Como a autarquia desempenha atividade típica de Estado, por tal razão possui as mesmas
prerrogativas que os entes federativos. São pessoa jurídica de direito público, com autonomia
(ou, mais correto, autoadministração), com patrimônio e receita próprios, criada por lei para
executar atividades típicas da Administração Pública, para seu melhor funcionamento (princípio
da especialidade), tem gestão administrativa e financeira descentralizada.
Não confunda com as pessoas pública políticas, são pessoas políticas os entes
federativos, por possuírem capacidade/competências políticas, as autarquias são pessoas
públicas administrativas, pois não têm competência política, apenas administrativas. São
exemplos de autarquias, frequentemente cobradas em provas: BACEN; INSS; INCRA; IBAMA;
CRM; Conselho Federal de Odontologia, Medicina, Engenharia, etc.
Características das autarquias:
▪ Personalidade jurídica própria: de direito público
▪ Prerrogativas do Poder Público
▪ Autoadministração
▪ Criada por lei
▪ Especialização dos fins ou atividades
▪ Sujeição a controle ou tutela
Mesmo não estando expresso na legislação a doutrina e a jurisprudência apresentam
espécies de autarquia:
• Comuns ou ordinárias: são as autarquias administrativas ou de serviço, como o INSS e
o Ibama.
• Especiais: pois possuem peculiaridades no regime jurídico (quando comparado ao geral,
do Decreto 200/67), como mais autonomia dos que as autarquias comuns. Agências
Reguladoras e Agências Executivas são exemplos de autarquias especiais. Exemplo de
autarquia especial: Anatel, Anvisa e Banco Central.
• Corporativas: Conselhos Profissionais. Por não receberam orçamento da União, não
estão submetidas às regras constitucionais de finanças públicas (art. 163 a 169, da CF),
ou seja, regras de precatório não são aplicadas às autarquias corporativas, segundo o RE
938.837, de 2017, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Exemplos: Conselho Regional
de Medicina (CRM).
• Fundacionais: chamadas pela jurisprudência de Fundações Autárquicas ou Autarquias
Fundacionais, são na verdade são Fundações Públicas, mas criadas por lei sob regime
do Direito Público. Exemplos: Procon (em alguns estados são constituídos como
autarquias, em outros como órgão), Funasa e FUNAI.
• Associações Públicas: que são os Consórcios Públicos de Direito Público, inclusive
assim está defino no artigo 41, do Código Civil. Sendo de direito público esse consórcio
integrará a administração indireta. Também são chamados de autarquias interfederativas,
multifederativa, multifederada, autarquias associativas ou contratuais.
ATENÇÃO!!!
O STF retirou da Ordem dos Advogados do Brasil o status de autarquia (ADIn 3.026/06)
referindo-se a ela como entidade sui generis. Para a doutrina clássica a OAB nunca deixou de ser
Conselho de Classe, logo uma autarquia.
No próximo tópico estudaremos com mais profundidade uma das espécies de autarquias,
as especiais: Agência Reguladora e Agência Executiva.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
Perceba, as autarquias ou fundações instituídas não nascem com tal denominação, são
entidades preexistentes que recebem a qualificação de agência executiva, após a celebração de
um contrato de gestão com o órgão da Administração Direta em que está vinculada e, assim,
passam a submeter-se a regime jurídico especial. Esse contrato é realizado para obter melhoria
na eficiência e redução de custos (DI PIETRO, 2017, p. 599).
A previsão das agências executivas está na Lei 9.649/98, que dispõe sobre a organização
da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. O artigo 51 estabelece
os requisitos necessários para que uma autarquia ou fundação seja qualificada como agência
executiva. Para receber a qualificação é preciso:
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento;
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
OBSERVAÇÕES:
Segundo Di Pietro (2022): Para esse fim, elas deverão fazer uma avaliação do seu modelo de
gestão com base nos critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade, de forma a terem
subsídios para elaborar um plano de reestruturação e de desenvolvimento institucional. Se for
aprovado esse plano, a entidade celebrará um contrato de gestão com o Ministério encarregado de
exercer o controle administrativo sobre ela: Nesse contrato, são definidas, entre outras coisas, as
metas a serem atingidas, a compatibilidade dos planos anuais com o orçamento da entidade, os meios
necessários à consecução, as medidas legais e administrativas a serem adotadas para assegurar
maior autonomia de gestão orçamentária, financeira e administrativa, as penalidades aplicáveis em
caso de descumprimento das metas, as condições para revisão, renovação e rescisão, a vigência.
AGÊNCIA
EXECUTIVA
Qualificação é
Celebram
realizada por
Autarquias, contrato de Possuem plano
decreto do
fundações ou desempenho ou estratégico de
Presidente da Busca melhorar
órgãos mais conhecido reestruturação
República ou a eficiência e
qualificados como contrato e desenvolvi-
portaria reduzir custos.
como agência de gestão, mento
expedida por
executiva. válido por um funcional.
Ministro do
ano.
Estado.
2.5.2 Agências Reguladoras
As agências reguladoras são autarquias de regime especial, responsáveis pela
regulamentação, controle e fiscalização de serviços públicos transferidos ao setor privado. O
entendimento de quais entidades são agências reguladoras não é pacífico entre a doutrina.
Todavia, em 2019, a Lei nº 13.848/2019 trouxe no seu artigo 2º as onze entidades federais que
considera agências reguladoras:
Art. 14. O controle externo das agências reguladoras será exercido pelo Congresso
Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União.
Quando um dirigente deixa o seu cargo, passa por um período chamado de “quarentena”
ou “geladeira”, onde o ex-dirigente fica proibido de exercer atividades ou prestar qualquer serviço
no setor regulado pela respectiva agência por um período de seis meses (art. 8º, da Lei nº
9.986/2000), contados da exoneração ou do término do mandato. Durante esse período o
dirigente continua vinculado à Agência, fazendo jus à remuneração compensatória equivalente
ao cargo de direção que exercia.
AGÊNCIA
REGULADORA
Art. 34. As agências reguladoras de que trata esta Lei poderão promover a articulação de
suas atividades com as de agências reguladoras ou órgãos de regulação dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de competência, implementando,
a seu critério e mediante acordo de cooperação, a descentralização de suas
atividades fiscalizatórias, sancionatórias e arbitrais, exceto quanto a atividades do
Sistema Único de Saúde (SUS), que observarão o disposto em legislação própria.
§ 1º É vedada a delegação de competências normativas.
§ 2º A descentralização de que trata o caput será instituída desde que a agência
reguladora ou o órgão de regulação da unidade federativa interessada possua serviços
técnicos e administrativos competentes devidamente organizados e aparelhados para
a execução das respectivas atividades, conforme condições estabelecidas em regimento
interno da agência reguladora federal.
§ 3º A execução, por agência reguladora ou órgão de regulação estadual, distrital ou
municipal, das atividades delegadas será permanentemente acompanhada e avaliada
pela agência reguladora federal, nos termos do respectivo acordo.
§ 4º Na execução das atividades de fiscalização objeto de delegação, a agência
reguladora ou o órgão regulador estadual, distrital ou municipal que receber a delegação
observará as normas legais e regulamentares federais pertinentes.
§ 5º É vedado à agência reguladora ou ao órgão regulador estadual, distrital ou municipal
conveniado, no exercício de competência fiscalizatória delegada, exigir de concessionária
ou permissionária obrigação não prevista previamente em contrato.
§ 6º Além do disposto no § 2º deste artigo, a delegação de competências fiscalizatórias,
sancionatórias e arbitrais somente poderá ser efetivada em favor de agência reguladora
ou órgão de regulação estadual, distrital ou municipal que gozar de autonomia
assegurada por regime jurídico compatível com o disposto nesta Lei.
§ 7º Havendo delegação de competência, a agência reguladora delegante permanecerá
como instância superior e recursal das decisões tomadas no exercício da competência
delegada.
Art. 35. No caso da descentralização prevista no caput do art. 34, parte da receita
arrecadada pela agência reguladora federal poderá ser repassada à agência reguladora
ou ao órgão de regulação estadual, distrital ou municipal, para custeio de seus serviços,
na forma do respectivo acordo de cooperação.
Parágrafo único. O repasse referido no caput deste artigo deverá ser compatível com os
custos da agência reguladora ou do órgão de regulação local para realizar as atividades
delegadas.
Agência reguladoras não são a mesma coisa que as agências executivas, estas são
autarquias ou fundações que receberam tal denominação, são entidades preexistentes que
recebem a qualificação de agência executiva. Prevista na Constituição Federal, no artigo 37, §8º,
Agência Executiva é apenas um título dado pelo governo federal para uma autarquia, fundação
pública ou órgão que celebre contrato de desempenho, buscando a ampliação de autonomia e
fixando metas de desempenho. A previsão das agências executivas está na Lei 9.649/98.
ATENÇÃO!!!
O setor regulamentado pelas agências reguladoras tem muito mais conhecimento técnico do
que os usuários, as empresas privadas dos ramos regulados por exemplo, a indústria farmacêutica
no âmbito da Anvisa, eles entendem muito mais sobre o serviço que prestam do que a própria
população, assim, a Teoria da captura regulatória é o fenômeno das pressões/influências
exercidas por estes segmentos que tem conhecimento técnico e querem influenciar nas
regulamentações das agências. A teoria da captura é, então, quando a agência passa a servir de
instrumento para viabilizar interesses particulares e não coletivos. E a nomeação para o Conselho
Consultivo da agência, na vaga que seria destinada para representação dos usuários e sociedade,
quando preenchida por ex dirigentes de concessionária é exemplo da teoria, pois a influência que
esta pessoa fará será em prol das concessionárias e não dos usuários.
1. A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público
ou privado depende
(i) do estatuto de sua criação ou autorização e
(ii) das atividades por ela prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as passíveis
de delegação, quando definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa seja
instituída ou mantida pelo Poder Público, podem-se submeter ao regime jurídico de direito
privado.
2. A estabilidade especial do art. 19 do ADCT não se estende aos empregados das
fundações públicas de direito privado, aplicando-se tão somente aos servidores das
pessoas jurídicas de direito público.
Veja que a fundação é uma inspiração para dotação de bens à um objetivo social, isso é,
não em caráter econômico, visando lucros, ou empresarial. A entidade administrativa instituída
como fundação deve beneficiar de forma desinteressadas pessoas, ou seja, sem fins lucrativos.
São características das Fundações Públicas:
i. Dotação patrimonial inteiramente do Poder Público ou semipública;
ii. Personalidade jurídica própria, pública ou privada;
iii. Desempenho de atividade atribuída ao Estado no âmbito social: saúde, educação,
cultura, meio ambiente, assistência, com o fim de beneficiar terceiros estranhos à
entidade;
iv. Capacidade de autoadministração
v. Controle administrativo ou tutela
Fundações
Públicas Fundações Públicas de Direito
Características Autarquias
de Direito Privado
Público
FUNPRESP (Fundação de
BACEN; INSS; INCRA; FUNAI;
Exemplos previdência complementar para
IBAMA; CRM; Conselho IBGE;
servidores públicos federais;
Federal de Odontologia; Procon;
Fundação Padre Anchieta.
Lei autoriza a criação, mas o
Poder Executivo deve
providenciar a sua criação no
Criação e extinção registro público (art. 45, do CC e
Criada e extinta por lei específica.
art. 5º, §3º, do Decreto-Lei
200/1967): inscrição dos atos
constitutivos no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas.
Patrimônio Bens Públicos (art. 98, do CC) Bens privados.
Pessoa jurídica de direito privado
Natureza jurídica Pessoa jurídica de direito público
com caráter híbrido.
Responsabilidade Civil Direta e objetiva, art. 37, §6º, da CF.
Regime único: estatutário (exceto para as
Regime de pessoal Associações Públicas, que será celetista Celetista
obrigatoriamente, art. 6º, §2º, da Lei
11.107/05).
Licitações Estão obrigadas a realizar.
Prazo em dobro, art. 183, do CPC; Isenção
de custas judiciais, art. 4º, Lei 9.289/96;
Dispensa de preparo e depósito prévio em
Privilégios processuais recurso, art. 1007, §1º, CPC; Sujeitas a
duplo grau de jurisdição, art. 496, CPC);
Pagamento por precatórios, art. 100, CF;
processo especial de execução (art. 910,
CPC); juízo privativo (art. 109, CF).
Prescrição Quinquenal, art. 1º, Decreto 20.910/32 e Decreto 4.597/42).
Imunidade tributária Gozam de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, e §2º da Constituição
Federal).
OBSERVAÇÕES:
Não será necessária lei autorizadora no caso da lei que instituiu a matriz tenha previsto autorização
para a subsidiária (entendimento do STF). Exemplos de subsidiárias: Petrobras (matriz), suas subsidiárias
são a Transpetro, Petrobras Distribuidora, Petroquisa, Petrobras Biocombustível e Gaspetro.
O Supremo Tribunal Federal firmou orientação nas ADIns 5.624, 5.846, 5.924 e 6.029, de
que para alienar o controle acionário de empresa pública ou sociedade de economia mista (a
matriz) é necessário que haja autorização legislativa e licitação. Todavia, para as subsidiarias
não requer, elas podem ser alienadas sem autorização legislativa e licitação.
Na Constituição Federal um dos dispositivos mais importantes sobre as empresas
públicas e sociedades de economia mista está no artigo 173 da CF:
O caput traz dois requisitos para a criação das empresas públicas e sociedades de
economista mista, quando exploradas de atividade econômica: quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo. Já inciso I, do §1º, refere
que a Lei (no caso seria a Lei 13.303/16) deve estabelecer a função social da estatal, assim,
artigo 27 da referida norma estabelece que a função social é a “realização do interesse coletivo
ou de atendimento a imperativo da segurança nacional expressa no instrumento de autorização
legal para a sua criação”.
A Lei 13.303/2016 dispõe sobre:
• Função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
• Regime jurídico
• Licitações e contratos
• Constituição e Funcionamento dos conselhos de administração fiscal
• Mandatos, avaliação de desempenho e responsabilidade dos administradores.
OBSERVAÇÕES:
A empresa estatal que desempenha serviço público atua à semelhança de uma concessionária de
serviço público, submetendo-se à norma do artigo 175, especialmente no que diz respeito aos deveres
perante os usuários, à política tarifária, à obrigação de manter serviço adequado, bem como a todos
os princípios que regem a prestação de serviços públicos, como continuidade, isonomia, mutabilidade,
dentre outros. Nas hipóteses em que a empresa estatal é criada por um ente estatal para prestar
serviço público delegado por outro ente estatal, ela tem a natureza de concessionária de serviço
público e rege-se pela Lei de Concessões (Lei nº 8.987, de 13-2-95). É o que ocorre com os serviços
de energia elétrica, de competência da União (art. 21, XII, b, da Constituição), delegados a empresas
estatais sob controle acionário dos Estados (DI PIETRO, 2022)
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei
complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de
cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão
ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração
direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só
poderão ser feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa
de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as
empresas públicas e as sociedades de economia mista.
OBSERVAÇÕES:
Na legislação ordinária, também se encontram normas que equiparam os servidores da
Administração Indireta aos da Administração Direta; é o caso do § 1º do artigo 327 do Código
Penal, que considera funcionário público, para fins criminais, “quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal”. Esse dispositivo somente é aplicável aos empregados das
empresas governamentais que desempenhem serviço público; aos que trabalham em empresas
que exercem atividade econômica não é aceitável essa equiparação [...].Nem sempre a entidade
surge, originariamente, da lei, podendo resultar da transformação de órgãos públicos ou de
autarquias em empresas, ou da desapropriação de ações de sociedade privada, ou ainda da
subscrição de ações de uma sociedade anônima já constituída por capital particular. O importante
é que da lei resulte a clara intenção do Estado de fazer da entidade instrumento de sua ação (DI
PIETRO, 2022).
OBSERVAÇÕES:
Você que também está estudando a lei de licitações e contratos, muito cuidado, a Lei 14.133/2021
não se aplica às estatais, pois elas possuem regramento próprio de licitações e contratos. Ademais,
para as estatais não cabe alteração unilateral nos contratos, somente por acordo entre as partes (art.
72, Lei 13.303/16). A lei também não prevê hipóteses de rescisão unilateral.
Privilégios Se for empresa pública ou sociedade de economia mista prestadora de serviço público
não concorrencial está sujeita ao regime de precatórios (art. 100, da CF), segundo
processuais
posicionamento do STF (informativo nº 920).
Se presta serviço público, possui imunidade sobre os bens, rendas e serviços
Imunidade tributária necessários ao serviço público, conforme o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça;
Outras observações Sofrem controle do TCU; Não se sujeitam à falência ou à recuperação de empresa;
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de
lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou
parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.
Como o consórcio é uma gestão associada entre entes, qualquer um deles pode formar
consórcio, com apenas uma regra a ser observada quanto a participação: A União somente
participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos
territórios estejam situados os Municípios consorciados. Então podemos ter as seguintes
combinações:
Estados Municí-
União
pios
PJ PJ PJ
Municí-
pios Municí-
pio
PJ
PJ
União Estados
Municí-
pios
Os consórcios públicos de direito público ou de direito privado são criados por meio de lei
que ratifica o protocolo de intenções, todavia, no caso de consórcio público de direito privado,
também é necessário atendimento da legislação civil, ou seja, necessária os atos constitutivos
de pessoa jurídica:
Consórcio pode
Lei ratificação do
Direito Público
protocolo
adquirir
Personalidade
jurídica Lei ratificando o
protocolo e
Direito privado
Atendimento da
legislação civil
O consórcio público, com personalidade jurídica de direito público ou privado, observará
as normas de direito público no que concerne à realização de licitação (Lei 14.133/21), à
celebração de contratos (Lei 14.133/21), à prestação de contas e à admissão de pessoal
(necessidade de efetuar concurso público), todavia, independente da natureza do consórcio o
agente público contratado será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), segundo
o disposto no artigo 6º, §2º, da Lei 11.107/2005, alterado pela Lei 13.822/2019.
A lei deu alguns privilégios ou prerrogativas aos consórcios:
Os consórcios sofrem controle pelo Tribunal de Contas (art. 9º, parágrafo único da Lei
11.107/2005) e, também, sofrem controle dos entes federativos do qual façam parte da
Administração Indireta deles.
OBSERVAÇÕES:
O Consócio público de direito público integra a administração pública INDIRETA dos entes
consorciados, mas o consórcio público de direito privado não integraria, segundo a Lei 11.107/2005,
esse é o entendimento do legislador, embora parte da doutrina tenha discordado.
Como a Lei 11.107/2005 é uma legislação pequena, não deixe de fazer a leitura
completa dela, pois geralmente este conteúdo cai em questões conteudistas, ou seja, que exige
do candidato lembrar a redação de lei.
Sujeitos não estatais, isto é, de direito privado que, em paralelismo com o Estado,
desempenham cometimentos que este poderia desempenhar por se encontrarem no âmbito de
interesses seus, mas não exclusivamente seus. Caracterizam-se pelo fato de que o Poder Público
enfaticamente os assume como colaboradores emprestando-lhes o significativo amparo de
colocar a seu serviço o poder de império de que dispõe ao instituir tributo a favor deles, como
ocorre justamente com os chamados serviços sociais autônomos, circunstância esta que lhes
confere uma peculiar singularidade entre os sujeitos alheios à Administração indireta que
concorrem para objetivos sociais de interesse público.
EM SÍNTESE:
São paraestatais:
i. Organizações Sociais (OS) – Lei 9.637/98.
ii. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) – Lei 9.790/99,
regulamentada pelo Decreto n. 3.100/99 e naquilo que couber, Lei n. 13.019/14.
iii. Serviços Sociais Autônomos (Sistema S) – criada por lei específica.
iv. Organização da Sociedade Civil ou Parceiros Voluntários – Lei 13.019/2014 e
13.243/16.
v. Entidades de apoio – Lei 8.958/94.
ATENÇÃO!!!
Para fugir do regime jurídico de direito público que a Administração Pública está submetida
e permitir que o serviço prestado pela OS ocorra através da incidência predominante do regime
jurídico de direito privado.
Esse título jurídico de Organização Social é concedido e cancelado pelo Poder Público,
assim o particular que tenha interesse em buscar essa qualificação deve habilitar-se perante a
Administração Pública, para que possa ser declarada como “entidade de interesse social e
utilidade pública” (art. 11, da Lei 9.637/98).
Às organizações poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos
necessários ao cumprimento do contrato de gestão (art. 12). Interessantes destacar que um dos
requisitos para receber a qualificação é a “previsão de participação, no órgão colegiado de
deliberação superior, de representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de
notória capacidade profissional e idoneidade moral” (art. 2º, inciso I, alínea “d”).
Algumas características:
i. Ato discricionário: art. 11
ii. Podem receber: recursos orçamentários, bens públicos através de uma permissão de
uso, com dispensa de licitação (art. 12)
iii. Recebem servidores públicos por cessão especial (o órgão de origem é responsável
pela remuneração): art. 14
iv. Requisitos para habilitação: art. 2º
v. Forma do conselho de administração e suas atribuições: art. 3º e 4º
vi. Podem receber: recursos orçamentários, bens públicos através de uma permissão de
uso, com dispensa de licitação (art. 12), recebem servidores públicos por cessão
especial (art. 14); Quanto aos bens tanto os advindos da administração pública, quanto
os próprios bens particulares que são usados para a prestação do serviço da OS serão
restringidos as regras de bens públicos;
vii. O Poder Executivo poderá proceder pela desqualificação da entidade como
organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas
no contrato de gestão.
• OBS 1: A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o
direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual
e solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.
• OBS 2: A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores
entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis.
Para que haja a escolha da entidade com a qual o poder público vai fazer a parceria, o
Decreto 3.100 permite o uso da modalidade de concurso de projetos. Como esse decreto se
aplica somente à esfera federal, os municípios e os estados deverão disciplinar a matéria em lei,
devendo trazer o procedimento pelo qual será oportunizado garantia a todos para participar da
escolha da entidade.
Quanto a necessidade de licitação: o decreto federal de n. 5.504/2005 – que é aplicável
somente na esfera federal – exige que as entidades classificadas como OSCIP’s façam o
procedimento licitatório, quando estiverem usando recursos oriundos de repasses da União, para
obras, compras, serviços e alienações. No caso no caso de aquisição de bens e serviços o
referido decreto impõem a modalidade pregão (preferencialmente na forma eletrônica). Contudo,
o Decreto 6.170/2007 alterou parcialmente o decreto anterior e passou a exigir para aquisição
de produtos e a contratação de serviços (com o recurso da União), apenas a realização de
cotação prévia de preços no mercado antes da celebração do contrato.
Alguns exemplos: http://portal.mj.gov.br/SistemaOscip/
ATENÇÃO!!!
De acordo com o artigo 3º, da Lei 13019/14, as Organizações Sociais e as OSCIPs não
podem também se enquadrarem nas Organizações da Sociedade Civil, salvo se descumprirem
requisitos das Leis 9.637 e 9.790.
Quando tais entidades firmarem parceria com a administração pública, estarão sujeitas as
normas da Lei 13.019/14. Dos instrumentos de parceria:
Art. 39. Ficará impedida de celebrar qualquer modalidade de parceria prevista nesta Lei a
organização da sociedade civil que:
I - não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, não esteja autorizada a
funcionar no território nacional;
II - esteja omissa no dever de prestar contas de parceria anteriormente celebrada;
III - tenha como dirigente membro de Poder ou do Ministério Público, ou dirigente de órgão
ou entidade da administração pública da mesma esfera governamental na qual será
celebrado o termo de colaboração ou de fomento, estendendo-se a vedação aos
respectivos cônjuges ou companheiros, bem como parentes em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o segundo grau; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos últimos cinco anos,
exceto se: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
a) for sanada a irregularidade que motivou a rejeição e quitados os débitos eventualmente
imputados; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
b) for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015)
c) a apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre recurso com efeito
suspensivo; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
V - tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo período que durar a
penalidade:
a) suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar com a
administração;
b) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública;
c) a prevista no inciso II do art. 73 desta Lei;
d) a prevista no inciso III do art. 73 desta Lei;
VI - tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou
Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos
8 (oito) anos;
VII - tenha entre seus dirigentes pessoa:
a) cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas irregulares ou rejeitadas por
Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível,
nos últimos 8 (oito) anos;
b) julgada responsável por falta grave e inabilitada para o exercício de cargo em comissão
ou função de confiança, enquanto durar a inabilitação;
c) considerada responsável por ato de improbidade, enquanto durarem os prazos
estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992.
§ 1º Nas hipóteses deste artigo, é igualmente vedada a transferência de novos recursos
no âmbito de parcerias em execução, excetuando-se os casos de serviços essenciais que
não podem ser adiados sob pena de prejuízo ao erário ou à população, desde que
precedida de expressa e fundamentada autorização do dirigente máximo do órgão ou
entidade da administração pública, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Em qualquer das hipóteses previstas no caput, persiste o impedimento para celebrar
parceria enquanto não houver o ressarcimento do dano ao erário, pelo qual seja
responsável a organização da sociedade civil ou seu dirigente.
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 4º Para os fins do disposto na alínea a do inciso IV e no § 2º , não serão considerados
débitos que decorram de atrasos na liberação de repasses pela administração pública ou
que tenham sido objeto de parcelamento, se a organização da sociedade civil estiver em
situação regular no parcelamento. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 5º A vedação prevista no inciso III não se aplica à celebração de parcerias com entidades
que, pela sua própria natureza, sejam constituídas pelas autoridades referidas naquele
inciso, sendo vedado que a mesma pessoa figure no termo de colaboração, no termo de
fomento ou no acordo de cooperação simultaneamente como dirigente e administrador
público. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 6º Não são considerados membros de Poder os integrantes de conselhos de direitos e
de políticas públicas. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
Como regra, a Administração Pública está obrigada a realizar chamamento público para
realizar a parceria com organizações da sociedade civil, contudo, havendo hipóteses que poderá
ser dispensado ou inexigível o chamamento público, segundo o artigo 30:
São todos aqueles instituídos por lei, com personalidade de Direito Privado, para ministrar
assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos,
sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais. São entes
paraestatais, de cooperação com o Poder Público, com administração e patrimônio próprios,
revestindo a forma de instituições particulares convencionais (fundações, sociedades civis ou
associações) ou peculiares ao desempenho de suas incumbências estatutárias.
Apesar da criação estar prevista em lei, seus atos constitutivos devem ocorrer no registro
civil da pessoa jurídica para que a entidade adquira a sua personalidade jurídica. Não integram
a administração direta ou indireta. Podem ser subsidiadas diretamente por recursos
orçamentários da entidade que criou ou podem ter autorização legal para arrecadarem
contribuições parafiscais (contribuições sociais de natureza tributária). “Recebem, por isso,
oficialização do Poder Público e autorização legal para arrecadarem e utilizarem na sua
manutenção contribuições parafiscais, quando não são subsidiadas diretamente por recursos
orçamentários da entidade que as criou” (MEIRELLES, 2003, p. 362).
ATENÇÃO!!!
Essas entidades não prestam serviço público por delegação (como vimos no caso das
Organizações Sociais), mas prestam serviço de interesse público que não é exclusivo do Estado.
Essas entidades prestam serviço não exclusivo do Estado, mas que são de interesse
público e por esta razão é que são incentivadas pelo Poder Público. Por gozarem de uma série
de privilégios próprios dos entes públicos, estão sujeitas algumas normas de direito público,
segundo Di Pietro (2017, p. 635):
• Observância dos princípios da licitação;
• Processo seletivo para contratação*;
• Equiparação dos seus empregados aos servidores públicos para fins criminais (art. 327,
do CP) e para fins de improbidade administrativa.
Outras observações sobre o sistema S:
• Não integram a administração direta ou indireta.
• Submetem-se ao princípio licitatório;
• Seleção de pessoal: precedida de processo seletivo (CLT). Não estão sujeitos a
realização de concurso público (RE no 789874), tampouco estão sujeitos às normas de
licitações e contratos previstas na Lei no 8.666/1993 (MS no 33442). Leis mais recentes
de SSAs estabelecem a exigência de regulamento próprio de compras.
• Não se sujeitam a ei de recuperação de empresa ou falência (acórdão do TCU
3.554/14).
• Sofrem controle do TCU.
• Possuem imunidade tributária, quando enquadrados nos casos contemplados no art.
150, VI, “c”, da CF.
• Não possuem privilégios processuais (AgIn no 841548/PR) e a competência para
apreciar questões judiciais é da justiça estadual (Súm. no 516 do STF: “O Serviço Social
da Indústria – SESI – está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual”).
Súmula 525, STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.
Súmula 8, STF: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso do
mandato.
Art. 311
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da
parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do
contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos
do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Nesses casos, poderá ser pleiteada a antecipação dos efeitos da tutela por meio da tutela
de evidência.
Na estrutura, nestes casos, não será necessária a comprovação de dois requisitos, mas
tão somente de um dos requisitos dentre os quatro mencionados alhures.
Objetiv Subjetiv
a a
No Brasil nem todas as teorias tiverem vigência, Di Pietro afirma que a teoria da
irresponsabilidade do Estado não foi acolhida pelo direito brasileiro; mesmo não havendo normas
legais expressas, os nossos tribunais e doutrinadores sempre repudiaram aquela orientação.
De acordo com a evolução constitucional e legislativa brasileira, podemos citar quatro
grandes momentos no Brasil:
• Teoria civilista da responsabilidade subjetiva – art. 15, do CC/1916
• Responsabilidade solidária entre Estado e funcionário - CF/1934 e 1937
• Responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito público – CF/1946
• Responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito público ou de direito privado
prestadora de serviço público e responsabilidade subjetiva do agente, no direito de
regresso – art. 37 §6º, CF/1988
OBSERVAÇÕES:
O marco inicial do estudo da Responsabilidade Civil do Estado foi o caso BLANCO. No ano de
1872, a menina Agnes Blanco foi atropelada pelo vagonete da Companhia Nacional de Manufatura do
Fumo, na França. O pai, então, ajuizou ação contra o Estado para buscar indenização por conta da
prestação do serviço público. Perante o sistema francês (contencioso ou dualidade de jurisdição) foi a
primeira vez que se falou em responsabilidade civil do Estado. A decisão sobreveio em 1873.
a) Polo ativo:
a) VÍTIMA: pode ser usuário ou não usuário do serviço público (conforme posicionamento do
STF). Atenção: nada impede que possa ser um agente público o lesado. O valor da
indenização deve abranger:
o O que vítima perdeu e gastou (danos emergentes)
o Deixou de ganhar (lucros cessantes)
o Danos morais
o Danos estéticos
o Correção monetária
o Juros de mora
b) Polo passivo:
b) Alcança todas as pessoas de direito público, prestadoras de serviço público:
o Entes federativos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios
o Autarquias
o Fundações de direito público
c) Bem como, as pessoas de direito privado, prestadoras de serviço público:
o Sociedade de Economia Mista
o Empresa pública
o Fundação Pública de direito privado
o Pessoas privadas: concessionária e permissionária
Os notários (tabeliões) e registradores, por exercerem serviço público por delegação (art.
236, CF), por não terem personalidade jurídica própria, não respondem diretamente pelos danos
casados. A Jurisprudência já divergiu sobre o tema, mas atualmente o entendimento do Supremo
Tribunal Federal é de que o Estado responde objetivamente pelos danos causados por tabeliões
ou registradores (RE 175.739-SP, RE 209.354/PR e RE 842.846 – este com tese de repercussão
geral), admitindo o direito de regresso contra o notário nos casos de dolo ou culpa.
Na teoria do Risco Integral (de responsabilidade objetiva, chamada por alguns de
responsabilidade objetiva pura) o Estado responderá por qualquer prejuízo que for causado ao
terceiro, ele não poderá alegar nenhuma excludente de ilicitude, ou qualquer atenuante de
responsabilidade, surgem situações que nem mesmo caso de força maior, caso fortuito e culpa
exclusiva da vítima são capazes de afastar o dever de responsabilidade do Estado. Confronta
com a teoria do risco administrativo, pois não comporta excludentes de responsabilidade. Há
muita divergência na doutrina e jurisprudência sobre as situações que se enquadram ou não
como teoria do risco integral, para a doutrina Di Pietro somente os casos de dano nuclear ou
queda de aeronave por ataque terrorista ou de guerra é que seriam abrangidas. Alguns outros
administrativistas apontam, também, outras duas hipóteses, de dano ambiental e do DPVAT:
• Atividade nuclear: Art. 4º e 8º, da Lei 6.453/77, art. 21, XXIII, “d”, CF e entendimento
do Superior Tribunal de Justiça. Neste caso, se ocorrer um dano provocado por
atividades que exploram serviços e instalações nucleares de qualquer natureza, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, a
responsabilidade será objetiva, sem a possibilidade de nenhuma das excludentes vistas
anteriormente.
• Queda de aeronaves por ataque terrorista ou por guerra: Lei 10.744/03 e D.
5.035/2004, nestes casos a União assume a responsabilidade, de atos terroristas ou
de guerra, ocorridos em aeronaves de tenham matrícula brasileiras e operada por
empresa brasileiras. O ato pode ocorrer no Brasil ou no Exterior. Excluída as empresas
de taxi aéreo.
• Dano ambiental: art. 14, §1º, da Lei 6.938/81, art. 225, §2º e §3º, da CF e entendimento
do Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial 1373788/SP), todos os poluidores
responderão objetivamente. Entretanto, há divergências no sentindo de que seria teoria
do risco administrativo. No que tange ao dano ambiental, interessa destacar a Súmula
652, do STJ: “A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio
ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário,
mas de execução subsidiária”.
• Indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT): segundo
o artigo 5º, da Lei 6.194/1974, o pagamento ocorrerá independente de culpa, haja ou
não resseguro, desde que mediante simples prova.
OBSERVAÇÕES:
Para Di Pietro, a teoria do risco integral aplica-se aos danos nucleares e danos decorrentes de
atos de terrorismo, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de empresas aéreas (Leis nos
10.309, de 22-11-01, e 10.744, de 9-10-02);
OBSERVAÇÕES:
Para Di Pietro, o caso fortuito não se configura forma de excludente de responsabilidade: “Já o
caso fortuito – que não constitui causa excludente da responsabilidade do Estado – ocorre nos casos em
que o dano seja decorrente de ato humano ou de falha da Administração; quando se rompe, por exemplo,
uma adutora ou um cabo elétrico, causando dano a terceiros, não se pode falar em força maior, de modo
a excluir a responsabilidade do Estado” (DI PIETRO, 2022).
Atenção a um ponto muito importante, você não deve confundir excludente de
responsabilidade com culpa concorrente da vítima. Se a vítima concorre para o fato danoso, o
dever de reparar o dano continua ocorrendo, a diferença é que haverá uma atenuante, pois a
reparação do dano será proporcional com quanto cada parte concorreu para o fato.
LEGISLAÇÃO:
Leia com atenção:
Arts. 945, CC: Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do
dano.
OBSERVAÇÕES:
Devemos dar uma atenção importante ao parágrafo único do artigo 927, pois ele revela a
possibilidade de situações em que a lei preveja a responsabilidade independente do elemento culpa.
Assim seria o caso da aplicação do artigo 14, do Código Consumidor.
OBSERVAÇÕES:
A responsabilidade, no caso de omissão, é subjetiva, aplicando-se a teoria da culpa do serviço
público ou da culpa anônima do serviço público (porque é indiferente saber quem é o agente público
responsável). Segundo essa teoria, o Estado responde desde que o serviço público (a) não funcione,
quando deveria funcionar; (b) funcione atrasado; ou (c) funcione mal. Nas duas primeiras hipóteses, tem-
se a omissão danosa (DI PIETRO, 2022).
Em se tratando de suposto erro médico por faute du service ou falha do serviço, respaldada
pela omissão administrativa, a responsabilidade civil do Estado passa a ser subjetiva, hipótese em
que, a par dos demais pressupostos, é necessária a comprovação de negligência, imperícia ou
imprudência do agente estatal, ou seja, deve a parte ofendida demonstrar que o dano é
consequência direta da culpa no mau funcionamento ou inexistência de um serviço afeto à
Administração Pública. Precedentes. [...] Acórdão 1248963, 00342086220158070018, Relator:
ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, Sexta Turma Cível (TJDFT), data de julgamento: 13/5/2020,
publicado no PJe: 2/6/2020.
OBSERVAÇÕES:
Quando o Estado cria a situação de risco que leva o dano, ele deve assumir o grande risco e
indenizar o particular, trata-se da Teoria do Risco Criado (ou suscitado). Ela pode ser invocada, por
exemplo, por um morador vizinho ao um presídio, quando sofre danos causados pela fuga do presidiário.
No caso de danos praticados por foragidos você precisa ter cuidado, segundo o
entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, se o dano ocorre
durante a fuga, comprovado o nexo causal, existe o dever do Estado reparar o dano através da
responsabilidade objetiva. Todavia, se a questão mencionar que a pessoa encontrava-se
foragida a mais tempo (independente do lapso temporal, desde que já esteja na condição de
foragida e não em fuga), entende-se pelo rompimento do nexo de causalidade, assim, não
havendo dever de reparar o dano.
O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é que o Estado não responde, salvo quando
o dano decorre direta ou indiretamente da fuga do preso foragido (REsp. 173.291/PR; REsp.
980.844/RS; REsp. 719.738/RS).
Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
Súmula 85, STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure
como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge
apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.
Súmula 642, do STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento
do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação
indenizatória. (SÚMULA 642, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/12/2020, DJe 07/12/2020)
Súmula 652, do STJ: A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio
ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de
execução subsidiária. (SÚMULA 652, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 02/12/2021, DJe
06/12/2021)
• Má execução da obra:
o Se a obra foi efetuada diretamente pelo Poder Público: Responsabilidade objetiva.
o Se foram empreiteiros contratados pelo Estado (particular contratado – não é serviço
público, mas execução de obra pública por meio de contrato administrativo: a
responsabilidade é subjetiva e direta da empresa contratada, caso o contrato tenha sido
realizado com base na lei antiga de licitações e contrato (Art. 70, da Lei 8.666/93,
o Se foram contratados empreiteiros pela nova lei de licitações e contratos, a
responsabilidade é direta da empresa contratada, responsabilidade do tipo objetiva,
segundo o artigo 120 da Lei 14.133/2021.
OBSERVAÇÕES:
Para Di Pietro (2022) haverá reponsabilidade civil nos casos de:
a) leis inconstitucionais;
b) atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função normativa, com
vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade;
c) leis de efeitos concretos, constitucionais ou inconstitucionais;
d) omissão no poder de legislar e regulamentar.
OBSERVAÇÕES:
Não há possibilidade de buscar responsabilidade civil se foi absolvido no final e durante o processo
houve prisão cautelar ou preventiva, apenas se houve erro judiciário na determinação da prisão ou, então,
o preso ficou além do tempo da sentença. Neste caso, o Juiz responde civilmente e regressivamente por
perdas e danos se agiu de forma dolosa ou fraudulenta (Art. 143, I, CPC).
4.10 Prescrição
Essa parte requer muita atenção, prescrição nunca foi uma matéria fácil, no direito
administrativo e no tópico de responsabilidade civil não seria diferente. O Decreto nº 20.910/32
traz em seu artigo 1º a prescrição quinquenal aplicada para qualquer direito ou ação em face
da Fazenda Pública, esse prazo é contado da data em que verificado o fato do qual se originarem
(o Supremo Tribunal Federal entende que, pelo princípio da isonomia, esse prazo também se
aplica entre a Fazenda Pública e o agente público, no direito de regresso). Essa redação é
reafirmada no Decreto-lei nº 4.597/42, que também trouxe em seu artigo 2º a mesma prescrição
quinquenal para autarquias, entidades e órgãos paraestatais criados por lei e mantidos por
impostos, taxas ou outras contribuições. Não diferente a Lei nº 9.494/97 que ratificou o prazo de
cinco anos no artigo 1º-C, prazo para obter indenização por danos causados pelos agentes
públicos de pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado que
prestam serviço público.
Agora, cuidado, a súmula 39 do STJ refere que “prescreve em vinte anos a ação para
haver indenização, por responsabilidade civil, de sociedade de economia mista”. Mas essa
súmula não tem aplicação prática (ressalva as situações de transição de Código Civil, vide o
artigo 2.028 do CC ) em razão do Código Civil de 2002, o qual trouxe no artigo 206, §3º, o prazo
de três anos para prescrição do direito de pretensão de reparação civil.
Nas situações que envolvem pessoas jurídicas de direito privado explorados de
atividade econômica, caso das empresas públicas ou sociedades de economia mista, o prazo
prescricional passa ser o do Código Civil, prazo trienal. Esse prazo de 3 anos do Código Civil
também é aplicado em uma relação vítima versus agente público, já que seria uma relação de
direito privado. Ou, então, em relação a pessoa jurídica de direito privado e o direito de regresso.
Outra circunstância a ser observada é que, segundo o artigo 37, §5º, da Constituição
Federal, seria imprescritível as ações de ressarcimento ao erário, contudo o Supremo Tribunal
Federal entendeu que a imprescritibilidade é uma afronta ao princípio da segurança jurídica,
sendo assim, são prescritíveis os deveres civis de ressarcimento ao erário, só não é prescreve,
ou seja, só será imprescritível o dever de ressarcimento quando a conduta for de improbidade
com dolo.
Atenção para a JURISPRUDÊNCIA:
A prescrição para o ajuizamento da ação regressiva tem outras regras aplicáveis também,
primeiro cumpre ressaltar o artigo 37, §5º, da Constituição Federal, o qual refere que: “A lei
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”, isto é, a ação
seria imprescritível. Contudo esse não é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que em
2016, no Recurso Extraordinário 669.069, com tese de repercussão geral, decidiu que, para garantir
certeza e segurança nas relações sociais, é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda
Pública, exceto os de improbidade administrativa cuja conduta seja dolosa.
Por fim, interessante destacar o artigo 28, da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (LINDB), o qual traz que não cabe responsabilização do agente público pareceristas
quando comprovado dolo ou erro grosseiro: “O agente público responderá pessoalmente por
suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro”.
4.12 Quadro resumo:
Art. 2o. Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo
público.
Para todos verem: esquema tratando de agentes públicos, em que os agentes políticos serão aqueles que possuem mandado eletivo, ou que
são secretários/ministros, ou que pertencerão ao alto escalão do Poder Judiciário, Ministério Público ou do Tribunal de Contas. Já os agentes
militares são aqueles pertencentes às forças armadas, ou os policiais militares, ou bombeiros militares. Os particulares em colaboração, serão
agentes públicos em algum momento em que exercerem função pública ou aqueles particulares que exerçam serviço público. Os agentes
administrativos, que poderão ser os servidores temporários contratados por prazo determinado, conforme artigo 37, inciso nono, da Constituição
Federal, os servidores públicos estatutários conforme Lei número 8112 de 1990 que poderão ser os de cargo público ou em comissão; e por fim
os empregados públicos celetistas, regidos pela CLT, que serão os empregados públicos.
Art. 42, CF. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do
que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142,
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e
destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização,
no preparo e no emprego das Forças Armadas.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes,
além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo
Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou
reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a
reserva, nos termos da lei;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função
pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a
hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo quadro e
somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade,
contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a
reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a
reserva, nos termos da lei;
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;
[...]
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV,
e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c";
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade
e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres,
a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas
as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de
compromissos internacionais e de guerra.
Para todos verem: esquema tratando de agentes administrativos. São três modalidade: os servidores temporários (contrato prazo determinado),
conforme o art. 37, inciso IX, da CF. Exercem função pública e ingressam por processo simplificado. Os servidores públicos (estatutários),
conforme lei nº 8.112/90, exercem cargo público, através do ingresso por concurso público, ou cargo em comissão, com livre exoneração e
nomeação. Já os empregados públicos, regulação pela lei nº 8.962 e pela CLT, celetistas, exercem emprego público e ingressam através de
concurso público.
• Servidores temporários:
São aqueles contratados, na forma da lei, por tempo determinado, a fim de atender alguma
necessidade de natureza temporária, como disciplina o artigo 37, inciso IX, da Constituição
Federal:
Servidores temporários – artigo 37, IX, da Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Atenção: Há uma exceção no que se refere a regra de divisão em razão da natureza de direitos
público ou privado: a Lei 11.107/2005 define, em seu art. 6º, § 2º, que os Consórcios Públicos,
mesmo quando tiverem personalidade jurídica de direito público (associações públicas), o regime
jurídico é o da CLT.
Para todos verem: esquema mostrando as diferenças entres servidores públicos, em regime estatutário, conforme lei nº 8.112/90, cujos
quais exercem atividades na administração direta, autarquias. fundações, e com base no art. 39 da CF, possuem regime jurídico próprio
(estatuto), e são pessoas de direito público. Em comparação com servidores empregados públicos, CLT (celetistas), cujos quais exercem
atividades em empresas públicas, sociedade economia mista, conforme o art. 173, §1º, II, CF, além de fundações de direito público, com
personalidade de direito privado, ou seja, são pessoas de direito privado.
• Servidores públicos:
Os servidores públicos são, portanto, aqueles servidores investidos em cargo público na
Administração Direta, autárquica ou fundacional, regidos por regime jurídico próprio (Lei nº
8.112/90), como definem os artigos 2º e 3º da Lei:
Conceito de servidor público:
Art. 2o. Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo
público.
Para todos verem: esquema tratando de servidores públicos estatutários, conforme a Lei n.º 8.112 de 1990. Inicialmente traz o cargo em comissão
que é de livre nomeação e exoneração, não possuindo entretanto estabilidade. Após fala sobre o cargo público, que é através de concurso
público e possui estabilidade. Junto com o cargo público ainda há a função de confiança.
O servidor público pode, então, ocupar um cargo público efetivo, com ingresso mediante
concurso público – o que será analisado na sequência – como pode ocupar um cargo em
comissão, de livre nomeação e exoneração. O cargo em comissão não é cargo efetivo e não
garante estabilidade ao servidor, sendo de nomeação e exoneração por parte do chefe do
Poder Executivo, destinada a cargos de chefia, direção e assessoramento.
Em síntese:
Função de confiança → cargos de chefia, direção e assessoramento + servidores estáveis
Cargo em comissão → cargos de chefia, direção e assessoramento + servidor não estável
• Nomenclaturas:
Cargo de confiança: cargo comissionado, cargo de confiança;
Função de confiança: função comissionada, função em comissão, função gratificada.
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham
os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
Art. 3º, Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são
criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos,
para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Super dica!
• Súmula 266/STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido
na posse e não na inscrição para o concurso público.
• Súmula 686/STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato
a cargo público.
Art. 37, XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
Art. 37/CF, III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado
em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
Art. 12, Lei nº 8.112. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser
prorrogado uma única vez, por igual período.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em
edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande
circulação.
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso
anterior com prazo de validade não expirado.
• Súmula importante:
Súmula 683, STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face
do art. 7º, XXX, da CF/88, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo
a ser preenchido.
Lei nº 8.112/90:
Art. 5º, § 2o: Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever
em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com
a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte
por cento) das vagas oferecidas no concurso;
Lei nº 12.990:
Art. 1º: Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da
administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei.
Duas súmulas importantes do Superior Tribunal de Justiça sobre reservas para pessoas
com deficiência:
Súmula 552/STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com
deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
➙ Formas:
Concurso
Nomeação
Posse
Exercício
Estabilidade
• Posse
Ocorrida a nomeação (ato de provimento), após 30 dias da publicação do ato, ocorrerá a
posse. A investidura no cargo público ocorre com a posse – assinatura do termo de posse, onde
constam os direitos, deveres e atribuições do cargo – e não com a nomeação, existindo um
direito subjetivo à posse, como disciplina a Súmula 16 do Supremo Tribunal Federal:
Súmulas importantes:
Súmula 16/STF: Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
Súmula 17/STF: A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da
posse.
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar
as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado,
que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os
atos de ofício previstos em lei.
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento.
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento,
em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos
I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do art. 102, o prazo será contado do
término do impedimento.
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação.
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e
mentalmente para o exercício do cargo.
• Exercício
O exercício é efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função, como
disciplina o artigo 15 da Lei nº 8.112/90, ocorrendo 15 contados da posse, sob pena de o servidor
público ser exonerado de ofício.
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual
a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
observados os seguinte fatores:
I - assiduidade;
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
IV - produtividade;
V- responsabilidade.
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório, será submetida à
homologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor,
realizada por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável,
reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo único
do art. 29.
Súmula 21, STF: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem
demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
• Estabilidade
Para adquirir estabilidade, o servidor público necessita preencher, então, como requisitos:
• Aprovação em um concurso público;
• Nomeação para cargo público efetivo;
• Realização de três anos de efetivo exercício;
• Aprovação em avaliação especial de desempenho.
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada
em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla
defesa.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado,
e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial
de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
➙ Perda do cargo:
Como disciplinado no artigo 22 da Lei nº 8.112/90 e no § 1º do artigo 41 da Constituição
Federal, a perda do cargo do servidor estável ocorrerá por meio:
• de sentença judicial transitada em julgado;
• processo administrativo disciplinar;
• procedimento de avaliação periódica de desempenho;
Outra forma de perda do cargo de servidor estável está posta no artigo §4º do 169 da
Constituição Federal, que, por força da Lei complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal), disciplina a perda do cargo por despesa de pessoal acima dos limites legais, atingindo
também os servidores estáveis se necessário.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo
fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adotarão as seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um
dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto
da redução de pessoal.
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado
extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou
assemelhadas pelo prazo de quatro anos.
➙ Vacância e exoneração:
O artigo 33 da lei nº 8.112/90 apresentam as hipóteses em que ocorrerá a vacância do
cargo, que é, nas palavras de Carvalho Filho (2021, p. 686), “o fato administrativo-funcional que
indica que determinado cargo público não está provido, ou, em outras palavras, está sem titular”
e decorrerá de exoneração, demissão, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo
inacumulável ou falecimento.
A exoneração, a sua vez, está disciplinada nos artigos 34 e 35 da lei nº 8112, podendo
ocorrer a pedido do servidor ou de ofício. De ofício, será em decorrência da não satisfação das
condições do estágio probatório ou quando, já tomada a posse, não é iniciado o exercício por
parte do servidor. No caso de cargo em comissão, ou dispensa em função de confiança, se dará
a juízo da autoridade competente ou a pedido do próprio servidor.
READAPTAÇÃO
A readaptação, forma de provimento que ganhou status constitucional com a Emenda
Constitucional nº 103 de 2019, ocorre quando o servidor público, estável, passa a ter alguma
limitação, verificada em inspeção médica, que impede que o mesmo cumpra as atividades e
atribuições do cargo que ocupava.
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- Recolocação do servidor em outra função, se disponível;
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caso não haja vaga para que o servidor público seja readaptado para
outra atividade;
- Aposentadoria por incapacidade permanente, se julgado incapaz;
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Readaptação: art. 37, §13º/CF e art. 24, Lei nº 8.112:
REINTEGRAÇÃO
A reintegração do servidor público se dá quando invalidade a sua demissão por sentença
judicial ou procedimento administrativo, ou seja, quando o servidor foi demitido ilegalmente e há
a anulação do ato de demissão. Em razão da ilegalidade do ato, o servidor será ressarcido de
todas as vantagens que deixou de perceber no período em que esteve afastado.
Se o cargo tiver sido extinto, o agente ficará em disponibilidade (art. 41, §3º, CF). Nas
palavras de Carvalho Filho (2021, p. 798), “disponibilidade é a situação funcional na qual o
servidor passa à inatividade em virtude da extinção de seu cargo ou da declaração de sua
desnecessidade”, recebendo seus proventos, uma vez que não seria justo que a extinção do
cargo penalizasse o servidor, que deverá, portanto, ser aproveitado. Ainda, relembra o autor, não
se pode confundir a disponibilidade do agente público pela extinção do cargo, com a
disponibilidade punitiva aplicada a magistrados e membros do Ministério Público, a qual é sanção
funcional e está disciplinada nos artigos 93, VIII e 130-A, §2º, III da Constituição Federal
(CARVALHO FILHO, 2021).
Reintegração: artigo 28, Lei nº 8.112/90 e 41, §2º da CF:
Artigo 41/CF. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será
ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade
com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
aproveitamento em outro cargo.
RECONDUÇÃO
A recondução, disciplinada no artigo 29 da Lei nº 8.112/90, se dá quando ocorrido o
retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, podendo ocorrer quando há a
inabilitação em estágio probatório – por não cumprimento dos requisitos deste –, ou quando
houver reintegração (já analisada) do ocupante anterior.
Recondução: artigo 29, Lei nº 8.112/90:
APROVEITAMENTO
Compreendidas as demais formas de provimento, o aproveitamento ocorre quando há o
retorno do servidor posto em disponibilidade diante da extinção do cargo ou declaração de sua
desnecessidade. A súmula 39 do Supremo Tribunal Federal reforça a impossibilidade que que o
servidor em disponibilidade exija o seu aproveitamento, ficando à critério da Administração essa
decisão:
Art. 29. Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será
aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.
PROMOÇÃO
Como conceitua Di Pietro (2021, p. 779), promoção “é forma de provimento pela qual o
servidor passa para cargo de maior grau de responsabilidade e maior complexidade de
atribuições, dentro da carreira a que pertence. Constitui uma forma de ascender na carreira”. É,
portanto, o progresso do servidor, dentro da mesma carreira.
Só poderá ocorrer em cargos com plano de carreira, apresentando o artigo 39, §2º da
Constituição, como requisito para promoção, a participação em cursos de formação e
aperfeiçoamento: “§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo
para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
convênios ou contratos entre os entes federados”. Os critérios para a promoção são merecimento
e antiguidade.
5.10 Remoção
Inicialmente, cabe enfatizar que a remoção não é uma forma de provimento e sim o
deslocamento do servidor, no mesmo quadro, de ofício ou a pedido do próprio servidor, como
dispõe o artigo 36 da lei n° 8.112/90. Dentre as três modalidades de remoção, as dispostas nos
incisos I e III tratam-se de atos vinculados, existindo obrigatoriedade na realização do
deslocamento do servidor, enquanto a modalidade disposta no inciso II permite que a
Administração Pública analise se há conveniência e oportunidade para o deslocamento, sendo,
portanto, discricionário.
• Subsídio: parcela única, sem qualquer outra verba remuneratória, recebida pelos elencados
no artigo 39, §4º, da Constituição Federal, sendo uma possibilidade para os servidores públicos
organizados em carreira, como traz o §8º do mesmo artigo, e para os policiais indicados no artigo
144 da Constituição Federal.
Subsídio – Constituição Federal:
Atenção: A fixação ou alteração da remuneração ocorrerá apenas por lei específica, assegurava
revisão geral anual, consoante o inciso X do artigo 37 da Constituição Federal.
Súmula Vinculante nº 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
Importante destacar, também, que o teto é valido para agentes públicos vinculados às
sociedades de economia mista e empresas públicas que recebam recursos da Fazenda
Pública.
Art. 37, XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o
efeito de remuneração de pessoal do serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são
irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Teto remuneratório, por entendimento do Supremo Tribunal Federal, vale para cada
cargo de forma isolada e não em relação ao montante final das duas remunerações.
• Súmulas importantes:
Súmula Vinculante 37, STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
Art. 40, CF. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos
efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido,
quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de
avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a
concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70
(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
complementar;
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas
Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais
requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de
benefícios em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-
B, 4º-C e 5º.
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo
idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com
deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar.
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo
idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo
de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam
o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput
do art. 144.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo
idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas
atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação.
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos
em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que
comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente
federativo.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta
Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime
próprio de previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência
Social.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para
fins de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de
serviço correspondente será contado para fins de disponibilidade.
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade,
inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e
ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo
acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência
social, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência
Social.
Em síntese:
• Servidores públicos estáveis da Administração Direta, autarquias e fundações →
Regime Próprio de Previdência Social.
• Regime Geral de Previdência Social:
- ocupantes de cargos em comissão;
- agentes políticos;
- empregados públicos.
Super dica!
A aposentadoria compulsória de que trata o artigo 40, estende-se também para
empregados dos consórcios públicos, empresas públicas, sociedades de economia mista e
suas subsidiárias:
Disposições constitucionais:
Art. 37, VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
Art. 142, IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
5.14.1 Penalidades
Os agentes administrativos, em razão do conjunto de atribuições e responsabilidades que
possuem, estão sujeitos, pelo Poder Disciplinar, a sofrerem a aplicação de penalidades
disciplinares quando cometidos ilícitos administrativos, que serão apurados por meio de
sindicância ou processo administrativo disciplinar. Estão elencadas no artigo 127 da Lei nº
8.112/90:
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição
constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto
em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais
grave.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com
advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que,
injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela
autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
determinação.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
O cancelamento dos registros das penalidades ocorrerá em 3 anos quando tratar-se de
advertência e em 5 anos quando for o caso de suspensão, desde que o servidor não tenha
praticado outras infrações neste período, como disciplina o artigo 131 da lei nº 8.112/90.
5.14.2 Demissão
A demissão configura-se como um ato administrativo que finaliza o vínculo do agente
público com a Administração Pública em razão da prática de uma infração funcional de natureza
grave, ou seja, trata-se de um ato com caráter punitivo. Como sintetiza Carvalho Filho (2021, p.
745), diferentemente da exoneração, que não tem caráter punitivo e configura-se como a
dispensa do servidor – por seu interesse ou da própria Administração – o que os diferencia é que
“na primeira, é a prática de uma infração grave, e, na segunda, o interesse do servidor ou da
Administração” que identifica a natureza do ato.
As condutas que acarretam a demissão do servidor, enquanto penalidades a ele impostas,
estão disciplinadas no artigo 132 da Lei nº 8.112/90. São três as modalidades de penalidades,
havendo penalidades leves, que não acarretam a impossibilidade de retorno ao serviço público;
moderadas, que impedem o provimento em cargo público pelo período de 5 anos; e aquelas
gravosas, que impedem em definitivo novo provimento, como indica o artigo 137 e seu parágrafo
único, da lei nº 8.112/90.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117,
incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público
federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. (Vide ADIN 2975)
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido
ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Em síntese:
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar,
assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que
contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
confirmada a autenticidade.
5.14.3 Sindicância
A sindicância é ferramenta pela qual a Administração Pública realiza a apuração de
irregularidades que, se confirmadas, podem acarretar a responsabilização do servidor público ou
fornecer elementos para a abertura de um processo administrativo disciplinar. Como salienta
Carvalho Filho (2021, p. 1065), ela “reveste-se de caráter inquisitório, porque é processo não
litigioso; como consequência, não incide o princípio da ampla defesa e do
contraditório. Caracteriza-se por ser procedimento preparatório, porque objetiva a instauração
de um processo principal, quando for o caso, obviamente”.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade
de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de
processo disciplinar.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração
da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o
seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo
da remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual
cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.
➙ Pode haver processo administrativodisciplinar sem sindicância prévia? Sim!
A sindicância não é um requisito obrigatório para a instauração de um processo
administrativo disciplinar (PAD), como será analisado.
Como preceitua o artigo 152 da Lei nº 8.112/90, o prazo para a conclusão do processo
administrativo disciplinar não poderá exceder 60 (sessenta) dias, contados da publicação do ato
que constitui a comissão, podendo ser prorrogável por igual prazo quando existentes razões para
tanto. ATENÇÃO: para que o excesso de prazo cause alguma nulidade, é necessária a
comprovação de prejuízo.
Super dica!
Súmula 592/STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo
disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será
remetido ao Ministério Público para instauração da ação penal, ficando trasladado na
repartição.
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de
ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a
inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a
revisão, que requer elementos novos, ainda não apreciados no processo originário.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art.
141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do
recebimento do processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar
diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada,
restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo
em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.
Quadro resumo:
Categorias Conceitos Fundamentos legais
Art. 38, CF
L. comp. n.º 35/79
Agentes Políticos: Mandato eletivo + secretários/
Agentes públicos Lei n.º 8.625/93
ministros + alto escalão P.J, MP, TCU, DP, Diplomatas...
Lei n.º 8.443/92
L. comp. n.º 80/94
Agentes Militares: Forças Armadas (Marinha, Exército e
Aeronáutica); Polícias Militares; Corpos de Bombeiros
Militares; Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Art. 42 e 142, CF.
Ferroviária; Polícia Ferroviária federal; Polícias civis; Polícias
penais federal, federais, estaduais e distritais.
Particulares em Colaboração: Em algum momento exercem
função + particulares serviço público
Servidores temporários: contratados, na
art. 37, IX, CF
forma da lei, por tempo determinado, a fim
Lei 8.745/93
de atender alguma necessidade de
natureza temporária
Empregados públicos
(celetistas): compõem os quadros da
pessoas jurídicas com personalidade de
Lei n.º 9.962/00
direito privados: Empresas Públicas,
CLT
Agentes Sociedades de Economia Mista,
Lei n.º 11.107/05
Administrativos fundações de direitos público com
personalidade de direito privado e
consórcios públicos
Servidores públicos
(Estatutários): servidores que
desenvolvem funções/atribuições dentro Lei n.º 8.112/90
da Administração Direta, suas autarquias
e fundações, as quais constituem-se como
pessoas jurídicas de direito público
Cargo efetivo: com ingresso mediante concurso público Art. 37, II, CF
Cargo em comissão: não é cargo efetivo e não garante
estabilidade ao servidor, sendo de nomeação e exoneração
Art. 37, V, CF
por parte do chefe do Poder Executivo, destinada às
atribuições de chefia, direção e assessoramento
Função de Confiança: exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo efetivo, destinam-se apenas Art. 37, V, CF
às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Cumulação de cargos: apenas possível quando existir
Cargos Públicos compatibilidade de horários, nas hipóteses:
Direito líquido e certo - Ainda relembrando, o direito líquido e certo é aquele que é
comprovado de plano pelo autor, por meio dos documentos anexados á petição inicial. Este é
aquele direito que não depende de dilação probatória, haja vista não ser admitida durante a ação
do mandado de segurança. Neste sentido, a súmula no 625 do Supremo Tribunal Federal dispõe
que “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança”.
Existem casos, também, em que os documentos que comprovariam os fatos alegados
pelo Impetrante estão em poder da Administração, que se negou a fornecê-los ao Impetrante.
Ex: cópia do procedimento administrativo. Nessas hipóteses, a lei 12.016/09 prevê, no art. 6o
§1o, que o Impetrante pode narrar essa situação, e o juiz intimará a autoridade coatora a
apresentar os documentos.
Por fim, foi estabelecido que, sendo cabível a impetração do Mandado de Segurança, ele
será impetrado, em detrimento da ação de procedimento comum. Com efeito, por se tratar de
ação mais célere, mais adequada à proteção do direito do cliente, sempre que viável, ele será
preferencialmente impetrado.
Com efeito, para que se configure o direito líquido e certo que enseja a impetração do
mandamus, a prova tem que estar pré-constituída, ou seja, não há necessidade de produção de
prova durante o processo.
Ato de gestão comercial: Ademais, para que seja cabível o remédio constitucional ora
em apreço, não pode se tratar de um ato de gestão comercial, qual seja, o ato de exploração de
atividade econômica de empresas estatais.
Importante salientar que os atos praticados pelas empresas estatais, na execução de
atividades de interesse público, o Mandado de Segurança é cabível, somente não o sendo
quando se tratar de ato praticado na exploração de atividade econômica, de cunho comercial.
Vejamos, inclusive o entendimento do Superior Tribunal de Justiça acerca do tema.
Súmula 333 - Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida
por sociedade de economia mista ou empresa pública.
Lei em tese: o mandado de segurança não pode ser impetrado contra lei em tese (súmula
266 do Supremo Tribunal Federal), pois normas gerais e abstratas não admitem a impetração
do mandado de segurança, já que o mandado de segurança é contra um ato individual que lesa
o interesse de alguém especificamente.
Recursos com efeito suspensivo: por fim, o mandado de segurança tem que ser
impetrado quando necessariamente não couber nenhuma espécie de recurso com efeito
suspensivo. Neste sentido, dispõe o art. 5o da lei 12.016/09, que não se concederá mandado de
segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado.
Ressalte-se, ainda, que em casos de ato praticado por delegação, a autoridade coatora
do Mandado de Segurança será a autoridade delegada, que praticou o ato impugnado. Vejamos
a súmula 510 do Supremo Tribunal Federal acerca do tema.
Súmula 510 STF - “praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.”
Ademais, o art. 25 da lei 12.016/09 dispõe que não é possível a condenação em
honorários advocatícios em sede de Mandado de Segurança, assim como não há a possibilidade
de interposição de recurso de embargos infringentes.
Sendo assim, será pleiteada a condenação do Réu ao pagamento de custas processuais,
mas não de honorários advocatícios.
Da mesma forma, o art. 12 da lei 12.016/09 define que será ouvido o Ministério Público o
que enseja o requerimento de intimação do representante do parquet na petição inicial, entre os
pedidos.
Outro ponto importante é que no mandado de segurança a competência é definida com
base na autoridade coatora, diferente da ação de procedimento comum, onde a competência é
definida com base no réu. Assim, por exemplo, se a autoridade coatora for o Presidente da
República, a competência é do STF; se a autoridade coatora for o Ministro de Estado, a
competência é do STJ e assim por diante.
A competência para julgamento do Mandado de Segurança está toda contemplada no
texto constitucional (art. 102, I, art. 105, I, art. 108 e art. 109 da Carta Magna).
Quando se tratar de autoridade estadual, a competência do Mandado de Segurança será
definida em Constituição Estadual, sendo que, nestes casos, a regra é que a competência seja
do juiz de direito da comarca, sendo competência do tribunal de Justiça originariamente, os
Mandados de Segurança em que sejam autoridade coatora o Governador de estado, Prefeito da
capital ou Secretário estadual (podemos memorizar como GPS).
Princípios do Direito Administrativo
Princípio da Legalidade
Princípio da Impessoalidade
Princípio da Moralidade Princípios Básicos ➙ Artigo 37, caput, CF
Princípio da Publicidade
Princípio da Eficiência
Princípio da Especialidade
Princípio da Motivação
Princípio da Segurança Jurídica, proteção à confiança e boa-fé
Princípio da continuidade
Princípio monocrático
Princípio do planejamento
Princípio da oficialidade
Por exemplo: se uma maioria deseja a utilização da via pública para a colocação de cadeiras e
mesas de bases, dificultando o tráfego de pedestres e veículos, o indivíduo que aciona a
Administração buscando que exerça poder de polícia e libere a passagem, ainda que seja um
indivíduo isolado no caso concreto, contrariando a maioria, está de acordo com o interesse público.
Como evidencia Di Pietro (2021), o princípio da supremacia do interesse público estará
presente tanto no momento de elaboração das leis, inspirando o legislador, quanto no momento
concreto em que há a execução da Administração Pública, vinculando a autoridade
admnistrativa. É, portanto, um supra princípio que norteia toda a lógica administrativa.
L I M P E
Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência
➙ Princípio da Legalidade:
Segundo o princípio da legalidade, “na relação administrativa, a vontade da Administração
Pública é a que decorre da lei” (DI PIETRO, 2021, p. 110). Ou seja, os agentes públicos devem,
no cumprimento de seus deveres, observarem a lei, não podendo agirem senão em virtude da
lei. A Administração Pública, portanto, só pode atuar (criando obrigações, definindo impostos,
realizando pagamentos...) quando existe lei que permita sua atuação. Em resumo: Só pode fazer
aquilo que a lei determine ou autorize.
Para particulares, diferentemente, o princípio que rege sua atuação é a autonomia da
vontade;
E quando os atos forem contrários à legalidade (lei)?
Devem ser:
* Anulados pela própria Administração (princípio da Autotutela)
* Anulados pelo Poder Judiciário, quando provocado, no controle dos atos da Administração
Pública.
➙ Princípio da Impessoalidade:
Também expresso no artigo 37, caput, da Constituição Federal, o Princípio da
Impessoalidade apresenta-se a partir de duas perspectivas: configura-se como a finalidade de
toda atuação administrativa e garante a vedação de obtenção de benefícios ou promoção
pessoal aos agentes públicos.
Impessoalidade
Enquanto finalidade da atuação administrativa, indica Di Pietro (2021, p. 112), que tal
princípio “estaria relacionado com a finalidade pública que deve nortear toda a atividade
administrativa. Significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar
pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu
comportamento”. No que se refere à perspectiva de vedação de obtenção de benefícios preceitua
que todo ato é da Administração Pública e não de seus agentes ou grupos econômicos e político-
partidários (DI PIETRO, 2021; SADDY, 2018). Por tal razão, é vedada a utilização de nomes,
símbolos, imagens ou cores que afastem a característica de impessoalidade que deve reger a
atuação pública.
➙ Princípio da Moralidade:
O Princípio da Moralidade sustenta a busca por uma boa administração, devendo ser
observado de forma obrigatória, preceituando, nas palavras de Saddy (2018, p. 121), que “ao
realizar atividade discricional ou apreciativa, além de observar a norma jurídica, o administrador
não pode se distanciar de valores éticos não protegidos diretamente pela norma jurídica, mas
suscetíveis de proteção porque são subjacentes em determinada sociedade”.
Há, assim, uma moral administrativa, que condiciona a utilização dos poderes da
administração, mesmo quando discricionário, e uma moral institucional, contida na lei, e a moral
comum.
Relaciona-se com: Ética, honestidade, boa-fé e probidade, licitude e honestidade.
Exemplos são as Leis nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa) e nº 14.230/21
(alteração).
➙ Princípio da Publicidade:
Assim como do Princípio da Impessoalidade, do Princípio da Publicidade é possível extrair
duas perspectivas: de exigência de publicações no Diário Oficial e de transparência da atuação
administrativa.
Publicidade
Lembre-se: Não é absoluto, pois não tem força para afastar outros princípios que regem a
administração pública, como o da legalidade (pular etapas definidas em lei) e da publicidade (não
realizar publicações para diminuir custos e tempo).
Art. 3º, Lei nº 9.874 – assistência por advogado é facultativa, salvo casos de obrigatória
representação.
Súmula Vinculante nº 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
➙ Princípio da Autotutela:
A Administração Pública pode rever os seus atos, sem necessitar do Poder Judiciário para
tanto.
Art. 53, Lei nº 9.874: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício
de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.
Súmula 346: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
“A regra é a autonomia; a exceção é o controle; este não se presume; só pode ser exercido nos
limites definidos em lei.” (DI PIETRO, 2021, p. 114)
Super dica!
Importante atualização legislativa em 2020 sobre o que não se caracteriza como
descontinuidade do serviço público: §3º, art. 6, da Lei nº 8.987!
Art. 6º, Lei nº 8.987: Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas
normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
das tarifas.
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação
de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade
§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não
poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia
anterior a feriado.
Art. 2º: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público;
➙ Princípio da Especialidade:
O Princípio da Especialidade carrega consigo a noção de descentralização da
Administração Pública, a medida em que preceitua que “todo ente, órgão ou agente público está
obrigado, com base em determinada norma, a possuir um campo ou setor de atuação
administrativa próprio, dirigido a fins específicos” (SADDY, 2018). Há, desde modo, uma
especialização de funções e atuações própria da Administração Pública, que garante a existência
de competências e finalidades determinadas para cada ente, agente ou órgão público.
➙ Princípio da motivação:
Consolidado pela doutrina e pela jurisprudência, o princípio da motivação traz a exigência
de que todos os atos da Administração sejam motivados, com fundamentos de fato e de direito.
Sendo assim, “a sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de
formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos” (DI
PIETRO, 2021, p. 124). Mais do que um princípio, é requisito para a viabilidade do controle da
Administração Pública.
➙ Princípio do planejamento:
Nas palavras de Saddy (2018, p. 134), o princípio do planejamento, “sob o ponto de vista
administrativo e gerencial, tem o propósito de identificar os objetivos e metas prioritários e definir
modos operacionais que garante, no tempo adequado, e estrutura e os recursos necessários
para a execução de ações (programas, planos, projetos e atividades) considerados relevantes e
de interesse público”.
➙ Princípio da oficialidade:
O princípio da oficialidade se traduz na possibilidade da Administração Pública instaurar,
impulsionar, de ofício, processo administrativo, sem depender da vontade do interessado.
Acolhido pela Lei nº 9.784/99, que disciplina o processo administrativo federal, destaca Carvalho
Filho (2021, p. 1053) que “Trata-se de responsabilidade administrativa, pela qual aos
administradores cabe atuar e decidir por si mesmos, não se adstringindo, inclusive, às alegações
das partes suscitadas no curso do processo. Ainda que a lei não o estabeleça nesse sentido, o
dever da Administração é inerente à função de concluir os processos para a verificação da
conduta a ser adotada, satisfazendo, assim, o interesse da coletividade”.
Quadro Resumo:
Categoria Conceito Fundamento legal
Supremacia do Interesse Público: interesse coletivo, público, se
sobrepõe a interesses meramente individuais e, por tal razão, a Implícito no
Administração possui poderes especiais em relação aos ordenamento
Supra particulares.
Princípios Indisponibilidade do Interesse Público: não cabe aos agentes
públicos dispor desse interesse em nome de interesses particulares, Implícito no
uma vez que a atuação da Administração deve ser guiada com base ordenamento
na lei e não em interesses próprios dos agentes.
Art. 37, caput, CF
Os agentes públicos devem, no cumprimento de seus deveres,
Legalidade Art. 2º, caput, Lei n.º
observarem a lei, não podendo agirem senão em virtude da lei.
9.784/99
Representa a finalidade de toda atuação administrativa e garante a
Impessoalidade vedação de obtenção de benefícios ou promoção pessoal aos Art. 37, caput, CF
agentes públicos.
Art. 37, caput, CF
Relaciona-se com: Ética, honestidade, boa-fé e probidade, licitude Art. 2º, caput, Lei n.º
Moralidade
e honestidade. 9.784/99
Leis nº 8.429/92
Exigência de publicações no Diário Oficial e de transparência da
Publicidade Art. 37, caput, CF
atuação administrativa
Noção de boa prestação de serviços, de forma mais simples, menos Art. 37, caput, CF
Eficiência custosa (econômica), rápida, buscando a concretização do Art. 2º, caput, Lei n.º
interesse público da melhor maneira 9.784/99
Ampla Defesa e do Contraditório: garantia de que sejam
Art. 5º, LV, CF
asseguradas também administrativamente ampla defesa e
Art. 3º, Lei nº 9.784
contraditório.
Autotutela: A Administração Pública pode rever os seus atos, sem
Princípios Art. 53, Lei nº 9.784
necessitar do Poder Judiciário para tanto.
gerais Continuidade/permanência do Serviço Público: O serviço público
Art. 6º, Lei nº 8.987.
não pode ser interrompido, deve ser prestado de forma continuada.
Razoabilidade e da Proporcionalidade: relação de adequação entre Art. 2º, caput, Lei n.º
meios e fins. 9.784/99
Poderes da Administração Pública
Mas atenção!
O Poder Discricionário não se confunde com arbitrariedade, pois mesmo com espaço de
decisão, só é permitido à Administração fazer aquilo que a lei determinar e autorizar, enquanto a
atuação arbitrária foge dos limites legais: “discrição e arbítrio são conceitos inteiramente diversos.
Discrição é liberdade de ação dentro dos limites legais; arbítrio é ação contrária ou excedente da
lei. Ato discricionário, portanto, quando permitido pelo Direito, é legal e válido; ato arbitrário é, sempre
e sempre, ilegítimo e inválido”. (MEIRELLES, 2016, p. 187)
➙ Atenção: Não confundir com o poder de editar leis, enquanto função do Poder Legislativo;
Aqui, trata-se de função atípica da Administração Pública.
Fonte: Flaticon
O que é o Poder de Polícia? O artigo 78 do Código Tributário Nacional traz o seu conceito:
Art. 78 do Código Tributário Nacional:
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Quem é competente?
Sanções Administrativas
Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta
e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em
vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos,
pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante
requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade
funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
➙ Excesso de Poder: quando o agente “excede os limites de sua competência; por exemplo,
quando a autoridade, competente para aplicar a pena de suspensão, impõe penalidade mais
grave, que não é de sua atribuição; ou quando a autoridade policial se excede no uso da força
para praticar ato de sua competência” (Di Pietro)
➙ Desvio de Poder (ou desvio de finalidade): quando o agente público “pratica o ato com
finalidade diversa da que decorre implícita ou explicitamente da lei” (DI PIETRO, 2021).
O abuso de autoridade pode ser configurado em qualquer uma das modalidades, desde
que definido em lei, ou seja, abuso de autoridade se refere aos crimes previstos na Lei nº
13.869/19. Mas todo desvio de poder ou excesso de poder é, então, abuso de autoridade? NÃO!
Lei nº 13.869/19:
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público,
servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse
do poder que lhe tenha sido atribuído”.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando
praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar
a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
Em síntese:
Os crimes definidos na lei dependem da existência:
➙ de DOLO (quando o agente público tem a intenção de praticar o crime);
Atenção!
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Das correntes que discordam desse conceito apresentado pelo legislador podemos citar:
• Corrente exclusivista: para José dos Santos Carvalho Filho, bens públicos são “todos
aqueles que, de qualquer natureza e a qualquer título, pertençam às pessoas jurídicas
de direito público, sejam elas federativas, como a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, sejam da Administração descentralizada, como as autarquias, nestas
incluindo-se as fundações de direito público e as associações públicas” (2019, p. 1073).
• Corrente inclusivista: posição de Hely Lopes Meirelles e Maria Sylvia Zanella Di Pietro
é de que os bens públicos são aqueles que pertencem à Administração Pública Direta
e Indireta (MEIRELLES, 2003, p.486), Di Pietro até amplia esse conceito, referindo que
os bens públicos são todos aqueles que estão sob domínio público do Estado (DI
PIETRO, 2020).
• Corrente mista: Celso Antônio Bandeira de Mello entende que os bens públicos são
aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público, com aqueles que
estejam afetados à prestação de um serviço público (2009, p. 913). Essa corrente
incluiria os bens públicos das pessoas jurídicas de direito privado que estejam afetados
à prestação do serviço público, como por exemplo, das estatais, concessionárias e
permissionárias de serviço público.
Atenção!
A corrente que frequentemente é cobrada é a exclusivista, que está de acordo com o
posicionamento adotado pelo legislador no artigo 98, do Código Civil.
A partir da leitura do artigo 98 podemos verificar que somente tem bens públicos as
pessoas jurídicas de direito público interno, ou seja, a União, Distrito Federal, Estados-membros
e municípios, bem como, as autarquias e fundações públicas de direito público (ou também
denominadas como fundações autárquicas). Portanto, os bens dessas entidades, sejam bens
corpóreos e incorpóreos, móveis e imóveis, estão sujeitos a regime jurídico dos bens públicos.
Os demais bens, das demais entidades que não estejam aqui enquadradas, serão bens privados
(ou particulares).
O fato dos demais bens serem privados não implica na impossibilidade deles revestirem
de características dos bens públicos, essa possibilidade recai sobre os bens de pessoas jurídicas
de direito privado que prestam serviço público, os bens destinados à prestação do serviço público
terão as prerrogativas de bens públicos. Esse é o entendimento firmado pela jurisprudência e
doutrina, pois como a sua utilização é para a prestação de um serviço público, os bens devem
ser protegidos, principalmente quanto a impenhorabilidade e a proibição de que sejam onerados.
Sintetizando: bens públicos são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público
interno (art. 41 do CC), integrantes da Administração Pública Direta e Indireta, bem como, aqueles que
não pertencem à essas pessoas, contudo estão afetados à prestação de serviço público, segundo o
entendimento jurisprudencial e doutrinário.
9.2 Classificação dos bens
Os bens são classificados tradicionalmente sob três aspectos: quanto à titularidade;
quanto à destinação; quanto à disponibilidade.
• Quanto à titularidade:
• Federais – art. 20/CF + Lei nº 9.636/98, que dispõe sobre os bens imóveis da União;
• Estaduais – art. 26/CF;
• Distritais;
• Municipais – sem lista expressa;
• Quanto à destinação:
• Bens de uso comum do povo: são aqueles destinados ao uso geral pelos indivíduos,
independentemente de consentimento individualizado por parte da administração
pública, são de uso universal. Em regra são colocados de forma gratuita para o uso,
mas nada impede que haja uma contraprestação, pois podem ser de uso gratuito ou
retribuído, por exemplo, a cobrança de estacionamento rotativo (art. 103, do CC). Esses
bens ficam sujeitos ao poder de polícia do Estado, visando a conservação da coisa
pública e proteção do usuário.
• Bens de uso especial: São todos os bens que visam à execução do serviço público e
dos serviços administrativos do Poder Público. São chamados também de bens do
patrimônio administrativo. Estão afetados a uma destinação específica. Esses bens
só podem ser alienados após a desafetação. Exemplos: edifício da prefeitura, escola
pública, as mesas e cadeiras da escola, os veículos da polícia civil, material de
consumo da administração, etc.
• Bens dominicais: São os bens públicos que pertencem às pessoas jurídicas de direito
público, mas não possuem uma afetação específica (são, portanto, desafetados). São
bens do patrimônio público disponível ou bens do patrimônio fiscal. Como exemplo
podemos citar as terras devolutas ou um bem desafetado como uma ambulância
estragada, terras da marinha, móveis inservíveis, prédios desativados, etc. Veja como
o Código Civil traz as classificações em sua redação:
Código Civil:
OBSERVAÇÕES:
Para Maria Sylvia Di Pietro é inaceitável a desafetação pelo não uso, ainda que prolongado,
como, por exemplo, no caso de uma rua que deixa de ser utilizada. Em hipótese como essa, torna-se
necessário um ato expresso de desafetação, pois inexiste a fixação de um momento a partir do qual
o não uso pudesse significar desafetação. Sem essa restrição, a cessação da dominialidade pública
poderia ocorrer arbitrariamente, em prejuízo do interesse coletivo.
Em resumo a classificação por destinação, ou espécies de bens:
Patrimônio da pessoa
Bens Exemplo: terras devolutas,
jurídica de direito público
dominicais bens desafetados.
sem destinação especial.
• Quanto à disponibilidade:
• Bens indisponíveis por natureza: os bens de uso comum do povo, como regra, são
bens absolutamente indisponíveis, são insuscetíveis de alienação, como os mares, rios,
estradas, etc. São bens que não possuem natureza patrimonial.
• Bens patrimoniais indisponíveis: estes são bens que possuem natureza patrimonial,
mas que o Poder Público não pode dispor em razão de estarem afetados a uma
destinação específica. Os bens de uso especial e os de uso comum que sejam
suscetíveis de avaliação, por exemplo, os imóveis, veículos, escolas públicas,
universidades públicas, hospitais, etc.
• Bens patrimoniais disponíveis: são os bens que possuem natureza patrimonial e por
não estarem afetados a uma finalidade pública podem ser alienados, claro, desde que
respeitada a lei. Os bens patrimoniais são, por exemplo, a ambulância que não funciona
mais e foi desafetada para ser leiloada.
• Inalienabilidade: significa que bens públicos não podem ser vendidos livremente, mas
essa regra não é absoluta, tanto é que alguns administrativistas chamam de
alienabilidade condicionada ou relativa. Os bens de uso especial e os bens de uso
comum são inalienáveis (são bens fora do comércio), essa é a regra. Todavia, o
entendimento mais moderno é o de que os bens públicos podem ser alienados, desde
que atendidos os requisitos estampados na lei (veja o artigo 76, da Lei 14.133/2021).
Veja como o Código Civil trata do assunto:
Código Civil:
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
• Impenhorabilidade: os bens públicos não podem ser objeto de uma constrição judicial,
de uma execução contra a fazenda pública, por exemplo. A penhora e arrematação do
bem seriam de inquestionável prejuízo a toda a sociedade que dele usufrui. Esse
atributo inclui a garantia do bem público não poder ser objeto de garantia. Ela se justifica
pelo fato de que as dívidas da Fazenda Pública são pagas em forma de precatórios e
RPV (Requerimento de Pequeno Valor), na forma do artigo 100, da Constituição
Federal.
Atenção para a JURISPRUDÊNCIA:
OBSERVAÇÕES:
A lei nº 9.636/98 disciplina a alienação de bens imóveis da União, nela o artigo 23 estabelece
que “a alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato do Presidente da
República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua oportunidade e conveniência”.
Essa competência do Presidente pode ser delegada para o Ministro de Estado da Fazenda.
Lei 14.133/2021:
Art. 76, §5º: Entende-se por investidura, para os fins desta Lei, a:
I - alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de área remanescente ou resultante de obra
pública que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço que não seja inferior ao da avaliação nem
superior a 50% (cinquenta por cento) do valor máximo permitido para dispensa de licitação de bens e
serviços previsto nesta Lei;
II - alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na falta dele, ao poder público, de imóvel para fins
residenciais construído em núcleo urbano anexo a usina hidrelétrica, desde que considerado
dispensável na fase de operação da usina e que não integre a categoria de bens reversíveis ao final da
concessão.
• Concessão de domínio: alienação que recai sobre terras devolutas dos entes
federados, conforme a redação do artigo 188, §1º, da Constituição Federal:
Constituição Federal:
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola
e com o plano nacional de reforma agrária.
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois
mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
prévia aprovação do Congresso Nacional.
OBSERVAÇÕES:
Para Di Pietro: A rigor, a autorização de uso e a permissão de uso são precárias, enquanto a
concessão é estável. Na prática administrativa, tem-se admitido autorização e permissão com prazo
(sendo chamadas de condicionadas ou qualificadas), o que confere ao beneficiário a mesma
estabilidade que decorre da concessão e, portanto, o mesmo direito à indenização, em caso de
revogação do ato antes do prazo estabelecido.
OBSERVAÇÕES:
2. Dessa primeira diferença decorre outra, relativa à precariedade. Esse traço existe em
ambas as modalidades, contudo é mais acentuado na autorização, justamente pelas finalidades de
interesse individual; no caso da permissão, que é dada por razões de predominante interesse
público, é menor o contraste entre o interesse do permissionário e o do usuário do bem público;
3. A autorização, sendo dada no interesse do usuário, cria para este uma faculdade de uso,
ao passo que a permissão, sendo conferida no interesse predominantemente público, obriga o
usuário, sob pena de caducidade do uso consentido.
• Término do prazo
• Caducidade (no caso de não utilização)
• Rescisão unilateral da concessão
• Revogação da autorização e permissão
OBSERVAÇÕES:
Para Di Pietro: os bens dominicais podem ser cedidos aos particulares por meio dos mesmos
institutos de direito público já mencionados, como também podem ser objeto de contratos regidos pelo
Código Civil, como a locação, o arrendamento, o comodato, a concessão de direito real de uso, a
enfiteuse.
Súmula 477, STF: As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos
Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se
mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.
Súmula 480, STF: Pertencem ao domínio e administração da União, nos termos dos artigos 4º,
IV, e 186, da CF/67, as terras ocupadas por silvícolas.
Súmula 650, STF: Os incisos I e XI do art. 20 da CF/88 não alcançam terras de aldeamentos
extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.
Súmula 724, STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que
o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
Súmula 103, STJ: Incluem-se entre os imóveis funcionais que podem ser vendidos os
administrados pelas forças armadas e ocupados pelos servidores civis.
Súmula 496, STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de
marinha não são oponíveis à União.
Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza
precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
Atenção!!!
De acordo com o artigo 1º da Lei 7.347/1985, lei que regulamenta a ação civil pública, o
ajuizamento da ACP não impede a ação popular, pois elas são independentes (art. 1º).
O procedimento é muito similar do que já foi estudado nas peças do procedimento comum,
entretanto, algumas diferenças existem, porque a ação civil pública tem procedimento especial
na Lei 7.347/85, apenas subsidiariamente é que se aplica as regras do Código de Processo Civil
(art. 19).
O cabimento da peça é fundamentado no próprio artigo 1º:
Lei 7.347/1985:
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.
De acordo com o artigo 81, do Código de Defesa do Consumidor, interesses ou direitos
difusos são os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. Já os interesses ou direitos coletivos, são os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas
ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base.
Cuidado, segundo o entendimento da jurisprudência não cabe ação civil pública quando
o tema versar sobre:
• Tributos
• Contribuição previdenciária
• FGTS – Atenção – STF (RE 643978/SE) – O MP tem legitimidade para ACP em defesa
de direitos sociais relacionados ao FGTS.
• Fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.
O objeto da ação civil púlbica é a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer (art. 3º). As ações devem ser propostas no local onde ocorrer o dano, cujo
juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Essa competência previne a
jurisdição do juízo para todas as ações propostas posteriormente que tenham a mesma causa
de pedir ou o mesmo objeto (art. 2º).
A ação deve ser ajuizada em juízo de 1º grau. Assim como na ação popular e na ação de
improbidade administrativa, na ACP não há foro especial por prerrogativa de função (só no Habeas
data, Habeas corpus, MS haverá).
A legitimidade para propor tal ação é bem restrita! O rol de legitimidados está no artigo
5º, da lei 7.347/85, todavia, esse rol se estende, pois a OAB também tem legitimidade
reconhecida em jurisprudência e segundo o artigo 54, inciso XIV, combinado com o artigo 44,
inciso I, ambos da Lei nº 8.906/94. Segundo o STJ, a OAB (entidade sui generis) pode ajuizar a
ACP para buscar os interesses na defesa da sociedade, isto é, não se limita a ajuizar ação na
defesa dos seus interesses, da sua classe ou demonstrar afinidade temática.
Na Constituição Federal a possibilidade de propositura da ação civil pública aparece nas
funções institucionais do Ministério Público, embora esta seja a única previsão constitucional (art.
129, III, da CF), o próprio §1º refere que a legitimação do MP não impede outros legitimidados.
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social,
ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos
de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente
como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste
artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada,
o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do
Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.
1) Fixação de multa diária (art. 11): na ação em que o objeto seja cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, você poderá requerer o cumprimento da prestação da
atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica
ou cominação de multa diária, forçando, assim, a execução da decisão do juízo.
4) Efeito erga omnes (art. 16): segundo o legislador, a sentença faz coisa julgada erga
omnes, mas nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido
for julgado improcedente por insuficiência de provas, ocasião em que qualquer
legitimidade poderá intentar outra ação com idêntifica fundamento, valendo-se de nova
prova. Contudo, esse não é o entendimento do STJ:
Atenção!!!
STJ (EREsp 1134957/SP – Corte especial):
A eficácia das decisões proferidas em Ações Civis Públicas Coletivas não deve ficar limitada
ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a decisão.
5) Ação de improbidade administrativa não é ação penal, é ação civil pública, mas não
se chama ação civil pública e sim ação de improbidade administrativa. Pois não é
regulamentada pela Lei 7.347/85 e sim por lei própria, que é a lei 8.429/92.
6) Destinação da condenação em valor (art. 13): será revertida para um fundo gerido
por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus
recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
1. DOS FATOS:
Descrever os fatos narrados no enunciado, sem inventar nenhum dado ou informação
nova. Neste momento tente ser o mais objetivo possível para poupar linhas preciosas na sua
prova.
3. DO DIREITO:
Neste tópico você deve desenvolver as teses que visam assegurar o direito do seu cliente.
Você pode optar por fazer um texto de forma corrida, ou separá-lo por subtópicos, dando mais
destaque para cada tese.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Serviços Públicos
Define Hely Lopes Meirelles (2003, p. 319) serviço público como “todo aquele prestado pela
Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniências do Estado”.
Os serviços públicos podem, desse modo, serem prestados pelo Estado, por meio da
Admininstração Indireta, ou, ainda, por particulares. No primeiro caso, há a outorga ou
descentralização por serviço da Administração Direta para a Admininstração Indireta; no
segundo, fala-se em delegação, descentralização por colaboração ou delegação negocial
da atividade para particulares.
Vejamos:
Amplo: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.
Restrito: Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o
caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
11.2 Competências
A Constituição Federal tratou de regular competências específicas para cada ente da
federação e não é diferente quando falamos de serviço público. Os artigos 21 e 22 tratam das
competências – administrativas e legislativas, respectivamente –, da União, enquanto o artigo 23
trata das competências comuns (administrativas) e o artigo 24 das concorrentes (legislativas), à
União, estados e Distrito Federal. O artigo 25 define as competências estatais, o artigo 30 as
municipais e, por fim, o artigo 32 as distritais.
Mas então, quem é competente para prestar serviços públicos quando falamos da
Administração Direta?
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais
de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
➙ Atenção:
• Art. 236/CF – Serviço notarial é serviço público por delegação, exercido em caráter privado.
(CUIDADO: Notario, mesmo fazendo concurso público, não é servidor público)
• Uber, taxi, Cabify... – São considerados prestação de serviço público de transporte coletivo.
Teses do Supremo tribunal Federal sobre o tema:
Em síntese:
Art. 6°, §1º, da Lei nº 8.987/95: Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de
serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
Super dica!
Importante atualização legislativa em 2020 sobre o que não se caracteriza como
descontinuidade do serviço público: §3º, art. 6, da Lei nº 8.987!
Art. 6º, Lei nº 8.987: Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas
normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
das tarifas.
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação
de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade
§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não
poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia
anterior a feriado.
➙ Princípio da Igualdade dos usuários: Por conta desse princípio não são admitidas
distinções de caráter pessoal que não aquelas definidas em lei – como, por exemplo, a utilização
de tarifas diferenciadas para idosos. O tratamento deve ser, portanto, igualitário.
➙ Princípio da Cortesia: O atendimento destinado aos usuários dos serviços públicos, por tal
princípio, deve se dar de forma cortês, garantindo-se, ainda, de forma indireta a existência de
centrais de atendimento aos usuários nos casos de serviços de massa, como energia elétrica e
telefonia, por exemplo (MAFINNI, 2013).
➙ Princípio da Modicidade das Tarifas: Este princípio preconiza que as tarifas dos serviços
públicos, quando existentes, possuam um valor adequado e não visem lucro desmedido. Assim,
é possível, quando autorizadas no edital da licitação, nos casos definidos em lei, a utilização de
outras receitas alternativas que favoreçam a modicidade das tarifas, como disciplinam os artigos
11 e 17 da Lei nº 8.987:
Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que, para sua viabilização, necessite
de vantagens ou subsídios que não estejam previamente autorizados em lei e à disposição
de todos os concorrentes.
➙ Destinatários:
* gerais/coletivos/uti universi - Cobrados por impostos ou contribuições
São aqueles "inquantificáveis e que tem usuários inqualificáveis [...], aqueles em que não
se pode mensurar a quantidade de serviço prestado, bem como seu próprio usuário (ex.:
segurança pública)" (MAFINNI, 2013). Ou seja, não é possível calcular quanto daquele serviço
público o usuário utiliza, por isso não há como definir uma taxa específica para sua cobrança,
sendo cobrados impostos que serão revertidos para aquela prestação de serviço público
destinada à coletividade.
➙ Titularidade:
A titularidade relaciona-se com a competência para a prestação. Assim, basta questionar:
Quem é o ente titular dessa prestação?
Podem ser:
* Federais (União);
* Estaduais (estados);
* Distritais (DF);
* Municipais (município);
* Comuns (todos os entes podem ser titulares)
➙ Objeto:
* administrativos: atividades que atendam necessidades internas
São aqueles executados pela Administração Pública para o atendimento de necessidades
internas desta, ou, ainda, que refiram-se a preparação de outros serviços prestados ao público,
como o de imprensa oficial (MEIRELLES, 2003).
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
* sociais: visam atender a prestação de direitos fundamentais sociais – podem ser
delegados a particulares
São aqueles que o Estado, diretamente ou por delegação, executa para atender
demandas básicas e relevantes, bem como serviços assistenciais, tendo por finalidade a
concretização de direitos fundamentais sociais previstos constitucionalmente.
➙ Essencialidade:
* essenciais – indispensáveis, necessidade pública – Execução privativa da
Administração Pública (exceção: art. 30, V, CF)
Os serviços essenciais caracterizam-se como aqueles que atendem interesses essenciais
e possuem como sujeitos da prestação apenas as entidades públicas. Prestados, portanto,
exclusivamente pelo Estado.
ATENÇÃO: exceção: art. 30, V, CF – possibilidade de concessão ou permissão para
execução do serviço público de transporte coletivo nos municípios.
* não essenciais – de utilidade pública – Podem ser prestados por particulares (ex.
serviço funerário)
Atendem a interesses não essenciais da coletividade, mas possuem utilidade pública,
podendo ser prestados pelo Estado ou por entidades de direito privado.
➙ Titularidade estatal:
* próprios – de titularidade exclusiva do Estado – execução pode ser delegada por
concessão ou permissão;
Tratam-se dos serviços públicos propriamente ditos, de titularidade da Administração
Pública, que são por ela executados diretamente ou por meio de delegação.
Lembre-se!
Na delegação há apenas a transferência da execução do serviço público e não da
titularidade.
* impróprios ou virtuais – atividades com relevância pública, nas quais os titulares são
particulares – se submetem aos princípios do serviço público e ao Poder de Polícia;
Os serviços públicos impróprios ou virtuais (não considerados serviços públicos por alguns
doutrinadores) são atividades que atendem a necessidades coletivas executadas por particulares
– e não pela Administração Pública – sendo apenas fiscalizados, regulamentados e autorizados
pelo Estado (DI PIETRO, 2021). Ou seja, são atividades não estatais, executadas por
particulares (privados) que são chamadas também de serviços públicos em razão de atenderem
necessidades coletivas.
Submetem-se, contudo, a regime jurídico especial.
Exemplo: compensação bancária – por estar elencada no art. 10, XI, da Lei nº 7.783/89,
que traz serviços de natureza essencial, não é cabível greve.
➙ Criação:
* opção legislativa – serviços públicos elencados pelo Legislador, ou seja, descritos em
lei ou na Constituição Federal;
* inerente – aqueles serviços que, mesmo sem estarem expressos em lei, são serviços
públicos por suas características, ainda que não sejam assim identificados no ordenamento
jurídico.
Super dica!
A Lei nº 14.113 (nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos) alterou os incisos II e III
do artigo 2º da Lei nº 8.987, exigindo-se, a partir de então, que a licitação para a concessão comum
se dê na modalidade de concorrência ou de diálogo competitivo. Até a alteração, qualquer forma de
licitação era permitida.
Em resumo, são características da concessão comum:
a) Concessão Patrocinada:
Disciplinada no §1º do artigo 2º da Lei nº 11.079/04, a concessão patrocinada pode ser
tanto de serviços públicos quanto de obras públicas, envolvendo a cobrança de tarifa dos
usuários aliada a uma contraprestação da Administração Pública ao concessionário.
Art. 2º §1º, da lei nº 11.079/04:
Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade
patrocinada ou administrativa.
§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de
que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à
tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.
Art. 10. § 3º As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública dependerão de
autorização legislativa específica.
b) Concessão Administrativa:
Diferentemente da concessão patrocinada, na concessão administrativa não há a
cobrança de tarifa do usuário, sendo a Administração Pública a usuária direta ou indireta do
serviço. Pode, ainda, envolver a execução de obra ou instalação de bens, estando disciplinada
também no artigo 2º da Lei nº 11.079, em seu §2º.
Concessão de obra pública: não se enquadra como concessão especial, por força do
§3º, do artigo 2º da Lei nº 11.079:
Como destaca Carvalho Filho (2021, p. 407), a expressão “concessão de obra pública”
indicava, de forma errônea, que a Administração Pública transferia uma obra pública, o que não
ocorre: “a obra não pode ser tecnicamente concedida; o que o Estado concede é a atividade, ou
seja, o serviço. Para tanto autoriza o concessionário a executar a obra previamente. Há,
portanto, duplicidade de objeto; em relação a este, o que é objeto de concessão é o serviço
público a ser prestado após a execução da obra”.
➔ Disciplinada nas Leis nº 8.987 e 11.079.
11.5.3 Permissão
Em sua origem a permissão constitui-se como uma forma de delegação efetivada por ato
administrativo unilateral, precário e passível de revogação unilateral, atribuindo-se ao instituto,
posteriormente, sobretudo com a Lei nº 8.987/1995, um caráter contratual (MAFINNI, 2013),
fazendo com que, em termos práticos, não haja distinções entre a concessão e a permissão
(CARVALHO FILHO, 2021), sendo importante destacar, também, que a responsabilidade do
poder concedente é subsidiária, assim como na concessão comum. Teoricamente alguns pontos
permitem a diferenciação das duas.
Os artigos 2º, inciso IV, e 40 da Lei nº 8.987 apresentam importantes elementos das
permissões, sendo rasa a sua fundamentação legal, gerando críticas doutrinárias sobre sua
confusa definição. Diferentemente da concessão, qualquer modalidade licitatória pode ser
utilizada, existindo-se apenas a existência de licitação prévia ao contrato de permissão.
Art. 2º, IV, e artigo 40 da Lei nº 8.987:
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão,
que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação,
inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.
Sobre a permissão:
→ Disciplinada nos artigos 2º e 40 da Lei nº 8.987;
→ Por contrato;
→ Apenas para serviço público e não obra pública;
→ Sem prazo – caso fixado, cabe indenização se revogado antes;
→ Precária (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo);
→ Poder concedente fiscaliza;
→ Possibilidade de busca da responsabilidade civil do permissionário;
Diferenciações Importantes:
Concessão Permissão
Concessão ocorre apenas para pessoa jurídica Permissão ocorre para pessoa física ou jurídica
ou consórcio de empresas (autorização também)
11.5.4 Autorização
O reconhecimento da autorização como uma forma de delegação não é unânime na
doutrina, embora conste nos incisos XI e XII do artigo 21 da Constituição Federal – o que o torna,
assim, um instrumento exclusivo de delegações de serviços públicos de competência federal,
sem previsão constitucional para que estados e municípios se utilizem da autorização (MAFINNI,
2013).
Características:
→ Ato unilateral da Administração Pública;
→ Discricionário;
→ Precário (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo);
→ Sem exigência de licitação;
→ Formalizada por decreto ou portaria;
➙ Rescisão:
A rescisão contratual se dará pelo descumprimento de normas, supervenientemente a
celebração contratual, por parte da concedente, cabendo a rescisão, portanto, ao concessionário
– embora a doutrina compreenda cabível também a rescisão bilateral e amigável (CARVALHO
FILHO, 2021). Como traz o artigo 39 da Lei nº 8.987 “o contrato de concessão poderá ser
rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais
pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim”,
destacando o parágrafo único desse dispositivo a impossibilidade de que a prestação dos
serviços públicos seja interrompida até sentença judicial transitada em julgado.
➙ Anulação:
Podendo ocorrer pela via administrativa ou judicial, a anulação se dá quando existente
vício de legalidade no contrato). Assim, “Presente o vício, há presumida lesão ao patrimônio
público, o que permite o ajuizamento de ação popular para postular-se a anulação do ajuste”
(CARVALHO FILHO, 2021, p. 443).
➙ Caducidade
De forma inversa à rescisão, a caducidade ocorre quando há a “rescisão” unilateral da
Administração por descumprimento das cláusulas contratuais por parte da concessionária,
podendo ser ato vinculado (artigo 27, Lei nº 8.987) ou discricionário (artigo 38, Lei nº 8.987).
Deve-se observar, como procedimento:
- Comunicação à concessionária sobre o descumprimento e determinação de prazo para
correção;
- Instauração de procedimento administrativo para apuração, com garantia da ampla defesa e
contraditório;
- Apurada a inadimplência da concessionária, será declarada a caducidade da concessão por
meio de decreto expedido pelo Chefe do Poder Executivo (CARVALHO FILHO, 2021);
➙ Encampação
Como definido no artigo 37 da Lei nº 8.987, a encampação refere-se à retomada, por parte
da Administração Pública, da prestação do serviço público. Faz-se necessária autorização
legislativa e indenização prévia.
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante
o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica
e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior.
➙ Extinção da concessionária
A extinção da concessionária por falência ou extinção da empresa ou, ainda, falecimento
ou incapacidade do titular, ocorre, como pontua Carvalho Filho (2021, p. 447) “pela singela razão
de que fica inviável a execução do serviço público objeto do ajuste”, retornando a prestação do
serviço público o concedente, até nova concessão.
→ Por contrato;
Art. 2º e 40 da
Permissão → Apenas para serviço público e não obra pública; Lei nº 8.987
→ Sem prazo – caso fixado, cabe indenização se revogado antes;
→ Precária (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo);
→ Poder concedente fiscaliza;
→ Responsabilidade direta e objetiva (Poder concedente responde
de forma subsidiária)
O reconhecimento da autorização como uma forma de delegação não
é unânime na doutrina.
→ Ato unilateral da Administração Pública; Art. 21, XI e XII,
Autorização → Discricionário; CF
→ Precário (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo);
→ Sem exigência de licitação;
→ Formalizada por decreto ou portaria.
Comum: concessão de serviço público: a delegação de sua prestação,
feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
Concessão Lei n.º 8.987/95
sua conta e risco e por prazo determinado” e “concessão de serviço
público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou
parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
quaisquer obras de interesse público, delegados pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou
diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco,
de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e
amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo
determinado”;
12.1 Conceito
Como conceito de licitação a definição do ilustre jurista Marçal Justen Filho, que assim
afirma: “A licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato
administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção de proposta da contratação
mais vantajosa, com observância do princípio da Isonomia, conduzido por um órgão dotado de
competência específica.”
O art. 37, XXI, da CRFB determina que os contratos administrativos sejam precedidos de
licitação pública, bem como o art. 175 da Carta Magna, ao tratar das outorgas de Concessões e
Permissões, também faz referência à obrigatoriedade de licitar, imposta ao ente estatal.
Quanto à competência para legislar, de acordo com o art. 22, da Constituição Federal,
compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXVII – normas gerais de licitação e
contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°,
III.
Atenção!
Os entes federativos poderão expedir normas específicas para regulamentação de seus
procedimentos licitatórios, desde que observadas as normas genéricas trazidas na legislação
federal.
Vinculação ao Edital: O edital é a “lei” interna da licitação, e deve definir tudo o que for
importante para o certame, vinculando os licitantes e a Administração Pública à sua observância.
A elaboração do edital pela Administração pública é livre e discricionária, na busca por
satisfazer os interesses da coletividade; todavia, após a sua publicação, a Administração fica
vinculada àquilo que foi publicado.
O edital deve estabelecer, de forma precisa e clara, qual critério será usado para seleção
da proposta vencedora.
Atenção!
Não contradiz o princípio da publicidade que deve ser observado na realização de licitações
públicas.
Competitividade: A licitação nada mais é senão um processo por meio do qual todos
poderão participar em igualdade de condições, para a escolha da proposta que esteja em
consonância com os interesses da coletividade.
Isonomia: Em seu aspecto material, isto significa tratar igualmente os iguais e oferecer
tratamento desigual aos desiguais na medida de suas desigualdades. Neste sentido, o princípio
visa a igualar juridicamente aqueles que são desiguais faticamente, formando o que se
convencionou chamar de isonomia material.
Está em conformidade com esse princípio o tratamento diferenciado dispensado a
microempresas e empresas de pequeno porte pela Lei Complementar 123/06, bem como a
possibilidade de criação de preferências para aquisição de produtos manufaturados ou serviços
nacionais que obedeçam às normas técnicas brasileiras, nos moldes da própria lei 14.133/21,
conforme disposto em seu art. 26.
Atenção!
Este tipo é utilizado quando o produto pretendido pela Administração não tiver nenhuma
característica especial, ou quando as características especiais são definidas como requisitos
mínimos para contratação.
Maior desconto: Nesses casos, o julgamento terá como referência o preço global fixado
no edital de licitação, e o referido desconto deverá será estendido aos eventuais termos aditivos.
Melhor técnica ou conteúdo artístico: Trata-se de licitação que tem por critério de
escolha a qualidade do produto a ser adquirido ou do serviço a ser prestado.
Atenção!
Em razão do previsto no artigo 35, parágrafo único, da lei 14.133/21, este tipo poderá ser
utilizado para a contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística.
Técnica e preço: Nas licitações deste tipo, a escolha do vencedor será adequada, quando
a variação de qualidade da prestação refletir na satisfação das necessidades do Estado. Sendo
assim, será feita uma análise de preço bem como de qualidade do bem ou serviço a ser prestado
pelo vencedor.
Maior lance: A licitação do tipo maior lance se verifica para alienação pela Administração
Pública de bens e direitos, é apropriada para o leilão, que é modalidade licitatória que utiliza
sempre como critério de escolha do vencedor o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação feita pelo ente público.
Caso nenhum desses critérios seja idôneo a desempatar a licitação, a lei determina
que o desempate se dará com base em critérios de preferência, a seguir expostos:
a) Empresas estabelecidas no território do órgão ou entidade da Administração
Pública estadual licitante ou no Estado em que se localiza o órgão ou entidade da
Administração Pública municipal licitante.
b) Empresas brasileiras.
c) Empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.
d) Empresas que comprovem a prática de mitigação, por meio da utilização de
tecnologia que reduza a produção de gases poluentes, nos termos da Lei nº
12.187/09.
Atenção!
Quanto às Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista exploradoras de atividade
econômica, o art. 173, § 1º, inciso III, da CF dispõe que é possível a criação de uma lei específica
para reger a licitação dessas empresas.
Em 2016, foi editada a lei 13.303/16 que trata do Estatuto das empresas estatais, inclusive,
regulamentando novo procedimento licitatório para essas entidades. Enquanto esse novo
procedimento estiver em fase de vacância legal, lhes é aplicada a Lei 8.666/93, em sua
integralidade, devendo ser respeitado o art. 37, XXI, da Constituição Federal, independente da
finalidade da empresa estatal.
O TCU entende que, de fato, as empresas estatais precisam licitar, mas deve-se admitir
exceção. Quando a empresa estatal exploradora de atividade econômica licita para contratações
referentes à sua atividade-fim, está sendo impedida de concorrer com igualdade no mercado.
Isso porque a rapidez do mercado não se coaduna com a burocracia da licitação e a realização
de procedimento licitatório. Nestes casos, iria de encontro ao interesse público. Assim, o Tribunal
entende que não precisam realizar procedimento licitatório, por motivo de inexigibilidade, uma
vez que não há interesse público na licitação.
Os Conselhos de Classe, por atuarem no exercício do Poder de Polícia, ostentam
qualidade de autarquias, compondo, desta forma, a Administração Indireta da União e, por isso,
devem licitar para contratar. Encontra-se ressalvada deste entendimento a Ordem dos
Advogados do Brasil que, por entendimento do Supremo Tribunal Federal, estampado na ADI n.
3.026, configura-se um caso à parte e não tem natureza jurídica de autarquia. Dessa forma, a
OAB é uma entidade privada, não sujeita ao controle da Administração Pública, configurando-se
um serviço independente.
Já os Convênios, a princípio, não dependem de prévia licitação, uma vez que os
interesses dos conveniados são convergentes, diferentemente dos contratos, em que as
vontades são divergentes, haja vista o particular contratar com o Poder Público na busca pelo
lucro, discrepando da finalidade pública inerente à atuação administrativa.
No que diz respeito ao intervalo mínimo, este representa o prazo mínimo definido em lei
que deve ser respeitado entre a publicação do instrumento convocatório e a data da
abertura dos envelopes de documentação e de propostas. Se este prazo mínimo não for
observado pelo ente público, a licitação poderá ser considerada fraudulenta.
O prazo só começa a contar a partir da data da última publicação ou da data em que for
disponibilizado o edital.
Atenção!
Observe-se que o prazo previsto na lei é “mínimo”. Dessa forma, pode ser concedido um
prazo maior aos licitantes, a critério do Administrador Público, que deve buscar, sempre, fixar um
prazo suficiente para participação dos interessados.
Atenção!
Em se tratando de licitação na modalidade pregão, o agente de contratação será designado
pregoeiro.
Atenção!
Serviços e bens comuns são aqueles que podem ser designados no edital com expressão
usual de mercado.
Não pode ser utilizado para execução de obras públicas, mas tem sido aceito, até mesmo,
para contratação de serviços de engenharia.
A lei ainda prevê a designação de equipe de apoio, que não se trata de comissão licitante
e serve apenas para auxiliar o pregoeiro na realização do certame.
O Diálogo Competitivo é a modalidade de licitação que foi criada com a edição da Lei
14.133/21, utilizada para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração
Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos,
com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas
necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos.
Nesses casos, a Administração Pública reconhece a importância de contratação de um
determinado objeto, mas não sabe a melhor forma de suprir essa necessidade da forma mais
adequada, dada a sua complexidade, e, para tanto, precisa de auxílio dos particulares. Assim,
essa modalidade permite que seja implementado um diálogo entre o ente estatal e seus
fornecedores para encontrarem a melhor solução para atender às necessidades do poder
público. Isso ocorre porque, muitas vezes, os produtos ou serviços disponíveis no mercado não
atendem à necessidade da Administração e precisam ser adaptados caso a caso.
A Licitação para registro de preços ocorre quando o poder público licita com a finalidade
de registrar os preços, para o caso de eventual contratação posterior. Acontece quando a
administração entende que um bem ou serviço é adquirido com muita frequência e, por isso, tem
interesse em deixar um registro, no órgão, com o eventual fornecedor deste bem ou serviço.
A ata de registro de preço terá validade de 1 (um) ano, prorrogável por igual período,
devendo ser realizado um novo procedimento licitatório, após este período.
Atenção!
Durante o período de vigência da ata, a proposta selecionada fica à disposição da
Administração Pública, que poderá adquirir o bem selecionado quantas vezes ela precisar, desde
que não ultrapasse o quantitativo licitado.
Nesse sentido, o art. 83, da lei 14.133/21, dispõe que “A existência de preços registrados
implicará compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obrigará a
Administração a contratar, facultada a realização de licitação específica para a aquisição
pretendida, desde que devidamente motivada”.
Atenção!
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem se formando no sentido de que a lei
não exige a real disponibilidade financeira antes do início da licitação, mas tão somente a previsão
de recursos orçamentários.
Ainda, o poder público deve ter um orçamento, definindo o valor máximo que está
disposto a pagar pela aquisição do bem ou serviço ou pela execução da obra a ser contratada
(art. 18, IV, da Lei 14.133/21).
Despesas de caráter continuado: são hipóteses em que os gastos com o contrato a ser
celebrado devam ultrapassar um exercício financeiro, devendo haver contemplação do produto
ou serviço nas metas estipuladas na lei do Plano Plurianual (no art. 165 da Constituição Federal
e no art. 165, da Lei 14.133/21).
Em casos de contratação para execução de obras, a lei exige ainda a realização de um
projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para que os interessados em
participar da licitação tenham amplo conhecimento (art. 6º, XXV, da lei 14.133/21).
A lei prevê pessoa jurídica poderá participar de licitação em consórcio, salvo vedação
expressa e justificada no próprio edital. Nesses casos, para que seja lícita a participação em
consórcio, devem ser observados os requisitos previstos na legislação.
O art. 21, da lei 14.133/21 prevê a possibilidade de convocação de audiência pública,
com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, que poderá ser realizada presencialmente ou a
distância – por meio eletrônico - com disponibilização prévia de informações pertinentes,
inclusive de estudo técnico preliminar, elementos do edital de licitação e outros, permitindo a
manifestação de todos os interessados.
Também, é possível que a Administração submeta a licitação a consulta pública. Neste
caso, não haverá uma audiência com a participação dos interessados, mas serão
disponibilizados a eles o acesso aos elementos da futura contratação, permitindo que enviem
sugestões em prazo fixado.
O edital ainda poderá contemplar matriz de alocação de riscos entre o contratante e o
contratado, estabelecendo as responsabilidades de cada uma das partes do acordo, assim como
buscando encontrar e estipular medidas que reduzam as possibilidades de desequilíbrio
financeiro ao longo da relação contratual.
12.5.4 Julgamento
A primeira etapa da atividade do julgamento consiste na avaliação da regularidade formal
e material das propostas. Os envelopes das propostas dos licitantes serão abertos em sessão
pública e os interessados têm que verificar se os envelopes não foram violados, pois, caso haja
violação, há nulidade do procedimento e a licitação deverá ser anulada.
Na fase de classificação, serão aplicados os critérios de julgamento que foram
previamente estipulados no instrumento convocatório.
12.5.5 Habilitação
Concluído o julgamento, o agente de contratação passará ao recebimento do envelope de
documentação do licitante vencedor. Nessa fase, então, a Administração Pública deve proceder
à abertura do envelope que contém as documentações do licitante classificado em primeiro lugar,
com a finalidade de analisar se está apto e idôneo a contratar com o Poder Público. A habilitação
poderá ser realizada por processo eletrônico de comunicação a distância, nos termos dispostos
em regulamento.
Essa fase é também conhecida como fase de qualificação, quando devem ser analisados
os requisitos e documentos pessoais dos licitantes. É a fase de análise da documentação dos
licitantes a fim de verificar se têm idoneidade para contratar com o Poder Público.
É importante frisar que o edital não pode estabelecer critérios não previstos em lei, mais
especificamente no art. 62, da lei 14.133/21, evitando assim restringir a licitação de forma
desarrazoada. Para cumprimento desses requisitos, basta que se realize a apresentação de
documentos enumerados pela própria lei, que podem ser originais ou cópias do cartório
competente. Vejamos um elenco legal dos requisitos de habilitação.
A) Habilitação jurídica: para parte da doutrina, essa exigência, assim como a exigência
de regularidade fiscal e respeito ao art. 7º, XXXIII, da CF são inconstitucionais, por estarem
previstos em lei, sem que haja disposição similar no art. 37, XXI, da Carta Magna, ensejando
burocratização indevida da licitação. Porém, este entendimento não prevalece, por se tratar de
posição minoritária.
A habilitação jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer direitos e
assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada por ele limita-se à comprovação de
existência jurídica da pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a
ser contratada.
12.5.7 Encerramento
Concluídas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos,
está encerrado o trabalho do agente de contratação, que encaminhará o procedimento à
autoridade do órgão para verificação e encerramento do feito. Assim, o processo será enviado à
autoridade superior, a quem compete verificar os atos anteriores praticados pelo agente de
contratação ou comissão de contratação, analisando sua adequação às normas legais e
princípios constitucionais pertinentes.
a) Pessoas privadas;
Art. 1º: Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição,
art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os
segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições
ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra
com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas
incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios,
e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
Em resumo:
A Lei nº 4.717/65 tratou de classificar os atos nulos (art. 2º) e anuláveis (art. 3º) lesivos ao
patrimônio das entidades elencadas no artigo 1º e também os atos e contratos nulos praticados
ao celebrados pelos agentes públicos referidos (art. 4º), como se depreende dos artigos 2º, 3º e
4º:
Atos nulos e anuláveis – Lei nº 4.717/65:
Art. 2º: São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Art. 3º: Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das
entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações
do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis
com a natureza deles.
Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º.
I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições
de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
II - A operação bancária ou de crédito real, quando:
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias,
regimentais ou internas;
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura,
contrato ou avaliação.
III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando:
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou
administrativa, sem que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma
geral;
b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o
seu caráter competitivo;
c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação
das possibilidades normais de competição.
IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem admitidas, em favor
do adjudicatário, durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de
serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos.,
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível
concorrência pública ou administrativa, quando:
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de
instruções gerais;
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da
operação;
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação.
VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua
modalidade, quando:
a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de
instruções e ordens de serviço;
b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador.
VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor,
desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando:
a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares,
regimentais ou constantes de instruções gerias:
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação.
IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e
regulamentadoras que regem a espécie.
13.2 Competência
A competência para julgamento da Ação Popular é definida conforma a origem do ato que
estará sendo impugnado, conforme a organização judiciária de cada Estado, definindo como
competente o juiz que assim o for para causas que interessem a União, ao Distrito Federal, ao
Estado ou ao Município, como preceitua o artigo 5º da Lei nº 4.717/65.
A Lei destaca ainda que se equiparam, para fins de competência, aos atos das pessoas
jurídicas da Administração Pública Direta, aqueles das pessoas criadas ou mantidas pelos entes,
assim como os das sociedades que sejam acionistas ou entidades criadas ou subvencionadas
pelas pessoas jurídicas de direito público ou em relação aquelas que tenham interesses
patrimoniais. Também, a competência “maior” atrairá a menor nos casos em que haja interesse
simultâneo da União ou qualquer outra entidade, ou do Estado e do Município simultaneamente.
→ Art. 5º, § 2º, Lei nº 4.717/65: “Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer
outra pessoa ou entidade, será competente o juiz das causas da União, se houver; quando
interessar simultaneamente ao Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do
Estado, se houver”.
Em síntese:
Quando o ato impugnado for de uma entidade criada pelo Estado, a competência é a do juiz
que julgaria casos do Estado;
Quando o ato impugnado é praticado por uma sociedade de economia mista criada pela União,
a competência é do juiz que julgaria os casos da União.
E assim sucessivamente...
13.3 Sujeitos passivos e assistentes
A Ação Popular será proposta visando assegurar o interesse público, tendo como
legitimado ativo o cidadão e como legitimados passivos pessoas jurídicas de direito público ou
pessoas privadas “e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou
administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado,
ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do
mesmo” (art. 6º, Lei nº 4.717).
O Ministério Público acompanhará a ação e, como aduz o §4º do artigo 6º da lei nº 4.717,
lhe cabe “apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que
nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou
dos seus autores”. Ainda, qualquer cidadão poderá habilitar-se como assistente do autor da ação
ou mesmo como litisconsorte.
13.4 Processo
O procedimento da Ação Popular será o procedimento ordinário do Código de Processo
Civil, porém a Lei nº 4.717/65 trata de especificar algumas diferenciações como o ordenado pelo
juiz ao despachar a inicial, a possibilidade de citações dos beneficiários por edital e a citação de
pessoas conhecidas no curso do processo para integrar o contraditório, bem como os prazos de
contestação e vistas:
Normas modificativas do procedimento – Lei nº 4.717/65:
II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo
de 30 (trinta) dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do
Distrito Federal, ou da Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A
publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias após a entrega, na
repartição competente, sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou
identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final
de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe
restituído o prazo para contestação e produção de provas, salvo, quanto a beneficiário, se
a citação se houver feito na forma do inciso anterior.
→ Comprovada prática de infringência da lei penal ou de falta disciplinar punida com pena de
demissão ou rescisãode contrato de trabalho, o juiz determinará remessa das cópias às
autoridades ou administradores competentes;
→ Caberá recurso da sentença que concluir pela carência ou improcedência da ação e caberá
apelação, com efeito suspensivo, da sentença que julgar a ação procedente;
→ A Ação Popular prescreve em 5 anos (art. 21, Lei nº 4.717).
1. DOS FATOS:
Breve descrição dos fatos que geraram a ação popular (não é item pontuado pela FGV).
2. DA LEGITIMIDADE:
O autor é legitimado ativo para propor Ação Popular, uma vez que ostenta condição de
cidadão com título de eleitor, conforme o artigo 1º, § 3º, da Lei nº 4.717/65.
Os réus são legitimados passivos, uma vez que responsáveis pela prática do ato lesivo
ou por ele beneficiados, como preceitua o artigo 6º, caput, da Lei nº 4.717/65.
3. DO CABIMENTO:
Cabe Ação Popular com pedido liminar, em razão da ação envolver anulação de ato lesivo
ao patrimônio público e à moralidade administrativa, ou ao meio ambiente, ou ao patrimônio
histórico e cultural, conforme artigo 5º, LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e artigo 1º, caput,
da Lei nº 4.717/65.
4. DO DIREITO:
(indicar todas as teses de direito e seu fundamento legal)
4.1 Da violação do prazo da concessão (exemplo 1):
Segundo o artigo 5º, inciso I, da Lei nº 11.079/04, o prazo máximo para a vigência de um
contrato de parceria-público privada (concessão patrocinada), é de 35 anos, estando o prazo de
50 anos estipulado m desacordo com a legislação.
4.2 Da contraprestação pública (exemplo 2):
Ao aceitar a proposta de antecipação de toda a contraprestação pública, houve violação
do artigo 7º da Lei nº 11.079/04, uma vez que é exigido que haja a disponibilização do objeto do
contrato para que seja realizada a contraprestação. Não há a possibilidade, assim, que seja
antecipada para a data de celebração do contrato.
5. DA MEDIDA LIMINAR:
Os fundamentos de mérito – indicar os fundamentos de mérito referidos no título do direito
– justificam a probabilidade do direito (fumus boni iuris), ao passo que o perigo da demora
(periculum in mora) se justifica pelo risco de que a medida seja ineficaz até a decisão final de
mérito, ou que há iminente ato que prejudicará a proteção judicial buscada...
6. DOS PEDIDOS:
(sempre indicar todos os pedidos possíveis, como, por exemplo os elencados)
Diante do exposto, requer:
a) a concessão do pedido liminar para a suspensão do certame e não celebração
contratual;
b) a citação dos réus para que se manifestem;
c) a representação no representante do Ministério Público, consoante artigo 7º, inciso I,
alínea “a”, da Lei nº 4.717/65;
d) a procedência do pedido com a confirmação da liminar e anulação da licitação;
e) a condenação dos réus ao pagamento de verbas de sucumbência;
f) a produção de todos os meios de prova em direito admitidas.
Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319,
inciso V, do Código de Processo Civil.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Contratos Administrativos
14.1 Conceito
Inicialmente devemos ter em mente que a legislação, por diversas vezes, confunde
contratos administrativos com contratos da Administração, onde este é gênero do qual aquele é
espécie, pois a expressão “contratos da administração” (sentido amplo) engloba os contratos
administrativos e os contratos de direito privado celebrados pelo Poder Público.
Saliente-se que, mesmo nos contratos administrativos, a aplicação subsidiária do direito
privado se faz necessária, pois é na teoria geral dos contratos que os contratos administrativos
vão buscar seus elementos essenciais, aos quais vão agregar suas prerrogativas.
Em resumo: a Administração Pública pode celebrar contratos regidos pelo Direito Público
(ex: concessão de uso de bens públicos, permissão de serviços públicos) bem como pelo Direito
Privado (ex: contratos de locação, de compra e venda).
Atenção!
Os contratos da administração, ainda que privados, estão sujeitos ao controle do Tribunal de
Contas, por se tratar de avenças travadas com o dinheiro público, além de dependerem da
realização de procedimento licitatório regular e obediência a todas as restrições impostas à
Administração, como o prazo determinado e a previsão orçamentária.
De Adesão As cláusulas são impostas por uma das partes (poder público) e à outra parte (particular)
cabe apenas aderir ou não à avença
Oneroso Como regra, não são admitidos contratos gratuitos firmados com o poder público.
Sinalagmático As obrigações das partes são recíprocas, ou seja, a execução da atividade de uma das
partes enseja o adimplemento contratual pela outra.
Nesse sentido, o contrato tem natureza intuito personae e a possibilidade de
subcontratação do objeto do acordo fica limitada às hipóteses legalmente admitidas.
Personalíssimo ATENÇÃO! O art. 122, da Lei n. 14.133/21 traz que só ocorrerá subcontratação se houver
previsão no edital ou no contrato e desde que haja a concordância da Administração, sob
pena de haver a rescisão contratual.
Todo contrato administrativo tem uma forma definida na lei, indispensável à sua
regularidade.
Formal
A Lei 14.133²1, em seu artigo 92, prevê todas as cláusulas necessárias à validade do
contrato administrativo e a sua ausência gera o vício de forma.
Atenção!
A legislação estabelece como regra que NÃO é possível contrato verbal celebrado pela
administração, dispondo ser nulo e de nenhum efeito qualquer contrato verbal realizado pelo ente
estatal.
Contudo, excepcionalmente, admite-se contrato verbal, nas compras e serviços que não
ultrapassam R$ 10.000,00 (dez mil reais) – desde que se trate de compra de pronta entrega e
pronto pagamento. Isso significa que este contrato não gera nenhuma espécie de obrigação
futura (art. 95, §, 2º da lei 14.133/21).
Nestas hipóteses, também não há necessidade de realização de procedimento licitatório,
em conformidade com as regras de dispensa previstas na lei.
Não obstante a ausência de previsão legal, a doutrina admite a celebração de contratos
verbalmente, para posterior formalização por escrito, em casos emergenciais. Neste caso, a
formalização poderá ser realizada posteriormente à existência de contrato e início da prestação
do serviço pelo contratado.
A administração pública deve providenciar a publicação do contrato até o quinto dia útil do
mês seguinte ao da sua celebração, sendo que essa publicação deve acontecer, após as
providências, no prazo máximo de vinte dias corridos. Ou seja, o prazo de vinte dias só terá início
após o quinto dia útil do mês seguinte ao que o contrato foi celebrado.
Além da formalização, a divulgação é requisito indispensável à eficácia do contrato
administrativo, decorrente do princípio da publicidade, o qual garante o conhecimento acerca do
contrato a toda a sociedade. A divulgação deve ser feita no Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP). A divulgação deve abranger o inteiro teor do contrato, bem como todos os
aditamentos que forem feitos posteriormente, que ficarão disponíveis para quaisquer
interessados.
A lei dispõe que essa divulgação deve se dar nos seguintes prazos, contados da sua
assinatura pelas partes:
a) 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação
b) 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
Caso a administração deixe de publicar o contrato, ele é válido e perfeito, somente, não
sendo eficaz. Não produz efeito, uma vez que a eficácia fica dependendo da publicidade do
contrato administrativo celebrado. Todavia, cabe ressaltar que os contratos firmados em caso de
urgência produzem efeitos desde a data da sua assinatura, devendo ser publicado nos prazos
apresentados acima, sob pena de nulidade.
14.2 Garantia
A exigência de garantia é uma cláusula necessária dos contratos administrativos (art. 96
da Lei 14.133/21).
A Lei prevê a caução que poderá ser prestada em dinheiro, títulos da dívida pública, a
fiança bancária ou seguro garantia, a critério do contratado privado.
O valor dessa garantia é definido, no bojo do contrato, e determinado pela administração
pública. A lei estabelece o limite máximo de 5% do valor do contrato, sendo que, em
observância a este limite, o poder público deve, discricionariamente, dispor acerca do valor a ser
cobrado em cada contratação específica.
Ocorre que, nos contratos que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros
consideráveis, definido por meio de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente,
a garantia pode chegar a 10% do valor inicial do contrato, sempre mantida a regra que o ente
estatal é quem define o valor da caução.
Lembre-se, ainda, que, quando o contrato for de fornecimento contínuo com vigência
superior a 1 (um) ano, assim como nas subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual
do contrato para definição e aplicação dos percentuais da garantia
Em relação ao valor da garantia contratual, a legislação ainda dispõe que, em caso de
contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.
Em caso de cumprimento do contrato e adimplemento de todos os seus termos pelo
particular, a garantia deverá ser devolvida e, se foi prestada em dinheiro, deve haver a correção
do valor, no momento da devolução.
Em caso de descumprimento contratual, a garantia pode ser utilizada pelo Estado como
mínimo indenizatório, ou seja, o ente público pode executar a garantia e cobrar indenização
excedente em caso de o prejuízo ultrapassar o valor da caução.
Alteração atinente ao valor da contração: Alteração quantitativa e, por sua vez, tem limites
definidos na lei, que prevê que o particular deve aceitar as modificações feitas unilateralmente
pela Administração Pública em até 25%, do valor original do contrato, para acréscimos ou
supressões. Nesses casos, a alteração não depende de concordância do particular contratado.
Atenção!
A Regra determina que a alteração unilateral é de até 25% – acréscimos ou supressões.
Contudo, se o contrato for celebrado para reforma de equipamentos ou de edifícios, a alteração
unilateral, para ACRÉSCIMOS contratuais, pode chegar a 50% do valor original do contrato. As
supressões contratuais continuam respeitando o limite de 25%.
Atenção!
A ocupação temporária deve ser precedida de processo administrativo.
Atenção!
Todos os agentes públicos que praticarem atos que possam prejudicar a licitação ou frustrar
seu caráter competitivo ficarão sujeitos às sanções administrativas, penais e civis cabíveis, nos
moldes das legislações pertinentes.
Atenção!
Para que seja configurado o fato do princípe relevante que o agente que pratica a conduta
onerosa seja da mesma esfera de governo daquele que celebrou o contrato administrativo atingido.
Ente federativo diverso caracteriza caso fortuito.
Atenção!
Em algumas situações, a teoria da imprevisão gera a impossibilidade de manter o contrato.
Nestes casos, a situação imprevista enseja a rescisão contratual (rescisão de pleno direito), ocorrida
por situação alheia à vontade das partes.
14.10 Duração
A duração dos contratos regidos pela lei 14.133/21 ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários que, no direito brasileiro, são definidos pela lei orçamentária
anual, à qual cabe prever todas as despesas e receitas da entidade no período de um exercício.
Desse modo, os contratos administrativos devem ter duração máxima de um ano, para atender
à previsão orçamentária.
Com efeito, a lei orçamentária define as despesas que podem ser contraídas pelo ente
público naquele exercício, limitando toda atuação ou ajuste firmado pelo Estado durante a
vigência dos respectivos créditos.
A Lei 14.133/21 define algumas situações excepcionais, nas quais se admite a
contratação além do prazo de um exercício. Vejamos no quadro abaixo as exceções à vigência
máxima de um ano.
Projetos contemplados na A avença terá duração de até quatro anos, para cumprimento das
lei do Plano Plurianual metas e execução de seu objeto.
Além do prazo original de 5 (cinco) anos, a lei permite que sejam feitas
Prestação de serviços a prorrogações posteriores no referido contrato, desde que, ao final, ele
não ultrapasse o prazo de 10 (dez) anos. Nesses casos, a possibilidade
serem executados de forma de prorrogação deve ter previsão em edital e a autoridade competente
deve atestar que as condições e os preços permanecem vantajosos
contínua
para a Administração, permitida a negociação com o contratado ou a
extinção contratual sem ônus para qualquer das partes.
Aluguel de equipamentos e
Segue as mesmas regras dos contratos de prestação de serviços
utilização de programas de contínuos, podendo ser firmado por até 5 (cinco) anos, cumpridas as
exigências previstas em lei.
informática
Contratações previstas nas
alíneas “f” e “g” do inciso IV Os contratos poderão ter vigência por até 10 (dez) anos, caso haja
e nos incisos V, VI, XII e XVI interesse da administração. Analisemos cada uma das hipóteses que se
caracterizam como situações de dispensa de licitação, ensejando,
do caput do art. 75, da Lei portanto, a possibilidade de contratação direta.
14.133/21.
Contratos de operação
continuada de sistemas Esses contratos podem ser firmados com vigência máxima de 15
estruturantes de tecnologia (quinze) anos, nos termos da lei.
da informação.
Alguns contratos administrativos podem ser celebrados, sem ensejar
gastos ao poder público. Nesses casos, pode-se dizer que, além das
Exceções não previstas exceções mencionadas, os contratos que não geram despesas à
diretamente na lei. Administração Pública não precisam estar previstos na lei orçamentária,
logo, não precisam respeitar o limite de vigência definido, no art. 105, da
lei 14.133/21, que condiciona a vigência à adequação orçamentária.
Atenção!
Contratos que não geram despesas à Administração Pública não precisam estar previstos
na lei orçamentária, logo, não precisam respeitar o limite de vigência definido, no art. 105, da lei
14.133/21.
Atenção!
Deve haver a elaboração do projeto básico, bem como do projeto executivo.
Precedida de obra (mediante concorrência): A concessionária executa a obra, por sua conta
e risco, sendo-lhe transferida, posteriormente, a possibilidade de explorar o serviço decorrente
da obra executada, como forma de remuneração.
Ademais, a lei 11.079/04 criou duas novas espécies de concessões de serviços públicos,
designadas, pela própria lei, como Parceria Público-Privada. Tais parcerias se dividem em duas
novas espécies de ajustes, quais sejam a concessão patrocinada e a concessão administrativa.
Indireta
Administração Pública (art. 1º):
3 Poderes
Polo passivo do ato
Agente político
Servidor público
CUIDADO, o artigo 1º, §8º, da LIA está com eficácia suspensa por medida liminar do
Supremo Tribunal Federal (ADI 7236), assim, até sair a decisão do Supremo, não poderá ser
aplicado tal dispositivo na prática: Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de
divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo
que não venha a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos
tribunais do Poder Judiciário.
As sanções da LIA não podem ser aplicadas à pessoa jurídica (particular), caso o ato de
improbidade também seja sancionado como ato lesivo à Administração Pública que trata a Lei
Anticorrupção, Lei. 12.846/2013, pois isso poderia configurar-se violação ao princípio non bis in
idem (art. 3º, §2º e art. 12, §7º, da LIA).
A autoridade que tiver conhecimento sobre indícios de ato de improbidade deverá
representar ao Ministério Público competente, para as providências necessária (art. 7º).
Quando um ato de improbidade administrativa é praticado e o agente venha a falecer, os
sucessores ou herdeiros deste estarão sujeitos à obrigação de reparar até o limite do valor
da herança ou do patrimônio transferido (art. 8º). Essa previsão já existia, embora tenha recebido
nova redação. O que é total novidade é o artigo 8º-A, que estende a responsabilidade sucessória
também na hipótese de alteração contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de
cisão societária.
15.2 Dos Atos de Improbidade (arts. 9º a 11 da Lei nº 8.429/1992)
É bem importante que você faça a leitura completa dos artigos 9, 10, 11 e 12. Os três
primeiros artigos mencionados vão tratar sobre as condutas, podendo a banca trazer uma
questão com a descrição exata dos seus incisos. Já o artigo 12 refere-se à possibilidade de
aplicar sanção conforme a conduta enquadrada.
Atos de
improbidade
Violam princípios
Enriquecimento Causam prejuízo
da administração
ilícito ao erário.
pública.
OBSERVAÇÕES:
§1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou regulamentares não implicar
perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição de ressarcimento.
§2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica não acarretará improbidade.
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de
imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
I - (revogado);
II - (revogado);
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para
a segurança da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei;
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de
chamamento ou de procedimento licitatório;
VI - deixar de prestar contas, com vistas a ocultar irregularidades;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de 3º, antes da divulgação oficial,
teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
serviço.
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas
de parcerias firmadas.
IX - (revogado);
X - (revogado);
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas;
Conforme dispõe o artigo 11, §5º, não se configurará improbidade a mera nomeação ou
indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição
de dolo com finalidade ilícita por parte do agente. Esse entendimento segue o que já previa a
Súmula Vinculante n. 13.
Atenção!
Somente haverá improbidade administrativa quando for comprovado na conduta
funcional do agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra
pessoa ou entidade. Essa regra aplica-se a quaisquer atos de improbidade administrativa
tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade
administrativa instituídos por lei, conforme ao artigo 11, §2º e §3º, da LIA.
Os atos de improbidade de violação dos princípios exigem lesividade relevante ao bem
jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem do reconhecimento da
produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.
15.3 Das Penas (art. 12 da Lei nº 8.429/1992)
As sanções estão previstas no artigo 12 da Lei, elas independem do ressarcimento integral
do dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e
administrativas previstas na legislação específica. O sujeito que pratica o ato de improbidade
administrativa está sujeito às seguintes penalidades, que podem ser aplicadas de forma
ISOLADA ou CUMULADA, de acordo com a gravidade do fato:
Atos de improbidade
Violam princípios da
Enriquecimento ilícito Causam prejuízo ao erário
administração pública
Você deve cuidar nas questões a possibilidade da banca misturar as sanções, pontos
importantes que precisam ser memorizados:
• Para enriquecimento ilício o tempo é de até 14 anos para suspensão e contratação;
• Para Prejuízo ao erário o tempo é de até 12 anos para suspensão e contratação;
• Para violação de princípios não se aplicará sanção de perda da função pública, nem
suspensão dos direitos político, ainda, a proibição de contratação é até 4 anos.
OBSERVAÇÕES:
O §1º e §10, do artigo 12, está com eficácia suspensa por medida liminar do Supremo Tribunal
Federal (ADI 7236), assim, até sair a decisão do Supremo, não poderá ser aplicado tal dispositivo na
prática, já que o agente com mais de um vínculo na administração pública seria privilegiado:
§1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste
artigo, atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza que o agente público ou
político detinha com o poder público na época do cometimento da infração, podendo o
magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em caráter excepcional,
estendê-la aos demais vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da
infração.
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos,
computar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá decisão na qual indicará com precisão
a tipificação do ato de improbidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor (§10-C). O enquadramento NÃO
poderá ser cumulativo: “Para cada ato de improbidade administrativa, deverá necessariamente
ser indicado apenas um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei” (art. 17,
§10-D).
É nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de improbidade que (§10-F):
• Condenar por tipo diverso daquele definido na petição inicial.
• Condenar sem produção das provas por ele tempestivamente especificadas.
O §20 trouxe uma novidade, no caso de agente público que estiver respondendo por ato
de improbidade em razão de parecer emitido por assessoria jurídica que atestou a legalidade do
ato inicialmente, FICARIA, a assessoria, obrigada a defender o agente público, essa obrigação
estava na redação original das alterações promovidas pela Lei 14.230/2021. Contudo, o
Supremo Tribunal Federal firmou entendimento nas ADI 7042 e 7043 que não existe
obrigatoriedade de defesa judicial, havendo a POSSIBILIDADE dos órgãos da Advocacia Pública
autorizarem a realização de representação judicial, por parte da assessoria que emitiu o parecer
atestando a legalidade prévia do ato administrativo praticado pelo administrador, nos termos
autorizados por lei específica.
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a
oitiva do Tribunal de Contas competente, que se manifestará, com indicação dos
parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noventa) dias.
OBSERVAÇÕES:
A medida condiciona o exercício da atividade-fim do Ministério Público à atuação da Corte de
Contas, em possível interferência na autonomia funcional do MP.
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei
condenará ao ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores
ilicitamente adquiridos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
ilícito.
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada
procederá a essa determinação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença
referente ao ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens.
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências a que se refere o § 1º
deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de
procedência da ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação do
dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento do patrimônio público ou
à perda ou à reversão dos bens, sem prejuízo de eventual responsabilização pela omissão
verificada.
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser descontados os
serviços efetivamente prestados.
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais
corrigidas monetariamente, do débito resultante de condenação pela prática de
improbidade administrativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de
imediato.
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da sentença, o juiz unificará
eventuais sanções aplicadas com outras já impostas em outros processos, tendo em vista
a eventual continuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o
seguinte:
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, aumentada
de 1/3 (um terço), ou a soma das penas, o que for mais benéfico ao réu;
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as
sanções.
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar
ou de receber incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo
de 20 (vinte) anos.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o
denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
O caput do artigo 20 já estava previsto na redação original da LIA, embora ela nem fosse
mais necessária, pois o artigo 12 e seu novo parágrafo 9º já refere que todas as sanções
previstas no dispositivo somente podem ser executadas após o trânsito em julgado da
sentença condenatória de improbidade. Agora, os §§1º e 2º deram nova redação ao antigo
parágrafo único, atribuindo prazo para afastamento cautelar em 90 dias, prorrogáveis uma
única vez. Prazo diferente do estudado na Lei nº 8.112/90:
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente
público do exercício do cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração,
quando a medida for necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática
de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias,
prorrogáveis uma única vez por igual prazo, mediante decisão motivada.
O artigo 21, §4º, da LIA está com eficácia suspensa por medida liminar do Supremo
Tribunal Federal (ADI 7236), assim, até sair a decisão do Supremo, não poderá ser aplicado tal
dispositivo na prática.
Chamo a sua atenção ao §3º do artigo 21, no mesmo sentido que já se estuda no tópico
de agentes públicos, a sentença absolutória especificamente por inexistência da conduta ou
pela negativa da autoria (art. 386, I e IV, do CPP) produzem efeito na ação de improbidade,
levando a improcedência da ação. Veja que não é qualquer sentença penal que absolver o réu.
Ademais, as sanções aplicadas, pelos mesmos fatos, em outras esferas (como em ação
pela lei anticorrupção, lei de nº 12.846/13) deverão ser compensadas com as sanções previstas
no artigo 12 da Lei de Improbidade Administrativa. Necessariamente estamos aqui diante da
observação do princípio constitucional do nom bis in idem.
15.9 Da Prescrição e outras normas (art. 23 ao 23-C da Lei nº 8.429/1992)
Prescrição é um tema sensível e que sofreu diversas alterações com as Lei nº
14.230/2021. Se antes o prazo de prescrição era (basicamente) de cinco anos, agora o prazo é
de 8 anos para prescrição. O objetivo da prescrição é dar estabilidade às relações jurídicas. Três
tipos de prescrição são aplicadas aos atos de improbidade:
• Prescrição geral: 8 anos
• Intercorrente: 4 anos
• Dever de ressarcir os cofres públicos pelo dano: imprescritível segundo o STF RE
852475 – Tema 897/2018
Nos parágrafos do artigo 23 da LIA há previsões de suspensão e interrupção de prazo
prescricional. Uma novidade na nova redação da LIA é que, agora, haverá possibilidade da
chamada prescrição intercorrente no prazo de 4 anos, ou seja, prescrição que ocorre no
decorrer do processo judicial: “§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia
da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste artigo”.
Assim, entre os marcos interruptivos que trata o §4º, se ultrapassado o prazo de 4 anos,
ocorrerá a prescrição intercorrente conforme mandamento do §8º, por exemplo, entre o
ajuizamento da ação (§4º, I) até a publicação sentença (§4º, II) não poderá ultrapassar 4 anos:
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito)
anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do
dia em que cessou a permanência.
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos
ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180
(cento e oitenta) dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não
concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período,
mediante ato fundamentado submetido à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo
de 30 (trinta) dias, se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional
Federal que confirma sentença condenatória ou que reforma sentença de
improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma
acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma
acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela
metade do prazo previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos
os que concorreram para a prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão
e a interrupção relativas a qualquer deles estendem-se aos demais.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a
requerimento da parte interessada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão
sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no §
4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.
Para evitar que atos de improbidade sejam praticados, o Poder Público também tem papel
importante, deve oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa (art. 23-A).
Outras observações para concluirmos o estudo desta lei (art. 23-B):
1) Não haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de honorários
periciais e de quaisquer outras despesas. No caso de procedência da ação, as custas
e as demais despesas processuais serão pagas ao final.
2) Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação
de improbidade se comprovada má-fé.
CUIDADO, o artigo 23-C, da LIA está com eficácia suspensa por medida liminar do
Supremo Tribunal Federal (ADI 7236), assim, até sair a decisão do Supremo, não poderá ser
aplicado tal dispositivo na prática: Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos,
ou de suas fundações, serão responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro
de 1995.
Súmula 634, STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de
Improbidade Administrativa para o agente público.
Súmula 651, do STJ: Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a pena de
demissão em razão da prática de improbidade administrativa, independentemente de prévia
condenação, por autoridade judiciária, à perda da função pública. (SÚMULA 651, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 21/10/2021, DJe 25/10/2021)
Improbidade a)Previsão no artigo 37, caput e §4º, da Constituição Federal, bem como na Lei
administrativa 8.429/1992 (chamada LIA).
b) Não se confunde com crime de responsabilidade.
c)Agentes políticos podem ser responsabilizados pela LIA, como também pela lei de
crimes de responsabilidade, EXCETO o presidente da república, que de acordo com
a jurisprudência não responde pela LIA.
Uma conduta ilícita praticada pelo agente público pode levar a responsabilização em
Responsabilidade
três esferas diferentes: civil, administrativa e penal. Embora as sanções em outras
em 3 esferas
ações possam ser compensadas com as sanções da LIA.
Administração Pública direta ou indireta, de qualquer dos
poderes e entes federados, bem como sujeitos que
Sujeito prejudicado recebam subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou
Elementos creditício, ou, então, pessoas cujo erário concorra para a
necessários para criação ou custeio.
configuração da LIA
Sujeito que cometeu o ato Agente público em sentindo amplo e o terceiro beneficiado.
Não há mais a possibilidade de conduta culposa, somente
Ato doloso
ação ou omissão dolosa.
Podem responder no limite do valor da herança ou do patrimônio transferido nos casos
Sucessores de improbidade por danos ao erário ou enriquecimento ilícito. Essa responsabilidade
atinge também alterações contratuais.
Perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos até 14
(catorze) anos, pagamento de multa civil
Art. 9º - Que importam
equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e
enriquecimento ilícito em razão do
proibição de contratar com o poder público ou
exercício de cargo, mandato, função,
de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
emprego ou atividade pública.
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo não superior a 14
(catorze) anos
Perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos até 12 (doze)
Condutas e sanções
anos, pagamento de multa civil equivalente ao
Art. 10 – Causam prejuízo ao erário. valor do dano e proibição de contratar com o
poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 12 (doze) anos;
Pagamento de multa civil de até 24 (vinte e
quatro) vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente e proibição de contratar
Art. 11 – Atos que atentem contra com o poder público ou de receber benefícios
princípios da administração pública. ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;
Procedimento 1)Qualquer pessoa pode representar;
judicial, notas 2)No processo administrativo a comissão deve dar conhecimento ao MP ao TC ou
importantes Conselho de Contas;
3)Ação deve ser ajuizada pelo MP ou pessoa jurídica prejudicada;
4)De forma antecedente ou incidental é possível o pedido de indisponibilidade de bens;
5)A ação de improbidade segue o procedimento comum do CPC;
6)A contestação tem prazo de 30 dias;
• Nos moldes da tutela provisória de urgência do CPC;
• Pode ocorrer sem oitiva prévia do réu;
• Da decisão cabe agravo de instrumento;
• Na ordem de indisponibilidade deverá ser priorizado: veículos de via terrestre, bens
Indisponibilidade de imóveis, bens móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de
bens sociedades simples e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na
inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias;
• Vedada a decretação: Da quantia até 40 S.M depositados em poupança, em outras
aplicações financeiras ou conta corrente; Do bem de família, salvo se comprovado
que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
É nula a decisão de
• Condenar por tipo diverso daquele definido na petição inicial.
mérito total ou
• Condenar sem produção das provas por ele tempestivamente especificadas.
parcial
1)A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia;
2)A imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 do CPC;
Regras do CPC que
3)O ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato,
NÃO podem ser
competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições
aplicadas na ação de
entre membros de Ministérios Públicos distintos;
improbidade:
4)O reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução
de mérito.
• Interrompe em 90 dias o prazo da contestação;
Solução consensual • Desde que haja integral ressarcimento do dano e à pessoa jurídica lesada da
vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de agentes privados.
Em 8 anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações
Prescrição permanentes, do dia em que cessou a permanência. Bem como, 4 anos, no caso de
prescrição intercorrente.
Licitações e contratos das empresas Estatais
16.1 Introdução
Neste tópico serão apontados alguns pontos referentes à lei 13.303/16, a qual dispõe
sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
16.5 Cadastramento
A lei ainda prevê a possibilidade de cadastramento de licitantes, sendo que os registros
cadastrais poderão ser mantidos para efeito de habilitação dos inscritos em procedimentos
licitatórios e serão válidos por 1 (um) ano, no máximo, também sendo admitida a atualização a
qualquer tempo. Da mesma forma que acontece na pré-qualificação, o art. 65, § 1º, dispõe que
“Os registros cadastrais serão amplamente divulgados e ficarão permanentemente abertos para
a inscrição de interessados.”
Não se confunde com a pré-qualificação, uma vez que o cadastro se apresenta como um
conjunto de informações armazenadas no órgão público, ou seja, não há qualquer provimento
de caráter decisório proferido pelo órgão.
16.9 Sanções
A lei prevê que o descumprimento do contrato pelo particular, seja ele total ou parcial,
poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: a) advertência;
b) multa; c) suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com
a Administração
Subcontratação
A subcontratação é admitida, desde que seja parcial e mediante autorização da empresa
estatal, desde que a empresa subcontratada atenda a todas as exigências de qualificação técnica
impostas ao contratado no bojo do procedimento licitatório (art. 78, da Lei 13.303/16).
16.10 Convênios e contratos de repasse com o poder público
A legislação dispõe que a celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou
entidades da Administração Pública depende de prévia aprovação de competente plano de
trabalho proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, a identificação
do objeto a ser executado, as metas a serem atingidas, as etapas ou fases de execução, o plano
de aplicação dos recursos financeiros, o cronograma de desembolso, a previsão de início e fim
da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas e, caso o
ajuste compreenda obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os recursos próprios
para complementar a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o custo total
do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
Enfim, pode-se verificar que, diferentemente do que ocorre com os contratos
administrativos, na celebração de convênios, as partes que firmam o ajuste possuem vontades
convergentes, não sendo necessária a realização de licitação antes de firmado o acordo.
Atos da
administração
Atos de
Atos de direito Atos políticos ou Contratos ATOS
privado de governo conhecimento, Atos materiais
administrativos
Atos normativos
ADMINISTRATIVOS
juízo ou valor
Embora, para Celso Antônio Bandeira de Mello, Diogenes Gasparini, José dos Santos
Carvalho Filho os atos da administração são atos jurídicos que não se enquadram no conceito
de atos administrativos, como atos políticos, atos regidos pelo direito privado, meramente
materiais, eles não seriam atos administrativos, mas apenas atos da administração.
Atenção!!!
Por vezes a doutrina utiliza a expressão “atos da administração ou de gestão” para se referir
genericamente sobre qualquer ato, outras vezes utiliza a expressão para se referir a atos praticados
pela Administração Pública regidos pelo direito privado e não pelo direito público, como por exemplo
a emissão e assinatura de cheque para pagamento de fornecedores; relação entre locatário e
locador; venda de produtos de uma empresa estatal; esses seriam atos jurídicos regidos pelo direito
privado.
• Celso Antônio Bandeira de Mello: é a declaração do Estado (ou de quem lhe faça as
vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de
prerrogativas públicas, manifestadas mediantes providencias jurídicas complementares
da lei a título de lhe dar cumprimento e sujeitas a controle de legitimidade por órgão
jurisdicional.
Agentes da Administração: são todas as pessoas que integram a estrutura funcional dos
órgãos administrativos em qualquer dos Poderes, assim como, aqueles que integram a estrutura
da Administração Indireta. Desde que exercerem uma função administrativa, estarão
enquadrados na categoria de agentes públicos. Exemplo: agente político, servidor públicos,
empregado público, aquele que exerce função pública temporariamente, com ou sem
remuneração.
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes
normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do
agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei,
regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado
obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
C ompetência
O bjeto
M otivo
F inalidade
F orma
17.5.1. Competência
Competência advém da necessidade de distribuir as tarefas administrativas entre os
agentes públicos. Para Di Pietro (2022, p. 241) a competência é apenas um dos atributos que o
sujeito deve ter para a validade do ato, além de competente, o sujeito dever ser capaz, assim a
doutrinadora prefere chamar o elemento do ato de sujeito e não de competência.
A competência é estudada nos três poderes do Estado (executivo, legislativo e judiciário).
Nos atos administrativos a competência é muito similar a questão de capacidade estudada no
direito privado, todavia no direito público há algumas peculiaridades, é a lei que atribui para
alguém a titularidade de determinados atos administrativos, ou seja, não há presunção de
capacidade, ela deve originar do texto expresso. Portanto a lei é a fonte formal da competência.
No entanto, a lei não é única fonte da competência. A competência pode originar-se da
Constituição Federal, quando se tratar de agentes públicos de elevada hierarquia, ou daqueles
que possuem finalidade específica, como por exemplo do Presidente da República (art. 84, da
CF/88).
Em órgãos de menor hierarquia a competência poderá estar expressa em atos
administrativos de organização, neste caso o ato de organização é editado pelo órgão
competente (cuja competência decorrerá de lei). Assim, nas palavras de Carvalho Filho “a
competência primária do órgão provém da lei, e a competência dos segmentos internos dele, de
natureza secundária, pode receber definição através dos atos de organização” (2019, p. 110).
Um ato administrativo que define competência é, por exemplo, uma portaria.
Atenção!!!
A competência é intransferível, irrenunciável e inderrogável, contudo, pode ser delegada
a execução da competência, não a competência em si (art. 11, da Lei 9.784/99). Mas cuidado, há
certas competências que não podem ser delegadas pois são exclusivas: art. 13, da referida lei:
“Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão
de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade”.
Também é possível a avocação de competência, ao contrário da delegação, significa transferir
de órgão inferior para um órgão superior, todavia, a avocação só pode ocorrer “em caráter
excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior” (art. 15, Lei 9.784/99).
O agente público que age fora de sua competência incorre em abuso de poder (estudado
no tópico de poderes da administração), na modalidade excesso de poder. Além disso, há
responsabilizações penais também, decorrentes da violação de competência:
• Omissão no cumprimento de dever legal: art. 323, do CP.
• No caso de má-fé, poderá responder por usurpação de função pública: art. 328, do CP.
• Ato administrativo praticado por aquele que ainda não tomou posse no cargo ou que
não exerça mais, como nos casos de aposentadoria, remoção e exoneração: art. 324,
do CP.
Atenção!!!
A função de fato/agente putativo, é ato ilegal, mas pode ser validado perante terceiro de boa-
fé. Já no caso de usurpação de função não, nesse caso o ato é inexistente, não produzindo efeito,
inclusive sendo considerado crime (art. 328, CP). Portanto na usurpação não se aplica a teoria da
aparência.
17.5.2. Objeto
Chamado também de conteúdo, é a alteração no mundo jurídico que o ato realizará, ou
seja, o efeito jurídico imediato que o ato irá produzir. O objeto deve ser lícito e possível (art.
104, inciso II, do CC). Para identificar o objeto do ato administrativo deve se verificar o que o ato
administrativo quer consistir, resguardar, transferir, modificar, extinguir ou declarar.
O objeto do ato pode ser discricionário ou vinculado. Significa dizer que a vontade do
agente público, que é a vontade da Administração Pública, será a própria vontade do legislador
(vinculado). Em algumas situações a lei permitirá “ao agente que faça o delineamento do que
pretende com a sua manifestação de vontade” (CARVALHO FILHO, p. 114). Exemplo de objeto
discricionário: uma autorização para o circo se instalar e funcionar na praça pública, o agente vai
delimitar o tempo, o horário, o espaço, as condições e o modo.
Já quando a atividade está limitada ao que a lei preestabeleceu, nesse caso teremos um
objeto vinculado, como, por exemplo, uma licença para exercer uma profissão: Carteira
Funcional de Contador (CRC).
Um ato com vício no objeto é um ato insanável, não é passível de convalidação:
• Ato praticado com conteúdo não previsto em lei: por exemplo, a Lei 8.112/90
estabelece como sanção disciplinar a suspensão do servidor público federal por até 90
dias. Se a administração editasse um ato punitivo suspendendo um servidor por 120
dias, esse ato seria nulo por vício de objeto.
• Ato praticado com objeto diferente daquele a lei prevê para aquela situação:
imagine-se, por exemplo, que a lei de um município preveja que a instalação de bancas
de jornais no passeio público deva ser consentida ao administrado mediante permissão
de uso de bem público e a instalação de barracas em feiras livres deve ser facultada
ao particular mediante autorização de uso de bem público. Suponha-se que um
particular tenha pleiteado à administração que lhe seja possibilitada a instalação de
uma banca de jornais em determinada localidade do município. Caso fosse editado
para esse particular um ato de “autorização de uso de bem público para o fim de
instalação de banca de jornais”, esse ato padeceria de vício de objeto, seria nulo. Isso
porque a lei prevê, para aquela situação – instalação de banca de jornais –, um ato
administrativo com objeto diferente: a “permissão de uso de bem público”.
(ALEXANDRINO; PAULO; 2017, p. 547-548).
17.5.3 Motivo
É a necessidade, as razões de fato e de direito que serve de fundamento para o ato
administrativo. É a causa que leva ao ato. Exemplos: o motivo da licença paternidade é o
nascimento do filho; o motivo da aplicação da sanção administrativa é a transgressão cometida;
o motivo da ordem de demolição do prédio é o perigo de desabamento que ele apresenta; o
motivo da desapropriação é a necessidade pública; o motivo do tombamento é a preservação de
um bem com valor histórico.
• Motivo de direito: a norma elenca a vontade administrativa (ato vinculado), exemplo:
licença paternidade.
• Motivo de fato: a situação ocorrida enseja a necessidade do ato, não há a descrição
na norma legal, mas a lei autoriza a prática do ato administrativo, portanto é ato
discricionário. Exemplo: licença para interesses pessoais.
Portanto, Motivo é o suporte fático abstrato (previsão na lei) e o suporte fático concreto
(no mundo real), que determinam ou autorizam que o ato seja praticado. É o elemento em que
identificamos o princípio da subsunção no direito administrativo.
• Será um elemento vinculado nas hipóteses em que a lei determina que, configurada
certa situação fática, deve o agente público praticar o ato.
• Será um elemento discricionário nas hipóteses em que a lei autoriza que, configurada
certa situação fática, o agente público pratique o ato, segundo critérios de conveniência
e oportunidade.
Mas atenção: não confunda motivo com motivação! Motivo não é a mesma coisa que
motivação no direito administrativo.
A motivação é a fundamentação do ato administrativo, constituindo parte do elemento
forma. Ela é a descrição do motivo, mas não se confunde com este. A motivação, quando
obrigatória, é a exteriorização formal do elemento motivo, de modo que sua ausência nesse caso
representa vício formal.
Veja só, motivo é a situação de fato, já a motivação, conforme ensina Cretella Junior “é a
justificativa do pronunciamento tomado”, ou seja, ela exprime a situação de fato que levaram o
agente à manifestação de vontade, a motivação faz parte do elemento forma.
Motivo
Motivação
•Situação de
fato •Justificativa
•Causa do fato •Exprimir de
forma expressa
•Razões de fato e textual
•Circunstância
de fato
Na lei que regula a Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, o artigo 2º, refere que são nulos os
atos lesivos ao patrimônio das entidades quando for inexistente os motivos, na alínea “d” explica:
“a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido”.
A motivação pode ocorrer no próprio corpo do ato, chamada de motivação contextual,
ou pode se reportar a outros documentos (como um parecer jurídico), chamada nesse caso de
motivação aliunde (§1º do art. 50 da Lei 9784/99). A motivação é imprescindível para o
controle dos atos administrativos pelo interessado.
Mesmo que um ato administrativo seja discricionário, não exigindo, portanto, expressa
motivação, esta, se existir, passa a vincular o agente aos termos em que foi mencionada. Se o
interessado comprovar que inexiste a realidade fática mencionada no ato como determinante da
vontade, estará ele irremediavelmente inquinado de vício de legalidade (CARVALHO FILHO, 2019,
p. 122).
Por exemplo, um servidor público que é demitido de uma estatal por corte de despesas,
todavia no mês seguinte outra pessoa é contratada para exercer a mesma função que o demitido.
Ou um servidor que tem seu pedido de férias negado porque há suposta falta de pessoal na
repartição, mas na verdade há excesso de pessoas. Veja que nos exemplos há uma
incompatibilidade entre o motivo expresso e a realidade fática.
A partir dessa teoria, entende-se que os fundamentos fáticos e legais declarados pela
administração como determinantes para a prática do ato podem ser objeto de controle judicial ou
pela própria administração. Ou seja, a motivação deve ser verdadeira. Deve corresponder ao
real motivo (fático e jurídico), e, mesmo quando não for obrigatória, caso seja realizada, a
motivação expressa deve ser idônea. Se for falsa, o ato tem vício de legalidade.
17.5.4. Finalidade
A finalidade é o resultado que a Administração deseja alcançar, a finalidade de todo ato
administrativo é o interesse público. Quando a finalidade não é o interesse público temos abuso
de poder, na modalidade desvio de finalidade, além de incorrer em abuso de poder a conduta do
agente que viola a finalidade também viola os princípios da impessoalidade e da moralidade
administrativa. Por exemplo, situações de desapropriação por perseguição política, concessão
de vantagens para alguns servidores da mesma classe/carreira, sem justificativa para não
concessão aos demais da mesma classe/carreira.
Outro exemplo de finalidade é a remoção estabelecida na Lei nº 8.112/90, a remoção não
foi instituída para servir de penalidade aos agentes públicos, ou seja, a Administração Pública
não pode utilizar ela com a finalidade de ato punitivo, pois para isso a lei criou as formas punitivas
como a advertência, suspensão ou demissão.
A diferença entre o objeto e a finalidade, é que o primeiro é o efeito jurídico imediato
que o ato produz, já o segundo é o efeito mediato. Já a diferença quanto ao motivo é que este
antecede a prática do ato, a finalidade sucede à prática do ato.
Para Di Pietro (2019) a finalidade pode ser em sentido amplo ou sentindo estrito. No
sentindo amplo a finalidade é o interesse público, no sentindo estrito a finalidade é o que a lei
determinou. Na prática ambos os sentidos devem ser atendidos. No exemplo da remoção,
digamos que o agente de fato cometeu uma transgressão, aplicar uma sanção ao agente é a
finalidade do interesse público, mas a remoção não tem essa finalidade sancionatória, logo, resta
inadequada a aplicação da remoção como forma de sanção pela transgressão.
A doutrina majoritária entende que a finalidade é sempre vinculada, isto é, nunca o agente
público irá definir a finalidade perseguida em sua atuação, sempre a lei que definirá.
17.5.5. Forma
A forma é o meio pelo qual a vontade se exterioriza, como o ato se materializa, segundo
a Lei nº 4.717/1965, artigo 2º, vício na forma consiste na omissão ou na observância incompleta
ou irregular de formalidade indispensáveis à existência ou seriedade do ato. Assim, para um ato
ter validade ele precisa estar adequado ao que expressamente dispõe a lei ou ao ato com força
jurídica que determina como deve ser a forma. Por exemplo: a desapropriação depende de ato
declaratório do chefe do executivo, declarando a utilidade pública, interesse público ou
necessidade pública, nesse caso, se o chefe do executivo utilizar outro meio, como uma
resolução ou portaria e não o decreto, estará incorrendo em vício na forma do ato administrativo.
Forma está ligada ao procedimento administrativo utilizado, por exemplo a licitação, há
uma série de atividades que devem ser seguidas para que o ato seja validado. Diferente do
direito privado, onde prevalece o princípio da liberdade das formas, no direito público aplica-se o
princípio da solenidade como regra.
Mas, nem sempre a forma deverá ser solene, por exemplo, a Lei 9.784/99 (Lei do processo
administrativo federal) consagra como regra o princípio do informalismo do ato administrativo ao
determinar, no artigo 22, “os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
Tratando-se do princípio da solenidade, o ato deve ser escrito (registrado e publicado),
ressalvadas situações em que o ato possa acontecer de outras formas, como, por exemplo,
através de gestos do guarda de trânsito, por palavras, da polícia de segurança pública ou
através de sinais, como os semáforos ou placas de trânsito.
É possível haver vício tanto na forma quanto no procedimento, pois embora semelhantes,
não são a mesma coisa. Veja só: portaria de demissão de servidor público que cometeu uma
transgressão grave, mas que não houve processo administrativo prévio à demissão. No caso a
forma está correta, através da portaria, mas sem o PAD (procedimento), há vício no
procedimento, logo, também teremos um vício de forma. Mesma situação seria em uma
contratação de empresa para obras públicas sem prévio procedimento licitatório exigido em lei.
Resumo do
Elemento Exemplos: Vício
conceito
Presidente da República pode
É o sujeito que tem demitir servidores públicos
Competência Admite convalidação, salvo se
competência para prática federais vinculados ao Poder
– Quem? a competência é exclusiva.
do ato, ela decorre de lei. Executivo. Art. 141, inciso I, da Lei
8.112/90.
Ou conteúdo, é o efeito Na remoção de um servidor o
Objeto – O
jurídico imediato que ato objeto é o próprio deslocamento
quê?
produz. do servidor.
No ato de demissão o motivo é a
infração cometida pelo agente; Se
Pressuposto de fato e de
Motivo – Por uma pessoa não para no semáforo Se houver vício, este é
direito que fundamenta o
quê? (motivo de fato), ela será multada insanável, acarretando dever
ato.
por ter violado regras de trânsito de nulidade.
(motivo de direito).
Resultado que se busca.
Uma remoção para punir um
Finalidade – Pode ter sentido amplo e
servidor é um exemplo de desvio
Para quê? restrito.
de finalidade.
Vício de forma é sanável,
passível de convalidação,
salvo se a lei estabelecer que a
forma é essencial para a
Portaria de demissão sem
É a exteriorização do ato validade do ato, caso em que
Forma – instauração de PAD; auto de
e formalidades que se será nulo o ato. Nos exemplos,
Como? infração sem assinatura; são
deve seguir. a portaria de demissão sem o
exemplos de vício de forma.
PAD seria a nula, já o auto de
infração pode ser convalidado
se ocorrer a assinatura que
faltou.
competência competência
(vinculado) (vinculado)
finalidade finalidade
(vinculado) (vinculado)
forma forma
(vinculado) (vinculado)
motivo MOTIVO
(vinculado) (discricionário) Essa margem de
liberdade é chamada
de MÉRITO A
objeto OBJETO
(vinculado) (discricionário) ADMINISTRATIVO
Portanto, não esqueça: o Poder Judiciário pode sempre controlar (anular) atos
administrativos discricionários, quanto a análise dos seus elementos vinculados (competência,
finalidade e forma).
Quanto ao mérito do ato (elementos motivo e objeto), poderá realizar o controle de
“razoabilidade e proporcionalidade”, aferindo se o exercício de escolha pelo agente público
(conveniência e oportunidade) se deu dentro dos limites legais.
Trata-se, portanto, de controle de legalidade do mérito.
Esse tema do controle judicial do mérito administrativo é um dos temas mais importantes
e polêmicos dessa disciplina. É disso que se trata quando falamos em “judicialização de políticas
públicas”, como as situações em que o judiciário pode determinar a concessão de medicamentos
fora da lista do SUS, por exemplo.
JURISPRUDÊNCIA
Princípio da legalidade
Tipicidade:
O ato deve estar de acordo com a lei.
• Quanto às prerrogativas
o Ato de império: são os atos que se caracterizam pelo poder de coerção que exerce
a Administração Pública, como, por exemplo, os atos de polícia (apreensão de bens,
embargo de obra, etc.).
o Ato de gestão: quando o Estado atua no mesmo plano que o particular, não tendo
coercibilidade nos atos, hipóteses como contratos para aquisição de bens ou
alienação de bens.
o Ato de expediente: são atos internos da Administração Pública que visam
unicamente o andamento aos serviços internos da entidade, órgão ou repartição. Por
exemplo: nomear, exonerar servidores públicos, encaminhar documentos, etc.
• Quanto ao efeito:
o Ato constitutivo: são aqueles que alteram uma relação jurídica, criando, modificando
ou extinguindo direitos. Exemplo: a autorização, a sanção disciplinar, o ato de
revogação, uma posse em cargo público. Já o ato extintivo ou desconstitutivo é aquele
que extingue uma determinada situação jurídica. Exemplo: revogação, exoneração de
cargo.
o Ato declaratório: são os que apenas declaram situação preexistente, citando-se,
como exemplo, o ato que declara que certa construção provoca riscos à integridade
física dos transeuntes, ou o ato que constata irregularidade administrativa em órgão
administrativo. (CARVALHO FILHO, 2019, p. 136).
o Ato enunciativo: cuja característica é a de indicarem juízos de valor, dependendo,
portanto, de outros atos de caráter decisório. O exemplo típico é o dos pareceres.
Diga-se, aliás, que tais atos não são considerados como típicos atos administrativos
por alguns autores (CARVALHO FILHO, 2019, p. 136), podemos citar como exemplo
também um atestado, uma certidão.
• Quanto a retratabilidade:
o Revogáveis: são aqueles em que a administração está livre para fazer cessar seus
efeitos, são atos que não conferem direito subjetivo ao destinatário, por exemplo,
autorização para estacionar veículo no pátio de um prédio público.
o Irrevogáveis: aqueles que uma vez praticados, não poderiam mais ser retirados do
mundo jurídico, como uma licença, salvo se a parte deixar de preencher os requisitos
legais.
I. Atos normativos: são aqueles que contêm comandos gerais e abstratos, são atos
direcionados aos particulares visando a correta aplicação da lei. Exemplo: decreto
do Presidente da República, uma resolução do CNJ ou do CONANDA, regimento
editado pelo Tribunal, um regulamento do Estatuto da Advocacia e da OAB editado
pelo Conselho Federal da OAB.
II. Atos ordinatórios: diferente dos atos normativos, esses advêm do próprio poder
hierárquico da Administração, são atos que visam orientar, comandar, fiscalizar e
disciplinar o funcionamento da Administração Pública e da conduta dos seus
agentes, como, por exemplo, instruções, portarias, avisos, ordens de serviço,
ofícios e despachos.
III. Atos negociais: são os atos que encerram uma declaração da Administração
conjugada com a vontade do particular, é a representação da vontade, aceite,
concordância da Administração com relação ao interesse particular. Exemplos:
alvarás de funcionamento, licenças (ato vinculado, definitivo e não precário), uma
autorização (ato discricionário e precário).
IV. Atos enunciativos: alguns entendem que ato enunciativos nem seriam atos. Para
Meirelles, ato enunciativo é aquele que enunciam situação existente, sem
manifestação material da Administração, isso é, um atestado ou uma certificação
de determinado fato ou relação jurídica, sem haver manifestação do Poder Público,
é apenas uma declaração. Exemplo: atestado, certidões, pareceres.
V. Atos punitivos: atos que emanam punições aos particulares e servidores públicos,
portanto estão ligados ao Poder de Polícia e ao Poder Disciplinar. Eles contêm uma
sanção aplicada a infratores de normas administrativas. Exemplos: multas, sanções
disciplinares e interdições de estabelecimento.
Agora vamos a classificação das espécies adotada por Di Pietro (2022, p. 283), a
doutrinadora separa as espécies a partir dos seguintes agrupamentos:
I. Quanto ao conteúdo:
a. Autorização como ato unilateral, discricionário e precário: várias acepções:
1ª) medida de polícia: a Administração faculta ao particular o desempenho
de atividade material ou a prática de ato que, sem esse consentimento,
seriam legalmente proibidos; 2ª) autorização de uso de bem público; 3ª)
autorização de serviço público.
b. Licença: ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele
que preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade.
c. Admissão: ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração reconhece
ao particular que preencha os requisitos legais o direito à prestação de um
serviço público.
d. Permissão: ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo
qual a Administração Pública faculta ao particular a execução de serviço
público ou a utilização privativa de bem público. Observação: o art. 175 da
CF trata a permissão de serviço público como contrato.
e. Aprovação: ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce o controle a
priori ou a posteriori do ato administrativo.
f. Homologação: ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública
reconhece a legalidade de um ato jurídico. É sempre a posteriori e examina
apenas a legalidade, ao contrário da aprovação.
g. Parecer: ato pelo qual os órgãos consultivos da Administração emitem
opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência. Pode ser:
facultativo (não precisa necessariamente ser solicitado e não se torna
vinculante), obrigatório (deve ser solicitado) ou vinculante (a Administração
é obrigada a solicitá-lo e a acatá-lo).
h. Visto: ato administrativo unilateral pelo qual a autoridade competente atesta
a legitimidade formal de outro ato jurídico, sem manifestar concordância ou
não.
II. Quanto à forma:
a. Decreto: são atos gerais ou individuais emanados do Chefe do Executivo.
b. Resolução e portaria: atos gerais ou individuais emanados de autoridades
outras que não o Chefe do Executivo.
c. Circular: instrumento para transmitir ordens internas uniformes aos
subordinados.
d. Despacho: ato que contém decisão das autoridades administrativas.
e. Alvará: instrumento para outorga de licença ou autorização.
• Ato perfeito: Perfeição do ato diz respeito ao processo de formação do ato, o processo
pode ser longo ou curto, quando se encerra o ciclo de formação do ato diz-se que ele é um ato
perfeito. O ato perfeito é aquele que está apto para gerar efeitos. Ser um ato perfeito não
significa que o ato não contenha vícios, pois um ato perfeito não necessariamente precisa ser
um ato válido, pois a perfeição está ligada ao processo de formação do ato e com a validade do
ato. O ato imperfeito é aquele que não completou o ciclo de formação, como a falta de uma
assinatura ou ato não foi publicado. O ato imperfeito não existe como ato administrativo.
Por exemplo: ato de homologação do concurso público para Polícia Civil, foi escrito,
motivado, assinado e publicado na imprensa oficial, logo trata-se de um ato perfeito; a
aposentadoria é ato que só se torna perfeito quando há a homologação do Tribunal de Contas;
• Ato eficaz: a eficácia é quando o ato já está disponível para produção de seus efeitos,
então além de completar o ciclo (ser um ato perfeito), ele não depende de evento posterior como
uma condição suspensiva, termo inicial ou ato de controle (aprovação, homologação, ratificação,
visto, etc.). Exemplo: a publicação de um contrato.
• Ato pendente: ato sujeito a condição ou termo para que comece a produzir efeitos, ele
já completou seu ciclo de formação, é um ato perfeito, pois está aguardando, todavia fica
suspenso até que ocorra a condição ou termo. Exemplo: publicação da homologação de servidor
promovido que ocorre em data futura.
• Ato consumado: é ato perfeito e que já atingiu seus efeitos, já exauriu seus efeitos,
pode ser invalidado pela administração ou pelo judiciário, se ilegal, mas ele é insuscetível de
revogação. Exemplo: término das férias do servidor público;
• Ato válido: ato que respeitou todos os requisitos jurídicos relativos à competência,
objeto, motivo, finalidade e forma. Por tal razão é o ato que não possuí qualquer vício ou
irregularidade.
Súmula 346 do STF: “A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos”.
Súmula 473 do STF: “A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial”.
a) Ato válido: o ato válido vimos anteriormente, é aquele está em conformidade com
ordenamento jurídico. O ato respeitou os critérios de formação e todos os requisitos jurídicos
relativos a competência, objeto, motivo, finalidade e forma (COMFF).
b) Ato nulo: é aquele que nasce com vício insanável, normalmente o vício está nos elementos
constitutivos, como por exemplo: o motivo inexiste, ato com objeto não previsto em lei, ato
praticado com desvio de finalidade. O defeito nesse caso não poderá ser convalidado (corrigido).
A anulação gera efeitos ex tunc, ou seja, efeito retroativos, desfazendo efeitos já produzidos pelo
ato e impedindo que ele permaneça gerando efeitos. Ex.: João foi nomeado e empossado para
cargo que exige formação em direito, mas ele não é bacharel ainda, logo o ato da posse deve
ser anulado, desfazendo retroativamente os vínculos nascidos deste ato.
d) Ato anulável: nesse caso o ato apresenta defeito sanável, ou seja, passível de convalidação
pela própria administração que o praticou, como, por exemplo, vício de competência (se a
competência não é exclusiva), vício de forma (desde que não seja uma condição essencial do
ato). O art. 55, da Lei 9.784/1999, trata sobre a convalidação de atos: “Em decisão na qual se
evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração”.
e) Ato irregular: em que pese não seja o posicionamento adotado por Alexandrino e Paulo, é o
posicionamento adotado por Celso Antônio B. de Mello. O ato irregular é aquele em que o vício
é irrelevante, que não atinge a segurança e garantias dos administrados, sendo assim, não atinge
a validade do ato, contudo é possível que o agente público que não observou a norma responda
por tal fato, mas o ato será validado da mesma forma. Exemplo: certidão emitida por autoridade
competente, contudo não impressa em papel timbrado como deveria ser.
Que contém vício insanável.
17.13.1 Convalidação
Ato administrativo discricionário que suprime um defeito (sanável) de ato administrativo
anteriormente editado (discricionário ou vinculado), desde que não prejudique interesse público
ou terceiros;
Ex tunc: retroagem efeitos a partir da data da edição do ato administrativo convalidado;
Alguns vícios de forma e competência sanáveis (anuláveis), pode anular ou convalidar.
Se for vício insanável não pode convalidar (nulos), deve anular!
17.13.2 Conversão
Aproveitamento de ato nulo de determinada espécie, pela transformação, retroativa, em
ato válido de outra categoria. É de difícil aplicação na prática.
EXTINÇÃO
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO CASSAÇÃO CADUCIDADE
controle de mérito
controle de legalidade beneficiário deixa de Ato perde fundamento
(conveniência e
cumprir os requisitos legal
oportunidade)
ato inválido
ato válido Causa superveniente
(nulo ou anulável)
Retroage Não retroage
Não ocorre automaticamente
(ex tunc) (ex nunc)
Súmula 346, STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
Súmula 633, STJ: A Lei n. 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial
para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser
aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente norma local e específica
que regule a matéria.
Instauração
Instrução
Decisão
Recurso
18.2 Princípios
O Processo Administrativo Federal é regido por uma série de princípios administrativos,
os quais são elencados já no início da Lei n.º 9.784, em seu artigo 2º. São eles:
• Legalidade • Proporcionalidade • Segurança
• Finalidade • Moralidade jurídica
• Motivação • Ampla defesa • Interesse público
• Razoabilidade • Contraditório • Eficiência
+ Informalismo e Oficialidade – princípios implícitos que podem ser extraídos de
dispositivos da lei.
Princípios Implícitos
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios
de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou
competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de
agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas
na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza,
segurança e respeito aos direitos dos administrados; Princípio do Informalismo
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção
de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos
interessados; Princípio da Oficialidade
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
18.4 Instauração
A instauração do processo administrativo federal é marcada por seu início, podendo este
iniciar de ofício ou a pedido dos interessados (por meio de um requerimento).
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação
oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
No tocant à competência, é importante lembrar que embora ela seja irrenunciável, cabe
delegação e avocação, devendo ser exercida pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria (art. 11). No caso de inexistência de competência legal específica, o processo
administrativo deve ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir no
caso concreto. Assim, poderá a competência ser delegada:
a) em parte, quando for conveniente por razões técnicas, jurídicas, econômicas, sociais
ou territoriais;
b) para órgãos ou titulares não subordinados hierarquicamente;
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Impedimento e suspeição
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à
autoridade competente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para
efeitos disciplinares.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima
ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros,
parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito
suspensivo.
18.7 Instrução
Os elementos que a intimação deve conter estão elencados no artio 26 da lei,
disciplinando esta, ainda, que o desatendimento da intimação não importa o reconhecimento
da verdade dos fatos, nem a renúncia a algum direito pelo administrado.
Súmula 591: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
Pareceres
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar
documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes
à matéria objeto do processo.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá
ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de
maior prazo.
Ainda, dispõe o artigo 45 que “Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá
motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado”.
18.8 Decisão
Deve a Administração Pública emitir, explicitamente, decisão nos processos
administrativos e sobre solicitações ou reclamações em matérias que forem de sua competência
e, quando conluída a instrução, terá prazo de até trinta dias para decidir – cabendo prorrogação
por igual período, que seja expressamente motivada. Quando exaurida a finalidade do processo
administrativo ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
superveniente, cabe ao órgão competente declarar extinto o processo.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres,
laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
18.9 Desistência
Mediante uma manifestação escrita, aquele intressado que iniciou o processo
administrativo pode desistir total ou parcialmente daquele pedido, podendo, também, renunciar
a direitos disponíveis. Tal desistência ou renúncia atingirá apenas aquele que formulou a
manifestação.
O prosseguimento do processo não será prejudiciado, pois, pelo Princípio da Oficialidade,
cabe a administração movimentar o processo considerando o interesse público, se assim houver.
18.10 Recurso
Concluído o processo administrativo com a decisão, frente a razões de legalidade e de
mérito, cabe recurso administrativo, como disciplina o art. 56 da Lei n.º 9.875, o qual será dirigido
à autoridade que proferiu a decisão. Esta autoridade, se não reconsiderar a decisão no prazo de
cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. O prazop para interposição de recurso
administrativo será de 10 dias, contados a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida (art. 59). Interposto o recurso, deve o órgão competente intimar os demais interessados
para apresentarem alegações no prazo de 5 dias (art. 62).
O recurso tramitará, em, no máximo 3 instâncias (art. 57), sendo legitimados para
interpor o recurso:
ATENÇÃO
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente
da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido,
dar efeito suspensivo ao recurso.
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de
enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente
para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
Lei de introdução às normas do direito brasileiro
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
A lei posterior pode revogar a antiga lei se assim estiver previsto, podemos ver claramente
esse exemplo na nova lei geral de licitações e contratos, a Lei 14.133, promulgada em 01 de
abril de 2021, veio para substituir as leis antigas (Lei 8.666/93, lei antigo de licitações e contratos,
Lei 10.520/02, lei antiga do pregão, Lei 12.462/11, lei do regime diferenciado de contratações -
RDC). Entretanto a Lei nova pode, também, ser promulgada apenas para estabelecer regras
especiais ou gerais e não revogar a lei anterior. Isso ocorreu na lei de concessões e permissões,
Lei n. 8.987/95, a qual trouxe regras específicas para as licitações e contratos de concessão de
serviço público.
Decreto-Lei n. 4.657/1942 - LINDB
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes
e os princípios gerais de direito.
Para memorizar bem esse dispositivos podemos associá-lo com as próprias fontes do
direito administrativo que estudamos em contéudos iniciais do direito administrativo:
Constituição Federal
Primárias Lei
Princípios
Fontes
Jurisprudência
Doutrina
Secundárias
Costume
Práxis administrativa
6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
Na esfera administrativa ocorre a coisa julgada formal, não existe coisa julgada material.
Isso significa que a decisão se tornou irretratável pela própria Administração, mas poderá ser
passível de apreciação pelo Poder Judiciário (DI PIETRO, 2020, p. 941).
O DL 4.657 é de 1942, mas em 25 de abril de 2018 fora acrescentados os artigos 20 ao
30. Em 2019 foi expedido o Decreto 9.830 que regulamenta tais artigos. Até aqui estudamos
alguns dos artigos que podemos ligar ao estudo da Administração Pública, mas agora vamos
itensificar, pois, sem dúvida, do artigo 20 ao 30 estão os mais importantes dentro desse recorte.
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em
valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta
ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Motivo Motivação
•Situação de fato •Justificativa
•Causa do fato •Exprimir de
•Razões de fato forma expressa
•Circunstância e textual
de fato
Motivo é o suporte fático abstrato (previsão na lei) e o suporte fático concreto (no mundo
real), que determinam ou autorizam que o ato seja praticado. É o elemento em que identificamos
o princípio da subsunção no direito administrativo.
Mas e o que isso tem a ver com o artigo 20? Ele proibe motivações decisórias vazias, sem
análise de fatos e impactos.
Decreto-Lei n. 4.657/1942 - LINDB
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas consequências jurídicas e administrativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso,
indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem
prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que,
em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
A Lei nova de licitações e contratos, nos seus artigos 71 e 148 traz perfeitamente esse
dever de, antes de decretar a invalidação do contrato, deverá ser indicado de modo expresso as
consequências jurídicas e administrativas, atendendo o dispoto no artigo 21 da LINDB:
Lei n. 14.133/21
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos
e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo
dos direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem
imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração
cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes
ou atenuantes e os antecedentes do agente. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais
sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
O artigo, apesar de sofrer inúmeras críticas por juristas, ele pressupõe que, antes de
aplicar uma sanção ao gestor por descumprimento da lei, deve ser verificado se ele tinha as
condições necessárias para cumprir as regras. Exemplo, um gestor que não tem suas contas
aprovadas pelo Tribunal de Contas e que possa vir a ser responsabilizado por tal situação, na
aplicação de sanção serão consideradas as situações fáticas de cada caso, considerando as
peculiaridades de cada situação.
A Lei 14.133/21 (lei nova de licitações e contratos), quando promulgada, trouxe regras de
transição, por exemplo, os entes federativos e órgãos públicos não precisaram mudar
imediatamente para aplicação da nova lei, há um prazo de dois anos até que a lei velha de
licitações e contratos seja revogada. Esse é um exemplo de uma regra de transição.
O decreto n. 9.830/2019, ato administrativo que regulamenta os artigos 20 ao 30 da
LINDB, refere que o regime de transição deverá prever:
• os órgãos e as entidades da administração pública e os terceiros destinatários;
• as medidas administrativas a serem adotadas para adequação à interpretação ou à
nova orientação sobre norma de conteúdo indeterminado; e
• o prazo e o modo para que o novo dever ou novo condicionamento de direito seja
cumprido.
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado
levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança
posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações
contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária,
e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação
do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá,
após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes
razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a
legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
Decreto-Lei n. 4.657/1942 - LINDB
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá
impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do
processo ou da conduta dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento)
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre
seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso
processual entre os envolvidos.
O artigo e seus parágrafos tem o objetivo de evitar que as partes envolvidas tenham
benefícios indevidos ou sofram prejuízos anormais e injutos, por exemplo, no ato de contratação
da administração pública, após o devido processo licitatório, ocorre o aumento do valor dos
insumos necessários para a produção do bem que será fornecido à Administração, será possível
a celebração de compromisso a fim de possibilitar a compensação ao particular, neste caso seria
o chamado restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Decreto-Lei n. 4.657/1942 - LINDB
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas
em caso de dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública
para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada
na decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições
da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante
em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.
Ambos artigos são bem esclarecedores, o primeiro busca maior transparência aos atos
do Poder Executivo e o segundo requer o aumento de segurânça jurídica no âmbito da
Administração Pública.
Contestação
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos.
A contestação pode ser direta ou indireta. Será direta quando for atacar o mérito (os fatos)
trazidos na petição inicial do autor, agora, será indireta quando trouxer fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos de direito, nas preliminares de defesa (art. 337, do CPC).
Há dois princípios muito importantes que norteiam a defesa do réu, o princípio da
eventualidade ou da concentração de defesa (Art. 336, CPC), significa que o réu deve
contestar toda a matéria de defesa na contestação, este é o momento dele se defender, todavia,
há três exceções, que permitem ao réu apresentar matéria de defesa em outro momento
processual. Estas exceções são encontradas no artigo 342 do CPC:
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de
jurisdição.
Há também, o princípio da impugnação específica (art. 341, CPC), significa dizer que
o réu deve impugnar os fatos trazidos na petição inicial de forma específica, atacando ponto a
ponto, sob pena de presunção de veracidade dos fatos não contestados. Só não vão se
presumir verdadeiros os fatos não impugnados de forma específica quando:
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato
constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da
substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ao curador especial
a) O que não pode faltar na tese? Requerer que a contestação seja recebida como
tempestividade, art. 239, §1º e 280 e alegar violação do direito de defesa, art. 5º, LV, da CF.
b) O que não pode faltar na tese? Requerer a remessa ao juízo competente, artigo 64, §3º,
do CPC.
CUIDADO: audiência de conciliação e mediação em foro INCOMPETENTE fica suspensa
com a contestação em foro competente. Art. 340, §3º e 4º, CPC.
c) O que não pode faltar na tese? Requerer ao juízo que intime o autor para correção do
valor da causa, fundado no artigo 293, do CPC.
d) O que não pode faltar na tese? Pedido de indeferimento da petição inicial em decisão
sem resolução de mérito, artigo 485, I, do CPC.
5) Perempção:
A perempção ocorre quando o autor abandona a causa por 3 (três) vezes com sentença
fundada em abandono, ele não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto,
ficando ressalvada apenas a possibilidade de alegar em defesa o seu direito (art. 486, §3º).
e) O que não pode faltar na tese? Pedido de extinção do feito sem resolução de mérito,
com base no artigo 485, III e V, do CPC.
6) Litispendência:
Quando houver a propositura de duas ou mais ações idênticas, ou seja, possuindo mesmo
elemento (partes, causa de pedir e pedidos iguais). Está previsto nos §§1º e 3º, do artigo 337:
O juiz prevento (que obteve a primeira distribuição) irá excluir a competência do outro juiz
e será responsável pelo julgamento do mérito, já o juiz não prevento deve julgar a causa sem
resolução do mérito por litispendência.
f) O que não pode faltar na tese? Deve requerer a extinção do feito sem resolução do
mérito, com base no artigo 485, V, do CPC.
7) Coisa julgada:
Ação idêntica já julgada, com trânsito em julgado. A parte está tentando novamente ajuizar
a mesma demanda já julgada.
g) O que não pode faltar na tese? Deve requerer a extinção do feito sem resolução do
mérito, com base no artigo 485, V, do CPC.
8) Conexão:
São conexas duas ou mais ações quem tiverem em comum o pedido ou a causa de pedir,
nessas ações deverá haver a reunião dos processos, chamada de conexão, para evitar o
julgamento contraditório, uniformizando as sentenças que serão prolatadas. Essa preliminar não
requerer pedido de extinção do processo, apenas de reunião das ações para que sejam julgadas
por um só juízo.
h) O que não pode faltar na tese? Deve requerer a reunião dos processos para julgamento
uniforme, com base no artigo 55, §§1º e 3º, do CPC.
i) O que não pode faltar na tese? Deve requerer que o vício seja sanado, nos termos do
artigo 76, caput e §1º, caso não seja sanado, que seja extinto sem resolução do mérito, com
fundamento no artigo 485, IV, do CPC.
j) O que não pode faltar na tese? Na tese deve ser requerido a extinção do feito sem
resolução do mérito com base no artigo 485, VII, do CPC.
k) O que não pode faltar na tese? Na tese deve ser requerido a extinção do feito sem
resolução do mérito com base no artigo 485, VI, do CPC.
12) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar:
Como por exemplo, a falta do pagamento de honorários advocatícios de processo extinto
sem resolução de mérito, quando o autor está propondo a mesma ação novamente (art. 486,
§2º, CPC); O não pagamento de custas processuais (art. 290, CPC); Autor que residir fora do
Brasil: art. 83; A não realização do depósito obrigatório na ação rescisória (art. 968, II, CPC), etc.
l) O que não pode faltar na tese? Na tese deve ser requerido que a parte sane o vício,
subsidiariamente, caso não seja sanado, a extinção do feito sem resolução do mérito com base
no artigo 485, IV, do CPC.
m) O que não pode faltar na tese? Deve ser requerida a revogação do benefício e
determinação à parte para que recolha as despesas processuais, segundo o artigo 100, do CPC.
20.6 Reconvenção
Além da contestação, o réu também pode apresentar a reconvenção para contra-atacar o
autor da ação, formulando pretensões, assim como o autor fez na inicial. Conforme o artigo 343
a reconvenção deve ser apresentada na contestação, ou seja, não será em peça apartada, será
no prazo de contestação e junto com a contestação.
Assim, reconvenção é quando o réu possuí um pedido para fazer contra o autor, isto é, a
contestação é a peça processual destinada a defesa, já a reconvenção serve para que o réu
tenha oportunidade de pedir contra o autor ou contra o autor e terceiros.
O que justifica a reconvenção é a economia processual e, também, a maior eficiência do
processo, pois as pretensões de ambos os litigantes serão processadas e julgadas de uma só
vez.
n) Valor da causa: Não há valor de causa na contestação, mas na reconvenção deve ser
colocado o valor da causa (art. 292, CPC).
Requisitos:
1) Conexão com a ação principal ou com a fundamentação da defesa.
2) Existência de um processo principal.
3) Mesmo procedimento.
4) Juiz competente para a inicial e a reconvenção.
Não cabe reconvenção em Mandado de Segurança, Ação popular e Ação Civil Pública em
razão da incompatibilidade de procedimentos.
20.7 Estrutura da contestação
Processo nº ...
CONTESTAÇÃO
em face da ação ajuizada pelo AUTOR, pelas razões de fato e de direito que passa a
expor:
1. DOS FATOS:
Descrever a situação fática constante na situação problema, sem acrescentar nenhum
dado que não esteja no problema.
2. DO DIREITO:
2.1. DAS PRELIMINARES:
Preliminarmente, verifica-se que...
2.2. DO MÉRITO:
No mérito deve ser contestada todas as alegações formadas pelo autor na petição inicial,
atendendo, assim, o princípio da impugnação específica.
3. DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, requer:
1) O acolhimento das preliminares, nos termos da fundamentação, extinguindo-se a
presente ação (sem ou com resolução de mérito – Art. 485 ou 487, inciso II, do CPC); (Art. 337
do CPC)
2) Caso superadas as preliminares, em atenção ao princípio da eventualidade, requer a
improcedência do pedido, nos termos da fundamentação, com a revogação imediata da tutela
de urgência ou evidência (se concedida na situação problema), uma vez que não estão presentes
os requisitos legais; (Art. 300 ou 311 do CPC)
3) Seja procedida à juntada da prova documental; (Art. 336 do CPC)
4) A produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente a prova...; (caso a
situação problema traga alguma prova em especial, colocar esta parte final)
5) A condenação do autor ao pagamento dos honorários advocatícios e custas
processuais; (Art. 85 e 82 do CPC)
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Agravo de Instrumento
Decisões interlocutórias são aquelas que não colocam fim no processo, isto é, não
encerram o processo, nem suas fases. Apenas as decisões elencadas no artigo 1015 é que
podem ser recorridas, as demais devem ser impugnadas em sede de preliminar no recurso de
Apelação ou nas contrarrazões de apelação, conforme o artigo 1009, §1º do Código de Processo
Civil.
O prazo para interposição é de 15 dias, contados de acordo com as regras estabelecidas
nos artigos 219 e 224 do Código de Processo Civil, esse prazo é preclusivo, salvo se não for
possível interpor agravo sobre a matéria da decisão interlocutória, ocasião em que a decisão não
preclui e poderá ser discutida em Apelação.
O prazo de 15 dias para interposição é o mesmo prazo para apresentar contrarrazões de
Agravo de Instrumento, segundo o artigo 1003, §5º, do Código de Processo Civil. Observadas
as regras de contagem em dobro, segundo o artigo 183 do Código de Processo Civil.
22.2 Hipóteses de Agravo de Instrumento:
De acordo com o artigo 1015 do Código de Processo Civil, cabe Agravo de Instrumento:
a) Tutelas provisórias: Tutela provisória de urgência ou evidência que foi negada, revogada ou
modificada, salvo quando a decisão vier na sentença, ocasião em que o recurso deve ser o
de Apelação (art. 1013, §5º).
b) Mérito do processo: julgamento antecipado da lide, de acordo com o artigo 354, parágrafo
único e 356, §5º, ambos do Código de Processo Civil, inclusive da decisão que rejeita
reconvenção (Art. 487, inciso I, do CPC).
c) Rejeição da alegação de convenção de arbitragem: cuidado, trata-se da decisão que rejeita
a alegação trazida em preliminar de contestação (art. 337, X, §6º, do CPC), pois se o juiz
aceita a alegação, ocorre a extinção do processo sem resolução do mérito, com base no artigo
485, VII, do Código de Processo Civil, sendo cabível o recurso de Apelação.
d) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: previsto no artigo 134 do Código
de Processo Civil, é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, cumprimento
de sentença e execução fundada em título executivo extrajudicial, quando a pessoa jurídica
não tiver bens para garantir a execução. O procedimento está regulado nos artigos 133 a 137
do Código de Processo Civil. Será atacada a decisão que deferir a formação do incidente. Se
o incidente se deu no tribunal, seja em razão da competência originária ou então em razão de
recurso interposto, não caberá Agravo de Instrumento, mas Agravo Interno (art. 136, parágrafo
único e 1.021, ambos do CPC).
e) Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação: cabe somente da decisão que rejeitar o pedido ou revogar, não cabe da decisão
que concede. Artigo 101 do Código de Processo Civil.
f) Exibição ou posse de documento ou coisa: uma das espécies de prova que traz o Código
de Processo Civil é a exibição de documento ou coisa, de acordo com o artigo 396 e seguintes,
dessa decisão que rejeita ou determina a exibição cabe Agravo de Instrumento.
g) Exclusão de Litisconsorte e rejeição do pedido de limitação de litisconsorte: Tanto o
litisconsorte passivo, ativo ou misto ou do pedido de limitação do litisconsorte (art. 113, §§ 1º
e 2º, do CPC). Segundo o artigo 337, inciso XI, do Código de Processo Civil, se alegada
preliminar de ilegitimidade passiva e o juiz acolher, excluindo o réu da lide, cabe Agravo de
Instrumento da decisão.
h) Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros: são formas de intervenção de
terceiros:
1) Assistência (quando se tem interesse jurídico na decisão)
2) Denunciação à lide (pretensão de regresso ou quando a Seguradora precisa pagar)
3) Chamamento ao processo (devedores solidários)
4) Incidente de Desconsideração de personalidade (chama pessoa física para responder)
5) Amicus curiae (amigo da corte)
Atenção: o artigo 138 do Código de Processo Civil traz uma exceção, não cabe nenhum
recurso quando:
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por
meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.
No caso de algum dado que se refere o artigo 1.016 ou, então, alguma peça exigida pelo
artigo 1.017 que não conste no processo deverá ser informado especificadamente dentro do
recurso. Estas peças não precisam ser autenticadas em cartório, bastando a declaração de
autenticidade das cópias pelo próprio advogado do agravante (art. 425, inciso IV, do CPC).
Sendo eletrônico o processo, não será obrigatória a juntada das peças que traz os incisos I e II,
do artigo 1.017, de acordo com o §5º do referido artigo:
Se deixar de juntar algumas das peças previstas no artigo 1.017, segundo o seu §3º,
deverá o agravante sanar o vício no prazo de 05 dias.
O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a um mês da intimação do
agravado, de acordo com o artigo 1.020 do Código de Processo Civil.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
(COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL OU EFEITO SUSPENSIVO)
Em face da decisão interlocutória de Fls..., proferida pelo juízo a quo, no processo nº ....,
contra o (ou que lhe move o) AGRAVADO…, particular/pessoa jurídica de direito público/privado
…, RG/CPF/CNPJ …, com endereço/sede no endereço..., endereço eletrônico…, pelas razões
de fato e de direito que passa a expor:
2. DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO:
Conforme os Artigos 219, 224 e 1.003, §5º, do CPC, poderá ser interposto o presente
recurso no prazo de 15 dias. No presente caso, a decisão foi publicada em..., demonstrando-se
tempestivo o presente agravo de instrumento. Ainda, de acordo com os artigos 1.007 e 1.017,
§1º, ambos do CPC, para a interposição do presente recurso deverá a parte efetuar o pagamento
do preparo e do porte de retorno, o que foi realizado, de acordo com a comprovação anexa.
4. DOS FATOS:
Descrever a situação fática constante na situação problema, sem acrescentar nenhum
dado que não esteja nele (se referir ao seu cliente como agravante e à parte contrária como
agravado).
5. DO DIREITO:
Desenvolver teses de direito que vão colaborar para a mudança da decisão interlocutória.
7. DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, requer:
1) Seja conhecido o presente recurso, uma vez presentes os requisitos e pressupostos de
admissibilidade, especialmente os constantes no art. 1.017, §1º, combinado com o artigo 1.007
e artigo 1.003, §5º, todos do CPC;
2) Seja deferido o pedido de antecipação de tutela recursal (ou atribuído o efeito
suspensivo à decisão do juízo a quo), na forma do artigo 995, parágrafo único do CPC e artigo
1.019, I, do CPC;
3) Seja provido o presente agravo de instrumento, a fim de reformar a decisão proferida
pelo juízo a quo, confirmando integralmente o pedido da tutela recursal, a fim de que... (descrever
o pedido principal definitivo), nos termos da fundamentação; (Art. 1.020 do CPC)
4) A intimação do agravado, para, querendo, ofereça resposta no prazo legal; (Art. 1019,
inciso II, do CPC)
5) A intimação do membro do Ministério Público para que, desejando, apresente suas
considerações sobre o presente recurso; (Art. 1.019, III, do CPC)
6) A juntada da documentação obrigatória ao conhecimento do presente agravo; (cópia
da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão
agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado – Art.
1017, I, do CPC);
7) A juntada do comprovante do pagamento do preparo; (Art. 1017, § 1º, do CPC)
8) A condenação do agravado ao pagamento dos honorários advocatícios e custas
processuais; (Art. 85 e 82 do CPC)
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Apelação e Recurso Ordinário
22.1 Conceito
Primeiramente, em se tratando de ações que tramitam perante juiz singular, se faz
necessário entender a diferença entre decisões finais em processos judiciais e decisões
interlocutórias. Vejamos.
Algumas decisões dão fim à relação processual. São decisões terminativas do feito. Deve-
se atentar para o fato de que não é relevante o conteúdo dessas decisões, ou seja, não importa
se estas decisões são com ou sem julgamento de mérito, pois são decisões que fazem com que
o processo acabe. Essas são as chamadas decisões finais ou terminativas.
Por sua vez, outras decisões são tomadas no bojo do processo, para resolver questões
incidentes a ele. Mesmo após a decisão, o processo segue para solução da controvérsia
principal. São designadas, nestes casos, decisões interlocutórias.
Diante de uma decisão final, deve-se interpor recurso de decisão final, que pode ser
ordinário ou extraordinário. Diante de uma decisão interlocutória, proferida por juiz singular, o
recurso cabível será o agravo, que, a princípio, poderá ser retido nos autos ou por instrumento.
Com efeito, a apelação, o recurso ordinário constitucional ou os recursos serão, a
princípio, cabíveis diante de uma decisão final. Por seu turno, o agravo é cabível para discutir e
requerer a alteração de decisões interlocutórias.
Para fins de identificação, essa é a diferença entre agravo e apelação, ou seja, o candidato
definirá qual dos dois recursos será utilizado, analisando a natureza da decisão que seu cliente
pretende impugnar.
22.3 Cabimento
Se a decisão a ser impugnada é uma sentença, ou seja, se o processo é originário do juiz
singular, a impugnação desta decisão deverá ser feita mediante a interposição de apelação. DA
SENTENÇA CABE APELAÇÃO.
No entanto, se o processo não for de competência originária do juiz singular, tendo sido
proposto originariamente em tribunal, o que - para fins da prova de direito administrativo da OAB,
só pode acontecer para Mandado de Segurança, habeas corpus, Habeas Data e Mandado de
Injunção - a decisão que terminar o feito é designada acordão. Destas decisões também cabem
recursos ordinários, que aqui levam o nome de recurso ordinário, ou de Recurso Ordinário
Constitucional. Ressalte-se que a interposição deste recurso somente se admite em casos de
acórdão que denegue a segurança nestes processos, ou seja, não se admite recurso ordinária
das decisões que julgam pela procedência do feito.
23.1 Conceito
O direito de propriedade é uma garantia constitucional que assegura ao seu detentor as
prerrogativas de usar, fruir, dispor e reaver a coisa dominada, de modo absoluto, exclusivo e
perpétuo conforme incisos XXII e XXIII, do art. 5°, da CF/88 e, segundo o art. 1.231 do CC/02,
“a propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário”
O caráter exclusivo do direito de propriedade demonstra sua oponibilidade erga omnes.
Assim, o direito de propriedade poderá ser livremente exercido pelo particular sem a oposição
de terceiros, ensejando a obrigação, a toda a sociedade, de respeitar sua utilização. Logo,
somente o proprietário, ou alguém agindo em seu nome e com sua autorização, poderá exercer,
de forma plena, as faculdades inerentes ao domínio.
Por seu turno, o caráter absoluto repousa na possibilidade de utilização do bem objeto
do direito, da forma que melhor lhe aprouver. Ou seja, o proprietário do bem terá ampla liberdade
de utilização deste bem, desde que não cause prejuízos a terceiros ou viole direitos e garantias
dos demais cidadãos.
Ademais, o caráter de perpetuidade decorre do fato de que o exercício deste direito não
se dá com prazo definido, devendo a qualidade de proprietário durar até que haja a transferência
a outrem, mortis causa ou por ato inter vivos. Neste sentido, pode-se definir que o direito é
imprescritível, não se perdendo pelo não exercício.
• Não sendo suficiente a medida anterior para garantir a função social da propriedade, o
poder público municipal poderá determinar a aplicação de imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo, mediante a
majoração da alíquota, pelo prazo de cinco anos consecutivos, limitada a 15%. Trata-
se de coação e sanção impostas pelo poder público em razão da inércia em face da
notificação.
A maioria da doutrina entende, que o limite aqui é temporal para a progressividade do
tributo, conforme art. 7º, §2º, da Lei 10.257/01 e que de um ano para o outro só se pode
acrescentar na alíquota o máximo de 100% do valor anterior.
Ademais, trata-se de medida coercitiva e sancionatória que neste tipo de
desapropriação reveste o tributo com uma roupagem extrafiscal.
• Escoado o prazo de cinco anos sem que o particular tenha tomado qualquer providência
no sentido que conferir função social ao bem, o ente municipal poderá decretar a
desapropriação especial urbana, com pagamento de indenização mediante a entrega
de títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até 10(dez) anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Trata-se de desapropriação
com função sancionatória.
Neste caso, a indenização justa refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado
o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área
onde se localiza e não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros
compensatórios.
Por fim, após ocorrida a desapropriação, o Município deverá aproveitar o imóvel no
prazo máximo de cinco anos, diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação
ou concessão a terceiros.
Desta forma, a reintegração de posse e o interdito só não serão cabíveis se o bem já tiver
destinação pública, dada pelo Estado. Ademais, com sua incorporação ao patrimônio público o
bem, as ações possessórias previstas no CC/02 serão convertidas em ação de indenização por
desapropriação indireta ou por apossamento administrativo.
No que tange a competência para julgamento do feito é a do local da situação do imóvel
conforme art. 95 do CC/02 sendo que a indenização ao final do processo será paga através de
precatório.
Quanto aos juros compensatórios, estes começam a incidir a partir do esbulho perpetrado
e incidem sobre todo o valor do bem, pois a indenização é posterior. Por outro lado, os juros
moratório serão no percentual de 6% ao ano nos moldes do art. 15-B do Decreto-lei 3.365/41.
Por fim, o prazo de prescrição para a propositura da ação de desapropriação indireta
enseja algumas discussões doutrinárias e jurisprudenciais. Com efeito, dispõe o art. 10,
parágrafo único do Decreto-Lei 3.365/41 define que “Extingue-se em cinco anos o direito de
propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público”.
De maneira diversa, o Código Civil vigente, em seu art. 1238, cumulado com a Súmula
119 do STJ afirmava que o prazo de prescrição da ação de desapropriação indireta seria de 15
anos, uma vez que este é o prazo para usucapião extraordinária do Código Civil atual.
No entanto, o STJ no REsp 1.300.442/SC mudou o entendimento e passou a entender
que o parâmetro utilizado deve ser o prazo da usucapião ordinária, ou seja, prazo prescricional
de 10 anos.
23.18 Do direito de extensão
O direito de extensão surge quando a desapropriação de parte da propriedade esvazia o
conteúdo econômico da área que não foi desapropriada.
Em decorrência disto, o particular poderá requerer ao poder público que efetive a
desapropriação sobre todo o bem, incluindo a área que não lhe será útil isoladamente,
calculando-se a indenização sobre todo o espaço do bem.
Na desapropriação de imóvel rural, a jurisprudência vem-se firmando no sentido de que
deverá ser considerado inaproveitável qualquer terreno menor que um “módulo fiscal”.
De outro firo, a Súmula 415 do STF dispõe que: “Servidão de trânsito não titulada, mas
tomada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente,
conferindo direito à proteção possessória”.
A extinção da servidão ocorrerá quando não houver mais interesse público, quando o bem
houver desaparecido ou tiver sido demolido, quando o bem dominante perder sua afetação, ou
quando ocorrer a aquisição do mesmo pelo Poder Público.
Com exceção da servidão legal (de que não há registro), todos os casos de extinção
devem ocorrer através do registro desta extinção nos respectivos registros do imóvel.
23.25 Tombamento
O tombamento se configura como intervenção do Estado na propriedade como forma de
proteção ao meio ambiente, no que tange aos aspectos do patrimônio histórico, artístico e
cultural. Com efeito, mediante este instituto, o poder público visa à proteção ao meio ambiente,
no que tange à conservação dos aspectos da história, arte e cultura de um povo.
A intervenção atinge o caráter absoluto da propriedade, definindo algumas limitações ao
exercício do direito de propriedade, definindo regras de forma a evitar que a destruição deste
bem resulte na perda de informações relevantes à história do país ou cause prejuízos a obras
artísticas de valor cultural inestimável para a identidade de um povo.
A competência para praticar os atos necessários ao tombamento de bens públicos ou
privados é concorrente entre os entes federativos. De fato, todos os entes federativos podem
praticar o ato constritivo e o mesmo bem pode sofrer mais de um tombamento, simultaneamente,
sem que um interfira nos demais.
Desta forma, bens de interesse local serão tombados pelo município, enquanto que bens
de interesse regional serão tombados pelo Estado e os bens de interesse nacional serão
tombado pela União.
No que tange a competência legislativa, a União expede normas gerais; os estados e o
distrito federal expedem normas específicas; não havendo competência legislativa atribuída aos
entes municipais nos moldes do inciso IX, art. 30, CF/88.
Ademais, o tombamento pode ser voluntário ou compulsório.
O tombamento voluntário ocorre sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir
dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico
nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a
inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo. Nestes casos, ou o particular tem a
iniciativa de requerer o tombamento ou concorda plenamente com o tombamento iniciado por
iniciativa do poder público, não havendo controvérsia a ser dirimida.
Por sua vez, o tombamento compulsório ocorrerá quando o proprietário se recusar a
anuir à inscrição da coisa. Nestes casos, deverá ser instaurado procedimento administrativo, nos
moldes determinados pelo Decreto-Lei 25/37, com a finalidade de se proceder à inscrição do
imóvel, permitindo ao particular o exercício do contraditório.
A doutrina também divide o tombamento em geral e individual, sendo que no primeiro
caso é expedida norma abstrata, atingindo uma quantidade indeterminada de bens que ficarão
sujeitos às restrições impostas pelo ente público. É possível que este tombamento recaia sobre
um bairro ou, até mesmo, sobre uma cidade inteira. Por sua vez, o tombamento individual é
aquele que incide sobre bem especificado no ato.
Outrossim, o tombamento poderá ser definitivo ou provisório. O tombamento provisório
é medida cautelar administrativa determinada, no bojo do processo administrativo de
tombamento, como forma de garantir o resultado prático do processo. Ao final do procedimento,
será procedido o tombamento definitivo, mediante transcrição no registro do imóvel.
Por fim, o tombamento poderá ser total quando recair sobre todo o bem ou parcial quando
recair sobre somente parte do bem.
Os bens objeto de tombamento podem ser móveis, imóveis e incorpóreos, sendo que este
para este último existe a previsão de registro nos órgãos de proteção ao Patrimônio Histórico
Artístico e Cultural, não lhe impondo as exigências decorrentes do tombamento.
Em relação aos bens públicos, a doutrina majoritária se posiciona no sentido de que a
restrição a bens públicos é indevida. No entanto, o tombamento não retira a propriedade do bem,
sendo irrelevante, nestes casos, que o proprietário do bem seja o poder público.
Desta forma, o tombamento dos bens pertencentes aos entes federativos se fará de ofício,
por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, devendo o ente
federativo ser comunicado sobre o fato.
Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional, não podendo ser, portanto, objeto
de tombamento as obras de origem estrangeira que pertençam às representações diplomáticas
ou consulares acreditadas no país; que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas
estrangeiras, que façam carreira no país; que pertençam a casas de comércio de objetos
históricos ou artísticos; que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou
comerciais ou que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos
respectivos estabelecimentos.
O tombamento de um determinado bem gera algumas obrigações de fazer, de não fazer
e de tolerar que devem ser suportadas pelo proprietário do bem tombado, conforme pode se
observar abaixo:
a) Direito de Preferência: O direito de preferência, nas alienações extrajudiciais, foi
extinto pelo art. 1.072, I do Código de Processo Civil. No entanto, a preferência se
mantém somente em casos de alienações judiciais, consoante dispõe o art. 892, § 3º
do CPC.
b) Direito de Conservação: O proprietário deve conservar o bem da forma como se
encontra. Se não tiver condições financeiras de realizar a conservação, deverá informar
ao poder público conforme art. 19, do Decreto-Lei 25/37.
c) Dever de comunicação em caso de extravio: Deve o proprietário comunicar ao
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob
pena de multa de dez por cento sobre o valor da coisa.
d) Registro especial: A legislação determina que os negociantes de antiguidades, de
obras de arte de qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros são
obrigados a um registro especial no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, cumprindo-lhes, outrossim, apresentar semestralmente ao órgão relações
completas das coisas históricas e artísticas que possuírem.
e) Não retirado do país: Não é possível tirar o bem do país, salvo, por curto período de
tempo, para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Frise-se que a exportação do bem enseja o
sequestro e multa de cinquenta por cento do valor da coisa.
f) Não destruição: Qualquer reforma a ser realizada na propriedade depende de
autorização do Estado, sob pena de multa no valor de cinquenta por cento do dano
causado.
g) Tolerância a fiscalização: O proprietário do bem tem que tolerar a fiscalização pelo
Poder Público em conformidade com o art. 20, do Decreto-lei 25/37.
Importante frisar que não é o instituto adequado para os casos nos quais a utilização do
bem se dê em razão de situação de iminente perigo e que, a priori, não é indenizável, somente
nos casos em que a utilização do bem pelo poder público causar prejuízos ao proprietário.
Por fim, alguns doutrinadores estabelecem o gênero ocupação provisória para tratar de
requisição e ocupação temporária. Neste sentido, ocupação provisória seria gênero, dividido em
duas espécies: requisição administrativa (situações em que há perigo iminente) e ocupação
temporária (sem a ocorrência da situação de perigo).
24.1 Conceito
Esta ação funciona na sua estrutura como uma ação de procedimento comum, apesar de
não o ser, mas sim uma ação de natureza especial. A ação tem seu rito definido no Dec. Lei
3365/41.
Com efeito, declarado o interesse na desapropriação, o Estado deverá adotar as
providências necessárias à sua efetivação, com a transferência do bem após pagamento do valor
justo. A execução pode ser feita na via administrativa, mediante acordo entre o Poder Público e
o proprietário quanto ao valor da indenização.
Por seu turno, a execução, na via judicial, se dá por meio da Ação de Desapropriação,
que será proposta pelo Poder Público, sempre que não houver acordo em relação ao quantum
indenizatório, ou se o ente expropriante não souber quem ostenta a qualidade de proprietário do
bem.
A ação segue rito especial no qual a matéria de contestação é restrita. No mérito, apenas
pode se discutir o valor indenizatório (art. 20 do DL 3.365) ou aspectos atinentes a Vícios
processuais. Desta forma, não se admite nenhuma outra matéria de defesa, no bojo da ação de
desapropriação, além das estipuladas em lei, seja a alegação de nulidade ou vício formal do ato
de desapropriação.
Ocorrendo vício de legalidade no ato de desapropriação, o judiciário poderá analisar,
porém não no bojo da Ação de Desapropriação, mas sim em uma ação autônoma. Em outros
termos, qualquer discussão de mérito que não diga respeito ao valor da indenização será
discutida por meio de ação direta.
Como na Ação de Desapropriação, a matéria discutida se restringe ao valor da
indenização. Se o resultado da ação for favorável ao particular, ter-lhe-á sido estipulado um valor
indenizatório superior àquele ofertado pelo Estado.
Em virtude desta situação, a lei permite que o ente expropriante tenha a posse provisória
do bem antes de finalizada a Ação de Desapropriação. Para tanto, o Estado precisa alegar a
urgência da imissão e, posteriormente, deve depositar o valor que julgar justo. De fato, são
requisitos para a imissão provisória na posse:
• Declaração de urgência por parte do expropriante.
• Depósito do valor incontroverso da indenização, em juízo.
Ressalte-se que, declarada a urgência, o Estado terá o prazo de 120 dias para requerer
ao juízo a imissão provisória, fazendo o depósito do valor incontroverso em juízo, sob pena de
decair a declaração de urgência. Esta declaração de urgência, se perdido o prazo, não pode ser
renovada, por sua própria natureza.
O proprietário do bem tem direito de levantar parte do valor depositado pelo Estado,
equivalente a até 80% do depósito (arts. 33 e 34 do Decreto-lei). O valor restante garantirá o
juízo e poderá ser levantado somente com a sentença.
III. JUROS DE MORA: são devidos pela demora no pagamento por parte do Estado.
Começa a incidir a partir de 1o de janeiro do ano seguinte àquele em que o precatório
deveria ter sido pago, não incidindo durante o prazo constitucional para pagamento de
precatórios. Este é o entendimento estampado na Súmula vinculante no 17 do Supremo
Tribunal Federal e no art. 15-B do Decreto-lei 3.365/41. Os juros de mora incidem no
percentual de 6% ao ano, de acordo com a jurisprudência e incide sobre aquele valor
que o proprietário do bem não levanta automaticamente, com a decisão final do
processo.
(No exemplo, R$100.000,00)
IV. HONORÁRIOS: incidirá sobre o valor fixado na sentença menos o valor depositado,
que é efetivamente, o valor da sucumbência.
Súmula 617/STF: a base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é
a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
O valor dos honorários pode variar entre 0,5% e 5% do valor da sucumbência.
Frise-se que não há limita de valor estipulado como teto de horários na ação de
desapropriação. Isso porque a eficácia do §1o do art. 27, que estabelecia o valor de R$
151.000,00 como teto para pagamento de honorários, foi suspensa por meio de liminar em ADIn).
A diferença, para fins de estruturação da peça, em relação à petição inicial de uma ação
de procedimento comum, é que o nome que deve ser usado para tratar da tutela de urgência é
liminar de imissão provisória na posse. Assim, ao invés de probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo, a deve ser utilizada a comprovação do
deposito e declaração de urgência, conforme art. 15, §§ 1o e 2o do Decreto Lei 3365/41.
Ainda como aspecto diferenciador da estrutura da ação de procedimento comum, nas
ações de desapropriação, será necessária a intimação do representante do Ministério Público
para atuar no feito.
Ressalte-se que a União, Estados, Municípios e Distrito Federal têm competência
exclusiva, não delegável, para declarar a utilidade pública ou interesse social, mas a execução
da desapropriação não é necessariamente feita por estes entes, pois pode ser feita por qualquer
pessoa que atue mediante delegação, também. Então entes da Administração Indireta,
Concessionárias e Permissionárias podem executar a desapropriação. Dessa forma, o candidato
da OAB pode ser contratado por uma concessionária para que promova a ação de
desapropriação, consoante art. 3o do Decreto Lei 3.365/41, abaixo transcrito:
Desta forma, estão reiteradas as regras utilizadas para a estruturação da peça ação de
procedimento comum, com as ressalvas estipuladas alhures.
Antes de atribuir valor à causa, o autor fará a opção pela realização de audiência de
conciliação e mediação.
Essa regra se aplica, não somente às ações de procedimento comum, mas também às
ações de desapropriação, ação populares e ações civis públicas.
Lei anticorrupção
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
No caso das pessoas jurídicas, assim, não há necessidade de comprovar dolo ou culpa.
Para caracterização da responsabilidade objetiva basta:
• Prática da conduta ou omissão
• Nexo de causalidade
• Resultado
Cuidado: em relação aos dirigentes e administradores o artigo 3º, §2º da Lei n.º 12.846,
indica a responsabilidade subjetiva.
Pessoas Naturais
Responsabilidade Subjetiva
(dirigentes, administradores...)
• Sujeitos ativos
Lei n.º 12.846 – Responsabilidade dirigentes e administradores
EM SÍNTESE:
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de
representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à
aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta
ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de
órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder
público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
A Administração Pública tem o dever-poder de controle de seus atos. Ela pode exercer
ela mesma o controle (princípio da autotutela) chamado controle interno quando exercido pelo
próprio Poder ou pessoa jurídica que praticou o ato, assim como, também está sujeita ao
controle externo, quando um poder realiza controle dos atos administrativos praticados pelo
outro. Esse controle não recai apenas sobre os órgãos do Poder Executivo, mas também a
qualquer entidade administrativa da administração indireta, qualquer órgão, de qualquer dos
Poderes, da administração direta no exercício da função administrativa.
Segundo a doutrinadora Di Pietro (2022) “Pode-se definir controle
da Administração Pública como o poder de fiscalização e correção
que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade
de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo
ordenamento jurídico. Esse controle abrange não só os órgãos do
Poder Executivo, incluindo a administração direta e a indireta, mas
também os dos demais Poderes, quando exerçam função
tipicamente administrativa; em outras palavras, abrange a
Administração Pública considerada em sentido amplo. A finalidade
do controle é de assegurar que a Administração atue em consonância com os
princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade,
moralidade, finalidade pública, publicidade, motivação, impessoalidade; em
determinadas circunstâncias, abrange também o controle chamado de mérito e que
diz respeito as aspectos discricionários da atuação
administrativa.
24.1.1 Classificação
A classificação das formas de controle que adotaremos neste material seguem a doutrina
de Di Pietro, por serem as classificações mais recorrentes em provas:
i. Prévio – ou a priori ou preventivo, ato sujeito à autorização – art. 49, II, III, XV, XVI e
XVII e 52, III, da CF
ii. Concomitante – acompanhamento de execução orçamentária pelo sistema de
auditoria; fiscalização sob escolas, hospitais, etc.
iii. Posterior – rever atos, abrange atos como os de aprovação, homologação, anulação,
revogação e convalidação.
3) Quanto a extensão
a) Interno – É interno o controle que cada um dos Poderes exerce sobre seus próprios
atos e agentes.
b) Externo – É externo o controle exercido por um dos Poderes sobre o outro; O controle
da Administração Direta sobre a Indireta; como também o controle popular.
OBSERVAÇÕES:
Continuando as classificações:
4) Quanto ao âmbito de atuação
i. Subordinação – realização por autoridade hierarquicamente superior.
ii. Vinculação – Administração direta sobre as entidades descentralizadas, controle
finalístico, trata-se de controle externo.
5) Quanto à natureza
Súmula 346, do STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473, do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.
Lei 9.784/99:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração.
6) Quanto à iniciativa
i. Ofício – instauração por portaria de PAD ou PA.
ii. Provocado – iniciado por requerimento da parte interessada.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da
lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
OBSERVAÇÕES:
Os vocábulos autonomia e administração expressam bem a distinção. Autonomia, de autós
(próprio) e nómos (lei), significa o poder de editar as próprias leis, sem subordinação a outras normas
que não as da própria Constituição; nesse sentido, só existe autonomia onde haja descentralização
política. Autoadministração dá ideia de capacidade de gerir os próprios negócios, mas com
subordinação a leis postas pelo ente central; é o que ocorre na descentralização administrativa (DI
PIETRO, 2022).
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como
direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional
e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do
processo, para proferir decisão final.
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
As formas de provocação são inúmeras, mas vamos trazer aqui algumas corriqueiras em
provas:
a) Recurso hierárquico – art. 56 L. 9784/99
b) Representação – denúncia de irregularidade – art. 116, XII, da Lei 8112/90; art. 45, da
Lei 12.462/11 OU art. 164, da Lei 14.133/21 (impugnação ao edital).
c) Revisão – art. 65, L. 9784/99
d) Reconsideração – art. 165, da Lei 14133/21 e art. 106, da Lei 8.112/90
e) Reclamação administrativa – Art. 6º, do DL 20.910/32
f) Reclamação constitucional: art. 7º, Lei 11.417/06
OBSERVAÇÕES:
Cuidado, a reclamação pode ser administrativa, como prevista no artigo 6º, do Decreto Lei
20.910/1932, mas também pode ser reclamação constitucional, que é judicial, segundo a Lei 11.417/06,
artigo 7º, no caso da reclamação constitucional, esta ação em específico exige o esgotamento das vias
administrativas para sua propositura.
O Tribunal de Contas pode fiscalizar qualquer entidades pública, ou até mesmo pessoa
jurídica de direito privado não integrante da Administração Pública, desde que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiro, bem ou valor público, como por exemplo, as entidades
paraestatais que firmam contrato de gestão (OS); termo de parceria (OSCIP); termo de fomento
ou de colaboração (OSC); convênio (entidade de apoio) com o Administração Pública.
O Tribunal de Contas da União é formado por 9 ministros, com sede no Distrito Federal,
segundo o artigo 73, da Constituição Federal. Seus Ministros do TCU são brasileiros nomeados,
desde que preencham os requisitos definidos no §1º: sejam brasileiros com mais de 35 anos e
menos 70 anos; Idoneidade moral; Reputação ilibada; Notório saber jurídico, contábeis,
econômicos e financeiros ou de administração pública; 10 anos de exercício em atividade que
exija esse conhecimento.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo,
no que couber, as atribuições previstas no art. 96. .
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que
satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 122, de 2022)
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois
alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,
indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e
merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal
de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as
de juiz de Tribunal Regional Federal.
O artigo 71, da Carta Magna refere que o controle externo, a cargo do Congresso
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete,
resumidamente:
I. Apreciar contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deve ser elaborado em 60 dias a contar do recebimento.
a. Perceba que o julgamento não é feito pelo TCU, pois quem julga é o Congresso
Nacional.
b. Seu parecer também não é vinculante.
II. Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores
públicos da:
• Administração direta e indireta
• Incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal,
• E as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público
OBSERVAÇÕES:
Segundo a súmula 347 do STF, o Tribunal de Contas pode apreciar a constitucionalidade das
leis e dos atos do poder público.
Segundo o artigo 14, da L. 13.848/2019 as Agências Reguladoras também sofrem controle
externo do Congresso Nacional com auxílio do Tribunal de Contas da União.
III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na:
• Administração direta e indireta
• Incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público
OBSERVAÇÕES:
Segundo o artigo 71, inciso III, da CF/88, nomeações para cargo de provimento em comissão
não serão objeto de apreciação pelo Tribunal de Contas!
OBSERVAÇÕES:
Tema 445 do STF (com repercussão geral): Em atenção aos princípios da segurança jurídica e
da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas.
V. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II:
• Administração direta e indireta
• Incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal,
• E as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público
VI. Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VII. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município;
VIII. Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;
IX. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;
OBSERVAÇÕES:
As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo, assim, podem ser executadas diretamente, sem a necessidade de ação de conhecimento.
X. Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
XI. Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
XII. Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara
dos Deputados e ao Senado Federal;
o § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
o § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não
efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
OBSERVAÇÕES:
Ato administrativo pode ser sustado pelo Tribunal de Contas (art. 71, X, CF);
Contrato administrativo deve ser sustado pelo Congresso Nacional em controle parlamentar
direto.
Visto o artigo 71, podemos concluir que a função do TCU é:
• Fiscalização financeira: incisos III, IV, V e VI.
• Consulta: inciso I
• Informação: incisos VII e XI
• “Julgamento” – que não é jurisdicional, apenas examina contas, nem aprecia a
responsabilidade do agente público: inciso II,
• Sancionatória, aplicando multa: inciso VIII
• Corretiva: incisos IX, X
• Ouvidor (Art. 74, §§1º e 2º)
De acordo com o artigo 74, §1º e §2º, da Constituição Federal, os responsáveis pelo
controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, darão
ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. Inclusive,
qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Cabe ao Tribunal de Contas da União sustar a execução do ato impugnado, se não
atendido, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Essa
atribuição também cabe ao Congresso Nacional, o artigo 49, inciso V, da CF que trata sobre a
competência do Congresso: “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.
Sobre o Tribunal de Contas, ainda, cumpre ressaltar o teor da Súmula vinculante 3: “Nos
processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa
quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão”.
O Mandado de Segurança deve ser impetrado contra a entidade pública (réu) onde
esteja lotado o agente público que praticou o ato lesivo. O agente público que praticou ou deixou
de praticar o ato é a chamada autoridade coatora e deve atuar como informante no processo,
não ostentando qualidade de sujeito passivo. Cuidado com a súmula 510 do STF: “Praticado o
ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de
segurança ou a medida judicial”.
O que é direito líquido e certo? Direito que tem comprovação imediata, prova pré-
constituída, pois não se admite produção de provas no decorrer do processo, ou seja, não cabe
dilação probatória. Cuidado, apesar de caber arrolamento de prova, é possível impetração de
MS no caso de controvérsia sobre matéria de direito (Súmula 625 do STF), desde que os
documentos sejam suficientes para comprovar o fato alegado.
Outras observações que se deve ter:
• O Mandado de Segurança tem prazo decadencial para impetração: 120 dias.
Ultrapassado esse prazo não pode ser usado a via mandamental, devendo optar por
outra ação cabível. Os 120 dias são contados da data do ato impugnado.
• Não cabe Mandado de Segurança para pleitear indenização de valores anteriores à
impetração (Súmula 269, do STF).
• Cabe MS de atos praticados pelas estatais na execução do interesse público, mas não
cabe MS se tais atos forem de gestão comercial (Súmula 333 do STJ);
• Não cabe MS se do ato cabe recurso administrativo ou judicial com efeito suspensivo,
nem de decisão transitada em julgada, segundo o artigo 5º, da Lei 12.016/09.
• Se o MS for impetrado contra autoridade coatora errada, em razão do próprio
desconhecimento da estrutura organizacional da Administração Pública o MS deve ser
admitido mesmo assim, chama-se teoria da encampação, mas para isso ocorrer
devem estar presentes três requisitos apresentados na Súmula 628, do STJ: A teoria
da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes,
cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a
autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b)
manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de
modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.
Constituição Federal:
Art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
Lei 9.507/1997:
Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação
sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código
de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a
primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão;
ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de
mais de quinze dias sem decisão.
Cuidado, os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais,
exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a
julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos
ao relator (art. 19).
ATENÇÃO!
OBSERVAÇÃO 1: Teoria concretista: Segundo o artigo 8º, da Lei 13.300/2016, o Poder
Judiciário não vai só notificar a autoridade para tomar providências, identificando a mora, vai dizer
como se dará o exercício desse direito.
OBSERVAÇÃO 2: A regra é que a decisão do MI terá eficácia é inter partes (art. 9º) –
eficácia subjetiva, ou seja, a decisão terá eficácia limitada às partes, contudo, segundo o §1º e §2º,
será possível que o judiciário estenda a eficácia para além das partes: eficácia ultra partes ou erga
omnes (art. 9, §1º).
OBSERVAÇÃO 3: Segundo o artigo 11, da Lei 13.300/2016, após a decisão, quando houver
a edição da norma faltante, esta produzirá efeitos ex-nunc em relação a benefícios, salvo se a
norma edita for mais favorável, neste caso poderá produzir efeitos ex-tunc, ou seja, retroativos.
Por fim, existem atividades econômicas sob monopólio da União, ou seja, que a União
possui privilégio para exercer. De acordo com o artigo 177, da Constituição Federal, constituem
monopólio:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos;
II - A refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores;
IV - O transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos
de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo
bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob
regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta
Constituição Federal.
A prática de um ato elencado acima sujeita o infrator a aplicação de uma sanção, ou como
o legislador preferiu chamar, a aplicação de pena. As penas que podem ser aplicadas estão
previstas a partir do artigo 37 da Lei nº 12.529/2011. Elas serão aplicadas levando em
consideração a gravidade da infração; a boa-fé do infrator; a vantagem auferida ou pretendida
pelo infrator; a consumação ou não da infração; o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre
concorrência, à economia nacional, aos consumidores, ou a terceiros; os efeitos econômicos
negativos produzidos no mercado; a situação econômica do infrator e a reincidência.
A sanção mais comum é a multa (sanção pecuniária), mas outras também estão previstas,
são as obrigações de fazer ou não fazer: como a publicação da condenação (em meia página
e a expensas do infrator, em jornal indicado na decisão), a proibição de contratar e participar
de licitação com entidades oficiais (por prazo não inferior a cinco anos), a cisão da sociedade,
transferência de controle acionário, a cessação parcial da atividade, a proibição de exercer
o comércio pelo prazo de cinco anos e inscrição no Cadastro Nacional de Defesa do
Consumidor.
O rol de penalidade previsto nos artigos 37 e 38 da Lei nº 12.529/2011 não é taxativo,
tanto é que no artigo 38, inciso VII o legislador deixou aberta a possibilidade de aplicação de
qualquer outro ato ou providência que seja necessário para eliminação dos efeitos nocivos à
ordem econômica.
Quando a penalidade for multa será inscrita em Dívida Ativa e cobrada por execução fiscal
pelo Cade, nos moldes da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal), admitindo-se a inclusão do
dever no CADIN (Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal).
Para compelir o infrator a cessar com a infração, o Tribunal Administrativo pode aplicar
multa diária afim de compelir a continuidade de atos ou situações que configurem infração da
ordem econômica, caso o infrator não siga as determinações, ainda que em medida preventiva
ou pelo termo de compromisso, será sujeitado a multa diária fixada em valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), podendo ser aumentada em até 50 (cinquenta) vezes, se assim recomendar a
situação econômica do infrator e a gravidade da infração (art. 39).
A decisão condenatória do Cade, seja ela cominando multa ou impondo obrigação de
fazer ou não fazer, constitui título executivo extrajudicial (art. 93). A decisão do Tribunal
Administrativo de Defesa Econômica tem caráter definitivo no âmbito administrativo, não
podendo ser revista pelo Poder Executivo por meio de recurso hierárquico impróprio, vedação
imposta pelo artigo 9º, §2º, da Lei 12.529/2011: “As decisões do Tribunal não comportam revisão
no âmbito do Poder Executivo, promovendo-se, de imediato, sua execução e comunicando-se,
em seguida, ao Ministério Público, para as demais medidas legais cabíveis no âmbito de suas
atribuições”.
27.7 Prescrição
A prescrição das ações punitivas ocorrerá em cinco anos, prazo contado da data da
prática do ato ilícito ou do dia em que tiver cessado o ato, se for o caso de infração permanente
ou continuada (art. 46). O prazo prescricional poderá ser interrompido caso haja a instauração
da apuração da infração, tanto no âmbito judicial, quanto administrativo, segundo o artigo 43 da
lei. E suspende o prazo prescricional enquanto houver a vigência do compromisso de cessação
ou acordo em controle de concentrações. Ainda, prescreve em 3 anos, se pendente de
julgamento ou despacho e o procedimento administrativo fica paralisado, é a chamada
prescrição intercorrente. Contudo, se a ação corresponder a crime, se aplica o prazo
prescricional da lei penal (art. 46) e não da Lei 12.529/2011.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo:
Malheiros, 2009.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas-Gen, 2021.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro:
Forense, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro:
Forense, 2022.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 15. ed. São Paulo: Malheiros,
1998, p. 645-651.