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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO TOCOÍSTA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


COORDENAÇÃO DE DIREITO

PRINCÍPIO DA REFORMATIO IN PEJUS E


SUAS CONSEQUÊNCIAS NO PROCESSO PENAL

LUANDA, JANEIRO 2023


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO TOCOÍSTA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
COORDENAÇÃO DE DIREITO

PRINCÍPIO DA REFORMATIO IN PEJUS E


SUAS CONSEQUÊNCIAS NO PROCESSO PENAL

LUANDA, JANEIRO 2023


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RELAÇÃO NOMINAL DOS INTEGRANTES DO IIIº GRUPO
DIREITO 4ºANO

NOME Nº DE ESTUDANTE
Elizeth Pinto dos Santos Mualenge 190422
Herculano Ramos Tavares 191719
Edna Bel

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Identificação do Problema

Quanto a este ponto, a principal questão a ser explicada, se refere ao princípio da reformatio
in pejus e suas consequências no Processo Penal.

Formulação do Problema
Após identificação do problema formulamos a seguinte pergunta de partida: A existência do
princípio da proibição da reformatio in pejus no ordenamento jurídico angolano será mesmo
necessária para garantir direitos fundamentais do Arguido?

Hipóteses
Hipóteses são possíveis soluções apresentadas para responder a questão do problema
levantado. Nesta perspectiva formulamos as seguintes como se segue abaixo:
- este princípio não pode ser afirmado como um princípio geral de processo penal, mas sim
como um princípio de recursos em processo penal;
- o princípio que proíbe a reformatio in pejus protege o arguido do risco de uma decisão
mais grave do tribunal superior.

Objectivos geral
- Investigar e conhecer o princípio da reformatio in pejus e suas consequências no Processo
Penal.
Objectivos Específicos
- Conhecer e compreender o estudo atinente ao princípio da proibição da reformatio in pejus
e suas consequências no Processo Penal;
- Abordagem clara das circunstâncias em que é permitida o princípio da reformatio in pejus;
- Explicar a importância da existência do princípio da proibição da reformatio in pejus.

Justificativa
A elaboração deste trabalho tem como pano de fundo aquisição da nota inerente a segunda
prova parcelar, sem prescindir o desenvolvimento do sentido de busca o estado de posse de mais
conhecimentos no que o estudo destebprincípio diz respeito. Outrossim, teve sua inspiração na
verdade da necessidade da partilha, destes mesmos conhecimentos apreendidos em sede da
investigação levado acabo, para com aos demais Colegas do Ensino Superior bem como aos demais
cidadãos que estejam interessados nesta trabalho de pesquisa.

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SUMÁRIO

Identificação de problema…………….………………………………………………………..…….2
Problemáticas.......................................................................................................................................2
Hipóteses..............................................................................................................................................2
Objectivos….........................................................................................................................................3
Justificativa...........................................................................................................................................3
Índice……………………………..…….………………………………………………….…………4
Introdução.............................................................................................................................................5

CAPÍTULO I – HISTÓRIA UNIVERSAL DOS TRIBUTOS


1.1. Noção. Espécies De Recurso……………………………………………………………….……6
1.2. Decisões De Que Se Pode Recorrer ………………………………………….…………………6
1.3. Decisões Irrecorríveis……………………………………………………...……..…………..….6
1.4. Legitimidade Para Recorrer…………………………………...………...…………………...…..6
1.5. Prazos De Interposição De Recurso……………………………………..………………...…….6
1.6. Efeito Do Recurso…………………………………………………………..…………..……….7

CAPÍTULO II – PROIBIÇÃO DA «REFORMATIO IN PEJUS» (EXCEÇÃO)


2.1. A Reformatio In Pejus Na História………………………………………………………………6
2.2. Poderes De Decisão De Tribunal Superior (Regra Geral)………………….……………………6
2.3. O Princípio Da Proibição Da Reformatio In Pejus……………….…………………………..….6
2.4. A Alteração Da Qualificação Jurídica……………………...………………………………...…..6
Conclusão……………………...……………………..……………….…………………………..….6
Referências Bibliográficas………….……...…………………...………………………………...…..6

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INTRODUÇÃO

No presente trabalho, o grupo vai abordar de forma telegráfica a respeito dos Recursos e
recurso comum ordinário; por outro lado, vamos desenvolver o tema atinente ao “Princípio da
proibição da reformatio in pejus e suas consequências no Processo Penal com o objectivo de
compreender melhor o seu papel no ordenamento jurídico angolano. Reformatio in pejus, do latim
reformatio, “mudar” e pejus “pior”, é um termo usado no âmbito jurídico para fazer referência à
situação em que uma decisão de um tribunal é alterada para uma decisão pior do que a anterior.
No entanto, antes de aprofundar o problema em concreto, vejamos o que se entende por
reformatio in pejus e por proibição da reformatio in pejus: A reformatio in pejus consiste na
possibilidade de agravamento da situação jurídica do arguido (ou sancionado) em face de recurso
interposto exclusivamente pela defesa, ou pelo Ministério Público, no exclusivo interesse daquela,
permitindo assim ao tribunal de recurso ampliar a medida da sanção, agravando a situação do
arguido, ainda que nada de novo ou adicional tivesse vindo ao seu conhecimento.
Ora, por oposto, o princípio da proibição da reformatio in pejus consiste na proibição de,
em sede de recurso apresentado pelo arguido ou pelo Ministério Público, no exclusivo interesse do
arguido, o tribunal agravar, em espécie ou medida, a sanção de que se recorre (vide artigo: 473.º do
Código de Processo Penal).
Esta proibição vigora no seio do Processo Penal como mecanismo de proteção dos direitos
de defesa do arguido, previstos na Constituição da República de Angola, nomeadamente na
modalidade de acesso à justiça e tutela jurisdicional efectiva (artigo: 29.º da CRA). Esta proibição
determina que, havendo possibilidade de recurso, o arguido não deixe de o usar com receio de que
lhe seja aplicada sanção mais gravosa do que a já imposta pelo tribunal a quo. De facto, se não
existisse este princípio da proibição da reformatio in pejus, poderia o arguido conformar-se com a
sanção que lhe fosse atribuída, mesmo que a achasse injusta, por receio de, ao recorrer para a
instância superior, lhe ser agravada a sanção. Isto poderia consubstanciar sanções injustas que não
se coadunam com os Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos, principalmente quando estamos
perante um direito de última ratio.

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CAPÍTULO I – OS RECURSOS

1.1. NOÇÃO. ESPÉCIES DE RECURSO

O recurso é o mecanismo processual mediante o qual uma decisão proferida por um tribunal
(tribunal «a quo») é reexaminada e reapreciada por outro tribunal funcionalmente superior (tribunal
«ad quem»); ou ainda, O recurso é um meio de impugnação de decisão judicial, que tem por
finalidade a eliminação dos defeitos da decisão injusta ou inválida ainda não transitada em julgado,
submetendo-a a uma nova apreciação por outro órgão jurisdicional hierarquicamente superior, ou a
correcção de uma decisão já transitada em julgado.
O recurso, interposto, admitido e processado, prolonga (prorroga) a relação processual e do
início aquilo a que se chama vulgarmente «instancia de recurso».
Em Angola. O tribunal de recurso, o tribunal para o qual se recorre é, no foro comum, tribunal de
relação e o tribunal supremo.
Os recursos em processo penal são recurso penal comum ordinário e os recursos
extraordinários.
Recurso Ordinário são utilizados para decisões que ainda não transitaram em julgado
sendo que o seu objetivo é a renovação da discussão e nova decisão, e são por isso também
chamados de recursos de renovação, é apenas, por conseguinte, o recurso penal comum, regulado
pelos art. 459º e ss do Cód. Processo penal.
Recursos Extraordinários são utilizados para decisões que já transitaram em julgado, tendo
como objetivo a correção de um erro cometido; são o recurso para o plenário do tribunal supremo
para efeito de uniformização de jurisprudência, o recurso de revisão e o recurso de cassação.

1.2. DECISÕES DE QUE SE PODE RECORRER

Em princípio, pode recorrer-se quer das sentenças e acórdãos quer dos despachos de
quaisquer tribunais ou juízes, que não forem exceptuados por lei, art:460º do Código do Processo
Penal. Para que se possa recorrer é necessário, porém, e não tenha havido renuncia expressa ou
tácita ao recurso.
Não sendo o caso de recurso obrigatória, só poderá interpor-se recurso da sentença, quando
os representantes da acusação ou da defesa declararem que não prescindem dele. E terão de fazer
essa declaração antes de se proceder ao interrogatório do arguido. Se não fizerem essa declaração (o
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requerimento para que os depoimentos sejam escritos equivale a essa declaração) é como se
renunciassem (renúncia tácita) ao recurso, seguindo o processo a forma oral, nos termos do artº.
460.º C.P.Penal.
Mas, havendo vários representantes da acusação (pública e particular) ou vários arguidos, a
declaração de um só de que não prescinde de recurso da a todos os outros o direito de recorrer.
Nos processos de transgressões só a recurso da sentença final ou do despacho que, não tendo
recebido a acusação não designar dia para julgamento, desde que no primeiro caso se tenha feito,
claro está, a declaração de que não se prescinde de recurso ou tenham sido requeridos depoimentos
escritos.
Das outras decisões poderá, no entanto, reclamar-se no prazo de 8 dias, mas só se conhecerá
a reclamação quando se conhecer do recurso interposto da decisão final (se for interposto recurso da
decisão final.) Caso contrário ficaram sem efeito as reclamações, nos termos do artº. 467.º e 468.º
ambos do C.P.Penal.

1.3. DECISÕES IRRECORRÍVEIS

Não há recurso (artº. 461.º C.P.P.):


a) Dos despachos de mero expediente;
b) Das decisões de polícia de audiência;
c) Das decisões que ordem actos discricionários;
d) Dos despachos que designar dia para audiência em instrução contraditória ou dia para o
julgamento;
e) Nos demais casos prescritos na lei.

1.4. LEGITIMIDADE PARA RECORRER

Podem interpor recurso ou recorrer, nos termos do artº. 463.º C.P.P:


a) Ministério Público de quaisquer decisões ainda que o recurso seja interposto no exclusivo
interesse do arguido;
b) O arguido, o assistente e a parte civil das decisões contra eles proferidos;
c) Os participantes processuais a quem seja imposta uma sanção ou que sejam condenados a
pagar qualquer importância e, em geral, as pessoas lesadas nos seus direitos por decisões
judicias proferidas no processo.

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Ainda, nos termos do nº 2 do artigo supracitado, o Ministério Público, poderá ser mesmo obrigado a
recorrer das decisões dos tribunais de primeira instância ou de outros tribunais actuando como tal,
nos casos dos artigos 40.º, nº2, e 513.º, nº1.
Portanto, no seu nº3, não pode interpor recurso quem não tiver interesse de agir.

1.5. PRAZOS DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO

O prazo de interposição de recurso é de vinte dias e conta-se da data em que o interessado dever
considerar-se notificado da decisão objecto do recurso, art: 475º n:3 do CPP;
Constitui excepção o recurso da sentença final no processo sumário, que terá de interpor-se em
seguida à sua leitura, art: 435º CPP;
O recurso, poderão ser interpostos por requerimento escrito dirigido ao tribunal que tomou a
decisão que o recorrente quer impugnar (artº 475º nº 1 do C.P. Penal) ou pode ser interposto
oralmente (simples declaração na acta) – artº 475º n: 2 do C.P. Penal:
a) A decisão é proferida em audiência;
b) Se tratar de decisão oral consignada em acta.
Nos termos do nº4 do artigo supracitado, se a decisão proferida oralmente e consignada em acta,
o prazo conta-se da data em que foi proferida, se o interessado estiver presente ou como tal deve ser
considerado.
Já no seu nº5 estabelece que o requerimento de interposição é obrigatoriamente fundamentado ou
motivado, mas, se o recurso tiver sido interposto por declaração oral, as alegações com a
fundamentação ou motivação podem ser apresentadas no prazo de vinte dias a contar data em que
foi proferida a decisão.

1.6. EFEITO DO RECURSO

O recurso poderá ter efeito suspensivo ou efeito meramente devolutivo.


No primeiro caso, a interposição do recurso suspende ou a decisão recorrida ou o andamento
do processo.
No segundo caso, não se suspende nem uma coisa. Apenas se devolve ao tribunal superior o
poder de reapreciar a decisão que é objecto de recurso.
Têm efeito suspensivo do próprio andamento do processo, os recursos interpostos no artº
471º CPP, nº 1 suspendem o processo:
a) Os recursos interpostos das decisões finais condenatórias, sem prejuízos dos dispostos
do presente código que regulam a extinção da medida de coação pessoal;
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b) Os recursos de despachos de pronúncia, nos termos do nº 1 do artº 354º.
Nº 2 suspendem apenas os efeitos da decisão recorrida:
a) Os recursos interpostos das decisões que condenarem alguém ao pagamento de
quaisquer quantias, nos termos do presente código, sempre que o recorrente proceder ao
depósito do respectivo valor;
b) Os recursos do despacho que julgar quebrada a calção;
c) Os recursos do despacho que ordenar a execução da prisão em caso de não cumprimento
de pena não privativa de liberdade que a tiver substituído;
d) Os recursos do despacho que considerar sem efeito por falta de pagamento da taxa de
justiça, o recurso da decisão final condenatória.
Nº 3os recursos previstos no nº 2 do artigo anterior suspendem o processo ou apenas a
decisão recorrida conforme, respectivamente, deles depender, ou não, a validade ou a
eficácia dos actos subsequentes.
Por outro lado, o recurso com efeito meramente devolutivo está consagrado nos termos do artigo
472º do CPP, que estabelece que os recursos não compreendido no artigo anterior têm efeito
meramente devolutivo, podendo a decisão recorrida ser imediatamente executada.

CAPÍTULO II – PROIBIÇÃO DA «REFORMATIO IN PEJUS» (EXCEÇÃO)

2.1. A REFORMATIO IN PEJUS NA HISTÓRIA

É a expressão usada no meio jurídico para referir a situação em que um tribunal de recurso
altera para pior a decisão tomada anteriormente pelo tribunal a quo. Por consequência, a proibição
de reformatio in pejus define a situação em que o tribunal superior não pode modificar a pena
fixada pelo tribunal recorrido em prejuízo do réu.
Mas esta proibição, apesar de atualmente ser maioritariamente consentânea, nem sempre o
foi. A proibição da figura começou a ser discutida no séc. XVIII, onde se defendia que o arguido ao
ser sentenciado a primeira vez, adquiria o direito de não lhe poder ser proferida sentença mais
gravosa do que aquela por um tribunal superior. Em Angola, a reformatio in pejus surgiu com a
publicação do Código de Processo Penal de 1929.

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2.2. PODERES DE DECISÃO DE TRIBUNAL SUPERIOR (REGRA GERAL)

O tribunal superior reaprecia a causa, tanto no que se refere aos factos como à aplicação a
eles o direito constituído, isto é, da lei em vigor. E não apenas em relação ao arguido que recorreu
ou em consideração de quem o recurso foi interposto.

Respondendo diversos arguidos e sendo interposto recurso da decisão final, ainda que só
relativamente a alguns deles, o tribunal de recurso conhecerá da causa em relação a todos, ou seja,
no caso de haverem vários arguidos e só um interpor recurso para o tribunal superior, abrange
também àqueles que, embora não tenham recorrido, se encontram na mesma posição daquele que
recorreu. O mesmo acontece, naturalmente, quando é o Ministério Público a recorrer no interesse
dos arguidos. Mesmo que recorra apenas no interesse de um, aplicar-se-á a todos, art.º 464º C.P.P.

Entende-se, todavia, que só será assim, se entre os crimes cometidos pelos diversos arguidos
houver dependência ou conexão. Se os crimes imputados a cada um dos arguidos forem
independentes ou estranhos entre si, se entre eles não existir nenhum tipo de ligação material, o
tribunal de recurso não tem que conhecer a não ser dos crimes cometido pelo arguido recorrente ou
recorrido e dos crimes dos outros arguidos sejam conexos com aquele que é objecto de recurso.
Relembra-se que a conexão a que se faz referência é a conexão objectiva prevista nos
art.º20.º e ss do C.P.Penal. A razão do art.º 464.º é a mesma desses preceitos: evitar julgados
contraditórios.

Se A e B forem condenados, o primeiro pela pratica de um crime de furto e o segundo como


encobridor do mesmo furto, havendo recurso em relação a A, o tribunal «ad quem» reapreciará a
sentença em relação aos dois.
Mas se B tiver sido julgado não só como encobridor do crime de furto, mais ainda por outro
crime, por exemplo, falsificação (por força do art.º19.º C.P.Penal – conexão subjectiva), que nada
tem a ver com o de furto, não poderá o tribunal de recurso reapreciar a sentença no que toca a este
último crime, se essa parte não tiver sido objecto de recurso.

O tribunal superior tanto pode entender que se provam factos diferentes dos dados como
provado pelo tribunal recorrido (tribunal «a quo») ou que não se provam factos considerados por ele

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como certos, como decidir que os factos não constituem crimes que o direito de punir ou a
responsabilidade do arguido se extinguiu ou que a pena não corresponde a culpa.

O tribunal de recurso ou o tribunal «ad quem», em Angola, o tribunal da relação e supremo,


procede a uma ampla reapreciação da causa, conclusão que decorre não só da finalidade do recurso,
da sua natureza razão de ser, como dos poderes atribuídos por lei ao tribunal superior de recurso.
Portanto, o tribunal de recurso conhecerá de facto e de direito e poderá confirmar, revogar, alterar
ou anular, conforme entender ser o caso, a decisão são objecto de recurso.

Todavia, essa faculdade ampla de reapreciação não é absoluta. Admite as excepções e sofre
os limites impostos pela «proibição da reformatio in pejus», consagrada pelo art.º 473.º do
C.P.Penal.

2.3. O PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS

Quando o recurso for interposto no exclusivo interesse da defesa, quer o interponha o


arguido (hipótese mais frequente), o Ministério Público (no exclusivo interesse do arguido) ou
ambos, isto é, o arguido e, ao mesmo tempo, o Ministério Público (no exclusivo interesse do
arguido ou da defesa), o tribunal superior não poderá, em princípio, agravar a pena.
Entretanto, sentença não pode ser modificada em prejuízo do arguido, na classe e extensão
das suas consequências jurídicas, quando somente tenha recorrido o arguido, o seu representante
legal ou o Ministério Público no seu interesse. Com isto pretende lograr-se que ninguém se abstém
de interpor recurso por receio de ser punido de modo mais severo na instância seguinte.
O que acontece é que o princípio que proíbe a reformatio in pejus protege o arguido do risco
de uma decisão mais grave do tribunal superior. Caso contrário, o direito ao recurso, apesar de ser
um direito, envolveria sempre um risco inevitável, pois estar-se-ia sempre a recorrer na incerteza, o
que acabaria por constranger e, de certo modo, restringir o uso do direito ao recurso, que é um
direito fundamental do arguido.
A proibição de reformatio in pejus apresenta-se perante nós, como uma medida protetora do
recurso em favor do arguido, em que o objetivo é garantir que a este não será aplicada uma sanção
mais gravosa, quando é ele o recorrente ou o Ministério Público no interesse dele. É uma limitação
imposta ao tribunal de recurso quando este determina a sanção a aplicar ao arguido, por estar
impedido de a agravar.
E, de acordo com o nº 1 do art.º 463.º, agravar a pena é o mesmo que:

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a) Aplicar a pena ou medida de segurança que possa considerar-se mais grave do que aquela
que foi aplicada pela decisão recorrida;
b) Revogar o benefício da suspenção da execução da pena ou o da sua substituição por outra
menos grave;
c) Aplicar qualquer pena acessória não aplicada na decisão recorrida;
d) Modificar, de qualquer outro modo, a pena ou a medida de segurança aplicadas em prejuízo
do ou dos arguidos.
O tribunal superior pode, por conseguinte, atenuar a pena, mas não agravá-la quando o
recurso for interposto no interesse do arguido.

Então, será que devemos entender o princípio de proibição de reformatio in pejus como um
princípio geral de processo penal? Ou será que deve ser “apenas" entendido como um princípio de
recursos? No nosso entendimento não. Isto porque, a questão só se coloca a partir do momento em
que há interposição de recurso. Ou seja, para que a proibição nasça e para que atue, está sempre
dependente da interposição de recurso. Para que se aplique a proibição é obrigatório que tenha
havido recurso, pelo que o princípio não funciona fora das situações de recurso. E, por isso mesmo,
não pode ser afirmado como um princípio geral de processo penal, mas sim como um princípio de
recursos em processo penal.

2.4. A ALTERAÇÃO DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA

Não obstante a regra geral prever de que, o princípio da proibição da reformatio in pejus
estabelecer que quando o arguido, ou o Ministério Público no interesse daquele, recorrem para um
tribunal superior, este tribunal não poderá modificar, em prejuízo do arguido, a pena imposta pelo
tribunal recorrido.
Entretanto, a «reformatio in pejus» (faculdade de o tribunal de recurso reformar a sentença
em prejuízo do arguido) ainda será possível, apesar de o recurso ser interposto no exclusivo
interesse da defesa ou quando for o Ministério Público a recorrer sem ser no interesse do arguido,
ou quando for o assistente a recorrer, situações em que não se aplicará, naturalmente, a proibição,
em dois casos (que constituem verdadeiras excepções à excepção e reconduzem esta à regra geral):
1.º - A proibição estabelecida neste artigo não se aplica quando o tribunal superior qualificar
diversamente os factos, quer a qualificação diga respeito à incriminação quer às
circunstancias modificativas da pena.

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2.º - Na hipótese prevista no número anterior, o tribunal deve, antes de decidir, notificar o
arguido, o Ministério Público e o assistente para, no prazo de 8 dias, se pronunciarem,
querendo sobre a questão da nova qualificação jurídica suscitada no recurso.

A alteração da qualificação diversamente os factos consiste na situação em que, embora não


se alterem os factos, ou seja, não se acrescentem factos novos, se imputa um crime diverso daquele
que vinha acusado, pronunciado ou sentenciado o arguido. O que acontece é uma alteração da
qualificação dos factos em relação à acusação, à pronuncia ou à decisão da 1.ª instância.
O tribunal superior poderia em recurso alterar oficiosamente a qualificação jurídico-penal
que havia sido feita pelo tribunal recorrido, mesmo que para um crime mais grave, sem prejuízo,
porém, da proibição de reformatio in pejus.
O instituto da proibição da «reformatio in pejus» tem como objetivo fundamental realizar a
justiça material e tornar mais efectivo o direito de defesa, gravemente comprometido pelo natural
temor do arguido de, ao recorrer de uma sentença que considera injusta para o tribunal superior, ver
por este agravada ainda a pena e, consequentemente, aumentada a injustiça.

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CONCLUSÃO

Depois de exaustivas pesquisas, chegamos ao epílogo de que, o princípio que proíbe a


reformatio in pejus assume no nosso direito processual penal extrema relevância. E, embora isto
seja maioritariamente consentâneo, é um tema que deixa pontas soltas, o que faz com que hajam
questões em aberto.
Vimos as várias situações a que se aplica a proibição, mas houve uma questão em específico
que chamou a nossa atenção e, por isso, decidimos dedicar-nos a ela. Falamos da situação em que o
tribunal superior altera a qualificação jurídica do crime. Questionamos se o tribunal, ao proceder a
essa alteração, estando em causa um crime que exige a aplicação de uma pena mais grave, pode
proceder a essa agravação ou se, pelo contrário, fica restringido pelo princípio que proíbe a
reformatio in pejus.
É verdade que se trata de uma situação muito específica em que se deve ter especial atenção,
afinal não estamos apenas a olhar para um caso em que o crime em causa é o mesmo e que o
tribunal está restringido de agravar a pena. Estamos perante algo mais complexo.
O arguido, ou o Ministério Público no interesse daquele, interpõe recurso e o tribunal
superior chega à conclusão de que está em causa um crime mais grave. Pode aplicar a pena que esse
crime exige ou terá de se sujeitar à pena estabelecida pelo tribunal de primeira instância, embora
estando em causa um crime diferente? O artigo 473.º n: 2 do CPP, estabelece que o tribunal de
recurso pode alterar a qualificação dos factos do crime, devendo ser comunicada ao arguido para
que ele se possa pronunciar sobre ela, porém não é feita qualquer referência à reformatio in pejus,
bem como o artigo que dispõe sobre a sua proibição.
Permitir o agravamento da pena pelo tribunal superior faria com que o arguido passaria a ter
medo de interpor recurso, por existir a possibilidade de ver a sua pena a ser agravada.
Só fará então sentido que, havendo alteração da qualificação dos factos para um crime mais
grave, deverá sempre ser respeitado o princípio que proíbe a reformatio in pejus, ou seja, nunca
pode o tribunal superior julgar para além daquilo que lhe foi pedido, acabando por exceder a
medida da pena encontrada na decisão recorrida e que funcionará como limite da pena.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Referência: tributojusto.com.br/origem-dos-tributos;
 Referência: www.centraldenoticiasrms.com;
 Paulo de Oliveira Chaves Filho, Artigo, Tributação na Antiguidade, 2015;
 J.L. Saldanha Sanches e João Taborxa da Gama, Conceito de tributo do manual de direito
fiscal angolano; e
 Quintino, Gaspar Nongava, Lições de Fiscalidade, AAFDL EDITORA Lisboa 2020, pág:29
e 30.

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