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Introdução
Se você ainda está na faculdade, já é advogado ou tem interesse em trabalhar com no
Mercado de Trânsito, pode ter certeza que este curso, bem como esse material será
muito útil para você, afinal, quantos especialistas você conhece trabalhando nesta área?
O objetivo do meu curso é capacitar o profissional para atuar com excelência na defesa
de motoristas e proprietários de veículos, dominando a prática do Processo
Administrativo de Trânsito, que também serve para as estratégias, teses de defesa das
ações judiciais.
Eu quero que você entenda efetivamente como defender o motorista, afinal de contas,
existem muitos profissionais desqualificados e desonestos trabalhando com
"modelinhos" de internet.
Para atuar com no Mercado de Trânsito, o profissional deve estar preparado para trazer
um resultado satisfatório ao motorista e/ou ao proprietário de veículo automotor. Eu
digo resultado satisfatório, para que você tenha em mente que você DEVE fazer o que
estiver ao seu alcance para ajudar o seu cliente, já que não podemos, em hipótese
alguma, prometer o êxito, já que nossa atividade é de meio e não de fim. Estude e
aprenda. Com responsabilidade ética o resultado vem.
E porque eu ensino a “iniciar a atuação”? Por que ao longo do tempo, você vai sentir
necessidade de se aprofundar cada vez mais e buscar mais conteúdo de qualidade para
defender os seus clientes.
O Direito de Trânsito é complexo e uma defesa mal feita pode prejudicar muito o
motorista que não é defendido da maneira correta.
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Para trabalhar com no Mercado de Trânsito é preciso que você conheça o Código de
Trânsito Brasileiro, as Resoluções do CONTRAN, uma Portaria da SENATRAN, o Manual
Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, legislação complementar e ter noções de Direito
Administrativo e Constitucional.
Mas fique calmo(a)! Mesmo que você não seja formado em direito, eu vou ensinar tudo
que você precisa para poder defender o motorista da melhor forma possível.
Imagine um caminhoneiro que tem o direito de dirigir suspenso, ele pode perder o
emprego e não ter mais como sustentar sua família! Então, é preciso que ele seja
defendido da maneira correta, seguindo os trâmites do processo administrativo e
sempre com base na legislação. Viu como é sério?!
Então eu estou aqui para te ajudar a ajudar esse motorista e, claro, sendo muito bem
remunerado para isso.
Espero que vocês gostem do estudo, pois o que eu tentei fazer foi unir a teoria e prática,
para que a absorção do conteúdo seja melhor para todos.
Bem vindos ao Mercado de Trânsito! Bora faturar muito?! Vem comigo, que estamos
juntos nessa.
Pense em alguém que comete um crime. Essa pessoa não será imediatamente
sentenciada após cometer o crime.
Ela terá que passar por um processo, que vai analisar o fato, sua versão dos fatos, as
provas, para depois, ao final, ser proferida uma decisão que condenará ou absolverá
essa pessoa.
E, assim sendo, aquele que está prestes a ser punido, mesmo que administrativamente,
também tem direito de se defender.
Em outras palavras, trazendo essa conceituação para nossa realidade, o motorista que
foi autuado ou que já está recebendo uma penalidade, tem o direito de ter ciência da
infração/penalidade que ele, supostamente, cometeu e, então, ter a oportunidade de
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apresentar suas justificativas, ou seja, contradizer o que foi a ele imputado. É o direito
de resposta.
Isso garante que seja dado um tratamento isonômico (igual) em relação ao acusador,
que nesse caso é o Estado, através dos órgãos de trânsito municipais, estaduais e
federais e entre aquele que está sendo acusado, ou seja, o seu cliente.
Vou falar rapidamente cada um deles, mas não precisam se apegar muito a eles, é mais
para que vocês tenham conhecimento.
O da moralidade implica dizer que a administração deve praticar atos morais, éticos,
honestos e condizentes com o interesse público.
Por fim, o princípio da eficiência prega que a atuação da administração pública deve
visar a rapidez. Veda o descaso, a omissão e a negligência por parte dos agentes.
Eu quis dar uma pequena pincelada nesses princípios, pois é importante que você os
conheça, porém, no direito de trânsito usamos com mais frequência os princípios da
legalidade, do contraditório e da ampla defesa.
Para esses, vale a pena dedicar um tempo a uma boa leitura doutrinária específica, se
você tiver interesse.
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Além desses princípios, no direito de trânsito é muito comum usarmos o princípio da
motivação. Por ele, a administração fica obrigada a justificar seus atos, apresentando as
razões que a fizeram decidir daquela maneira, levando ao conhecimento dos
administrados (nós) as razões de direito que a levaram a proceder/agir/decidir daquele
modo.
Conforme a leitura deste material for seguindo, você vai entender a necessidade de
compreender esses princípios. Mas não se preocupe, estou aqui para te ajudar!
Então, conhecendo esses princípios e sabendo quando eles devem ser aplicados e não
o foram, mesmo sem entrar no mérito de um processo administrativo (multa ou
processo administrativo de suspensão/cassação da CNH) podemos anular o ato
administrativo.
Como dito, para aplicação de qualquer penalidade, é necessário que o acusado tenha
ciência formal do que lhe está sendo imputado, ou seja, é necessário que ele receba
uma notificação para, a partir de então, exercer o direito constitucional de se defender.
Se o motorista te procura e diz que está com uma penalidade de suspensão do direito
de dirigir, mas que nunca foi notificado, temos um ato NULO, ou seja, depois de
averiguar se o que o cliente disse é verdade – vamos falar sobre isso depois – você pode
alegar em sua defesa, nulidade do ato administrativo por violação aos princípios do
contraditório e da ampla defesa, já que não foi dado a ele a oportunidade de se
defender.
Trabalhando com o direito de trânsito, pude perceber que nem sempre que o que o
cliente fala é a verdade. Na realidade ele fala o que é mais conveniente para ele.
Pode ser que o cliente tenha mudado de endereço e não o tenha atualizado nos
cadastros do DETRAN, pode ser que o correio tenha entregado no lugar errado e por
isso, ele não tenha sido notificado, enfim. Muita coisa pode acontecer.
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Se você não estiver seguro que realmente não houve expedição/postagem de
notificação, sua tese da nulidade por ausência de notificação pode cair por terra, pois,
como dito, é preciso que você tenha PROVAS do que vai alegar. Mas fique tranquilo,
teremos um capítulo próprio para falar sobre as notificações.
Isso porque, ouvindo somente o acusador, qual seja, o órgão de trânsito autuador,
estaria a administração pública ferindo, além daqueles, ao Princípio da Isonomia.
É importante você saber que a defesa técnica, pode ser elaborada por profissional
legalmente habilitado com capacidade postulatória, no caso, os advogados.
Nas suas ações de marketing estratégico, é importante que você deixe claro para os
prospects (que são possíveis clientes) que para que a defesa do motorista infrator seja
feita com excelência e as chances de êxito aumentem é necessário que a defesa seja
feita por um “especialista”, um profissional “qualificado”, “especializado”.
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Ato Administrativo
Isso quer dizer que, ato administrativo, no direito de trânsito, é o instrumento que
exterioriza a manifestação de vontade da administração pública através dos agentes,
autoridades, entidades e órgãos de trânsito.
Então, para que o ato administrativo seja válido, ele precisa ter um agente capaz, objeto
lícito, forma prescrita ou não defesa em lei, finalidade e motivo. Por isso os requisitos
do ato administrativo são: competência, objeto, forma, finalidade e motivo.
E por que eu estou falando tudo isso pra vocês? Porque se no caso da competência, por
exemplo, o agente não for legitimado, ou seja, se ele não tiver competência para praticar
aquele ato, este será inválido, portanto, passível de anulação.
Vamos falar rapidamente de cada um desses requisitos, para que você se familiarize com
eles e saiba quando alegar vício nos requisitos do ato administrativo.
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Requisitos do Ato Administrativo:
Assim, competência é ter o agente público competência para a prática de um dado ato
administrativo, que a lei atribuiu.
Competência pode ser definida, então, como a possibilidade ou o dever legal de agir,
atribuído a um dado agente público, para fins de atender à finalidade prevista na lei.
Como somente a lei pode atribuir competências, trata-se de elemento sempre vinculado
dos atos administrativos. Significa dizer: jamais pode haver discricionariedade em
relação ao elemento competência.
Vale anotar que a competência das Polícias Militares para executar a fiscalização do
trânsito decorre de convênio firmado, com agente do órgão ou entidade executivos de
trânsito ou executivos rodoviários, conforme o art. 23, III1 do CTB.
Em outras palavras, a Polícia Militar não pode autuar infrações de trânsito se não houver
convênio firmado com o órgão ou entidade competente, sob pena de nulidade da
autuação.
b) Finalidade
Além disso, a finalidade sempre é aquela explicitamente imposta na lei. A própria leitura
do preceito legal em que se fundamentou o ato evidencia o que se objetiva com a prática
do ato.
Vício de Finalidade: desvio de finalidade (ou desvio de poder) = o agente público até age
dentro de suas competências, mas pratica o ato visando a um fim diverso daquele
previsto em lei.
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III - executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou
entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes
credenciados;
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O desvio de finalidade jamais admite convalidação. Atos que incidam nesse vício serão
nulos, insuscetíveis de convalidação.
c) Forma
No caso do auto de infração, este DEVE obedecer ao que está previsto no artigo 280 do
Código de Trânsito Brasileiro e no artigo 3° da Resolução 918/22 do CONTRAN, vejam:
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II - por registro em talão eletrônico isolado ou acoplado a equipamento de detecção
de infração regulamentado pelo CONTRAN, atendido o procedimento definido pelo
órgão máximo executivo de trânsito da União; ou
III - por registro em sistema eletrônico de processamento de dados, quando a
infração for comprovada por equipamento de detecção provido de registrador de
imagem, regulamentado pelo CONTRAN.
§ 2º O órgão autuador, sempre que possível, deverá imprimir o AIT lavrado nas
formas previstas nos incisos II e III do § 1º para início do processo administrativo
previsto no Capítulo XVIII do CTB, sendo dispensada a assinatura da autoridade ou
de seu agente.
§ 3º O registro da infração, referido no inciso III do § 1º será referendado por
autoridade de trânsito, ou seu agente, que será identificado no AIT.
§ 4º Sempre que possível, o condutor será identificado no momento da lavratura do
AIT.
§ 5º O AIT valerá como NA quando for assinado pelo condutor e este for o
proprietário do veículo ou o principal condutor previamente identificado, desde que
conste a data do término do prazo para a apresentação da defesa da autuação, nos
termos do art. 281-A do CTB.
§ 6º O talão eletrônico previsto no inciso II do § 1º constitui-se de sistema
informatizado (software) instalado em equipamentos preparados para esse fim ou
no próprio sistema de registro de infrações do órgão autuador, na forma
disciplinada pelo órgão máximo executivo de trânsito da União.
São nesses artigos que você deve se basear quando tiver em mãos um auto de infração.
Se seguir essa “receita” ok, o ato administrativo é válido, caso contrário será passível de
anulação.
d) Motivo
São as razões de fato e de direito que impõem ou ao menos autorizam a prática do ato
administrativo. É a causa imediata do ato, fato gerador.
e) Objeto
O objeto constitui aquilo que se pode traduzir no conteúdo/matéria do ato. Por meio
dele, a administração manifesta a sua vontade ou trata sobre situações preexistentes.
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Consiste, em outras linhas, na alteração que esse elemento causa no universo jurídico,
que é imediato.
O Código de Trânsito Brasileiro prevê em seu art. 65 que é obrigatório o uso do cinto de
segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional.
Assim, se “A” dirige sem usar o cinto de segurança, ele deu ensejo (motivo/fato gerador)
a infração prevista no art. 167 do CTB e, sendo flagrado por agente de trânsito, este
deverá lavrar um auto de infração, uma vez que o mesmo é um ato administrativo
vinculado, pois decorre de lei.
Porém, para fazer valer a finalidade da norma, é necessário que haja, segundo o Manual
Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, a retenção do veículo até a colocação do cinto pelo
motorista e/ou passageiros do veículo, já que a finalidade desta norma é a segurança
dos envolvidos.
Se assim não for, teremos um ato nulo, pois não está de acordo com a finalidade da
norma.
Veremos tudo isso mais adiante, quando falarmos das teses de defesa.
Se a presunção fosse absoluta, não haveria processo administrativo. Porém, ele existe,
para dar ao penalizado a oportunidade de se defender e, cabe a nós, buscar
irregularidades, ilegalidades, insubsistências e inconsistências para que o ato praticado
seja declarado nulo.
Presta atenção que eu não disse que o agente de trânsito tem fé pública, mas sim que o
ato que ele pratica tem presunção relativa de veracidade.
Na prática, isso quer dizer que para contrariar um ato administrativo é preciso provar.
Então, não adianta dizer que o policial que te multou está agindo ilegalmente sem
provar.
Essas são as principais colocações sobre o ato administrativo. Porém, se você deseja
aprofundar ainda mais os seus estudos nas questões de direito administrativo, procure
doutrinas relacionadas, aqui eu trouxe apenas o necessário para que você inicie a
atuação no direito de trânsito, conhecendo o básico para argumentar com a finalidade
de anular o ato administrativo.
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Legislação do Processo Administrativo de Trânsito
Passaremos agora para a análise da legislação de trânsito propriamente dita. Para isso,
a leitura dos artigos 280 a 290 são indispensáveis, pois são utilizados nos processos
administrativos das penalidades de multa e também nas penalidades de suspensão do
direito de dirigir e cassação da CNH.
O Código de Trânsito Brasileiro - CTB foi instituído pela lei 9.503 de 23 de setembro de
1997 e é a principal legislação que o profissional que trabalha no Mercado de trânsito
deve conhecer, pois nele está previsto o que é trânsito, normas de circulação e conduta,
educação para o trânsito, competência, sinalização de trânsito, infrações e penalidades.
Ele, assim como os demais códigos do nosso ordenamento jurídico, é dividido por
capítulos, facilitando a compreensão e leitura.
Resoluções e Portaria
O profissional que atua nessa área precisa conhecer as Resoluções do CONTRAN e uma
Portaria da SENATRAN.
Elas são tão importantes quanto o próprio Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
As resoluções estabelecem muitas regras sobre as quais você já ouviu falar, mas talvez
desconheça os detalhes. E é por isso que você está estudando isso agora. Para ser um
especialista no assunto.
O Conselho Nacional de Trânsito possui diversas funções, que vão muito além de
publicar resoluções para complementar as normas do CTB.
No art. 12 do CTB, são listadas as competências do CONTRAN. Veja todas elas abaixo:
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1. estabelecer as normas regulamentares do CTB e as diretrizes da Política
Nacional de Trânsito.
Nesse caso, vale uma explicação: algumas regras do Código de Trânsito Brasileiro são
resolvidas por si próprias, mas outras exigem a regulamentação através das normas do
CONTRAN, conforme previsto no trecho acima.
Art. 115. O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e
traseira, sendo esta lacrada em sua estrutura, obedecidas as especificações e
modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
Como você pode ver, são várias as áreas relacionadas ao trânsito que devem estar sob
a responsabilidade e a fiscalização do CONTRAN.
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Na sequência, trarei algumas Resoluções desse órgão, relevantes para o dia a dia de
todo condutor e, portanto, relevantes a você!
Elas delimitam algumas regras que precisam ser cumpridas no dia a dia do trânsito. Caso
contrário, o condutor poderá sofrer as penalidades previstas no CTB.
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● Resolução 789 do CONTRAN: Consolida normas sobre o processo de formação
de condutores de veículos automotores e elétricos.
Nós temos mais de 900 Resoluções e elas podem ser encontradas neste link:
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/resolucoes-contran
Então, sempre que você quiser saber se uma Resolução está vigente e se existe
Resolução do CONTRAN sobre referido assunto, você pode pesquisar nesse site.
Portaria da SENATRAN
Estabelece, portanto, uma uniformização que DEVE ser observada por todos os órgãos
de trânsito.
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Sistema Nacional de Trânsito - SNT
Já que falamos do Sistema Nacional de Trânsito, é importante dizer que este é o
conjunto de órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento,
administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação,
habilitação e reciclagem de condutores; educação, engenharia e operação do sistema
viário, policiamento, fiscalização e julgamento de infrações e de recursos e aplicação de
penalidades.
Órgão
MUNICIPAL - - municipal de - JARI
trânsito
II) ÓRGÃOS EXECUTIVOS – são aqueles que, efetivamente, colocarão em prática o que
se encontra previsto na lei, a fim de lhe dar cumprimento. Se atuarem nas rodovias, são
denominados órgãos (e entidades) executivos RODOVIÁRIOS e, se tiverem como área
de atuação as vias urbanas, recebem a nomenclatura de órgãos (e entidades) executivos
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DE TRÂNSITO. Tais órgãos executivos são previstos para as três esferas de Governo,
respeitada a autonomia local, de acordo com o artigo 8º do CTB, sendo que, para a
constituição dos órgãos executivos dos municípios, devem ser obedecidos os requisitos
constantes da regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Resolução do
CONTRAN n. 811/20). No âmbito da União, o órgão executivo de trânsito é o
Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, cujo funcionamento é regulado pelo
Regimento interno do Ministério da Infraestrutura, aprovado pela Portaria n. 124/20,
deste Ministério; já o órgão executivo rodoviário é o Departamento Nacional de Infra-
Estrutura de Transporte – DNIT, criado pela Lei n. 10.233/01, em substituição ao antigo
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER;
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competência municipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e entidades estaduais de
trânsito, e rodoviários, e o Volume II - Infrações de competência dos órgãos e entidades
executivos estaduais de trânsito e rodoviários.
Além disso, cria uma paridade de tratamento no controle do cumprimento das normas
viárias, por qualquer órgão competente, já que a legislação de trânsito (assim como o
Direito como um todo) permite diferentes interpretações dos seus dispositivos legais, o
que exige que se adote um parâmetro único.
Assim, ainda que sejam possíveis entendimentos diversos, sobre qualquer infração
prevista no Código de Trânsito, todos os profissionais ligados à área deverão adotar os
mesmos procedimentos estabelecidos no Manual, o que, por certo, proporciona uma
maior segurança jurídica na aplicação do CTB.
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Penalidades do CTB
No artigo 256 do CTB podemos encontrar seis penalidades administrativas que serão
aplicadas pelas autoridades de trânsito no âmbito de sua circunscrição e competência,
vejamos:
São elas:
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• FREQUÊNCIA OBRIGATÓRIA EM CURSO DE RECICLAGEM: Penalidade administrativa
de trânsito, caracterizada por um treinamento teórico ao condutor que tenha adotado
um comportamento irregular na via pública, demonstrando a necessidade de sua
requalificação (artigo 268 e Resolução do CONTRAN n. 789/20).
Neste caso, é possível que o infrator responda pela infração cometida nas esferas
administrativa e penal, como por exemplo, em caso de acidente de trânsito, a
possibilidade de se atribuir, ainda, responsabilidade civil ao infrator.
● em diversas infrações, os crimes dos artigos 302 e 303 (homicídio culposo e lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor, respectivamente);
● na infração do artigo 176, I, o crime do artigo 304 (omissão de socorro);
● na infração do artigo 165, o crime do artigo 306 (embriaguez ao volante);
● na infração do artigo 162, II, os crimes dos artigos 307 e 309 (violar a suspensão
do direito de dirigir e dirigir com o documento de habilitação cassado,
respectivamente);
● nas infrações dos artigos 173, 174 e 175, o crime do artigo 308 (participar de
disputa ou competição não autorizada);
● na infração do artigo 162, I, o crime do artigo 309 (dirigir sem habilitação);
● nas infrações dos artigos 163, 164 e 166, o crime do artigo 310 (permitir, confiar
ou entregar o veículo a pessoa sem condições de conduzi-lo com segurança);
● na infração do artigo 220, XIV, o crime do artigo 311 (trafegar em velocidade
incompatível);
● na infração do artigo 176, III, o crime do artigo 312 (fraude processual em
acidente de trânsito com vítima).
Como exemplo, tem-se a condução do veículo com placas falsas, o que caracteriza a
infração de trânsito do art. 230, I, do CTB, e o crime do artigo 311 do Código Penal.
Com relação às alterações trazidas pela Lei 14.071/2020, o art. 267 do CTB, que fala da
advertência por escrito, merece destaque, já que teve nova redação, além de ter os §§
1° e 2° revogados, veja só como ficou:
Na redação anterior, o art. 267 usava a palavra “PODERÁ” no lugar de “DEVERÁ”. Assim,
interpretando a nova redação, ao invés de ser uma faculdade do órgão autuador aplicar
a advertência por escrito, ela passou a ser obrigatória, ou seja, é um ato vinculado, pois,
como dito, esta é a vontade da lei.
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registros de infrações e os dados dos condutores por eles administrados nas bases
de informações do órgão máximo executivo de trânsito da União.
§ 8º É nula a penalidade de multa aplicada quando o infrator se enquadrar nos
requisitos estabelecidos no art. 267 do CTB.
Vale frisar que existe uma distinção com relação a data do cometimento da infração. Se
a infração for cometida ANTES de 12 de abril de 2021, a advertência é facultativa e será
aplicada mediante solicitação do interessado, conforme redação do art. 11 da Resolução
918 do CONTRAN.
Evidente que, para que isso ocorra, é necessário que o motorista cumpra os requisitos
descritos no texto legal, ou seja, que a infração seja de natureza leve ou média, passível
de ser punida com multa, caso não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos
12 meses.
Sempre lembrando que antes de uma penalidade ser efetivamente imposta contra o
motorista (pontuação) e o valor ser exigido no documento do veículo ($$) o órgão de
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trânsito responsável pela autuação DEVE dar ao infrator oportunidade de exercer o
direito ao contraditório e à ampla defesa.
Essa oportunidade se dá por meio das notificações. Por isso é importante orientar o
cliente a manter o endereço do veículo devidamente atualizado nos cadastros do
DETRAN para evitar complicações com o envio das notificações.
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Em primeiro lugar, temos que entender o que o CTB diz ser uma infração. Neste aspecto,
o tema foi tratado em dois momentos: o primeiro, no art. 161 (com nova redação pela
ADI 2998 do STF) localizado no capítulo XV referente às próprias infrações:
Aqui vale uma consideração no que diz respeito a ADI 2998 do STF que tirou do
CONTRAN a competência para estabelecer sanção, julgando inconstitucional a
expressão “ou Resoluções do CONTRAN” que constava no caput do art. 161 do CTB.
Isso porque, segundo a ADI 2998, A expressão “ou das resoluções do CONTRAN” que
constava no caput do art. 161 contraria o princípio da reserva legal.
Infrações de trânsito são punidas com multas após esgotados todos os meios de defesa
em direito admitidos, conforme redação do art. 18 da Resolução 918 do CONTRAN e art.
290 do CTB.
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Veja este exemplo: A infração ao art. 208 do CTB. A conduta proibida é: “avançar o sinal
vermelho”; segundo o CTB é uma infração gravíssima que tem como penalidade multa.
As infrações, então, são punidas por multas e classificam-se de acordo com sua
gravidade, conforme previsão do art. 259 do CTB:
O valor das multas, segundo a previsão do art. 258 do CTB, varia de acordo com a
natureza da infração: Leve – R$ 88,38; Média – R$ 130,16; Grave – R$ 195,23 e
Gravíssima – R$ 293,47.
Pode acontecer das multas terem um valor maior do que esses aqui expostos.
Isso quer dizer que, as infrações que são mais graves, terão o índice adicionado ao caso
específico, quer ver um exemplo?
Ou seja, a multa por ultrapassar em faixa contínua amarela custa R$ 293,47 x 5, que
totaliza o valor de R$ 1.467,35.
Nestes casos, aumenta-se apenas o valor pecuniário ($$$), não havendo multiplicação
da pontuação relacionada à infração de trânsito.
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● multa gravíssima vezes 2 – infrações dos artigos 162, III; 163 c/c 162, III; e 164
c/c 162, III;
● multa gravíssima vezes 3 – infrações dos artigos 162, I e II; 163 c/c 162, I e II; 164
c/c 162, I e II; 193; e 218, III;
● multa gravíssima vezes 5 – infrações dos artigos 165-B; 176, I a V; 202, I e II; e
203, I a V;
● multa gravíssima vezes 10 – infrações dos artigos 165; 165-A; 173; 174; 175; e
191;
● multa gravíssima vezes 20 – infração de trânsito do artigo 253-A;
● multa gravíssima vezes 60 – infração de trânsito do artigo 253-A (organizador da
conduta);
● multa gravíssima prevista no artigo 246, que pode ser agravada em até cinco
vezes, a critério da autoridade de trânsito, conforme o risco à segurança; e
● multa imposta à pessoa jurídica, pela não identificação do infrator, nos termos
do artigo 257, § 8º do CTB e Resolução CONTRAN n. 710/17.
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A Permissão para Dirigir (PPD), também conhecida como CNH Provisória, é uma fase
obrigatória na vida de todo motorista.
Vale a leitura da Resolução 789/20 do CONTRAN, que foi alterada pela Resolução
849/21.
Segundo o art. 148, § 2º do CTB, o candidato à habilitação que for aprovado em todos
os testes, adquire a PPD que possui validade de 12 meses.
No documento físico da PPD, vem escrito que o motorista está na permissão para dirigir,
veja:
29
Sendo assim, depois do período definido pela legislação (12 meses) e após cumprir todos
os requisitos exigidos, o permissionário poderá solicitar sua CNH “definitiva”. O que
muda na estética do documento é apenas o campo “permissão”, que fica encoberto por
um traço preto.
Para isso, no entanto, é preciso cumprir todos os requisitos exigidos pela Lei de Trânsito.
Tecnicamente o termo “CNH definitiva” é errado, já que remete a algo que é perpétuo,
mas o direito de dirigir, que é uma licença concedida pelo estado, não é permanente,
isso porque ele pode ser suspenso e/ou cassado.
O artigo 148, §§ 3º e 4º, do CTB, estabelece que somente será conferida a CNH definitiva
àquele que não tiver cometido nenhuma infração de trânsito de natureza gravíssima ou
grave, nem seja reincidente em infrações médias, no período permissionário; e, em caso
de registro deste tipo de infração, obriga-se que se reinicie todo o processo de
habilitação, com todas as etapas realizadas anteriormente (curso teórico, exame
escrito, curso prático e exame de prática de direção veicular), para a concessão de nova
PPD.
Vale dizer que as demais penalidades previstas no art. 256 do CTB não se aplicam para
o motorista permissionário.
Assim, diferentemente do que prevê os artigos 258 e 259 do CTB, para o motorista
permissionário o sistema de pontos é diferente.
Isso porque a PPD não tem como base a pontuação para a perda do direito de dirigir,
mas o requisito para adquirirem a CNH definitiva é não terem cometido infrações de
30
natureza grave ou gravíssima nem serem reincidentes de infrações médias, ou seja, não
pode cometer infrações médias mais de uma vez.
Ainda é preciso utilizar todas as instâncias recursais, como previsto no art. 290 do CTB,
bem como estar atento às infrações administrativas.
Infrações Administrativas
O Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 161, conceitua “infração de trânsito”
como sendo o descumprimento de qualquer preceito do Código, tipificando as condutas
infracionais nos artigos seguintes (162 a 255).
Da leitura e análise dos artigos 162 a 255, percebemos, claramente, que, em sua maioria,
as condutas ocorrem realmente na utilização da via pública, ainda que de maneira
indireta, como a punição ao promotor de competição esportiva não autorizada (artigo
174, parágrafo único) ou ao proprietário que entrega ou permite a condução do veículo
a pessoa não habilitada, com habilitação suspensa ou cassada, com categoria diferente
ou vencida há mais de trinta dias (artigos 163 e 164).
Todavia, existem 7 (sete) infrações especiais, que não ocorrem na utilização da via
pública:
31
V - Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do
condutor (art. 241);
Aliás, embora seja prevista, inclusive, a penalidade de multa a tais condutas, também é
de se questionar a forma de imposição da sanção administrativa a algumas delas, pois o
sistema constante no Código de Trânsito pressupõe a existência do registro de um
veículo, para a devida inclusão da multa de trânsito, o que não ocorre, necessariamente,
nas infrações de falsificação de documento de habilitação (artigo 234) ou falsa
declaração de domicílio para registro da habilitação (artigo 242).
Art. 259.
[...]
§ 4º Ao condutor identificado será atribuída pontuação pelas infrações de sua
responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257 deste Código, exceto
aquelas:
I - praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte rodoviário de
passageiros em viagens de longa distância transitando em rodovias com a
utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual,
internacional e aquelas em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou
de qualquer modalidade, excluídas as situações regulamentadas pelo Contran
conforme disposto no art. 65 deste Código;
II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do art. 230 e nos arts. 232, 233, 233-
A, 240 e 241 deste Código, sem prejuízo da aplicação das penalidades e medidas
administrativas cabíveis;
III - puníveis de forma específica com suspensão do direito de dirigir.
Note que neste inciso, a legislação incluiu quase todas as infrações consideradas
administrativas, ou seja, de certa forma, o Código entendeu a necessidade de separar
as infrações administrativas das infrações de trânsito, não gerando, para tanto, no caso
dessas últimas, pontuação ao infrator.
32
Infrações Simultâneas
Sim, é possível que um motorista cometa várias infrações seguidas com uma ou mais
ações no mesmo momento ou próximo.
O Código de Trânsito Brasileiro adota, no seu artigo 266, o princípio da cumulatividade
das penalidades.
Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-
lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as respectivas penalidades.
Contudo, a regra do Código de Trânsito não deve ser sempre aplicada de forma literal,
pois o condutor pode praticar várias infrações simultâneas muito semelhantes e que
seja injusto puni-lo várias vezes.
Por exemplo: ultrapassar pelo acostamento (art. 202) e transitar com o veículo pelo
acostamento (art. 193).
Ambas as condutas são típicas, porém, a mais específica e que demonstra a intenção
do condutor é ultrapassar pelo acostamento.
Nesses casos, a primeira conduta absorve a segunda e o condutor deve ser autuado
apenas pela mais específica (ultrapassar pelo acostamento).
Nesses casos, o agente deverá lavrar um único AIT, que melhor caracterizou a infração,
pois, nessa hipótese, apesar de serem duas ou mais infrações, a conduta mais específica
deve prevalecer sobre a conduta secundária.
33
Para ser qualificada como infração de trânsito concorrente, devem estar presentes as
seguintes características: 1. Uma única ação; 2. Tipificação de duas ou mais infrações; 3.
Simultaneidade das autuações; 4. Uma única intenção específica.
Por exemplo: dirigir veículo com a CNH vencida há mais de trinta dias (art. 162, V) e de
categoria diferente para a qual é habilitado (art. 162, III).
Bis in idem é uma expressão em latim que significa "duas vezes o mesmo" ou "repetição
sobre o mesmo". O uso deste termo pode indicar a ação de repetir.
Neste caso, o princípio do non bis in idem (com o significado de "não duas vezes o
mesmo") representa a proibição à repetição de uma pena ou outra ocorrência de forma
duplicada.
O non bis in idem não está disposto na Constituição Federal. Entretanto, ele faz parte
do Pacto de San José da Costa Rica (ou Convenção Interamericana sobre Direitos
Humanos), assinada em 1969. O Brasil assinou o Pacto no ano de 1992 e, por essa razão,
ele deve ser cumprido integralmente no país.
34
Infrações Continuadas
Essa regra estava prevista no MBFT, mas hoje, podemos usar essa estratégia de defesa
com base na jurisprudência.
35
Exemplo: condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança, lavrar somente o auto
de infração com o código 518-51 e descrever no campo ‘Observações’ a situação
constatada (condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança).”
Segundo a ficha do MBFT do art. 167 do CTB, nas definições e procedimentos, temos a
seguinte redação: “ainda que haja mais de um ocupante do veículo sem usar o cinto de
segurança, incluído o condutor, somente poderá haver uma autuação com base no art.
167 do CTB”.
A medida administrativa é uma conduta realizada pelo agente de trânsito diante de uma
situação onde se presuma haver perigo, ou seja, que possa vir colocar em risco a vida
do próprio condutor ou da sociedade.
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IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio
das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de
multas e encargos devidos.
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de
primeiros socorros e de direção veicular.
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e
coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por
objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa.
[...]
§ 5º No caso de documentos em meio digital, as medidas administrativas
previstas nos incisos III, IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por meio
de registro no Renach ou Renavam, conforme o caso, na forma estabelecida pelo
Contran.
As medidas administrativas da infração ao artigo 165 e 165-A do CTB, por exemplo, estão
previstas no próprio texto infracional, vejam:
Também estão previstas na Resolução 432 do CONTRAN. Ambas que devem ser
aplicadas nos casos onde o condutor é flagrado em uma blitz da Lei Seca ou que é alvo
de fiscalização e comete as infrações aos artigos supramencionados.
art. 9º. O veículo será retido até a apresentação de condutor habilitado, que
também será submetido à fiscalização.
art. 10º. O documento de habilitação será recolhido pelo agente, mediante recibo,
e ficará sob custódia do órgão ou entidade de trânsito responsável pela autuação
até que o condutor comprove que não está com a capacidade psicomotora alterada,
nos termos desta Resolução
37
As medidas administrativas previstas nas normas acima mencionadas, deverão ser
aplicadas tanto nos casos em que o condutor infrator realiza o teste do etilômetro ou
bafômetro, e é constatado algum teor alcoólico, quanto para aquele que se recusa a
fazer o teste do bafômetro.
ATENÇÃO!! O agente de trânsito DEVE realizar esse ato que é chamado de medida
administrativa.
Ora, se o motorista está visivelmente embriagado, pressupõe que ele não está em
condições de dirigir um veículo, pois se assim o fizer colocará em risco a vida das pessoas
que cruzarem o seu caminho, ou seja, pedestres ou outros veículos automotores,
podendo ocasionar um acidente de trânsito.
E isso se justifica porque o agente de trânsito tem “por objetivo prioritário a proteção
à vida e à incolumidade física da pessoa” (art. 269, § 1º, CTB).
Isso porque, ao contrário das medidas administrativas que são aplicadas da hora, no
momento da autuação, as penalidades só podem ser impostas após finalizado todo
processo, ou seja, após o órgão de trânsito dar ao penalizado a oportunidade de se
defender e exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa.
As penalidades são sanções (punições) prevista no CTB aplicáveis a quem comete uma
infração de trânsito, conforme leitura do art. 257 do CTB.
Remoção do veículo
Vale frisar que quando previstas para determinadas infrações de trânsito, as medidas
administrativas são de aplicação obrigatória (tendo em vista o princípio da legalidade);
todavia, quando não ocorrerem, por qualquer motivo que seja, tal omissão NÃO é um
38
impedimento para a aplicação da multa cabível à conduta infracional, por força do § 2º
do artigo 269, uma vez que estamos diante de uma providência complementar à
penalidade principal.
Ocorre que tal previsão é discutível. Imagine a seguinte situação: o motorista “x” é
autuado pela lei seca. Ele chama um condutor habilitado que vai retirar o veículo do
local da infração. Se o novo motorista não for submetido ao teste do bafômetro (ou
mesmo que ele seja e isso não conste no AIT), teremos uma nulidade, já que há violação
da previsão legal.
Outro exemplo, é o fato de o agente de trânsito não indicar no auto de infração qual foi
o motorista habilitado que retirou o veículo do local da infração. Isso gera nulidade por
inobservância da forma do ato administrativo, pois gera dúvida e dá a entender que a
medida administrativa não foi cumprida e que, consequentemente, o condutor
inicialmente abordado não estava sob efeito de álcool.
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O CTB separou e dividiu a responsabilidade quando do cometimento de uma infração.
No nosso estudo, o que vai interessar, é a divisão de responsabilidades entre o
proprietário e o condutor do veículo.
Exemplos:
Por sua vez, a infração ao art. 233 do CTB: “Deixar de efetuar o registro de veículo no
prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, [...]”, é uma infração referente
a documentação, sendo assim ela é de responsabilidade do proprietário, uma vez que é
ele quem deve manter a documentação do mesmo em dia.
Tendo isso em mente, no caso da Lei Seca, a responsabilidade pelo cometimento dessa
infração é EXCLUSIVA do condutor, uma vez que acontece quando se está dirigindo um
veículo automotor.
Sendo assim, o proprietário não terá em sua CNH aplicada nenhuma das penalidades
previstas por infração ao artigo 165 ou 165-A do CTB. O único ônus que ele terá que
suportar é o pagamento da multa, porém poderá cobrar o valor desembolsado do
condutor através da ação judicial competente.
E a previsão legal, no que se refere ao pagamento das multas, está no § 3° do art. 282
do CTB, bem como na Resolução 108 do CONTRAN, vejamos:
Resolução 108. Art. 1º Fica estabelecido que o proprietário do veículo será sempre
responsável pelo pagamento da penalidade de multa, independente da infração
cometida, até mesmo quando o condutor for indicado como condutor-infrator nos
termos da lei, não devendo ser registrado ou licenciado o veículo sem que o seu
proprietário efetue o pagamento do débito de multas, excetuando-se as infrações
41
resultantes de excesso de peso que obedecem ao determinado no artigo 257 e
parágrafos do Código de Trânsito Brasileiro.
Assim, o legislador deixou claro a quem cabe o pagamento das multas. Portanto, há no
CTB duas categorias de responsabilidades:
1. A que está ligada com a infração, cujo resultado prático é a somatória de pontos
no prontuário da CNH que podem levar à suspensão do direito de dirigir, a
cassação da CNH ou cancelamento da PPD e
2. A que traz a obrigação de pagar as multas aplicadas.
Responsável pela infração é aquele que terá computado em seu prontuário de CNH os
pontos referentes às infrações praticadas, seja ele o condutor infrator ou o próprio
proprietário;
O proprietário do veículo pode exigir em juízo que o condutor infrator o ressarça dos
valores desembolsados com as multas geradas por atos destes (exercício do direito de
regresso), em tema pacificado no judiciário;
E, por fim, mesmo que haja indicação de condutor, esta não é hábil para afastar a
responsabilidade do proprietário do veículo pelo pagamento das multas.
Eu quis trazer este assunto porque ele é importante para o estudo do próximo tópico
sobre as notificações. Esse tópico é de suma importância, pois é possível que seja
declarada a nulidade de toda a penalidade pelo simples fato de o órgão de trânsito não
notificar o sujeito correto.
42
Sujeitos Ativos - quem pode aplicar penalidades?
A competência de cada órgão que compõe o Sistema Nacional de Trânsito, está prevista
no Código de Trânsito Brasileiro.
Vale dizer que a competência da Polícia Militar acontece após realizar o convênio com
algum outro órgão ou entidade do sistema para só então exercer com legalidade a
fiscalização de trânsito.
Caso não haja convênio, toda a atuação da Polícia Militar caracteriza ato nulo por vício
de competência.
Vale lembrar que o policial militar não é autoridade de trânsito, mas quando ele atua na
função de fiscal do trânsito, se torna agente da autoridade de trânsito e o anexo I do
CTB nos traz a diferença conceitual:
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no art. 25-A deste Código, quando designados pela autoridade de trânsito com
circunscrição sobre a via, mediante convênio, na forma prevista neste Código.
Tendo em vista, então, que somente a autoridade de trânsito pode aplicar penalidades
e, sendo a multa uma penalidade de trânsito, resta claro que o policial militar não pode
multar, mas sim autuar.
A polícia Rodoviária Federal, por sua vez, faz parte do SNT e não pode ser confundida
com a Polícia Federal. O campo de atuação da PRF é composto pelas rodovias e estradas
federais e sua competência tem previsão no art. 20 do CTB.
Diferentemente da PM, a PRF pode aplicar multas, por esse motivo, na PRF sempre
haverá uma autoridade de trânsito competente para a aplicação desta penalidade.
Por exemplo: se a PRF autuar um motorista pela infração prevista no art. 165-A do CTB,
ela também será a responsável por aplicar a penalidade de suspensão do direito de
dirigir, instaurado e processando o competente processo administrativo.
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Em primeiro lugar, temos que entender o que o CTB diz ser uma infração. Neste aspecto,
o tema foi tratado em dois momentos: o primeiro, no art. 161 localizado no capítulo XV
referente às próprias infrações:
Como vimos, constitui infração de trânsito tudo aquilo que contraria ou desobedece a
legislação de trânsito.
Assim, havendo uma conduta tipificada pela legislação como infração de trânsito,
haverá a lavratura de um auto de infração, leitura do caput do artigo 280 do CTB.
45
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de
infração [...]
Auto de infração, por sua vez, é um ato administrativo vinculado, ou seja, para o agente
da autoridade de trânsito não há opção.
Ao constatar uma infração de trânsito, ele deve registrar o fato, por escrito, no auto de
infração de trânsito. Além disso, por ser um ato administrativo vinculado, ele deve estar
revestido dos requisitos essenciais para sua validade, quais sejam competência, objeto,
forma, finalidade e motivo, conforme já estudado anteriormente.
O AIT tem por finalidade, então, levar ao conhecimento da autoridade de trânsito que
uma infração ocorreu em uma via terrestre sob sua circunscrição, conforme redação do
caput do art. 280: Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto
de infração (...)
Se o agente trânsito for omisso e não lavrar o auto de infração, a depender das
circunstâncias, ele pode incorrer no crime de prevaricação (artigo 319 do Código Penal).
Nele deve conter, além dos requisitos previstos no artigo 280 do CTB, a descrição da
situação observada no campo observações, conforme orientação das fichas do MBFT.
Vejamos o texto do artigo 280, bem como artigo 3° da Resolução 918 do CONTRAN:
46
reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível,
previamente regulamentado pelo CONTRAN.
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o
fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do
veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no
artigo seguinte.
§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração
poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua
competência.
***
São nesses artigos (básicos) que você deve se basear quando tiver em mãos um auto de
infração.
47
E porque eu digo “artigos básicos”? Porque além deles, é necessário ter em mente que
você terá que analisar a legislação complementar e Resoluções específicas para o caso.
Vejamos um exemplo:
Se a receita não estiver ok, há nulidade de FORMA, pois há violação quanto a este
requisito do ato administrativo. Por este motivo é importante conhecer toda a legislação
envolvida, inclusive o próprio Direito Administrativo.
Por fim, é válido trazer a Portaria n° 58/2020 da Polícia Rodoviária Federal, que dispõe
sobre as informações mínimas que devem constar no auto de infração, prazos e
procedimentos para apresentação de defesa da autuação e de recurso de penalidade de
multa, por infrações ao Regulamento para Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos
no âmbito da Polícia Rodoviária Federal.
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Sempre que os requisitos formais do auto de infração não forem observados ou quando
a peça não revestir a forma prevista na legislação de trânsito, o AIT deve ser anulado,
por ser inconsistente ou irregular, como bem determina o artigo 281, do Código de
Trânsito Brasileiro:
Havendo inobservância por parte do órgão de trânsito de algum requisito para aplicação
da penalidade de multa, o procedimento deverá ser anulado, com fundamento no art.
281 do CTB.
Por isso o acesso ao AIT - que é a peça acusatória - é indispensável, pois a defesa não é
contra a notificação, mas sim contra o auto de infração!
Se você não tem acesso ao AIT há vício do procedimento (modelo de pedido em anexo,
no material complementar). É necessário comprovar que solicitou a cópia e não teve
acesso (pegue algo, como um protocolo, por exemplo, comprovando que você solicitou
o auto de infração e não teve acesso), assim você poderá pleitear a nulidade não
somente do AIT, mas de todo o processo administrativo que é instaurado para a
aplicação de uma penalidade de multa.
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A inconsistência do auto de infração diz respeito aos requisitos contidos no art. 280 do
CTB, isso porque, o próprio art. 281 em seu caput diz que: "A autoridade de trânsito, na
esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará
a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível".
A partir daí, vamos imaginar a seguinte situação: O agente de trânsito lavra um AIT
contra o motorista conforme determina o art. 280 do CTB, a Portaria 354 da SENATRAN
e nos termos do Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito.
Desse modo, após a autuação, o agente enviará o auto de infração para a autoridade de
trânsito que “JULGARÁ” o auto de infração para verificar se este atende os requisitos
mínimos da lei (consistência) e aplicará a penalidade cabível.
Veja que o art. 281 caput NÃO diz que a autoridade de trânsito julgará a regularidade
do auto de infração, mas apenas a sua consistência. Entende-se por consistente,
também, o AIT que impute a prática de uma infração de trânsito.
AIT inconsistente e irregular é NULO e, assim, havendo inobservância por parte do órgão
de trânsito de algum requisito para aplicação da penalidade de multa, o procedimento
deverá ser anulado com fundamento no art. 281 do CTB.
Por fim, como o auto de infração relata uma suposta infração de trânsito, aquele que foi
autuado pode e deve exercer seu direito de defesa no processo administrativo de
trânsito que será instaurado, pois se trata de uma garantia constitucional, como se
observa no artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal, como veremos adiante.
O Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito diz que: “o AIT é peça informativa que
subsidia a Autoridade de Trânsito na aplicação das penalidades e sua consistência está
na perfeita caracterização da infração, devendo ser preenchido de acordo com as
disposições contidas no artigo 280 do CTB e demais normas regulamentares, com
registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura”.
E sendo uma peça informativa, “não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivos,
ou qualquer tipo de adulteração. O seu preenchimento se dará com letra legível,
preferencialmente, com caneta esferográfica de tinta preta ou azul”.
É isso que determina se um AIT é regular, caso tenha rasuras, emendas, como acima
exposto, ele será irregular.
Cabe, aqui, destacar que a inobservância à forma é vício formal que torna nulo o
processo administrativo para a imposição das penalidades, nos exatos termos do Código
Civil:
50
Art. 145. É nulo o ato jurídico:
III – quando não revestir a forma prescrita em Lei.
Não sendo possível ler e entender o auto de infração, deve ser declarada sua
inconsistência.
Corretivos são substâncias (tinta especial branca) utilizadas para apagar totalmente o
que havia sido escrito em determinados campos no auto de infração, possibilitando a
inserção de novas informações sobre aquelas apagadas.
Por fim, a adulteração significa introduzir uma alteração no auto de infração, uma
modificação ou manipulação tentando simular a regularidade da autuação. Nesses
casos, encontramos facilmente autos de infração que foram preenchidos
posteriormente à sua lavratura, com canetas de outras cores, letra de outro agente de
trânsito, dados divergentes entre a primeira via (deixada com o infrator) e a segunda via
que instrui a peça administrativa.
Sempre que os requisitos formais do auto de infração não forem observados ou quando
a peça não revestir a forma prevista na legislação de trânsito, a autuação deve ser
anulada, por estar inconsistente ou irregular, como bem determina o artigo 281, do
Código de Trânsito Brasileiro:
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Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste
Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e
aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado
insubsistente:
I – se considerado inconsistente ou irregular;
Havendo inobservância por parte do órgão de trânsito de algum requisito para aplicação
da penalidade, a exemplo de um vício formal devidamente comprovado no auto de
infração, A SANÇÃO NÃO DEVE EXISTIR em respeito à segurança jurídica e a aplicação
justa do Direito.
Por fim, como o auto de infração relata uma possível penalidade, aquele que foi autuado
pode e deve exercer seu direito de defesa no processo administrativo de trânsito que
será instaurado, pois se trata de uma garantia constitucional, como se observa no artigo
5º, LIV e LV, da Constituição Federal.
Após a lavratura do auto de infração, na forma estabelecida pelo artigo 280, a segunda
etapa do processo administrativo de trânsito consiste no julgamento de sua
consistência, para a aplicação da penalidade cabível. Essa é a leitura do artigo 281 do
CTB, vejamos:
52
Importante frisar que a inconsistência ou irregularidade da autuação deve ser
reconhecida de ofício, pela autoridade de trânsito que, ao perceber que houve um
equívoco no preenchimento ou na análise da conduta flagrada, deverá promover o
arquivamento do auto de infração, ante a inconsistência ou irregularidade do mesmo.
Mas pode ser que isso não aconteça. E aí você deverá alegar essa inconsistência ou
irregularidade.
O auto de infração consistente deve ainda ter informações que imputem ao responsável
a prática de uma infração.
Por sua vez, a regularidade do auto de infração é inerente aos seus requisitos. Ele deve
dispor de informações essenciais para que o infrator exerça o seu direito de defesa.
O artigo 281 ainda aponta dois requisitos para que a multa de trânsito seja imposta pelo
órgão ou entidade de trânsito:
O segundo relaciona-se ao prazo máximo de trinta dias, para que seja expedida a
notificação da autuação, que veremos adiante.
Esse tópico é o “pulo do gato”, visto que a consistência do auto de infração pode ser
impugnada.
É preciso que você entenda que há diferença entre julgamento da consistência do auto
de infração e julgamento da defesa prévia.
Veja o que diz o parágrafo único do art. 281 do CTB: O auto de infração será arquivado
e seu registro julgado insubsistente: I - se considerado inconsistente ou irregular;
Temos aqui o “primeiro julgamento”. E você pode e DEVE impugnar esse julgamento.
53
Entretanto, quando um AIT é inconsistente e quando ele é irregular?
Um AIT consistente é aquele constituído, composto por uma informação que impute a
alguém a prática de uma infração. Assim, é ter o auto de infração de trânsito a descrição
de um fato sobre o qual incidiu uma norma jurídica, no caso uma norma jurídica de
trânsito, fazendo nascer o fato jurídico da infração de trânsito.
Ser irregular é não dispor das informações essenciais para que o infrator exerça
regularmente seu direito de defesa. Em outras palavras, é suprimir os elementos
prescritos pelos incisos I, II, III e V, do Art. 280, do CTB.
A irregularidade do auto de infração em nada tem a ver com (in)consistência dele. Tal
afirmação poderá parecer contraditória, mas não o é.
Porém, isso não implica dizer que não houve infração. Ao contrário, na maioria dos casos
há a infração, mas a desobediência aos requisitos legais torna ineficaz o auto de infração
de trânsito, se houver a impugnação (defesa ou recursos), o auto será convalidado e as
imputações da multa e da pontuação serão justas.
54
É importante que você solicite cópia do auto infração, uma vez que na notificação, seja
da autuação, seja da imposição da penalidade não constam (apesar de dever) todos os
campos que foram preenchidos no AIT.
Isso porque, é no auto de infração que constam os campos preenchidos pelo agente de
trânsito e, se for o caso, os erros por ele cometidos, ilegibilidade ou rasuras, por isso a
importância de requerer/solicitar junto ao órgão autuador, a cópia do auto de infração.
Ao ter o AIT em mãos, você terá a oportunidade de apontar vícios que podem colaborar
para o arquivamento ou anulação do auto de infração lavrado pelo agente de trânsito
ou verificado pelos equipamentos eletrônicos ou audiovisuais, reações químicas ou
qualquer outro meio tecnológico hábil para tal.
Alguns órgãos disponibilizam a microfilmagem do AIT via site, outros somente mediante
requerimento.
Quando for solicitar a cópia do AIT, procure saber diretamente com o órgão autuador
como proceder.
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Você vai ver como solicitar a cópia do auto de infração na parte “bônus”.
Em que pese o AIT em questão ter sido julgado consistente pela autoridade de trânsito,
pois houve expedição da notificação da autuação, ele merece ser imediatamente
anulado por inobservância do preenchimento do local da infração. Note que neste caso,
o agente de trânsito apenas escreveu o nome da Rodovia, sem mencionar o km/número
onde o suposto cometimento da infração ocorreu.
Especificar o local da suposta infração como sendo apenas “rodovia x”, viola o artigo
280, II do CTB, já que se for uma infração por ultrapassagem em faixa contínua amarela,
por exemplo - artigo 203, V do CTB - há diversos locais em uma rodovia onde é permitido
ou não a ultrapassagem. Percebe a importância do auto de infração ser preenchido da
maneira correta? O auto de infração do exemplo, viola o exercício do contraditório e da
ampla defesa, já que não é possível identificar o local onde ocorreu (ou não) a suposta
ultrapassagem em local proibido.
Assim, pelo erro de preenchimento por parte da autoridade de trânsito, o AIT deve ser
anulado, com fundamento no artigo 281 do CTB, uma vez que o AIT é inconsistente e
irregular, pois viola o requisito de existência.
Não sendo possível ler e entender o auto de infração, deve ser declarada sua
inconsistência, com base no artigo 281 do CTB.
No caso em análise o AIT foi lavrado por infração ao artigo 165 do CTB. Assim, segundo
o §3° do artigo 8° da Resolução 423 do CONTRAN, é necessário que no AIT conste a
marca, modelo e nº de série do aparelho, nº do teste, a medição realizada, o valor
considerado e o limite regulamentado em mg/L;
Como estudado, sempre que os requisitos formais do auto de infração não forem
observados ou quando a peça não revestir a forma prevista na legislação de trânsito, o
auto de infração deve ser anulado, por estar inconsistente ou irregular, como bem
determina o artigo 281, do Código de Trânsito Brasileiro.
57
Passaremos agora para o estudo do processo administrativo para aplicação da
penalidade de multa. Para isso, a leitura dos artigos 280 a 290 do CTB são indispensáveis.
Há quem diga que o processo administrativo se inicia com o auto de infração de trânsito
(AIT), porém, eu digo que ele se inicia com o cometimento de uma infração, para haver,
então, o motivo que justifique a lavratura do auto de infração.
Se ela entender que o AIT é consistente, ela notificará o proprietário do veículo, para lhe
dar ciência que alguém, na condução de seu veículo, cometeu uma infração de trânsito.
Essa primeira notificação, é a notificação da autuação (NA). É nesta notificação que vem
a descrição da infração, contendo também o prazo para apresentação de defesa prévia
(ou defesa da autuação) e/ou indicar o real condutor infrator, caso o proprietário do
veículo queira.
Se não for o proprietário do veículo o infrator, ele poderá fazer a indicação do real
condutor infrator e deverá, assim, preencher os campos do formulário que acompanha
a notificação e deverá protocolá-la no órgão competente, seguindo as instruções da
própria notificação e do artigo 5° da Resolução 918 do CONTRAN.
Vale dizer, que existem algumas infrações onde não é possível fazer a indicação de
condutor, como por exemplo nas infrações que dizem respeito ao estado de
conservação do veículo e documentação do mesmo, conforme artigo 257 do CTB, como
estudado.
58
A correta indicação do condutor infrator, ou seja, o preenchimento correto de todos os
campos exigidos no formulário é de suma importância para que a indicação de condutor
seja aceita, pois, por incrível que parece, divergência na assinatura e falta de
documentos indispensáveis são a maior causa de rejeição das indicações de condutores.
Além disso, nos casos em que o motorista está cumprindo a penalidade de suspensão
do direito de dirigir, se ele tiver um veículo registrado em seu nome, a indicação é
fundamental para que não haja a instauração de um processo de cassação da CNH, nos
termos do art. 263 do CTB, como será estudado.
Não sendo interposta Defesa da Autuação no prazo previsto ou se esta não for acolhida,
a autoridade de trânsito aplicará a penalidade correspondente.
59
É nessa notificação que conterá o prazo para apresentar recurso à JARI, que são órgãos
colegiados responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades
por eles impostas, que funcionam junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito
ou rodoviário, e/ou fazer o pagamento com desconto. Esta notificação deve observar os
artigos 12 e 13 da Resolução 918 do CONTRAN.
Se o recurso for deferido, não tem multa, não tem pontos! Se esse recurso for
indeferido, ainda há a possibilidade de apresentar recurso ao CETRAN ou CONTRANDIF.
Um dos atributos do ato administrativo, que eu ainda já falei para vocês, é a presunção
RELATIVA de legalidade e veracidade, ou seja, o ato administrativo presume-se legal e
verdadeiro.
Porém, por ser uma presunção RELATIVA, admite prova em sentido contrário, uma vez
que o AIT comunica o SUPOSTO cometimento de uma infração! E é isso que você fará
para o motorista: você fará cair por terra esta presunção relativa de legalidade de
veracidade, impugnando o auto de infração e verificando se ele está de acordo com o
que determina a legislação.
60
Vale frisar que não é o agente que tem “fé pública” como muitos costumam dizer por
aí. Na verdade, a presunção de veracidade paira sobre o ATO e não sobre o agente.
A Constituição Federal é a Lei máxima do nosso Brasil, sendo assim, os princípios que
constam na nossa Carta Suprema devem ser respeitados sobre todas as demais leis.
Partindo desse pressuposto, temos o due process of law, que é uma garantia
constitucional dada ao cidadão, segundo a qual ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal, conforme previsão do art. 5º, LIV, CF.
De forma sucinta, podemos dizer que o devido processo legal estabelece três requisitos
simultâneos a qualquer investida contra a liberdade de bens: a) não poderá ter
supressão de bens ou direitos sem processo; b) a forma procedimental deve cumprir o
que prevê a lei; e c) o processo deve ser adequadamente desenvolvido.
Porém, muito mais do que uma garantia, o devido processo legal é um super princípio
norteador do ordenamento jurídico, tendo entre seus objetivos proporcionar a qualquer
pessoa, litigante ou acusada, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e
a ampla defesa, bem como os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, CF).
O CONTRADITÓRIO
Para que o princípio do contraditório seja pleno, não basta apenas intimar a parte para
manifestar-se, ouvi-la e permitir a produção de alegações e provas, mas sim, deixar que
possam influir no convencimento do juiz.
Em termos coloquiais, o contraditório nada mais é do que ouvir também a outra parte.
Isso porque, em um processo, temos quem acusa (ou quem quer impor penalidade) e o
acusado ou quem será penalizado. Por isso, não é justo que somente uma das partes
61
fale para formar o convencimento do juiz, é preciso que as duas sejam ouvidas, para que
o juiz ou o julgador possam decidir qual delas tem razão.
A AMPLA DEFESA
Garantido pela Constituição Federal (art. 5º, LV), o princípio da ampla defesa é uma
consequência do contraditório, porém, tendo características próprias.
Por esse princípio deve ser assegurado à parte, em litígio judicial ou administrativo, o
direito e a garantia da ampla defesa, conferindo ao cidadão o direito de alegar e provar
o que alega, bem como tem o direito de não defender-se. Optando pela defesa, o faz
com ampla liberdade, ocupando-se de todos os meios e recursos disponibilizados.
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Notificações
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Vimos então que os Princípios Constitucionais que garantem o direito de
resposta/defesa ao infrator são o contraditório e a ampla defesa.
Para que esse direito de resposta seja exercido, é preciso que o infrator ou o proprietário
do veículo seja notificado. A notificação visa, então, propiciar o exercício do
contraditório e da ampla defesa. E se a notificação não tiver informações que permitam
ao infrator apresentar sua defesa o ato será nulo.
Isso porque, sem notificação não há exercício do direito de resposta ou direito de defesa
e, assim, é possível que seja alegada a nulidade do ato administrativo.
Segundo conceituação trazida pela Resolução 918 do CONTRAN, no inciso II do artigo 2°,
procedimento que dá ciência ao proprietário do veículo de que foi cometida uma infração
de trânsito com seu veículo.
E aí, com a simples leitura deste texto legal, entendemos que a notificação da autuação
vai dar ao proprietário do veículo oportunidade de exercer o direito ao contraditório e
a ampla defesa, através da defesa prévia ou defesa da autuação, bem como indicar o
real condutor infrator, caso não seja ele (proprietário) o responsável pela infração,
conforme previsão do § 7° do art. 257 do CTB.
[…]
§ 6º Para as NA expedidas antes de 12 de abril de 2021, o prazo de que trata o § 2º
não será inferior a 15 (quinze) dias.
Vale dizer, que a Lei 14.071/20 adicionou o art. 281-A ao CTB e aumentou o prazo para
apresentação de defesa prévia, bem como para apresentação de condutor infrator, que
agora é de 30 dias, veja:
63
Art. 281-A. Na notificação de autuação e no auto de infração, quando valer como
notificação de autuação, deverá constar o prazo para apresentação de defesa
prévia, que não será inferior a 30 (trinta) dias, contado da data de expedição da
notificação.
Art. 5º Caso o condutor do veículo seja o responsável pela infração, não seja o
proprietário ou o principal condutor do veículo e não seja identificado no ato do
cometimento da infração, o proprietário ou principal condutor do veículo deverá
indicar o real condutor infrator, por meio de formulário de identificação do condutor
infrator, que acompanhará a NA […]
Porém, é válido frisar que ainda não temos uma multa propriamente dito, ou seja, não
é exigível.
Ainda é válido frisar e destacar o que prevê o §1º do art. 5° da Resolução 918, que trata
da impossibilidade de colher a assinatura do condutor infrator, nos casos de veículos
registrados em nome de pessoa jurídica:
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E quando ocorre a indicação de condutor de pessoa não habilitada/habilitação vencida
ou de categoria diferente; ou de vários condutores quando as infrações forem
concorrentes?
2
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física
ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
65
A multa imposta ao veículo registrado em nome de pessoa jurídica, segundo redação do
§ 8° do art. 257 do CTB será dobrada, vejamos:
Sobre este tema, vale a leitura da Resolução 710/17 do CONTRAN que regulamenta os
procedimentos para a imposição da penalidade de multa à pessoa jurídica proprietária
do veículo por não identificação do condutor infrator (multa NIC), nos termos do art.
257, § 8º do Código de Trânsito Brasileiro.
Ainda é possível incluir o “principal condutor” ao Renavam do veículo, nos termos dos
§§ 10° e 11° do art. 257 do CTB, vejamos:
Isso quer dizer que, sendo o principal condutor cadastrado no Renavam do veículo, não
será necessária a indicação de condutor, mesmo que o veículo esteja registrado em
nome de outra pessoa.
Além do já exposto, existe um detalhe importantíssimo, que pode ser alegado visando
a nulidade do processo administrativo: a questão da notificação da autuação que não é
expedida no prazo de 30 dias.
Isso porque o artigo 281 do CTB traz a previsão de que a notificação da autuação deve
ser expedida dentro do prazo de 30 dias, vejamos:
66
Parágrafo único: O auto de infração será arquivado e seu registro julgado
insubsistente:
II – se, no prazo máximo de trinta dias não for expedida a notificação de
autuação. (grifo nosso)
Além do artigo 281, temos essa previsão também no art. 4° da Resolução 918 do
CONTRAN.
Não devemos confundir o ato de expedição acima citado com o ato de receber a
notificação, pois o que a lei exige é que o órgão de trânsito expeça a notificação no prazo
de 30 dias e não que a notificação chegue ao conhecimento do proprietário do veículo
em 30 dias.
Ok. Entendemos! Mas o que significa ser a notificação “expedida”, conforme grifamos
no artigo supramencionado?
Art. 30. A expedição das notificações de que trata esta Resolução se caracterizará:
I - pela entrega da notificação pelo órgão autuador à empresa responsável por seu
envio, quando utilizada a remessa postal; ou
II - pelo envio eletrônico da notificação pelo órgão autuador do veículo, quando
utilizado sistema de notificação eletrônica.
Isso quer dizer então, que a notificação da autuação deve ser postada nos correios no
prazo de 30 dias. É isso que a leitura desses artigos nos fala.
A Polícia Rodoviária Federal é um dos órgãos de trânsito que deixa em evidência a data
de expedição e a data da postagem.
67
Peguei esse exemplo para te mostrar onde encontrar e para que você não se confunda
quando for fazer essa alegação na sua defesa, vejam:
Analisando essa notificação, é fácil perceber que nela consta a data da expedição da
notificação da autuação (NA) e depois, no verso, a data da postagem.
Você vai alegar essa nulidade em uma preliminar dentro da sua defesa da autuação.
Percebeu a importância do estudo das notificações? Para que você consiga alegar a
nulidade antes mesmo de adentrar ao mérito da questão.
68
Pode ser que a infração tenha acontecido, pode ser que o auto de infração seja
consistente, porém, se a notificação não for expedida dentro de 30 dias, há
descumprimento na forma do ato administrativo, por isso sua nulidade, porque violou
a forma prescrita em lei.
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo
estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do
veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico
hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
[…]
§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256
deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa
prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contados:
I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste
Código, da data do cometimento da infração
II - no caso das demais penalidades previstas no art. 256 deste Código, da conclusão
do processo administrativo da penalidade que lhe der causa
[…]
§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § 6º deste artigo implicará a
decadência do direito de aplicar a respectiva penalidade.
O art. 282 teve nova redação pela Lei 14.229, bem como os §§ 6° e 7°. O texto legal
incluiu prazos que, ao serem desobedecidos, ensejarão a decadência do direito de
punir.
69
Então note: temos dois tipos de notificação obrigatórias: Notificação da autuação e
notificação da imposição da penalidade, a doutrina e a jurisprudência tratam o tema
como “Dupla Notificação”, pois temos duas notificações obrigatórias.
O que é JARI?
A Junta Administrativa de Recursos e Infrações – JARI compõe o Sistema Nacional de
Trânsito.
Além disso, importante frisar que até a data do vencimento expressa na Notificação da
Penalidade de Multa ou enquanto permanecer o efeito suspensivo sobre o Auto de
Infração de Trânsito, não incidirá qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento
e transferência, nos arquivos do órgão ou entidade executivos de trânsito responsável
pelo registro do veículo.
Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta nos termos do art. 282 deste Código
será interposto perante a autoridade que imputou a penalidade e terá efeito
suspensivo.
Art. 284.
[…]
§ 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser aplicada qualquer restrição,
inclusive para fins de licenciamento e transferência, enquanto não for encerrada a
instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades.
71
Isso quer dizer que enquanto houver recurso em julgamento, ou seja, em andamento, a
penalidade de multa não pode ser cobrada.
A fase administrativa, por sua vez, finaliza nos termos do que dispõe o art. 290 do CTB:
Outro ponto importante é que o pagamento da multa pelo proprietário do veículo (para
aproveitar o desconto), não enseja renúncia ao recurso, desde que seja feito com 20%
de desconto e não com 40% de desconto, na forma do art. 284 do CTB.
Recurso em 2ª Instância
E, por fim, conforme leitura do artigo 16 da Resolução 918 do CONTRAN, “das decisões
da JARI caberá recurso em segunda instância na forma dos arts. 288 e 289 do CTB.”
Quero frisar com vocês que a notificação devolvida por desatualização do endereço do
proprietário do veículo será considerada válida para todos os efeitos, conforme leitura
do §1° art. 282 do CTB.
72
O artigo 18 da Resolução 918 do CONTRAN, bem como o art. 290 do CTB preveem que
somente depois de esgotados os recursos, as penalidades aplicadas poderão ser
cadastradas no RENACH.
E porque estou falando tudo isso para você? Por conta da nulidade que vem
acompanhada da ausência de notificação de um desses indivíduos.
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo
estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do
veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico
hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
[…]
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término do prazo para apresentação
de recurso pelo responsável pela infração, que não será inferior a trinta dias
contados da data da notificação da penalidade.
Viu?! A notificação será expedida ao responsável pela infração, que pode ser o
proprietário do veículo ou o condutor infrator de um modo que assegure a penalidade
a ser aplicada.
Vamos de exemplo prático disso que está sendo exposto: Erica empresta seu carro,
Range Rover Evoque para você. Você vai numa festa, bebe alguns drinks, vai embora
dirigindo e é pego numa blitz da Lei Seca. Enquanto isso, Erica, que é a proprietária do
veículo, está em casa assistindo Netflix.
Fique com isso em mente. Aí eu te pergunto: quem deve ser notificado? O condutor que
cometeu a infração e sobre ele recairá a penalidade em questão ou o proprietário?
§ 5º O AIT valerá como NA quando for assinado pelo condutor e este for o
proprietário do veículo ou o principal condutor previamente identificado, desde que
73
conste a data do término do prazo para a apresentação da defesa da autuação, nos
termos do art. 281-A do CTB.
Concluindo, nas linhas da legislação estudada, não é possível extrair que apenas o
proprietário do veículo tem o direito ao exercício ao contraditório e a ampla defesa. Pelo
contrário, resta evidente que o direito de resposta se aplica ao condutor quando das
infrações de sua responsabilidade, pois em seu RENACH, são cadastradas as
penalidades.
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Quem notificar? Empresas de Arrendamento Mercantil
Isso quer dizer então que o contrato de penhor, arrendamento mercantil, comodato,
aluguel e arrendamento devem estar registrados no RENAVAM do veículo, conforme
previsão da Resolução 807/2020, que dispõe sobre os procedimentos para o registro de
contratos de financiamento com garantia real de veículo nos órgãos ou entidades
executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, para anotação no Certificado
de Registro de Veículos (CRV) e no Certificado de Licenciamento Anual (CLA).
Por isso é importante que você oriente o cliente a manter o endereço do veículo e da
CNH atualizados nos cadastros Detran do estado a qual ele pertence e no RENACH, pois
se o endereço estiver errado essas notificações podem não chegar até a pessoa a ser
notificada.
E se ela não chegar, será difícil usar esse argumento a seu favor, pois uma coisa é chegar
fora do prazo, outra coisa é não chegar porque o seu endereço estava desatualizado.
Isso porque segundo a legislação, serão consideradas válidas para todos os efeitos as
notificações devolvidas por desatualização de endereço, conforme dispõe o Art. 282, §
1º, do Código de Trânsito Brasileiro, bem como o §5° do artigo 10° e do §5º do art. 32
da Resolução 918 do CONTRAN, veja:
Art. 282.
[…]
75
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário
do veículo ou por recusa em recebê-la será considerada válida para todos os
efeitos.
***
Depois faça com calma a leitura dos artigos que eu cito neste material e qualquer dúvida,
já sabe.
A notificação por edital é tratada no Capítulo V da Resolução 918 nos casos de multas
de trânsito.
Com a simples leitura deste artigo, podemos perceber que a notificação por edital só vai
acontecer após esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o proprietário do
veículo.
E ela deve conter os mesmos requisitos da notificação que é enviada de forma postal.
Na prática, muitas vezes essas tentativas não são esgotadas antes da publicação em
edital, resultando em um condutor desinformado sobre a penalidade que corre contra
ele.
76
§ 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação eletrônica, conforme
regulamentação do Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem recurso,
reconhecendo o cometimento da infração, poderá efetuar o pagamento da multa
por 60% (sessenta por cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, até o
vencimento da multa.
[…]
§ 5º O sistema de notificação eletrônica, referido no § 1º deste artigo, deve
disponibilizar, na mesma plataforma, campo destinado à apresentação de defesa
prévia e de recurso, quando o condutor não reconhecer o cometimento da infração,
na forma regulamentada pelo Contran.
Ao se cadastrar no SNE, o usuário poderá inserir os seus veículos e receber via eletrônica
as notificações referentes as infrações aplicadas pelos órgãos Autuadores que aderiram
à solução. O usuário poderá inserir ou excluir os veículos a qualquer tempo.
O proprietário do veículo informado passará a ser comunicado eletronicamente acerca
das notificações de autuação e penalidade interestaduais, de responsabilidade de
órgãos autuadores optantes pelo Sistema de Notificação Eletrônica.
Nos demais casos, ele receberá a Notificação de Autuação (NA) por remessa postal no
endereço cadastrado no registro de seu veículo.
É perfeitamente POSSÍVEL recorrer de todas as suas multas, mesmo que o cliente tenha
cometido a infração, afinal é indispensável que o órgão de trânsito dê ao penalizado a
oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa. Para isso, observar os prazos
é essencial.
77
Também é possível RECORRER de todos os processos administrativos de suspensão e
cassação do direito de dirigir, afinal, como dito, recorrer é um direito e está previsto na
Constituição Federal.
E vamos ao que interessa: o seu cliente, ao receber uma notificação da autuação (desde
que o endereço do veículo esteja devidamente atualizado), vai procurar um especialista
na área.
E você estará pronto e vai conseguir fechar contrato com esse cliente para recorrer da
multa dele e tentar o cancelamento, recorrendo 3 vezes.
Ao ser instaurado esse processo, o órgão de trânsito deve dar ao cliente o direito de se
defender em 3 momentos: na Defesa Prévia, no Recurso em 1ª Instância (JARI) e no
Recurso em 2ª Instância (CETRAN). Isso quer dizer que você poderá recorrer
administrativamente 3 vezes.
1. clareza
2. simplicidade
3. ir direto ao ponto
4. não ser prolixo e repetitivo
Evite isso!
78
Você, que agora ostenta o título de especialista em Legislação de Trânsito, minha dica
é: encontre o problema, a nulidade, o erro, aponte-o para a Administração Pública e
ponto muito escrever não fará diferença nesse caso.
Um recurso limpo, claro e objetivo ajuda o órgão autuador a entender o seu ponto de
vista, e verificar o que deve ser corrigido.
Então, elabore um recurso sucinto, com poucas páginas e sem muitas jurisprudências,
mas apenas aquelas que realmente ratificarem a sua argumentação.
Se é a primeira vez que você está lendo este nome, pode parecer algo muito complicado,
mas acredite, na verdade não é.
Assim, de acordo com o artigo 4º da resolução 900 do CONTRAN, o recurso que não
apresentar alguns dos requisitos abaixo não será conhecido, vejamos:
Portanto, ao formular o recurso, você deve estar bem atento às exigências do artigo
supramencionado, para não perder o direito de ter o seu pleito analisado.
Para saber a quem endereçar, você deve ter em mãos a última notificação recebida
sobre a infração supostamente praticada. Também é possível verificar o órgão autuador
pelo auto de infração.
79
Primeiramente, deverá constar o endereçamento ao órgão autuador, ou seja, o órgão
que lavrou o auto de infração
Na fase administrativa, deverá ser remetido ao órgão autuador. Este órgão pode ser o
DETRAN, o DER, a PRF, órgãos municipais, entre outros.
Preste muita atenção no endereçamento, pois o protocolo no local errado poderá gerar
problemas.
Na qualificação você irá informar os seguintes dados básicos: nome completo estado
civil profissão RG, CPF e endereço completo.
Neste momento, você pode achar que são poucas essas informações. Mas, na verdade,
não são.
Por esse motivo, essas informações já serão suficientes para dar prosseguimento ao
julgamento da defesa ou do recurso.
A peça processual que você está elaborando, tem um objetivo muito bem definido qual
seja, questionar a validade de um ato administrativo.
Por isso você deve informar qual é este ato, veja um exemplo:
Eu fulano, estado civil, profissão, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx,
venho por meio desta apresentar:
Recurso
80
Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de
infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art.
X do CTB.
Assim, com esse exemplo, note que você já fez o endereçamento do recurso, fez a
qualificação correta e informou qual o objetivo do recurso.
Aqui você deverá seguir a primeira dica que eu dei lá no começo, quando falei dos
requisitos essenciais, ou seja, expor suas razões com clareza, simplicidade, indo direto
ao ponto e não sendo prolixo e repetitivo.
Então, você descrever o que aconteceu, de forma sucinta e objetiva. Não precisa
escrever um recurso com muitas páginas, com detalhes imensos tentando impressionar,
pois, isso é cansativo e ninguém lê.
E as provas?
Não adianta alegar, ou seja, descrever os fatos e não provar que está com a razão.
Antes de te mostrar as possíveis argumentações, eu quero abordar o que você NÃO deve
alegar!
Existem certas argumentações que aparecem sempre nos recursos de multa, mas que,
pelo menos na esfera administrativa, não fazem a menor diferença.
Muitas pessoas simplesmente alegam que “precisam dirigir” como se este fato
encontrasse algum respaldo legal para ensejar o deferimento do pedido e o afastamento
da penalidade.
Posto isto, existem muitas defesas possíveis a depender da infração cometida. Algumas,
serão focadas em falhas do procedimento, outras, no auto de infração, e mais algumas
em erros de fato, como, por exemplo a não realização de uma conduta (ex: falta de
medida administrativa) atestada pelo agente da autoridade de trânsito.
Vamos utilizar um exemplo de como deve ser a alegação da defesa neste último caso
com a produção de provas.
Imagine que o seu cliente tenha sido autuado por infração ao art. 165 do CTB e, minutos
após a abordagem ele se dirige até um laboratório e faz um exame para detectar os
níveis de álcool no sangue.
Como ficariam então os fatos da sua defesa e as provas capazes de atestar a veracidade
das suas informações?
Eu fulano, estado civil, profissão, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx,
venho por meio desta apresentar:
Recurso
I – FATOS
Todavia, o auto de infração é nulo, uma vez que conforme documentos em anexo (prova
1), o recorrente não conduzia o veículo sob efeito de álcool, já que logo após a
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abordagem realizou exame de sangue para certificar a quantidade de álcool em seu
organismo.
Este fato é comprovado pelo exame feito em laboratório no dia xx/xx/xxx às xx hs, em
anexo a esta defesa (prova 2).
Sendo assim, certamente não há tipificação, estando por tal motivo nulo o auto de
infração.
O maior e mais terrível erro cometido por quem faz recursos de multa, é faltar com a
verdade inventando argumentos.
A Administração Pública não está contra o condutor, está a favor do interesse público,
e não se nega a anular atos que estejam efetivamente equivocados.
5º) PEDIDO
O pedido tem que ser congruente com as razões expostas nos fatos e ser obviamente
possível.
Como assim? Não adianta pedir, por exemplo, a retratação pública por parte do
DETRAN, ou a prisão de agentes públicos.
É importante lembrar que os recursos de multa não têm este objetivo, muito embora
alguns possam servir como meios de prova para a responsabilização administrativa, cível
e penal de alguns agentes públicos.
Então, na parte do pedido você deverá focar na conclusão lógica que seus argumentos
criaram.
Ficaria assim:
Recurso
I – FATOS
Todavia, o auto de infração é nulo, uma vez que conforme documentos em anexo (prova
1), o recorrente não conduzia o veículo sob efeito de álcool, já que logo após a
abordagem realizou exame de sangue para certificar a quantidade de álcool em seu
organismo.
Este fato é comprovado pelo exame feito em laboratório no dia xx/xx/xxx às xx hs, em
anexo a esta defesa (prova 2).
Sendo assim, certamente não há tipificação, estando por tal motivo nulo o auto de
infração.
II – PEDIDOS
2 – Seja dado provimento ao recurso para declarar a nulidade do auto de infração nº xxx
em virtude dos fatos acima delineados, afastando assim suas consequências lógicas.
Local, Data.
_________________________________
Nome e assinatura do requerente
Viu como não é tão complicado? Basta colocar no papel tudo o que vocês já sabem, tudo
que já aprenderam.
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Fique atendo ao prazo final para apresentação de defesa e dos recursos, para que eles
sejam TEMPESTIVOS, conforme determinam os artigos 6° da Resolução 900 do
CONTRAN e 29 da Resolução 918 do CONTRAN, vejamos:
A parte legítima para apresentar defesa e recursos são todos aqueles previstos do art.
2º da Resolução 900 do CONTRAN:
Documentos indispensáveis
A notificação vai trazer informações sobre os documentos a serem anexados, bem como
onde você deverá fazer o protocolo da defesa ou recurso, por isso, ler a notificação é
essencial.
85
II - cópia da notificação de autuação ou notificação da penalidade, conforme o caso,
ou ainda cópia do AIT ou de documento que conste a placa do veículo e o número
do AIT;
III - cópia da CNH ou outro documento de identificação que comprove a assinatura
do requerente;
IV - documento que comprove a representação, quando pessoa jurídica; e
V - procuração, quando for o caso.
Parágrafo único. Na apresentação de defesa ou recurso, em qualquer fase do
processo, para efeitos de admissibilidade, não serão exigidos documentos ou cópia
de documentos emitidos pelo órgão responsável pela autuação.
Como é uma notificação antiga, ela menciona a Resolução 299 do CONTRAN, REVOGADA
pela Resolução 900.
Defesa Prévia
Assim que é constatada uma infração de trânsito, mediante abordagem com a lavratura
de um auto de infração e após o julgamento da consistência do auto de infração, o órgão
de trânsito (autoridade de trânsito) autuador DEVE enviar no endereço do proprietário
do veículo a notificação da autuação em até 30 dias.
A partir do momento que ele recebe esta notificação ou o auto de infração, você já pode
iniciar sua defesa, pois nesta notificação você terá ciência do prazo (30 dias) para
apresentar Defesa Prévia junto ao órgão autuador.
Neste primeiro momento, você deve analisar questões técnicas do auto de infração,
principalmente sobre o ato administrativo conforme outrora estudado, bem como
verificar o julgamento da consistência do mesmo.
Se o cliente não foi abordado ou não teve acesso ao auto de infração, você DEVE solicitá-
lo junto ao órgão autuador, já que a defesa é feita contra o AUTO DE INFRAÇÃO e não
contra a notificação, pois se houver descumprimento dos requisitos técnicos e formais
do AIT você terá boas chances de ter sua Defesa Prévia deferida.
Lembre-se de observar sempre o MBFT, pois ele prevê de forma detalhada todas as
infrações previstas na legislação de trânsito, abordando de maneira minuciosa a exata
conduta que os agentes fiscalizadores devem adotar ao se deparar com qualquer uma
delas, procedendo com a lavratura do auto de infração de trânsito (AIT), a aplicação das
medidas administrativas, quando cabíveis, e demais providências pertinentes ao ato
infracional.
87
a Resolução 918, que estabelece e normatiza os procedimentos para a aplicação das
multas por infrações e dá outras providências.
É importante que você conheça as resoluções específicas ao caso. Por exemplo, a multa
por excesso de velocidade prevista no artigo 218 do CTB, possui a Resolução 798/2020
que dispõe sobre requisitos técnicos mínimos para a fiscalização da velocidade de
veículos automotores, elétricos, reboques e semirreboques.
Outro exemplo são as infrações da Lei Seca (bafômetro), regidas, além da legislação
estudada - CTB, pela Resolução 432 do CONTRAN. É importante verificar também essa
questão para melhor argumentação.
O AIT, por ser uma peça informativa PRECISA estar no processo. Você PRECISA dele para
sua defesa, o AIT é indispensável para que você elabore a melhor defesa.
Frisa-se que para conseguir cópia do auto de infração, não é necessário juntar
procuração, em que pese alguns órgãos de trânsito fazerem essa exigência, pois o
processo administrativo é público.
Veja esse vídeo sobre a Lei de Acesso à informação, vai esclarecer bem essa questão.
Cabe, aqui, destacar que a inobservância à forma é vício formal que torna nulo o
processo administrativo para a imposição das penalidades, independentemente do
cometimento da infração. E é isso que você vai alegar na sua DEFESA PRÉVIA.
Você também pode alegar questões de mérito na sua Defesa Prévia (art. 9° da Resolução
918), porém, é preciso que você prove o alegado.
Ex. em casos onde a infração é cometida em outra cidade, porém o proprietário estava
trabalhando; junte o cartão de ponto para comprovar essa alegação.
Importante deixar claro o que buscamos com a defesa prévia, que é justamente a
inconsistência do auto de infração e você vai fazer isso impugnando a consistência do
auto de infração.
Caso a defesa não seja deferida, ou seja, se ela for INDEFERIDA, como estudado, o cliente
receberá uma nova notificação: a notificação de imposição da penalidade. É essa
notificação que comunicará o indeferimento da defesa e trará o prazo para apresentar
recurso à JARI.
Recurso à JARI
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Agora, nesta notificação, o órgão autuador descreverá as penalidades que estão sendo
aplicadas contra o cliente (pontos) e a multa será gerada (boleto para pagamento).
Antes de falar sobre o recurso à JARI, é preciso que você entenda o que é recurso.
Recurso serve para reformar ou invalidar uma decisão e, no Poder Judiciário, outros
recursos servem para esclarecer ou integrar algo em uma decisão.
Quando você recorre de uma decisão que foi proferida na Defesa Prévia, por exemplo,
você não pode enviar uma cópia do mesmo recurso (enviado na defesa prévia), pois
assim, você não está recorrendo de uma decisão com a intenção de reformá-la, mas sim
apresentando os mesmos termos que levaram à essa decisão.
Ex. Encontrou uma inconsistência no AIT, alegou na defesa prévia, mas o julgamento
veio: Indeferido. O que você faz no recurso à JARI? Um tópico falando sobre o erro no
julgamento, ao aplicar a penalidade e não julgá-la deferida.
Agora sim, sobre Recurso à JARI, neste momento, o pagamento da multa ou o depósito
recursal, como alguns chamam, não é obrigatório, porém se o proprietário do veículo
não fizer o pagamento dentro do prazo, a multa não paga até o vencimento será
acrescida de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais acumulada mensalmente,
calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do
pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver
sendo efetuado.
Utilize a legislação a seu favor e faça um recurso consistente. Vou te mostrar como mais
adiante.
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Isso porque se a defesa não tiver todos os tópicos apreciados no julgamento, você
poderá alegar isso no recurso à JARI. Essa é a previsão do artigo 50, V da Lei 9.784/1999,
vejam:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
[...]
V - decidam recursos administrativos;
O prazo para o recurso à JARI ser apreciado NÃO É DE 30 DIAS! Essa era a antiga redação
do § 3º do art. 285 do CTB.
§ 6º O recurso de que trata o caput deste artigo deverá ser julgado no prazo de 24
(vinte e quatro) meses, contado do recebimento do recurso pelo órgão julgador.”
Ocorre que essa alteração só entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2024, nos termos
do inciso II do art. 7º da Lei 14.229/2021, veja:
Por fim, se o recurso apresentado à JARI também for indeferido você poderá apresentar
o último recurso.
Recurso ao CETRAN
Aqui você vai usar tudo que estudou sobre a aplicação da multa pela infração que o
cliente cometeu. As Resoluções específicas, o MBFT e o próprio CTB.
Lembre-se, se o julgamento for genérico, a penalidade poderá ser anulada por violação
ao Princípio da Motivação, conforme o artigo 50, V da Lei 9.784/1999.
90
Para todos os recursos e defesa é imprescindível prestar muita atenção aos prazos de
envio, aos endereços de envio e aos documentos que deverão ser anexados junto à
defesa ou ao recurso.
Por fim, é importante recorrer até o fim, mesmo que o cliente esteja desesperançoso,
pois os julgadores mudam de uma instância para outra, e os resultados podem ser
diferentes. Além disso, como agora os órgãos de trânsito têm prazo para expedição as
notificações de penalidade, os índices de deferimento estão aumentando. Sendo assim,
não deixe de recorrer até o fim.
O recurso em 2ª instância também tem prazo para ser apreciado – 24 meses, na forma
do art. 289 do CTB:
Art. 289. O recurso de que trata o art. 288 deste Código deverá ser julgado no prazo
de 24 (vinte e quatro) meses, contado do recebimento do recurso pelo órgão
julgador:
Ocorre que essa alteração só entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2024, nos termos
do inciso II do art. 7º da Lei 14.229/2021, veja:
Lembra que falamos da divisão de responsabilidades prevista no CTB? Então, aqui você
deve observar o art. 257 e 282 do CTB, caso a infração tenha sido constatada mediante
abordagem e o motorista infrator não seja o proprietário do veículo, quem deve ser
notificado, com notificação a ele endereçada é o CONDUTOR. Caso de veículo
emprestado na multa do bafômetro, por exemplo.
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Também é alegada em preliminar de mérito. Em casos assim, você deve demonstrar ao
julgador que há um equívoco, uma confusão entre o infrator e a pessoa notificada.
Pode ser que o condutor e o proprietário residam na mesma casa, como marido e
mulher, pai e filho, etc.
Com isso, já vi muitos julgadores e até mesmo juízes de direito alegarem que o simples
fato da notificação ser enviada para o endereço do proprietário (que, em tese, seria o
mesmo do condutor) já é válida, mesmo que esteja endereçada ao proprietário.
O que viola o texto legal, já que a entrega da notificação, em casos assim, não será de
responsabilidade do órgão autuador, mas sim do proprietário do veículo.
b) Ausência de notificação
Vale frisar que você deve estar seguro que o endereço do cliente estava devidamente
atualizado, caso contrário, estará dando um tiro no próprio pé.
É certo que em cada uma das fases do procedimento administrativo, o órgão autuante
deve cumprir os requisitos formais que, em não sendo observados, podem levar à
nulidade do processo administrativo.
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A inobservância quanto a expedição da notificação de autuação no prazo legalmente
estabelecido, enseja a anulação do AIT por falta de cumprimento de requisitos formais,
nos termos do art. 281, II do CTB, veja como usar:
A Lei é muito clara no que tange aos requisitos obrigatórios que órgãos de trânsito
devem observar, o prazo para expedir a notificação é um desses requisitos obrigatórios,
vejamos:
Ainda, temos a Resolução n° 918 do CONTRAN que fala sobre a notificação no artigo 4º,
§ 1º, que diz:
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo
estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do
veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico
hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
[…]
§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256
deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa
prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contado:
I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste
Código, da data do cometimento da infração;
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo
estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do
veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico
hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
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§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256
deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa
prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contado:
I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste
Código, da data do cometimento da infração;
Nesse sentido, cabe dizer que apresentei defesa prévia contra o AIT aqui em discussão,
o que atrai a regra de preclusão estabelecida no § 6º, do artigo 282.
Houve apresentação de defesa prévia que foi julgada somente agora, num prazo muito
superior ao que prevê o art. 282.
Como vimos, julgar a consistência do AIT significa que antes de ser emitida a notificação
da autuação, cabe à autoridade de trânsito verificar se o auto de infração apresenta a
regularidade formal necessária, ou seja, significa verificar se o AIT preenche os requisitos
do ato administrativo.
Se você verificar que esses requisitos não foram cumpridos, caberá a você impugnar o
julgamento da consistência do AIT na primeira oportunidade, ou seja, na defesa prévia.
É muito comum que motoristas vendam seus veículos sem que haja a transferência dos
mesmos.
Isso faz com que as infrações e pontos delas decorrentes sejam inseridas na CNH do
proprietário, mesmo após a venda, uma vez que este não é o possuidor do veículo, ou
seja, não detém a posse do mesmo.
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Assim, as penalidades podem ser inseridas na CNH de permissionários e de motoristas
que estejam cumprindo penalidades de suspensão. E isso pode causar inúmeros
transtornos, como o cancelamento da PPD e cassação da CNH.
Por isso, usamos a tese de veículo vendido antes ou depois do cometimento das
infrações, veja o modelo:
Em que pese o cadastro administrativo estar em seu nome, o veículo foi vendido em
XX/XX/XXXX.
Nesse caso, vale a análise da regra contida no artigo 134, posto que há documentos que
comprovam a venda e também demonstram que o Requerente não detinha a posse do
veículo quando do cometimento da infração que consta na figura 1, não podendo ser
responsabilizado pelas infrações cometidas, vejamos:
O que devemos considerar neste caso é que, na data da infração, o veículo ainda estava
em posse do antigo proprietário, devendo este ser o responsável pela mesma, pois resta
plenamente demonstrado e comprovado que o Requerente não teve qualquer
participação na infração cometida.
Deve existir, pois, uma relação de causalidade entre o infrator e a infração cometida,
não sendo possível admitir a responsabilidade indireta do atual proprietário naquelas
infrações que, sabidamente, não teve qualquer tipo de participação.
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Vejamos o que recentemente decidiu o Juizado Especial de Botucatu
97
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.CÓDIGO DE
TRÂNSITO BRASILEIRO. SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. ALIENAÇÃO
DE VEÍCULO. RESPONSABILIDADE PELAS INFRAÇÕES. SOLIDARIEDADE
ENTRE COMPRADOR E VENDEDOR ENQUANTO NÃO HOUVER A
COMUNICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO AO DETRAN. ACÓRDÃO A QUO
QUE AFIRMA ESTAR COMPROVADO QUE AS INFRAÇÕES QUE ENSEJARAM
A PENALIDADE NÃO FORAM COMETIDAS PELO VENDEDOR.
IMPOSSIBILIDADE DE SER-LHE APLICADA A SUSPENSÃO DO DIREITO DE
DIRIGIR. 1. [...] 2. Analisando casos semelhantes, tanto a Primeira como a
Segunda Turma firmaram entendimento de que realmente existe a
solidariedade pelas infrações entre o vendedor e o comprador do veículo,
enquanto a alienação não for informada ao DETRAN. No entanto, tal
solidariedade não é absoluta e deve ser relativizada nos casos em que estiver
comprovado que não foi o vendedor que cometeu as infrações.
Precedentes: REsp 804.458/RS, Rel. Ministro teori Albino Zavascki, Primeira
Turma, DJe 31/08/2009 e REsp 1024815/RS, Rel. Ministro Castro Meira,
Segunda Turma, DJe 04/09/2008. 3. No caso dos autos, não se deve aplicar
a penalidade ao ora recorrido, uma vez que o acórdão a quo é categórico ao
afirmar que a infração não foi cometida pelo recorrido, mas, sim, pelo novo
proprietário do veículo. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1063511/PR,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
18/03/2010, DJe 26/03/2010)
***
Logo, devemos observar a regra contida no artigo 134, do Código de Trânsito Brasileiro,
afastando-se a responsabilidade do Requerente, posto que A INFRAÇÃO OCORREU
ANTES DA VENDA E ENTREGA DO VEÍCULO AO MESMO.
e) Ausência de Motivação
Outro ponto que você pode usar a seu favor nas defesas e recursos de multas de trânsito
é a ausência de motivação. Lembra que falamos sobre os princípios da administração
pública? Pois é! Aqui é um caso onde podemos usá-lo.
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Caso o órgão autuador viole o Princípio da Motivação, o ato administrativo estará
passível de nulidade.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
[...]
V - decidam recursos administrativos;
Vamos usar como exemplo a medida administrativa que deve ser aplicada na multa do
bafômetro.
(...)
Ora, consta no AIT que o veículo foi liberado para o Sr. Fernando Peres, porém,
em momento algum, este foi submetido ao teste do etilômetro, o que viola,
como dito, o art. 9° da Resolução 432 do CONTRAN, já que o condutor
habilitado, também deverá ser submetido à fiscalização.
99
Medidas Administrativas constituem providências imediatas, que visam sanar a
infração de trânsito no local, têm o objetivo de completar ou complementar as
penalidades, sendo em alguns casos, tão importante quanto a própria
penalidade, não podendo a autoridade ou agente de trânsito omitir-se em
aplicá-la.
Ora, o Requerente, condutor autuado pode ser privado de dirigir por conta da
suposta ingestão de álcool, mas o condutor que retirou o veículo do local pode
dirigir sem ser submetido ao teste do etilômetro? Perceba que a finalidade da
norma acaba inexistindo.
100
g) Ausência da medida administrativa
Aqui será rebatido o que consta no auto de infração. Vai alegar que não consta nenhuma
medida administrativa descrita no auto de infração pelo agente de trânsito, mesmo que
tenha havido no ato da abordagem.
A tese será construída no intuito de falar da ausência da medida administrativa, por isso
deve-se demonstrar a importância da medida administrativa no momento da
abordagem pelo agente de trânsito.
Deixar bem claro, que a medida administrativa é o ato mais importante na abordagem
da Lei Seca e, consequentemente, da lavratura do auto de infração.
Deverá constar, ainda, que o agente de trânsito colocou em risco a vida do próprio
condutor e da sociedade.
101
Neste outro caso, o veículo autuado foi liberado para ser conduzido pelo próprio
motorista, ou seja, o agente de trânsito deixou de relatar no AIT a medida administrativa
prevista no art. 9° da Resolução 432 do CONTRAN.
Ocorre que, neste caso, o agente de trânsito liberou o veículo ao próprio infrator,
deixando de adotar a medida administrativa de retenção do mesmo, até a apresentação
de condutor habilitado.
Se o recurso foi DEFERIDO, o valor pago será devolvido, com correção dos débitos fiscais.
Assim, não se preocupe se o cliente fizer o pagamento da multa, será enviado para ele
um formulário (como o da foto) para restituição do valor pago.
103
Esse formulário pode variar de órgão para órgão de trânsito. Procure saber sobre isso.
Por último, ainda falando sobre notificações, é preciso falar da regra trazida no §1º do
art. 32 da Resolução 918 do CONTRAN:
Isso quer dizer que, havendo a venda do veículo, se não constar a multa no ato da
transferência, o atual proprietário será “notificado” quando do licenciamento. É a
chamada notificação presumida.
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A suspensão, como visto, é uma das penalidades previstas no artigo 256 do CTB e retira,
de forma temporária, a licença concedida pelo Estado para que alguém dirija veículos
automotores.
A suspensão, além de estar prevista no artigo 256 do CTB, também tem previsão no
artigo 261 do CTB e no artigo 3° da Resolução do CONTRAN n° 723/18, alterada pela
Resolução 844/21.
Praticamente o texto da lei se repete, mas é possível verificar que temos duas hipóteses
de instauração do processo de suspensão: quando o motorista atingir o novo limite de
pontos no período de 12 meses; e/ou se ele cometer alguma infração auto suspensiva.
Eu discordo da redação dos textos legais supracitados, pois, antes que haja a imposição
da penalidade de suspensão, é necessário que o órgão de trânsito competente, instaure
o processo administrativo competente e dê àquele que será penalizado, oportunidade
de exercer o contraditório e a ampla defesa, conforme resguardado pela Constituição
Federal.
O texto do artigo 5°3 da Resolução 723 também diz que a penalidade só poderá ser
aplicada se assegurados a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal do
motorista a ser penalizado.
Por isso, o texto dos artigos supramencionados, ao invés de utilizar a palavra “imposta”
deveriam usar a palavra “instaurada”, mas essa é a minha opinião.
3
Art. 5º As penalidades de que trata esta Resolução serão aplicadas pela autoridade de trânsito do órgão de registro
do documento de habilitação, em processo administrativo, assegurados a ampla defesa, o contraditório e o devido
processo legal.
107
Ainda é preciso esclarecer sobre a ‘nova regra’ criada pelo inciso III do art. 3° da
Resolução 723, conforme destacado acima é ilegal, pois não há nada nesse sentido no
CTB.
Isso porque o CONTRAN não tem competência para criar novos tipos de infrações de
trânsito, nem novas modalidades de penalidades, pois, agindo assim, há ofensa ao
Princípio da Reserva Legal, ele deve se limitar a regulamentar os tipos já existentes.
Assim, o inciso III do art. 3° acima citado, viola o princípio da legalidade, como veremos
mais adiante.
Outro ponto importante de ser observado, são as infrações que não mais somarão
pontos para fins de instauração do processo de suspensão do direito de dirigir, vejamos
o art. 259 do CTB:
Assim, não são todas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro que
possuem a capacidade para gerar pontos.
108
Isso é o que determina o parágrafo 4º, do artigo 259:
O inciso I traz uma situação exclusiva para ônibus, entretanto, essa mesma modalidade
de serviço de transporte de passageiros pode ser exercida também por microônibus,
que é veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para até 20 (vinte)
passageiros.
Logo, por analogia, deve ser aplicada também aos motoristas de vans e similares, sob
pena de violar o princípio constitucional da igualdade, penalizando determinados tipos
de condutores e isentando outros do cumprimento da lei, sendo que a situação
encontrada é similar.
Já o inciso II traz um rol de infrações que não são mais puníveis com a pontuação,
independentemente do tipo de veículo em que ocorrer.
Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste
Código:
Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto ao
órgão executivo de trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art. 123:
109
Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do
condutor:
Infrações auto suspensivas, conforme eu citei acima, são aquelas que preveem além da
multa, a penalidade de suspensão, veja, como exemplo, o artigo 165 do CTB:
Note que há multa + suspensão do direito de dirigir como penalidade específica quando
da infração ao artigo 165 do CTB.
E, só como um comentário, a penalidade multa (dez vezes) quer dizer que o valor da
multa gravíssima será multiplicado por 10. Isso é, como vimos, o chamado ‘fator
multiplicador’.
Além da infração ao artigo 165, temos mais algumas infrações auto suspensivas, ou seja,
que tem como penalidade, além da multa, a suspensão do direito de dirigir.
Elas estão previstas nos artigos: 148-A, §5°; 165, 165-A, 165-B, 170, 173, 174, 175, 176,
191, 210, 218, III, 244, I, II, III, e V e 253-A do CTB.
Ainda sobre as infrações que tem como penalidade específica a suspensão, precisamos
conversar sobre a questão do §3° do artigo 7° da Resolução 723 do CONTRAN no que diz
respeito ao cômputo da pontuação das infrações auto suspensivas, veja o que diz este
artigo:
§ 3º Não serão computados pontos nas infrações que preveem, por si só, a
penalidade de suspensão do direito de dirigir.
Assim, para as infrações que tenham como penalidade específica a suspensão do direito
de dirigir não haverá somatória de pontos para não haver penalidade aplicada em
duplicidade (bis in idem) - suspensão por infração específica e (+) suspensão por
pontuação.
110
Isso quer dizer que a pontuação da infração ao artigo 165 do CTB, por exemplo, não será
computada para fins de instauração da penalidade de suspensão por pontos.
Anotações:
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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Como é uma penalidade acessória, ela não obsta a imposição de qualquer penalidade
pelo seu descumprimento, isso porque não há previsão dessa penalidade como sendo
fato gerador de multa.
111
§ 4º Caso o condutor já tenha cumprido o prazo de suspensão do direito de dirigir e
seja flagrado na condução de veículo automotor sem ter realizado o curso de
reciclagem, e estiver portando o documento de habilitação físico, esta deverá ser
recolhida e caso não esteja portando ou se trate de documento eletrônico, caberá
a autuação do art. 232 do CTB, observado o disposto no § 4º do art. 270 do CTB.
Isso quer dizer que se o condutor já cumpriu o PERÍODO, não haverá mais suspensão do
direito de dirigir, e só será multado, bem como será instaurado um processo de cassação
da CNH, se NÃO estiver portando a CNH.
Isso pode acontecer porque o prazo de suspensão tem início, segundo a resolução 723,
imediatamente após esgotadas as possibilidades de recursos contra a penalidade:
Há quem entenda que sem que o condutor penalizado tenha concluído o curso de
reciclagem e seja aprovado com certificado, não será considerado encerrado o
cumprimento da penalidade de suspensão do direito de dirigir.
E essa é a redação dos §§ 2° e 3° do artigo 164 da Resolução 723 do CONTRAN. Mas essa
é uma análise equivocada do agente fiscalizador e também da autoridade de trânsito.
4
§ 2º A inscrição da penalidade no RENACH conterá a data do início e término da penalidade, período
durante o qual o condutor deverá realizar o curso de reciclagem.
§ 3º Cumprido o prazo de suspensão do direito de dirigir, caso o condutor não realize ou seja reprovado
no curso de reciclagem, deverá ser mantida a restrição no RENACH, que deverá ser impeditivo para
devolução ou renovação do documento de habilitação, impressão de 2ª via do documento de habilitação
físico ou emissão de Permissão Internacional para Dirigir - PID.
112
Porém, antes de ser aplicada qualquer penalidade, como vimos, é necessário que o
órgão de trânsito autuador instaure o devido processo legal, assegurando ao condutor
amplo direito de defesa (incluindo-se todas as etapas recursais).
O texto anterior utilizava a preposição “EM” para determinar o tipo, o modo, o meio
utilizado pelos condutores que teriam direito a participar do curso. Sem o meio, não
existe a renda.
Ao trocar a preposição pela contração “AO”, o texto passou a denotar a forma como é
feita ou realizada a coisa. Ou seja, o veículo passou a ser a forma para o exercício da
atividade remunerada e não o meio.
No caso dos entregadores delivery, sua renda vem da taxa de entrega, que pode ser
realizada inclusive com bicicletas ou patinetes motorizados por exemplo, apesar da
motocicleta ser a forma mais rápida e comum para realizar essas entregas.
No caso de motoboys, sua renda vem de vários serviços administrativos que envolvem
deslocamento, busca e entrega de documentos e não do uso da motocicleta,
propriamente dito, tanto que a maioria é registrada como auxiliares de serviço geral.
113
Parece evidente que a pequena mudança no texto proporcionou maior alcance à regra.
Observe que os parágrafos 1º e 7º mantém o texto anterior à Lei 14.071, o que equivale
dizer que ocorrerá uma restrição aos condutores que exercem atividade remunerada
relacionada ao veículo, que tem no automóvel a forma complementar para o exercício
da atividade remunerada, mas não trabalham em veículo automotor.
Limitar a regra apenas para “motoristas profissionais” não parece ter sido a intenção do
legislador.
No segundo caso, condutores que utilizam o veículo como uma ferramenta acessória de
trabalho, como motoristas de aplicativos, entregadores de delivery, vendedores,
representantes comerciais, motoboys e uma série de profissionais, teriam acesso ao
curso preventivo.
Vale frisar que a atividade principal precisa ser a direção de veículos e não o caso do
IFood, por exemplo, que a remuneração principal é a venda de alimentos e o veículo
(moto) é apenas uma ferramenta acessória a sua atividade.
114
Para que o motorista tem EAR em sua CNH, é necessário que realize um exame
psicológico e cursos especiais, veja o art. 27 da Resolução 789.
Isso quer dizer que, para que o motorista tenha o EAR na CNH, ele tem que passar por
um desses cursos, exercer uma dessas atividades remuneradas e ter, pelo menos, 21
anos.
Mas uma das características que o Código de Trânsito Brasileiro traz e que levanta
questionamentos a respeito de sua aplicação, é o termo inicial da penalidade de
suspensão do direito de dirigir, que tem duplo entendimento.
Termo inicial nada mais é do que o momento em que a penalidade começa a gerar
efeitos, deflagrando o prazo a partir do qual o documento estará suspenso.
Nesse sentido, parece tanto quanto evidente que, para ser DEVOLVIDA, primeiramente
deve ser RECOLHIDA.
Isso quer dizer que o prazo de suspensão do direito de dirigir teria como termo inicial a
entrega do documento pelo condutor junto ao órgão de trânsito.
Contudo, o parágrafo nono, do mesmo artigo, determina que o condutor que dirigir
veículo em via pública após ter sido notificado da penalidade, incorre em infração ao
artigo 162, II, por conduzir veículo quando suspenso o direito de dirigir:
115
§ 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 o condutor que, notificado
da penalidade de que trata este artigo, dirigir veículo automotor em via pública.
Em que pese o texto legal trazer o termo “notificado da penalidade”, parece que a
intenção do legislador foi determinar que a infração se caracteriza quando o condutor
for notificado da “imposição da penalidade”, com o esgotamento dos recursos e
cadastramento da penalidade no RENACH, a teor do que diz o artigo 290, do Código de
Trânsito Brasileiro.
Essa parece ser a análise mais correta, posto que, se o prazo começar a fluir apenas após
a entrega do documento, os efeitos da penalidade seriam contínuos, desde o seu
cadastramento até a entrega do documento, o que acarretaria em um aumento ilegal
do prazo de suspensão do documento, gerando uma penalidade desproporcional.
Isso aconteceu muito antes da edição da Lei 13.251 e da Resolução 723, não sendo raro
situações em que o condutor foi penalizado com suspensão de apenas 1 (um) mês, mas
permaneceu suspenso por dois, três, quatro anos, até entregar o documento.
Importa saber que esses pontos variam conforme a gravidade da infração cometida,
conforme se extrai do artigo 259, do Código de Trânsito Brasileiro, como vimos,
excluindo-se, assim, as infrações administrativas.
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes
casos:
I - sempre que, conforme a pontuação prevista no art. 259 deste Código, o infrator
atingir, no período de 12 (doze) meses, a seguinte contagem de pontos:
116
a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas na
pontuação;
b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração gravíssima na pontuação;
c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma infração gravíssima na
pontuação;
Se existir apenas 1 (uma) infração gravíssima, o limite cai para 29 (vinte e nove) pontos.
Questão controvertida que foi parcialmente solucionada pela Lei 14.071 diz respeito à
vigência dos pontos no prontuário do condutor.
Parece lógico dizer que os pontos vigoram por apenas 12 (doze) meses no prontuário do
condutor, devendo serem retirados após esse prazo.
Só que os pontos somente são retirados caso o condutor não ultrapasse o limite de
pontos necessários para a instauração do processo de suspensão.
E esses pontos devem ser lançados de forma consistente e dentro da expressa previsão
legal.
Por exemplo, pontos lançados após a decadência do direito de punir, não podem gerar
efeitos para o processo de suspensão do direito de dirigir, ainda que tenham sido
anotados no RENACH.
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo
estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do
veículo ou ao infrator, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da
data do cometimento da infração, por remessa postal ou por qualquer outro meio
tecnológico hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
[…]
§ 6º Em caso de apresentação da defesa prévia em tempo hábil, o prazo previsto no
caput deste artigo será de 360 (trezentos e sessenta) dias.
§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no caput ou no § 6º deste artigo
implicará a decadência do direito de aplicar a penalidade.”
117
A regra não vale somente para o processo de multa, cabendo a autoridade que vai
aplicar a penalidade de suspensão avaliar se os pontos foram aplicados dentro do prazo
previsto pelo artigo 282 e, caso tenham sido aplicados ultrapassado o prazo decadencial,
devem ser retirados do prontuário do condutor.
Se for computado após esse prazo, o processo administrativo de suspensão por acúmulo
de pontos é irregular.
Outrossim, depois que geraram os efeitos, ocorrerá a preclusão dos pontos, o que
também impede serem reutilizados após esse prazo.
Assim, ainda segundo o artigo 6° da Resolução 723 e o parágrafo único do artigo 2905
do CTB, somente depois de esgotadas todos os meios de defesa da(s) infração(ões), na
esfera administrativa, é que a pontuação prevista no artigo 259 será considerada para
fins de instauração de processo de suspensão, veja:
Isso quer dizer que os pontos só serão efetivamente computados após encerrada a fase
recursal da penalidade de multa, observado o exposto acima.
Porém, muitas vezes o processo de suspensão é instaurado sem que seja observado o
encerramento na instância administrativa, por causa do caput do art. 2856 do CTB. Vale
5
Art. 290. Implicam encerramento da instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades:
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades aplicadas nos termos deste Código serão
cadastradas no RENACH.
6
Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta nos termos do art. 282 deste Código será interposto
perante a autoridade que imputou a penalidade e terá efeito suspensivo.
118
dizer que esse artigo é exclusivo dos recursos apresentados à JARI e não se estende aos
recursos interpostos no CETRAN.
Porém, tal previsão viola o Princípio da Inocência, que também pode ser utilizado no
processo administrativo, isso quer dizer que enquanto houver meios de defesa contra
a penalidade de multa, os pontos NÃO devem ser computados no prontuário do
condutor.
Além disso, como visto, o art. 265 do CTB assegura ao infrator o amplo direito de defesa,
ou seja, o penalizado pode participar de todas as fases procedimentais sem que a
penalidade seja aplicada.
Sempre que o processo administrativo de suspensão por pontos for instaurado de forma
precipitada, ou seja, sem que tenha havido o esgotamento das instâncias
administrativas das penalidades de multas, ele tem que ser considerado inconsistente,
nos termos do art. 281 do CTB.
Vale frisar que não poderá ser instaurado outro processo com base nas mesmas
infrações anteriormente computadas, sob pena de ferir ao bis in idem, isso porque, para
que haja correção do ato administrativo (convalidação) é necessário que haja previsão
no CTB e, neste caso, não há previsão legal.
Necessário se faz esclarecer que a norma traz uma discricionariedade para o órgão
autuante, entretanto, não fala sobre a dosimetria da penalidade.
Isso quer dizer que fica a critério do órgão estabelecer a quantidade de tempo que
permanecerá suspenso o direito de dirigir do condutor, entretanto, não optando pelo
7
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são os seguintes:
I - no caso do inciso I do caput : de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12
(doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;
II - no caso do inciso II do caput : de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações com prazo descrito
no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18
(dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263.
119
mínimo legal, deve fazê-lo de forma fundamentada, indicando qual foi a razão que levou
à aplicação de penalidade maior, por força do art. 265 do CTB.
Assim sempre deverá ser aplicada a pena mínima, isso porque não tem como
fundamentar uma pena maior, já que não há como fundamentar a dosimetria por falta
de embasamento legal.
Para esses condutores, o limite de pontos sempre será de 39 (trinta e nove), sendo
facultado a partir dos 30 (trinta) pontos e desde que não supere o limite estabelecido,
frequentar o curso preventivo de reciclagem, eliminando os pontos e recomeçando a
contagem do zero, vejamos:
Ou seja, o limite de pontos para o condutor que exerce atividade remunerada ao veículo
pode chegar a 68 (sessenta e oito), caso opte por frequentar o curso de reciclagem
preventivo, limitando a sua frequência em um curso a cada 12 (doze) meses:
§ 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não poderá fazer nova opção
no período de 12 (doze) meses.
120
Apesar de parecer um estímulo ao cometimento de infrações, como muitos profissionais
se manifestaram nesse sentido, devemos lembrar que é muito mais fácil um motorista
profissional, que passa dez, doze horas na direção de um veículo, ser autuado por
infrações de trânsito e atingir o limite estipulado, do que o motorista tradicional, que
passa em média quarenta minutos dirigindo um veículo.
Assim, a legislação na verdade foi adequada para que o trabalhador que exerce essa
profissão não fique sem a possibilidade de auferir renda mensal. Logo, a alteração
legislativa cumpre uma finalidade social e assim deve ser encarada.
Ademais, a Lei 14.071 trouxe também exigências para os condutores de veículos que
exijam as categorias “C, D e E”, como por exemplo a comprovação de resultado negativo
em exame toxicológico para a obtenção ou renovação da CNH.
Esse exame deve ser realizado a cada dois anos e meio e pode ocasionar a suspensão do
direito de dirigir do condutor, caso:
121
I. Não seja realizado o exame em até 30 (trinta) dias do vencimento do
prazo estabelecido;
II. No caso do exame realizado ser positivo;
III. Caso não comprove a realização do exame por ocasião da renovação
da CNH.
A suspensão tem como base a infração tipificada no artigo 165-B, do Código de Trânsito
Brasileiro:
Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual seja exigida habilitação nas categorias C, D
ou E sem realizar o exame toxicológico previsto no § 2º do art. 148-A deste Código,
após 30 (trinta) dias do vencimento do prazo estabelecido:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 3 (três) meses,
condicionado o levantamento da suspensão à inclusão no Renach de resultado
negativo em novo exame.
Parágrafo único. Incorre na mesma penalidade o condutor que exerce atividade
remunerada ao veículo e não comprova a realização de exame toxicológico
periódico exigido pelo § 2º do art. 148-A deste Código por ocasião da renovação do
documento de habilitação nas categorias C, D ou E.
A primeira questão que parece evidente no artigo supra, é a falta de previsão de uma
medida administrativa para esse tipo de infração, o que impõe a obrigação ao agente
fiscalizador de autuar o condutor e liberá-lo logo em seguida, não podendo sequer reter
ou recolher o documento de habilitação.
Isso quer dizer que o agente de trânsito vai autuar o motorista, mas deverá liberá-lo logo
em seguida, sob pena de abusar do Poder de Polícia, já que não tem previsão legal de
qualquer medida administrativa.
A segunda questão, é que o artigo determina, de forma errada, que a suspensão seja
incluída no RENACH e somente seja retirada diante da apresentação de resultado
negativo em novo exame.
Outrossim, o texto do artigo 165-B é contrário à disposição legal, conquanto prevê que
o prazo da suspensão é condicionado à apresentação de resultado negativo em novo
exame enquanto o artigo 261 determina que o prazo máximo de suspensão é de oito
meses, quando não houver essa descrição no dispositivo infracional.
122
Como o artigo determina apenas o prazo mínimo, o prazo máximo seria de oito meses,
já que não pode existir uma penalidade que permaneça de forma eterna no prontuário
do condutor.
Então, é o agente quem deve dispor de meios para fiscalizar o exame toxicológico.
O laboratório que fez o exame, deve ter um convênio com o DETRAN, pois é ele quem
vai lançar no RENACH o resultado positivo do teste.
Para elucidar a questão, cabe citar o artigo 148-A, que traz a previsão dessa suspensão:
123
§ 5º O resultado positivo no exame previsto no § 2º deste artigo acarretará a
suspensão do direito de dirigir pelo período de 3 (três) meses, condicionado o
levantamento da suspensão à inclusão, no Renach, de resultado negativo em novo
exame, e vedada a aplicação de outras penalidades, ainda que acessórias.
Extrai-se do artigo 148-A que estamos diante de uma suspensão do direito de dirigir sem
a sua vinculação a uma infração de trânsito, que deve ser aplicada de forma imediata ao
RENACH do condutor, com a possibilidade de recurso sem efeito suspensivo, situação
única no Código de Trânsito Brasileiro.
8 Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de
sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
Já o artigo 14 determina que não apresentada, não conhecida ou não acolhida a defesa,
a autoridade de trânsito competente aplicará a penalidade de suspensão do direito de
dirigir ou de cassação do documento de habilitação, conforme o caso, vejamos:
Art. 14. Não apresentada, não conhecida ou não acolhida a defesa, a autoridade de
trânsito competente aplicará a penalidade de suspensão do direito de dirigir ou de
cassação do documento de habilitação, conforme o caso.
Isso leva à conclusão de que a suspensão do direito de dirigir por resultado positivo de
exame somente pode ser aplicada após a fase de defesa prévia, com a aplicação da
penalidade e prazo para recurso.
Como o artigo 148-A, em seu parágrafo 4º, diz que é garantido o direito de contraprova
e recurso administrativo, sem efeito suspensivo, somente nessa fase procedimental é
que a restrição começaria a ter implicações, suspendendo o direito de dirigir do
condutor.
125
Até aqui, o processo administrativo para suspender o direito de dirigir se assemelha ao
processo de suspensão por infração específica.
Por outro lado, essa penalidade pode ser também entendida como medida
administrativa, pois aplicada a penalidade, o condutor tem o direito de apresentar
recurso contra o resultado obtido no exame toxicológico:
Isso porque, o recurso não seria interposto contra a decisão da autoridade de aplicar a
penalidade e sim contra o resultado positivo do exame e sem o efeito suspensivo, ou
seja, a restrição somente poderia ser retirada após o julgamento do recurso ou
mediante inclusão no RENACH de resultado negativo em novo exame toxicológico.
E não seria interposto junto à JARI e sim junto à própria autoridade de trânsito que
aplicou a penalidade, não havendo recurso em segunda instância.
Logo, teríamos a partir dessa fase, uma suspensão do direito de dirigir com
características de Medida Administrativa.
Isso porque, a medida administrativa não depende de notificação para ser imposta ao
veículo ou ao documento de habilitação, pois tem característica de penalidade
acessória, complementar à penalidade principal e podem ser realizadas por meio de
registro no RENACH ou RENAVAM.
Se não houver esta autorização, o exame não terá validade para os fins desta Resolução
e não poderá ser utilizado para qualquer outra finalidade junto ao Sistema Nacional de
Trânsito.
126
O problema é que, mesmo com essa característica, a suspensão não se torna uma
medida administrativa.
Aponta tão somente que houve o consumo em uma janela de 90 (noventa) dias
anteriores à coleta do material biológico.
Entretanto, esse exame tem como finalidade comprovar que o condutor dirigiu sob o
efeito dessas substâncias, enquanto o exame toxicológico se destina a demonstrar que
houve a ingestão da substância, independentemente se o condutor estava dirigindo
veículo no dia da ingestão ou não.
9
Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste
Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:
I - retenção do veículo;
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
V - recolhimento do Certificado de Registro;
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;
VII - (VETADO)
VIII - transbordo do excesso de carga;
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica;
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação,
restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros e de
direção veicular.
127
Logo, não é possível classificar a suspensão do direito de dirigir por resultado positivo
em exame toxicológico como sendo uma medida administrativa.
Conclusão: Estamos diante de uma penalidade mista, que não se enquadra como
penalidade de trânsito principal e também não se enquadra como medida
administrativa acessória, o que a torna figura atípica ao Código de Trânsito Brasileiro.
Isso demonstra que, mesmo tendo sido alterado pela Lei 14.071, o Código de Trânsito
Brasileiro ainda traz a impossibilidade fática de aplicação da penalidade de suspensão
do direito de dirigir decorrente de resultado positivo em exame toxicológico.
E por mais que o CONTRAN se esforce em demonstrar que há a previsão legal, contida
no artigo 148-A, é insuficiente para tornar lícita a pretensão de suspender o direito de
dirigir.
Esse tipo de suspensão não gera computo de pontos, já que possui força de aplicação
própria, sendo vedado o seu uso em outros processos administrativos, sob pena de
configurar, como dito, Bis in Idem.
Além da previsão no art. 261 do CTB, também temos o art. 8° da Resolução 723 do
CONTRAN que foi recentemente alterada pela Resolução 844/2021 do CONTRAN, mas
que fere o contraditório e a ampla defesa, principalmente se o condutor não for o
proprietário do veículo, veja.
128
I - quando o infrator for o proprietário do veículo, será instaurado processo único
para aplicação das penalidades de multa e de suspensão do direito de dirigir, nos
termos do § 10 do art. 261 do CTB; (Redação do inciso dada pela Resolução
CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
II - quando o infrator não for o proprietário do veículo, o processo de suspensão
do direito de dirigir tramitará concomitantemente ao processo para aplicação da
penalidade de multa, nos termos do § 10 do art. 261 do CTB, podendo ser autuado
um único processo para essa finalidade, observado o disposto na Resolução
CONTRAN nº 619, de 6 de setembro de 2016, e suas alterações. (Redação do inciso
dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
§ 1º Para as autuações que não sejam de competência dos órgãos ou entidades
executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, relativas às infrações
cometidas antes de 12 de abril de 2021, o órgão ou entidade responsável pela
aplicação da penalidade de multa, encerrada a instância administrativa de
julgamento da infração, comunicará imediatamente ao órgão executivo de trânsito
do registro do documento de habilitação, via RENAINF, para que instaure processo
administrativo com vistas à aplicação da penalidade de suspensão do direito de
dirigir. (Redação do parágrafo dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE
09/04/2021).
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I, o procedimento de notificação deverá obedecer
às disposições constantes na Resolução CONTRAN nº 619, de 6 de setembro de
2016, e suas alterações e sucedâneas. (Parágrafo acrescentado pela Resolução
CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
§ 3º O prazo para expedição da notificação da penalidade de suspensão do direito
de dirigir de que trata o caput é de 180 (cento e oitenta) dias ou de 360 (trezentos
e sessenta) dias, se houver defesa prévia, na forma do art. 282 do CTB. (Parágrafo
acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
O texto alterado pela Lei 14.071 corrige uma falha que persistiu por décadas e que gerou
inclusive a análise equivocada por parte das autoridades de trânsito de que o processo
de multa é totalmente desvinculado do processo de suspensão do direito de dirigir. Não
é.
O parágrafo 10º, acima citado, torna evidente que ambos os processos devem seguir os
preceitos instituídos no Capítulo XVIII, do Código de Trânsito Brasileiro.
Só que, no texto atual, a competência para julgar ambas as penalidades deixam de ser
exclusivamente do órgão executivo de trânsito estadual, passando a ser
responsabilidade do órgão de trânsito que promoveu a autuação.
129
suspensão do direito de dirigir por infração específica é o mesmo do processo de multa,
incluindo os prazos prescricionais.
Primeiramente, cabe dizer que o artigo 261 ainda depende de regulamentação pelo
CONTRAN, no que diz respeito aos procedimentos que deverão ser adotados.
Desta maneira, o prazo para apresentar defesa prévia seria o mesmo para ambos
os processos (Art. 281, A).
Assim, o prazo para apresentar condutor também será o prazo para apresentar defesa
contra ambas as penalidades, que deve ser feita de forma separada.
A existência de dois processos, ao que parece, é uma obrigação, pois sendo penalidades
diversas, impossível que coexistam em apenas um processo administrativo.
130
Isso quer dizer que, é possível que o processo de multa seja julgado consistente, mas o
processo de suspensão do direito de dirigir julgado inconsistente, mas o contrário não
pode existir, pois se o auto de infração estiver viciado, o vicio se estende ao processo
de suspensão, nos termos dos §§ 5º e 6º do art. 7º da Resolução 723 do CONTRAN,
vejamos:
[…]
§ 5º A qualquer tempo, havendo anulação judicial ou administrativa do(s) auto(s)
de infração, o órgão autuador deverá efetuar nova comunicação aos órgãos de
registro da habilitação, para que sejam adotadas providências quanto a processos
administrativos de suspensão ou cassação do direito de dirigir eventualmente
instaurados com base nas autuações anuladas.
§ 6º Configurada a hipótese do § 5º, o órgão de registro da habilitação anulará, de
ofício, a penalidade eventualmente aplicada, cancelando registro no RENACH,
ainda que já tenha havido o encerramento da instância administrativa.
Como na regra atual cada órgão autuante é responsável também pela instauração do
processo de suspensão, a regra do artigo 8º se tornaria geral e havendo apenas um
processo administrativo para ambas as penalidades, o julgamento seria único, mas com
efeito duplo.
Nesse caso, que é o mais provável que ocorra, todas as notificações seguiriam o padrão
já estabelecido para a penalidade de multa, sem qualquer distinção, com os mesmos
prazos de preclusão e decadência do direito de punir, estabelecidos no artigo 282, do
Código de Trânsito Brasileiro.
131
penalidade de multa, e ambos serão de competência do órgão ou entidade
responsável pela aplicação da multa, na forma definida pelo Contran.
Em outras palavras, um autua e o outro pune. Essa condição, de delegação de parte dos
poderes através de convênios não pode mais existir com as novas regras de competência
estabelecidas pela Lei 14.071.
O artigo 22 do Código de Trânsito Brasileiro passou a ter um inciso a mais, que traz a
seguinte determinação:
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do
Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:
[…]
XVII - criar, implantar e manter escolas públicas de trânsito, destinadas à educação
de crianças e adolescentes, por meio de aulas teóricas e práticas sobre legislação,
sinalização e comportamento no trânsito.
Parágrafo único. As competências descritas no inciso II do caput deste artigo
relativas ao processo de suspensão de condutores serão exercidas quando:
I - o condutor atingir o limite de pontos estabelecido no inciso I do art. 261 deste
Código;
II - a infração previr a penalidade de suspensão do direito de dirigir de forma
específica e a autuação tiver sido efetuada pelo próprio órgão executivo estadual
de trânsito.”
Não é mais possível, portanto, que um órgão de trânsito fiscalize enquanto o outro
órgão de trânsito aplica a penalidade.
Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas
federais:
[…]
132
III - executar a fiscalização de trânsito, aplicar as penalidades de advertência por
escrito e multa e as medidas administrativas cabíveis, com a notificação dos
infratores e a arrecadação das multas aplicadas e dos valores provenientes de
estadia e remoção de veículos, objetos e animais e de escolta de veículos de cargas
superdimensionadas ou perigosas;
[…]
XII - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de
forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade
ao órgão máximo executivo de trânsito da União.”
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
[…]
XV - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de
forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade
ao órgão máximo executivo de trânsito da União.
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do
Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:
[…]
II - Realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, de aperfeiçoamento, de
reciclagem e de suspensão de condutores e expedir e cassar Licença de
Aprendizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação,
mediante delegação do órgão máximo executivo de trânsito da União;
Parágrafo único. As competências descritas no inciso II do caput deste artigo
relativas ao processo de suspensão de condutores serão exercidas quando:
I - o condutor atingir o limite de pontos estabelecido no inciso I do art. 261 deste
Código;
II - a infração previr a penalidade de suspensão do direito de dirigir de forma
específica e a autuação tiver sido efetuada pelo próprio órgão executivo estadual
de trânsito.”
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no
âmbito de sua circunscrição:
[…]
XXII - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de
forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade
ao órgão máximo executivo de trânsito da União;
Essa divisão de competências, se por um lado desonera os DETRANS, de outro cria uma
grande possibilidade de que os demais órgãos de trânsito não consigam aplicar a
penalidade de suspensão do direito de dirigir de forma efetiva, especialmente em
relação aos municípios, já que ainda não estão estruturados para esse tipo de
procedimento.
Por causa disso, a Lei 14.229 de 2021 incluiu o art. 338-A no CTB, postergando a
competência de alguns órgãos para 1º de janeiro de 2024, vejamos:
133
Art. 338-A. As competências previstas no inciso XV do caput do art. 21 e no inciso
XXII do caput do art. 24 deste Código serão atribuídas aos órgãos ou entidades
descritos no caput dos referidos artigos a partir de 1º de janeiro de 2024.
Parágrafo único. Até 31 de dezembro de 2023, as competências a que se refere
o caput deste artigo serão exercidas pelos órgãos e entidades executivos de trânsito
dos Estados e do Distrito Federal.
Lembrando que a competência original dos municípios, de acordo com o artigo 23, é
exclusiva para infrações decorrentes de inobservância às regras de circulação,
estacionamento e parada de veículo, excesso de peso em vias municipais, dimensão e
lotação de veículos.
Art. 5º As penalidades de que trata esta Resolução serão aplicadas pelas seguintes
autoridades de trânsito, em processo administrativo, assegurados a ampla defesa,
o contraditório e o devido processo legal:
I - no caso de suspensão do direito de dirigir em decorrência do acúmulo de pontos,
pelo órgão ou entidade executivo de trânsito de registro do documento de
habilitação;
II - no caso de suspensão do direito de dirigir em decorrência do cometimento de
infração para a qual esteja prevista, de forma específica no CTB, a penalidade de
suspensão do direito de dirigir:
a) para infrações cometidas antes de 12 de abril de 2021, pelo órgão ou entidade
executivo de trânsito de registro do documento de habilitação;
b) para infrações cometidas a partir de 12 de abril de 2021, pelo órgão ou entidade
responsável pela aplicação da penalidade de multa;
III - no caso de suspensão do direito de dirigir decorrente de resultado positivo no
exame toxicológico periódico previsto no § 2º do art. 148-A do CTB realizado por
condutor habilitado nas categorias C, D ou E, pelo órgão ou entidade executivo de
trânsito de registro do documento de habilitação.
134
Ademais, parece evidente, com a nova regra de competência, que o auto de infração
não pode mais ser desvinculado das demais penalidades que dele são decorrentes, no
caso, a suspensão e a cassação.
Maria te procurou, dizendo que recebeu uma notificação de que sua CNH será suspensa
por infração ao artigo 165 do CTB. Ela ainda te disse que não tinha cometido tal infração
e que naquela data, o veículo autuado tinha sido vendido, porém não transferido, mas
já estava em posse do comprador.
Com este caso em mente, eu quero fazer algumas colocações para vocês. A primeira
delas diz respeito à responsabilidade pelo cometimento da infração ao artigo 165 do
CTB.
Muito bem. A infração ao artigo 165 do CTB acontece enquanto se está dirigindo um
veículo e somente mediante abordagem, assim, a responsabilidade é exclusiva do
condutor.
Note que no caso da Maria, ela era apenas a proprietária do veículo, uma vez que o
registro do mesmo ainda estava em seu nome, não tendo qualquer relação com o ato
de dirigir o veículo. Sendo assim, a penalidade de suspensão não pode recair sobre o
RENACH dela, uma vez que a multa que deu origem (fato gerador) é de responsabilidade
do condutor, comprador do veículo dela.
10
Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao
transportador, [...]
[...]
135
Vale dizer que a responsabilidade pelo pagamento da multa sim será de
responsabilidade do proprietário do veículo.
Anotações:
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Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código [...]
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CNH, terá contra o seu direito de dirigir instaurado o processo de cassação de sua CNH,
por força do artigo 1912 da Resolução 723 e artigo 26313 do CTB.
Além disso, o proprietário do veículo, caso não sejam a mesma pessoa (condutor e
proprietário) levará uma multa por infração ao artigo 16414 do CTB.
A suspensão do direito de dirigir é uma penalidade que tem como função afastar o
condutor infrator da direção de veículos automotores, por determinado período,
quando sua conduta representar um perigo para os demais usuários da via, seja pelo
risco potencial da infração cometida, seja por se tratar de infrator contumaz.
Via de regra essa penalidade tem natureza administrativa, cuja aplicação decorre de
processo administrativo garantido o direito à ampla defesa e ao contraditório na forma
de defesa prévia e recursos em 1ª e 2ª instâncias administrativas, sendo imposta pela
autoridade de trânsito quando esgotadas as possibilidades de recursos.
Mas também pode possuir natureza de sanção penal, já que também é utilizada como
uma pena restritiva de direito (Art. 47, III, do Código Penal) ou pena acessória à
condenação criminal (Art. 92, III, do Código Penal), além de possuir tipificação própria
como Crime de Trânsito, previsto no artigo 307, do Código de Trânsito Brasileiro.
12
Art. 19. Deverá ser instaurado processo administrativo de cassação do documento de habilitação[...],
quando:
I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
13
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
14 Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas nos incisos do art. 162 tome posse do veículo
Logo, há que se concluir que não existe crime quando o condutor estiver conduzindo
veículo com a carteira de habilitação suspensa e essa penalidade tiver natureza
administrativa, por acumulo de pontos ou por infração específica.
Inaplicável o artigo 307 para qualificar o crime de trânsito, pois a conduta, nesses casos,
é atípica.
E a última hipótese que eu não tinha trazido anteriormente, é a suspensão judicial, que
veremos a seguir.
Suspensão Judicial
A penalidade de suspensão do direito de dirigir judicial, já tem previsão no artigo 47,
inciso III do Código Penal.
No CTB essa penalidade está prevista nos artigos 292 a 296 e é aplicada por um juiz de
direito, em decorrência do cometimento de um crime de trânsito. No caso da suspensão
138
judicial o tempo de punição varia de 2 meses a 5 anos, conforme previsão do artigo 29315
do CTB.
A suspensão judicial pune quem já é habilitado, que ficará pelo tempo estabelecido
impedido de dirigir veículo automotor e, diferentemente da sanção administrativa
(prevista nos artigos 256, III, e 265), a suspensão judicial pode alcançar também aquele
que ainda não se habilitou, o qual ficará PROIBIDO de se habilitar, pelo prazo fixado
judicialmente, que pode ter a mesma variação indicada.
Ainda, segundo redação do §2° do artigo 293 o período de suspensão determinado NÃO
SERÁ computado enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver
recolhido a estabelecimento prisional, uma vez que a própria privação de liberdade já
acarretaria a impossibilidade de se dirigir veículo, o que tornaria inócua a sanção
imposta.
15
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para
dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
16
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no
§ 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
17
Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
139
É válido ler com atenção essa Seção no CTB.
Vale dizer que essa penalidade CASSA a CNH do motorista, assim, ele perde TODAS as
categorias de sua CNH.
A legitimidade ativa para instaurar e aplicar a penalidade de cassação será SEMPRE dos
DETRANs de cada estado e do Distrito Federal, por força do artigo 22, II18 do CTB e do
artigo 1919 da Resolução 723 do CONTRAN.
A penalidade de cassação, além da previsão no artigo 256 do CTB, também está prevista
no artigo 263 do CTB e no artigo 4° da Resolução do CONTRAN n° 723/18.
18
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no
âmbito de sua circunscrição:
140
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso
III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175, todos do CTB.
III - ao condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação,
descaminho, contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um desses crimes
em decisão judicial transitada em julgado.
Praticamente o texto de lei se repete, mas é possível verificar que temos três hipóteses
(administrativas) para a instauração do processo administrativo de imposição da
penalidade de cassação da CNH:
Essa última hipótese está prevista no art. 278-A do CTB, que foi inserido no CTB pela Lei
nº 13.804, de 2019.
Esta hipótese tem conflito com o CTB, pois não há essa previsão no art. 263 do CTB,
temos, então, uma situação atípica.
E isso acontece nos casos em que o processo de suspensão não garantiu ao condutor a
ciência sobre a instauração do processo de suspensão do direito de dirigir, por ausência
de notificações ou pelo chamado “incidente de notificação”, no qual, mesmo tendo sido
expedida a notificação ao condutor, não foi entregue ao destinatário por falha ou erro
de terceiros.
141
Essa situação é explicada pela doutrina como ERRO DE PROIBIÇÃO no qual o condutor,
imaginando estar com a carteira totalmente legalizada, conduz o veículo sem saber que,
na verdade, estava com seu direito de dirigir suspenso por determinado período.
Uma observação importante a se fazer é que o texto legal traz um rol taxativo de 6 (seis)
infrações que geram a cassação da CNH caso o infrator seja reincidente no período de
12 meses.
São elas: art. 162, III (dirigir veículo com categoria diferente); art. 163 (entregar veículo
a pessoa não habilitada, com habilitação suspensa/cassada, com categoria diferente,
com CNH vencida há mais de 30 dias ou com inobservância das restrições da CNH); art.
164 (permitir a posse do veículo a pessoa nas mesmas condições anteriormente
mencionadas); art. 165 (conduzir veículo sob influência de álcool); art. 173 (disputar
corrida por espírito de emulação); art. 174 (promoção ou participação em competição
não autorizada) e art. 175 (exibição de manobra perigosa).
Lembrando que não é reincidência a infração de trânsito continuada. Por isso, observar
a data, hora e local do cometimento da infração.
Porém, o processo de cassação só pode ser aplicado após esgotados todos os meios de
defesa da penalidade de multa.
142
observado no que couber as disposições dos Capítulos IV, V e VI, desta Resolução,
quando:
I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso
III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175, todos do CTB.
III - no caso de condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de
receptação, descaminho ou contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um
desses crimes em decisão judicial transitada em julgado. (Inciso acrescentado pela
Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
§ 1º Na hipótese prevista no inciso I do caput:
I - o processo administrativo será instaurado após esgotados todos os meios de
defesa da infração que enseja a penalidade de cassação, na esfera administrativa,
devendo o órgão executivo de registro do documento de habilitação observar as
informações registradas no RENAINF; (Redação do inciso dada pela Resolução
CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
II - caso o condutor seja autuado por outra infração que preveja suspensão do
direito de dirigir, será aberto apenas o processo administrativo para cassação, sem
prejuízo da penalidade de multa;
III - a autoridade de trânsito de registro do documento de habilitação do condutor,
que tomar ciência da condução de veículo automotor por pessoa com direito de
dirigir suspenso, por qualquer meio de prova em direito admitido, deverá instaurar
o processo de cassação do documento de habilitação;
IV - quando não houver abordagem, não será instaurado processo de cassação do
documento de habilitação:
a) ao proprietário do veículo, nas infrações originalmente de sua responsabilidade;
b) nas infrações de estacionamento, quando não for possível precisar que o
momento inicial da conduta se deu durante o cumprimento da penalidade de
suspensão do direito de dirigir.
V - é possível a instauração do processo de cassação do documento de habilitação
do proprietário que não realizar a indicação do condutor infrator de que trata o art.
257, § 7º, do CTB.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso II do caput:
I - o processo administrativo será instaurado após esgotados todos os meios de
defesa da infração que configurou a reincidência, na esfera administrativa, devendo
o órgão executivo de registro do documento de habilitação observar as informações
registradas no RENAINF; (Redação do inciso dada pela Resolução CONTRAN Nº 844
DE 09/04/2021).
II - para fins de reincidência, serão consideradas as datas de cometimento das
infrações, independentemente da fase em que se encontre o processo de aplicação
de penalidade da primeira infração;
III - em relação à primeira infração, serão aplicadas todas as penalidades previstas;
IV - em relação à infração que configurar reincidência, caso haja previsão de
penalidade de suspensão do direito de dirigir, esta deixará de ser aplicada, em razão
da cassação.
§ 3º Poderá ser instaurado mais de um processo administrativo para aplicação da
penalidade de cassação, concomitantemente.
§ 4º Após a aplicação da penalidade de cassação, o órgão executivo de trânsito de
registro do documento de habilitação deverá registrar essa informação no RENACH
nos seguintes termos:
143
"Documento de habilitação cassado", com as datas de início e de término da
penalidade, observado o disposto no art. 16.
Sem muito segredo e sem maiores considerações. Quando a penalidade é imposta, ela
será SEMPRE por 2 anos e depois, para ter a CNH de volta, o motorista deve ser
reabilitar, na forma do art. 20 da Resolução 723 do CONTRAN:
Anotações:
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Ou seja, se não for feita a indicação de condutor, na forma do §7º do art. 257 do CTB, a
CNH do proprietário do veículo poderá ser cassada, nos termos do inciso V do art. 19 da
Resolução 723 do CONTRAN:
Esse trecho do texto legal aqui destacado, corrobora a ideia de que o flagrante é
desnecessário. Porém, como dito, o CTB dá a entender a necessidade do flagrante. Para
dirimir essa controvérsia, vale a análise do caso concreto e da interpretação do juiz, se
o caso for levado ao judiciário.
Porém, há alguns casos em que, pela redação da Resolução 723, se não houver o
flagrante, a penalidade não poderá ser instaurada.
É o caso do artigo 19, IV, “a” da Resolução 723 do CONTRAN que diz que: NÃO será
instaurado processo de cassação ao proprietário do veículo nas infrações originalmente
de sua responsabilidade, vejamos:
145
Vou dar um exemplo: suponhamos que o cliente tenha sido autuado, sem abordagem,
por infração ao art. 230, XXII do CTB, ou seja, “conduzir o veículo com defeito no sistema
de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas queimadas”.
Vide: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-354-de-31-de-marco-de-2022-390301324
Isso quer dizer que, se esse proprietário estiver suspenso e estiver dirigindo seu veículo
com o farol queimado e NÃO HOUVER ABORDAGEM, NÃO poderá ser instaurado
processo de cassação do direito de dirigir deste motorista.
Recente inovação no CTB, foi quando da edição da Lei n° 13.804/2019, que dispõe sobre
medidas de prevenção e repressão ao contrabando, ao descaminho, ao furto, ao roubo
e à receptação.
146
Como vimos, após conferida a permissão para dirigir, o candidato passa a ser
permissionário, uma vez que está em posse da permissão para dirigir.
Isso quer dizer que, antes de ser imposta a penalidade de cassação da PPD, é possível
que o permissionário apresente defesa e recursos da penalidade de multa, conforme
previsão das Resoluções 900 e 918 do CONTRAN.
Como você pode perceber com a explicação acima, cassação e cancelamento são
nomenclaturas completamente distintas, sendo que somente a cassação é uma
penalidade.
Ocorre que, estamos diante de uma letra de lei morta, uma vez que não há cassação da
PPD, mas sim cancelamento da PPD e você vai entender agora o porquê.
O cancelamento acontece toda vez que o permissionário comete uma infração grave ou
gravíssima ou quando ele é reincidente em multa média. Isso quer dizer que ele não
conseguirá, após o período de 12 meses, adquirir a CNH definitiva.
Te pergunto: deu tempo de ser a ele conferida a CNH definitiva? Não. Então isso quer
dizer que ele terá a CNH cancelada, que não é uma penalidade. Isso quer dizer que não
é possível apresentar defesa e recursos contra o cancelamento e não contra a
penalidade de multa.
Neste outro exemplo, onde deu tempo de Bino adquirir a CNH definitiva, por conta do
efeito suspensivo aplicado à penalidade de multa, te pergunto: o que acontecerá com a
CNH definitiva dele?
Neste último caso, o DETRAN vai enviar uma carta/notificação para Bino, informando o
cancelamento da CNH que foi expedida indevidamente, por conta da infração cometida
enquanto ele era permissionário.
147
Nemo Potest Venire Contra Factum Proprium
De outro lado, ao expedir a carteira nacional de habilitação do Requerente, com base
no cumprimento objetivo dos requisitos previstos no artigo 148, §3º, do Código de
Trânsito Brasileiro, não pode o órgão executivo de trânsito voltar-se contra o ato que
praticou, declarando-o viciado e cancelando a carteira definitiva, por ter lançado
tardiamente os pontos no prontuário do condutor, contradizendo aquilo que
anteriormente havia afirmado.
Assim, mediante a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação com base no artigo 148,
§ 3º, a expectativa é de que resta inaplicável o parágrafo quarto do mesmo artigo, não
havendo justificativa para o órgão de trânsito contrariar seu próprio ato.
O princípio Nemo Potest Venire Contra Factum Proprium está presente nesse tipo de
atitude de cancelamento da permissão em momento posterior à expedição da CNH,
quais sejam:
Isso leva ao entendimento que não é possível cancelar a Carteira Nacional de Habilitação
com fundamento no descumprimento de norma que anteriormente foi considerada
como cumprida.
Suspensão X Cassação
148
É muito comum que a grande maioria das pessoas (profissionais e motoristas)
confundam as penalidades de suspensão e cassação. Neste tópico quero diferenciar
essas duas penalidades.
Anotações:
20
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos
arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160.
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de habilitação,
a autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento.
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua
reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo
CONTRAN.
149
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O CONTRAN também proferiu esse entendimento ao editar a resolução 723, que em seu
artigo 6º prevê que:
150
Art. 6º Esgotados todos os meios de defesa da infração na esfera administrativa, a
pontuação prevista no art. 259 do CTB será considerada para fins de instauração de
processo administrativo para aplicação da penalidade de suspensão do direito de
dirigir.
Depois de arquivado, não pode ser instaurado novo processo administrativo com base
nas mesmas infrações, posto que o Código de Trânsito Brasileiro não traz a previsão de
convalidação do ato administrativo, ou seja, não cabe restaurar o ato administrativo que
havia sido declarado inconsistente, ainda que seja corrigido posteriormente.
Como é sabido, todo ato administrativo que impute penalidade a quem quer que seja,
deverá dar ao penalizado oportunidade de exercer o direito de resposta previsto no
inciso LV21 do artigo 5° da Constituição Federal.
Ela também serve para que o notificado exerça o seu direito ao contraditório e à ampla
defesa, pois é nesta notificação que constará a data do término do prazo para
apresentação da defesa.
A notificação deve ser enviada por remessa postal ou qualquer outro meio tecnológico
hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
21
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
151
Veja o que diz o artigo 10 da citada Resolução:
152
I - nome e CNPJ do laboratório responsável pelo resultado do exame ou da
contraprova, caso esta tenha sido realizada;
II - número do laudo;
III - data do exame;
IV - resultado do exame; e
V - substâncias detectadas.
§ 10. Para fins do § 9º, não se aplica o disposto no inciso IV do § 2º. (Parágrafo
acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).
Atenção a este ponto: se esta notificação for devolvida por desatualização do endereço
da CNH, será considerada válida para todos os efeitos legais, conforme leitura do § 6°
supracitado.
Por isso, antes de iniciar sua defesa baseada na ausência de notificação por parte do
órgão de trânsito, é necessário solicitar a cópia integral do processo administrativo em
questão, para verificar se o endereço do motorista estava devidamente atualizado no
RENACH22. Isso porque, muitas vezes, o cliente não se lembra qual o endereço que está
cadastrado e, confiar apenas na palavra dele pode ser um tiro no pé.
Ressalva deve ser feita de que não existe previsão legal para a notificação
exclusivamente por notificação eletrônica e tão pouco o CONTRAN disciplinou essa
forma de notificação.
Sendo assim, a regra é da notificação via postal e caso seja necessário, a notificação deve
ser realizada mediante publicação de edital em diário oficial.
Não existe um prazo determinado por Lei para que seja expedida a primeira notificação
de instauração do processo administrativo, no caso de suspensão por acúmulo de
pontos, entretanto, uma vez expedida, atrai a regra contida no artigo 282, do Código de
Trânsito Brasileiro, havendo um prazo limite para que a segunda notificação seja
expedida, inclusive no caso de apresentação de defesa prévia.
Nesse primeiro momento, o condutor pode apresentar argumentos relativos aos atos
administrativos que levaram à instauração do processo, tais como:
22
RENACH é a sigla para Registro Nacional de Carteira de Habilitação, onde é um sistema que registra
toda as informações do condutor contendo as informações da CNH ( Carteira nacional de Trânsito),
alteração de categoria, penalidades de trânsito, vencimento da habilitação e alterações de endereço do
condutor.
153
I. Autuação irregular ou inconsistente;
II. Erros de anotação nos autos de infração;
III. Falta de Notificação em prazo hábil;
IV. Decadência do direito de punir do órgão autuante.
Isso porque, mesmo no caso de autuações lavradas por outros órgãos de trânsito, a
competência para analisar esses atos administrativos antes de aplicar a penalidade de
suspensão do direito de dirigir é do órgão executivo de trânsito do estado, o DETRAN.
Senão, vejamos o que diz o artigo 281:
Pelo contrário, determina que cada autoridade competente para aplicar uma
penalidade, qualquer que seja essa penalidade, deve julgar a consistência do auto de
infração.
Logo, se o auto de infração for inconsistente, irregular ou tendo sido expedido fora do
prazo legal, inclusive aqueles prazos estabelecidos no artigo 282, que levam à
decadência do direito de punir, deve a autoridade de trânsito competente por aplicar a
penalidade de suspensão, determinar a exclusão dessas autuações para o fim de compor
o processo administrativo.
Dessa forma, mesmo mantendo a penalidade de multa, já que não terá competência
para declarar sua nulidade, a autoridade pode afastar essa autuação do processo
administrativo de suspensão do direito de dirigir, determinando seu arquivamento.
Necessário considerar que o art. 282 também deve ser observado, mesmo nos recursos
de suspensão e cassação da CNH.
Muito bem. Recebida essa primeira notificação, o notificado pode apresentar ou não
defesa. Vale frisar que os critérios gerais para apresentação de defesa, recursos ou
outros requerimentos deverão seguir as disposições constantes na Resolução do
CONTRAN nº 900, vale a pena a leitura desta Resolução, ela tem apenas 14 artigos.
154
Se o notificado não apresentar defesa ou se ela não for conhecida ou acolhida, o DETRAN
aplicará a penalidade de suspensão do direito de dirigir. Assim, será expedida a segunda
notificação denominada Notificação de Penalidade.
Aqui, muito embora não tenha prazo para a expedição da notificação de instauração do
processo de suspensão, para a expedição da notificação de imposição da penalidade,
vamos invocar o art. 282 do CTB e aí teremos um prazo limite para a expedição desta
notificação - 180 dias para aplicar a penalidade (caso não tenha havido apresentação de
defesa) e 360 dias de prazo, caso o condutor tenha apresentado defesa prévia.
Essa regra está contida no §6º do artigo 282, do Código de Trânsito Brasileiro:
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo
estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do
veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico
hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do
veículo será considerada válida para todos os efeitos.
Há que se observar a generalidade do artigo 282, ou seja, não é uma norma exclusiva
para a aplicação da penalidade de multa e sim de qualquer penalidade.
Isso leva ao entendimento de que, havendo a demora por parte do órgão executivo de
trânsito do estado em expedir a segunda notificação, pode perder o direito de punir.
§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256
deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa
prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contado:
I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste
Código, da data do cometimento da infração;
II - no caso das demais penalidades previstas no art. 256 deste Código, da conclusão
do processo administrativo da penalidade que lhe der causa.
§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § 6º deste artigo implicará a
decadência do direito de aplicar a respectiva penalidade.
155
A segunda notificação, portanto, deve ser expedida no prazo máximo de 180 dias,
contados da data da instauração do processo administrativo, por analogia ou 360 dias,
se houver apresentação de defesa prévia.
Esses prazos não podem ser alterados por resolução do CONTRAN, posto que tornaria
desigual a regra, em relação ao processo de suspensão do direito de dirigir por infração
específica, que tem exatamente a mesma duração do processo de multa.
E da mesma forma que a multa, nessa segunda fase a regra é o prazo para a aplicação
da penalidade, ou seja, tanto a notificação via postal como a notificação editalícia devem
ocorrer antes da preclusão do prazo e decadência do direito de punir.
O condutor pode apresentar nessa fase processual tanto os argumentos contra os atos
administrativos que levaram à instauração do processo como argumentos de preclusão
de prazos e decadência do direito de punir, além das alegações de mérito a respeito do
cometimento das infrações.
Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta nos termos do art. 282 deste Código
será interposto perante a autoridade que imputou a penalidade e terá efeito
suspensivo.
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Após a apresentação do recurso, tem-se o efeito suspensivo ao processo, que não se
estende à segunda instância.
Além disso, sobre o efeito suspensivo, importante citar o art. 25 da Resolução 723 do
CONTRAN, como veremos a seguir.
Apresentado recurso à JARI, se este for indeferido, será apresentado novo recurso em
segunda instância, que é julgado pelo ao CETRAN, por força do artigo 14, V, “a”23 do CTB.
Por fim, de acordo com o texto do artigo 16 da Resolução 723, caso o interessado deixe
transcorrer in albis o prazo de apresentação dos recursos à JARI ou ao CETRAN, a partir
do término deste prazo serão contados 15 dias corridos para o início automático do
cumprimento da pena.
Então, segundo a legislação aqui estudada, temos basicamente 3 (três) notificações que
deverão ser entregues ao motorista: a primeira para apresentar Defesa; a segunda para
comunicar o resultado ou não apresentação da defesa e que dará oportunidade para
apresentar recurso à JARI ou entregar a CNH para início do cumprimento da penalidade
e a terceira e última que comunica o resultado do recurso apresentado à JARI, se for o
caso e abre oportunidade para apresentar recurso ao CETRAN.
23
Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito
Federal - CONTRANDIFE:
[...]
V - julgar os recursos interpostos contra decisões:
a) das JARI;
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Eu ainda diria que temos mais uma notificação: aquela que deve acontecer para
comunicar o resultado do recurso apresentado ao CETRAN. Se indeferido, a penalidade
será mantida e esta notificação trará o prazo para entrega da CNH para início da
penalidade. Se deferido, comunicará o afastamento da penalidade e arquivamento do
processo administrativo de suspensão.
No meu ponto de vista, então, temos 4 (quatro) notificações obrigatórias que devem ser
enviadas ao motorista a ser penalizado.
Por fim, é preciso que você saiba que nos processos administrativos de suspensão
também existe a possibilidade de notificar o infrator por edital, conforme previsão do
artigo 23 da Resolução 723:
Art. 23. Esgotadas as tentativas para notificar o condutor por meio postal ou
pessoal, as notificações de que trata esta Resolução serão realizadas por edital, na
forma disciplinada pela Resolução CONTRAN nº 619, de 06 de setembro de 2016, e
suas sucedâneas.
As notificações devem ser enviadas pelo correio e caso não deem ciência ao condutor a
respeito da penalidade, deve ser notificada via edital, contendo:
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Anotações:
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Efeito Suspensivo
Sempre que apresentamos recursos contra qualquer penalidade que seja, esta fica
suspensa. As penalidades de suspensão e cassação por força do artigo 25 da Resolução
723 do CONTRAN.
159
poderá, por exemplo, renovar a CNH vencida e poderá adicionar categoria, tendo em
vista que não haverá restrições em sua CNH.
Art. 25. No curso do processo administrativo de que trata esta Resolução não
incidirá nenhuma restrição no prontuário do infrator, inclusive para fins de
mudança de categoria do documento de habilitação, renovação e transferência
para outra unidade da Federação, até a efetiva aplicação da penalidade de
suspensão ou cassação do documento de habilitação.
Eu costumo usar muito a questão do efeito suspensivo quando me deparo com alguma
objeção do cliente no que se refere a apresentação de defesa e recursos, pois, além do
que está escrito no artigo supra, o motorista poderá continuar dirigindo sem quaisquer
restrições e impedimentos.
Anotações:
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Prescrição
A prescrição retrata a extinção do direito de punir do Estado, em vista do não exercício
desse direito, em um determinado período de tempo. Em termos técnicos, é a extinção
legal, ou seja, decorre de lei, por decurso de prazo da pretensão (direito subjetivo) de
se exigir o cumprimento de uma obrigação diante da violação a um direito.
Isso quer dizer que os órgãos competentes não têm o direito de punir o motorista por
tempo indeterminado. Terá um momento que esse direito será extinto pelo decurso do
prazo legal.
Os prazos prescricionais aplicados pela Resolução 723/2018 são os previstos na Lei 9.873
de 23/11/1999, conforme previsão do artigo 24 desta Resolução, vejam:
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Art. 24. Aplicam-se a esta Resolução, os seguintes prazos prescricionais previstos na
Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999:
I - Prescrição da Ação Punitiva: 5 anos;
II - Prescrição da Ação Executória: 5 anos;
III - Prescrição Intercorrente: 3 anos.
§ 1º O termo inicial da pretensão punitiva relativo à penalidade de suspensão do
direito de dirigir será:
I - no caso previsto no inciso I do art. 3º, o dia subsequente ao encerramento da
instância administrativa referente à penalidade de multa que totalizar ou
ultrapassar os limites de pontos no período de 12 (doze) meses;
II - no caso do inciso I do art. 8º desta Resolução, a data da infração;
III - no caso do inciso II do art. 8º desta Resolução, o dia subsequente ao
encerramento da instância administrativa referente à penalidade de multa.
IV - no caso do inciso III do art. 3º, a data do resultado do exame ou da contraprova.
§ 2º O termo inicial da pretensão punitiva relativo à penalidade de cassação do
documento de habilitação será:
I - no caso do inciso I do art. 19 desta Resolução, a data do fato;
II - no caso do Inciso II do art. 19 desta Resolução, o dia subsequente ao
encerramento da instância administrativa referente à penalidade de multa da
infração que configurou a reincidência.
§ 3º Interrompe-se a prescrição da pretensão punitiva com:
I - a notificação de instauração do processo administrativo;
II - a aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir ou de cassação do
documento de habilitação;
III - o julgamento do recurso na JARI, se houver.
§ 4º Suspende-se a prescrição da pretensão punitiva ou da pretensão executória
durante a tramitação de processo judicial, do qual o órgão tenha sido cientificado
pelo juízo.
§ 5º Incide a prescrição intercorrente no procedimento administrativo paralisado
por mais de três anos.
§ 6º A declaração de prescrição acarretará o arquivamento do respectivo processo
de ofício ou a pedido da parte.
§ 7º A declaração da prescrição das penalidades desta Resolução não implicará,
necessariamente, prejuízo da aplicação das demais penalidades e medidas
administrativas previstas para a conduta infracional.
Pela leitura deste artigo, podemos perceber que temos 3 tipos de prescrição: Prescrição
da ação punitiva: 5 anos; Prescrição da ação executória: 5 anos e Prescrição
Intercorrente: 3 anos.
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infração na esfera administrativa é que a pontuação prevista no artigo 259 será
considerada para fins de instauração de processo de suspensão.
Para que você possa entender melhor, eu quero te dar um exemplo. Imagine que o seu
cliente cometeu uma infração auto suspensiva em fevereiro de 2015.
Assim, quando acontecer a expedição desta notificação, aquela contagem de cinco anos
para a prescrição da ação punitiva, que começou a partir de fevereiro de 2015, ou seja,
quando a infração foi cometida, é zerada.
Isso porque de fevereiro de 2015 até setembro de 2018 são apenas 3 anos e 5 meses,
portanto, tempo insuficiente para caracterizar a prescrição da ação punitiva.
Por sua vez, a prescrição da ação executória, que é fazer com que o condutor
efetivamente cumpra a penalidade, acontece se completarem 5 (cinco) anos após a
notificação final, que comunica a imposição da penalidade e o penalizado não iniciar o
cumprimento da penalidade.
Como vimos na fase processual, assim que acontece uma das hipóteses do artigo 261
do CTB, é instaurado o processo de suspensão. Se o motorista não recorrer ou caso seus
recursos sejam indeferidos, ele receberá uma última notificação, a de imposição da
penalidade, comunicando, ainda, a necessidade de entregar a CNH ao DETRAN para,
então, dar início ao cumprimento da penalidade.
É a partir daí que o prazo prescricional de cinco anos da ação executória começa a
correr. Mas isso não quer dizer que basta o motorista não entregar a habilitação que,
decorrido esse prazo, haverá a prescrição da suspensão do direito de dirigir.
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§ 1º Na notificação de resultado dos recursos de 1ª e de 2ª instâncias deverão
constar as informações definidas no art. 15, no que couber.
§ 2º A inscrição da penalidade no RENACH conterá a data do início e término da
penalidade, período durante o qual o condutor deverá realizar o curso de
reciclagem.
Isso quer dizer que, neste caso, a prescrição da suspensão do direito de dirigir se
caracteriza quando o motorista não entrega a CNH e o órgão também NÃO registra a
penalidade no Renach.
Então eu posso te dizer que, neste ponto temos duas situações que podem ocorrer a
prescrição: a) De cinco anos entre a abertura e a conclusão do processo administrativo;
b) De cinco anos para o cumprimento de fato da penalidade, após a conclusão do
processo.
Além dos tipos de prescrição, é preciso falar das causas de interrupção da prescrição.
Além da previsão do artigo que destaquei acima, também temos causas de interrupção
da prescrição previstas no art. 2° da Lei 9.873/99, vejam:
Prescrição Intercorrente
A resposta para a pergunta feita acima é não. Isso porque após instaurado o processo
de suspensão, o órgão deve dar prosseguimento com ou sem a manifestação do
penalizado. Caso o processo fique paralisado por mais de 3 anos, teremos a prescrição
intercorrente.
Dito isso, convém atentar-se para o que preceitua a Lei nº 9.873/99, bem como o art. 24
da Resolução 723 do CONTRAN, como visto:
Anotações:
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Autotutela
O princípio da autotutela estabelece que a Administração Pública possui o poder de
controlar os próprios atos, anulando-os quando ilegais ou revogando-os quando
inconvenientes ou inoportunos.
Assim, a Administração não precisa recorrer ao Poder Judiciário para corrigir os seus
atos, podendo fazê-lo diretamente.
Esse princípio possui previsão em duas súmulas do STF, a 346, que estabelece que “A
Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”, e 473, que
dispõe o seguinte:
O princípio também tem previsão legal, conforme consta no art. 53 da Lei 9.784/99: “A
Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.
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Quanto ao aspecto da legalidade, conforme consta na Lei 9.784/99, a Administração
deve anular seus próprios atos, quando possuírem alguma ilegalidade.
CONCLUSÃO
Após o estudo completo de todo o processo administrativo de trânsito, você já pode se
considerar um expert no assunto e poderá defender efetivamente o cliente (motorista
ou proprietário de veículo) que está sofrendo com multas de trânsito ou problemas em
sua CNH.
A legislação também não é pouca, mas logo você se familiariza com tudo isso, e a
matéria vai ficando cada vez mais simples.
Outra coisa que confunde muito na prática, é a diferença de uma penalidade e de uma
medida administrativa, como diferenciamos aqui. O cliente e alguns desavisados sempre
vão confundir essas duas condutas.
Importante também saber quem pode sofrer a penalidade e quem é a parte legítima
para apresentar defesa e recursos, caso contrário sua defesa/recurso não será sequer
apreciado.
O Mercado de Trânsito é apaixonante e com certeza pode fazer você mudar de vida.
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Confie em mim e coloque tudo que você aprendeu em prática! Eu vou te ajudar, contem
comigo!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CIRINO, Paulo André da Silva. Legislação de trânsito. 2. ed. rev., atual. e ampl. Salvador:
Editora JusPodvm, 2020.
MARTINS. Sidney. Multas de trânsito: defesa prévia e processo punitivo. 2. ed. Curitiba:
Juruá, 2010.
MEIRELLES, Hely Lopes. et. al. Direito Administrativo Brasileiro. 36. ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
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