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4 de Janeiro de 2020
Eu sou o Marcelo Vaes, e hoje vou trazer um estudo interessante nesta área do
direito de trânsito, que eu tenho certeza que lhe ajudará muito para aumentar o
seu conhecimento sobre o assunto!
Lembrando que você pode ler outros artigos sobre Direito de Trânsito no blog:
www.blogconsultordetransito.com.br
Dito isso, decidi escrever este artigo porque recebo diariamente várias perguntas
sobre se determinado argumento (ou argumentos), são válidos para usá-los na
defesa e nos recursos administrativos.
Portanto, hoje vou falar sobre 10 ARGUMENTOS QUE VOCÊ NÃO DEVERIA
USAR NA SUA DEFESA OU RECURSO DE MULTA.
Mas antes preciso esclarecer alguns pontos para que você possa compreender o
que vai ser dito aqui, e assim não ter dúvidas sobre o assunto.
Primeiro, esclareço que estes 10 argumentos que você não deveria usar na sua
defesa, não são absolutos, ou seja, você até pode usá-los dependendo das
circunstâncias que ocorreram no momento da autuação, ou no decorrer do
processo administrativo, mas geralmente não serão considerados pelos julgadores
dos órgãos de trânsito, por vários fatores que vou comentar aqui.
Neste ponto, eu quero enfatizar algo que já disse em outros vários artigos que eu
escrevi aqui no blog, e que repito diariamente quando alguém me pergunta sobre
qual argumento usar na defesa ou no recurso:
Mas como disse, os fatos são difíceis de se comprovar, mesmo porque na maioria
dos casos o motorista (ou pedestre se for o caso), cometeu realmente a infração,
então o que nos resta é procurar argumentos de matéria de direito, questionando
a aplicação (in) correta na lei e nas normas.
Mas e se não houver erros de formalidade de acordo com a lei e as normas, o que
fazemos?
Explico: se você alega que não cometeu a infração, mas não tem como comprovar,
e o auto de infração preenche os requisitos da lei, então você pode alegar que não
cometeu a infração.
Está confuso?
Nós podemos alegar o que quiser na nossa defesa ou recurso, mas isso não muda
o fato de que não temos a prova do não cometimento da infração de trânsito!
Mas então porque mesmo não tendo provas do não cometimento da infração você
pode recorrer?
A resposta é simples:
Vejamos o que diz a Lei Federal 9.873/99 que estabelece o prazo de prescrição
para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e
indireta, pelo qual os órgãos de trânsito como DETRAN, DER, PRF, DNIT e
outros fazem parte.
Art. 1o
Veja bem, se você foi autuado numa infração de trânsito, e não tendo
qualquer prova do não cometimento da infração que você está
alegando em sua defesa, mesmo assim a multa pode (e deve) ser
anulada, simplesmente pelo fato do processo ficar parado por mais de
três anos pendente de julgamento ou despacho, esperando a
autoridade de trânsito se manifestar sobre a sua defesa ou recurso!
(Neste caso, entendo que deve o processo ficar paralisado em uma instância).
Veja que este é um caso típico de anular uma multa sem qualquer
prova de que você não tenha cometido a infração!
Existem outros exemplo como nos casos em que houve um julgamento da defesa
ou recurso, mas o órgão de trânsito não notificou o cidadão para interpor outro
recurso, impedindo-o de exercer o seu direito de defesa de acordo com a nossa
Constituição Federal de 1988.
E por ai vai...
Concluindo esta parte, então aprendemos que de nada adianta argumentar que
não cometeu a infração de trânsito, se não tem provas disso (o que é muito difícil
de obter).
Por outro lado, se você não tem o que alegar, então pode dizer que não cometeu a
infração, porque durante o processo podem ocorrer erros que ensejariam a
anulação da multa aplicada.
Acho que perdi a conta, de quantos e-mails recebi me perguntando se uma multa
de trânsito pode ser anulada porque o local da autuação é considerado “perigoso”.
Logico, que isso não significa que não houve nenhum caso em que o órgão
autuador tenha anulado uma multa por este motivo!
Pode ser que você conheça alguém que recorreu de uma multa de trânsito usando
este argumento, e que o órgão e trânsito tenha anulado a multa.
Isso pode ocorrer, porque como já referi na introdução deste estudo, estes
argumentos não são absolutos, mas relativos.
Concluindo, não adianta alegar que o local da autuação tem perigo de assaltos,
porque a multa não será anulada com este argumento.
O que ocorre na prática, é que o julgador do órgão de trânsito vai dizer que não
basta você comprovar que estava em outro lugar quando ocorreu a infração, mas
sim que deveria haver indícios convincentes de que o VEÍCULO encontrava-se em
outro local.
Muitas vezes eu acredito que a pessoa estava com o seu veículo em outro local,
mas isso não será suficiente para convencer o julgador.
Mas é bom juntar isso no processo administrativo, porque se tiver que entrar na
justiça para requerer a nulidade do auto de infração após o encerramento da
instância administrativa, o juiz verá as declarações das testemunhas (ou vai ouvi-
las pessoalmente) e poderá considera-las sobe pena de cometerem crime de falso
testemunho (CPC, arts. Art. 400, 405).
Mas também pode ocorrer que a placa do seu veículo foi clonada.
Neste caso, sugiro fazer um B.O na delegacia mais próxima e juntar na sua defesa
com as declarações que referi acima, e se possível fazer uma nova vistoria no
DETRAN.
Logico que estou dizendo isso se você não tem como provar que o veículo estava
em outro lugar, mas se você tiver esta prova como, por exemplo, um vídeo da
câmera de segurança da sua empresa, use-a sem problemas.
Mas em regra, não adianta argumentar que você não estava no local da infração,
mas sim que o veículo não estava.
O argumento de que você é uma pessoa “boa” e que não tinha a intenção de
praticar aquela infração de trânsito, não possui qualquer fundamento válido.
Como já disse, recebo muitos e-mails diariamente para tirar dúvidas, e em alguns
destes e-mails são enviadas as “defesas e recursos” para mim analisá-los, e em
grande parte deles consta este argumento de ser uma boa pessoa, e que o órgão de
trânsito poderia perdoá-la e etc...
Eu não estou aqui querendo ridicularizar ou criticar ninguém, muito pelo
contrário, estou justamente escrevendo este estudo para humildemente passar
um pouco da minha experiência, e lhe mostrar que será perda de tempo se você
colocar este argumento.
Mas então você pode estar se perguntando, porque que eu disse no item anterior,
que se “não tem o que alegar, pode-se alegar tudo o que quiser’”?
Sim, isso é verdade, e se você argumentar que é uma pessoa boa e etc...ainda
assim poderá ter a sua multa anulada, mas por outros motivos que já
mencionei antes (erros processuais).
Porém, achar que este é o único argumento que levará o julgador do órgão de
trânsito anular a sua multa, então você está cometendo um grande erro!
Desse modo, o ponto importante que quero frisar, é que em geral que
as pessoas pensam que usando este argumento, o julgador do órgão de
trânsito se compadeceria e anularia a multa, ou que de alguma forma
se compararia com o direito penal e o “juiz” do caso verificaria os seus
antecedente infracionais, e levaria em conta para perdoar.
Por isso que o auto de infração de trânsito somente será anulado (na
maioria dos casos) se não estiver preenchido de acordo com a lei
(princípio da legalidade).
Na verdade, decidi fazer este estudo sob o ponto de vista dos julgadores dos
órgãos de trânsito, uma vez que para ter uma defesa ou recurso deferidos,
precisamos saber o que eles pensam.
Obviamente, considerando que a maioria dos julgadores possuem pouco ou
nenhum conhecimento jurídico para julgar, sendo que geralmente proferem uma
decisão padronizada, pré-pronta e preparada pelo departamento jurídico dos
órgão de trânsito (mas isso é assunto para outro estudo mais pra frente).
Por esta razão, é que sugiro você fazer uma defesa ou recurso, com o mínimo
possível de argumentos, ou seja, indo diretamente ao ponto!
Logico que nem sempre isso será possível, pois, pode haver a necessidade de
trazer inúmeros argumentos, mas mesmo assim procure sintetizar o máximo a
sua defesa, justamente porque quem julga (sem ofensas se você for um julgador
ok?) não possui o conhecimento jurídico necessário para tal.
Desse modo, pedir que a multa deve ser anulada com base na sua bondade, está
fora de cogitação.
Trata-se de um assunto polêmico e que vai gerar muita discussão nos próximos
anos, porque por um lado tem a sociedade e o interesse público que quer a
suspensão da CNH ao motorista que, por exemplo, é flagrado dirigindo sob a
influência de álcool (infração que prevê a suspensão da CNH), e o direito
particular/privado do motorista profissional.
Neste artigo estou tratado dos argumentos que NÃO se deve usar na defesa e nos
recursos ADMINISTRATIVOS.
Obviamente, isso não quer dizer que você não possa usá-lo na esfera
administrativa, mas como já frisei várias vezes neste estudo, não surtirá muito
efeito se você argumentar que necessita da CNH para trabalhar.
Talvez, num eventual processo de suspensão da CNH, a sua pena seja reduzida se
usar este argumento, e não passará disso.
E por qual motivo o DETRAN não anula uma suspensão da CNH usando o
argumento de que precisa da CNH para trabalhar?
ART. 261:
Veja a notícia:
FONTE: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=191617
O Segundo fato, é que quanto ao projeto de lei que tramita no Senado Federal,
sobre a possibilidade dos motoristas profissionais não terem a CNH suspensa.
Veja a notícia:
Curso de reciclagem
Pelo Código de Trânsito em vigor, os condutores habilitados nas categorias C, D
ou E devem ser convocados a participar de curso preventivo de reciclagem
sempre que alcançarem 14 pontos de multa no intervalo de 12 meses. O projeto
insere também os motoristas da categoria B nessa exigência. O pagamento da
multa, previsto no projeto, não elimina a necessidade de presença no curso.
Direito ao trabalho
FONTE: http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/15/motoristas-
profissionais-poderao-pagar-multa...
Mas até que estas questões não sejam resolvidas, o argumento de que necessita da
CNH para trabalhar, por enquanto, não possui força nos processos
administrativos de trânsito, e, portanto, não adianta argumentar sobre isso.
Veja bem, não estamos falando “Réu primário” como no direito penal, mas
estamos tratando de processo administrativo.
Há, porém, uma exceção quando você for autuado numa infração leve ou média e
não for reincidente na mesma infração nos últimos 12 meses.
Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à infração de
natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo
reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses,
quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta
providência como mais educativa.
Mas veja bem o que diz o CTB: PODERÁ e não deverá ser aplicada a advertência
por escrito.
Fora esta exceção, argumentar que nunca levou multa antes não é um bom
argumento para anular uma multa.
Mas então porque motivo eu coloquei como um argumento que você não poderia
usar na sua defesa ou recurso?
Pelo simples fato de que os julgadores dos órgãos de trânsito possuem pouco ou
nenhum conhecimento jurídico para julgar (com algumas exceções é claro), e
consequentemente desconhecem ou nem sabe o que significa uma jurisprudência.
Outro motivo, é que os julgadores dos órgãos de trânsito não estão interessados
em jurisprudências dos tribunais quando estão julgando uma defesa ou recursos
administrativos.
Porém, para o desespero dos julgadores dos órgãos de trânsito, a Lei 9.784/99
que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal
acabou com esta ideia de que os órgãos de trânsito devem julgar apenas pelo que
diz a “lei”.
Vejamos:
(Parece irônico, mas isso está dito na lei, então não há desculpas para não aplicar
já que eles devem seguir o princípio d legalidade).
Veja que a lei federal diz que serão observados nos processos administrativos, os
critérios de autuação conforme a lei e o DIREITO!
E por este motivo que eu disse que estes argumentos não são absolutos, mas
relativos, tanto é que este em especial eu mesmo uso na defesa e nos recursos.
Entretanto, o que eu quero deixar claro, que não é que não se deva usar
jurisprudência nas defesas e recursos de multas, o que eu quero dizer é que quem
JULGA não levara em consideração.
Por isso, citar jurisprudência como um argumento, não terá muita eficácia no
processo administrativo.
A ideia de que a multa deve ser anulada porque não houve a abordagem em
flagrante do policial ou agente de trânsito, é equivocada na maioria dos casos.
Art. 280
Como por exemplo, nas infrações previstas no art. 162 do CTB, quando os
motoristas estiverem dirigindo com a CNH suspensa ou cassada, ou sem
habilitação, ou com categoria diferente.
Neste caso que acabei de relatar, eu entendo que a multa deve ser anulada, mas
infelizmente não é isso que vemos.
Então, se não for o caso acima, não adianta alegar que não foi abordado porque os
julgadores dos órgãos de trânsito não anularão a multa com este argumento,
salvo se comprovado que não era o seu veículo que estava naquele local na hora
da autuação.
Veja que o auto de infração, (que é aquele documento que o policial ou agente de
trânsito preenche no momento da autuação) somente será considerado uma
notificação, se for assinado pelo condutor e o mesmo for o proprietário do
veículo.
Claro que existe uma contradição com o CTB, pois, no art. 280 VI a assinatura do
suposto infrator, já se considera notificado, eximindo o órgão de trânsito de
enviar a notificação pelo correio:
Logico que mesmo se o condutor não for o proprietário do veículo e a infração for
de responsabilidade do condutor (art. 165, por exemplo), e se assinou o auto de
infração, então ao AIT vale como notificação para apresentar defesa conforme
prevê o inciso VI do art. 280 do CTB.
Assim, salvo em alguns casos específicos como o que mencionei acima, se poderá
argumentar sobre a não assinatura no auto de infração, para fins de impedimento
de exercício do direito de defesa, e pedir a nulidade da multa.
Não é que você não possa mencioná-lo na sua defesa, mas a multa não será
anulada APENAS com este argumento.
Vejamos o que é abuso de autoridade de acordo com a Lei 4.898/65 que regula o
Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e
Penal, nos casos de abuso de autoridade.
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
f) à liberdade de associação;
h) ao direito de reunião;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança,
permitida em lei;