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Material Processo de Execução – Maio/Junho 2020

Caro(a) aluno(a), esse material serve de apoio pra que você consiga acompanhar
bem as aulas em vídeo. Como você sabe, qualquer dúvida, estarei sempre à
disposição caso você precise esclarecer alguma dúvida e ouvir suas sugestões.
Abraço afetuoso,
Patricia Dreyer
Vamos lembrar que o processo de execução é destinado à execução dos títulos executivos
extrajudiciais. E, pra isso, precisamos começar estudando alguns princípios e regras
importantes sobre esse livro do Código de Processo Civil.

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CONCENTRAÇÃO DE PODERES DO JUIZ OU ATIPICIDADE
EXECUTIVA
O juiz, presidente da relação processual executiva, deve, na forma do artigo 806 e
seguintes do CPC, se valha de qualquer meio executivo para satisfazer a obrigação, como
a penhora, a multa, imissão na posse, busca e apreensão, cancelamento do cartão de
crédito; não participação em concursos públicos; sequestro de verbas públicas, etc.
Requisitos:
✓ Razoabilidade, proporcionalidade, proibição do excesso;
✓ Respeito ao contraditório e ampla defesa;
✓ Fundamentação,
✓ Respeito às garantias constitucionais;
✓ Observância à eficiência;

Não pode ser um ilícito civil, penal ou administrativo (Protocolo de Istambul);


Poder geral de efetivação destinada a qualquer envolvido ou interessado no processo (ex:
executado, exequente, terceiro, pessoa jurídica, etc);
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Código, incumbindo-lhe:
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária;
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária;
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar
adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as
normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que
couber.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá,
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de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente,
determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.

Informativo nº 0651 - Publicação: 2 de agosto de 2019.


QUARTA TURMA
Processo REsp 1.699.022-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 28/05/2019, DJe 01/07/2019
Destaque: É ilícita a disposição condominial que proíbe a utilização de áreas comuns do
edifício por condômino inadimplente e seus familiares como medida coercitiva para
obrigar o adimplemento das taxas condominiais.

Informativo nº 0631 - Publicação: 14 de setembro de 2018.


QUARTA TURMA
Processo RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
05/06/2018, DJe 09/08/2018

Destaque: Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de retenção do passaporte em


decisão judicial não fundamentada e que não observou o contraditório, proferida no bojo
de execução por título extrajudicial.
Informações do Inteiro Teor: O CPC de 2015, em homenagem ao princípio do resultado
na execução, inovou o ordenamento jurídico com a previsão, em seu art. 139, IV, de
medidas executivas atípicas, tendentes à satisfação da obrigação exequenda, inclusive as
de pagar quantia certa. As modernas regras de processo, no entanto, ainda respaldadas
pela busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma circunstância, poderão se distanciar
dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a implementação de comandos não
discricionários ou que restrinjam direitos individuais de forma razoável. Assim, no caso
concreto, após esgotados todos os meios típicos de satisfação da dívida, para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, deve o magistrado eleger medida que seja necessária,
lógica e proporcional. Não sendo adequada e necessária, ainda que sob o escudo da busca
pela efetivação das decisões judiciais, será contrária à ordem jurídica. Nesse sentido, para

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que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada
e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em
razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção
processual. A adoção de medidas de incursão na esfera de direitos do executado,
notadamente direitos fundamentais, carecerá de legitimidade e configurar-se-á coação
reprovável, sempre que vazia de respaldo constitucional ou previsão legal e à medida em
que não se justificar em defesa de outro direito fundamental. A liberdade de locomoção
é a primeira de todas as liberdades, sendo condição de quase todas as demais. O
reconhecimento da ilegalidade da medida consistente na apreensão do passaporte do
paciente, na hipótese em apreço, não tem qualquer pretensão em afirmar a
impossibilidade dessa providência coercitiva em outros casos e de maneira genérica.

Informativo nº 0631 - Publicação: 14 de setembro de 2018.


QUARTA TURMA
Processo RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
05/06/2018, DJe 09/08/2018
Destaque: Cabe Habeas Corpus para impugnar decisão judicial que determinou a
retenção de passaporte.
Informações do Inteiro Teor: A questão controvertida está em definir se a ordem de
suspensão do passaporte e da carteira nacional de habilitação, expedida contra o
executado, no bojo de execução por título extrajudicial (duplicata de prestação de
serviço), consubstancia coação à liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder, a ser combatida por meio de habeas corpus. Sobre o tema, observa-se que, no
âmbito da seara penal, que as Turmas da Terceira Seção deste Tribunal reconhecem a
viabilidade de questionamento da apreensão do passaporte por meio do habeas corpus,
por entenderem que tal medida limita a liberdade de locomoção, ainda que a constatação
da ilegalidade, que conduziria à concessão da ordem, no caso concreto, não se confirme.

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Informativo nº 0631 - Publicação: 14 de setembro de 2018.
QUARTA TURMA
Processo RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
05/06/2018, DJe 09/08/2018
Destaque: Não cabe Habeas Corpus para impugnar decisão judicial que determinou a
suspensão de Carteira Nacional de Habilitação – CNH.
Informações do Inteiro Teor: A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que
a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação não configura ameaça ao direito de ir e
vir do titular, sendo, assim, inadequada a utilização do habeas corpus, impedindo seu
conhecimento. É fato que a retenção desse documento tem potencial para causar
embaraços consideráveis a qualquer pessoa e, a alguns determinados grupos, ainda de
forma mais drástica, caso de profissionais, que tem na condução de veículos, a fonte de
sustento. É fato também que, se detectada esta condição particular, no entanto, a
possibilidade de impugnação da decisão é certa, todavia por via diversa do habeas corpus,
porque sua razão não será a coação ilegal ou arbitrária ao direito de locomoção, mas
inadequação de outra natureza.

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EFETIVIDADE (ART. 4º CPC)
O princípio da efetividade exige que a execução seja suficiente para satisfação do crédito
do credor, ou seja, é direito fundamental à tutela executiva; tanto assim que, se não houver
bens suficientes para a satisfação do credor ou, ainda, se os bens encontrados não forem
suficientes para a eficiência da execução – art. 836 CPC.
- Exceções: impenhorabilidade do bem de família e análise do caso concreto.

Art. 4º CPC - As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução


integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Art. 5º CF/88 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação.
Súmula 549 STJ - É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato
de locação.
Execução deve se dar no benefício do credor e a interpretação das normas deve ser dar
em seu benefício

Art. 797 CPC/15. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em


que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no
interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de
preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo
bem, cada exequente conservará o seu título de preferência
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a
conduta comissiva ou omissiva do executado que:
I - frauda a execução;

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II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios
artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens
sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua
propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará
multa em montante não superior a vinte por cento do valor
atualizado do débito em execução, a qual será revertida em
proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo,
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou
material.

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1. LEGITIMIDADE ATIVA ORDINÁRIA
Na verdade, o artigo abaixo diz quem é o credor e quem pode promover a execução:
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei
confere título executivo

1.1 – LEGITIMIDADE ATIVA ORDINÁRIA DERIVADA OU


SUPERVENIENTE
Mas a lei também vai mostrar outras figuras que podem propor a execução, para além do
credor originário:
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em
sucessão ao exequente originário:
I – o Ministério Público, nos casos previstos em lei;

No caso da legitimidade ativa do Ministério Público, leia-se, por oportuno, o art. 15 da


Lei 7.347/85. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória,
sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que,


por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título
executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo
lhe for transferido por ato entre vivos; (Observe o artigo 109 do
CPC, que exige a concordância da parte contrária para a sucessão
processual voluntária, diferentemente do caso em tela, à luz do §2º,
abaixo).
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou
convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do
executado.

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2 - LEGITIMIDADE PASSIVA ORDINÁRIA
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;

2.1 - LEGITIMIDADE PASSIVA ORDINÁRIA DERIVADA OU


SUPERVENIENTE
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
Veja o artigo 796 do CPC:
Art. 796 CPC. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas,
feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças
da herança e na proporção da parte que lhe coube.
A universalidade dos bens do devedor responde pela dívida deixada pelo “de cujus”, mas
se já tiver havido partilha, os herdeiros pessoalmente, nos limites da força da herança,
responderão proporcionalmente à dívida deixada pelo falecido – benefício de inventário
ou benefício de herança.

III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor,


a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
Observe o artigo 794 que traz o benefício de ordem do fiador pois este, em regra e em
tese, é devedor subsidiário que só poderia ser buscado após o esgotamento das
possibilidades de satisfação do crédito no patrimônio do devedor principal, a não ser
que o próprio fiador renuncie ao benefício.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam
executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados,
indicando-os pormenorizadamente à penhora.
§ 1º Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma
comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
§ 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo
processo.

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§ 3º O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de
ordem.

V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao


pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.(não é devedor,
mas tem a responsabilidade)
Art. 134 CTN . Nos casos de impossibilidade de exigência do
cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem
solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus
tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos
devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa
falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício,
pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante
eles, em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em
matéria de penalidades, às de caráter moratório.

Art. 135 CTN. São pessoalmente responsáveis pelos créditos


correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas
jurídicas de direito privado.

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✓ Não cabe denunciação à lide (visa formar o título);
✓ Não cabe chamamento ao processo (visa formar o título);
✓ Polêmica quanto à assistência;
✓ Amicus Curiae: desnecessário (art. 138 CPC);
✓ Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (art. 134 CPC)

AgInt nos EREsp 1537366 / RS


AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO
ESPECIAL 2015/0138434-9
Relator(a) Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
S1 - PRIMEIRA SEÇÃO
DJe 27/05/2019
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA. DECISÃO AGRAVADA QUE INDEFERIU O REQUERIMENTO
PARA INTERVENÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS
ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB, NO FEITO, NA CONDIÇÃO DE
ASSISTENTE SIMPLES. DENEGAÇÃO DE TAL REQUERIMENTO QUE SE
ENCONTRA EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO EM QUE O CFOAB INSISTE NO
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REQUERIMENTO DE ASSISTÊNCIA SIMPLES E E AINDA FORMULA
REQUERIMENTO DIVERSO, EM CARÁTER SUBSIDIÁRIO, PARA SUA
ADMISSÃO, NO PROCESSO, NA CONDIÇÃO DE AMICUS CURIAE. AGRAVO
INTERNO IMPROVIDO E ADMISSÃO COMO AMICUS CURIAE INDEFERIDA.
I. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – CFOAB requereu o seu
ingresso, como assistente simples, em Embargos de Divergência opostos por particular,
contra acórdão da Primeira Turma do STJ, que entendeu incabível a fixação de
honorários de advogado na execução dos próprios honorários, sob pena de caracterização
de bis in idem, implicando locupletamento sem causa.
II. Admitidos os Embargos de Divergência, o pedido do CFOAB foi indeferido, com
fundamento na jurisprudência da Corte Especial do STJ, no sentido de que "a lei
processual exige, para o ingresso de terceiro nos autos como assistente simples, a
presença de interesse jurídico, ou seja, a demonstração da existência de relação jurídica
integrada pelo assistente que será diretamente atingida pelo provimento jurisdicional,
não bastando o mero interesse econômico, moral ou corporativo" (STJ, AgRg na PET
nos EREsp 910.993/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE ESPECIAL, DJe
de 01/02/2013).
III. Assim, o presente Agravo interno foi interposto contra a decisão que indeferiu
o requerimento para intervenção de terceiro, na condição de assistente simples,
formulado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - CFOAB,
sendo certo que, no
aludido pedido, não requerera ele a sua admissão no feito como amicus curiae, vindo
a fazê-lo, em caráter subsidiário, apenas ao final da petição deste Agravo interno.
IV. Sobre a matéria processual objeto da decisão agravada, esta Corte tem decidido,
reiteradamente, pelo indeferimento de pedidos de admissão do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil - CFOAB, na condição de assistente simples, em
recursos que versem sobre honorários advocatícios, quando o interesse da autarquia
vincula-se diretamente ao julgamento favorável a um de seus associados ou a uma
das partes, porquanto o interesse corporativo ou institucional do Conselho de classe, em
ação na qual se discute tese que se quer ver preponderar, não constitui interesse jurídico
apto a justificar a admissão de assistente simples.

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VI. Também a jurisprudência do STF é firme no sentido de ser imprescindível "a
demonstração, pela entidade pretendente a colaborar com a Corte, de que não está a
defender interesse privado, mas, isto sim, relevante interesse público" (STF, AgRg na SS
3. 273-9/RJ, Rel. Ministra ELLEN GRACIE, TRIBUNAL PLENO, DJe de
20/06/2008). Isso porque "não se trata de uma intervenção de terceiros, e sim de um
ato de admissão informal de um colaborador da corte. Colaborador da corte e não das
partes, e, se a intervenção de terceiros no processo, em todas as suas hipóteses, é de
manifesta vontade de alguém que não faz parte originalmente do feito para que ele seja
julgado a favor de um ou de outro, o amicus curiae, por seu turno, somente procura uma
decisão justa para o caso, remetendo informações relevantes ao julgador" (STF, ADPF
134 MC, Rel. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, DJe 30/04/2008). Em igual
sentido: STF, ED na ADI 3460, Rel. Ministro TEORI ZAVASCKI, TRIBUNAL
PLENO, DJe de 12/03/2015.
VII. Indeferido o requerimento de admissão como amicus curiae somente nesta
oportunidade, não há que se discutir acerca do cabimento ou não de Agravo interno
contra decisão que indefere o ingresso de requerente, na qualidade de "amigo da Corte".
VIII. Agravo interno improvido e indeferido o requerimento para admissão do
Conselho Federal da OAB como amicus curiae.

INTIMAÇÃO DE TERCEIROS: não há nulidade, mas ineficácia


Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário,
anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens
gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação,
quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou
habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a
penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de
compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a
penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de
compra e venda registrada;

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V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou
concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse,
concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de
direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel
submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou
concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime
de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para
fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a
penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do
concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de
quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim
previsto no art. 876, § 7º ;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de
propositura da execução e dos atos de constrição realizados, para
conhecimento de terceiros.
X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem como,
se for o caso, do titular de lajes anteriores, quando a penhora
recair sobre o direito real de laje; (Incluído pela Lei nº 13.465,
de 2017)
XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora
recair sobre a construção-base. (Incluído pela Lei nº 13.465,
de 2017)

Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou


anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício,
hipotecário ou anticrético não intimado.
§ 1º A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou
de cessão registrada será ineficaz em relação ao promitente
comprador ou ao cessionário não intimado.

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§ 2º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito
de superfície, seja do solo, da plantação ou da construção, será
ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário não
intimado.
§ 3º A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa
de venda, de promessa de cessão ou de alienação fiduciária será
ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao promitente cedente
ou ao proprietário fiduciário não intimado.
§ 4º A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída
enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou
concessão de direito real de uso será ineficaz em relação ao
enfiteuta ou ao concessionário não intimado.
§ 5º A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de
direito real de uso ou do concessionário de uso especial para fins
de moradia será ineficaz em relação ao proprietário do respectivo
imóvel não intimado.
§ 6º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto,
uso ou habitação será ineficaz em relação ao titular desses direitos
reais não intimado.
1 – CESSÃO DE DÉBITO
Art. 796 CPC. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas,
feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças
da herança e na proporção da parte que lhe coube.

Art. 299 Código Civil. É facultado a terceiro assumir a obrigação


do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando
exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da
assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao
credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se
o seu silêncio como recusa.

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São foros concorrentes:
✓ Foro de eleição
✓ Domicílio do executado
✓ Situação dos bens a ela sujeitos
✓ Ato ou fato que deu origem ao título - o executado não precisa residir no local em
que foi
✓ praticado o ato ou o fato que deu origem ao título executivo

Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será


processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do
executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos
bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser
demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no
foro de domicílio do exequente;

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IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do
exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se
praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título,
mesmo que nele não mais resida o executado.
Art. 784, § 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito
constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a
execução.
Claro que se o executado quiser impugnar a competência do juízo, poderá fazê-lo
por meio dos embargos.
TEORIA MATERIALISTA DA CONEXÃO: Por essa teoria, o que realmente
importa para a unificação dos processos é a identidade da relação jurídica material, ou
seja, ainda que o pedido ou a causa de pedir não sejam idênticos ou comuns, o CPC
autoriza o reconhecimento da necessidade de união para julgamento conjunto.
Art. 55 CPC: Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando
lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 2º: Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento
relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
Art. 784, § 1º: A propositura de qualquer ação relativa a débito
constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a
execução. (ex: ação anulatória)
Lei n. 6.830/80, art. 5º: A competência para processar e julgar a
execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer
outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação,
da insolvência ou do inventário.
Art. 46, § 5º CPC: A execução fiscal será proposta no foro de
domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for
encontrado.

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✓ INADIMPLEMENTO – Arts. 786 A 788 CPC: o credor que quiser alegar
inadimplemento do executado deve provar que adimpliu sua parte na obrigação
(exceção do contrato não cumprido);
✓ TÍTULO EXECUTIVO – Art. 783 CPC (TEORIA DO DOCUMENTO)
▪ CERTEZA – Art. 783 CPC: contém todos os elementos para sua
identificação, quem é o credor, quem é o devedor, e qual a natureza
da prestação;
▪ LIQUIDEZ – Arts. 509, §2º e 786 CPC: quantum debeatur
definido, mesmo que seja necessário o cálculo aritmético que não
afasta a sua liquidez;
▪ EXIGIBILIDADE – Arts. 514 E 798, I, “c”, CPC: título está
vencido, não pago e não prescrito.

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NULLA EXECUTIO SINE TITULO ou NULLA EXECUTIO SINE
LEGIS: Esse princípio nos ensina que estabelece é nula a execução sem título
executivo. Assim, o credor pode buscar o processo de conhecimento, se quiser, para
depois então, buscar o cumprimento de eventual sentença.
Obs: a obrigação deve ser líquida, certa e exigível estampada num título executivo
previsto em lei.
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre
em título de obrigação certa, líquida e exigível.
Súmula 258 STJ - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não
goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Súmula 233 STJ - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado e extrato
da contracorrente, não é título executivo”.
Súmula 247 STJ - O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado
do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação
monitória”. No entanto, isso também não foi suficiente aos bancos.
Súmula 300 STJ - O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato
de abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial.
Súmula 387 STF - A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser
completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.
Súmula 504 do STJ - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente
de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao
vencimento do título.
Observe que o art. 70 da Lei Uniforme de Genebra ensina que o prazo prescricional da
nota promissória é de três anos, contados a partir do vencimento. Depois desse prazo, a
nota seria prova documental, que instrui o procedimento comum ou ação monitória para
cobrança, no prazo de cinco anos contados a partir da data do vencimento da nota
promissória.
Súmula 503 STJ - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula.
Súmula 370 STJ - Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-
datado

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Por outro lado, lembremos também que aquele que tem o título executivo pode optar pelo
processo de conhecimento, à luz do artigo 785 do CPC, pois é possível que o credor do
título queira discutir outros pontos da obrigação que não somente o título executivo:
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede
a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial.
O rol abaixo é taxativo e traz todos os documentos a que a lei atribui força executiva, ou
ainda, indica que somente a lei pode dizer quais são os títulos executivos que serão objeto
do processo executivo.
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture
e o cheque (títulos de crédito);
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor; (info 627 STJ)
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal (o fato de ser referendado traz a força
executiva);
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro
direito real de garantia e aquele garantido por caução; (contratos
com garantia não há necessidade de 2 testemunhas)
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (decorrentes da
enfiteuse)
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de
aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como
taxas e despesas de condomínio;

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IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos
créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva
convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas; (info 653 STJ)
Informativo nº 0653
Publicação: 30 de agosto de 2019.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.756.791-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 06/08/2019, DJe 08/08/2019
Tema: Ação de execução de título executivo extrajudicial. Débitos condominiais.
Inclusão das cotas condominiais vincendas. CPC/2015. Possibilidade.
Destaque: À luz das disposições do Código de Processo Civil de 2015, é possível a
inclusão em ação de execução de cotas condominiais das parcelas vincendas no débito
exequendo, até o cumprimento integral da obrigação no curso do processo.
Informações do Inteiro Teor: O art. 323 do CPC/2015 prevê que na ação que tiver por
objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão
incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo,
deixar de pagá-las ou de consigná-las. A despeito de referido dispositivo legal ser
indubitavelmente aplicável aos processos de conhecimento, tem-se que deve se admitir a
sua aplicação, também, aos processos de execução. O novo CPC inovou ao permitir o
ajuizamento de ação de execução para a cobrança de despesas condominiais,
considerando como título executivo extrajudicial o crédito referente às contribuições
ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, desde que documentalmente
comprovadas (art. 784, X). O art. 771 do CPC/2015, na parte que regula o procedimento
da execução fundada em título executivo extrajudicial, admite a aplicação subsidiária das
disposições concernentes ao processo de conhecimento à lide executiva. Tal
entendimento está em consonância com os princípios da efetividade e da economia

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processual, evitando o ajuizamento de novas execuções com base em uma mesma relação
jurídica obrigacional.

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro


relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos
atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a
lei atribuir força executiva.
Exemplos de títulos em outras leis: as anuidades dos advogados (Lei n. 8.906/94);
cédula de crédito rural (Dec.-Lei n. 167/67), a cédula de crédito industrial (Dec.-Lei n.
413/69), e o TAC (Lei n. 7.347/85, art. 5º, § 6º).
Pactum executivo, art. 190 do CPC e 784, XII, do CPC.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de
título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
Significa dizer que mesmo que exista ação discutindo a validade ou a legalidade do título
executivo, isso não impede o ajuizamento da execução. De toda sorte, pode haver a
conexão das demandas, à luz do artigo 55 do CPC, ou a reunião das ações, mesmo sem
conexão ou, ainda, a suspensão da execução por prejudicialidade, nos moldes do artigo
313 do CPC.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país
estrangeiro não dependem de homologação para serem
executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando
satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de
sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de
cumprimento da obrigação.

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Informativo nº 0627
Publicação: 29 de junho de 2018.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.495.920-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por maioria,
julgado em 15/05/2018, DJe 07/06/2018
Tema: Execução de título extrajudicial. Contrato eletrônico de mútuo assinado
digitalmente. Executividade. Ausência de testemunhas. Possibilidade.
Destaque: O contrato eletrônico de mútuo com assinatura digital pode ser considerado
título executivo extrajudicial.
Informações do Inteiro Teor: De início, registre-se que o rol de títulos executivos
extrajudiciais, previsto na legislação federal em numerus clausus, deve ser interpretado
restritivamente, em conformidade com a jurisprudência desta Corte Superior.
É possível, no entanto, o excepcional reconhecimento da executividade de determinados
títulos (contratos eletrônicos) quando atendidos especiais requisitos, em face da nova
realidade comercial com o intenso intercâmbio de bens e serviços em sede virtual, visto
que nem o Código Civil, nem o Código de Processo Civil, inclusive o de 2015,
mostraram-se permeáveis à realidade negocial vigente e, especialmente, à revolução
tecnológica que tem sido vivida no que toca aos modernos meios de celebração de
negócios, que deixaram de se servir unicamente do papel, passando a se consubstanciar
em meio eletrônico.
Nesse sentido, a assinatura digital de contrato eletrônico tem a vocação de certificar,
através de terceiro desinteressado (autoridade certificadora), que determinado usuário de
certa assinatura a utilizara e, assim, está efetivamente a firmar o documento eletrônico e
a garantir serem os mesmos os dados do documento assinado que estão a ser
sigilosamente enviados.
Ademais, é necessário destacar que, com base nos precedentes desta Corte, em regra,
exigem-se duas testemunhas em documento físico privado para que seja considerado
executivo, mas excepcionalmente, poderá ele dar azo a um processo de execução, sem
que se tenha cumprido esse requisito formal entendimento este deve-se aplicar aos
contratos eletrônicos, desde que observadas as garantias mínimas acerca de sua
autenticidade e segurança.

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Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não
satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em
título executivo.
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas
para apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da
obrigação constante do título.
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação
senão mediante a contraprestação do credor, este deverá provar
que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do
processo.
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação,
depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz
não permitirá que o credor a receba sem cumprir a
contraprestação que lhe tocar.
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela
prosseguir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar
o recebimento da prestação se ela não corresponder ao direito ou
à obrigação estabelecidos no título executivo, caso em que poderá
requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de
embargá-la.
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede
a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial.
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação
certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer
o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será
pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
independentemente de embargos à execução.

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Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia
ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor
ou do devedor:
§ 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo
aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento
da sentença.
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição
ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração
de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
Além disso, a petição inicial da execução deve obedecer à juntada de um título que
preenche tais requisitos:
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura
da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se
for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que
lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o
executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão
mediante a contraprestação do exequente;
Vamos lembrar sobre a desistência da execução prevista no artigo 775 do CPC:
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução
ou de apenas alguma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o
seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem
apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas
processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do
impugnante ou do embargante.

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No processo de conhecimento, à luz do artigo 485 do CPC, há a necessidade de
consentimento do réu, caso ele já tenha sido citado para que a desistência da ação produza
seus efeitos. No caso dos recursos, qualquer recorrente pode desistir do seu recurso,
independentemente da anuência dos litisconsortes ou do recorrido.
Já os embargos da execução, que são a ação de defesa do executado, deverão ser
observados no caso de desistência na execução da seguinte maneira:
- se os embargos versarem exclusivamente sobre questões processuais, não há
necessidade de consentimento do executado embargante; e os embargos serão igualmente
extintos;
- se os embargos versarem sobre questões de mérito, o exequente precisa do
consentimento do executado que, em última análise, concordará também, nesse caso, com
a extinção dos embargos.
CUMULAÇÃO DE DEMANDAS
Para estudarmos esse tema, precisamos estudar o artigo 780 do CPC:
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que
fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e
desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico
o procedimento.
Observe os requisitos:
✓ Mesmo executado;
✓ Juízo competente;
✓ Procedimento idêntico.

Todavia, há uma exceção: Possibilidade de cumular execução de pagar quantia certa com
obrigação de fazer (STJ, Resp. 1.263.294/Rel. Min. Diva Malerbi, DJ. 23.11.2012)
(REsp 1688154/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 12/03/2019, Dje 15/03/2019)
(...) 2. O propósito recursal consiste em definir sobre a possibilidade de cumulação
subjetiva de credores na execução de título executivo extrajudicial - exegese do art. 780,
do CPC/15.

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3. É válida a cumulação de execuções em um só processo que aglutina pretensões por um
ponto em comum, de fato ou de direito, considerando especialmente a economia
processual daí advinda, sem prejuízo ao exercício do direito de defesa.
4. Na hipótese concreta, as pretensões executivas foram movidas em conjunto,
considerando sua origem comum no Programa de Emissão de Cédulas de Crédito
Bancário para a construção da Pequena Central Hidrelétrica de Apertadinho/RO.
Configurada a identidade do devedor e a competência do mesmo juiz para todas as
execuções das cédulas de crédito bancário.
5. Assim, a coligação de credores no polo ativo da execução não desvirtuou a finalidade
precípua do processo executivo, de satisfazer o crédito executado pelo modo mais efetivo
ao credor e menos gravoso ao devedor, tampouco retirou deste a possibilidade de exercer
a ampla defesa. 6. Recurso especial conhecido e não provido, com majoração de
honorários.
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de
3 (três) dias, contado da citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de
penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça
tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo
lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente,
salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz,
mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado,
arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a
execução.
§ 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial
de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos
e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora
certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2º Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez
frustradas a pessoal e a com hora certa.

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§ 3º Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento,
o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.
EFEITOS DO AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO
1 - AVERBAÇÃO
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi
admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da
causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos
ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente
deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o
valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez)
dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não
penhorados.
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício
ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração
de bens efetuada após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente
indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º
indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos
apartados.
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude
à execução:
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência
do processo de execução, na forma do art. 828;
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao
exequente.

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2 – INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde
que realizada em observância ao disposto no § 2º do art. 240,
ainda que proferido por juízo incompetente. interrompe a
prescrição
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de
propositura da ação.
Súmula 150 STF. Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.
3 – LITIGIOSIDADE DO OBJETO
Não impede a cessão do crédito;
Pode haver cessão processual que não depende de consentimento da parte contrária
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei
confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em
sucessão ao exequente originário:
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo
lhe for transferido por ato entre vivos;
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do
executado.
4 – LITISPENDÊNCIA E PREVENÇÃO DO JUÍZO
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo
incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e
constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e
398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que
ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente,
retroagirá à data de propositura da ação.

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RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL OU PESSOAL?
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
Tal execução obedecerá aos artigos 827 e seguintes do CPC:
Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os
honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo
executado.
§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o
valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.
§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento,
quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração,
caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento
executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo
advogado do exequente.
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi
admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da
causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos
ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente
deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o
valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez)
dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não
penhorados.
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício
ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração
de bens efetuada após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente
indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º
indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos
apartados.

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Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de
3 (três) dias, contado da citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de
penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça
tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo
lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente,
salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz,
mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado,
arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a
execução.
§ 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial
de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos
e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora
certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2º Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez
frustradas a pessoal e a com hora certa.
§ 3º Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento,
o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.
O devedor é citado para pagar em 3 dias e, na forma do artigo 827, vê-se uma medida
indutiva que estimula o devedor a pagar integralmente o débito com redução dos
honorários advocatícios, ou um aumento de até 20% caso o devedor não faça o
pagamento.
Quando o oficial de justiça cita o devedor, ao verificar o não cumprimento da obrigação
em 3 dias, volta e procede à penhora, apesar de isso ser um pouco diferente na prática.
Quando o oficial de justiça procura o devedor e não o encontra, ele arresta tantos bens
quantos bastem para garantir a execução e tenta citá-lo nos próximos 10 dias, podendo
fazer, inclusive, a citação por hora certa. Se não houver citação por hora certa, poderá
acontecer, inclusive, a citação por edital. Feita a citação, se não houver o pagamento
depois dela, o arresto será convertido automaticamente em penhora (arresto executivo).

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Outro detalhe é que o credor pode ser intimado para indicar bens à penhora e o devedor
pode pedir a substituição do que foi penhorado.
Para incrementar seus conhecimentos, veja o julgado abaixo:
Informativo nº 0614
Publicação: 22 de novembro de 2017.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.507.339-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade,
julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017
Tema: Execução para entrega de coisa incerta. Conversão para procedimento executivo
por quantia certa. Coisa perseguida entregue com atraso. Possibilidade.
Destaque: É possível a conversão do procedimento de execução para entrega de coisa
incerta para execução por quantia certa na hipótese em que o produto perseguido for
entregue com atraso, gerando danos ao credor da obrigação.
Informações do Inteiro Teor: Na origem, trata-se de execução movida por cooperativa
agroindustrial com base em cédula de produto rural, em que os executados se
comprometeram à entrega de coisa incerta. Ante o atraso no cumprimento da obrigação,
discute-se a possibilidade de se converter o procedimento para execução por quantia certa.
Com efeito, o art. 627 do CPC/73 já autorizava a referida conversão para as hipóteses de
frustração do meio executório, ou seja, nas situações específicas em que: (a) não
encontrada a coisa perseguida; (b) não entregue; (c) deteriorada a coisa; e (d) não
reclamada de terceiro adquirente. Na hipótese em que se busca obrigação subsidiária
consistente nos frutos e ressarcimento dos prejuízos decorrentes da mora, deve-se fazer
uma análise da compatibilidade do título (CPR) com o rito (execução para entrega de
coisa e de quantia certa). Nesse sentido, extrai-se da leitura da segunda parte do art. 624
do CPC/73 – agora com nova redação ampliada do art. 807 do CPC/15 – combinado com
o art. 389 do CC/02, que, mesmo satisfeita a obrigação de entregar a coisa, se "prosseguirá
a execução" para o pagamento de frutos e/ou ressarcimento de prejuízos. Dessa forma,
embora não contido no título, decorre da lei a certeza do direito perseguido, sem a
necessidade de um novo processo cognitivo para se declarar a obrigação que o
ordenamento jurídico já estabeleceu. Ressalta-se, por fim, que o citado ressarcimento dos
prejuízos depende de liquidação incidental no próprio feito executivo convertido, sendo
a prévia apuração do quantum realizada por estimativa do credor ou por arbitramento.

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PATRIMONIALIDADE PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA
O princípio da patrimonialidade define que os bens da pessoa devem responder por suas
dívidas, pois no Direito brasileiro não há formas de coerção pessoal para forçar o devedor
a pagar, a não ser na excepcionalidade da responsabilidade pessoal do devedor de
alimentos.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens
presentes e futuros para o cumprimento de suas
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Na responsabilidade patrimonial primária, os bens do devedor respondem por suas
dívidas; e na responsabilidade patrimonial secundária indica que, para o pagamento das
dívidas do devedor, é possível alcançar os bens de terceiros.
Quando se fala dos bens presentes, são aqueles que o devedor tem na data do ajuizamento
da ação; e não na data da celebração do contrato, da obrigação, ou da tentativa de penhora.
Entretanto, excepcionalmente, é possível alcançar os bens passados do devedor, desde
que se reconheça, por meio da ação pauliana ou revocatória, a fraude contra credores,
nos termos do artigo 790, inciso VI, do CPC, ou por meio do reconhecimento da fraude
à execução, nos termos do inciso V do mesmo artigo.
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução
fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus
bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à
execução;
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido
anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma,
de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da
personalidade jurídica.

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Não se olvide observar que a fraude contra credores exige, nos termos dos artigos 158 e
seguintes do Código Civil que, para se caracterizar a fraude pauliana, é necessário
identificar o claro prejuízo ao credor, bem como o conluio entre o devedor e terceira
pessoa.
Nos termos do artigo 792 do CPC, há quatro hipóteses de fraude à execução:
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude
à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou
com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo
tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência
do processo de execução, na forma do art. 828 ;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca
judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do
processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava
contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao
exequente.
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas
necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões
pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se
encontra o bem.
§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a
fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja
personalidade se pretende desconsiderar.
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar
o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de
terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.

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Súmula 375 STJ - O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Observe que o dispositivo traz a ineficácia, e não a anulação ou nulidade absoluta do ato
fraudulento em relação ao credor da execução, e ainda, a necessidade de averbação pra
que se leve ao conhecimento de terceiro a pendência da ação.
Mas, como fazer quando não há averbação, naqueles bens não sujeito a registro? O 3º
adquirente terá o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição,
mediante a exibição de documentos e certidões pertinentes. Nesse sentido, a fraude à
execução é um vício do processo, que exige mera petição nos próprios autos para a
identificação da fraude.
Informativo nº 0594 - Publicação: 1º de fevereiro de 2017.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.391.830-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
22/11/2016, DJe 1/12/2016.
Destaque: A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem
for posterior à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada a execução que fora
originariamente proposta em face da pessoa jurídica.
Informações do Inteiro Teor: A questão consistiu em determinar se a venda de imóvel
realizada por sócio de pessoa jurídica executada, após a citação desta, mas antes da
desconsideração da personalidade jurídica da mesma sociedade, configura fraude à
execução.
De acordo com o art. 593, II, do CPC/1973, depreende-se que, para a configuração de
fraude à execução, deve correr contra o próprio devedor demanda capaz de reduzi-lo à
insolvência.
No mais, urge destacar que é indispensável a citação válida para configuração de fraude
à execução (REsp 956.943-PR, Corte Especial, DJe 1/12/2014).
Dessa feita, tem-se que a fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de
disposição do bem for posterior à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada
a execução que fora originariamente proposta em face da pessoa jurídica. Somente com
a superveniência da desconstituição da personalidade da pessoa jurídica é que o sócio da
pessoa jurídica foi erigido à condição de responsável pelo débito originário desta.
Inclusive, este é o entendimento adotado por esta Corte nas hipóteses de execução fiscal,

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que pode ser utilizado, por analogia, na espécie (AgRg no REsp 1.186.376-SC, Segunda
Turma, DJe 20/9/2010). No mesmo sentido, tem-se: EREsp 110.365/SP, Primeira Seção,
DJ 14/3/2005; e REsp 833.306-RS, Primeira Turma, DJ 30/6/2006.

Informativo nº 0621 - Publicação: 6 de abril de 2018.


TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.713.096-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
20/02/2018, DJe 23/02/2018
Destaque: Caracteriza-se evicção a inclusão de gravame capaz de impedir a transferência
livre e desembaraçada de veículo objeto de negócio jurídico de compra e venda.
Informações do Inteiro Teor: Trata-se de ação de cobrança, ajuizada por intermediadora
de negócio jurídico em face do proprietário do bem, em que pretende o ressarcimento dos
danos sofridos, por intermediar a compra e venda de automóvel com terceiro, entregue
em consignação pelo proprietário, e que foi bloqueado por ordem judicial,
impossibilitando a transferência da propriedade e ensejando a resolução do contrato pelo
adquirente. Nesse contexto, cinge-se a controvérsia a analisar a ocorrência de evicção.
Inicialmente, cumpre destacar que sobre a garantia de evicção, afirma a doutrina que ela
representa um sistema especial de responsabilidade negocial, que impõe ao alienante,
dentre outras consequências, a obrigação de reparar as perdas e os danos eventualmente
suportados pelo adquirente evicto (arts. 450 e seguintes do CC/2002), tendo em vista o
não cumprimento do dever de lhe transmitir o direito sem vícios não consentidos. Dessa
forma, a doutrina ressalta que o ordenamento jurídico protege o adquirente, garantindo-
lhe a legitimidade jurídica do direito que lhe é transferido por meio da regulamentação de
direitos, deveres, ônus e obrigações decorrentes do rompimento da sinalagmaticidade das
prestações. A evicção, portanto, não se estabelece com a "perda da coisa" em si, como se
lê ordinariamente, mas com a privação de um direito que incide sobre a coisa; direito esse
que paira não apenas sobre a propriedade como igualmente sobre o direito à posse. E,
considerando que essa privação do direito pode ser total ou parcial, exemplificam os
doutrinadores que haverá evicção na hipótese de inclusão de um gravame capaz de reduzir
a serventia do bem. Na hipótese, conquanto tenha o adquirente se mantido na posse do
veículo por determinado período de tempo, o fato de ter sido em seguida constituído o
gravame, tornando necessário o ajuizamento de embargos de terceiro para que ele pudesse

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obter a respectiva liberação para efetuar o registro, evidencia o rompimento da
sinalagmaticidade das prestações, na medida em que se obrigou o alienante a promover a
transferência livre e desembaraçada do bem à adquirente, sob pena de responder pela
evicção.

Também a responsabilidade secundária está prevista no artigo 790 do CPC, sem que
isso signifique desconsideração da personalidade jurídica como, por exemplo, no caso de
um cônjuge ou companheiro que poderá ter seu patrimônio comum penhorado e
adjudicado pelo terceiro, ou alienado, ou talvez leiloado, a despeito de se resguardar a
meação do cônjuge não devedor – fato é que o bem de terceiro não devedor poderá ser
alcançado a fim de se satisfazer a execução.
A busca pelo patrimônio do devedor se dá pela penhora, que é o ato de constrição judicial
que tem as seguintes finalidades:
✓ para garantir a execução;
✓ individuar o patrimônio do devedor;
✓ tirar o bem da posse plena ou direta ou do devedor;
✓ dar ao exequente o direito de preferência.

Informativo nº 0664
Publicação: 28 de fevereiro de 2020.
RECURSOS REPETITIVOS - AFETAÇÃO
Processo ProAfR no REsp 1.835.865-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção,
por unanimidade, julgado em 10/12/2019, DJe 05/02/2020
Tema: A Primeira Seção acolheu a proposta de afetação do recurso especial ao rito dos
recursos repetitivos, conjuntamente com o REsp 1.666.542/SP, a fim de uniformizar o
entendimento a respeito da seguinte controvérsia:
i) da necessidade de esgotamento das diligências como pré-requisito para a penhora do
faturamento;
ii) da equiparação da penhora de faturamento à constrição preferencial sobre dinheiro,
constituindo ou não medida excepcional no âmbito dos processos regidos pela Lei
6.830/1980; e
iii) da caracterização da penhora do faturamento como medida que implica violação do
princípio da menor onerosidade.
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De toda sorte, observe o seguinte julgado:
Informativo nº 0600
Publicação: 26 de abril de 2017.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.493.067-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
21/3/2017, DJe 24/3/2017.
Tema: Ação civil pública. Indisponibilidade de bens. Integralidade do patrimônio.
Execução. Expropriação. Adjudicação de bem. Coisa determinada e específica.
Impedimento. Ausência.
Destaque: A indisponibilidade de bens do executado deferida em ação civil pública não
impede a adjudicação de um determinado bem ao credor que executa o devedor comum
com substrato em título executivo judicial.
Informações do Inteiro Teor: Inicialmente, cumpre salientar que se o devedor não
adimplir espontaneamente com as prestações a que se sujeitou, a atuação do Estado é
necessária para compeli-lo a satisfazer o direito de crédito de um determinado credor
previsto em um título executivo. Nessa hipótese, a fim de evitar que essa atividade estatal
seja infrutífera, o ordenamento jurídico prevê meios de remediar e precaver essa situação,
evitando a gestão ruinosa do devedor sobre seu patrimônio por meio de determinadas
medidas que atuam sobre seu poder de livremente dispor de seus bens. A
indisponibilidade é uma dessas medidas destinadas à garantia da satisfação de uma dívida.
Trata-se de cautelar inominada, deferida com substrato no poder geral de cautela do juiz,
por meio da qual é resguardado o resultado prático de uma ação pela restrição ao direito
do devedor de dispor sobre a integralidade do seu patrimônio, sem, contudo, privá-lo
definitivamente do domínio. Diferentemente do que ocorre na indisponibilidade, no
arresto, a perda do poder de disposição incide sobre um determinado ou determinados
bens porque já se sabe quantos deles serão necessários à satisfação da dívida, o que é
justificado pelo fato de que sua decretação depende da existência de prova literal da dívida
líquida e certa. Além disso, o arresto “apenas importa na ineficácia da transmissão
dominial” (REsp 819.217/RJ, Terceira Turma, DJe 06/11/2009; REsp 487.921/SP, Quarta
Turma, DJe 2/5/2013), haja vista que a ineficácia se restringirá apenas a um negócio
jurídico realizado sobre um bem específico, dada sua vinculação à dívida a ser executada.
Ademais, diferentemente da indisponibilidade cautelar, a inalienabilidade e

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impenhorabilidade legal e a voluntária incidem somente sobre bens determinados, não
sobre a integralidade do patrimônio do devedor. Já a expropriação é o ato final da
execução por quantia certa, consistindo no ato da autoridade judicial por meio do qual se
retira coativamente a propriedade ou posse de alguém com o objetivo de obter-se a
prestação suficiente à satisfação do crédito exequendo. Por se tratar de atuação coativa do
Estado, a adjudicação não pode ser impedida pela cautelar atípica de indisponibilidade de
bens, a qual atua sobre o poder de o devedor dispor sobre todo seu patrimônio de acordo
com sua vontade. Ademais, não havendo um direito de preferência especial de um outro
credor sobre um bem determinado do devedor, a adjudicação não pode ser obstruída pela
indisponibilidade, que não impõe a um bem específico a situação de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, afastando sua sujeição à execução. Caso contrário, se a
indisponibilidade impedisse a penhora ou a expropriação do bem do patrimônio do
devedor, conforme asseverou o i. Min. Ruy Rosado de Aguiar, “o réu com bens
indisponíveis receberia um bill de indenidade e, uma vez extinta a ação civil, teria
conseguido manter o patrimônio livre de execuções, em prejuízo dos seus credores, que
nenhuma relação têm com os atos que determinaram aquela iniciativa ” (REsp
418.702/DF, Quarta Turma, DJ 07/10/2002).

Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos


e os rendimentos dos bens inalienáveis.

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte


ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas
demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com
as circunstâncias do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro
a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor
não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta
por cento.

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Claro que para se proceder a penhora em dinheiro, deve-se observar o disposto no artigo
854 do CPC, em que antes da penhora, o juiz procede ao bloqueio, via BACENJUD, e
depois de ouvido o executado, se sua manifestação não for acolhida, converte-se a
indisponibilidade em penhora. Lembre-se, inclusive, que o magistrado pode corrigir, de
ofício, caso haja algum equívoco na indisponibilidade do dinheiro, como o excesso de
execução.
Quanto ao tema, há julgados bem interessantes:
Informativo nº 0645
Publicação: 26 de abril de 2019.
PRIMEIRA TURMA
Processo REsp 1.464.714-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min.
Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 12/03/2019, DJe 01/04/2019
Tema: Execução fiscal. Busca por bens penhoráveis. Acesso a Cadastro de Clientes do
Sistema Financeiro Nacional (CCS). Possibilidade.
Destaque: É legítimo o requerimento do Fisco ao juízo da execução fiscal para acesso ao
Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS) como forma de encontrar
bens que sejam capazes de satisfazer a execução de crédito público.
Informações do Inteiro Teor: O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional
(CCS) é um sistema de informações de natureza cadastral que tem por objeto os
relacionamentos mantidos pelas instituições participantes com os seus correntistas ou
clientes com previsão na Circular nº 3.347, de 11 de abril de 2007, do Banco Central do
Brasil. O cadastro contém a identificação do cliente e de seus representantes legais e
procuradores; as instituições financeiras nas quais o cliente mantém seus ativos ou
investimentos; as datas de início e, se houver, de fim de relacionamento. O cadastro, no
entanto, não contém dados de valor, de movimentação financeira ou de saldos de contas
ou aplicações. Assim, o acesso ao CCS representa uma providência que não se confunde
com a penhora de dinheiro mediante BACENJUD, mas que pode servir como subsídio.
Nesse sentido, não se mostra razoável a permissão para se deferir medida constritiva por
meio de BACENJUD e negar pesquisa exploratória em cadastro meramente informativo
– como é o caso do CCS. Se a Lei Processual assegura o fim (determinação de
indisponibilidade), dentro da sistemática da busca por bens que sirvam à satisfação do

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crédito público, também assegura os meios: o credor poderá requerer ao juízo que
diligencie, junto ao BACEN, acerca da existência de ativos constantes no referido CCS.

nformativo nº 0640 - Publicação: 15 de fevereiro de 2019.


TERCEIRA TURMA - REsp 1.733.697-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 11/12/2018, DJe 13/12/2018
Destaque: É admissível o uso da técnica executiva de desconto em folha de dívida de
natureza alimentar ainda que haja anterior penhora de bens do devedor.
Informações do Inteiro Teor: Inicialmente, salienta-se que a legislação revogada, em
sua versão original, consagrava tão somente a expropriação de bens como técnica
executiva nas obrigações de pagar quantia certa (art. 646 do CPC/1973), ao passo que,
para as obrigações de fazer e de não fazer, estabelecia-se a possibilidade de imposição de
uma multa como única forma de evitar a conversão em perdas e danos na hipótese de
renitência do devedor em cumprir a obrigação definida em sentença. Contudo, a
tipicidade dos meios executivos, nesse contexto, servia essencialmente à demasiada
proteção ao devedor. Nesse aspecto, o CPC/2015 evoluiu substancialmente, a começar
pelo reconhecimento, com o status de norma fundamental do processo civil (art. 4º), que
o direito que possuem as partes de obter a solução integral do mérito compreende, como
não poderia deixar de ser, não apenas a declaração do direito (atividade de acertamento
da relação jurídica de direito material), mas também a sua efetiva satisfação (atividade de
implementação, no mundo dos fatos, daquilo que fora determinado na decisão judicial).
Diante desse novo cenário, não é mais correto afirmar que a atividade satisfativa somente
poderá ser efetivada de acordo com as específicas regras daquela modalidade executiva,
mas, sim, que o legislador conferiu ao magistrado um poder geral de efetivação, que deve,
todavia, observar a necessidade de fundamentação adequada e que justifique a técnica
adotada a partir de critérios objetivos de ponderação, razoabilidade e proporcionalidade,
de modo a conformar, concretamente, os princípios da máxima efetividade da execução
e da menor onerosidade do devedor, inclusive no que se refere às impenhorabilidades
legais e à subsidiariedade dos meios atípicos em relação aos típicos. Na hipótese,
pretende-se o adimplemento de obrigação de natureza alimentar devida pelo genitor há
mais de 24 (vinte e quatro) anos, com valor nominal superior a um milhão e trezentos mil
reais e que já foi objeto de sucessivas impugnações do devedor, sendo admissível o

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deferimento do desconto em folha de pagamento do débito, parceladamente e observado
o limite de 10% sobre os subsídios líquidos do devedor, observando-se que, se adotada
apenas essa modalidade executiva, a dívida somente seria inteiramente quitada em 60
(sessenta) anos, motivo pelo qual se deve admitir a combinação da referida técnica sub-
rogatória com a possibilidade de expropriação dos bens penhorados.

Informativo nº 0614 - Publicação: 22 de novembro de 2017.


TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.619.868-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade,
julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017
Destaque: Não é possível a penhora do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
- FGTS para o pagamento de honorários de sucumbência.
Informações do Inteiro Teor: Inicialmente, cumpre salientar que embora os honorários
advocatícios tenham natureza alimentar, não se confundem com a prestação de alimentos,
sendo esta última obrigação periódica, de caráter ético-social, lastreada no princípio da
solidariedade entre os membros do mesmo grupo familiar. Apesar da distinção havida
entre as verbas, esta Corte Superior, em linhas gerais, tem dado interpretação extensiva à
expressão "prestação alimentícia" constante do § 2º do art. 649 do CPC/73, para englobar
não somente as prestações alimentícias stricto senso, como também os honorários
advocatícios. Ocorre que no caso dos autos, a hipótese não é propriamente de penhora de
salários e vencimentos, mas, sim, de saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -
FGTS, que tem regramento próprio. De acordo com o art. 7º, III, da Constituição Federal,
o FGTS é um direito de natureza trabalhista e social. Trata-se de uma poupança forçada
do trabalhador, que tem suas hipóteses de levantamento elencadas na Lei n. 8.036/1990.
O rol não é taxativo, tendo sido contemplados casos diretamente relacionados com a
melhora da condição social do trabalhador e de seus dependentes, mais especificamente
em casos de comprometimento de direito fundamental do titular do fundo. Nessa linha de
entendimento, tem-se admitido a penhora de saldo do FGTS para pagamento de prestação
alimentícia stricto senso, considerando que a dignidade do trabalhador está em risco,
diante da possibilidade de sua prisão, assim como de seus dependentes. Destaca-se,
porém, que a penhora de verbas do FGTS é medida extrema, que só se justifica para evitar
a prisão do devedor de alimentos e atender as necessidades imediatas de sua prole. Dessa

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forma, não se justifica a liberação de valores do fundo de garantia fora das hipóteses legais
para o pagamento de dívidas do trabalhador, ainda que tenham natureza alimentar em
sentido amplo, como as decorrentes de honorários sucumbenciais e quaisquer outros
honorários devidos a profissionais liberais.

A regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. (art. 649, IV,
do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser excepcionada quando for preservado
percentual de tais verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família.
RE nos EDcl nos EREsp 1582475, Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
publicado em 28.5.2019

Art. 835.
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito
Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda
e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.

§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá


sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro
garantidor, este também será intimado da penhora.

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TEMA REPETITIVO 913 STJ
"I - A cota de fundo de investimento não se subsume à ordem de preferência legal disposta
no inciso I do art. 655 do CPC/73 (ou no inciso I do art. 835 do NCPC).
II - A recusa da nomeação à penhora de cotas de fundo de investimento, reputada legítima
a partir das particularidades de cada caso concreto, não encerra, em si, excessiva
onerosidade ao devedor, violação do recolhimento dos depósitos compulsórios e
voluntários do Banco Central do Brasil ou afronta à impenhorabilidade das reservas
obrigatórias".

O lugar de realização da penhora observará o que reza o artigo 845 do CPC, ou seja,
efetua-se a penhora onde se encontram os bens ainda que sob a posse, a detenção ou a
guarda de terceiros e é claro que pode haver a substituição da penhora, ou a pedido do
executado, ou a pedido de qualquer das partes, consoante ensina o artigo 848 do CPC.
Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora se:
I - ela não obedecer à ordem legal;
II - ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou
ato judicial para o pagamento;
III - havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido
penhorados;
IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já
penhorados ou objeto de gravame;
V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer
das indicações previstas em lei.
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança
bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior ao
do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.

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Feita a penhora, e devidamente formalizada, procedem-se aos seguintes passos:
✓ Adjudicação (CPC, art. 876).
✓ Alienação particular (CPC, arts. 879, I e 880).
✓ Alienação pública (CPC, art. 881 e ss.).
✓ Usufruto – apropriação dos frutos (CPC, arts. 825, III e 867 a 869).

De toda sorte, uma vez penhorado o bem, a primeira tentativa será a adjudicação, que é a
possibilidade de o exequente ficar com o bem penhorado, pelo valor da avaliação. O passo
seguinte é a alienação, ou feita na iniciativa particular, ou em leilão, nos termos do artigo
879 do CPC. Só que na alienação particular, o preço mínimo é o valor da avaliação. Por
outro lado, é o juiz quem estabelece o preço mínimo no caso do leilão judicial, nos termos
do artigo 885, desde que não seja preço vil.
Mas sempre haverá a possibilidade de o devedor se defender alegando impenhorabilidade
do seu patrimônio:
MENOR ONEROSIDADE DO DEVEDOR ou MENOR SACRIFÍCIO
A menor onerosidade exige que o credor, tendo mais de uma via de execução, escolha
aquela que é menos gravosa ao devedor, nos termos do artigo 805 do CPC, indicando
outros meios mais eficazes, sob pena de manutenção da via em curso:
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso
para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva
mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos
onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já
determinados.
Claro que o menor sacrifício deve ser subordinado à máxima efetividade e, em
última análise, à razoável duração do processo.

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Informativo nº 0617
Publicação: 9 de fevereiro de 2018.
TERCEIRA TURMA
Processo HC 416.886-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/12/2017, DJe 18/12/2017
Tema: Prisão civil por alimentos. Obrigação alimentar avoenga. Natureza complementar
e subsidiária. Existência de meios executivos e técnicas mais adequadas. Desnecessidade
da medida coativa extrema.
Destaque: Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a
satisfação da dívida alimentar dos avós, é admissível a conversão da execução para o rito
da penhora e da expropriação, a fim de afastar o decreto prisional em desfavor dos
executados.
Informações do Inteiro Teor: Trata-se de habeas corpus em que se discute a
possibilidade de ser mantida ordem de prisão civil em virtude de dívida de natureza
alimentar assumida espontaneamente pelos avós, relacionada ao custeio de mensalidades
escolares e de cursos extracurriculares dos netos.
Com efeito, não se pode olvidar que, na esteira da sólida jurisprudência desta Corte, a
responsabilidade pela prestação de alimentos pelos avós possui, essencialmente, as
características da complementariedade e da subsidiariedade, de modo que, para estender
a obrigação alimentar aos ascendentes mais próximos, deve-se partir da constatação de
que os genitores estão absolutamente impossibilitados de prestá-los de forma suficiente.
O fato de os avós terem assumido uma obrigação de natureza complementar de forma
espontânea não significa dizer que, em caso de inadimplemento, a execução deverá
obrigatoriamente seguir o rito estabelecido para o cumprimento das obrigações
alimentares devidas pelos genitores, que são, em última análise, os responsáveis
originários pela prestação dos alimentos necessários aos menores.
Não há dúvida de que o inadimplemento causou transtornos aos menores; todavia,
sopesando-se os prejuízos que seriam causados na hipótese de manutenção do decreto
prisional dos idosos, conclui-se que a solução mais adequada à espécie é autorizar a
conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, o que, a um só tempo,
homenageia o princípio da menor onerosidade da execução (art. 805 do CPC/15) e
também o princípio da máxima utilidade da execução.

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Registre-se, por fim, que, a depender do grau de recalcitrância manifestado pelos
pacientes, poderá o juízo de 1º grau empregar outros meios de coerção ou sub-rogação,
tais como aqueles estabelecidos nos arts. 528, § 3º, 529, 831 e seguintes da novel
legislação processual civil.

Além disso, a menor onerosidade impõe que se respeite o mínimo existencial


blindado, segundo o legislador, pela impenhorabilidade absoluta, nos termos do artigo
833 do CPC, que acabam na impenhorabilidade relativa:
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não
sujeitos à execução (info 660);
Informativo nº 0660
Publicação: 6 de dezembro de 2019.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.816.095-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019
Tema: Escola de Samba. Carnaval. Verba oriunda de parceria público-privada. Penhora.
Possibilidade. Interpretação restritiva das impenhorabilidades.
Destaque: São penhoráveis as verbas recebidas por escola de samba a título de parceria
público-privada com a administração pública.
Informações do Inteiro Teor: O Código de Processo Civil de 2015 estabelece que são
impenhoráveis "os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução", bem como "os recursos públicos recebidos por instituições privadas para
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social" (art. 833, I, IX).
Igualmente, "não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou
inalienáveis" (art. 832).
Por se tratar de artigos referentes a impenhorabilidades sua interpretação deve ser
restritiva, sempre com foco no núcleo essencial que justifica a própria instituição da regra,
isto é, o almejado equilíbrio entre a satisfação do crédito para o credor e a menor
onerosidade para o devedor. O art. 35, § 5º, da Lei n. 13.019/2014 dispõe que os
"equipamentos e materiais permanentes" adquiridos com recursos provenientes da
celebração da parceria serão gravados com cláusula de inalienabilidade.

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Portanto, não são os recursos o objeto da restrição legal, mas o produto do seu
investimento necessário à consecução do projeto de parceria.
Nesse sentido, também afasta-se a hipótese de bens não sujeitos à execução por ato
voluntário, pois as verbas adquiridas pela escola de samba seguem regramento
estabelecido na Lei n. 13.019/2014, sem qualquer dispositivo que faça menção de sua
impenhorabilidade.
Saliente-se que é inquestionável o valor social, cultural, histórico e turístico do carnaval
brasileiro, uma das maiores expressões artísticas nacionais com alcance mundial. Este
reconhecimento de envergadura nacional e internacional, todavia, não autoriza dizer por
lei que sua promoção visa compulsoriamente à educação e à assistência social.
A própria Lei n. 13.019/14 considera que a parceria entre a administração pública e as
organizações da sociedade civil é feita "para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco" (art. 2º, III) jamais restringindo seu âmbito "para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social" (art. 833, IX, do CPC).

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que


guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor
ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a
um médio padrão de vida; (quadros, segunda geladeira, televisores
a partir da segunda televisão na residência, aparelho de ar
condicionado, etc)
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do
executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de
sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários
de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese
de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias

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excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, §
3º .
Observe que a jurisprudência do STJ flexibiliza a regra da impenhorabilidade, até mesmo
para pagamento de alugueis:
AgInt no REsp 1838131 / PR
Relator Ministro RAUL ARAÚJO
T4 - QUARTA TURMA
DJe 25/03/2020
Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E
CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AÇÃO DE DESPEJO COM
COBRANÇA DE ALUGUÉIS RESIDENCIAIS. PENHORA SOBRE
PERCENTUAL DA REMUNERAÇÃO DO DEVEDOR. POSSIBILIDADE (CPC,
ART. 833, § 2º). AGRAVO IMPROVIDO.
1. O Novo Código de Processo Civil, em seu art. 833, deu à matéria da impenhorabilidade
tratamento um tanto diferente em relação ao Código anterior, no art. 649. O que antes era
tido como "absolutamente impenhorável", no novo regramento passa a ser
"impenhorável", permitindo, assim, essa nova disciplina maior espaço para o aplicador
da norma promover mitigações em relação aos casos que examina, respeitada sempre a
essência da norma protetiva. Precedentes.
2. Descabe manter imune à penhora para satisfação de créditos provenientes de aluguel
com moradia, sob o pálio da regra da impenhorabilidade da remuneração (CPC, art. 833,
IV, e § 2º), a pessoa física devedora que reside ou residiu em imóvel locado, pois a
satisfação de créditos de tal natureza compõe o orçamento familiar normal de qualquer
cidadão e não é justo sejam suportadas tais despesas pelo credor dos aluguéis.
3. Note-se que a preservação da impenhorabilidade na situação acima traria grave abalo
para as relações sociais, quanto às locações residenciais, pois os locadores não mais
dariam crédito aos comuns locatários, pessoas que vivem de seus sempre limitados
salários.
4. Agravo interno a que se nega provimento.

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Informativo nº 0635
Publicação: 9 de novembro de 2018.
CORTE ESPECIAL
Processo EREsp 1.582.475-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em
03/10/2018, DJe 16/10/2018
Tema: Execução de título extrajudicial. Impenhorabilidade de vencimentos. Art. 649, §
2º, do CPC/1973. Dívida não alimentar. Exceção implícita. Possibilidade. Garantia do
mínimo existencial.
Destaque: A regra geral de impenhorabilidade dos vencimentos do devedor, além da
exceção explícita prevista no parágrafo 2º do art. 649, IV, do CPC/1973, também pode
ser excepcionada quando preservado percentual capaz de manter a dignidade do devedor
e de sua família.
Informações do Inteiro Teor: Trata a controvérsia em definir se a regra de
impenhorabilidade das verbas previstas no art. 649, IV, do CPC/1973 encontra exceção
apenas para o pagamento de verba alimentar (conforme exceção expressa constante do
parágrafo 2º do mesmo artigo) ou se também se deverá permitir a penhora de parte de tais
verbas no caso de a proporção penhorada do salário do devedor se revelar razoável, de
modo a não afrontar a dignidade ou subsistência do devedor e de sua família.
Inicialmente, consoante se revela da divergência, as Turmas integrantes da Primeira
Seção não admitem a penhora das verbas previstas no art. 649, IV, do CPC/1973, a não
ser no caso de débito alimentar, ao passo que as Turmas integrantes da Segunda Seção
admitem também a penhora em caso de empréstimo consignado e em casos em que a
remuneração do devedor comporta penhora parcial sem prejuízo à dignidade e
subsistência do devedor e de sua família. Registre-se que a interpretação do preceito legal
deve ser feita a partir da Constituição da República, que veda a supressão injustificada de
qualquer direito fundamental.
Assim, a impenhorabilidade de salários, vencimentos e proventos tem por fundamento a
proteção à dignidade do devedor, com a manutenção do mínimo existencial e de um
padrão de vida digno em favor de si e de seus dependentes. Por outro lado, o credor tem
direito ao recebimento de tutela jurisdicional capaz de dar efetividade, na medida do
possível e do proporcional, a seus direitos materiais.

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Ademais, o processo civil em geral, nele incluída a execução civil, é orientado pela boa-
fé que deve reger o comportamento dos sujeitos processuais.
Embora o executado tenha o direito de não sofrer atos executivos que importem violação
à sua dignidade e à de sua família, não lhe é dado abusar dessa diretriz com o fim de
impedir injustificadamente a efetivação do direito material do exequente. Dessa forma,
só se revela necessária, adequada, proporcional e justificada a impenhorabilidade daquela
parte do patrimônio do devedor que seja efetivamente necessária à manutenção de sua
dignidade e da de seus dependentes.
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os
instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício da profissão do executado;
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do
caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas
pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora
rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de
financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico
ou quando respondam por dívida de natureza alimentar,
trabalhista ou previdenciária.
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se
essas forem penhoradas; (as obras devem ser impenhoráveis)
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite
de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido
político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias,
sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da
obra.

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§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida
relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua
aquisição.
Há várias súmulas interessantes sobre o tema:
Súmula 486 STJ - É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja
locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a
subsistência ou a moradia da sua família.
Súmula 364 STJ - O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também
o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Súmula 449 STJ - A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de
imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora.
Art. 3º Lei n. 8009, de 1990 - A impenhorabilidade é oponível em
qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária,
trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado
à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e
acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos,
sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre
união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos
responderão pela dívida;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e
contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução
de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou
perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de
locação.

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• Residenciais: é plenamente possível a penhora do bem de família do devedor (STF –
Pleno – RE 407.688).
• Comerciais: não é possível, haja vista a locação comercial ter finalidade financeira e
econômica e, assim, o locador não poderia ter vantagem de poder avançar sobre o bem de
família do fiador constante do contrato de locação comercial (STF – 1ª Turma – RE
605.709/SP).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 605.709 SÃO PAULO


RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
REDATORA DO ACÓRDÃO : MIN. ROSA WEBER
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO MANEJADO CONTRA ACÓRDÃO
PUBLICADO EM 31.8.2005. INSUBMISSÃO À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL. PREMISSAS DISTINTAS DAS VERIFICADAS EM PRECEDENTES
DESTA SUPREMA CORTE, QUE ABORDARAM GARANTIA FIDEJUSSÓRIA EM
LOCAÇÃO RESIDENCIAL. CASO CONCRETO QUE ENVOLVE DÍVIDA
DECORRENTE DE CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL.
PENHORA DE BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR. INCOMPATIBILIDADE COM O
DIREITO À MORADIA E COM O PRINCÍPIO DA ISONOMIA.
1. A dignidade da pessoa humana e a proteção à família exigem que se ponham ao abrigo
da constrição e da alienação forçada determinados bens. É o que ocorre com o bem de

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família do fiador, destinado à sua moradia, cujo sacrifício não pode ser exigido a pretexto
de satisfazer o crédito de locador de imóvel comercial ou de estimular a livre iniciativa.
Interpretação do art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990 não recepcionada pela EC nº 26/2000.
2. A restrição do direito à moradia do fiador em contrato de locação comercial tampouco
se justifica à luz do princípio da isonomia. Eventual bem de família de propriedade do
locatário não se sujeitará à constrição e alienação forçada, para o fim de satisfazer valores
devidos ao locador. Não se vislumbra justificativa para que o devedor principal,
afiançado, goze de situação mais benéfica do que a conferida ao fiador, sobretudo porque
tal disparidade de tratamento, ao contrário do que se verifica na locação de imóvel
residencial, não se presta à promoção do próprio direito à moradia.
3. Premissas fáticas distintivas impedem a submissão do caso concreto, que envolve
contrato de locação comercial, às mesmas balizas que orientaram a decisão proferida, por
esta Suprema Corte, ao exame do tema nº 295 da repercussão geral, restrita aquela à
análise da constitucionalidade da penhora do bem de família do fiador em contrato de
locação residencial
Súmula 205 STJ - A lei 8.009/90 aplica-se a penhora realizada antes de sua vigência.
Súmula 417 STJ - Na execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de
bens não tem caráter absoluto.
Informativo nº 0631
Publicação: 14 de setembro de 2018.
QUARTA TURMA
Processo REsp 1.473.484-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado
em 21/06/2018, DJe 23/08/2018
Tema: Responsabilidade do condomínio por danos a terceiro. Obrigação do condômino
em sua cota-parte. Fato anterior à constituição da propriedade. Dívida propter rem.
Penhorabilidade do bem de família. Possibilidade.
Destaque: É possível a penhora de bem de família de condômino, na proporção de sua
fração ideal, se inexistente patrimônio próprio do condomínio, para responder por dívida
oriunda de danos a terceiros.
Informações do Inteiro Teor: A questão de direito a ser resolvida consiste em
determinar se a execução de dívida originária de condenação judicial imposta ao
Condomínio - indenização por danos ocasionados a terceiros diante da má conservação

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do prédio - é capaz de atingir bem de família de condômino, no limite de sua cota-parte,
em relação a imóvel adquirido após o acidente. Inicialmente, cumpre salientar que
constitui obrigação de todo condômino concorrer para as despesas condominiais, na
proporção de sua cota-parte, dada a natureza de comunidade singular do condomínio. As
despesas condominiais, inclusive as decorrentes de decisões judiciais, são obrigações
propter rem e, por isso, será responsável pelo seu pagamento, na proporção de sua fração
ideal, aquele que detém a qualidade de proprietário da unidade imobiliária ou seja titular
de um dos aspectos da propriedade (posse, gozo, fruição), desde que tenha estabelecido
relação jurídica direta com o condomínio, ainda que a dívida seja anterior à aquisição do
imóvel. Exatamente em função do caráter solidário destas despesas, a execução pode
recair sobre o próprio imóvel do condômino, sendo possível o afastamento da proteção
dada ao bem de família, como forma de impedir o enriquecimento sem causa do
inadimplente em detrimento dos demais. Assim, o bem residencial da família é
penhorável para atender às despesas comuns de condomínio, que gozam de prevalência
sobre interesses individuais de um condômino, nos termos da ressalva inserta na Lei n.
8.009/1990 (art. 3º, IV). Contudo, urge ser consignada uma ressalva: sempre que for
possível a satisfação do crédito de outra forma, respeitada a gradação de liquidez prevista
no diploma processual civil, outros modos de satisfação devem ser preferidos, em
homenagem ao princípio da menor onerosidade para o executado.

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Se não forem encontrados bens penhoráveis, suspende-se a execução pelo prazo de 1 ano,
com a consequente suspensão da prescrição, na melhor forma do artigo 921 do CPC.
Passado o prazo, se não forem encontrados bens, ou sem manifestação do exequente, o
juiz pode arquivar o processo, com o início do curso do prazo da prescrição intercorrente
que, inclusive, pode ser conhecida de ofício pelo juiz.
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS (CPC, ARTS. 528, §§ 3º E 7º, 911 E
912)
O exequente pode escolher o procedimento da execução por quantia certa, ou o
procedimento específico porque a medida coercitiva é diversa.
Súmula 309 STJ - O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento
de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe
alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o
executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito,
provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não
for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento
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judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1
(um) a 3 (três) meses.
§ 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante
é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
processo.
Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial
que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o
executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas
anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu
curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.
Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2º a 7º do art.
528 .
Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar,
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à
legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto
em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação
alimentícia.
§ 1º Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa
ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de
desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração
posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
§ 2º O ofício conterá os nomes e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a
importância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve
ser feito o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração.
Isso significa dizer que o devedor de alimentos pode provar que pagou, ou justificar a
impossibilidade absoluta ou, em última hipótese, pagar as vencidas até o presente
momento, sob pena da propositura de nova execução.
Nesse procedimento peculiar de cobrança de alimentos, observe que se o pagamento dos
alimentos for in natura, para que seja feita a execução de alimentos, será necessário o
consentimento do credor.

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Informativo nº 0624
Publicação: 18 de maio de 2018.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.501.992-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por
unanimidade, julgado em 20/03/2018, DJe 20/04/2018
Tema: Execução de alimentos. Obrigação fixada em pecúnia. Abatimento de prestação
"in natura". Possibilidade. Princípio da incompensabilidade dos alimentos. Mitigação.
Destaque: É possível, em sede de execução de alimentos, a dedução na pensão
alimentícia fixada exclusivamente em pecúnia das despesas pagas "in natura", com o
consentimento do credor, referentes a aluguel, condomínio e IPTU do imóvel onde residia
o exequente.
Informações do Inteiro Teor: Cinge-se a controvérsia a verificar se, em execução de
alimentos, a dedução de despesas pagas in natura da pensão alimentícia fixada
exclusivamente em pecúnia contraria o disposto no art. 1.707 do Código Civil, que veda
a compensação do crédito alimentar. Em regra, não se admite a compensação de alimentos
fixados em pecúnia com aqueles pagos in natura, devendo ser considerado como mera
liberalidade eventual despesa paga de forma diferente da estipulada pelo juízo. Por outro
lado, deve-se ponderar que o princípio da não compensação do crédito alimentar não é
absoluto e, conforme alerta a doutrina, "deve ser aplicado ponderadamente, para que dele
não resulte enriquecimento sem causa da parte do beneficiário". Sob o prisma da vedação
ao enriquecimento sem causa, positivado no art. 884 do Código Civil, esta Corte Superior
de Justiça vem admitindo, excepcionalmente, a mitigação do princípio da
incompreensibilidade dos alimentos. Nesta exceção incluem-se as situações de custeio
direto de despesas de natureza alimentar, comprovadamente feitas em prol do
beneficiário, tais como educação, habitação e saúde. Nessas hipóteses, não há falar em
mera liberalidade do alimentante, mas de cumprimento efetivo, ainda que parcial, da
obrigação alimentar, com o atendimento de necessidades essenciais do alimentado, que
certamente teriam de ser suportadas pela pensão mensal fixada em pecúnia. In casu,
reconheceu-se nas instâncias ordinárias que, inobstante o recorrido não estivesse obrigado
a custear diretamente as despesas de moradia do alimentado, mas, tão somente, a alcançar
um valor determinado em pecúnia, arcou com o valor do aluguel, taxa de condomínio e
IPTU do imóvel onde residiam o exequente e sua genitora, com o consentimento desta.

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Neste cenário, cabível a relativização da regra da incompreensibilidade da verba
alimentar para reconhecer a quitação parcial do débito exequendo. Ainda que não
adimplida integralmente a parcela mensal fixada em pecúnia, o pagamento in natura
efetivamente foi destinado à subsistência do alimentado, mostrando-se razoável o seu
abatimento no cálculo da dívida, sob pena de obrigar o executado ao duplo pagamento da
pensão, gerando enriquecimento ilícito do credor.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


É medida que afasta a proteção da personalidade da pessoa jurídica, permitindo que o
exequente satisfaça seu crédito alcançando o patrimônio pessoal do sócio ou
administrador que cometeu o ato abusivo, caracterizado pelo desvio da finalidade ou pela
confusão patrimonial, nos moldes da teoria maior do artigo 50 do Código Civil, ou pelo
mero obstáculo ao ressarcimento do consumidor, na teoria menor estampada no artigo 28
do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
A disregard é diferente da despersonalização, pois respeita o princípio da função social
da empresa, que continuará a funcionar, se tiver estrutura para tanto.
Art. 50 CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la
para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº
13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a
utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e
para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019)
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a
alteração da finalidade original da atividade econômica específica
da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

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§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação
de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio
ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente
insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se
aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores
à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos
requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a
desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 795 CPC. Os bens particulares dos sócios não respondem
pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.
§ 1º O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da
sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os
bens da sociedade.
§ 2º Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1º nomear
quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e
desembargados, bastem para pagar o débito.
§ 3º O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos
autos do mesmo processo.
§ 4º Para a desconsideração da personalidade jurídica é
obrigatória a observância do incidente previsto neste Código.

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Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude
à execução:
§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a
fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja
personalidade se pretende desconsiderar.
Informativo nº 0643 - Publicação: 29 de março de 2019.
PRIMEIRA TURMA
Processo REsp 1.775.269-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em
21/02/2019, DJe 01/03/2019
Destaque: É necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade
da pessoa jurídica devedora para o redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica
que integra o mesmo grupo econômico, mas que não foi identificada no ato de lançamento
(Certidão de Dívida Ativa) ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e 135 do
CTN.

Informativo nº 0648 - Publicação: 7 de junho de 2019.


SEGUNDA TURMA
Processo REsp 1.786.311-PR, Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 09/05/2019, DJe 14/05/2019
Destaque: É prescindível o incidente de desconsideração da personalidade jurídica para
o redirecionamento da execução fiscal na sucessão de empresas com a configuração de
grupo econômico de fato e em confusão patrimonial.

Informativo nº 0549 - Período: 5 de novembro de 2014. - REsp 1.433.636-SP, Rel.


Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/10/2014. QUARTA TURMA
A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade empresária falida que tenha
sido decretada em decorrência de fraude contra a massa falida não implica, por si só, o
afastamento da impenhorabilidade dos bens de família dos sócios. A desconsideração da
personalidade jurídica, de um modo geral, não pode, por si só, afastar a impenhorabilidade
do bem de família, salvo se os atos que ensejaram a disregard também se ajustarem às
exceções legais previstas no art. 3º da Lei 8.009/1990. Embora o instituto da
desconsideração da personalidade jurídica se apresente como importante mecanismo de

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recuperação de crédito, combate a fraude e, por consequência, fortalecimento da
segurança do mercado, esses nobres propósitos não se sobrepõem aos valores legais e
constitucionais subjacentes à proteção do bem de família. É por isso que a fraude à
execução ou contra credores não se encontra prevista como exceção à regra legal da
impenhorabilidade de bens de família. Além disso, a proteção legal conferida pela Lei
8.009/1990, consectária da proteção constitucional e internacional do direito à moradia,
não tem como destinatária apenas a pessoa do devedor; na verdade, protege-se também a
sua família quanto ao fundamental direito à vida digna.

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