Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APOSTILA I
HISTÓRIA SOCIAL DA INFÂNCIA;
PROTEÇÃO INTEGRAL;
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE;
PRINCÍPIOS.
HISTÓRIA SOCIAL DA INFÂNCIA
EUROPA
“Todos dormiam juntos no convés, ficando trancados, sob chuva ou sol. Não
tinham direito a camas ou baús para guardar seus pertences. A comida era pouca:
biscoito e um pote de água, por dia. Uma libra e meia de carne seca, peixes secos,
cebolas e manteiga, por mês. Nada de desperdício. Higiene? Os navios não dispunham
de banheiros. Nas longas travessias, não havia lugar para elegância nem olfatos
delicados. Teriam que usar pequenos assentos dispostos sobre as amuradas. Como os
marinheiros, eles usariam a mesma roupa, meses a fio e esta só seria lavada pela água
da chuva. Aos poucos, os trapos se transformariam numa segunda pele, de cor indefinida
e cheiro ruim. A pele, propriamente dita, ia acumular crostas de sujeira. Piolhos, pulgas
e sarna fariam parte do cotidiano. As mãos ficariam como bolos de carne sangrenta e as
unhas, quebradas e descoloridas” (Mary Del Priore).
Assim as crianças que chegavam ao Brasil não eram ainda adultos, mas eram
tratadas como se fossem. Traziam já essas crianças uma herança de pobreza, não havia
para com elas nenhum sentimento de proteção ou cuidado, mas sim de exploração.
BRASIL
CRIANÇAS ESCRAVIZADAS
O início do século XX foi marcado, no Brasil pelo surgimento das lutas sociais
do proletariado nascente.
Ex.: o Comitê de Defesa Proletária foi criado durante a greve geral de 1917, e
reivindicava, entre outras coisas, a proibição do trabalho de pessoas com menos de 14
anos e a abolição do trabalho noturno de mulheres e de menores de 18 anos.
Em 1923, foi criado o JUIZADO DE MENORES, tendo Mello Mattos como o
primeiro Juiz de Menores da América Latina.
No Brasil, até 1927, a fonte legal relacionada à criança e ao adolescente se
dava através do Código Penal de 1890, em que era verificada apenas a sua
responsabilidade ou irresponsabilidade, ou seja, a capacidade de entender seus atos e
não sua capacidade biológica. A primeira Constituição que registrou certa preocupação
com infância foi somente a de 1934, isto é, 110 anos após a promulgação da primeira
Constituição brasileira.
Primeiro CÓDIGO DE MENORES DO BRASIL (e da América Latina): no ano
de 1927, foi promulgado o Decreto nº. 17.943-A, que consolidou as leis de assistência e
proteção aos “menores”, instituindo o que foi chamado de que ficou popularmente
conhecido como Código Mello Mattos.
Esse Código de Menores era endereçado apenas às crianças tidas como em
"situação irregular". O código definia, já em seu Artigo 1º, a quem a lei se aplicava:
"O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos
de 18 anos de idade, será submetido pela autoridade competente as medidas de
assistência e proteção contidas neste Código."
O Código de Menores visava estabelecer diretrizes para o tratamento da
infância e juventude excluídas, regulamentando questões como trabalho infantil, tutela e
pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada. Revestia a figura do juiz de grande poder,
sendo que o destino de muitas crianças e adolescentes ficava a mercê do julgamento e
da ética do juiz.
O Código de Menores fez com que o Estado passasse a intervir na vida desta
população, institucionalizando aqueles que eram considerados abandonados, tornando-
se uma verdadeira prática de controle social.
Nessa fase, crianças e adolescentes eram vistas como problemas que
deveriam ser resolvidos através de assistencialismo Estatal, mascarado pela assistência
aos desamparados, excluindo cada vez mais aquelas cuja situação financeira da família
era precária.
Vigorava a doutrina menorista: calcada na representação da infância
estigmatizada pela sua condição de pobreza, delinquência, mendicância e perigo. A
estigmatização de crianças e adolescentes como “menores” foi resultado da própria
intervenção Estatal.
O Golpe Militar de 1964 instituiu uma ditadura militar, interrompendo por mais
de 20 anos o avanço da democracia no país. O período dos governos militares foi
pautado, para a área da infância, por dois documentos significativos e indicadores da
visão vigente:
A Lei que criou a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Lei 4.513 de
1/12/64). O Código de Menores de 1979 (Lei 6697 de 10/10/79).
A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor – FUNABEM tinha como
objetivo formular e implantar a Política Nacional do Bem Estar do Menor, herdando do
SAM toda a sua cultura organizacional. Tinha perspectiva de que o “menor” seria um
problema de segurança nacional e não uma questão social.
Instituiu institucionalizações para a promoção da segurança social, o que se
conclui por uma fase difícil para as crianças e adolescentes pobres ou abandonadas por
suas famílias, que eram culpabilizadas por sua situação precária.
PROTEÇÃO INTEGRAL
1988
1927 CÓDIGO 1979 CÓDIGO 1990
DE MENORES DE MENORES CONSTITUIÇÃO
ECA
FEDERAL
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
PRIORIDADE ABSOLUTA
AMIM, Andréa Rodrigues; MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (coords.).
Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos, 11. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaskman. 2ª ed.
Rio de Janeiro: LCT, 1981.
VERONESE, Josiane Rose Petry; ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo.
Estatuto da criança e do adolescente: 25 anos de desafios e conquistas. São Paulo:
Saraiva, 2015.