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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO - CURSO DE PEDAGOGIA


SOCIEDADE, CULTURA E INFÂNCIA
Professora: Denise S. Araújo
Acadêmicos(as):
Rubens Pinto dos Santos Filho

Releia o texto:
ARIÈS, Philippe.
História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986, p. 50-81

A partir da leitura do texto, responda em duplas ou trios:


1. Quais são as duas teses apresentadas por Ariès na obra História social da criança
e da família?
A primeira tese é uma tentativa de interpretação das sociedades tradicionais. A segunda
pretende mostrar o novo lugar assumido pela criança e a família em nossas sociedades
industriais.

2. De acordo com o autor, por qual motivo eram registradas as idades das pessoas
em obras e móveis e quais são as 7 fases da vida apresentada pelo autor?
A data correspondia a um momento solene da história familiar, geralmente um casamento. Em
certas regiões, na Alsácia, na Suíça, na Áustria e na Europa central, os móveis do século XVII
ao XIX, especialmente os móveis pintados, eram datados, trazendo também o nome de seus dois
proprietários. Observei no museu de Thun, entre outras, a seguinte inscrição sobre um baú:
“Hans Bischof — 1709 — Elizabeth Misler.” Às vezes, as pessoas se contentavam com suas
iniciais de cada lado da data, a data do casamento. Esse costume seria muito difundido na
França, e só desapareceria no fim do século XIX: um pesquisador do Museu de Artes e
Tradições Populares 6 descobriu, por exemplo, a seguinte inscrição num móvel da região da
Haute-Loire: 1873 LT JV. A inscrição das idades ou de uma data num retrato ou num objeto
correspondia ao mesmo sentimento que tendia a dar à família maior consistência histórica.

As “idades da vida” ocupam um lugar importante nos tratados pseudocientíficos da Idade


Média. Seus autores empregam uma terminologia que nos parece puramente verbal: infância e
puerilidade, juventude e adolescência, velhice e senilidade.

3. Como as crianças eram representadas nas obras pintadas pelos artistas e o que
isso indica acerca de como a criança era vista e representada na Idade Média?
Segundo Ariès, até o século XII, a arte medieval desconhecia a infância. Homens
miniaturizados, sem nenhum traço de infância, muitas vezes faziam as vezes das crianças nas
obras, num tempo em que nasciam e morriam, “não sem tristeza, mas sem desespero”, como
escreveu décadas depois o humanista Montaigne (1533-1592). A ordem, definiu o filósofo, era
“não reconhecer nas crianças nem movimento na alma, nem forma reconhecível no corpo”.
Que na Idade Média ainda não havia o reconhecimento de Infância.

4. O que o autor denomina como paparicação e qual a função social da criança/


“adulto em miniatura”?
“Paparicação” — era reservado à criancinha em seus primeiros anos de vida, enquanto ela
ainda era uma coisinha engraçadinha. As pessoas se divertiam com a criança pequena como
com um animalzinho, um macaquinho impudico. Se ela morresse então como muitas vezes
acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma
outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato.

Na idade média a criança era vista como um adulto em miniatura, trabalhavam nos mesmos
locais, usavam as mesmas roupas. “A criança era, portanto, diferente do homem, mas apenas no
tamanho e na força, enquanto as outras características permaneciam iguais” (ARIÈS, 1981,
p.14). Por essa visão, foi um período onde a infância era caracterizada pela inexperiência,
dependência e incapacidade pois não tinha as mesmas compreensões que um adulto. Por não
haver distinções entre adulto e criança, cabia a elas aprender as tarefas do dia a dia, a trabalhar,
ajudar os mais velhos nos serviços, e a passagem que tinham por sua família era muito breve,
pouco depois que se passava o período de amamentação a criança já passava a fazer companhia
aos adultos para que aprendesse a servir e trabalhar, eram criadas por outras famílias para que
nesse novo ambiente aprendessem um oficio.

5. De acordo com o autor, qual foi o elemento de mudança e o marco da passagem


da infância na Sociedade Moderna?
No século XVIII, encontramos na família esses dois elementos antigos associados a um
elemento novo: a preocupação com a higiene e a saúde física. O cuidado com o corpo não era
desconhecido dos moralistas e dos educadores do século XVII. Tratava-se dos doentes com
dedicação (e também com grandes precauções para desmascarar os simuladores), mas não havia
interesse pelo corpo dos que gozavam de boa saúde, a não ser com um objetivo moral: um corpo
mal enrijecido inclinava à moleza, à preguiça, à concupiscência, a todos os vícios.

6. De acordo com o autor como era o processo de socialização das crianças e como
elas eram introduzidas na vida social e produtiva?

A transmissão dos valores e dos conhecimentos, e de modo mais geral, a 11 socialização da


criança, não eram portanto nem asseguradas nem controladas pela família. A criança se afastava
logo de seus pais, e pode-se dizer que durante séculos a educação foi garantida pela
aprendizagem, graças à convivência da criança ou do jovem com os adultos. A criança aprendia
as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las. A passagem da criança pela família e
pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar
a memória e tocar a sensibilidade.

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