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PSICOLOGIA PUC PR
Profª Michaella Carla Laurindo
O SENTIMENTO DA INFÂNCIA
AS IDADES DA VIDA
A noção de infância:
A questão do nome e da idade:
Nos séculos XVI e XVII não havia a noção de infância como a conhecemos hoje.
As exigências atuais nos colocam que as crianças ao aprendem a falar já devem ser ensinadas de seus
nomes, nome de seus pais, onde moram, suas idades...
É preciso saber da idade pq ela indica a data do nascimento e está ligada a uma questão identificatória e
precisa, que não existe na savana Africana por exemplo, mas que nos é muito importante para indicar a
existência da pequena criança na escola, no pertencimento a uma turma X ou Y, de idades variados e
conhecimentos específicos, mensuráveis e classificáveis conforme a cronologia, nas fichas e cadastros,
lembradas a todo tempo, na possibilidade de um emprego, registrado na carteira de trabalho, em seu
número de inscrição... então, o sujeito terá um nome, uma idade, um sexo, dia, mês e ano de
nascimento (quem sabe hora e tudo mais), e todos os cidadãos terão seu numero de registro, uma
identidade que o decodifica na “vida civil”.
NA IDADE MÉDIA O NOME ERA IMPRECISO E COMPLEMENTADO POR UM SOBRENOME
QUE ESTAVA LIGADO AO LUGAR DE ORIGEM.
O nome pertence ao mundo da fantasia, enquanto o sobrenome pertence ao mundo da tradição.
A idade pertence ao mundo numérico, ao mundo da exatidão.
Nossa identidade está ligada a estes três mundos: fantasia, tradição e numérico.
Fantasia: tudo aquilo que as pessoas imaginam e desejam para este filho...
Tradição: seguimento dos passos, marcas, costumes, características de personalidade e físicas, sangue,
semelhança, reconhecimento, pertencimento, linhagem...
Exatidão: o mundo qualificável, classificável, enquadrável, rotulável, documentável...
Documentos são rigores da vida moderna que substituem os costumes.
A inscrição cronológica:
A importância pessoal da noção de identidade foi possível somente no século XVIII, com imposição da
inscrição do nascimento nos registros paroquiais (através de imposição já nos colégios do século XVI e
XVII, mas com rigor somente no século XVIII). Mesmo assim, nos séculos XVI e XVII sinais de
individualização, exatidão e autenticidade com a inscrição de idades, local e data de nascimentos dos
narradores e dos pintores em suas obras.
No século XVII aparece a necessidade de gravar as datas de nascimentos, mortes e atualidades como
uma marca do sentimento familiar que aparece em diários, cofres, baús e quadros pintados, camas,
talheres e copos de cerimônias como o representante de um álbum de fotografias familiares que registra
os fatos e as datas – momentos solenes da história familiar (Consistência histórica da família).
Em meados do século XVII as inscrições de datas foram consideradas ingênuas e provincianas e apesar
da importância que a idade adquiriu na epigrafia familiar no século XVI, ainda persistiram costumes
onde era difícil uma pessoa lembrar-se de sua própria idade.
- Falar da própria idade com reservas seria um sinal de boas maneiras,
- Não saber exatamente a idade dos filhos,
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Século XIII
A criança pequena ate os 6 anos ainda não vale quase nada, não possui quase nenhum saber, mas deve
ser bem alimentada pois quem tem um bom começo terá um bom fim...
Depois, semear o bom trigo...
Aos 60 anos deve ser valoroso e semear para os jovens boas palavras como exemplo e dar esmolas...
Século VXIII – as idades não correspondiam somente as etapas biológicas, mas também as funções
sociais ocupadas...
A idade dos brinquedos,
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A idade da escola,
As idades do amor ou dos esportes da corte e da cavalaria,
As idades da guerra,
Idades sedentárias, dos homens da lei, da ciência ou do estudo,
Degraus das idades: delimitação da vida em etapas: começo, meio, fim, agregados aos modos de
atividades, tipos físicos, modas no vestir, funções. Do nascimento até a morte (um esqueleto com uma
foice).
Os velhos: ora apontados como importantes anciãos na era romântica, ora ridicularizados... 50 anos,
sem dentes, sofrente de gota, cambaleante!!! Muito velho... (antes do século 18 os velhos eram
considerados ridículos). No século 19 o ancião de cabelos prata, sabedoria, respeito, lugar ancestral de
destaque, sábios e prudentes conselhos, patriarca... noção que persistiu durante todo o século XIX, e da
qual ainda se conserva a idéia. Mas, nunca como idade privilegiada pois nossa cultura ocidental não
contempla a velhice.
O ancião na nossa época atual desapareceu moral e biologicamente. A idéia tecnológica de conservação
substituiu o ancião por pessoas muito bem conservadas, senhores de certa idade, terceira idade, melhor
idade...
Cada período histórico privilegia uma determinada idade.
A juventude no século XVII
A infância no século XIX
A adolescência do século XX
Qual a idade privilegiada hoje::::::::::
A noção do uso da palavra criança é importante.
O que é uma criança:::::::
A DESCOBERTA DA INFANCIA
Retrato de criança
A arte ate o século XI e XII não representava as crianças, e quando ocorria, eram vistas como adultos
em miniatura: sem a expressão, características, músculos da infância, apenas reproduzidos em tamanho
pequeno.
No século XIII aparecem mais retratadas, porém com as características de adultos em tamanho
pequeno.
Século XIV - Com ênfase ao clérigo e a retratação de anjos e querubins aparecem as figuras
arredondadas das crianças nas obras de arte.
A arte Italiana representada a maternidade da virgem Maria, menino Jesus em seus braços e cenas
familiares.
Primeiro na iconografia religiosa e depois em cenas quotidianas, retratos da infância.
Séculos XV e XVI – sentimento de infância anedótica, pitoresca e engraçadinha, as obras retratam a
criança no meio dos adultos.
Somente no século XVI a criança aparece no desenho dos túmulos (dos professores).
Século XVII - Morriam muitas crianças, e muitas nasciam... não era necessário apegar-se a elas, pois a
perda era mesmo eventual. “Fazia-se muitas, para conservar algumas”.
A CRIANÇA ERA INSIGNIFICANTE
Não entrava na vida até sair da infância...
Crianças recém-nascidas eram abandonadas... sociedades Romanas ou Chinesas.
Não tinham alma imortal ate o batismo (por isso eram enterradas no jardim, quintal)
As crianças mortas eram esquecidas...
Sentimento de importância para a infância é muito parecido com o sentimento moderno que se tem com
os animais.
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As pessoas se divertiam com as crianças (assim como se divertiam com os macacos).
- Retrato das crianças mortas (agora não mais vistas como perdas inevitáveis ou insignificantes), era
possível preservar os traços na memória. Marco importante no campo dos sentimentos (Século XVI), as
crianças são pintadas em torno dos mortos (seus pais), e as que já morreram aparecem com uma cruz
ou uma caveira nas mãos.
- No século XVIII a idéia de desperdício necessário desaparece com as práticas contraceptivas.
No século XVII – as crianças aparecem numerosamente nos retratos-pinturas, e em cenas que tentam
captar a cena infantil.
Cristianização dos costumes: a alma imortal da criança.
PUTTO – Putti na Itália. No final do século XVI – a criança é retratada nua, de maneira que guarda
pudores. Cena mais realística.
Foi portanto no século XVII que os retratos de crianças sozinhas se tornaram mais números e os
retratos familiares tinham crianças no centro.
A descoberta da infância foi no século XIII, mas a evolução está no século XVI e XVII.
Ainda, surge aí a preocupação com os termos usados pelas crianças toutou (au-au), bonbon (originário
do som das armas) e outras onomatopéias...
Descobre-se a fala, o corpo, os hábitos da criança, ou da primeira infância.
OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS
Século XVIII
A criança Luis XIII não ia à escola mas foi educado como as outras crianças da época:
- Aulas de manejo com armas e equitação,
- Os brinquedos habituais eram o cata-vento, o cavalo de pau e o pião,
- Canto, música (violino e tambor) e dança eram incentivados desde muito cedo,
- Jogos de malha (como críquete ou golfe na atualidade),
- Quando não se comportava bem era surrado,
- Ganhava bonecas,
- Ainda dorme num berço, mas gosta da companhia dos soldados (as vezes conduz pequenas ações
militares),
- Conhece noções de religião aos 2 anos e meio e nessa mesma idade é conduzido à sua própria cama
(com enorme alegria),
- Ganha bolas no natal e alguns dos brinquedos servem tanto aos adultos quanto às crianças,
- Aos 3 anos e cinco meses começa a aprender a ler e aos 4 anos a escrever,
- Aos 6 anos ainda brinca com bonecas e miniaturas de madeira,
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- As amas contavam histórias e tinham a preocupação em dizer que eram fábulas e não histórias reais
(preservação da criança), mas, ao mesmo tempo eram as mesmas histórias contadas aos adultos nas
reuniões noturnas,
- com 5 anos praticava o arco, jogava cartas, xadrez e participava dos jogos dos adultos (raquetes e
jogos de salão),
- Assistia à lutas de pessoas e animais (cães, ursos e touros), e também corridas de bichos,
- Aos 7 anos deve abandonar as brincadeiras e os brinquedos da infância e é entregue aos cuidados dos
homens para aprender de fato a atirar, cavalgar e caçar. Joga jogos de azar. Era a época de entrar na
escola e trabalhar,
- Mas é contraditório pois ainda brinca até os 13 anos de esconder e outras diversões próprias da
infância,
- O pássaro parecia ter sido um dos brinquedos mais comuns,
- Os brinquedos não pareciam ser exclusivamente infantis (eram presentes dados às mulheres e
crianças, como os fantoches),
- As crianças participavam ativamente das festas (de Reis e outras), e tinham papéis determinados
como sortear o pedaço de bolo ou “ler a sorte”, havia encenação com fantasias e a festa durante até de
manhã, a criança levava a vela dos reis,
- Nos séculos XVII e XVIII a elite educadora, moralmente mais rígida, aponta a proibição dos jogos
maus para as crianças, separando e recomendando os jogos considerados bons,
- Os jogos de azar (que envolviam dinheiro) foram considerados como perigosos e possuem uma carga
moral importante. É necessário romper com os devassos,
- Vários autores da época se colocaram a defender os jogos de azar com inúmeras noções teóricas e
filosóficas,
A QUESTÃO DO DESPUDOR
- Não existia pudor quanto a nudez ou assuntos sexuais diante da criança,
- As crianças eram manipuladas pelas amas sem nenhuma reserva ou culpa,
- As crianças mostravam as partes genitais para os visitantes sem vergonha alguma da situação, e os
visitantes riam diante do ato, ou participavam de alguma forma disso,
- Com pouco mais de um ano de idade o casamento de Luis XIII é decido e ele aponta o pênis como
sendo o “benzinho da infanta”,
- Os adultos faziam brincadeiras tocando os mamilos e o pênis das crianças e o pequeno Luis só se
esquivou de tal brincadeira quando a ama o alertou sobre a possibilidade de um adulto cortar-lhe fora o
pênis,
- Mesmo assim, as ereções eram mostradas a todos e os comentários não eram punidos, as partes
intimas dos criados e dos pais tb estavam sempre às ordens do pequeno,
- Aos 7 anos era preciso ensinar modos e linguagem decente ao menino, com a reforma dos costumes
(reforma religiosa e moral do século XVII),
- Aos 14 estava casado e sua noite de núpcias é descrita no livro, os meninos passam depois da
reforma, a se casarem mais tarde, e as meninas continuam se casando por volta dos 13 anos de idade.
A IDEIA DE HUMILHAÇÃO: Sempre que as crianças estivessem sob a guarda dos mestres, estes
eram responsáveis pela salvação inclusive moral das almas. O sistema disciplinar ficava cada vez mais
rigoroso.
- Vigilância constante,
- Delação erigida em principio governo e em instituição,
- Aplicação ampla de castigos corporais,
Tal idéia também foi descartada e substituída pela noção de que a criança não deveria ser humilhada e
sim formada em etapas graduais (nova concepção de educação).
No século XVII houve a separação das crianças em classes e depois no século XVIII a separação dos
pobres e dos ricos.
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A classe escolar em determinada época do século XVI foi confundida com a classe de vagabundos e
foras da lei, e tornava-se uma afronta. Mas, tal mentalidade foi abandonada.
As mulheres sempre estiveram excluídas. Nem a infância, nem a precocidade, nem a questão militar
fazia parte do mundo feminino a principio.
As mulheres eram treinadas para as atividades domésticas, o comando da casa e das camareiras e amas.
Os meninos iam para as escolas e as meninas eram treinadas pelas mães. Mesmo quando iam aos
conventos as meninas não eram exatamente alfabetizadas e educadas, e sim apenas, ensinadas das
questões religiosas. Quando sabiam ler e escrever, era pelo ensino vindo (precariamente) de suas mães.
No final do século XVII é que surge a preocupação em escolarizar as meninas.
A FAMILIA
AS IMAGENS DA FAMILIA
A questão do oficio – tradição, aprendizagem, bem de família, clientes e amigos dentro das casas,
As estações do ano – para organizar as etapas da vida,
A rua, os jogos, a participação na comunidade, a vida pública
A vida privada e a família – A casa,
A criança
Hoje:
Espaços privados, reservados, exclusão para os não-familiares, estabelecimento de um tipo ideal,
Convencional, padronizado, reclusão, intimidade resguardo, solidão, valor à família, sociedade
fechada, setor privado.