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CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA DE FAMÍLIA: PERSPECTIVAS


TEÓRICAS

SEGUNDO SEMESTRE DE 2015


Quarta aula
O que é família afinal?
 Revendo conceitos
 Danda Prado: história e estudos
antropológicos (somados aos estudos
de documentos iconográficos -
profanos e religiosos - e a literatura)
nos ajudam a compreender as
diversas concepções dos laços
estabelecidos entre as pessoas e uma
determinada sociedade.
 Família não tem um conceito único.
 Não é possível conceituar família.

 É possível descrever várias estruturas


e modalidades de famílias assumidas
ao longo dos tempos.
 Florêncio Escardó (médico argentino)
Distintas composições de famílias:
determinadas pelas variáveis
ambientais, sociais, econômicas,
culturais, políticas e religiosas.
Pichon-Rivière – A família proporcona a
definição e conservação das diferenças humanas.
Dá forma aos distintos papéis, mas mutuamente
vinculados: pai, mãe e filhos.
Claude Lévi-Strauss (1908-2009) –
antropólogo e filósofo francês: Parentesco.
 Um dos grandes intelectuais do séc XX.
Conhecido no Brasil pelo pioneiro trabalho com
os Índios. Publicou: “As Estruturas Elementares
do Parentesco”.
 Três tipos de relações pessoais que configuram
a família: aliança (casal), filiação (pais e filhos)
e consaguinidade (irmãos).
 Parentesco: pessoas que se unem pelo
casamento; por gerarem filhos; por ancestrais
comuns.
Freud: “Totem e Tabu” (1913)
 Concepções freudianas em torno da etnologia
das religiões e a organização social e
hierárquica das sociedades primitivas que
influenciaram a nossa atual configuração de
sociedade.
 A formação da cultura atual se baseou nos
antigos sistemas totêmicos que, atualmente,
podem ser encontrados somente em algumas
localidades da Austrália e África.
 O Totem, de onde deriva o termo totemismo,
consiste uma estrutura sagrada que,
geralmente, simboliza um animal ou planta
sagrada. Algo temível e adorado - lhe é
conferido um caráter sagrado e protetor
daquele determinado clã.
 Era totalmente proibido caçar, matar e comer
este animal tido como sagrado. Juntamente
com essa proibição, há também a interdição do
incesto, ou seja, era totalmente vedada a
prática da endogamia.
 Membros do mesmo clã, mesmo que
não sendo aparentados, não
deveriam em hipótese alguma manter
relações sexuais, pois estariam
ferindo o próprio Totem.
 O principal tabu totêmico continua sendo o
chamado horror ao incesto que, segundo
Freud, é análogo ao complexo edípico
vivenciado por todas as crianças, quando o
bebê tem como primeiro objeto de desejo a
sua mãe, tendo, porém, o conhecimento
inconsciente de que não pode tê-la para si, por
causa da presença paterna. Então seu desejo é
reprimido.
 Assim, Freud teorizou que o primeiro objeto de
desejo da criança é incestuoso.
Família
 Condição neotêmica: pessoa humana
não sobrevive sem cuidados nos
primeiros anos. Influênciou no
surgimento da família nuclear como
agente da perpetuação humana.
 Função biológica e psicossocial.
Papéis familiares
 Familia nuclear, extensa e
abrangente.
 Família contemporânea: o papel
conjugal. Cada vez mais se
confundem. Ser homem ou mulher
não define mais por si só a prontidão
para o exercício de papéis conjugais.
O papel parental
 Papéis conjugais: confundem-se na
práxis.
 Mãe – representa proteção, e Pai –
representa a Lei, a interdição. Lacan:
a cunha interposta entre mãe e filho
para sinalizar a este a necessidade de
renunciar à posse da mãe e dar curso
a seu processo de individuação.
O papel fraterno e filial
 Fraterno: Oscila entre a rivalidade e a
solidariedade e reproduz-se fora do
contexto familiar: trabalho, escola...
 Filial: centrado na dependência.
Condição do bebê humano.
 Papeís pode, ser assumidos por
outros membros da família em
momentos diferentes.
Funções da família
 Biológicas:assegurar a sobrevivência, cuidados.
 Psicológicas e sociais:Afeto. Estudos de Spitz (a
partir da década de 30), em Viena; John Bowlby
(a partir da década de 40), em Londres.
 Amparo nas crises existênciais. Promover a
transmissão da descendência da experiência
acumulada pelas vivências individuais e
coletivas. Identificação. Proporcionar ambiente
adequado para aprendizagem e socialização.
Transmissão da cultura, da ética.
 Enfoque circular: os pais influenciam o
comportamento dos filhos e a conduta
dos filhos inguamente modifica a
atitude dos pais.
 Sistêma rígido de ciclo vital da famíliä:
formação de um casal; nascimento dos
filhos; adolescência dos filhos; saída
dos filhos da casa; morte dos avós;
envelhecimento e morte dos pais.
 Porém, o ciclo vital é dinâmico
Da familia medieval à família
moderna
 Philippe Ariès: História Social da
Criança e da Família.
 Pesquisa realizada na França. Livro
publicado em 1962.
 Principais fontes utilizadas:
Documentos iconográficos (profanos e
religiosos) e a literatura. Para escrever
este livro foram 10 anos de pesquisa,
entre 1950 e 1960.
 Antiguidade
 Idade média – inicia no ano de 476 -
séc. V até séc. XV.
 Idade moderna – Inicia no fim do séc.
XV e inicio do séc. XVI até o séc. XVIII.
 Idade contemporânea – Fim do séc
XVIII e inicio do séc. XIX até os dias
atuais.
Principais concepções do autor
 A principal tese defedida pelo autor:
 Do período medieval até o século XII: A
arte não retratou a criança.
Demonstrando que, naqueles tempos,
não havia consciência da existencia da
infância, como uma fase separada da
existência humana, com características
especiais. O oficio era o mais importante
e não a familia.
 Era um adulto em miniatura.
Família medieval (Idade média)
 As famílias na idade médieval: Europa,
entre os séculos V e XV, inicia no ano 476
após a queda do império Romano. Feudalismo.
 O sentimento de infância não existia -
não quer dizer que as crianças eram
negligenciadas.
 Sentimento de infância = corresponde à
consciência da particularidade infantil.
Idade média

 Infância: não é um dado natural e sim uma


construção histórico-social, e cada sociedade,
em diferentes momentos, engendra sua própria
construção.
Idade média
 Na idade média o sistema de educação era
informal. Crianças se misturavam com os
adultos.
 Os filhos dos nobres, os meninos, recebiam
ensinamentos das armas, e as meninas,
tinham uma perceptora que ensinavam boas
maneiras e o papel de esposa.
 As crianças pobres conviviam com mestres
artesãos, com serviçais em casas ou com
pequenos agricultores.
Família (idade) Moderna – Final do
Séc. XV e inicio Séc XVI e até XVII
 A partir do século XV, com a apropriação
da educação das crianças pela escola,
surge uma mudança na organização
familiar.
 Infuencia cristã: Porém o cristianismo
ambiguo: ideia do pecado original. A
natureza é má e precisa ser restaurada.
O que determina a postura em relação à
infância muito repressora.
Idade moderna
 O infanticídio persistiu na Europa até
o fim do século XVII. Os pais podiam
decidir pela morte da criança que eles
não queriam conservar. Foi proibida
pelos bispos.
 Influência católica (devoção menino
Jesus) e protestante (disciplina e
controle moral com as crianças).
Idade moderna
 As mães e amas passara a tratar as
crianças como fonte de prazer, devido
a doçura e gracejos.
 Por outro lado, advogados, médicos,
padres....reconheceram a fragilidade
da infância.
 Destes dois grupos, Àries identifica dois
sentimentos de infância: a paparicação e
a exasperação
A Família Bollelli, de Edgar Degas
(1858-1860)
Idade moderna
 Os moralistas e educadores dos séc
XVII não admitiam os mimos as
crianças. A educação se inspirou neste
segundo grupo (exasperação) até o
séc. XX.
 De “brinquedo encantador” a um ser
que precisava ser educado e
disciplinado. Influência na educação/
na escola.
Idade Moderna
 Privilégio para o filho mais velho:
preocupação com a preservação dos
bens.
 O autor relacionou as mudanças nos
séculos XVI e XVII, na família e na
educação, com as modificações que
ocorreram na arquitetura e nas
habitações da época.
 As principais características dessa família
sentimental moderna que surgiu nos
séculos XVI e XVII foram: a igualdade
entre os filhos; a volta das crianças ao
lar (principalmente com o surgimento e a
proliferação das escolas); a valorização
da vida privada e a separação da família
do mundo e sua oposição à sociedade; e
por último, o sentimento da casa.

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