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Curso teórico de Direito Administrativo para o concurso do MPU

Cargos Técnicos e de Analistas – Professor Fabiano Pereira


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PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – LEI 9.784/99

1. Considerações iniciais . 02

2. As diversas denominações da expressão “processo”. 02

3. Conceito .
04

4. Abrangência da Lei 9.784/99 . 04

5. Princípios inerentes ao processo administrativo federal .


05

5.1. Princípio da legalidade objetiva .


05

5.2. Princípio da oficialidade . 05

5.3. Princípio do informalismo .


06

5.4. Princípio da “verdade material” ou “verdade real” .


06

5.5. Princípios do contraditório e da ampla defesa .


07

6. Objeto .
07

7. Princípios expressos .
08

8. Critérios a serem observados nos processos administrativos .. 08

9. Dos direitos e deveres do administrados .


10

10. Da competência .
10

11. Dos impedimentos e da suspeição .


11

12. Fases do processo administrativo .


13

13. A obrigatoriedade de motivação .


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14. Da desistência e outros casos de extinção do processo .
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Olá!

É uma pena, mas já estamos em nossa penúltima aula. Isso


significa que o dia da prova está cada vez mais próximo, o que
aumenta muito a ansiedade e a TPP (Tensão Pré-Prova), que, ao
contrário da TPM, também afeta os homens.
Nesses últimos dias, tente ficar bem tranqüilo. Não se
preocupe com a matéria que você ainda tem que estudar, mas sim
com aquela que você já estudou. Digo isso porque de nada adianta
você querer acelerar os seus estudos sem absorver as respectivas
informações.
E para absorver informações relativas ao Direito
Administrativo, nada melhor do que resolver questões de provas
anteriores. Se você perceber que ainda resta uma grande
quantidade de conteúdo a ser estudado, mas que o tempo não será
suficiente, abandone a teoria e invista na resolução de questões do
CESPE.
Lembre-se de que para aumentar a produtividade o ideal é
que você resolva cada questão, no mínimo, 02 (duas) vezes, no
intervalo de uma semana. Pode parecer perda de tempo, mas você
perceberá que na segunda vez que estiver respondendo à questão
o conteúdo será facilmente assimilado, e, dificilmente, você terá
problemas para responder esse mesmo tipo de questão no futuro.
Em nossa aula de hoje, iremos estudar o texto da Lei
9.784/99, que é muito claro, auto-explicativo e abreviado.
Ademais, você irá perceber que já estudamos vários artigos dessa
lei em outras aulas, principalmente quando tratamos dos princípios
e atos administrativos.
É imprescindível que você realize uma leitura de todo o
texto da lei. As questões de concursos anteriores, como você irá
perceber, estão baseadas em seu texto literal, sem exigir
conhecimentos doutrinários ou jurisprudenciais, em sua maioria.
Tenho certeza de que você não terá nenhuma dificuldade para
assimilar o conteúdo da aula de hoje. Entretanto, se tiver, estou à
disposição no fórum de dúvidas para esclarecê-las. Fique à
vontade, pois o curso está sendo desenvolvido para atender às suas
necessidades e facilitar a sua aprovação no MPU!

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E que venham os churrascos!!!

Bons estudos!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

"A esperança é cheia de confiança. É algo maravilhoso e belo, uma


lâmpada iluminada em nosso coração. É o motor da vida. É uma luz
na direção do futuro”.
(Conrad de Meester)

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1. As diversas denominações da expressão “processo”


A expressão “processo” representa um conjunto lógico e
seqüencial de fatos e procedimentos adotados para se atingir um
determinado objetivo. Em regra, essa expressão é utilizada para
referir-se ao processo judicial, mas é importante destacar que
várias são as classificações para a expressão “processo”, que
representa um gênero:
1.1. Processo judicial: trata-se do instrumento pelo qual o
juiz exerce o seu poder jurisdicional (de aplicar o direito ao caso em
concreto), decidindo um possível conflito existente entre as partes
que participam do processo.
1.2. Processo legislativo: é composto pelo conjunto de
regras constitucionais e legais que devem ser obedecidas pelo
legislador ao elaborar as leis.
1.3. Processo administrativo: pode ser entendido como o
conjunto seqüencial de atos administrativos necessários a
produzir uma decisão referente a um conflito de natureza
administrativa.

Como o foco da nossa aula é estudar as normas gerais sobre o


processo administrativo federal, iremos nos restringir a essa
última espécie de processo, que está prevista na Lei 9.784/99.
Atenção: é importante que você saiba que a própria
expressão “processo administrativo” possui diversas espécies,
que, frequentemente são encontradas em provas de concursos.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro nos informa que, na
linguagem corrente, a expressão processo administrativo é utilizada
em vários sentidos diferentes:
1. num primeiro sentido, designa o conjunto de papéis e
documentos organizados numa pasta e referentes a um
dado assunto de interesse do funcionário ou da administração;
2. é ainda usado como sinônimo de processo disciplinar,
pelo qual se apuram as infrações administrativas e se punem
os infratores; nesse sentido é empregado no artigo 41, § 1º,
da Constituição Federal, quando diz que o servidor público
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial
transitada em julgado ou mediante processo administrativo
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em que lhe seja assegurada ampla defesa. Esse tipo de


processo é conhecido por "PAD" no meio jurídico.
3. em sentido mais amplo, designa o conjunto de atos
coordenados para a solução de uma controvérsia no âmbito
administrativo;
4. como nem todo processo administrativo envolve
controvérsia, também se pode falar em sentido ainda mais
amplo, de modo a abranger a série de atos preparatórios de
uma decisão final da Administração.

A Lei 9.784/99, conforme destaquei anteriormente, estabelece


normas básicas e gerais sobre o processo administrativo no
âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em
especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
cumprimento dos fins da Administração.
Assim, os processos administrativos específicos, a exemplo
do Processo Administrativo Disciplinar – PAD, o Processo
Administrativo Federal de Determinação e Exigência de Créditos
Tributários – PAF, entre outros, continuarão a reger-se por normas
próprias, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos
da Lei 9.784/99.
O Processo Administrativo Disciplinar – PAD, quando
instaurado na esfera federal, por exemplo, será regulamentado pela
Lei 8.112/90. Por outro lado, o Processo Administrativo Federal de
Determinação e Exigência de Créditos Tributários – PAF, será
regulamentado pelo Decreto 70.235/72.

2. Conceito
O saudoso professor Diógenes Gasparini apresenta um
conceito bastante completo sobre processo administrativo, ao
defini-lo como o “conjunto de medidas jurídicas e materiais
praticadas com certa ordem e cronologia, necessárias ao registro
dos atos da Administração Pública, ao controle do comportamento
dos administrados e de seus servidores, a compatibilizar, no
exercício do poder de polícia, os interesses público e privado, a
punir seus servidores e terceiros, a resolver controvérsias
administrativas e a outorgar direitos a terceiros”.
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3. Abrangência da Lei 9.784/99


A Lei 9.784/99, que estabelece normas básicas sobre o
processo administrativo no âmbito da Administração Federal,
alcança tanto as entidades da Administração Direta (União e seus
respectivos órgãos), quanto às entidades da Administração Indireta
(autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista).
Lembre-se de que a Lei do processo administrativo federal
não se restringe ao Poder Executivo, pois abrange também os
poderes Legislativo e Judiciário, bem como o Ministério Público da
União e o Tribunal de Contas da União, quando estiverem
exercendo função administrativa.
Pergunta: professor, a Lei 9.784/99 também será obrigatória
para os processos administrativos instaurados no âmbito dos
Estados, Distrito Federal e Municípios?
Em regra, não. As entidades políticas possuem competência
legislativa para criarem as suas próprias legislações sobre processo
administrativo. No Estado de São Paulo, por exemplo, vigora a Lei
Estadual 10.177, publicada em 30 de dezembro de 1998. Da
mesma forma, no Estado de Minas Gerais vigora outra Lei Estadual,
a de nº 14.184, editada em 30 de janeiro de 2002.
Apesar dos Estados, DF e Municípios possuírem competência
para legislar sobre o tema, não existe proibição a que a Lei
9.784/99 seja utilizada em âmbito municipal ou estadual, por
exemplo, enquanto a respectiva legislação local não seja criada.

4. Princípios inerentes ao processo administrativo federal


O professor Hely Lopes Meirelles destaca que são cinco os
princípios inerentes aos processos administrativos no âmbito
federal, a saber:

4.1. Princípio da legalidade objetiva


O princípio da legalidade objetiva impõe a obrigatoriedade de
que o processo administrativo se desenvolva nos termos da lei,
cumprindo-se fielmente a sua finalidade. Ocorrendo qualquer

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violação ao texto legal, o processo administrativo,


consequentemente, deverá ser declarado nulo.

4.2. Princípio da oficialidade


Esse princípio impõe à Administração o dever de dar
andamento automático ao processo administrativo,
independentemente da manifestação do administrado. Também é
conhecido como “princípio da impulsão de ofício” ou “princípio do
impulso oficial”.
É interessante destacar que, contrariamente ao que ocorre no
Poder Judiciário, que deve ser provocado pelo interessado a fim de
que possa tomar alguma providência, no âmbito administrativo a
própria Administração se encarrega de adotar as providências
necessárias para garantir o andamento e a conclusão do
processo.
A oficialidade se revela na instauração, na instrução, na
decisão e na eventual revisão de decisões tomadas nos processos
administrativos.

4.3. Princípio do informalismo


O processo administrativo caracteriza-se pelo informalismo,
dispensando a solenidade e o rigor exacerbado na edição de seus
atos. É claro que não é possível exagerar no informalismo, pois é
necessário garantir a confiança e a credibilidade do processo
administrativo. Assim, a lei poderá estabelecer uma maior rigidez
para a prática de alguns atos, cominando a respectiva nulidade em
caso de sua inobservância.
Como o administrado não está obrigado a contratar um
advogado para atuar em processo administrativo, o princípio do
informalismo apresenta-se como essencial e de extrema relevância,
permitindo que qualquer pessoa possa acessá-lo e praticar os atos
necessários ao seu desenvolvimento e conclusão.

4.4. Princípio da “verdade material” ou “verdade real”


Nos processos administrativos, a Administração deve sempre
buscar a realidade dos fatos. Nesse sentido, deve adotar todas as
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providências que se fizerem necessárias para esclarecer, com


exatidão, o que realmente ocorreu. Para isso o processo
administrativo é instaurado.
A professora Medauar nos ensina que, como
conseqüência do princípio da verdade real ou material, “a
Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como
se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão
oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de
carrear para o expediente todos os dados, informações,
documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos
aspectos suscitados pelos sujeitos”.
Pergunta: professor, verdade material é o mesmo que
verdade formal?
Não. Fique bastante atento a essa diferença, pois,
frequentemente, ela é objeto de concursos.
A verdade formal, que se objetiva nos processos judiciais
(com exceção dos criminais), caracteriza-se por não representar a
realidade dos fatos. Para decidir um conflito que lhe foi
apresentado, o juiz está restrito às provas que foram apresentadas
pelas partes e que estão no processo, não podendo se referir a
fatos ou documentos de que teve ciência “fora” do processo.
Para que fique mais fácil o entendimento, basta que você se
lembre de que ao ser citado para responder a uma ação judicial, o
acusado será advertido de que “não sendo contestada a ação, se
presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados
pelo autor” (artigo 285 do Código de Processo Civil).
Exemplo: caso JOÃO ingresse com uma ação judicial em face
de PEDRO, alegando que ele lhe deve a quantia de R$ 500,00 por
um serviço prestado e não pago, PEDRO terá que apresentar a sua
contestação (defesa) no processo, mesmo que a cobrança seja
absurda (sequer conhece João, por exemplo), pois, caso contrário,
presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados por João.
Assim, por mais mentirosa e absurda que possa parecer tal
cobrança, se JOÃO não se defender, apresentando os seus
argumentos, ela será considerada verdadeira. Eis a verdade
formal, que não corresponde à realidade dos fatos.

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4.5. Princípios do contraditório e da ampla defesa


Os princípios do contraditório e da ampla defesa estão
expressamente previstos no inciso LV do artigo 5º da Constituição
Federal de 1988, que assim declara:
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
O princípio da ampla defesa, de uma forma bem resumida, as-
segura ao acusado a prerrogativa de valer-se de todos os meios
existentes para provar a sua inocência, desde que lícitos. Por outro
lado, o princípio do contraditório impõe a obrigatoriedade de se
garantir ao acusado a oportunidade de se manifestar sobre todos os
fatos e acusações a ele imputados, bem como o direito de
contradizer um por um, caso entenda cabível e necessário.

5. Objeto
O processo administrativo será utilizado no âmbito da
Administração Pública para tratar sobre os mais diversos temas. O
professor Diógenes Gasparini, apresentando alguns exemplos,
informa que podem versar sobre a padronização de um bem, cuidar
da investigação de um fato, visar a aplicação de uma pena,
objetivar uma decisão, encerrar uma denúncia, consubstanciar uma
sugestão, exigir um tributo, comprovar o exercício do poder de
polícia, visar a apuração de certos fatos e a indicação dos
respectivos autores.
Afirma o citado professor que o objeto é, portanto, o tema
versado no processo administrativo e esse pode ser qualquer um.

6. Princípios expressos
O artigo 2º da Lei 9.784/99 apresenta um rol de princípios que
devem ser obrigatoriamente observados durante os processos
administrativos federais, a saber:
9 Princípio da legalidade
9 Princípio da finalidade;
9 Princípio da motivação;

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9 Princípio da razoabilidade;
9 Princípio da proporcionalidade;
9 Princípio da moralidade;
9 Princípio da ampla defesa e do contraditório;
9 Princípio da segurança jurídica;
9 Princípio do interesse público; e
9 Princípio da eficiência.

Dentre todos os princípios acima relacionados, em nossa


primeira aula estudamos o da LEGALIDADE, FINALIDADE,
MORALIDADE e EFICIÊNCIA. Ademais, como no tópico anterior fiz
referência aos princípios do CONTRADITÓRIO e da AMPLA DEFESA,
resta então tecer alguns breves comentários sobre os princípios da
MOTIVAÇÃO, RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE,
SEGURANÇA JURÍDICA E INTERESSE PÚBLICO.
Para fins de concursos públicos, entenda que o princípio do
interesse público impõe para a Administração a obrigatoriedade
de sempre almejar a satisfação do interesse público, o que lhe
assegura uma supremacia jurídica em relação aos particulares.
Como interesse público, podemos entender aquele que está
previsto na lei, o que nos remete ao princípio da legalidade. Isso
porque o interesse público deve estar presente tanto no momento
da edição da lei quanto no momento de sua execução em concreto
pela Administração.

6.1. Princípio da Motivação


O princípio da motivação impõe à Administração Pública a
obrigação de apresentar as razões de fato (o acontecimento, a
circunstância real) e as razões de direito (o dispositivo legal) que
a levaram a praticar determinado ato.
A necessidade geral de motivação dos atos administrativos
não está prevista expressamente no artigo 37 da Constituição
Federal de 1988, mas consta no artigo 93, X (em relação aos atos
administrativos editados pelo Poder Judiciário) e 129, § 4º (em
relação aos atos administrativos editados pelo Ministério Público).

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Em termos gerais, o princípio da motivação pode ser


considerado implícito, pois não existe previsão expressa na
Constituição Federal de 1988 de que os atos editados pelo Poder
Executivo também devam ser motivados. É claro que se a
Constituição Federal impõe a obrigatoriedade de motivação dos
atos administrativos do Poder Judiciário e do Ministério Público,
implicitamente, também a estende aos atos editados pelo Poder
Executivo, que é aquele que possui na edição de atos
administrativos a sua função principal, típica.
A Lei 9.784/99, no inciso VII do artigo 2º, declara
expressamente que nos processos administrativos federais serão
indicados os pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão.
Além disso, afirma no § 1º do artigo 50 que a motivação deve
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores
pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso,
serão parte integrante do ato, o que a doutrina convencionou
chamar de motivação aliunde.
Isso significa que, no momento de motivar um ato
administrativo, o administrador poderá invocar fundamentos que já
estejam em pareceres ou decisões anteriores, por exemplo. Assim,
para concluir a motivação, basta que faça uma afirmação
declarando que a motivação é a mesma constante da “decisão Y”,
“em anexo”.
A imposição de que a motivação seja explícita, clara e
congruente deriva, dentre outros, dos princípios do devido
processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos
casos em que estiverem respondendo a um processo
administrativo, por exemplo) possam contestar ou defender-se dos
atos administrativos praticados pela Administração, é necessário
que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo.
Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador
não pode limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de
base para a sua edição. É essencial ainda que o administrador
apresente, detalhadamente, todo o caminho que percorreu para

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chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que deseja alcançar


com a prática do ato.
Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que
os interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato
praticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático
de Direito, o princípio da legalidade, da razoabilidade,
proporcionalidade, do devido processo legal, entre outros.
Pergunta: Será que todos os atos administrativos devem ser
motivados?
Diante do que escrevi até o momento, parece que sim, não é?
Bem, para fins de concursos públicos, devemos ficar atentos a essa
pergunta.
Embora renomados professores como Diógenes Gasparini e
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, entendam que todos
os atos administrativos devam ser motivados, sejam eles
vinculados ou discricionários, é válido destacar que existe uma
exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e
exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão
(cargos de confiança).
No momento de nomear um cidadão para ocupar cargo público
em comissão (aquele em que não é necessário ser aprovado em
concurso público e que possui atribuições de direção, chefia e
assessoramento, como o cargo de Secretário Municipal, por
exemplo), a autoridade competente não está obrigada a apresentar
os motivos, por escrito, que a levaram a optar pelo cidadão “a”, em
vez do cidadão “b”.
Da mesma forma, acontece na exoneração. A autoridade
competente não está obrigada a apresentar, por escrito, os motivos
que a levaram a “dispensar” o ocupante do cargo em comissão,
independentemente de quais sejam.
Sendo assim, como o nosso objetivo é ser aprovado em um
concurso público, fique atento a essa exceção que comprova que
nem todos os atos administrativos devem ser motivados.
Por fim, não confunda o motivo do ato administrativo (que
estudamos anteriormente) com a necessidade de motivação. O
primeiro é a razão de fato e de direito que justificou a edição do

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ato. O segundo nada mais é que a exposição dos motivos, por


escrito, detalhadamente.
Exemplo: Imagine que o Departamento de Recursos
Humanos de um determinado órgão público tenha solicitado ao
servidor “X” a apresentação de algumas informações e documentos
para proceder à atualização de seus dados cadastrais. Contudo,
apesar da solicitação formal da Administração, imotivadamente, o
servidor se recusou a fornecê-los. Diante do exposto, o servidor
será punido com uma advertência em virtude de não ter
apresentado as informações e documentos solicitados (motivo),
mas, no momento da aplicação da penalidade, a Administração
deverá explicar por escrito o “porquê” de ter sido aplicada a
referida advertência (motivação).
O artigo 50 da Lei 9.784/99 apresenta um rol de hipóteses que
ensejam, obrigatoriamente, a motivação do ato administrativo.
Entretanto, é importante esclarecer que as hipóteses elencadas
legalmente não são as únicas que impõem à necessidade de
motivação (esse é o entendimento da doutrina majoritária, para
fins de concursos públicos).
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios
oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo.

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Para responder às questões de prova tenha em mente que, em


regra, todos os atos administrativos devem ser motivados, sejam
eles vinculados ou discricionários. Esse é o entendimento da
doutrina majoritária.
Todavia, como as exceções estão sempre presentes no Direito,
lembre-se de que o Supremo Tribunal Federal já declarou, por
diversas vezes, que o ato de nomeação e exoneração ad nutum
dos ocupantes de cargos em comissão (cargos de confiança) não
necessita de motivação.

6.2. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade


Grande parte da doutrina afirma que os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade são sinônimos. Outra parte
afirma que tais princípios são autônomos, apesar do fato de a
proporcionalidade ser um dos elementos da razoabilidade.
Sendo assim, apresentarei ambos os princípios
conjuntamente, mas citando as peculiaridades de cada um para que
você não se confunda no momento de responder às questões de
prova.
O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado
ao senso comum do homem médio, do aceitável, do justo, do
mediano. Em respeito a tal princípio, as condutas administrativas
devem pautar-se no bom senso, na sensatez que guia a atuação
do homem mediano, pois, caso contrário, serão invalidadas.
O princípio da razoabilidade tem origem no sistema jurídico
anglo-saxão, mas foi no Direito norte-americano que se
desenvolveu e ganhou autonomia, como consequência do devido
processo legal, servindo de parâmetro obrigatório para a conduta
tanto dos administradores quanto do legislador.
Eis aqui uma importante informação que você deve guardar: o
princípio da razoabilidade, que é considerado um princípio
implícito (em termos gerais), deriva do princípio do devido
processo legal, este previsto expressamente no inciso LIV do
artigo 5º da CF/88.
Atenção: se analisarmos os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade nos termos da Lei 9.784/99, eles poderão ser

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considerados expressos, mas somente para a Administração


Pública Federal.
A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir
a proporcionalidade da razoabilidade, informa que a
proporcionalidade pressupõe a adequação entre os atos e as
necessidades, ou seja, “só se sacrificam interesses individuais em
função dos interesses coletivos, de interesses primários, na
medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja
realmente indispensável para a implementação da necessidade
pública1”.
O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido
como princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se
destina é justamente limitar as ações administrativas que
ultrapassem os limites adequados. Em outras palavras, significa
dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a necessidade
de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público
(inciso VI do artigo 2º da Lei 9.784/99).
Para fins de concurso público, que é o nosso foco principal, é
importante que você saiba as características tanto da
razoabilidade quanto da proporcionalidade, pois algumas
bancas examinadoras elaboram questões como se ambos fossem
sinônimos, e outras como se fossem princípios autônomos.
Vejamos:
(Analista Judiciário - Adm – TRT 23ª R/2004 / FCC) A adequação
entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições
e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias
ao atendimento do interesse público; e a observância das
formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados, entre outras, dizem respeito ao princípio da
(A) razoabilidade, sob a feição de proporcionalidade.
(B) motivação, decorrente da formalidade.
(C) finalidade, que se apresenta como impessoalidade.
(D) ampla defesa, somada à segurança jurídica.
(E) segurança jurídica atrelada à legalidade.

Resposta: letra “a”

1
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008.

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(Especialista em Regulação – ANATEL 2006 / CESPE) O princípio da


proporcionalidade - que tem fundamento no texto constitucional
brasileiro - aplicado à garantia do indivíduo, em face do poder regulador
do Estado, é uma das formas de manifestação da função de garantia e
proteção que desempenha a Constituição. (Correta)

6.3. Princípio da segurança jurídica


Para que o homem possa conduzir os atos de sua vida civil,
familiar e profissional, necessita de certo grau de estabilidade, de
confiança e de certeza de que as decisões tomadas no dia a dia não
serão alteradas unilateralmente, por terceiros, em momento
posterior. Assim, é possível programar o futuro e estabelecer
projetos a curto, médio e longo prazo.
A necessidade de estabilidade, certeza e confiança se mostra
ainda mais latente nas relações entre a Administração e os
administrados.
Conforme nos informa a professora Di Pietro, é muito comum,
na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de
determinadas normas legais, com a consequente mudança de
orientação, em caráter normativo, afetando situações já
reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior.
Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável,
porém, gera uma grande insegurança jurídica, pois os
interessados nunca sabem quando a sua situação será passível de
contestação pela própria Administração Pública.
Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova
interpretação, prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99:
Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão
observados, entre outros, os critérios de:
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
Sendo assim, se a Administração Pública praticou certo ato
amparada em uma determinada interpretação da lei,
posteriormente, caso seja alterada a interpretação, não poderá a
Administração aplicá-la ao ato que já havia sido praticado com base
na interpretação anterior.

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Nessa situação, a nova interpretação somente poderá ser


aplicada em casos futuros, desde que se enquadrem na nova
interpretação.
A Constituição Federal de 1988 vai ainda mais longe, pois
declara em seu artigo 5º, XXXVI, que nem mesmo a lei poderá
prejudicar ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada.
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de
que o objetivo do princípio da segurança jurídica é proteger os
administrados em face de novas interpretações adotadas pela
Administração e que possam prejudicá-los, no caso em concreto.

7. Critérios a serem observados nos processos


administrativos
Além de apresentar um rol de princípios que devem ser
obrigatoriamente observados, a Lei 9.784/99 também enumerou,
no parágrafo único do artigo 2º, uma relação de critérios que
devem pautar as condutas das autoridades nos processos
administrativos.
Perceba que os critérios decorrem diretamente dos princípios
arrolados anteriormente, portanto, fique atento ao responder às
questões de concursos:
I - atuação conforme a lei e o Direito (princípio da legalidade);
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização
em lei (impessoalidade)
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
a promoção pessoal de agentes ou autoridades
(impessoalidade);
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
boa-fé (moralidade);
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
hipóteses de sigilo previstas na Constituição (publicidade);
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público
(razoabilidade e proporcionalidade);
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VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que


determinarem a decisão (motivação);
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
direitos dos administrados (segurança jurídica);
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos
dos administrados (segurança jurídica e informalismo);
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de
alegações finais, à produção de provas e à interposição de
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio (ampla defesa e contraditório);
XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
prejuízo da atuação dos interessados (oficialidade);
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação
(impessoalidade e segurança jurídica).

8. Dos direitos e deveres do administrados


A fim de que não restem dúvidas sobre os direitos e deveres
dos administrados, quando forem parte em processo
administrativo, cuidou a Lei 9.784/99 de apresentá-los
expressamente, em seus artigos 3º e 4º, vejamos:

8.1. Direitos
1º) ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores,
que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o
cumprimento de suas obrigações;
2º) ter ciência da tramitação dos processos administrativos em
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as
decisões proferidas;

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3º) formular alegações e apresentar documentos antes da


decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão
competente;
4º) fazer-se assistir, facultativamente, por advogado,
salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.

8.2. Deveres
1º) expor os fatos conforme a verdade;

2º) proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

3º) não agir de modo temerário;

4º) prestar as informações que lhe forem solicitadas e


colaborar para o esclarecimento dos fatos.

9. Da competência
A competência pode ser definida como um conjunto de
poderes que a lei confere ao agente público para o exercício das
funções inerentes ao cargo público. Assim, para praticar um
determinado ato, o agente público deve ser competente para tal.
Se um ato administrativo é editado por agente público
incompetente, em regra, deverá ele ser anulado, exceto nas
hipóteses em que seja cabível a convalidação (correção).
Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros
órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
Atenção: lembre-se sempre de que a delegação, em regra,
ocorre quando um órgão ou autoridade superior transferem a
outros órgãos ou autoridades que lhes são subordinados a
responsabilidade pela prática de determinado
ato. Entretanto, também é possível a delegação sem
que exista relaçãowww.pontodosconcursos.com.br
de subordinação, nos termos do art. 12 19
da Lei 9.784/99.
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A delegação nada mais é que o ato administrativo que


desloca a competência para a edição de determinado ato para
outro órgão ou autoridade. Ocorre, por exemplo, quando uma
autoridade superior transfere a competência para a edição de um
determinado ato para o seu subordinado, sendo possível a
revogação a qualquer tempo pela autoridade delegante.
Nem todas as atividades administrativas podem ser objeto de
delegação, conforme previsto expressamente no artigo 13 da Lei
9.784/99:
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
autoridade.

As decisões adotadas por delegação devem mencionar


explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
agente público delegado (que recebeu a delegação).
Atenção: muito cuidado para não confundir os institutos da
delegação e avocação, pois possuem características antagônicas.
Na delegação, um órgão ou agente público transfere a
competência para a edição de um ato para outro órgão ou agente
público. Na avocação ocorre justamente o contrário, pois um
agente público ou órgão hierarquicamente superior chama para si
(avoca) a competência para editar determinado ato.
A avocação somente será permitida em caráter excepcional
e por motivos relevantes, devidamente justificados, ao contrário da
delegação.
Por último, é necessário que você saiba que quando não
existir competência legal específica, o processo administrativo
deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau
hierárquico para decidir.

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10. Dos impedimentos e da suspeição


A Lei 9.784/99 não apresenta maiores detalhes sobre o
impedimento e a suspeição, apenas informa quem pode ser
considerado impedido ou suspeito de participar de um processo
administrativo, bem como as providências que devem ser adotadas
quando isso ocorrer.
Nesses termos, é necessário esclarecer que o impedimento e a
suspeição se diferenciam em razão do nível de
comprometimento que o agente público possui com o processo
em si, o que poderia interferir na sua imparcialidade.
Quando a Lei 9.784/99, em seu artigo 18, declara as situações
que impedem um servidor ou autoridade de participar de um
processo administrativo, assim o faz para evitar que possam tomar
decisões motivadas por interesses pessoais, já que existe uma
presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade (como se
já fosse certo que a atuação do agente iria favorecer ou prejudicar,
intencionalmente, o administrado).
É por isso que a autoridade ou servidor que incorrer em
impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente,
abstendo-se de atuar. Caso não cumpra o seu dever de comunicar
o impedimento, está cometendo falta grave, sendo passível de
punição.
Nesses termos, está impedido de atuar em processo
administrativo o servidor ou autoridade que:
1º) tenha interesse direto ou indireto na matéria;
2º) tenha participado ou venha a participar como perito,
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o
terceiro grau;
3º) esteja litigando judicial ou administrativamente com o
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Por outro lado, na suspeição a presunção de parcialidade é


apenas relativa (juris tantum), e, portanto, pode ser argüida
quando a autoridade ou servidor tiver amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados ou com os respectivos
cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
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Caso seja indeferida a alegação de suspeição, esta poderá ser


objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

11. Fases do processo administrativo


Os processos administrativos, em regra, desenvolvem-se em
quatro grandes fases: instauração, instrução, relatório e decisão,
nesta seqüência.
É claro que existem algumas espécies de processos
administrativos, a exemplo do processo disciplinar - PAD, previsto
no Lei 8.112/90, que se desenvolvem de maneira diferente:
instauração, inquérito administrativo e julgamento. Todavia, o
nosso foco é o processo previsto na Lei 9.784/99.

11.1. Fase de instauração


A instauração do processo administrativo pode ocorrer
mediante pedido de um interessado qualquer ou, ainda, ex
officio, no interesse da Administração.
Antes de instaurar o processo administrativo, a Administração
pode exigir que o interessado preencha algum formulário
específico, em conformidade com o assunto a ser tratado. Neste
caso, o preenchimento será obrigatório. Entretanto, deverá ser
disponibilizado o auxílio de um servidor público para aqueles que
demonstrem dificuldade no preenchimento das informações
solicitadas, evitando-se assim que eventuais falhas possam levar à
nulidade do processo.
No requerimento inicial apresentado pelo interessado, deverão
conter as seguintes informações:
1º) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

2º) identificação do interessado ou de quem o represente;

3º) domicílio do requerente ou local para recebimento de


comunicações;
4º) formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
fundamentos;
5º) data e assinatura do requerente ou de seu representante.22
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Quando forem iguais os pedidos de vários interessados,


poderão ser formalizados conjuntamente, em uma única petição
ou formulário, salvo disposição legal em contrário.
Após ter recebido a peça inaugural do processo, a autoridade
administrativa deverá determinar a sua autuação (ato que
efetivamente inicia o processo), com a numeração das páginas,
preenchimento da data e demais informações constantes da capa
do processo.
O artigo 9º da Lei 9.784/99 relaciona aqueles que são
legitimados como interessados no processo administrativo:
a) pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de
direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de
representação;
b) aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou
interesses que possam ser afetados pela decisão a ser
adotada;
c) as organizações e associações representativas, no tocante a
direitos e interesses coletivos;
d) as pessoas ou as associações legalmente constituídas
quanto a direitos ou interesses difusos.

11.2. Fase da instrução


Trata-se da mais complexa fase do processo administrativo,
pois agrega todas as atividades de instrução destinadas a
averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de
decisão. Inicia-se logo após a instauração do processo
administrativo, finalizando-se quando concluídas todas as
diligências necessárias para o esclarecimento dos fatos e posterior
tomada de decisão pela Administração.
O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada
da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e
perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do
processo (artigo 38). As provas propostas pelos interessados
somente poderão ser recusadas quando sejam ilícitas,
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias, mediante decisão
fundamentada,

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É importante esclarecer que compete ao interessado provar


todos os fatos que tenha alegado. Entretanto, quando as provas
estiverem registradas em documentos existentes na própria
Administração responsável pelo processo ou, ainda, em outro órgão
administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de
ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias
(artigo 37).
O artigo 40 estabelece que quando dados, atuações ou
documentos solicitados ao interessado forem necessários à
apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado
pela Administração para a respectiva apresentação implicará
arquivamento do processo, já que não será possível alcançar a
verdade material ou real.
Atenção: pode ocorrer a necessidade de se ouvir no processo
administrativo, antes da decisão, algum órgão administrativo
consultivo, que será responsável por orientar a decisão final da
autoridade administrativa. Nesse caso, as regras a serem
observadas estão relacionadas no artigo 42 da Lei 9.784/99:
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de
quinze dias, salvo norma especial ou comprovada
necessidade de maior prazo.
§ 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser
emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa
ao atraso.
§ 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de
ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter
prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem
prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
atendimento.

Quando for necessária a prestação de informações ou a


apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
forma e condições de atendimento.

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Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente,


se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se
eximindo de proferir a decisão (artigo 39).
O artigo 46 estabelece que os interessados têm direito à
vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos
dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e
documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
privacidade, à honra e à imagem.
Encerrada a instrução, com a produção das provas
consideradas imprescindíveis para a Administração, o interessado
terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
salvo se outro prazo for legalmente fixado.

11.3. Fase do relatório


É nesta fase que se elabora o relatório. Nas palavras do
professor Diógenes Gasparini, trata-se de uma peça informativa-
opinativa que, salvo previsão legal, não é vinculante para a
Administração Pública ou para os demais interessados. Por esse
motivo, a autoridade competente pode divergir da conclusão ou
sugestão oferecida e decidir de modo diferente, bastando que
fundamente sua decisão.
O relatório nada mais é que um “resumo geral” do processo
administrativo, no qual deverá constar o pedido inicial, o conteúdo
das fases do procedimento e, ainda, uma proposta de decisão,
objetivamente justificada.
Logo após apresentado o relatório, o processo deverá ser
encaminhado à autoridade competente para decisão.

11.4. Fase da decisão ou julgamento


Concluída a instrução de processo administrativo, a autoridade
ou o órgão competente tem o prazo de até trinta dias para
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente
motivada.
A Administração não possui a faculdade de “deixar de decidir”.
Trata-se de um verdadeiro poder-dever, que deve ser exercido em

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conformidade com as provas e informações existentes no processo,


com motivação explícita, clara e congruente.

12. Da desistência e outros casos de extinção do processo


Instaurado o processo administrativo a pedido do interessado,
não existe a obrigatoriedade de ele seja conduzido até a sua
conclusão. Através de manifestação escrita, o interessado
poderá, a qualquer momento, desistir total ou parcialmente do
pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
Se forem vários os interessados participando de um mesmo
processo, a desistência ou renúncia somente atingirá aquele que a
tenha formulado e o processo continua tramitando em relação aos
demais.
Caso a Administração entenda que o objeto do processo
administrativo é de relevante interesse público, mesmo que o
interessado se manifeste pela desistência o processo pode
continuar tramitando, até a sua normal conclusão.
O órgão administrativo competente poderá declarar extinto o
processo em duas situações distintas, que, frequentemente são
cobradas em provas de concursos públicos:
1ª) quando exaurida sua finalidade;
2ª) quando o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou
prejudicado por fato superveniente.

13. Do recurso administrativo e da revisão


Ao deparar-se com uma decisão desfavorável, proferida pela
Administração em processo administrativo, o interessado poderá
apresentar um recurso administrativo para a autoridade superior
àquela que proferiu a decisão.
Entretanto, é importante esclarecer que o recurso deverá ser
encaminhado para a mesma autoridade que proferiu a decisão
desfavorável, que poderá reconsiderar a decisão (alterá-la) no
prazo de cinco dias. Caso não ocorra a mudança de
posicionamento, a autoridade que proferiu a decisão deverá então
encaminhar o recurso administrativo para a autoridade superior.

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Não é necessário apresentar caução (depósito ou


disponibilização de dinheiro) para a propositura de recurso
administrativo, pois tal exigência viola o texto da súmula
vinculante 21, editada pelo Supremo Tribunal Federal e publicada
no Diário Oficial em 10 de novembro de 2009, que assim declara:
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.
No momento da propositura de recurso administrativo, o
interessado poderá questionar o mérito da decisão (a ausência de
justiça) ou, ainda, a sua ilegalidade (decisão contrária ao que está
previsto na lei).
Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria
enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da
decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de
encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso (§ 3º
do artigo 56)
O recurso administrativo tramitará no máximo por três
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa, e
poderá e poderá ser interposto pelos seguintes legitimados:
1º) os titulares de direitos e interesses que forem parte no
processo;
2º) aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
afetados pela decisão recorrida;
3º) as organizações e associações representativas, no tocante
a direitos e interesses coletivos;
4º) os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
interesses difusos.

O prazo para a propositura do recurso administrativo é de dez


dias, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida. Não confunda esse prazo com aquele que é concedido à
autoridade que proferiu a decisão para reconsiderá-la, que é de
cinco dias.

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Apresentado o recurso administrativo, a autoridade


competente possui o prazo de 30 (trinta) dias para decidi-lo,
caso a lei não apresente prazo diferente.
Esse prazo é contado do recebimento do processo pelo órgão
competente e poderá ser prorrogado por mais 30 dias, mediante
justificativa por escrito.
Prevê o artigo 61 da Lei 9.784/99 que, salvo disposição legal
em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. Isso quer
dizer que a decisão proferida produzirá imediatamente todos os
seus efeitos até a decisão final do recurso proposto.
Entretanto, havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da decisão que fora proferida, a
autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício
ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
O recurso não será conhecido quando interposto (artigo 63):
a) fora do prazo;
b) perante órgão incompetente;
c) por quem não seja legitimado;
d) após exaurida a esfera administrativa.

O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar,


modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão
recorrida, se a matéria for de sua competência (artigo 64). Todavia,
se a decisão do recurso administrativo puder causar ainda maiores
prejuízos à situação do recorrente, este deverá ser cientificado
para que formule suas alegações antes da decisão.
Atenção: você deve ter conhecimento de que ao decidir um
recurso, a Administração poderá agravar a situação do recorrente.
Se a decisão recorrida já era lesiva aos interesses do administrado,
razão pela qual apresentou um recurso administrativo, poderá ficar
ainda pior, pois, ao decidir, a Administração poderá tanto amenizar
ou majorar a penalidade ou teor da decisão proferida pela
autoridade de hierarquia inferior. É o que a doutrina costuma
denominar de “reformatio in pejus”.

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Assim, ao responder às questões de concursos, lembre-se


sempre de a reformatio in pejus é possível quando a Administração
estiver decidindo um recurso administrativo.
Além do instituto do recurso administrativo, a Lei 9.784/99
também prevê a hipótese de revisão dos processos
administrativos.
Declara o artigo 65 que os processos administrativos de que
resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação
da sanção aplicada.
Pergunta: professor, para fins de concursos públicos, qual a
diferença entre o recurso administrativo e a revisão?
Bem, o recurso administrativo é utilizado pelo interessado
para rediscutir uma decisão que acabou de ser proferida. Neste
caso, tudo o que consta no processo administrativo será
reanalisado por um órgão superior, que poderá decidir de forma
diferente, mesmo que prejudicando ainda mais o recorrente
(reformatio in pejus).
Por outro lado, o pedido de revisão ocorre, em regra, após a
decisão já ter sido proferida e o recurso administrativo decido.
Trata-se de um instrumento que viabiliza a “reabertura” do
processo administrativo, pois ocorre uma reapreciação total, agora
com base em fatos novos ou circunstâncias relevantes
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Ao contrário do que ocorre na decisão de recurso
administrativo, na revisão do processo administrativo não poderá
resultar agravamento da sanção (reformatio in pejus).

14. Dos prazos


Os artigos 66 e 67 da Lei 9.784/99 apresentam algumas
regras gerais sobre os prazos, a exemplo do seu início, forma de
contagem e possibilidade de suspensão, vejamos:
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
começo e incluindo-se o do vencimento.

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§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil


seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data
a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o
último dia do mês.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente
comprovado, os prazos processuais não se suspendem.

No mais, eis as principais informações que deveriam ser


destacadas em relação à Lei 9.784/99. Aguardo as perguntas no
fórum de dúvidas!

Bons estudos!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

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RELAÇÃO DE QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO

01. (Analista de Recursos Humanos / MCT – FINEP / CESPE 2009


adaptada) Quanto ao processo administrativo no âmbito da
administração pública federal, julgue as assertivas abaixo:
I. Um órgão administrativo e seu titular podem, na ausência de
impedimento legal, delegar a sua competência a outros órgãos ou
titulares, desde que estes lhe sejam hierarquicamente
subordinados, em razão de circunstâncias de índole técnica,
social, econômica, jurídica ou territorial.
II. Em respeito à supremacia do interesse público, quando a
matéria do processo envolver assunto de interesse geral, é
obrigatório ao órgão competente, mediante despacho motivado,
abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros,
antes da decisão do pedido, mesmo que haja prejuízo para a
parte interessada.
III. O direito da administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai
em 2 anos, contados da data em que foram praticados, mesmo
que comprovada a má-fé do beneficiário.
IV. O órgão competente para decidir o recurso administrativo
pode confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência, mas não pode agravar a situação do recorrente.
V. Em decisão, na qual se evidencie não acarretar lesão ao
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis podem ser revalidados pela
própria administração.

02. (Técnico Federal de Controle / TCU / CESPE 2009) Acerca da


Lei n.º 9.784/1999 — marco legal referente ao processo
administrativo — e de aspectos relacionados a esse tema, julgue
os itens abaixo:
I. A lei em apreço regulamenta o processo administrativo no
âmbito da União, dos estados e dos municípios, visando, entre
outros aspectos, à proteção dos direitos dos administrados e ao
melhor cumprimento dos fins da administração.
II. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
administrativos a que foi atribuída como própria. Como exceção,
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pode ser objeto de delegação a decisão a ser proferida em


recursos administrativos.
III. Segundo jurisprudência recente do STF, é inconstitucional a
exigência de depósito prévio da multa aplicada pela
administração pública como condição de admissibilidade do
recurso na esfera administrativa.
IV. Considere a seguinte situação hipotética.
A administração pública concedeu ascensão funcional a servidor
público federal em janeiro de 2002. Em dezembro de 2008, o TCU
determinou a anulação do ato administrativo, sem garantir ao
referido servidor o contraditório e a ampla defesa. Nessa
situação, o STF entende que o ato do TCU não é passível de
nulidade, pois o ato concessivo somente produziria efeitos a
partir do exame pelo referido órgão de controle.

03. (Analista Judiciário / TRT 17ª Região / CESPE 2009) Acerca


das disposições que regulam o processo administrativo no
âmbito da administração pública federal, julgue os seguintes
itens segundo a Lei nº 9.784/99:
I. Titular de órgão administrativo que delegar parte de sua
competência a outro órgão não poderá revogar o ato de
delegação.
II. Órgão é unidade de atuação integrante da estrutura da
administração direta e indireta; entidade é unidade não dotada
de personalidade jurídica.
III. Os processos administrativos de que resultem sanções
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
quando surgirem fatos novos; entretanto, dessa revisão não
poderá resultar agravamento da sanção.

04. (Analista Ambiental / IBAMA / CESPE 2009) Julgue os


próximos itens acerca do processo administrativo no âmbito da
administração pública federal, conforme regras estabelecidas
pela Lei n.º 9.784/1999.
I. Os processos administrativos devem ser guiados por critérios
que observem as formalidades essenciais à garantia dos direitos
dos administrados, adotadas de formas simples e
desburocratizadas, suficientes para garantir grau de certeza,
segurança e respeito a esses direitos.

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II. O direito do administrado de ter ciência da tramitação dos


processos administrativos em que figure na qualidade de
interessado e de neles atuar peticionando, juntando documentos,
fazendo requerimentos e recursos, não ilide o fato de que a
administração deve, por si mesma, dar impulso, de ofício, ao
processo administrativo.
III. A elaboração de modelos ou formulários padronizados que
atinjam pretensões equivalentes no tratamento de um mesmo
assunto no âmbito da administração pública é medida
burocratizante, que deve ser evitada, porque, com isso,
desconsidera-se a peculiaridade de cada situação.
IV. A delegação de competência em razão de circunstâncias de
índole técnica apenas pode ocorrer dentro do próprio órgão
administrativo, sendo incabível delegação para este fim mediante
transferência de competência a outros órgãos ou titulares, que
não estejam na mesma linha de hierarquia e subordinação.

05. (Analista do Seguro Social / INSS / CESPE 2008) Acerca do


procedimento administrativo previsto na Lei n.º 9.784/1999,
julgue os itens a seguir.
I. A avocação de procedimentos administrativos decorre do poder
hierárquico.
II. Os órgãos administrativos, ao contrário das entidades, têm
personalidade jurídica própria e podem postular em juízo.
III. É vedado à administração recusar, de forma imotivada, o
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o
interessado quanto ao cumprimento de eventuais falhas.
IV. A decisão de recurso administrativo é indelegável.

06. (Agente Técnico-Jurídico / MPE AM / CESPE 2008) Acerca da


Lei n.º 9.784/1999, que estabelece normas a respeito do
processo administrativo, julgue os próximos itens.
I. Como regra geral, são considerados capazes, para fins de
processo administrativo, os maiores de dezoito anos.
II. Considere que um servidor que responde a um processo
administrativo tenha sido intimado em uma quinta-feira para a
oitiva de testemunhas que se realizaria na segunda-feira
próxima. Nesse caso, a intimação deve ser considerada como
válida, já que atendeu ao prazo de 3 dias estabelecido na lei.
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GABARITO
1) I.F II.F 2) I.F II.F 3) I.F II.F 4) I.C II.C 5) I.C II.F
III.F IV.F V.C III.C IV.F III.C III.F IV.F III.C IV.C

6) I.C II.F

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