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Curso teórico de Direito Administrativo para o concurso do MPU


Cargos Técnicos e de Analistas – Professor Fabiano Pereira
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LICITAÇÃO – LEI 8.666/93

1. Licitação e edital do MPU ........................................................ 03


2. Considerações iniciais ............................................................. 05
3. Abrangência da lei 8.666/93 ................................................... 06
4. Conceito .................................................................................. 08
5. Princípios da licitação ............................................................. 08

6. Modalidades de licitação ......................................................... 16


6.1. Concorrência ................................................................ 20
6.2. Tomada de preços ........................................................ 21
6.3. Convite ......................................................................... 21
6.4. Concurso ...................................................................... 23
6.5. Leilão ........................................................................... 25

7. Tipos de licitação ..................................................................... 26

8. Procedimento: as principais fases da licitação ......................... 29


8.1. Audiência Pública ......................................................... 30
8.2. Edital ............................................................................ 31
8.3. Antecedência mínima do edital ..................................... 34
8.4. Impugnação administrativa ao edital ........................... 35
8.5. Comissão de licitação .................................................... 36
8.6. Habilitação dos licitantes .............................................. 36
8.7. Julgamento das propostas ............................................ 40
8.8. Homologação e adjudicação ao vencedor ...................... 41

9. Obrigatoriedade de licitação .................................................... 42


9.1. Inexigibilidade .............................................................. 44
9.2. Licitação dispensada ..................................................... 46
9.3. Licitação dispensável .................................................... 48
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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – LEI 8.666/93

10. Considerações sobre a prova do MPU .................................... 54


11. Introdução ao estudo dos contratos administrativos ............ 54
12. Disciplina normativa e conceito ............................................ 56
13. Características ..................................................................... 57
13.1. Atuação da administração como poder público .......... 57
13.2. Finalidade pública ...................................................... 57
13.3. Formalismo ................................................................ 58
13.4. Contrato de adesão .................................................... 59
13.5. Pessoalidade (caráter intuitu personae) .................... 60
13.6. Existência de “cláusulas exorbitantes” ....................... 62
13.6.1. Possibilidade de rescisão unilateral do contrato 62
13.6.2. Possibilidade de alteração unilateral do contrato 64
13.6.3. Poder de fiscalização, acompanhamento e ocupação
temporária .................................................................. 66
13.6.4. Restrições ao uso da cláusula “exceptio non
adimpleti contractus” ................................................... 67
13.6.5. Aplicação direta de penalidades contratuais ... 68
14. Manutenção do equilíbrio financeiro do contrato .................... 69
15. Exigência de garantias para a execução do contrato ............... 70
16. Responsabilidade pelos encargos de execução ........................ 71
17. Recebimento do objeto do contrato ........................................ 72
18. Extinção do contrato administrativo ....................................... 73
19. Prazo de duração e prorrogação do contrato .......................... 75
20. Inexecução contratual ........................................................... 78
20.1. Inexecução culposa ..................................................... 78
20.2. Inexecução sem culpa .................................................. 79
20.3. Teoria da imprevisão .................................................... 79
20.3.1. Caso fortuito e força maior ............................... 81
20.3.2. Fato do príncipe ................................................ 81
20.3.3. Fato da Administração ...................................... 82
20.3.4. Interferências imprevistas ............................... 83
21. RVP ......................................................................................... 85

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1. Licitação e edital do MPU

Nos últimos dias, recebi diversos e-mails de candidatos ao


concurso do Ministério Público da União interessados em saber
quais artigos devem ser estudados em relação à Lei 8.666/93.
Bem, eis uma pergunta cuja resposta é um pouco desagradável:
TODOS OS ARTIGOS.
Todos?! Por quê?

É simples. Porque os tópicos 5 e 6 do edital referente ao


conteúdo de noções de Direito Administrativo prevê o seguinte:

“5. Contratos administrativos: conceito e características. 6. Lei


nº 8.666/93 e alterações.”

Perceba que no tópico 5 o edital cita apenas o conceito e


características dos contratos administrativos, que, por sinal, podem
ser obtidos no texto da Lei 8.666/93. De outro lado, o tópico 6
refere-se expressamente à Lei 8.666/93 e suas alterações, isto é,
indica que a banca pode cobrar questões envolvendo todo o teor da
lei.

Como tenho certeza de que você tem um GIGANTESCO


interesse em ser aprovado no concurso do MPU, aconselho que
estude a integralidade do texto legal. Entretanto, como sei que o
seu tempo é extremamente curto, pois existem diversas outras
disciplinas para serem estudadas, recomendo então que você
realize uma leitura completa desta aula, pois irei abordar os tópicos
mais importantes sobre a Lei 8.666/93.
Apesar de a aula ter ficado “um pouquinho” grande, vale a
pena dedicar-se à leitura da aula, pois, certamente, você irá
encontrar algumas assertivas sobre a Lei 8.666/93.
Desde já, lembre-se de que você não deseja se tornar um
especialista em licitações (pelo menos por enquanto), mas apenas
conseguir o seu lugar no serviço público. Depois disso, caso seja de
seu interesse, você terá um bom tempo disponível e, o que é
melhor, muito dinheiro no bolso para pagar um excelente curso de
pós-graduação sobre o tema.

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Se você está incluído na lista daqueles que possuem “pavor”
da Lei de Licitações, pode ter certeza de que, ao término de nossa
aula, a sua síndrome estará medicada. Entretanto, será necessário
que você adote todas as dicas que irei fornecer durante o
desenvolvimento da aula, e, como não poderia ser diferente,
resolva todas as questões de fixação de conteúdo que estão sendo
disponibilizadas.
Por último, gostaria de destacar que você não precisa estudar
o texto da Lei 10.520/02 (Lei do Pregão), que não foi incluída no
edital. Ademais, também não é necessário se preocupar com as
alterações promovidas pela medida provisória 495, de 19 de
julho de 2010, pois também não serão exigidas na prova (nos
termos do item 15.32 do edital).
Desse modo, para não confundir a sua cabeça, sequer irei
fazer referência a tais modificações, elaborando todo o conteúdo da
aula em conformidade com o texto legislativo anterior à citada MP.

No mais, desejo-lhe uma excelente aula!

Estou aqui torcendo para que você possa assimilar todo o


conteúdo que está sendo ministrado e tenha condições de “por com
borra” na prova!

Bons estudos!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

Ps.: a expressão “por com borra” é muito utilizada pelas bandas do


norte de Minas Gerais e significa “detonar” ... A expressão “borra”
refere-se à “borra de café” ... rrsss

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2. Considerações iniciais

O inciso XXI do artigo 37 da CF/88 declara expressamente


que, ressalvados os casos especificados na legislação, “as
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, a qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações”.
Assim, nem todas as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública, pois a
legislação irá estabelecer hipóteses em que irá ocorrer a sua
dispensa ou inexigibilidade, conforme estudaremos adiante.
Pergunta: Em qual legislação iremos encontrar essas
hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação?
Na própria Lei 8.666/93, que foi criada com o objetivo de
regulamentar o inciso XXI do artigo 37 da CF/88. Esta lei
estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
A licitação caracteriza-se como um procedimento
administrativo vinculado destinado a garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta
mais vantajosa para a Administração Pública.
ATENÇÃO: É muito comum você encontrar questões em
provas afirmando que a licitação destina-se a selecionar a proposta
que ofereça o “menor preço”, “as melhores condições de
pagamento”, “a proposta mais barata”, etc.
Entretanto, lembre-se sempre de que a finalidade básica é
selecionar a proposta mais vantajosa, que nem sempre será
aquela que apresenta o menor preço, conforme veremos
posteriormente.

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3. Abrangência da lei 8.666/93

O inciso XXVII do artigo 22 da CF/88 afirma ser de


competência privativa da União “legislar sobre normas gerais
de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto
no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”.
Apesar de a Lei 8.666/93 ter sido criada pelo Congresso
Nacional (órgão legislativo da União), estabeleceu normas gerais
que devem ser obedecidas pela União, Estados, Municípios e
Distrito Federal. Entretanto, é assegurado a esses entes estatais
legislar sobre normas específicas com o objetivo de atender a
peculiaridades locais (Municípios) ou regionais (Estados), desde que
não contrariem o texto da Lei Geral de Licitações – Lei 8.666/93.
O artigo 1º da Lei de Licitação afirma que se subordinam ao
seu regime, além dos órgãos da administração direta, “os fundos
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios”.
Pergunta: Professor Fabiano, eu pensei que as empresas
públicas e sociedades de economia mista estavam submetidas a um
procedimento licitatório diferenciado e não aos comandos da Lei
8.666/93. Estou errado?
Bem, não totalmente errado.
Na verdade, o §1º do artigo 173 da CF/88 afirma que “a lei
estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre licitação e contratação
de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios
da administração pública”.
Sendo assim, é possível concluir que as empresas públicas e
sociedades de economia mista deveriam submeter-se a um
procedimento licitatório diferenciado, menos “burocrático”,
previsto diretamente em lei, já que são regidas pelo Direito
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Privado e não podem gozar de privilégios fiscais não extensivos
ao setor privado.
Essas entidades administrativas exercem atividades de caráter
essencialmente empresarial, concorrendo com várias outras
empresas no mercado, a exemplo do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal (que “disputam” clientes com os bancos
privados), e da Petrobrás, que concorre com a Texaco, Esso, ALE,
etc.
Entretanto, até o presente momento não foi criada a lei a que
se refere o §1º do artigo 173 da CF/88, e, portanto, as empresas
públicas e sociedades de economia mista devem submeter-se às
normas da Lei Geral de Licitações (Lei 8.666/93).
ATENÇÃO: Muito cuidado com as “pegadinhas” de prova
sobre esse assunto. Lembre-se sempre de que as empresas
públicas e sociedades de economia mista não estão obrigadas a
licitar em relação à sua atividade-fim, pois isso colocaria em risco a
competitividade e, consequentemente, a própria existência de tais
entidades.
Exemplo: Como atividade-fim da Petrobrás, entre outras,
podemos citar a comercialização de petróleo. Nesse caso, é claro
que a Petrobrás não precisará realizar licitação para escolher a
proposta mais vantajosa oferecida por quem deseja comprar os
seus produtos. A venda poderá ser feita diretamente ao
interessado, sem licitação.
Da mesma forma, acontece também com a Caixa Econômica
Federal. É claro que esta empresa pública não precisará realizar
licitação para escolher os interessados em abrir contas correntes
em suas agências, pois a abertura de novas contas é uma
atividade-fim da entidade.
Todavia, caso a Petrobrás ou a Caixa Econômica decidam
construir uma nova sede, estarão obrigadas a realizar licitação, pois
teremos nesse caso uma “atividade-meio”, que não possui
qualquer relação direta com os fins econômicos da entidade (a
Petrobrás e a CEF não possuem como finalidade empresarial a
construção de prédios).

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4. Conceito
São vários os conceitos de licitação apresentados pelos
doutrinadores brasileiros, mas, dentre os principais, destacam-se o
da professora Maria Sylvia Zanela di Pietro e do professor Celso
Antônio Bandeira de Mello.
Para a citada professora, pode-se definir a licitação como "o
procedimento administrativo pelo qual um ente público, no
exercício da função administrativa, abre a todos os interessados,
que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório,
a possibilidade de formularem propostas dentre as quais
selecionará a mais conveniente para a celebração de contrato".
Por outro lado, entende o professor que a licitação é “um
certame que as entidades governamentais devem promover e no
qual abrem disputa entre os interessados em com elas travar
determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a
proposta mais vantajosa às conveniências públicas. Estriba-se na
ideia de competição, a ser travada isonomicamente entre os que
preencham os atributos e as aptidões necessários ao bom
cumprimento das obrigações que se propõem a assumir”.

5. Princípios da licitação
Não existe unanimidade doutrinária em relação aos princípios
que devem ser observados pela Administração Pública durante o
procedimento licitatório.
Entretanto, o artigo 3º da Lei 8.666/93 declara expressamente
que a licitação “destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais
vantajosa para a Administração e será processada e julgada em
estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos”.
Além dos princípios expressamente previstos no artigo 3º da
Lei de Licitações, o professor Hely Lopes Meirelles ainda destaca o
princípio do sigilo das propostas, da adjudicação compulsória
e o do formalismo.

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Os princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade e
moralidade já foram estudados em aula anterior, e, portanto, não
serão novamente analisados. Sendo assim, passemos então a
estudar os demais princípios, que frequentemente são cobrados em
provas do CESPE.

5.1. Formalismo
O artigo 4º da Lei 8.666/93 afirma que o procedimento
licitatório caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado
em qualquer esfera da Administração Pública. Isso quer dizer que o
procedimento licitatório está vinculado não somente ao texto legal,
mas também aos regulamentos, às normatizações administrativas
e, consequentemente, ao próprio edital.
O professor Hely Lopes Meirelles chama atenção para o fato de
que o “procedimento formal, entretanto, não se confunde com
‘formalismo’, que se caracteriza por exigências inúteis e
desnecessárias. Por isso mesmo, não se anula o procedimento
diante de meras omissões ou irregularidades formais na
documentação ou nas propostas, desde que, por sua irrelevância,
não causem prejuízo à Administração e aos licitantes. A regra é a
dominante nos processos judiciais: não se decreta a nulidade onde
não houver dano para qualquer das partes - ‘pas de nullité sans
grief’, como dizem os franceses.”

5.2. Igualdade entre os participantes


O princípio da igualdade entre os participantes ou,
simplesmente, princípio da isonomia, é certamente um dos mais
importantes do procedimento licitatório, pois deriva diretamente do
texto constitucional.
Com efeito, impõe que aos licitantes deverá ser oferecida
igualdade de oportunidades durante o procedimento licitatório, não
sendo toleráveis cláusulas editalícias que afastem injustamente
eventuais interessados ou os prejudiquem no julgamento.
É muito comum encontrarmos questões em prova sobre o
assunto, a exemplo do que ocorreu no concurso do Ministério do
Trabalho, realizado pelo CESPE em 2008.

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(Agente Administrativo MTE/2008 – CESPE) Viola o
caráter competitivo do certame a existência de cláusula
do edital que preveja que somente os licitantes cuja
sede seja localizada na sede da repartição pública é que
poderão participar da licitação.

Inicialmente, é importante esclarecer que o princípio da


igualdade entre os participantes veda a existência de quaisquer
privilégios entre os participantes do certame decorrentes de
condições artificialmente criadas pelo próprio Estado, sem amparo
legal.
Apesar disso, destaca-se que a igualdade de condições,
estabelecida na CF/88, não pode ser vista como instrumento de
conteúdo absoluto. Em determinadas circunstâncias, tendo em
conta o grau de complexidade do objeto da licitação, será
possível a fixação de exigências restritivas, desde que razoáveis e
compatíveis com o interesse público visado.
Eventuais limitações à participação dos licitantes somente
podem ser impostas nos limites previstos em lei e em
conformidade com os princípios gerais do Direito, não sendo
possível, sem justificativa razoável e aceitável, que se venha a
restringir o caráter competitivo do certame.
É por isso que, em estrito cumprimento ao preceito
constitucional, a Lei nº. 8.666/93 determina, no caput e § 1º, inciso
I, do artigo 3º, que a licitação destina-se a garantir a observância
do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta
mais vantajosa para a administração.
Ainda no § 1º do artigo 3º, está prevista a proibição aos
agentes públicos de “admitir, prever ou tolerar, nos atos de
convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam
preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede
ou domicilio dos licitantes ou qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato”.

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Ora, se o edital licitatório possui cláusula estabelecendo que
somente os licitantes que tenham sede no mesmo local em que
está localizada a sede da repartição pública poderão participar do
certame, tal cláusula é ilegal e, portanto, deve ser anulada.
Esse tipo de restrição, quando prevista em edital, não pode
prevalecer. Caso contrário, a própria Administração estaria
impossibilitando que outras empresas, que não tenham sede no
município ou região de localização da repartição pública,
apresentem e formalizem as suas propostas, que, por sinal, podem
ser ainda mais vantajosas para o interesse público.
Tal entendimento está expresso no parágrafo único do artigo
20 da Lei 8.666/93, ao estabelecer que “a Administração não
impedirá a habilitação de interessados residentes ou sediados
em outros locais”.
As cláusulas editalícias que restringem injustificadamente a
participação de interessados sediados em localidades diversas
violam o denominado princípio da competitividade, que é uma
consequência do princípio da igualdade entre os participantes.
Portanto, a banca considerou a afirmativa correta.
Apesar disso, é possível afirmar que o direito de participar de
licitação não constitui uma garantia absoluta e inquestionável de
quaisquer pessoas ou empresas. Apenas as que atendam às
exigências feitas justificadamente pela Administração podem
invocar o seu direito subjetivo de ingressarem no certame e
apresentarem as suas propostas, desde que tais exigências estejam
em conformidade com a lei e demais princípios constitucionais.
Por último, lembre-se de que, se as propostas oferecidas pelos
licitantes forem iguais, como critério de desempate, será
assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
1º) produzidos ou prestados por empresas brasileiras de
capital nacional;
2º) produzidos no País;
3º) produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
4º) produzidos ou prestados por empresas que invistam em
pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

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5.3. Probidade administrativa
O professor Marcelo Figueiredo entende que “a probidade é
espécie do gênero ‘moralidade administrativa’ a que alude, por
exemplo, o art. 37, caput e seu § 4° da CF. O núcleo da probidade
está associado (deflui) ao princípio maior da moralidade
administrativa, verdadeiro norte à administração em todas as suas
manifestações. Se correta estiver a análise, podemos associar,
como o faz a moderna doutrina do Direito Administrativo, os atos
atentatórios à probidade como também atentatórios à moralidade
administrativa. Não estamos a afirmar que ambos os conceitos são
idênticos. Ao contrário, a probidade é peculiar e específico aspecto
da moralidade administrativa”.
De qualquer forma, o importante é que você entenda que os
atos que caracterizam improbidade administrativa estão
relacionados na Lei 8.429/92, e, nos termos do artigo 37, § 4° da
CF/88, podem ocasionar a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.
Além disso, nos artigos 89 a 99 da Lei 8.666/93 é possível
constatar vários dispositivos que punem a prática de atos
violadores da moralidade e probidade administrativa.

5.4. Vinculação ao instrumento convocatório


O Princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
também chamado de princípio da vinculação ao edital, está previsto
expressamente no artigo 41 da Lei 8.666/93, ao afirmar que “a
Administração não pode descumprir as normas e condições
do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”.
Na verdade, apesar de o artigo 41 da Lei 8.666/93 fazer
referência somente à Administração Pública, é necessário esclarecer
que as regras licitatórias estabelecidas no edital tornam-se
obrigatórias também para todos aqueles particulares que desejam
participar do certame. O edital, nesse caso, torna-se lei entre as
partes.

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O artigo 43, em seu inciso V, declara ainda que o julgamento e
a classificação das propostas deverão ocorrer em conformidade
com os critérios de avaliação constantes do edital, ratificando a
necessidade de vinculação ao texto do instrumento convocatório.
Este princípio também se aplica à modalidade licitatória
denominada convite, que, em vez de edital, disponibiliza uma
carta-convite aos eventuais interessados em participar do
procedimento licitatório.
ATENÇÃO: É muito comum você encontrar questões em prova
afirmando que, após a publicação do edital, não pode ocorrer mais
nenhuma alteração em seu texto, em virtude do princípio da
“inalterabilidade do instrumento convocatório”.
Fique atento, pois essa questão estaria errada. Em regra,
prevalece o entendimento de que, após a sua publicação, o edital
não deve ser alterado, garantindo-se o respeito aos princípios da
moralidade administrativa, da impessoalidade e, principalmente, da
segurança jurídica. Entretanto, se o interesse público assim o
exigir, poderão ocorrer alterações em seu texto.
(Cespe/Delegado de Policia Civil DF/1998) Em razão do
princípio da vinculação ao instrumento convocatório, o
edital, uma vez publicado, não mais pode ser modificado
em aspecto algum.
Assertiva falsa.

5.5. Julgamento objetivo


O professor Hely Lopes Meirelles nos ensina que julgamento
objetivo é aquele “que se baseia no critério indicado no edital e nos
termos específicos das propostas. É princípio de toda licitação que
seu julgamento se apoie em fatores concretos pedidos pela
Administração, em confronto com o ofertado pelos proponentes
dentro do permitido no edital ou convite. Visa afastar o
discricionarismo na escolha das propostas, obrigando os julgadores
a aterem-se ao critério prefixado pela Administração, com o que se
reduz e se delimita a margem de valoração subjetiva, sempre
presente em qualquer julgamento.”.

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O princípio do julgamento objetivo está previsto
expressamente no texto da Lei Geral de Licitações, mais
precisamente em seu artigo 44, ao afirmar que, “no julgamento das
propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
normas e os princípios estabelecidos por esta Lei”.
Corroborando essa obrigatoriedade, o artigo 45 também
determina que “o julgamento das propostas será objetivo, devendo
a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em
conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores
exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle”.
Pergunta: Professor, o que são tipos de licitação?
Iremos estudar os tipos de licitação posteriormente, mas,
apenas para satisfazer a sua curiosidade, os tipos de licitação são
critérios adotados para a escolha da proposta mais vantajosa para
a Administração e estão previstos no § 1º do artigo 45 da Lei
8.666/93, que assim expõe:
“Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação,
exceto na modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
proposta mais vantajosa para a Administração determinar que
será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo
com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor
preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de
bens ou concessão de direito real de uso”.

Dentre todos os tipos de licitação apresentados no § 1º do


artigo 45, certamente o que possibilita um efetivo julgamento
objetivo é o de “menor preço”, pois, neste caso, não resta qualquer
subjetivismo à Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite,
que se restringirão a certificar o valor da proposta e o respeito aos
requisitos editalícios.
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Em relação aos demais tipos licitatórios, dificilmente teremos
um julgamento efetivamente objetivo em virtude da necessidade de
análises técnicas que, em muitas das vezes, importam na emissão
de juízo de valor.
Como não poderia ser diferente, o CESPE gosta muito de
cobrar o princípio do julgamento objetivo em suas provas:
(CESPE / TCU 2004 / ANALISTA) O princípio do
julgamento objetivo relaciona-se com os dispositivos da
Lei nº 8.666/1993, que estabelecem os critérios de
julgamento das propostas com base no tipo de licitação,
materializa-se no edital da licitação, no qual são
definidos os critérios para a pontuação dos
participantes do certame ou para a seleção da proposta
mais vantajosa.
Afirmativa correta.

5.6. Sigilo na apresentação das propostas


A fim de garantir o caráter competitivo e, principalmente, a
moralidade do procedimento licitatório, o conteúdo das propostas
apresentadas pelos licitantes somente será conhecido no momento
previamente determinado.
O sigilo das propostas é consequência lógica do processo, pois,
caso um licitante tenha acesso antecipado às propostas
apresentadas pelos demais, certamente seria privilegiado, podendo
manipular o resultado da licitação.
O § 3º da Lei 8.666/93 declara que “a licitação não será
sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
respectiva abertura”.
A violação do sigilo das propostas ensejará a anulação do
procedimento licitatório, além da tipificação do crime previsto no
artigo 94:
“Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
devassá-lo:
Pena - detenção de 02 (dois) a 03 (três) anos e multa”.

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5.7. Adjudicação compulsória
Adjudicar significa “atribuir ao adjudicatário o objeto ou a
mercadoria postos em adjudicação; chamar a si; apropriar-se”
(Larousse Dicionário da Língua Portuguesa).
Bem, o significado da palavra nos fornece apenas uma dica
sobre o princípio em estudo, mas, de uma forma geral, podemos
definir a adjudicação como o ato pelo qual a autoridade competente
atribui ao vencedor da licitação o seu objeto.
O professor Hely Lopes Meirelles afirma que a Administração
não pode, concluído o procedimento licitatório, atribuir o objeto da
licitação a outrem que não o vencedor. “A adjudicação ao vencedor
é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou o
não firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo
motivo. A compulsoriedade veda também que se abra nova
licitação enquanto válida a adjudicação anterior”.
Afirma ainda o professor que, no entanto, “o direito do
vencedor limita-se à adjudicação, ou seja, à atribuição a ele do
objeto da licitação, e não ao contrato imediato. E assim é porque a
Administração pode, licitamente, revogar ou anular o procedimento
ou, ainda, adiar o contrato, quando ocorram motivos para essas
condutas. O que não se lhe permite é contratar com outrem,
enquanto válida a adjudicação, nem revogar o procedimento ou
protelar indefinidamente a adjudicação ou a assinatura do contrato
sem justa causa”.

6. Modalidades de licitação

A Lei 8.666/93 apresenta em seu texto 05 (cinco) modalidades


básicas de licitação: concorrência, tomada de preços, convite,
leilão e concurso. Todavia, é importante destacar que existem
mais duas modalidades licitatórias previstas em leis distintas: o
pregão e a consulta.
A modalidade denominada pregão foi instituída pela medida
provisória 2.026/00, posteriormente convertida na Lei 10.520/02,
com o objetivo de disciplinar a aquisição de bens e serviços
comuns no âmbito de toda a Administração Pública direta e
indireta.
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Para a alegria geral da nação, a Lei 10.520/02 não foi inserida
no edital e, portanto, você está dispensado de estudá-la para o
concurso do MPU.
Em relação à consulta, é suficiente destacar que foi criada
pela Lei 9.472/97 (responsável pela criação da ANATEL), com o
objetivo de ser utilizada na aquisição de bens e serviços no âmbito
da própria Anatel, pois também não será cobrada em prova.
Pergunta: Professor, a escolha da modalidade licitatória a ser
utilizada para a aquisição de bens ou contratação de serviços fica a
critério da Administração?
Não. O artigo 23 da Lei de Licitações, por exemplo, especifica
que a concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer
que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação de
bens imóveis, como nas concessões de direito real de uso e nas
licitações internacionais, admitindo-se neste último caso,
observados os limites legais, a tomada de preços, quando o órgão
ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou
o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no
País.
A alienação de bens imóveis incorporados ao patrimônio da
Administração mediante procedimentos judiciais ou dação em
pagamento, também poderá ocorrer através da modalidade
concorrência ou leilão, caracterizando-se como uma exceção à
regra de utilização da concorrência, prevista no § 3º do artigo 23
da Lei 8.666/93.
ATENÇÃO: Essa informação “despenca” em questões de
concursos, portanto, “fique esperto”!
(Analista de Finanças e Controle - AFC/2002) Para a alienação
dos bens imóveis da União, cuja aquisição haja derivado de
procedimento judicial ou dação em pagamento, uma vez
observadas as normas legais pertinentes, conforme previsão
expressa na Lei 8.666/93, que instituiu normas gerais para
licitação e contratos da Administração Pública, será sempre:
a) inexigível licitação.
b) dispensável licitação.
c) necessário fazer concorrência ou leilão.
d) necessário fazer concorrência.
e) necessário fazer leilão.
Resposta: letra “c”.

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Em regra, a modalidade licitatória a ser utilizada para a
aquisição de bens ou a contratação de serviços será definida com
base nos valores constantes nos incisos I e II do artigo 23 da Lei de
Licitações, a saber:
I - para obras e serviços de engenharia:
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais).
II - para compras e serviços não referidos no inciso
anterior:
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
cinquenta mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e
cinquenta mil reais).

No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos


valores mencionados acima quando formado por até 03 (três) entes
da Federação, e o triplo, quando formado por maior número.
Assim, com exceção das situações apresentadas no artigo 23
da Lei 8.666/93, cuja modalidade licitatória utilizada será
necessariamente a concorrência, deve ser respeitada uma ordem
na utilização das modalidades básicas de licitação, com base no
valor estimado para contração. Utilizar-se-á primeiramente a
concorrência, depois a tomada de preços e, por último, o convite.
Nesses termos, o § 4º do artigo 22 declara que, “nos casos em
que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de
preços e, em qualquer caso, a concorrência”. A regra é de fácil
assimilação, assegurando que “quem pode mais, pode menos”.
Exemplo: Se a Administração necessita comprar material de
escritório no montante de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
deverá utilizar, em regra, a modalidade convite, cujo valor
máximo é de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

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Todavia, como a tomada de preços e a concorrência
podem ser utilizadas inclusive para valores superiores a R$
80.000,00, também poderão ser utilizadas para o valor de R$
50.000,00.
Por outro lado, a modalidade convite jamais poderá ser
utilizada para valores superiores a R$ 80.000,00, da mesma forma
que a modalidade tomada de preços jamais será utilizada para
valores superiores a R$ 650.000,00 (lembre-se de que todos os
valores citados como exemplo referem-se ao inciso II do artigo 23,
pois, no caso de obras e serviços de engenharia, os valores
poderão ser maiores).
ATENÇÃO: O § 5 do artigo 23 proíbe a utilização da
modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso,
para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras
e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser
realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o
somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de
preços" ou "concorrência", respectivamente, nos termos deste
artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam
ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa
daquela do executor da obra ou serviço.
Por outro lado, é possível, nos termos do § 2º do art. 23, que
as obras, os serviços e as compras sejam realizadas de forma
parcelada, desde que, para cada parcela da obra, do serviço ou da
compra, seja feita nova licitação.
Assim, lembre-se de que a Lei não proíbe a contratação
parcelada das obras, compras e serviços, mas obriga a
Administração a adotar, como modalidade de licitação, aquela que
corresponder ao valor do somatório das diferentes parcelas, o que
não acontece em relação às partes da obra ou serviço de natureza
específica.
Exemplo: A lei impõe a utilização da modalidade concorrência
para as obras e serviços de engenharia cujo valor estimado seja
superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais).
Assim, caso a Administração decida desmembrar a realização de
uma determinada obra em três parcelas, sendo cada uma estimada
em R$ 800.000,00, não haverá nenhum impedimento legal, mas
deverá ser adotada obrigatoriamente a modalidade concorrência, já

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que o montante das 03 (três) parcelas é igual a R$ 2.400.000,00,
mesmo que cada parcela, individualmente, seja inferior a R$
1.500.000,00.

6.1. Concorrência
A concorrência certamente é a mais complexa dentre todas as
modalidades licitatórias, tendo como principais características a
ampla publicidade, a possibilidade de participação de qualquer
interessado (princípio da universalidade), a habilitação do
interessado no início do procedimento e a utilização para contratos
de grandes vultos (em regra, valores superiores a R$
1.500.000,00, para obras e serviços de engenharia, e valores
superiores a R$ 650.000,00, nos casos de compras e serviços que
não sejam de engenharia).
O § 1º do artigo 22 da Lei de Licitações define a concorrência
como “a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que,
na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução
de seu objeto”.
Apenas para reforçar o que já afirmei anteriormente, lembre-
se de que a concorrência é a modalidade de licitação cabível,
qualquer que seja o valor de seu objeto, nas seguintes
hipóteses, estabelecidas § 3º do artigo 23:
1º) na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvados os
imóveis adquiridos mediante procedimento judicial ou dação
em pagamento, que podem ser alienados, por concorrência ou
leilão;
2º) como nas concessões de direito real;
3º) nas licitações internacionais, com exceção dos casos em
que pode ser utilizada a tomada de preços ou o convite,
dependendo do valor do contrato;
4º) para o sistema de registros de preços, utilizado nas
licitações para compra de bens, previsto no inciso I, § 3º do
artigo 15.

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6.2. Tomada de preços
O § 2º do artigo 22 da Lei de Licitações define a tomada de
preços como “a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior
à data de recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação”.
Dentre as principais características desta modalidade
licitatória, podemos citar:
1ª) somente permitir a participação de interessados
cadastrados ou previamente habilitados;
2º) a exigência de publicidade no Diário Oficial;
3º) destinar-se a contratos de valores medianos (em regra,
valores de até R$ 1.500.000,00, para obras e serviços de
engenharia, e valores de até R$ 650.000,00, nos casos de
compras e serviços que não sejam de engenharia).
A tomada de preços possui procedimento semelhante ao da
concorrência, permitindo a participação de todos os interessados,
todavia, é necessário que apresentem a documentação até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas.
Essa documentação deverá ser apresentada à Comissão de
Julgamento da tomada de preços, que ficará responsável pela sua
análise e, finalizada a fase de habilitação, ocorrerá o julgamento
das propostas, assim como acontece na concorrência.

6.3. Convite
O convite é a modalidade de licitação utilizada para
contratações de menor vulto e está definida no § 3º do artigo 22 da
Lei 8.666/93, ao afirmar que se trata da licitação entre
“interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 03 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados
na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação
das propostas”.

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Nos termos do artigo 23 da Lei 8.666/93, o convite será
utilizado para a aquisição de materiais e serviços até o limite de R$
80.000,00 (oitenta mil reais), e, para a execução de obras e
serviços de engenharia, até o valor de R$ 150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais).
Nessa modalidade, existe a necessidade de que sejam
convidados a participar da licitação pelo menos três
convidados, a fim de que evite o direcionamento do objeto licitado
a um único interessado convidado, caracterizando-se um desvio de
finalidade.
Entretanto, quando existirem na praça mais de três
interessados para o item a ser licitado, a cada novo convite que
possua objeto da mesma espécie ou do mesmo gênero, a
Administração deverá, obrigatoriamente, convidar sempre mais
um interessado, até que não existam mais cadastrados que não
tenham sido convidados em licitações anteriores.
O número mínimo de licitantes no convite também foi objeto
de dispositivo legal, que impõe que, quando esse número mínimo
não for atingido, tanto por limitações de mercado, quanto por
manifesto desinteresse dos convidados em participar do certame,
essas ocorrências deverão ser justificadas no processo, a fim de
que o procedimento não necessite ser repetido.
Não existe um edital propriamente dito na modalidade convite.
A convocação dos interessados ocorrerá mediante o envio de uma
“carta-convite”, que não exige publicidade em diários oficiais e/ou
jornais de grande circulação.
A publicidade da licitação na modalidade convite poderá ser
realizada através da simples afixação da carta-convite em local
visível na própria Administração com, no mínimo, cinco dias úteis
antes de sua abertura.
A referida afixação tem o objetivo de informar sobre a
existência da licitação àqueles que não foram convidados,
possibilitando assim que manifestem o interesse de participar do
procedimento, desde que estejam devidamente cadastrados e
manifestem o interesse em até 24 horas antes da data/horário
marcado para a apresentação das propostas.

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Pergunta: Professor, o interessado em participar do
procedimento licitatório, mas que não foi convidado,
manifestando o seu interesse em até 24 horas antes da data
marcada para a apresentação das propostas, poderá participar do
procedimento licitatório?
Depende. Para a realização do procedimento licitatório na
modalidade convite deverão ser convidados, no mínimo, 03
(três) interessados, cadastrados ou não perante a
Administração. Imaginemos então que três interessados tenham
sido convidados e que, posteriormente, um quarto interessado
tenha manifestado o interesse em participar do certame, após
observar uma carta-convite afixada no saguão da Prefeitura.
Nesse caso, o quarto interessado somente poderá participar
do certame se já for cadastrado perante o órgão responsável e
manifestar o seu interesse em até 24 horas antes da data/horário
marcado para a apresentação das propostas.
Se o interessado não for cadastrado perante a
Administração, mesmo que manifeste o seu desejo de participar do
certame em até 24 horas antes da data/horário marcado para a
apresentação das propostas, estará impedido.
O julgamento na modalidade convite poderá ser efetuado
tanto pela Comissão de licitações (concorrência ou tomada de
preços), quanto por servidor devidamente designado para tal
atividade.
Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse
dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de 03
(três) licitantes, essas circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.

6.4. Concurso
O professor José dos Santos Carvalho Filho nos informa que,
“quando faz um concurso, a Administração não pretende contratar
com ninguém, ao menos em princípio. Quer apenas selecionar um
projeto de cunho intelectual e a seu autor conceder um prêmio ou
determinada remuneração. Com o cumprimento desse ônus pela
Administração, a licitação fica encerrada.

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O prêmio ou a remuneração, no entanto, só poderão ser pagos
se o autor do projeto ceder à Administração os direitos patrimoniais
a ele relativos e a ela permitir a utilização, de acordo com sua
conveniência, na forma do que estabelecer o regulamento ou o
ajuste para a celebração deste”.
O § 4º da Lei 8.666/93 conceitua o concurso como “a
modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha
de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias”.
Ao concurso não se aplicam os tipos de licitação previstos
no art. 45 da Lei de Licitações, pois nessa modalidade o vencedor
recebe um prêmio ou remuneração, previamente estipulado pela
Administração, não existindo preço a ser analisado.
No caso de concurso, o julgamento será feito por uma
comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
públicos ou não, que, em conformidade com o edital e o
regulamento, analisarão as propostas apresentadas.
O concurso deverá ser precedido de regulamento próprio, a
ser obtido pelos interessados no local indicado no edital, devendo
indicar:

1º) a qualificação exigida dos participantes;


2º) as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
3º) as condições de realização do concurso e os prêmios a
serem concedidos.

ATENÇÃO: Sei que você jamais faria isso, mas, de qualquer


forma, cuidado para não confundir o concurso público realizado pela
Administração Pública para a seleção de pessoal com a
modalidade licitatória também denominada concurso, pois são
institutos que possuem objetivos distintos.

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6.5. Leilão
Nos termos do § 5º do artigo 22 da Lei 8.666/93, a
modalidade licitatória denominada leilão poderá ser utilizada pela
Administração Pública com 03 (três) finalidades distintas:
1ª) venda de bens móveis inservíveis;
2ª) venda de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados; e
3ª) alienação de bens imóveis adquiridos em procedimento
judicial ou através de dação em pagamento.
Na realização do leilão, os interessados comparecerão em local
e hora determinados em edital para apresentarem seus lances ou
ofertas, os quais nunca poderão ser inferiores ao valor de
referência estipulado pelo órgão, consequência de criteriosa
avaliação prévia.
A publicidade para o leilão é de 15 (quinze) dias corridos,
devendo seu resumo contar com veiculação em órgão de imprensa
oficial, em jornal de grande circulação e afixação em mural do
órgão, a exemplo das concorrências e das tomadas de preços.
Quando a Administração for vender bens móveis, ainda que
tenham sido apreendidos ou penhorados, conforme disposto no art.
17, § 6º, da Lei nº. 8.666/93, deverá respeitar o limite previsto no
art. 23, II, "b" do mesmo diploma legal (atualmente R$
650.000,00) para utilizar a modalidade leilão, montante este
apurado pelo órgão promotor da licitação, mediante avaliações
prévias de mercado. Acima desse valor, deverá ser utilizada a
concorrência.
O artigo 53 da Lei 8.666/93 estabelece regras gerais para a
realização do leilão, a saber:
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a
servidor designado pela Administração, procedendo-se na
forma da legislação pertinente.
§ 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela
Administração para fixação do preço mínimo de arrematação.
§ 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por
cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local

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do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o qual se
obrigará ao pagamento do restante no prazo estipulado no
edital de convocação, sob pena de perder em favor da
Administração o valor já recolhido.
§ 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à vista
poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
§ 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
principalmente no município em que se realizará.

7. Tipos de licitação

Os tipos de licitação nada mais são que os critérios utilizados


pela Administração Pública para selecionar a proposta mais
vantajosa. A própria Lei 8.666/93, no § 1º do artigo 45, apresenta
um rol exaustivo de tipos de licitação que podem ser adotados, a
saber:
“Art. 45, § 1º. Para os efeitos deste artigo, constituem tipos
de licitação, exceto na modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
proposta mais vantajosa para a Administração determinar que
será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo
com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor
preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço;
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de
bens ou concessão de direito real de uso”.
O edital do procedimento licitatório deve apresentar
obrigatoriamente o tipo (critério) para julgamento, com
disposições claras e parâmetros objetivos, com o objetivo de
nortear todas as demais ações do procedimento licitatório, em
especial o seu prazo de publicidade e o julgamento.

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7.1. Menor preço
As licitações realizadas pelo tipo "menor preço" são as mais
comuns, constituindo a regra geral para a contratação de obras,
serviços, compras e locações, sendo que, por meio delas, o fator
preponderante para a escolha da proposta mais vantajosa será o
preço, desde que atendidas as exigências do edital.
A seleção do critério de julgamento pelo menor preço não será
um ato discricionário do administrador e deverá ser
preferencialmente adotado em licitações cujo objeto se apresente
de forma mais simples, sem maiores complexidades técnicas, e que
permitam um julgamento igualitário e objetivo entre as
propostas.
No caso da licitação do tipo "menor preço", entre os licitantes
considerados qualificados a classificação se dará pela ordem
crescente dos preços propostos, e, no caso de empate entre duas
ou mais propostas, a classificação se fará, obrigatoriamente, por
sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão
convocados, vedado qualquer outro processo.

7.2. Melhor técnica


O artigo 46 da Lei 8.666/93 afirma que os tipos de licitação
"melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados
exclusivamente para serviços de natureza
predominantemente intelectual, em especial na elaboração de
projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de
engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração
de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos.
Entretanto, existe uma ressalva prevista no § 4º do artigo 45
da mesma lei, que permite a adoção desse tipo de licitação para a
aquisição de bens e serviços de informática, sendo permitido ainda
o emprego de outro tipo de licitação, nos casos indicados em
decreto do Poder Executivo.
O § 1º do artigo 46 da Lei de Licitação estabelece que seja
adotado o seguinte procedimento claramente explicitado no
instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo que a
Administração se propõe a pagar:

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a) Concluída a fase de análise da documentação, serão abertos
os envelopes contendo as propostas técnicas somente das
licitantes que forem habilitadas;
b) Abertas as propostas técnicas, essas serão avaliadas e
classificadas de acordo com os critérios previstos no edital,
levando-se em conta, especialmente, a capacitação e a
experiência do proponente, a qualidade técnica da proposta, o
que inclui a análise da metodologia, organização, tecnologias e
recursos materiais a serem utilizados para a realização do
objeto licitado, além da qualificação técnica das equipes que
serão mobilizadas para a consecução do objeto;
c) Após o término da classificação da proposta técnica,
proceder-se-á à abertura das propostas de preço das licitantes
que tenham atingido a pontuação mínima na proposta técnica,
a qual estará previamente estabelecida no edital;
d) Na sequência, serão adotadas as providências para a
negociação das condições ofertadas com a proponente melhor
classificada na proposta técnica, a fim de que ela execute o
objeto no valor proposto pela primeira colocada em preço;
e) Na hipótese de não restar frutífera a negociação constante
do item anterior, esse mesmo procedimento será adotado,
sucessivamente, com as demais licitantes, na ordem de
classificação da proposta técnica, até que se concretize o
ajuste;
f) As propostas técnicas e de preço serão devolvidas,
invioladas, às licitantes que não forem habilitadas, e as
propostas de preços também serão restituídas, invioladas, às
licitantes que não obtiveram a pontuação mínima na proposta
técnica, após, é claro, respeitados todos os prazos recursais.

7.3. Melhor técnica e preço


Conforme nos informa o professor José dos Santos Carvalho
Filho, este tipo de licitação caracteriza-se “pelo fato de que o
resultado do certame se faz de acordo com a média ponderada
das valorizações das propostas técnicas e de preço, de acordo com
os pesos preestabelecidos no instrumento convocatório (art. 46, §
2º, I e II)”.

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Assim, o licitante que será convocado para negociar a
proposta de preço será aquele que obteve a melhor média
ponderada entre todos os interessados, e não aquele que
apresentou a melhor proposta técnica (a Administração poderá
estabelecer, por exemplo, um peso 05 para a proposta técnica e 07
para a proposta de preço, realizando-se, ao fim, uma média).

7.4. Maior lance ou oferta


Esse tipo de licitação não apresenta maiores dificuldades de
assimilação, sendo utilizada basicamente nos casos de alienação de
bens ou concessão de direito real de uso efetuados pela própria
Administração Pública, onde os licitantes vencedores apresentam o
maior lance (leilão), ou a maior oferta (convite e concorrência).
Acontece, por exemplo, na venda de bens (ônibus, veículos,
tratores, etc.) considerados inservíveis pela Administração. Será
declarado vencedor do procedimento licitatório aquele que
apresentar o maior lance ou oferta à aquisição (valores).

8. Procedimento: as principais fases da licitação

A doutrina majoritária divide a licitação em duas grandes


fases: a interna, que se inicia com a abertura do processo
administrativo, e a externa, que tem início com uma audiência
pública, nas licitações cujos valores sejam superiores a R$
150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de reais), ou com a
publicação do edital ou envio da carta-convite, nos valores
medianos e aqueles considerados de menor vulto.
Apesar de não trazer em seu texto um “roteiro” licitatório, a
Lei 8.666/93 apresenta vários dispositivos que podem orientar o
nosso estudo e facilitar o conhecimento das fases interna e externa
da licitação.
O artigo 43, por exemplo, apresenta um resumo das principais
etapas do procedimento licitatório, a saber:
1ª) abertura dos envelopes contendo a documentação relativa
à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;

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2ª) devolução dos envelopes fechados aos concorrentes
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que não
tenha havido recurso ou após sua denegação;
3ª) abertura dos envelopes contendo as propostas dos
concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem
interposição de recurso, ou tenha havido desistência expressa,
ou após o julgamento dos recursos interpostos;
4ª) verificação da conformidade de cada proposta com os
requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente,
ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços,
os quais deverão ser devidamente registrados na ata de
julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas
desconformes ou incompatíveis;
5ª) julgamento e classificação das propostas de acordo com os
critérios de avaliação constantes do edital;
6ª) deliberação da autoridade competente quanto à
homologação e à adjudicação do objeto da licitação.
É importante destacar que as etapas apresentadas aplicam-se
à concorrência e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada
de preços e ao convite.

8.1. Audiência Pública


O artigo 39 da Lei 8.666/93 estabelece que sempre que o
valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações
simultâneas ou sucessivas for superior a R$ 150.000.000,00
(100 vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea "c"), o
processo licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma
audiência pública concedida pela autoridade responsável com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista
para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência
mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos
meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso
e direito a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos
os interessados, sejam futuros participantes ou representantes da
sociedade.

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Licitações simultâneas são aquelas com objetos similares e
com realização prevista com intervalos iguais ou inferiores a 30
dias. Por outra via, consideram-se sucessivas duas licitações,
quando, sendo semelhantes seus objetos, o edital de abertura da
posterior seja publicado antes de 120 dias do término do contrato
relativo à licitação anterior.
A título de exemplo, destaca-se que no ano passado o DNIT
(Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte) realizou
audiência pública para discussão do processo licitatório da
segunda etapa do “Plano Nacional de Pesagem”, através do qual
serão instalados 157 Postos de Pesagem de Veículos – PPVs, com
previsão de investimento de R$ 1 bilhão, sendo 94 postos dotados
de equipamentos fixos e 63 bases para operação de equipamentos
de pesagem móvel.
Na audiência pública estiveram presentes representantes de
aproximadamente 25 empresas, que fizeram questionamentos a
respeito do processo licitatório e dos detalhes do edital de
lançamento.

8.2. Edital
O Edital é considerado a lei interna da licitação. Através dele a
Administração Pública apresentará todas as regras para a
aquisição de bens ou contratação dos serviços desejados, que
deverão ser respeitadas na íntegra, sob pena de inabilitação
(documentação) ou desclassificação (proposta comercial não
aceita).
O artigo 40 da Lei 8.666/93 estabelece que o edital contenha
no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da
repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de
execução e o tipo da licitação, a menção de que será regido por
esta Lei, o local, o dia e a hora para recebimento da documentação
e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, além
de indicar, obrigatoriamente, o seguinte:

1º) objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;

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2º) prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada
dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para
execução do contrato e para entrega do objeto da licitação;
3º) sanções para o caso de inadimplemento;
4º) local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto
básico;
5º) se há projeto executivo disponível na data da publicação
do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e
adquirido;
6º) condições para participação na licitação e forma de
apresentação das propostas;
7º) critério para julgamento, com disposições claras e
parâmetros objetivos;
8º) locais, horários e códigos de acesso dos meios de
comunicação à distância em que serão fornecidos elementos,
informações e esclarecimentos relativos à licitação e às
condições para atendimento das obrigações necessárias ao
cumprimento de seu objeto;
9º) condições equivalentes de pagamento entre empresas
brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais;
10) o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global,
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e
vedada a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou
faixas de variação em relação a preços de referência;
11) critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva
do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos
ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da
proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até
a data do adimplemento de cada parcela;
12) limites para pagamento de instalação e mobilização para
execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente
previstos em separado das demais parcelas, etapas ou
tarefas;
13) condições de pagamento, prevendo:

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a) prazo de pagamento não superior a trinta dias,
contado a partir da data final do período de
adimplemento de cada parcela;
b) cronograma de desembolso máximo por período, em
conformidade com a disponibilidade de recursos
financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores a serem
pagos, desde a data final do período de adimplemento de
cada parcela até a data do efetivo pagamento;
d) compensações financeiras e penalizações, por
eventuais atrasos, e descontos, por eventuais
antecipações de pagamentos;
e) exigência de seguros, quando for o caso;
14) instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;
15) condições de recebimento do objeto da licitação;
16) outras indicações específicas ou peculiares da licitação.

Além disso, é importante destacar que o artigo 21 da lei


estudada determina que os avisos contendo os resumos dos editais
das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
leilões, embora realizados no local da repartição interessada,
deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma
vez:
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal
e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou
totalmente com recursos federais ou garantidas por
instituições federais;
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando
se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou
entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou
do Distrito Federal;
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
também, se houver, em jornal de circulação no Município ou
na região onde será realizada a obra, prestado o serviço,
fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a
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Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de
outros meios de divulgação para ampliar a área de
competição.
Por último, informa ainda que o aviso publicado contenha a
indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o
texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.

8.3. Antecedência mínima do edital


A própria Lei de Licitações, em seu artigo 21, estabelece o
prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do
evento, que será de:
I - quarenta e cinco dias para:
a) concurso;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar
o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do
tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço";
II - trinta dias para:
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do
inciso anterior;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor
técnica" ou "técnica e preço";
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão;
IV - cinco dias úteis para convite.

Assim, é necessário que a Administração publique os editais


licitatórios ou envie as cartas-convites para os interessados com
uma antecedência mínima, necessária para um estudo minucioso
das regras do procedimento licitatório específico e para a
elaboração de proposta que realmente possa atender às
expectativas do ente licitante.
Os prazos estabelecidos no artigo 21 serão contados a partir
da última publicação do edital resumido ou da expedição do
convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou do convite
e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde.
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Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma
forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente
estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração
não afetar a formulação das propostas.
Exemplo: Suponhamos que, após ter publicado o edital
licitatório, a Administração tenha o interesse em promover uma
alteração em seu texto, modificando o local de entrega das
propostas do 2º para o 3º andar da sede do órgão licitante.
Ora, nesse caso, a alteração promovida no edital não irá afetar
em nada a formulação das propostas. Entretanto, caso o interesse
da Administração seja alterar a quantidade de computadores que
serão adquiridos, de 50 (cinquenta) para 100 (cem), será
necessário realizar uma nova divulgação, reabrindo-se o prazo
inicialmente estabelecido.

8.4. Impugnação administrativa ao edital


Qualquer cidadão ou participante do procedimento
licitatório é parte legítima para impugnar edital de licitação
quando este contrariar o texto da Lei 8.666/93 ou os princípios
gerais do Direito Administrativo.
Caso a impugnação seja feita por um cidadão qualquer, que
não esteja participando do procedimento licitatório, deverá ser
efetuada até 05 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a
abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração
julgar e responder à impugnação em até 03 (três) dias úteis, sem
prejuízo de representar ainda ao Tribunal de Contas ou aos órgãos
integrantes do sistema de controle interno sobre a irregularidade
apontada.
Por outro lado, o licitante possui até o segundo dia útil que
anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência,
a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de
preços ou concurso, ou a realização de leilão, para impugnar os
termos do edital de licitação perante a Administração.
A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o
impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito em
julgado da decisão a ela pertinente.

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8.5. Comissão de licitação
A Comissão de Licitação tem como objetivo organizar, com
apoio técnico, todo o procedimento licitatório, tais como: elaborar,
publicar e divulgar o edital e seus anexos, prestar esclarecimentos,
receber propostas, conduzir o certame, julgar, adjudicar e elaborar
a ata da reunião de licitação.
As regras básicas sobre sua organização e funcionamento
estão previstas no artigo 51 da Lei 8.666/93, que institui a
possibilidade de criação de comissões permanentes ou especiais
compostas de, no mínimo, 03 (três) membros, sendo pelo menos
02 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela
licitação.
No caso da modalidade convite, a Comissão de licitação,
excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em
face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por
servidor formalmente designado pela autoridade competente.
No caso de concurso, o julgamento será feito por uma
comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
públicos ou não.
Por último, declara o § 3º do artigo 51 que “os membros das
Comissões de licitação responderão solidariamente por todos os
atos praticados pela Comissão, salvo se posição individual
divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em
ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão”.

8.6. Habilitação dos licitantes


A fase de habilitação dos licitantes tem por objetivo verificar a
documentação e os requisitos pessoais daqueles que manifestam
interesse em participar do procedimento licitatório, selecionando
somente os que comprovem reais condições de participar do
certame.
É importante destacar que a Administração deve sempre
objetivar a satisfação do interesse público, e, portanto, tem que se
assegurar de que o objeto a ser licitado será executado de forma
eficiente e eficaz.
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O artigo 27 da Lei 8.666/93 estabelece que, para a habilitação
nas licitações, que ocorrerá antes da análise das propostas
(salvo no pregão), exigir-se-á dos interessados, exclusivamente,
documentação relativa a habilitação jurídica, qualificação técnica,
qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e
cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da
Constituição Federal.
Apesar de não ser objeto constante de provas, é importante
que você conheça quais são os documentos necessários para a
comprovação da habilitação jurídica, regularidade fiscal,
qualificação técnica e qualificação econômico-financeira,
relacionados nos artigos 28 a 31 da Lei de Licitações (nunca se
sabe o que se esperar do CESPE):
Para a comprovação da habilitação jurídica, conforme o
caso, deverão ser apresentados os seguintes documentos, previstos
no artigo 28:
1º) cédula de identidade;
2º) registro comercial, no caso de empresa individual;
3º) ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor,
devidamente registrado, em se tratando de sociedades
comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado
de documentos de eleição de seus administradores;
4º) inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis,
acompanhada de prova de diretoria em exercício;
5º) decreto de autorização, em se tratando de empresa ou
sociedade estrangeira em funcionamento no País e ato de
registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
órgão competente, quando a atividade assim o exigir.

Em relação à regularidade fiscal, conforme o caso, deverá


ser apresentado (artigo 29):
1º) prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou
no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
2º) prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual
ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do

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licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível
com o objeto contratual;
3º) prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra
equivalente, na forma da lei;
4º) prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos
sociais instituídos por lei.

A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á


a (artigo 30)
1º) registro ou inscrição na entidade profissional competente;
2º) comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e
prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e
do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e
disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como
da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica
que se responsabilizará pelos trabalhos;
3º) comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que
recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou
conhecimento de todas as informações e das condições locais
para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
4º) prova de atendimento de requisitos previstos em lei
especial, quando for o caso.

Por último, a documentação relativa à qualificação


econômico-financeira limitar-se-á a (artigo 31):
1º) balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei,
que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada
a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios,
podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado
há mais de 03 (três) meses da data de apresentação da
proposta;

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2º) certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo
distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução
patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
3º) garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no
"caput" e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por
cento) do valor estimado do objeto da contratação.

Após a fase de habilitação, não cabe desistência de


proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente
e aceito pela Comissão. Da mesma forma, ultrapassada a fase de
habilitação dos concorrentes e abertas as propostas, não cabe mais
desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,
salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o
julgamento.
ATENÇÃO: A lei complementar 123/2006, que instituiu o
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte, criou várias regras específicas sobre a comprovação de
regularidade fiscal dessas empresas, conforme destacado abaixo:
Art. 42. Nas licitações públicas, a comprovação de
regularidade fiscal das microempresas e empresas de pequeno
porte somente será exigida para efeito de assinatura do
contrato.
Art. 43. As microempresas e empresas de pequeno porte, por
ocasião da participação em certames licitatórios, deverão
apresentar toda a documentação exigida para efeito de
comprovação de regularidade fiscal, mesmo que esta
apresente alguma restrição.
§ 1o Havendo alguma restrição à comprovação da
regularidade fiscal, será assegurado o prazo de 02 (dois) dias
úteis, cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o
proponente for declarado o vencedor do certame, prorrogáveis
por igual período, a critério da Administração Pública, para a
regularização da documentação, pagamento ou parcelamento
do débito, e emissão de eventuais certidões negativas ou
positivas, com efeito, de certidão negativa.
§ 2o A não-regularização da documentação, no prazo previsto
no § 1o deste artigo, implicará decadência do direito à

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contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 da
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, sendo facultado à
Administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem
de classificação, para a assinatura do contrato, ou revogar a
licitação.

8.7. Julgamento das propostas


Superada a fase de habilitação, ocorrerá o julgamento das
propostas em conformidade com as regras constantes na lei e no
respectivo edital, observando-se sempre o tipo de licitação previsto.
Em regra, conforme já estudamos, o julgamento será feito
pela Comissão de licitação, exceto quando a modalidade adotada
for o convite e o procedimento estiver ocorrendo no âmbito de
pequenas unidades administrativas, situação em que a comissão
poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela
autoridade competente.
O § 1º do artigo 44 da Lei 8.666/93 estabelece a proibição de
utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso,
secreto, subjetivo ou reservado que possa ainda que
indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os licitantes.
Ademais, não se considerará qualquer oferta de vantagem não
prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos
subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada
nas ofertas dos demais licitantes (§ 2º do artigo 44).
Por outro lado, é importante assinalar que serão
desclassificadas as propostas que não atendam às exigências do
ato convocatório da licitação, bem como aquelas “propostas com
valor global superior ao limite estabelecido ou com preços
manifestamente inexequíveis, assim considerados aqueles que
não venham a ter demonstrada sua viabilidade através de
documentação que comprove que os custos dos insumos são
coerentes com os de mercado e que os coeficientes de
produtividade são compatíveis com a execução do objeto do
contrato” (§ 1º do artigo 48).
Para responder às questões de prova, lembre-se de que se
consideram manifestamente inexequíveis, no caso de licitações
de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas

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cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor
dos seguintes valores:
1º) média aritmética dos valores das propostas superiores a
50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela
administração, ou
2º) valor orçado pela administração.

Por último, é importante esclarecer que quando todos os


licitantes forem inabilitados ou todas as propostas forem
desclassificadas, a administração poderá fixar aos licitantes o
prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova
documentação ou de outras propostas escoimadas das causas da
inabilitação ou desclassificação, facultada, no caso de convite, a
redução deste prazo para três dias úteis.
Pergunta: No caso citado acima, ocorrerá a denominada
“licitação fracassada”?
É isso mesmo. A licitação fracassada ocorre quando
comparecem interessados em contratar o objeto licitado, mas,
em razão de não apresentarem a documentação ou proposta em
conformidade com o edital ou carta-convite, são inabilitados ou têm
as propostas desclassificadas, devendo ser fixados os prazos
indicados acima para que sejam sanadas as irregularidades.
ATENÇÃO: Cuidado para não confundir “licitação fracassada”
com “licitação deserta”. Nesta, a licitação não foi concluída em
virtude da ausência de licitantes, ninguém manifestou interesse
em contratar com a Administração. Naquela, surgiram
interessados, mas nenhum é selecionado, em decorrência da
inabilitação ou da desclassificação.

8.8. Homologação e adjudicação ao vencedor


O trabalho da comissão de licitação encerra-se com a escolha
da proposta mais vantajosa para a Administração. Superada essa
fase, o inciso VI do artigo 43 da Lei 8.666/93 determina que o
processo seja enviado para a autoridade competente a fim de
que seja homologado e adjudicado o objeto da licitação.

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Existindo irregularidades no julgamento ou em momento a ele
anterior, a autoridade está impedida de efetuar a homologação.
Nesse caso, deverá devolver o processo à comissão a fim de que
seja proferido um novo julgamento, sanando-se as irregularidades
detectadas anteriormente. Se isso não for possível, deverão ser
anulados os atos do procedimento posteriores ao surgimento do
vício, refazendo-se todos eles.
Caso ocorra a homologação do procedimento licitatório pela
autoridade competente, deve ocorrer a adjudicação do seu objeto
ao licitante que apresentou a proposta mais vantajosa para a
Administração. A adjudicação encerra o procedimento
licitatório.

9. Obrigatoriedade de licitação

O inciso XXI do artigo 37 da CF/88 declara expressamente que


ressalvados os casos especificados na legislação, “as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações”.
Assim, não é correto afirmar que a Administração sempre
estará obrigada a realizar licitação para contratar obras, serviços,
compras ou fazer alienações, pois existem situações específicas,
expressamente previstas em lei, que fundamentarão a
inexigibilidade ou dispensa licitatória.
Provavelmente este seja o tópico mais “sofrível” de todo o
conteúdo da Lei 8.666/93, pois exige uma “certa” dose de paciência
e dedicação dos candidatos. Como são várias as hipóteses que
podem caracterizar uma licitação dispensável, é necessário
“memorizar” (para não dizer “entender obrigatoriamente”) uma
quantidade razoável de informações para se sair bem nas provas de
concursos, já que o CESPE adora cobrar questões sobre o assunto.

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Para aqueles que não têm tempo a perder e desejam
“abreviar” o ingresso no serviço público, existem alguns “truques”
que poderão facilitar essa árdua missão, desde que praticados com
freqüência e de forma correta:
1º) Ao responder a uma questão, primeiramente tente
verificar se a alternativa ou alternativas se referem às
hipóteses de inexigibilidade, previstas no artigo 25 da Lei
8.666/93. Como são apenas 03 (três), fica fácil “decorá-las”.
Caso você constate que as alternativas não se referem às
hipóteses de inexigibilidade, passe para o próximo passo.
Lembre de que a inexigibilidade se caracteriza quando não há
possibilidade de competição ou disputa entre vários
interessados.
2º) Superado o primeiro passo, verifique agora se a
alternativa ou alternativas referem-se às hipóteses de
licitação dispensada, que estão relacionadas diretamente à
alienação de bens pela Administração.
A expressão “alienação” pode ser significado de doação,
permuta, venda ou dação em pagamento. Assim, se você
detectar essas palavras na alternativa da questão, trata-se de
uma hipótese de licitação dispensada. Para que a nossa
técnica seja utilizada com exatidão, atente-se para a seguinte
situação:
Existe uma única circunstância na qual você irá deparar-
se com a expressão “alienação” e que não corresponderá a
uma hipótese de alienação dispensada. Essa exceção está
prevista no inciso XXIII do artigo 24 da Lei 8.666/93, que
corresponderá a uma hipótese de licitação dispensável,
mesmo existindo a expressão “alienação” em seu texto.
O dispositivo possui o seguinte teor: É dispensável a
licitação “na contratação realizada por empresa pública ou
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e
controladas, para a aquisição ou alienação de bens,
prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado”.
3º) Por último, se a alternativa não se referir a uma hipótese
de inexigibilidade (já que não está presente no artigo 25),
nem a uma hipótese de licitação dispensada (por não se

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referir à alienação de bens e suas expressões sinônimas),
certamente será uma hipótese de licitação dispensável,
prevista no artigo 24.

Nesses termos, caso você não tenha conseguindo “decorar”


(palavra feia, né?!) todos os incisos do artigo 24, que são trinta,
tente colocar em prática o “truque” acima, pois é “quase” infalível.

9.1. Inexigibilidade
Para responder às questões da prova, lembre-se de que a
principal característica da inexigibilidade de licitação é a
inviabilidade de competição, o que impede a Administração de
realizar licitação. Neste caso, mesmo que o administrador queira
realizar licitação, ele não conseguirá, pois não existe a possibilidade
de disputa entre vários interessados.
Tenha muito cuidado para não confundir inexigibilidade com
dispensa de licitação, já que o CESPE é apaixonado por esse tipo
de assertiva.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que "a
diferença básica entre as duas hipóteses está no fato de que, na
dispensa, há possibilidade de competição que justifique a licitação;
de modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na
competência discricionária da Administração. Nos casos de
inexigibilidade, não há possibilidade de competição, porque só
existe um objeto ou uma pessoa que atenda às necessidades da
Administração; a licitação é, portanto, inviável."
Exemplo: imagine que a Administração Pública tenha o
interesse em adquirir a “forca” com a qual Tiradentes foi morto.
Ora, se existe apenas uma única forca no mundo, como a
Administração irá fazer licitação?
Neste caso, temos uma hipótese em que a licitação é
inexigível, pois existe impossibilidade jurídica de competição.
As hipóteses de inexigibilidade estão exemplificativamente
previstas no art. 25 da Lei n°. 8.666/93 e se caracterizam pela
ausência de competição, o que impossibilita a abertura de um
certame licitatório, a saber:

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1º.) para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou
o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,
ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
2º.) para a contratação de serviços técnicos enumerados no
art. 13 da Lei de Licitações, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a
inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação;
3º.) para contratação de profissional de qualquer setor
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.

O § 1º. do artigo 25 considera de notória especialização “o


profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos,
experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe
técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o
mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato”.
Para os fins dispostos na Lei de Licitações, consideram-se
serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos
relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

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VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Atenção: é necessário destacar que se a Administração


desejar contratar empresa especializada em serviços de
publicidade e divulgação, deverá realizar licitação, pois é vedada
a declaração de inexigibilidade.

9.2. Licitação dispensada


A licitação dispensada também se caracteriza pela
impossibilidade de licitar, visto que já se tem a definição da
pessoa com quem se firmará o contrato. Assim, na licitação
dispensada não existe a faculdade para se realizar a licitação,
enquanto que na licitação dispensável essa alternativa é possível,
cabendo ao administrador fazer a análise do caso concreto, pois,
em alguns casos, licitar pode não representar a melhor alternativa.
Conforme destacado anteriormente, as hipóteses de licitação
dispensada estão relacionadas com a alienação de bens pela
Administração e estão taxativamente previstas no artigo 17 da Lei
8.666/93, a saber:
“Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
subordinada à existência de interesse público devidamente
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa
para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação
na modalidade de concorrência, dispensada esta nos
seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou
entidade da administração pública, de qualquer esfera de
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Redação
dada pela Lei nº 11.952, de 2009)

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c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública,
de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente
utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o
art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante
iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública
em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250
m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no
âmbito de programas de regularização fundiária de interesse
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal
onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos
fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de
regularização fundiária, atendidos os requisitos legais;
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de
outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
observada a legislação específica;
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d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos
ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas
finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível
por quem deles dispõe”.

O § 3º. do mesmo artigo 17 define a investidura como a


alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se
tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da
avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por
cento) de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

9.3. Licitação dispensável


Em relação à licitação dispensável, é necessário que você
saiba que a Administração Pública tem a faculdade de não realizar o
procedimento licitatório, em algumas hipóteses. Trata-se de
exercício do poder discricionário e a decisão fica ao talante do
administrador.
Nesse caso, a realização de licitação é possível, mas o
administrador, com fundamento na lei e mediante ato motivado,
opta por não realizá-la.
As hipóteses em que a licitação é dispensável encontram-se
taxativamente previstas no artigo 24 da Lei de Licitações, e,
conforme você irá perceber, são várias (para ser mais exato,
trinta), a saber:
“Art. 24. É dispensável a licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez
por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo
anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma
obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
conjunta e concomitantemente;

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II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por
cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo
anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,
desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de
uma só vez;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública,
quando caracterizada urgência de atendimento de situação
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens,
públicos ou particulares, e somente para os bens necessários
ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para
as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo
para a Administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
para regular preços ou normalizar o abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços
manifestamente superiores aos praticados no mercado
nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo
único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será
admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor
não superior ao constante do registro de preços, ou dos
serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão
ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha
sido criado para esse fim específico em data anterior à
vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado;

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IX - quando houver possibilidade de comprometimento da
segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do
Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas
necessidades de instalação e localização condicionem a sua
escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde
que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente
com base no preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
recuperação social do preso, desde que a contratada detenha
inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins
lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de
acordo internacional específico aprovado pelo Congresso
Nacional, quando as condições ofertadas forem
manifestamente vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e
objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas
oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a
pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou
entidades que integrem a Administração Pública, criados para
esse fim específico;

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XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem
nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de
equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao
fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição
de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o
abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou
tropas e seus meios de deslocamento quando em estada
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de
movimentação operacional ou de adestramento, quando a
exigüidade dos prazos legais puder comprometer a
normalidade e os propósitos das operações e desde que seu
valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II
do art. 23 desta Lei;
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
administrativo, quando houver necessidade de manter a
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de
comissão instituída por decreto;
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência
física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por
órgãos ou entidades da Administração Pública, para a
prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado.
XXI - Para a aquisição de bens destinados exclusivamente a
pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela
CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a
pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de
energia elétrica e gás natural com concessionário,
permissionário ou autorizado, segundo as normas da
legislação específica;
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação

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ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito
das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e
Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito
de uso ou de exploração de criação protegida.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da
Federação ou com entidade de sua administração indireta,
para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em
convênio de cooperação.
XXVII - na contratação da coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
efetuados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda
reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as
normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos
ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer
de comissão especialmente designada pela autoridade máxima
do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para
atender aos contingentes militares das Forças Singulares
brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do
fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
Força.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de
serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do
Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na
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Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
federal.
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do
caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
obras e serviços contratados por consórcios públicos,
sociedade de economia mista, empresa pública e por
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
Agências Executivas”.

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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

10. Considerações sobre a prova do MPU


A princípio, parece que o CESPE irá se restringir a cobrar
assertivas sobre o “conceito” e as “características” dos contratos
administrativos. Todavia, em respeito ao “princípio da cautela”
(está lembrado dele?), abordarei todos os principais tópicos que o
CESPE exigiu em suas últimas provas.
Apenas para reforçar o que afirmei no início da aula, lembre-
se de que o CESPE, nos termos em que foi elaborado o programa
do edital, pode cobrar questões sobre todo o teor da Lei 8.666/93.
Entretanto, entendo que fugiria ao bom senso incluir no edital os
itens “conceito” e “características” e elaborar assertivas sobre
outros temas.
Se você possui uma boa disponibilidade de tempo para estudar
para o concurso do Ministério Público da União, aconselho que leia
integralmente o texto desta aula. Contudo, se o seu tempo
estiver “minguado” (que é o caso da maioria), restrinja-se então
aos tópicos que foram incluídos expressamente no edital (e vamos
contar com o bom senso do CESPE ...).

11. Introdução ao estudo dos contratos administrativos

Sempre que a Administração Pública formaliza compromissos


recíprocos com terceiros, está celebrando um contrato. Em sentido
amplo, podemos entender como contrato o acordo entre duas ou
mais vontades, destinado a estabelecer a regulamentação de
interesses entre as partes e que possibilita aos contratantes a
aquisição, a conservação, a transferência, a modificação ou a
extinção de direitos e obrigações.
Quando a Administração figura como parte em relações
contratuais, temos os denominados contratos da Administração,
que se dividem em duas espécies distintas: contratos
administrativos e contratos privados. Assim, é correto afirmar
que ao gênero “contratos da Administração” correspondem duas
espécies de contratos: aqueles regidos pelo Direito Público

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(contratos administrativos) e aqueles regidos pelo Direito Civil ou
Empresarial (contratos privados).
Nos contratos regidos pelo Direito Privado, em regra, a
Administração não gozará de prerrogativas ou vantagens que a
posicionam em patamar de superioridade em relação à outra parte,
a exemplo do que ocorre nos contratos de compra e venda,
permuta, doação, locação, entre outros.
Por outro lado, nos contratos regidos pelo Direito Público, que
são os contratos administrativos propriamente ditos, a
Administração gozará de prerrogativas e vantagens que não
existem nos contratos regidos pelo Direito Privado, a exemplos das
“cláusulas exorbitantes”, que lhe asseguram a possibilidade de
alteração ou rescisão unilateral do contrato, por exemplo.
ATENÇÃO: Apesar de os contratos administrativos
submeterem-se basicamente às normas de Direito Público, lembre-
se de que também poderão ser submetidos aos princípios da teoria
geral dos contratos e às disposições de Direito Privado, porém,
supletivamente.
Esse é o mandamento contido no artigo 54 da Lei 8.666/93 e
que já foi cobrado por várias vezes em provas de concursos,
inclusive do CESPE.
Nos mesmos moldes, o inciso I do § 3º do artigo 62 da Lei
8.666/93 estabelece que “aos contratos de seguro, de
financiamento, de locação em que o Poder Público seja locatário, e
aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por
norma de Direito Privado”, aplicam-se, no que couber, as
principais prerrogativas de direito público inerentes aos contratos
administrativos, a exemplo da possibilidade de rescisão e alteração
unilateral, aplicação de sanções, fiscalização de sua execução, entre
outros.
Assim, resumidamente falando, é possível chegarmos às
seguintes conclusões:
1ª) qualquer questão de prova que afirme que os contratos
administrativos são regidos exclusivamente pelo direito público,
estará errada, pois a esses se aplicam, supletivamente, os
princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de Direito
Privado;

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2ª) da mesma forma, as questões de provas que afirmem que
as normas de Direito Público não se aplicam aos contratos regidos
pelo Direito Privado, também estarão erradas, conforme previsto no
inciso I do § 3º do artigo 62 da Lei 8.666/93.
É claro que não é difícil encontrar nas provas do CESPE
questões sobre esse assunto:
(Analista Técnico / SEBRAE 2008) Por ser regido por
norma de direito privado, o contrato de locação celebrado
entre a administração pública e um particular não se submete
às regras previstas para os contratos administrativos.
Assertiva falsa.

12. Disciplina normativa e conceito

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 22, inciso


XXVII, declara que compete privativamente à União legislar sobre
“normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido ao disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”.
Nesses termos, o Congresso Nacional criou a Lei 8.666/93,
que, em seus artigos 54 a 88, estabeleceu normas gerais sobre os
contratos administrativos em toda a Administração Pública
brasileira, reservando aos Municípios, Estados e Distrito Federal a
competência para editar normas específicas sobre o tema.
São muitos os conceitos de contratos administrativos
formulados pelos nossos doutrinadores, mas, para fins de
concursos públicos, é interessante citar o formulado pelo professor
Hely Lopes Meirelles, que certamente é um dos mais abrangentes.
O saudoso professor conceitua o contrato administrativo como
“o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade,
firma com o particular ou com outra entidade administrativa, para a
consecução de objetivos de interesse público, nas condições
desejadas pela própria Administração”.

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13. Características
Analisando-se o edital do MPU, é possível concluir que são
grandes as chances de o CESPE elaborar uma assertiva sobre as
características dos contratos administrativos, a exemplo do que
ocorreu em concursos anteriores organizados pela mesma banca.
Desse modo, fique atento aos detalhes que serão
apresentados, pois as assertivas, geralmente, correspondem ao
texto literal dos dispositivos legais.

13.1. Atuação da administração como poder público


Nos contratos regidos pelo Direito Privado, as partes
encontram-se no mesmo plano jurídico, não existindo supremacia
de uma sobre a outra. Entretanto, nos contratos administrativos
a Administração atua como Poder Público, objetivando a satisfação
do interesse coletivo, do bem comum.
Sendo assim, a Administração gozará de prerrogativas
especiais que assegurem a adequada execução do contrato, a
exemplo da possibilidade de rescisão e alteração unilateral,
fiscalização de sua execução, imposição direta de penalidades,
dentre outras.

13.2. Finalidade pública


Os contratos administrativos sempre são formalizados com o
objetivo de satisfazer o interesse público, seja de forma direta ou
indireta. Na primeira hipótese, é possível citar como exemplos os
contratos de concessão de serviços públicos ou de construção de
uma obra pública, que são considerados contratos
administrativos típicos.
Por outro lado, é comum que a Administração celebre
contratos visando à satisfação do interesse público de forma
mediata e indireta, a exemplo de um contrato de locação
celebrado entre a União e um particular, que será considerado um
contrato administrativo atípico. Neste caso, o interesse público
somente será alcançado secundariamente, já que não se trata de
um contrato que formalizará a prestação direta de um serviço
público à coletividade.

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ATENÇÃO: Independentemente de o contrato administrativo
ser considerado típico ou atípico, sempre deve vislumbrar a
satisfação do interesse público.

13.3. Formalismo
Característica marcante no contrato administrativo, o
formalismo impõe a necessidade de que ele seja escrito. Essa
imposição tem por objetivo facilitar o controle e a fiscalização das
negociações efetuadas no âmbito da Administração Pública.
O parágrafo único do artigo 60 da Lei 8.666/93 declara que é
nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,
salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim
entendidas aquelas de valor não superior a R$ 4.000.00 (quatro mil
reais), feitas em regime de adiantamento.
Fique atento às questões de prova, pois, apesar do formalismo
citado, é possível que a Administração celebre contratos verbais
com particulares, desde que o valor não seja superior a R$
4.000,00 (quatro mil reais).
A necessidade de formalismo nos contratos administrativos
está expressa no artigo 55 da Lei 8.666/93, que apresenta um rol
das cláusulas consideradas essenciais em seu texto, a saber:
1ª) o objeto e seus elementos característicos;
2ª) o regime de execução ou a forma de fornecimento;
3ª) o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-
base e a periodicidade do reajustamento de preços, os
critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
4ª) os prazos de início de etapas de execução, de conclusão,
de entrega, de observação e de recebimento definitivo,
conforme o caso;
5ª) o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da
classificação funcional programática e da categoria econômica;
6ª) as garantias oferecidas para assegurar sua plena
execução, quando exigidas;

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7ª) os direitos e as responsabilidades das partes, as
penalidades cabíveis e os valores das multas;
8ª) os casos de rescisão;
9ª) o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso
de rescisão administrativa prevista no art. 77 da Lei 8.666/93;
10ª) as condições de importação, a data e a taxa de câmbio
para conversão, quando for o caso;
11ª) a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante
vencedor;
12ª) a legislação aplicável à execução do contrato e
especialmente aos casos omissos;
13ª) a obrigação do contratado de manter, durante toda a
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações
por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação.

Além disso, todo contrato administrativo deve mencionar os


nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato
que autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação,
da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às
normas da Lei 8.666/93 e às cláusulas contratuais (artigo 61).
O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de
concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e
inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites
destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em
que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos
hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa,
autorização de compra ou ordem de execução de serviço (artigo
62).

13.4. Contrato de adesão


Os contratos, de uma forma geral, caracterizam-se pela livre
estipulação das disposições pelas partes. Por se tratar de um
acordo de vontades, apenas quando estas forem compostas será
formalizado o contrato.
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Entretanto, a evolução econômica e a dinamização das
relações negociais fizeram surgir uma nova categoria de contratos,
que tem por característica permitir que apenas um dos
contratantes (preponente) determine previamente, de modo geral
e abstrato, o conteúdo das condições gerais do contrato,
eliminando a fase de negociação e ajuste mútuo de vontades. É
o denominado contrato de adesão.
Os contratos administrativos incluem-se na categoria dos
contratos de adesão, pois os interessados em contratar com a
Administração têm conhecimento antecipado das cláusulas e
condições a que terão que se submeter obrigatoriamente, não
sendo possível alterá-las.
Isso significa que ficará sob a responsabilidade da
Administração redigir todas as cláusulas contratuais. Por outro lado,
ao particular somente restará assinar o contrato, sem discutir
(concordar ou discordar) o seu teor.
O § 1º do artigo 62 da Lei 8.666/93 estabelece que “a minuta
do futuro contrato integrará sempre o edital ou ato convocatório da
licitação”. Assim, o princípio da autonomia da vontade do particular
restringe-se a aceitar, ou não, as cláusulas contratuais, o que irá
ocorrer automaticamente a partir do momento que ingressar no
processo licitatório.

13.5. Pessoalidade (caráter intuitu personae)


Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino afirmam
que, como regra geral, os contratos administrativos são contratos
pessoais, ou seja, “a execução do contrato deve ser levada a termo
pela mesma pessoa que se obrigou perante a Administração. A
natureza pessoal dos contratos administrativos decorre
principalmente do fato de serem eles celebrados após a realização
de um procedimento licitatório em que se visa, não apenas
selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração, mas
também selecionar uma pessoa, física ou jurídica, que ofereça
condições de assegurar a adequada execução do que foi
contratado”.
Os contratos administrativos são celebrados intuitu personae,
o que significa que a Administração Pública levou em conta certos
requisitos ou exigências antes de escolher o particular com quem
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contratar. Assim, o contratado, em regra, não poderá transferir
para terceiros a responsabilidade pela execução do objeto
contratual, sob pena de rescisão do contrato.
O artigo 78 da Lei 8.666/93 estabelece expressamente que “a
subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do
contratado com outrem, a cessão ou a transferência, total ou
parcial, bem como a fusão, a cisão ou a incorporação, não
admitidas no edital e no contrato” constituem motivo para a
rescisão do contrato.
É importante esclarecer que a regra de pessoalidade dos
contratos administrativos não é absoluta, pois a própria Lei
8.666/93, em seu artigo 72, estabelece que “o contratado, na
execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades
contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou
fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela
Administração”.
A Lei Complementar 123/06 estabelece que nas contratações
públicas da União, dos Estados e dos Municípios, poderá ser
concedido tratamento diferenciado e simplificado para as
microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a
promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito
municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas
e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e
regulamentado na legislação do respectivo ente (artigo 47).
Assim, para o cumprimento do citado artigo 47, a
Administração Pública poderá realizar processo licitatório “em que
seja exigida dos licitantes a subcontratação de microempresa e
empresa de pequeno porte, desde que o percentual máximo do
objeto a ser subcontratado não exceda a 30% (trinta por cento) do
total licitado” (inciso II do artigo 48).
ATENÇÃO: A possibilidade de subcontratação não se aplica
no caso de serviços técnicos especializados, pois o § 3º do artigo
13 estabelece que a “empresa de prestação de serviços técnicos
especializados que apresente relação de integrantes de seu corpo
técnico em procedimento licitatório ou como elemento de
justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará
obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem pessoal e
diretamente os serviços objeto do contrato”.

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Portanto, fique atento às provas do CESPE, pois a possibilidade
de exigirem uma questão sobre subcontratação é muito grande.

13.6. Existência de “cláusulas exorbitantes”


O professor Hely Lopes Meirelles define as cláusulas
exorbitantes como aquelas que “excedem do Direito Comum para
consignar uma vantagem ou uma restrição à Administração ou ao
contratado. A cláusula exorbitante não seria lícita num contrato
privado, porque desigualaria as partes na execução do avençado,
mas é absolutamente válida no contrato administrativo, desde que
decorrente da lei ou dos princípios que regem a atividade
administrativa, porque visa estabelecer uma prerrogativa em
favor de uma das partes para o perfeito atendimento do
interesse público, que se sobrepõe sempre aos interesses
particulares”.
Dentre as principais cláusulas exorbitantes, podemos citar:

13.6.1. Possibilidade de rescisão unilateral do contrato


Nas relações contratuais regidas pelo Direito Privado, é
assegurada igualdade jurídica entre as partes contratantes.
Dessa forma, faz-se necessário um acordo de vontades a fim de
que o contrato seja firmado e, posteriormente, se for o caso,
rescindido. O Direito Privado não assegura às partes a possibilidade
de rescindirem unilateralmente um contrato, já que no momento de
sua formalização foi necessário o consentimento mútuo de
ambos.
Essa mesma regra não se aplica aos contratos
administrativos, pois a Administração poderá rescindi-los
unilateralmente, desde que a rescisão seja formalmente motivada
nos autos do processo e assegurados o contraditório e a ampla
defesa.
ATENÇÃO: É importante esclarecer que, além da possibilidade
de rescisão unilateral, o contrato administrativo também pode ser
rescindido amigavelmente, por acordo entre o particular e a
Administração, e judicialmente, caso necessário. Portanto, fique
atento ao responder às questões de provas.

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As hipóteses que podem ensejar a rescisão unilateral do
contrato administrativo estão previstas no artigo 78 da Lei
8.666/93, a saber:

1ª) o não cumprimento de cláusulas contratuais,


especificações, projetos ou prazos;
2ª) o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
especificações, projetos e prazos;
3ª) a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a
comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço
ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
4ª) o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
fornecimento;
5ª) a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem
justa causa e prévia comunicação à Administração;
6ª) a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
associação do contratado com outrem, a cessão ou
transferência, total ou parcial, bem como a fusão, a cisão ou a
incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
7ª) o desatendimento das determinações regulares da
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
execução, assim como as de seus superiores;
8ª) o cometimento reiterado de faltas na sua execução;
9ª) a decretação de falência ou a instauração de insolvência
civil;
10ª) a dissolução da sociedade ou o falecimento do
contratado;
11ª) a alteração social ou a modificação da finalidade ou da
estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato;
12ª) razões de interesse público, de alta relevância e amplo
conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima
autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o
contratante e exaradas no processo administrativo a que se
refere o contrato;

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13ª) a ocorrência de caso fortuito ou de força maior,
regularmente comprovada, impeditiva da execução do
contrato.

Fundamentada a rescisão unilateral na existência de razões de


interesse público ou na ocorrência de caso fortuito ou de força
maior, sem que fique configurada culpa do contratado, será este
ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que
houver sofrido, tendo ainda direito à devolução de garantia, aos
pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da
rescisão e ao pagamento do custo da desmobilização.
Ocorrendo a rescisão unilateral, poderá a Administração ainda
assumir imediatamente o objeto do contrato administrativo no
estado e local em que se encontrar, e, no caso de serviços
essenciais, proceder à ocupação temporária e à utilização do local,
instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na
execução do contrato, necessários à continuidade de sua execução,
nos termos dos incisos I e II do artigo 80 da Lei 8.666/93.

13.6.2. Possibilidade de alteração unilateral do contrato


Outra importante prerrogativa assegurada à Administração é a
possibilidade de alteração unilateral do contrato administrativo, que
deverá ocorrer mediante prévia motivação e sempre com o
objetivo de satisfazer o interesse público.
Apesar de essa prerrogativa constar expressamente no inciso I
do artigo 58 da Lei 8.666/93, é importante esclarecer que a
alteração restringe-se ao objeto e às cláusulas regulamentares,
que correspondem ao modo de execução do contrato
administrativo. Portanto, as cláusulas econômico-financeiras
(que estabelecem a relação entre a remuneração e os encargos do
contratado) não podem ser alteradas unilateralmente pela
Administração, sob pena de enriquecimento ilícito.
ATENÇÃO: Os professores Vicente Paulo e Marcelo
Alexandrino afirmam que, “devido a essa prerrogativa de alteração
unilateral do contrato por uma das partes (a Administração), diz-se
que aos contratos administrativos não se aplica integralmente o
princípio do pacta sunt servanda. Esse princípio implica a obrigação

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de cumprimento das cláusulas contratuais conforme foram
estabelecidas inicialmente, e é um dos mais importantes princípios
dentre os que regem os contratos privados. Entenda-se bem, os
contratos administrativos também estão sujeitos ao pacta sunt
servanda; acontece que há uma atenuação da rigidez desse
princípio, em decorrência da possibilidade de alteração unilateral do
contrato pela Administração”.
O artigo 65 da Lei 8.666/93, em seu inciso I, estabelece que
os contratos administrativos poderão ser alterados unilateralmente
pela Administração, com as devidas justificativas, nos seguintes
casos:
1ª) quando houver modificação do projeto ou das
especificações, para melhor adequação técnica aos seus
objetivos;
2ª) quando necessária à modificação do valor contratual em
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu
objeto, nos limites permitidos na lei 8.666/93.

Em relação aos limites previstos na segunda hipótese, o § 1º


do artigo 65 afirma que o contratado fica obrigado a aceitar, nas
mesmas condições contratuais, os acréscimos ou as supressões que
se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco
por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
particular de reforma de edifício ou de equipamentos, até o
limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.
Atente-se para o fato de que, no caso de reforma de edifício
ou de equipamento, o percentual para acréscimo é de até 50%
(cinqüenta por cento), todavia, o percentual de supressão
permanece no limite de até 25% (vinte e cinco por cento).
Eis um tópico que deve ser bem assimilado para as provas do
CESPE, pois tem sido frequentemente exigido em concursos
públicos.
(Analista Judiciário/TRE MA 2009/CESPE) Os contratos de
obras de engenharia civil referentes à reforma de edifício
podem ser alterados unilateralmente pela administração
com um limite máximo de acréscimo de até 25% do valor
que se fizerem nas compras.

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Em virtude da supremacia do interesse público perante o interesse
privado, o contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem
nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por
cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50%
(cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.
Desse modo, está incorreto o texto da assertiva, pois afirmou que o
limite máximo de acréscimo seria de até 25% (vinte e cinco por
cento) no caso de reforma de edifício.

13.6.3. Poder de fiscalização, acompanhamento e


ocupação temporária
Como não poderia ser diferente, a Administração Pública
possui a prerrogativa (um verdadeiro dever) de fiscalizar a
execução dos contratos administrativos firmados com particulares,
conforme previsto no inciso III do artigo 58 da Lei 8.666/93.
A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada
por um representante da Administração especialmente
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo
e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição (artigo
67).
O representante da Administração anotará em registro
próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do
contrato, determinando o que for necessário à regularização das
faltas ou defeitos observados. As decisões e providências que
ultrapassarem a competência do representante deverão ser
solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção das
medidas convenientes (§§ 1º e 2º do artigo 67).
Além disso, é importante destacar que, nos casos de
serviços essenciais, a Administração poderá também ocupar
provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços
vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato
administrativo.

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ATENÇÃO: O contratado é responsável pelos danos causados
diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua
culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo
essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo
órgão interessado, conforme expresso no artigo 70 da Lei
8.666/93.

13.6.4. Restrições ao uso da cláusula “exceptio non


adimpleti contractus” (exceção do contrato não cumprido)
O professor José dos Santos Carvalho Filho nos informa que a
“exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti
contractus), prevista no artigo 476 do Código Civil (art. 1.092, do
Código anterior), significa que uma parte contratante não pode
exigir da outra o cumprimento de sua obrigação sem que ela
mesma tenha cumprido a sua. ‘Exceção’ no caso tem o sentido de
‘defesa’, oposta justamente pela parte que é instada pela outra,
sendo esta inadimplente em relação a sua obrigação”.
Durante muito tempo a doutrina defendeu a impossibilidade de
o contratado alegar a exceção do contrato não cumprido em face
da Administração Pública, mesmo nas hipóteses em que não
recebia os valores correspondentes à execução do contrato, pois tal
conduta estaria violando frontalmente o princípio da continuidade
dos serviços públicos.
Atualmente, essa impossibilidade foi relativizada e o próprio
texto da Lei 8.666/93, em seu artigo 78, autoriza a exceção do
contrato não cumprido em face da Administração, nas
seguintes hipóteses:
1ª) atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou
fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo
em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem
interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela
suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja
normalizada a situação;
2ª) a determinação de suspensão da execução do
contrato administrativo, por ordem escrita da Administração,
por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso
de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
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guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo
prazo, independentemente do pagamento obrigatório de
indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao
contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do
cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada a
situação.
Lembre-se sempre de que, nas hipóteses acima citadas, em
que não há culpa do contratado, será este ressarcido dos
prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido, tendo
ainda direito à devolução de garantia, pagamentos devidos pela
execução do contrato até a data da rescisão e pagamento do custo
da desmobilização.

13.6.5. Aplicação direta de penalidades contratuais


O regime jurídico dos contratos administrativos assegura à
Administração a prerrogativa de aplicar sanções aos contratados
independentemente de autorização judicial, em virtude da
inexecução total ou parcial da obrigação assumida, sempre após
defesa prévia.
Essa prerrogativa é consequência do atributo da auto-
executoriedade e está prevista expressamente no artigo 87 da Lei
8.666/93, que prevê as seguintes sanções:
1ª) advertência;
2ª) multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
no contrato (pode ser acumulada com as demais);
3ª) suspensão temporária de participação em licitação e
impedimento de contratar com a Administração, por prazo não
superior a 02 (dois) anos;
4ª) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos
determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
penalidade, que será concedida sempre que o contratado
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e depois
de decorrido o prazo da sanção aplicada com base no item
anterior.
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A declaração de inidoneidade é de competência exclusiva do
Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal, conforme o
caso, facultada a defesa do interessado no respectivo processo, no
prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação
ser requerida após 02 (dois) anos de sua aplicação.
Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia prestada,
além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença,
que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela
Administração ou cobrada judicialmente.

14. Manutenção do equilíbrio financeiro do contrato

Com o objetivo de preservar a equação das cláusulas


econômico-financeiras do contrato administrativo, a Lei 8.666/93
prevê critérios de reajustes com a finalidade de não tornar
demasiadamente onerosa a prestação do serviço público por parte
do particular.
O professor Marçal Justen Filho afirma que “o princípio do
equilíbrio da equação econômico-financeira da contratação acarreta
a necessária recomposição do valor real da moeda. A inflação deve
ser compensada com a elevação nominal da prestação devida. Não
há benefício para o particular na medida em que o reajustamento
do preço tem natureza jurídica similar à da correção monetária.
Nada se acrescenta ao particular, na acepção de que o único efeito
do reajuste é retornar ao equilíbrio acertado entre as partes. Se a
Administração e o particular firmaram contratação que previa
determinada relação entre encargos e remuneração (equação
econômico-financeira), essa equação deve ser mantida ao longo de
toda a execução do contrato.”
O artigo 55 da Lei 8.666/93 declara expressamente que nos
contratos administrativos devem existir cláusulas que estabeleçam
o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a
periodicidade do reajustamento de preços, bem como os critérios
de atualização monetária entre a data do adimplemento das
obrigações e a do efetivo pagamento.

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Como a Administração precisa respeitar a manutenção da
equação econômico-financeira do contrato, qualquer alteração
que afete os pontos financeiros do contrato deverá ter a
concordância expressa do contratado. É vedado à
Administração alterá-la unilateralmente, pois certamente causaria
graves prejuízos financeiros ao contratado.
É importante esclarecer que a variação do valor contratual
para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato,
as atualizações, compensações ou penalizações financeiras
decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como
o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite
do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo,
podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a
celebração de aditamento.
ATENÇÃO: Lembre-se sempre de que a Administração possui
a prerrogativa de alterar unilateralmente as cláusulas
regulamentares e as relativas ao objeto contratual. Todavia,
ocorrendo a modificação, deve ser mantida a proporção
inicialmente fixada entre o serviço a ser prestado e a consequente
remuneração a ser recebida.
Exemplo: Se a Administração contratou um particular para
construir 90 (noventa) casas populares ao valor individual de R$
30.000.00 (trinta mil reais) cada, deve repassar ao contratado a
quantia de R$ 2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil reais).
Assim, caso decida alterar unilateralmente para 100 (cem) a
quantidade de casas a serem construídas (dentro da margem de
25% assegurada em lei), deverá repassar ao contratado,
proporcionalmente, o valor adicional de R$ 300.000,00 (trezentos
mil reais), referente às 10 (dez) casas que foram construídas além
do número inicialmente estabelecido.

15. Exigência de garantias para a execução do contrato


A critério da autoridade competente, em cada caso, e
desde que prevista no edital ou na carta-convite, poderá ser exigida
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
compras com o objetivo de facilitar a adequada execução do
contrato ou possibilitar o ressarcimento dos prejuízos sofridos pela
Administração em virtude de uma eventual inexecução contratual.
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A exigência ou não de garantia é decisão discricionária da
autoridade administrativa competente, porém, deve ser prevista
expressamente no edital ou carta-convite, cabendo ao contratado
optar por uma das seguintes modalidades:
1ª) caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados
pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo
Ministério da Fazenda;
2ª) seguro-garantia;
3ª) fiança bancária.
É importante esclarecer que a garantia prestada pelo
contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato
e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente a fim de evitar-
lhe prejuízos.
ATENÇÃO: A garantia oferecida pelo contratado não excederá
a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado
nas mesmas condições daquele. Contudo, nos termos do § 3º do
artigo 56 da Lei 8.666/93, para obras, serviços e fornecimentos de
grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos
financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer
tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de
garantia poderá ser elevado para até dez por cento do valor do
contrato.

16. Responsabilidade pelos encargos de execução

Nos termos do artigo 70 da Lei 8.666/93, “o contratado é


responsável pelos danos causados diretamente à Administração
ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a
fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado”.
Ademais, o contratado é responsável ainda pelos encargos
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato. A inadimplência do contratado, com
referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
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transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a
regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
Registro de Imóveis.
Todavia, para fins de concursos públicos, lembre-se de que a
Administração Pública responderá solidariamente (ao mesmo
tempo) com o contratado pelos encargos previdenciários
resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei
nº 8.212/91.

17. Recebimento do objeto do contrato

Nas palavras dos professores Vicente Paulo e Marcelo


Alexandrino, “o ‘recebimento’ é exatamente o que a palavra indica:
terminada a execução do contrato, a Administração deve ‘atestar’
que ele foi corretamente executado e que o seu objeto lhe foi
entregue. Ao ‘receber’ o objeto do contrato, a Administração está
confirmando que foi executado o que tinha sido contratado. Isso
não significa que, depois do recebimento, o contratado fique
inteiramente liberado de responsabilidade pelo objeto. Significa,
simplesmente, que, pelo menos ‘atestar’ que foi executado o que
tinha sido contratado a Administração já ‘atestou’. Por isso, aliás, o
art. 76 embora meio óbvio, determina que ‘a Administração
rejeitará, no todo ou em parte, obra, serviço ou fornecimento
executado em desacordo com o contrato’. Por outras palavras, se
ela ‘recebeu’ o objeto do contrato, ela ‘confirmou’ que ele foi
executado de acordo com o contrato”.
Nos termos do artigo 73 da Lei 8.666/93, executado o
contrato, o seu objeto será recebido:
1º) Em se tratando de obras e serviços:
a) provisoriamente, pelo responsável por seu
acompanhamento e fiscalização, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias
da comunicação escrita do contratado;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela
autoridade competente, mediante termo circunstanciado,
assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação,
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ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos
contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei;

2º) Em se tratando de compras ou de locação de


equipamentos:
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da
conformidade do material com a especificação;
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e
quantidade do material e conseqüente aceitação.

O recebimento provisório ou definitivo não exclui a


responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do
serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato,
dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato (§ 2º do
artigo 73).
Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vulto, o
recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado e, nos
demais, mediante recibo (§ 1º, artigo 73).
É importante destacar que o recebimento provisório poderá
ser dispensado nos seguintes casos, a saber:
1º) gêneros perecíveis e alimentação preparada;
2º) serviços profissionais;
3º) obras e serviços de valor até R$ 80.000,00 (oitenta mil
reais) desde que não se componham de aparelhos,
equipamentos e instalações sujeitos à verificação de
funcionamento e produtividade.

18. Extinção do contrato administrativo

São várias as circunstâncias que podem ensejar a extinção do


contrato administrativo: o cumprimento do objeto, o término do
prazo, a anulação e a rescisão.

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18.1. Cumprimento do objeto
Trata-se da forma mais comum de extinção do contrato
administrativo, pois acontece naturalmente, após a conclusão do
seu objeto. Ocorre o cumprimento do objeto quando, por exemplo,
a Administração contrata um particular a fim de que seja construída
uma praça e, após alguns meses, a praça é construída.
Se o objeto do contrato já foi concluído (construção da praça)
e a respectiva retribuição financeira repassada ao contratado pela
Administração, as partes cumpriram as respectivas obrigações,
encerrando-se naturalmente a relação jurídica entre ambos.

18.2. Término do prazo


Eis uma hipótese que também não suscita maiores
dificuldades para assimilação. A extinção do contrato pelo término
do prazo, como a própria nomenclatura já indica, ocorrerá sempre
que o prazo de duração estabelecido no contrato chegar ao seu
fim.
É a denominada extinção de pleno direito, que acontecerá
quando a obrigação do contratado se extinguir em virtude do
transcurso de determinado lapso temporal.
Podemos citar como exemplo um contrato administrativo de
fornecimento de refeições a determinado presídio, estabelecido
inicialmente pelo prazo de 12 meses. Ora, concluído os doze
meses, extingue-se o contrato pelo término do prazo.

18.3. Anulação
A anulação do contrato administrativo opera-se sempre que
for constatada alguma ilegalidade, a exemplo da sua formalização
sem o prévio procedimento licitatório.
A anulação pode ser realizada a qualquer tempo, seja pelo
Poder Judiciário ou pela autoridade administrativa, pois está
amparada no exercício do poder de autotutela, previsto na súmula
473 do Supremo Tribunal Federal:
“A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
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ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

No mesmo sentido, o artigo 59 da Lei 8.666/93 declara


expressamente que “a declaração de nulidade do contrato
administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos
jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
desconstituir os já produzidos”.
É importante esclarecer que a nulidade não exonera a
Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este
houver executado até a data em que ela for declarada e por outros
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu
causa.

18.4. Rescisão
Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino declaram
que “a rescisão do contrato implica sua extinção antes de concluído
o seu objeto ou antes de terminado o prazo de sua duração. A
rescisão pode se dar por culpa do contratado ou por culpa da
Administração. A rescisão por culpa da Administração somente
pode ser feita na esfera judicial ou por acordo entre as partes. A
rescisão por culpa do contratado, assim como a decorrente de
interesse público superveniente, ou de caso fortuito ou de força
maior, pode ser realizada unilateralmente pela Administração”.

19. Prazo de duração e prorrogação do contrato


As regras gerais sobre o prazo de duração dos contratos
administrativos estão previstas no artigo 57 da Lei 8.666/93, que,
dentre outros mandamentos, afirma que são proibidos os
contratos administrativos com prazo indeterminado.
Em regra, o prazo de duração dos contratos administrativos
não pode ultrapassar a vigência dos respectivos créditos
orçamentários, que coincide com a duração do ano civil, que é de
12 (doze) meses, sendo que a sua prorrogação deverá ser
justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade
competente para celebrar o contrato.
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O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “se a
administração pretender a execução de determinada obra que se
prolongue por mais de um ano, deverá inserir o projeto em plano
plurianual, instrumento que comporta a projeção temporal de
investimentos de longa duração. Desse modo, a Administração
deve programar-se, como regra, para que os contratos de duração
aproximada de doze meses sejam firmados no início do ano,
hipótese em que o contrato estará sempre adstrito à vigência do
respectivo crédito orçamentário, como reza o art. 57 do Estatuto”.
É importante esclarecer que a regra de que a duração dos
contratos administrativos não pode ultrapassar a vigência dos
respectivos créditos orçamentários não é absoluta, pois o próprio
artigo 57 da Lei 8.666/93 prevê algumas exceções em relação
aos seguintes contratos:
1º) aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas
metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser
prorrogados se houver interesse da Administração e desde que
isso tenha sido previsto no ato convocatório;
2º) à prestação de serviços a serem executados de forma
contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais
e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e
condições mais vantajosas para a administração, limitada a
sessenta meses;
3º) ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas
de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de
até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do
contrato.
O professor José dos Santos Carvalho filho faz importante
consideração sobre a possibilidade de que os contratos
administrativos tenham início no ano corrente e término no próximo
ano.
Segundo o autor, “o art. 57 do Estatuto, por falta de clareza,
deixou dúvida sobre tal possibilidade, e isso porque o contrato,
estando atrelado a determinado crédito orçamentário, só poderia
iniciar-se e findar num mesmo período anual. Alguns intérpretes
adotaram esse entendimento. No entanto, com a vênia devida, a lei
não pretendeu dificultar nem inviabilizar a variadíssima e complexa
atividade administrativa. Por esse motivo, parece-nos melhor o

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pensamento segundo o qual nada impede que um contrato tenha
início, por exemplo, em setembro de um ano e término em março
do ano subsequente, desde que, no contrato, conste a rubrica
orçamentária de onde serão oriundos os recursos e a referência de
que parte do pagamento será feita com um crédito orçamentário e
a outra com o crédito relativo ao exercício financeiro seguinte.
Nesse caso, exigir-se-á que a Administração fixe o devido
cronograma de obra, serviço ou compra, com a indicação dos
pagamentos correspondentes ao ano corrente e ao ano
subseqüente”.

O § 1º do artigo 57 da Lei 8.666/93 estabelece que os prazos


de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega
admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato
e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo:
1º) alteração do projeto ou especificações, pela
Administração;
2º) superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente
as condições de execução do contrato;
3º) interrupção da execução do contrato ou diminuição do
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
4º) aumento das quantidades inicialmente previstas no
contrato, nos limites permitidos pela Lei 8.666/93;
5º) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
terceiro reconhecido pela Administração em documento
contemporâneo à sua ocorrência;
6º) omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais
aplicáveis aos responsáveis.

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20. Inexecução contratual
As hipóteses e conseqüências da inexecução contratual são
muito cobradas em concursos públicos, e, portanto, é necessário
que você tenha muita atenção na leitura e assimilação deste
conteúdo.
Pode ser que o CESPE não elabore assertivas sobre este
tópico, conforme comentei no início da aula, mas, em respeito ao
“princípio da cautela”, recomendo nem que seja uma “breve”
leitura.
Inicialmente, é importante destacar que as partes contratantes
devem obedecer integral e fielmente às cláusulas previstas no
respectivo contrato administrativo, mesmo que seja considerado
um “contrato de adesão”, conforme destaquei anteriormente.
Apesar disso, a inexecução contratual pode ocorrer em
várias situações distintas, às vezes por culpa do contratado, às
vezes por culpa da Administração Pública. Além disso, é
possível identificar ainda algumas circunstâncias em que o contrato
deixará de ser executado sem culpa de quaisquer das partes,
como acontece nos casos de força maior e caso fortuito, por
exemplo.
A inexecução do contrato produz diversas consequências
jurídicas, seja em âmbito civil, administrativo, ou, diante de
situações mais graves, na esfera penal.

20.1. Inexecução culposa


A inexecução culposa do contrato pode ocorrer em virtude do
descumprimento ou cumprimento irregular de suas
cláusulas, seja por ação ou omissão da Administração, bem como
ainda do contratado.
É importante destacar que a inexecução culposa está
relacionada com a culpa em sentido amplo, abrangendo, assim, a
culpa em sentido estrito (negligência, imprudência e imperícia) e
o dolo (intenção de praticar a conduta).
Caso a Administração tenha dado causa à inexecução
contratual que acarrete a rescisão do contrato administrativo,
estará obrigada a indenizar o contratado pelos prejuízos
comprovados, devolver a garantia oferecida, efetuar os
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pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da
rescisão e, ainda, a custear as despesas referentes à retirada do
contratante do local de execução do contrato.
Por outro lado, caso a inexecução contratual tenha ocorrido
em virtude de ação ou omissão do contratado, poderá a
Administração aplicar-lhe todas as sanções previstas no artigo 87
da Lei 8.666/93 (advertência, multa, suspensão temporária de
participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração e, ainda, a declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar com a Administração Pública), bem como rescindir
unilateralmente o contrato administrativo, executando a garantia
contratual com o objetivo de assegurar o ressarcimento dos
possíveis prejuízos sofridos com a inexecução contratual por parte
do contratado.

20.2. Inexecução sem culpa


É comum que a inexecução contratual ocorra sem que se
constate a culpa de qualquer das partes do contrato, como no
surgimento de fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando área econômica
extraordinária e extracontratual.
Nesses casos, a parte inadimplente ficará isenta de quaisquer
responsabilidades em função da aplicação da denominada “Teoria
da imprevisão”.

20.3. Teoria da imprevisão


A Lei 48 do Código de Hammurabi, que foi talhado em pedra a
mais de 2.700 anos antes de Cristo, trazia expressamente os
seguintes dizeres:
"se alguém tem um débito a juros, e uma tempestade devasta
o campo ou destrói a colheita, ou por falta de água não cresce
o trigo no campo, ele não deverá nesse ano dar trigo ao
credor, deverá modificar sua tábua de contrato e não pagar
juros por esse ano."

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Mesmo tendo sido escrito há milhares de anos, o Código de
Hammurabi pode ser considerado como um dos precursores da
“Teoria da imprevisão”, que traduz a idéia de que os contratos
administrativos poderão ser revistos a fim de que seja garantido o
equilíbrio econômico-financeiro.
O professor Miguel Maria de Serpa Lopes define de forma
magistral a teoria da imprevisão, ao afirmar que “consiste, assim,
no desequilíbrio das prestações sucessivas ou diferidas, em
consequência de acontecimentos ulteriores à formação do contrato,
independentemente da vontade das partes, de tal forma
extraordinários e anormais que impossível se tornava prevê-los
razoável e antecedentemente. São acontecimentos supervenientes
que alteram profundamente a economia do contrato, por tal forma
perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que
se torna certo que as partes jamais contratariam se pudessem ter
podido antes antever esses fatos. Se, em tais circunstâncias, o
contrato fosse mantido, redundaria num enriquecimento anormal,
em benefício do credor, determinando um empobrecimento da
mesma natureza, em relação ao devedor. Consequentemente, a
imprevisão tende a alterar ou excluir a força obrigatória dos
contratos."
Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino declaram
que a Teoria da Imprevisão “resulta da aplicação de uma antiga
cláusula, que se entende implícita em qualquer contrato de
execução prolongada, segundo a qual o vínculo obrigatório gerado
pelo contrato somente subsiste enquanto inalterado o estado de
fato vigente à época da estipulação. Esta cláusula é conhecida
como rebus sic stantibus, expressão que corresponde, na verdade,
ao trecho final de uma longa fórmula latina (contractus qui habent
tractum sucessivum et dependentiam de futuro rebus sic stantibus
intelliguntur)”.
Informam ainda os autores que a cláusula rebus sic stantibus
desdobra-se em cinco hipóteses, a saber: caso fortuito e força
maior, fato do príncipe, fato da Administração e interferências
imprevistas.

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20.3.1. Caso fortuito e força maior
De início, é importante esclarecer que não existe um consenso
doutrinário ou mesmo jurisprudencial sobre as definições de caso
fortuito e força maior.
A doutrina tradicional entende que a força maior caracteriza-se
por um evento da natureza, imprevisível, irresistível e inevitável,
tais como enchentes, terremotos, furacões, entre outros. Por outro
lado, o caso fortuito estaria relacionado a condutas culposas ou
dolosas de terceiros, da mesma forma, imprevisíveis, irresistíveis,
inevitáveis e independentes da vontade das partes. Podemos citar
como exemplo os criminosos arrastões, guerras, greves ou
invasões a locais públicos.
Independentemente da corrente conceitual que se adote,
existe consenso em um único ponto: o caso fortuito e o evento
de força maior são acontecimentos ulteriores à formação do
contrato, alheios à vontade das partes, extraordinários e
anormais, que impossível era prevê-los com antecedência.
Assim, a própria Lei 8.666/93, em seu inciso XVII do artigo 78
estabelece que constitui motivo para rescisão do contrato “a
ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente
comprovada, impeditiva da execução do contrato”.
Para a prova do Ministério Público da União, não se preocupe
em diferenciar as expressões “caso fortuito” e “força maior”. Para
responder às questões de prova, basta que você entenda que
ambos os acontecimentos ensejam a rescisão do contrato.
Nesse ponto, é importante esclarecer que a rescisão do
contrato não aconteceu por culpa do inadimplente. Ademais,
somente irá ocorrer a rescisão quando não for possível a revisão do
contrato administrativo com o objetivo de garantir a continuidade
de sua execução.

20.3.2. Fato do príncipe


O professor Hely Lopes Meirelles conceitua o fato do príncipe
como "toda determinação estatal, positiva ou negativa, geral,
imprevista e imprevisível, que onera substancialmente a execução
do contrato administrativo".

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Nas palavras do saudoso professor, ocorrendo o fato do
príncipe, o Poder Público contratante ficará obrigado a compensar
integralmente os prejuízos suportados pela outra parte, a fim de
possibilitar o prosseguimento da execução e, se esta for impossível,
ocorrerá a rescisão do contrato, com as indenizações cabíveis ao
caso.
O artigo 65, II, “d” da Lei 8.666/93 refere-se expressamente
ao fato do príncipe ao afirmar que o contrato administrativo poderá
ser alterado para “restabelecer a relação que as partes pactuaram
inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da
administração para a justa remuneração da obra, serviço ou
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis,
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda,
em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe,
configurando área econômica extraordinária e extracontratual”.
Como exemplos do acontecimento em questão, podemos citar
a edição de uma lei (determinação estatal e geral) proibindo a
importação de um determinado bem que deveria ser fornecido pelo
contratado à Administração e, ainda, o aumento significativo e
imprevisível do imposto de importação, por exemplo, o que
aumentaria demasiadamente o valor de um determinado produto
que também deveria ser fornecido para a Administração.
Atenção: deve ficar bem claro que, no fato do príncipe, a
Administração impõe uma determinação (positiva ou negativa) que
não se restringe a um determinado particular, alcançando todos os
administrados que se encontrem naquela situação. Além de causar
prejuízos ao contratado em questão, a decisão administrativa
também pode afetar vários outros contratados.

20.3.3. Fato da Administração


O fato da administração é uma das causas que impossibilitam
o cumprimento do contrato administrativo pelo contratado,
podendo ser definido como toda ação ou omissão do Poder Público,
especificamente relacionada ao contrato, que impede ou
retarda sua execução.

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O fato da administração nada mais é que o descumprimento,
pela Administração, das suas obrigações contratualmente
assumidas, o que pode ensejar a rescisão judicial ou amigável do
contrato, ou ainda, a paralisação da execução contratual, até que a
situação seja normalizada.
O artigo 78 da Lei 8.666/93, em seus incisos XIV, XV e XVI,
apresenta um rol legal de hipóteses que caracterizam fato da
administração (a decisão somente irá atingir determinado
contratado):
1ª) a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias,
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões
que totalizem o mesmo prazo, independentemente do
pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e
contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e
outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o
direito de optar pela suspensão do cumprimento das
obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
2ª) o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou
fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados,
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito
de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações
até que seja normalizada a situação;
3ª) a não liberação, por parte da Administração, de área, local
ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos
prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais
especificadas no projeto.

20.3.4. Interferências imprevistas


O professor Hely Lopes Meirelles define as interferências
imprevistas como "ocorrências materiais não cogitadas pelas partes
na celebração do contrato, mas que surgem na sua execução de
modo surpreendente e excepcional, dificultando e onerando
extraordinariamente o prosseguimento e a conclusão dos
trabalhos”.
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Podemos citar como exemplo o fato de o contratado, no
momento da execução de uma obra pública, ter se deparado com
um lençol freático que não havia sido indicado pela Administração
no projeto inicial.
É importante destacar que a existência do lençol freático não
irá impedir a execução do contrato, mas irá aumentar
sobremaneira o custo de realização da obra. Assim, não será
necessário rescindir o contrato administrativo, mas certamente será
imprescindível rever as cláusulas econômico-financeiras ou, até
mesmo, prorrogar o prazo inicial de conclusão estipulado no
contrato.

Bem, esse era o “grande” recado que deveria ser dado


em relação à Lei 8.666/93. Sei que a aula ficou enorme,
mas, em compensação, prometo que as próximas aulas
serão mais resumidas, pois versarão sobre tópicos bem
menos complicados, a exemplo da Lei 9.784/99 (Processo
Administrativo Federal) e Lei 8.429/92 (Improbidade
Administrativa).
Respire fundo, pois, na próxima aula, ainda trataremos
de um tema cuja aula será um pouco avantajada: Servidores
Públicos (Lei 8.112/90).

No mais, estou à sua disposição no fórum de dúvidas.

O dia “d” está chegando!!!!!!!!!!!

Bons estudos!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

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Revisão de Véspera de Prova - Licitação
1º) Lembre-se sempre de que a finalidade básica da licitação é
selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração, que
nem sempre será aquela que apresenta o menor preço;
2º) É importante esclarecer que apesar de a Lei 8.666/93 ter sido
criada pelo Congresso Nacional (órgão legislativo da União),
estabeleceu normas gerais que devem ser obedecidas pela União,
Estados, Municípios e Distrito Federal. Entretanto, é assegurado a
esses entes estatais legislarem sobre normas específicas com o
objetivo de atender a peculiaridades locais (Municípios) ou
regionais (Estados), desde que não contrariem o texto da Lei Geral
de Licitações – Lei 8.666/93;
3º) Até o presente momento não foi criada a lei a que se refere o
§1º do artigo 173 da CF/88 (criando um procedimento licitatório
diferenciado, menos “burocrático”), e, portanto, as empresas
públicas e sociedades de economia mista devem submter-se às
normas da Lei Geral de Licitações (Lei 8.666/93);
4º) Eventuais limitações à participação dos licitantes somente
podem ser impostas nos limites previstos em lei e em
conformidade com os princípios gerais do Direito, não sendo
possível, sem justificativa razoável e aceitável, que se venha a
restringir o caráter competitivo do certame;
5º) O princípio da vinculação ao instrumento convocatório, também
chamado de princípio da vinculação ao edital, está previsto
expressamente no artigo 41 da Lei 8.666/93, ao afirmar que “a
Administração não pode descumprir as normas e condições
do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”;
6º) O princípio do julgamento objetivo está previsto
expressamente no texto da Lei Geral de Licitações, mais
precisamente em seu artigo 44, ao afirmar que “no julgamento das
propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
normas e princípios estabelecidos por esta Lei”;
7º) O § 3º da Lei 8.666/93 declara que “a licitação não será
sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
respectiva abertura”;

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8º) São modalidade licitatórias, expressamente previstas na Lei
8.666/93, a concorrência, tomada de preços, convite, leilão e
concurso. As modalidades pregão e consulta estão previstas na
Lei 10.520/02 e 9.472/97, respectivamente;
9º) Concorrência é “a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,
comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos
no edital para execução de seu objeto”;
10º) Tomada de preços é “a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a
todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data de recebimento das propostas, observada a
necessária qualificação”;
11º) O convite é a modalidade de licitação utilizada para
contratações de menor vulto e está definida no § 3º do artigo 22 da
Lei 8.666/93, ao afirmar que se trata da licitação entre
“interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados
na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação
das propostas”;
12º) Não existe um edital propriamente dito na modalidade convite.
A convocação dos interessados ocorrerá mediante o envio de uma
“carta-convite”, que não exige publicidade em diários oficiais e/ou
jornais de grande circulação. A publicidade da licitação na
modalidade convite poderá ser realizada através da simples
afixação da carta-convite em local visível na própria Administração
com, no mínimo, cinco dias úteis antes de sua abertura;
13º) Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse
dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de 03
(três) licitantes, essas circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite;
14º) Sei que você jamais faria isso, mas, de qualquer forma,
cuidado para não confundir o concurso público para a seleção de
pessoal com a modalidade licitatória também denominada
concurso, pois são institutos distintos;

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15º) Qualquer modificação no edital licitatório exige divulgação pela


mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo
inicialmente estabelecido, exceto quando, inqüestionavelmente, a
alteração não afetar a formulação das propostas;
16º) É importante assinalar que serão desclassificadas as
propostas que não atendam às exigências do ato convocatório da
licitação, bem como aquelas “propostas com valor global superior
ao limite estabelecido ou com preços manifestamente
inexeqüiveis, assim considerados aqueles que não venham a ter
demonstrada sua viabilidade através de documentação que
comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de
mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis
com a execução do objeto do contrato” (§ 1º do artigo 48);
17º) Cuidado para não confundir “licitação fracassada” com
“licitação deserta”. Nesta, a licitação não foi concluída em virtude
da ausência de licitantes, ninguém manifestou interesse em
contratar com a Administração. Naquela, surgiram interessados,
mas nenhum é selecionado, em decorrência da inabilitação ou da
desclassificação;
18º) Caso ocorra a homologação do procedimento licitatório pela
autoridade competente, deve ocorrer a adjudicação do seu objeto
ao licitante que apresentou a proposta mais vantajosa para a
Administração. A adjudicação encerra o procedimento
licitatório;

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Revisão de Véspera de Prova – Contratos Administreativos
1º) Quando a Administração figura como parte em relações
contratuais, temos os denominados contratos da Administração,
que se dividem em duas espécies distintas: contratos
administrativos e contratos privados. Assim, é correto afirmar
que ao gênero “contratos da Administração” correspondem duas
espécies de contratos: aqueles regidos pelo Direito Público
(contratos administrativos) e aqueles regidos pelo Direito Civil ou
Empresarial (contratos privados);
2º) Nos contratos regidos pelo Direito Público a Administração
gozará de prerrogativas especiais que assegurem a adequada
execução do contrato, a exemplo da possibilidade de rescisão e
alteração unilateral, fiscalização de sua execução, imposição direta
de penalidades, dentre outras;
3º) O parágrafo único do artigo 60 da Lei 8.666/93 declara que é
nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,
salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim
entendidas aquelas de valor não superior a R$ 4.000.00 (quatro
mil reais), feitas em regime de adiantamento;
4º) Os contratos administrativos incluem-se na categoria dos
contratos de adesão, pois os interessados em contratar com a
Administração têm conhecimento antecipado das cláusulas e
condições a que terão que se submeter obrigatoriamente, não
sendo possível alterá-las;
5º) Os contratos administrativos são celebrados intuitu personae,
o que significa que a Administração Pública levou em conta certos
requisitos ou exigências antes de escolher o particular com quem
contratar. Assim, o contratado, em regra, não poderá transferir
para terceiros a responsabilidade pela execução do objeto
contratual, sob pena de rescisão do contrato;
6º) Fundamentada a rescisão unilateral do contrato administrativo
na existência de razões de interesse público ou na ocorrência de
caso fortuito ou de força maior, sem que fique configurada culpa
do contratado, será este ressarcido dos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido, tendo ainda
direito à devolução de garantia, aos pagamentos devidos pela
execução do contrato até a data da rescisão e ao pagamento do
custo da desmobilização;
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7º) O § 1º do artigo 65 da Lei 8.666/93 afirma que o contratado
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou as supressões que se fizerem nas obras, serviços
ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício
ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento)
para os seus acréscimos;
8º) O contratado é responsável pelos danos causados diretamente
à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na
execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa
responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão
interessado, conforme expresso no artigo 70 da Lei 8.666/93;
9º) O regime jurídico dos contratos administrativos assegura à
Administração a prerrogativa de aplicar sanções aos contratados
independentemente de autorização judicial, em virtude da
inexecução total ou parcial da obrigação assumida, sempre após
defesa prévia;
10º) Como a Administração precisa respeitar a manutenção da
equação econômico-financeira do contrato, qualquer alteração
que afete os pontos financeiros do contrato deverá ter a
concordância expressa do contratado. É vedado à
Administração alterá-la unilateralmente, pois certamente causaria
graves prejuízos financeiros ao contratado;
11º) A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde
que prevista no edital ou na carta-convite, poderá ser exigida
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
compras com o objetivo de facilitar a adequada execução do
contrato ou possibilitar o ressarcimento dos prejuízos sofridos pela
Administração em virtude de uma eventual inexecução contratual,
cabendo ao contratado optar por uma das seguintes modalidades:
caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, seguro-garantia
ou fiança bancária;
12º) A Administração Pública responderá solidariamente (ao
mesmo tempo) com o contratado pelos encargos previdenciários
resultantes da execução do contrato administrativo;
13º) As regras gerais sobre o prazo de duração dos contratos
administrativos estão previstas no artigo 57 da Lei 8.666/93, que,

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dentre outros mandamentos, afirma que são proibidos os contratos
administrativos com prazo indeterminado;
14º) Independentemente da corrente conceitual que se adote,
existe consenso de que o caso fortuito e o evento de força
maior são acontecimentos ulteriores à formação do contrato,
alheios à vontade das partes, extraordinários e anormais, que
impossível era prevê-los com antecedência. Assim, caso
configurado, poderá ocorrer a rescisão do contrato administrativo,
sem culpa das partes, caso não seja possível a sua revisão e
consequente execução;
15º) O professor Hely Lopes Meirelles conceitua o fato do príncipe
como "toda determinação estatal, positiva ou negativa, geral,
imprevista e imprevisível, que onera substancialmente a execução
do contrato administrativo";
16º) O fato da administração é uma das causas que
impossibilitam o cumprimento do contrato administrativo pelo
contratado, podendo ser definido como toda ação ou omissão do
Poder Público, especificamente relacionada ao contrato, que
impede ou retarda sua execução. O fato da administração nada
mais é que o descumprimento, pela Administração, das suas
obrigações contratualmente assumidas, o que pode ensejar a
rescisão judicial ou amigável do contrato, ou ainda, a paralisação
da execução contratual, até que a situação seja normalizada;
17º) O professor Hely Lopes Meirelles define as interferências
imprevistas como "ocorrências materiais não cogitadas pelas
partes na celebração do contrato, mas que surgem na sua
execução de modo surpreendente e excepcional, dificultando e
onerando extraordinariamente o prosseguimento e a conclusão dos
trabalhos”.

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QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
01. (Administração/MCT FINEP 2009/CESPE - adaptada) De
acordo com a CF, compete privativamente à União legislar sobre
normas gerais de licitação. A partir desse preceito constitucional
e das disposições da Lei n.º 8.666/1993, julgue os itens abaixo:
I. Lei estadual que instituir, no âmbito da respectiva
administração pública, a utilização preferencial de softwares
livres ou sem restrições proprietárias não invade a competência
legiferante reservada à União para produzir normas gerais em
tema de licitação.
II. Lei do Distrito Federal que crie restrições licitatórias a
empresas em que haja algum tipo de discriminação social na
contratação de mão de obra não ofende competência privativa da
União para legislar sobre normas gerais de licitação.
III. Em regra, a legislação autoriza a administração a doar bens
imóveis exclusivamente para outro órgão ou entidade da própria
administração. Tal restrição não se impõe aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios, uma vez que a vedação tem
aplicação apenas no âmbito da União.
IV. É de competência privativa da União legislar sobre normas
gerais de licitação, mas, em matéria de simples contratação, a
competência é concorrente com os estados e o Distrito Federal.

02. (Administração/MCT FINEP 2009/CESPE - adaptada) Em


relação às licitações e aos contratos, julgue as assertivas abaixo:
I. Em regra, o agente público está autorizado a estabelecer
tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista
e previdenciária, entre empresas brasileiras e estrangeiras, até
mesmo no que se refere a moeda, para fins de proteção da
indústria nacional.
II. Para preservar-lhe o caráter competitivo, a licitação deve ser
sigilosa, sendo inacessíveis ao público os atos de seu
procedimento, até mesmo quanto ao conteúdo das propostas, até
a respectiva abertura.
III. Os contratos para a prestação de serviços técnicos
profissionais especializados devem, obrigatoriamente, ser
celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação
prévia de prêmio ou remuneração.

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IV. Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
V. Em matéria de licitações, contrato é todo e qualquer ajuste
entre órgãos ou entidades da administração pública e
particulares em que haja um acordo de vontades para a formação
de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for
a denominação utilizada.

03. (Administração/MCT FINEP 2009/CESPE - adaptada) Acerca


das modalidades e das hipóteses de dispensa e inexigibilidade de
licitação, julgue os itens abaixo:
I. É vedada a utilização das modalidades tomada de preços e
convite para as licitações internacionais.
II. É inexigível a licitação quando houver possibilidade de
comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos em decreto do presidente da República, ouvido o
Conselho de Defesa Nacional.
III. É dispensável a licitação para contratação de profissional de
qualquer setor artístico, diretamente ou por meio de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou
pela opinião pública.
IV. É permitida a utilização da modalidade convite ou tomada de
preços, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou
serviço, ou para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
local, que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente,
ainda que o somatório de seus valores caracterize o caso de
tomada de preços ou concorrência, exceto para as parcelas de
natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou
empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra
ou serviço.

04. (Administração/MCT FINEP 2009/CESPE - adaptada) A


respeito de recursos administrativos nas licitações, julgue os
itens abaixo.
I. Os recursos interpostos contra decisão de habilitação ou
inabilitação de licitante e contra o julgamento das propostas têm
efeito suspensivo.

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II. Nas hipóteses de revogação ou anulação da licitação, por ato
da administração, não cabe recurso administrativo, ressalvada a
via judicial para a solução de eventual controvérsia.
III. O recurso deve ser dirigido à autoridade superior, por
intermédio daquela que praticou o ato recorrido, não existindo
previsão legal para a reconsideração da decisão proferida e
publicada.
IV. Exceto na hipótese de licitação na modalidade concorrência,
nenhum prazo de recurso se inicia ou corre sem que os autos do
processo estejam com vista franqueada ao interessado.

05. (Analista Judiciário/TRE MA 2009/CESPE) Julgue os itens


subsequentes, relativos ao processo licitatório para obras de
engenharia civil.
I. É dispensável a licitação para obras de engenharia de valores
inferiores a R$ 15.000,00.
II. Na licitação de uma obra, é permitida a participação do autor
do projeto básico ou executivo como consultor, nas funções de
fiscalização ou supervisão.
III. Se um projeto de obra tiver valor estimado de contratação de
até R$ 1.500.000,00, pode-se usar como modalidade de licitação
tanto a tomada de preço quanto a concorrência.
IV. Os contratos de obras de engenharia civil referentes à
reforma de edifício podem ser alterados unilateralmente pela
administração com um limite máximo de acréscimo de até 25%
do valor que se fizerem nas compras.
V. O regime de empreitada integral, utilizado no caso de
execução indireta de obras de engenharia, aplica-se à
contratação da execução da obra ou serviço por preço certo e
total.
A quantidade de itens certos é igual a
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

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06. (Analista Judiciário / TRE MA 2009 / CESPE - adaptada) Uma
empresa pública abriu licitação para a compra de grande
quantidade de material permanente. A concorrente vencedora
apresentou certidões falsas, com a conivência do presidente da
comissão de licitação. Contudo, a fraude veio a ser descoberta
por meio de denúncia. Diante desse quadro, o presidente da
empresa pública decidiu anular todo o processo licitatório. Acerca
dessa situação hipotética, julgue os itens abaixo:
I. A obrigatoriedade de que a administração realize licitação
pública para celebração de seus contratos não é um princípio
constitucional.
II. Por estarem equiparadas às sociedades de economia mista, as
empresas públicas somente estão obrigadas a realizar compras
mediante licitação se o valor for superior a 3 milhões de reais.
III. A empresa pública é civilmente responsável pelo
ressarcimento dos gastos efetuados pelos demais participantes
do processo licitatório frustrado, pois a fraude não se teria
consumado sem a anuência de seu preposto.
IV. Excetuando-se os casos de dispensa de licitação previstos em
lei, as empresas públicas são obrigadas a realizar licitações para
aquisição de bens e serviços. Já as sociedades de economia
mista, por possuírem também capital privado, gozam de maior
flexibilidade e agilidade, estando dispensadas desse encargo.

07. (Técnico Judiciário/TRE MA 2009/CESPE) Acerca da licitação,


julgue os itens subsequentes.
I. A contratação, pela administração pública, de artista
consagrado pela crítica especializada pode ser feita mediante
dispensa de licitação.
II. Comprovada a venda de determinado produto por uma
fornecedora exclusiva, incide a inexigibilidade de licitação.
III. As hipóteses de inexigibilidade de licitação impostas pela lei
não são exaustivas.
IV. A lei admite a preferência de determinada marca, mesmo
havendo mais de um fabricante para aquele produto na praça
onde deve ser realizada a licitação.
A quantidade de itens certos é igual a
a) 0.
b) 1.

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c) 2.
d) 3.
e) 4.

08. (Técnico Judiciário/TRE MA 2009/CESPE - adaptada) A


respeito das normas para licitações e contratos da administração
pública, estabelecidas pela Lei n.º 8.666/1993, julgue os itens
abaixo.
I. Em nenhuma hipótese, o objeto de uma licitação pode ser
adjudicado a outrem que não seja o vencedor do processo.
II. No caso de prestação de serviços, a administração pode
limitar os concorrentes da licitação às empresas com sede na
cidade onde os serviços serão prestados.
III. Qualquer cidadão, mesmo que não tenha nenhuma relação
ou interesse com o processo licitatório, pode pedir a impugnação
do edital de licitação.
IV. Os critérios objetivos de julgamento devem ser observados
em todos os processos licitatórios, nestes incluídos aqueles que
envolvem concursos.

09. (Jurídica/MCT FINEP 2009/CESPE - adaptada) Quanto a


contratos administrativos, julgue os itens abaixo:
I. Os contratos administrativos regulam-se pelas suas cláusulas e
pelos preceitos de direito público, sendo vedado aplicar lhes as
disposições de direito privado.
II. A obrigação do contratado de manter, durante toda a
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por
ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação
exigidas na licitação não é uma cláusula necessária ao contrato
público. Essa obrigação decorre do dever moral do contratado,
que pode ser exigido pela administração mesmo sem previsão
expressa.
III. Nos contratos celebrados pela administração pública, exceto
aqueles firmados com pessoas físicas, deve constar
necessariamente cláusula que declare competente o foro da sede
da administração para dirimir qualquer questão contratual.
IV. É nulo e de nenhum efeito todo contrato verbal com a
administração.

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10. (Analista Judiciário/TRE MA 2009/CESPE) A inexecução total
ou parcial do contrato de uma obra de engenharia civil enseja a
sua rescisão, com as consequências contratuais e as previstas em
lei ou regulamento. Não constitui motivo para a rescisão do
contrato
a) o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
fornecimento.
b) a decretação de falência.
c) a alteração social ou da estrutura da empresa que prejudique
a execução do contrato.
d) o atraso de 30 dias dos pagamentos devidos pela
administração decorrentes de obras já executadas.
e) a não liberação, por parte da administração, de área ou local
para a execução da obra, nos prazos contratuais.

11. (Analista Judiciário/TRE MA 2009/CESPE) No que concerne


aos institutos da licitação e dos contratos no âmbito da
administração pública, julgue os itens abaixo:
I. Os contratos administrativos devem ser formalizados por
instrumento lavrado em cartório de notas, sob pena de
invalidade.
II. Constitui hipótese de dispensa de licitação a contratação de
serviços técnicos, de natureza singular, de profissionais de
notória especialização.
III. A adjudicação é ato administrativo discricionário.
IV. A licitação fracassada autoriza a contratação direta por parte
da administração, por constituir hipótese de dispensa de
licitação.

12. (Promotor de Justiça/MPE RN 2009/CESPE - adaptada)


Julgue os itens abaixo com relação aos contratos administrativos
e à Lei de Licitações.
I. Os contratos administrativos são caracterizados, via de regra,
por sua imutabilidade.
II. Cláusulas exorbitantes são aquelas que não constavam do
contrato administrativo quando de sua elaboração, mas que
foram posteriormente acrescentadas por meio de aditivo
contratual firmado entre as partes.

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III. Segundo a lei em tela, a subcontratação total ou parcial do
seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou
transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
incorporação, não admitidas no edital e no contrato, são motivos
para a rescisão do contrato.
IV. Contratos administrativos são aqueles em que uma das partes
é uma pessoa jurídica de direito público.
V. Fato da administração são medidas de ordem geral não
relacionadas diretamente com o contrato, mas que nele
repercutem, provocando desequilíbrio econômico-financeiro em
detrimento do contratado.

13. (Analista Judiciário/STJ 2008/CESPE) O estado X firmou


contrato administrativo de obra pública, no regime de
administração contratada. Para tanto, foi feita a licitação, sendo
vencedora a empresa Y, ficando a empresa Z em segundo lugar.
Passados nove meses do início da execução da obra, o referido
contrato foi rescindido pela contratada. Acerca dessa situação
hipotética, dos contratos administrativos e da licitação, julgue o
seguinte item.
I. Na hipótese considerada, a administração poderá contratar a
empresa Z, segunda colocada na referida licitação, com dispensa
de licitação, desde que mantidas as mesmas condições oferecidas
pelo licitante vencedor.

14. (Analista de Comércio Exterior/MDIC 2008/CESPE) Quanto


aos contratos, no âmbito do direito administrativo brasileiro,
julgue os itens a seguir.
I. Estados e municípios podem editar normas específicas sobre
contratação das administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais no âmbito de suas esferas de atuação.
II. São características do contrato administrativo: formalismo,
comutatividade e bilateralidade.
III. Nos contratos administrativos, é vedada a alteração
unilateral pela administração pública.
IV. A legislação brasileira permite que a administração pública
conceda, nas contratações públicas, tratamento favorecido para
microempresas e empresas de pequeno porte.

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15. (Analista de Tecnologia/DATAPREV 2006/CESPE) Em relação
à administração de contratos, julgue os itens seguintes.
I. No campo do direito privado, contrato pode ser conceituado
como um ajuste de vontades para criar, modificar ou extinguir
direitos e obrigações.
II. O esboço do contrato administrativo é um aspecto facultativo
do processo de contratação, elaborado posteriormente à
divulgação do vencedor do processo licitatório.
III. A fiscalização deve ser exercida de forma direta pela
administração da empresa ou órgão, pois a contratação de
terceiros para o acompanhamento da atividade de fiscalização é
proibida.

16. (Analista de Regulação/ANEEL 2010/CESPE - adaptada)


Sobre as regras inerentes ao processo licitatório, julgue os itens
seguintes.
I. Existindo na praça mais três possíveis interessados, a cada
novo convite, realizado para o objeto idêntico ou assemelhado, é
obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas
licitações.
II. É inexigível a licitação quando não acudirem interessados à
licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
sem prejuízo para a administração, podendo ser alteradas as
condições preestabelecidas.

17. (Procurador/AGU 2010/CESPE) Acerca de licitação e de


contratos administrativos, julgue o item subsequente.
I. Considere que o administrador de determinada autarquia tenha
promovido a abertura de licitação, na modalidade convite, para a
ampliação da sede regional desse ente e que não tenha havido
interessados no primeiro certame e, por isso, a licitação tenha
sido considerada deserta. Considere, ainda, que o administrador,
então, tenha encaminhado o processo administrativo à
Procuradoria Federal para análise acerca da possibilidade de se
dispensar a licitação para a contratação da empresa de
engenharia. Nessa situação, conforme entendimento firmado
pela AGU, não pode ser dispensada a licitação.

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18. (Advogado/CEHAP-PB/CESPE 2009) Acerca de licitação e de
contratos administrativos, julgue o item subsequente.
I. A dispensa da licitação para a locação de imóvel destinado ao
atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas
necessidades de instalação e localização condicionem a sua
escolha, é legítima, desde que o preço do bem seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia.

19. (Agente Administrativo/Ministério da Previdência Social


2010/CESPE) Acerca dos contratos administrativos e das
licitações, julgue os itens que se seguem.
I. A inexistência de orçamento detalhado em planilhas que
expressem a composição de todos os custos unitários implica a
nulidade dos atos ou contratos administrativos realizados e a
responsabilidade de quem lhes tenha dado causa.
II. Cabe apenas aos órgãos de controle e ao Ministério Público
requerer à administração pública os quantitativos das obras e
preços unitários de determinada obra executada.

20. (Analista Técnico-Administrativo / Ministério da Saúde 2010


/ CESPE) Acerca dos contratos administrativos e das licitações,
julgue os itens que se seguem.
I. Os bens imóveis da administração pública, cuja aquisição haja
derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento,
podem ser alienados por ato da autoridade competente, desde
que se adote o procedimento licitatório na modalidade de
concorrência ou tomada de preços.
II. É dispensável a licitação para a contratação de profissional de
qualquer setor artístico, seja diretamente ou por meio de
empresário exclusivo, desde que o artista seja consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública.
III. É inexigível a licitação para aquisição de bens e contratação
de serviços quando visar ao atendimento dos contingentes
militares das forças singulares brasileiras empregadas em
operações de paz no exterior.
IV. Quando houver dispensa de licitação para execução de obras
e serviços por força de uma situação de emergência ou de
calamidade pública, tal execução deve ser concluída em, no

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máximo, 180 dias consecutivos e ininterruptos, sob pena de
descaracterizar a situação de licitação dispensável.
V. A revogação da licitação é ato administrativo, exigindo,
portanto, a devida fundamentação e motivação (justo motivo
para seu desfazimento), assim como o cumprimento das
disposições legais.
VI. A revogação do procedimento licitatório por motivo de
ilegalidade provocada pelo contratado não enseja para a
administração a obrigação de indenizar.
VII. O edital é o ato pelo qual a administração divulga as regras a
serem aplicadas em determinado procedimento de licitação,
sendo assegurado apenas aos licitantes o direito de impugná-lo
junto a administração caso contenha algum vício, embora os
cidadãos tenham a faculdade de representar ao tribunal de
contas ou a órgãos integrantes de controle interno a ocorrência
de irregularidade, com prazo máximo de quinze dias úteis antes
da abertura dos envelopes.
VIII. A publicação da dispensa de licitação na imprensa oficial,
depois de devidamente justificada e ratificada dentro do prazo
estabelecido, nos casos em que a lei exige a sua comunicação à
autoridade superior, é condição de eficácia do ato.
IX. É permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na
licitação, para ampliar a competitividade, quando da compra de
bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o
conjunto ou complexo.
X. A concorrência é a modalidade de licitação cabível em
contratações de grande vulto, mas há previsão legal de que seja
observada também em determinadas circunstâncias que não
dependem do valor, e sim da natureza do contrato a ser
celebrado. Licitações com abrangência internacional, por
exemplo, sempre deverão adotar a modalidade concorrência.

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GABARITO
1) I.E II.E 2) I.E II.E 3) I.E II.E 4) I.C II.E 5) C
III.C IV.E III.E IV.E V.C III.E IV.E III.E IV.E

6) I.E II.E 7) C 8) I.E II.E 9) I.E II.E 10) C


III.C IV.E III.C IV.E III.E IV.E

11) I.E II.E 12) I.E II.E 13) I.C 14) I.C II.C 15) I.C II.E
III.E IV.E II.C IV.E V.E III.E IV.C III.E

16) I.C II.E 17) I.C 18) I.C 19) I.C II.E 20) I.E II.E
III.E IV.C V.C
VI.E VII.E
VIII.C IX.C
X.E

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