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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO - CESB

FACULDADES INTEGRADAS DO CEARÁ – UniFIC Portaria 009 de


10 de Janeiro de 2017 Publicada no DOU do dia 11 de Janeiro de 2017

1º PERÍODO – PORTUGUÊS JURÍDICO

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

PROF. VIVIANE APARECIDA 1


O escrever corretamente assume no campo do Direito
valor maior do que em qualquer outro setor. O advogado
que arrazoa ou peticiona ou o juiz que sentencia ou
despacha têm de empregar linguagem escorreita e técnica.
A boa linguagem é um dever do advogado para consigo
mesmo.
O Direito é a profissão da palavra, e o operador do
Direito, mais do que qualquer outro profissional, precisa
saber usá-la com conhecimento, tática e habilidade. Deve-
se prestar muita atenção à principal ferramenta de trabalho,
que é a palavra escrita e falada, procurando transmitir
melhor o pensamento com elegância, brevidade e clareza.
( Eduardo Sabbag)
SEJAM TODOS(AS) MUITO BEM VINDOS(AS)!!
DAREMOS INÍCIO AO ESTUDO DA IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA A
CARREIRA JURÍDICA. TENHO CERTEZA DE QUE DESENVOLVEREMOS O MELHOR
TRABALHO POSSSÍVEL.

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Ementa
 Estudo da língua padrão e elementos da gramática normativa: Expressões semelhantes e seus
significados diferentes;
 Concordância verbal e concordância nominal;
 Regência verbal, regência nominal e acentuação gráfica;
 Crase e ortografia;
 A boa linguagem e a comunicação Jurídica;
 Qualidades de estilo: clareza, concisão e argumentação e técnicas de paragrafação;
 Leitura, compreensão e produção de texto;
 Vocabulário jurídico e a estrutura frásica na linguagem jurídica;
 Enunciação e discurso jurídico;
 O parágrafo e a redação jurídica;
 Português e prática jurídica.

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METODOLOGIA:

1.Aulas expositivas-dialogadas;
2.Leitura e discussões de textos, previamente indicados aos alunos;
3.Realização de atividade para fixação do conteúdo, com trabalhos;
4.Metodologia Ativa (sala de aula invertida e aprendizagem baseada em problema).
5. Produção de textos jurídicos.

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Horário:
A NOSSA DISCIPLINA POSSUI 40 HORAS E SERÁ MINISTRADA
ÀS SEGUNDAS - FEIRAS (AB).

AS AVALIAÇÕES SERÃO PROVAS ESCRITAS E TRABALHOS.


A PONTUAÇÃO SERÁ DISTRIBUIDA DA SEGUINTE FORMA:
AV1: PROVA 0 A 7,0; TRABALHO 0 A 3,0.
AV2: PROVA 0 A 7,0; TRABALHO 0 A 3,0.
AV3: PROVA 0 A 5,0; TRABALHO 0 A 3,0; CONEJUS 0 A 2,0.

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BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL
Bibliografia Básica:
SABBAG, Eduardo. Manual de português jurídico. 10.ed.. São Paulo: Saraiva, 2018.
CREMASCHI, Rosângela. Português corporativo. São Paulo: Hunter, 2014.
PETRI, Maria José Constantino. Manual de linguagem jurídica. 3.ed.. São Paulo: Saraiva, 2017

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

MARTINS, Marco Antonio; VIEIRA, Silvia Rodrigues; TAVARES, Maria Alice (Orgs.). Ensino de português e sociolinguística.
São Paulo: Contexto, 2014.
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português forense: língua portuguesa para o curso de direito. 9.ed.. São Paulo: Atlas,
2018.

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COMUNICAÇÃO JURÍDICA

Já é sabido e, mesmo, consabido que o ser humano sofre compulsão natural, inelutável
necessidade de se agrupar em sociedade, razão por que é denominado ens sociale. Cônscio de suas
limitações, congrega-se em sociedade para perseguir e concretizar seus objetivos; assim, o ser
humano é social natura sua, em decorrência de sua natureza.
Daí, a propensão inata do homem em colocar o seu em comum com o próximo. Tal colocar em
comum é o comunicar-se, é a comunicação. Já o latim communicare se associa à ideia de
convivência, relação de grupo, sociedade. O objetivo da comunicação é o entendimento; como
disse alguém, a história é uma constante busca de entendimento.
A comunicação ultrapassa o plano histórico, vai além do temporal; por isso, assistiu razão ao
poeta latino Horácio dizer que ele não morreria de todo e a melhor parte de seu ser subsistiria à
morte.
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Linguagem corporal
Na crítica cinematográfica é comum dizer que o corpo fala por
Charles Chaplin e, constantemente, ressalta-se a expressividade dos
olhos de Bette Davis. No romance O processo Maurizius, Jakob
Wasermann fala em olhos interrogativos, olhar inquiridor, olhar sombrio
e hostil etc. Sabe-se que os olhos mereceram especial atenção de
Machado de Assis, pois lhe retratavam a natureza íntima – boa ou má –
das pessoas. Para ficar com apenas uma obra, encontram-se em Dom
Casmurro, olhos dorminhocos (Tio Cosme); olhos curiosos (Justina);
olhos refletidos (Escobar); olhos quentes e intimativos (Sancha); olhos
policiais (Escobar); olhos oblíquos e de ressaca (Capitu).
Na debatida questão do adultério de Capitu, entre os argumentos,
todos indícios, embora alguns veementes, há o olhar de Capitu perto do
esquife de Escobar. Frente aos fatos trágicos da vida, desfivelam-se as
máscaras e frustramse as dissimulações; é o que acontece com Capitu.
Ela fita o defunto com olhos de viúva e revela, então, que o homem
dela, seu marido, de facto, era Escobar.
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Interessante alertar o profissional do Direito para o código cultural
das expressões gestuais. Assim, o abaixar dos olhos e o desviar
insistente do olhar podem ser decodificados tanto como timidez
excessiva quanto por ausência de caráter, espírito mentiroso.
Por outro lado, o olhar persistente assume, não raro, o sentido de
desafio e, muitas vezes, de cinismo. O olhar voltado para cima, com a
cabeça levemente inclinada, principalmente quando os olhos ficam
descobertos pelos óculos posicionados quase na ponta do nariz, em
geral revela um espírito inquisitivo e perspicaz.
Empregadas essas expressões no interrogatório do réu, em
depoimentos de testemunhas e na ação dos profissionais jurídicos, os
destinatários dessa comunicação não verbal irão recebê-la de acordo
com o código cultural que interfere nos usos e costumes de uma
sociedade.
Bom de dizer que o código cultural implica significações corporais
compartilhadas por uma sociedade ou grupo social. Na cultura
brasileira, quando alguém desvia o olhar durante a conversação com o
destinatário, expressa mensagem de falsidade, dissimulação e outras
significações negativas.
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Interessante alertar o profissional do Direito para o código cultural das expressões gestuais. Assim,
o abaixar dos olhos e o desviar insistente do olhar podem ser decodificados tanto como timidez
excessiva quanto por ausência de caráter, espírito mentiroso.
Por outro lado, o olhar persistente assume, não raro, o sentido de desafio e, muitas vezes, de
cinismo. O olhar voltado para cima, com a cabeça levemente inclinada, principalmente quando os
olhos ficam descobertos pelos óculos posicionados quase na ponta do nariz, em geral revela um
espírito inquisitivo e perspicaz.
Empregadas essas expressões no interrogatório do réu, em depoimentos de testemunhas e na ação
dos profissionais jurídicos, os destinatários dessa comunicação não verbal irão recebê-la de acordo
com o código cultural que interfere nos usos e costumes de uma sociedade.
Bom de dizer que o código cultural implica significações corporais compartilhadas por uma
sociedade ou grupo social. Na cultura brasileira, quando alguém desvia o olhar durante a conversação
com o destinatário, expressa mensagem de falsidade, dissimulação e outras significações negativas.
Ao contrário disso, quando olha fixamente, o destinatário expressa código cultural de cinismo,
arrogância, entre outras impressões negativas da linguagem corporal.
Por isso, cumpre ao profissional jurídico investigar as significações culturais da linguagem
corporal para empregá-la adequadamente em seu intuito comunicativo de convencimento.
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Por isso, cumpre ao profissional jurídico investigar as
significações culturais da linguagem corporal para empregá-la
adequadamente em seu intuito comunicativo de
convencimento.
Há de se dizer, como remate, que mesmo o calar-se é um
ato de comunicação. Eugênio Coseriu considera o calar-se
como o “ter deixado-de- falar” ou “o não falar ainda”. É, pois,
determinação negativa de falar, o que constitui, também, uma
prerrogativa do ser humano.
Tanto o é que os latinos, pelo menos até a época clássica,
tinham dois verbos para o ato de calar-se: silere, para os seres
irracionais, e tacere, para os seres racionais.
No Direito, fala-se em “tácita aceitação”, “tácita
recondução”, “renúncia tácita”, “confissão tácita”, “tácita
ratificação (confirmar)”.
Tanto é verdade que o direto de o acusado permanecer em
silêncio, na esfera criminal, quase sempre direciona a decisão
do julgador contra
PROF. VIVIANE ele.
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Elementos da Linguagem

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Funções da
linguagem
no contexto jurídico.
(1) Função fática exórdio: O objetivo é o mesmo:
despertar a atenção do receptor (auditório).
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( 2) Função emotiva actio Objetivo: enfatizar o papel do emissor (orador).

( 3)Função poética elocutio Objetivo: enriquecer a comunicação com a


forma da mensagem.
( 4) Função referencial inventio e dispositio Objetivo: busca de argumentos
(inventio) e organização de argumentos (dispositio).

( 5 ) Função conativa actio Objetivo: ação do emissor para persuadir e


convencer o receptor.

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LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA

Efetuar-se-á o processo de comunicação por meio da linguagem oral ou da escrita. A


expressão escrita difere, sensivelmente, da oral, muito embora a língua seja a mesma. Não
há dúvidas: ninguém fala como escreve.
Em contato direto com o falante, a língua falada é mais espontânea, mais viva, mais
concreta, menos preocupada com a gramática. Conta com vocabulário mais limitado,
embora em permanente renovação.
Já na linguagem escrita o contato com quem escreve e com quem lê é indireto; daí seu
caráter mais abstrato, mais refletido; exige permanente esforço de elaboração e está mais
sujeita aos preceitos gramaticais. O vocabulário caracteriza-se por ser mais castiço e mais
conservador.
A língua falada está provida de recursos extralinguísticos, contextuais – gestos, postura,
expressões faciais – que, por vezes, esclarecem ou complementam o sentido da
comunicação. O interlocutor presente torna a língua falada mais alusiva, ao passo que a
escrita é mais precisa.
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O ATO COMUNICATIVO JURÍDICO

O ato comunicativo ocorre quando há cooperação entre os interlocutores. O


emissor possui o pensamento e busca a expressão verbal para fazê-lo conhecido no
mundo sensível (direção onomasiológica); o receptor possui a expressão verbal e
caminha em direção ao pensamento, com o propósito de compreender a mensagem
(direção semasiológica).
A linguagem representa o pensamento e funciona como instrumento mediador das
relações sociais. As variações socioculturais contribuem para diversificações da
linguagem, só não sendo mais graves as dificuldades em razão do esforço social de
uma linguagem comum, controlada por normas linguísticas.
No mundo jurídico, o ato comunicativo não pode enfrentar à solta o problema da
diversidade linguística de seus usuários, porque o Direito é uma ciência que disciplina
a conduta das pessoas, portanto, o comportamento exterior e objetivo, e o faz por meio
de uma linguagem prescritiva e descritiva.
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Quanto ao emissor

Antes de possuir o pensamento, o emissor deve realizar relações


paradigmáticas, ou seja, associação livre de ideias (ideia-puxa-ideia), incluindo
oposições, pois ninguém possui alguma coisa sem antes adquiri-la.
Diante de um assunto, o emissor deve pensar livremente, com ideias soltas.
Quanto maior for o vigor e a elasticidade dessa ginástica mental, mais ideias serão
pensadas.
Possuindo o pensamento, ainda que desorganizado, o emissor busca a
expressão, por meio de rigoroso roteiro onomasiológico (nome dado à atividade de
codificação da mensagem) compreendendo as seguintes perguntas:

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Quem sou eu, emissor? Dependendo do papel social, a codificação deve direcionar a
mensagem e selecionar o vocabulário, e. g., a linguagem do Promotor de Justiça é diferente
da utilizada pelo advogado de defesa.
O que dizer? Estabelecer com concisão, precisão e objetividade as ideias a serem
codificadas, é imprescindível no discurso jurídico.
Para quem? Não perder de vista a figura do receptor é fundamental. Seria impertinente
ao advogado explicar, pormenorizadamente, um conceito simplista de direito, em sua
petição dirigida ao Juiz, como se lhe fosse possível “ensinar o padre-nosso ao vigário”.
Qual a finalidade? O emissor nunca pode perder de vista o objetivo comunicativo,
pois, dependendo de seu desiderato, irá escolher ideias e palavras para expressá-las.
Qual o meio? Quando o profissional de Direito peticiona, empregando a língua escrita,
deve cuidar esmeradamente da língua-padrão, organizando com precisão lógica seu
raciocínio, com postura diferente daquela utilizada perante um Tribunal do Júri, ocasião em
que a linguagem afetiva há de colorir e enfatizar a argumentação.

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Quanto ao receptor (destinatário do discurso)

A direção semasiológica requer, também, um roteiro para, da expressão, chegar-se ao pensamento


do emissor, julgá-lo e avaliá-lo.
O receptor parte das relações sintagmáticas em direção às relações paradigmáticas, em tríplice
dimensão, de acordo com as operações do raciocínio.
1- alter > outro (compreensão): é a primeira operação do raciocínio. O receptor deve captar
literalmente a mensagem do emissor com análise gramatical do enunciado.
2- ego > eu (interpretação stricto sensu): é a segunda operação do raciocínio.
O receptor, depois de recepcionada e compreendida a mensagem do emissor, deve julgá-la, com
seu posicionamento ou com o auxílio de julgamentos de outros emissores, ou, ainda, por meio das
duas atividades.
No mundo jurídico, por muito tempo considerou-se que o receptor deveria ter o alter (outro) como
atividade única e exclusiva da direção simasiológica, conforme brocardo in claris cessat interpretatio
( Quando a lei é clara e não é necessário intepretá-la).

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Estudo da linguagem padrão e elementos
da Gramática Normativa:

Expressões semelhantes e seus


significados diferentes

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"Será que estamos A PAR dos fatos que
norteiam a língua?“

"Será que estamos CIENTES dos fatos que


norteiam
a língua?"

A moeda americana está ao par da


moeda europeia. (equivalente)

Mas e Mais
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Que? Quê?
QUE

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"Tem significado de “Tem significado de
“estar de acordo com”, “contra”, “em oposição
“em direção a”, a”, “para chocar-se
“favorável a”, “para com”.
junto de”.
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