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Sumário
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 22
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
O Direito está presente no nosso dia a dia, mesmo que não notemos: no nascimento
de alguém, quando alguém realiza uma compra em um estabelecimento, quando
efetua o pagamento de impostos, quando há briga entre amigos e/ou vizinhos, na
morte de alguém querido. Logo, independente do ocorrido, o Direito sempre existirá,
em qualquer um dos ramos.
Como a linguagem do advogado, via de regra, é técnica, esta pode não ser
compreendida adequadamente quando for se comunicar com os seus clientes,
geralmente, este não tem nenhum tipo de conhecimento jurídico. Este estudo pretende
analisar alguns pontos para que de fato haja uma comunicação com sucesso entre os
próprios operadores de direito, assim como quando este se comunicar com seus
clientes.
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1 - LINGUAGEM JURÍDICA
No que lhe concerne, Warat (1994, p. 37) observa que “a linguagem possibilita o
intercâmbio de informações e conhecimentos, funcionando, ainda, como meio de
controle desses conhecimentos”. Por meio da linguagem, tanto escrita como falada,
há a transmissão de mensagens, de conteúdos, que permitem a socialização dos
indivíduos e, por conseguinte, viabiliza a convivência ordenada entre eles.
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Segundo Brait (1996, p. 96):
É também pertinente o pensamento descrito por Mello (2013, p.137) de que, sem
linguagem, “as palavras seriam meros ruídos sem qualquer conteúdo. Não seriam
signos, é dizer, significantes, e a comunicação humana tornar-se-ia impossível”.
O homem pode se comunicar pela forma verbal e/ou não verbal. Para a forma
verbal a linguagem oral torna-se ponto crucial; a forma não verbal pode
ocorrer de várias formas, como por exemplo, a linguagem corporal (exemplos:
o testemunho de surdos-mudos pela mímica; a falsidade de um depoimento
pode revelar-se até mesmo pela transpiração, pela palidez ou simples
movimento palpebral) e a linguagem do vestuário (exemplo: a toga é uma
informação que indica a função exercida pelo juiz e a cor negra sinaliza
seriedade e compostura que devem caracterizá-lo).
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1.1 - LINGUAGEM JURÍDICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
Até meados do século XIX, quanto mais rebuscado fosse o linguajar jurídico, maior
era sua eficácia; hodiernamente, com o advento da Modernidade, o acúmulo de
tarefas e, automaticamente, a falta de tempo, essa realidade mudou, quanto mais
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simples e direta for a linguagem, melhor será sua efetividade. Assim, “ontem o estilo
tendia ao rebuscamento, aos rodeios ou aos circunlóquios; hoje, a vida moderna
obriga a uma redação mais objetiva e concisa” (PAIVA, 2010, p. 10). Portanto, esse
truísmo não sugere menos necessidade, pelo contrário, a linguagem é, e sempre será,
o meio pelo qual o Direito se propaga. Por isso, é inevitável analisar se as faculdades
estão dando a devida importância ao ensino da língua portuguesa e jurídica para o
acadêmico, bem como se os profissionais que já atuam nessa área têm buscado o
aprimoramento do vernáculo (DAMIÃO; HENRIQUES, 2010).
É importante ressaltar que, de acordo com Pereira (2012, p. 1), “a linguagem como
forma de comunicação é imperiosa para o Direito, que acabou por especializá-la,
dentro dos seus moldes, criando uma linguagem jurídica”. Tal a relevância do “dialeto
forense”, que céleres pensadores como São Thomaz de Aquino, citado por Moreira et
al. (2010, p. 140), descreveu que este é “[...] a arte de pensar em ordem e sem erros.”
A particular forma de se comunicar, sem dúvida, fez parte de diversos ramos ligados
ao Direito no decorrer da história, marcando assim a dimensão do “idioma próprio” do
profissional jurista. Uma linguagem que antes tendia ao floreamento e hoje busca uma
característica objetiva e direta, porém, sem descartar suas raízes, como exemplo,
expressões em latim, que ainda são comumente utilizadas nos tempos modernos, o
que enriquece este vocabulário linguístico intrínseco.
Destarte, esses foram alguns dos aspectos mais relevantes que marcaram a história do
linguajar jurídico.
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A Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e da Ordem dos
Advogados do Brasil), em seu artigo 2º, também fixa essa condição de indispensabilidade
do advogado à administração da justiça, reafirmando em caráter regulamentar a
disposição que já se acha inscrita no próprio texto constitucional.
Nessa interpretação, bem descreve Chalita (2012, p. 13), “o orador deve ter asseio
quanto à postura, gestos, dicção e aparência, recomendando a representação
dramática de papéis para a ênfase da elocução”. Assim, a linguagem jurídica, que é
constituída pela comunicação verbal, não verbal, e/ou mista, deve obedecer a critérios
e comportamentos apropriados em todas essas questões.
De acordo com Lôbo Netto (2011, p. 27), a profissão jurídica trata-se de “atividade
concebida como um conjunto de atos teologicamente orientados, em um quadro de
continuidade, permanência e integração”. Vale lembrar que o advogado é habilitado a
atuar em defesa de direitos porque obtém apuro técnico (bacharelato), mais aprovação
no exame de ordem, para esse mister.
A importância do advogado é evidente no processo, sendo que a parte, por si só, não
tem condições de figurar no litígio judicial, sem que conte com o apoio técnico do
operador jurídico, que conhece a lei e as implicações legais pertinentes a cada ato
processual. O papel do advogado é, pois, fundamental na interpretação das normas
e, em consequência, na aplicação efetiva da justiça.
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O Direito é a profissão da palavra, e o operador do Direito, mais do que
qualquer outro profissional, precisa saber usá-la com conhecimento, tática e
habilidade. Devese prestar muita atenção à principal ferramenta de trabalho,
que é a palavra escrita e falada, procurando transmitir melhor o pensamento
com elegância, brevidade e clareza. (SABBAG, 2016, p. 18).
Para completar esse entendimento, explica Sabbag (2016, p. 96) que “um erro em
petição, sentença ou acórdão tem o condão de retirar-lhe a pujança e a autoridade,
além de espelhar a incapacidade do anunciante”.
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3 - A NECESSIDADE DE ENSINAR A LINGUAGEM JURÍDICA
PARA OS ACADÊMICOS DE DIREITO
Ataliba (2007, p. 187) expõe seu posicionamento ao explicitar em sua obra de Direito
Tributário, que “a tarefa mais significativa do bacharel em Direito é: a interpretação das
normas jurídicas”. Para isso, deve-se ter um cuidado especial no tocante ao ensino e
aprimoramento da língua portuguesa, por ter influência direta na compreensão e
domínio do linguajar jurídico ideal.
Tal problema deve ser resolvido com bastante dedicação, enfatizando os estudos
nesta área, pois a prática forense e o desempenho eficaz dos discentes de Direito
exigem a habilidade e o domínio da língua portuguesa na busca da concretização da
justiça.
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serviço da transferência de saberes, crenças, valores e atitudes que contribuem para
a formação dos alunos, orientando seus modos de vida e suas práticas profissionais
futuras.
A respeito do equilíbrio que os juristas devem ter entre o conhecimento específico do
Direito e a linguagem jurídica, Cruz (2003, p. 207) aduz:
[...] o Direito é uma ciência humana e, por isso, não pode ser entendido e
aplicado como se fosse meramente uma técnica, um conhecimento exato.
Dominar o Direito não se resume ao conhecimento das normas, dos
ordenamentos jurídicos. Aplicar o direito não depende apenas da observância
das leis e do estudo das evidências. Embora sustentado firmemente sobre um
saber estabelecido, o Direito deve ir além, para promover a justiça.
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A argumentação nos discursos precisa utilizar elementos de sedução, já que
objetiva-se convencer um público e não buscar a verdade absoluta. A retórica
apresenta-se com grande importância, pois transpõe os fatos em imagens,
com a finalidade de convencer seus receptores, objetivo este visado no
tribunal do júri.
Segundo Camillo (2000, p. 14), não seria possível atingir uma interpretação adequada
dos princípios, normas e leis do ordenamento brasileiro senão pelo correto domínio da
língua portuguesa, concernente às ciências jurídicas:
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4 - O DIREITO NA ANTIGUIDADE
Inicialmente as leis partiam de princípios religiosos e tinham por objetivo legitimar (tornar
legal, aceitável) a sociedade tal como ela era.
Entretanto ao empregarmos a palavra civilização devemos ter cuidado ao ser utilizar esse
conceito em contraponto ao conceito de barbárie ou vandalismo.
Pois até certo tempo, a palavra civilização significava ser bom, culto, educado,
preparado e o conceito de barbárie significava ser mal, inculto, não educado, não
preparado.
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5 - DIREITO NA CIVILIZAÇÃO MESOPOTÂMICA
O Código Estela dos Abutres de 2.450 a.C., é considerado hoje o mais antigo código
do mundo. Mas na verdade trata-se do mais antigo um tratado diplomático conhecido,
pois ali estão escritos os termos da paz entre Lagash e Umma. Sendo que lutavam
pelos direitos de irrigação e na guerra entre as duas cidades-estados, Lagash foi a
vencedora.
Para comemorar essa vitória o Rei Eannatum que tinha a cunha de ser o “Subjugador
das Terras Inimigas”, mandou erguer um monumento feito de monólito de pedra, entre
as duas cidades, neste monumento esculpiu em escrita cuneiforme os conflitos entre
as duas cidades-estados e após a vitória, mandou fazer os termos da paz. Uma das
inscrições sobre os termos de paz: “Que jamais um homem de Umma cruze a fronteira
de Ningirsu! Que jamais se altere e o seu declive e a sua vala! Que não se movam a
estela! Se ele cruzar a fronteira...se abata sobre Umma.”
O terceiro código sumério foi o Código de Ur-Nammu (cerca de 2.040 a.C.). Ele foi o
fundador da terceira dinastia da cidade-estado de Ur ( 2.112-2.095 a.C), e reunificou
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a Mesopotâmia que estava em poder dos acadianos. Na verdade o seu código é uma
compilação das leis do direito sumério.
Esse código surgido na Suméria descreve costumes antigos transformados em leis e
a enfatização de penas pecuniárias para delitos diversos ao invés de penas talianas.
Considerado um dos mais antigos de que se tem notícias, no que diz respeito a lei, foi
encontrado nas ruínas de templos da época do rei Ur-Nammu, na região da
Mesopotâmia (atualmente Iraque), no século passado (1952), pelo assiriólogo e
professor da Universidade da Pensilvânia, Samuel Noah Kromer. Nesse Código
elaborado no mais remoto dos tempos da civilização humana é possível identificar em
seus conteúdos dispositivos diversos que adotavam o princípio da reparabilidade dos
atualmente chamados danos morais (hoje tão menosprezado no seu principal canal
de discussão na Justiça do Rio de Janeiro, que são os Juizados Especiais Cíveis).
O quarto código é as: "Leis de Eshnunna", sendo o primeiro código do povo acadiano
e é composto por duas tábuas encontradas no Iraque, na mesma região que foi
encontrada o Código de Ur-Nammu, e foi por este ter influenciado. Foram escritas
durante o reinado de Dadusha.
Algumas leis:
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Se um cidadão que não tem o menor crédito sobre outro conserva, no entanto, como
penhor, o escravo desse cidadão, o proprietário do escravo prestará juramento diante
de deus: “Tu não tens o menor crédito sobre mim"; então o dinheiro correspondente ao
valor do escravo deverá ser pago por aquele que com ele está;
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Awilum: Homens livres, proprietários de terras, que não dependiam do palácio e do
tempo;
b) falso testemunho;
c) roubo e receptação;
d) estupro;
e) família;
f) escravos;
g) ajuda de fugitivos.
- Art. 1: Se um homem acusou outro homem e lançou sobre ele suspeita de morte,
mas não pode comprovar, seu acusador será morto;
- Art. 22: Se um homem cometeu um assalto e foi preso, deverá ser morto;
- Art. 25; Se pegou fogo na casa de um homem e o outro que veio apagá-lo roubou
um bem móvel do dono da casa, o ladrão será lançado ao fogo;
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- Art. 186: Se um homem adotou uma criança desde o seu nascimento e a criou, essa
criança adotada não poderá ser reclamada;
- Art. 229: Se um pedreiro edificou uma casa para um homem, mas não a fortificou e
a casa caiu e matou o seu dono, esse pedreiro será morto;
Art. 230: Se o pedreiro causou a morte do filho do dono da casa, matarão o filho
desse pedreiro.
Elaborado para enaltecer a figura do soberano, não precisava ser seguido pelos
juízes no cotidiano, nem na hora determinar as punições aos acusados.
Até a presente data discute-se se a civilização egípcia teve códigos, isto é um direito
codificado, pois até hoje não foram encontrados textos que atestassem diretamente o
fato.
Esse princípio de justiça divina: um princípio de justiça que foi simbolizada pela figura
da deusa Maat, cuja representação é uma balança.
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A deusa Maat possuía um conteúdo e uma vertente social, ética e cósmica que
confere direta e expressamente ao faraó a responsabilidade de estabelecer a Justiça,
a Paz, o Equilíbrio e a Solidariedade social e cósmica da sociedade terrena. Aplicação
do direito estava subordinada, então, à incidência de um critério divino de justiça. Ao
faraó, que tinha atributos de divindade, incumbia velar pela vigência do princípio de
justiça simbolizado pela deusa Maat;
A função real devia estar conforme aos desígnios da deusa Maat , que “pesa” o
coração contra uma pluma (verdade e justiça): juramento negativo “nada fiz de errado,
ou injusto”.
A deusa Maat é o objetivo a ser perseguido pelos faraós. Tem por essência ser o
'equilíbrio'; o ideal, a esse respeito, é fazer com que as duas partes saíssem do tribunal
satisfeitas.
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Ao longo da construção do conhecimento, o estudante do curso de Direito, bem como
as universidades, não têm se preocupado muito com o aprendizado da linguagem na
mesma proporção com que se empenham com o ensino sui generis, posto que são
notórias as dificuldades encontradas pelos acadêmicos no que tange à adequada
utilização dessa. Esse fato é percebido devido ao alto índice de reprovação nos
exames da Ordem, nas frágeis petições de alguns profissionais da área, na grade
curricular defasada de cursos universitários, e até mesmo na utilização de material
bibliográfico inadequado, inclusive encontrado na Internet. Isso leva à formação de
um profissional inábil, pois em face de um problema terá dificuldades de interpretar
ou aplicar a norma ao caso concreto, em decorrência da falha do tirocínio.
Vale também frisar que, no passado, o linguajar dos juristas tendia ao rebuscamento,
aos rodeios, aos circunlóquios, contudo, hodiernamente, essencial se faz um
vocábulo prático e conciso. Essa premissa não sugere menor valor, pelo contrário, a
linguagem é, e sempre será, o meio pelo qual o Direito se propaga; o Direito é a
profissão da palavra escrita ou falada, logo, o Direito não existe sem a linguagem.
O assunto possui tamanha importância que até mesmo o Código de Ética e Disciplina
da classe traz a necessidade de se utilizar uma linguagem escorreita e polida, técnica,
objetiva e eficiente, capaz de identificar e analisar leis com primazia. É preciso, à vista
disso, reforçar a docência da língua portuguesa, e consequentemente, do português
jurídico, nas instituições de ensino, a fim de formar profissionais aptos a exercerem
seus ofícios. Esse problema deve ser resolvido com bastante dedicação, enfatizando
os estudos nesse âmbito, já que a palavra é o principal instrumento de trabalho dos
operadores do Direito.
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BIBLIOGRAFIA
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